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e de
Colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
Editorial
PUC Campinas
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial em qualquer mídia sem a autorização.
Autor
Betânia Faria e Pessoa
Revisão técnica
Uol EdTech
Projeto gráfico
Uol EdTech
95 p.
I. Título.
Figura 03 Órgãos de registro empresarial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 04 Acordo entre sócios.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 05 Fusão de empresas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 06 Hipóteses de dissolução da companhia.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3
Sumário
Lista de quadros
Contratos Societários e de Colaboração
4
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
Sumário
Unidade 1 Contrato Social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Bibliografia comentada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Mapa Conceitual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 5
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
Sumário
Unidade 2 Estatuto social e sua redação nas
sociedades abertas e fechadas. . . . . . . . . . 37
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Sumário
2.3.3 Cisão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.3.4 Incorporação e seus reflexos nos contratos societários.52
2.4 Relações entre sociedades.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.4.1 Participações.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.4.2 Holding. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.4.3 Subsidiária integral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.4.4 Grupo de sociedades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.4.5 Consórcio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.4.6 Joint ventures. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.4.7 “Investidor-anjo”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.5 Encerramento da sociedade anônima. . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.6 Registro e pedidos de arquivamento na Junta Comercial.60
Bibliografia comentada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Mapa conceitual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Sumário
3.1 Contratos empresariais em espécie: contratos de
colaboração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.1.1 Representação comercial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.1.1.1 Considerações gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.1.1.2 Requisitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.1.2 Contrato de mandato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.1.2.1 Características. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.1.2.2 Considerações gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.1.2.3 Obrigações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.1.2.4 Cláusulas e poderes gerais e especiais.. . . . . . . . . . . . 74
3.1.2.5 Resolução e renúncia ao mandato. . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.1.2.6 Foro.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.1.3 Contrato de gestão de negócios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.1.3.1 Considerações gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.1.3.2 Requisitos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.1.4 Contrato de comissão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.1.4.1 Considerações gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.1.4.2 Requisitos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.1.5 Contrato de agência e distribuição. . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.1.5.1 Considerações gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
8
3.1.5.2 Requisitos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
3.1.6.2 Requisitos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.1.6.3 Foro.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.1.7 Contrato de corretagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.1.7.1 Considerações gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.1.7.2 Requisitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.1.7.3 Hipóteses de rescisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.1.7.4 Foro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Bibliografia comentada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Mapa conceitual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
9
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
Iconografia
Atenção Atividades de
Para saber aprendizagem
Saiba mais
Onde pesquisar Curiosidades
Leitura complementar
Dicas
Glossário Questões
Anotações Citações
Exemplos Downloads
10
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
Biodata do autor
Betânia Faria e Pessoa
Justificativa
A disciplina Contratos Societários e de Colaboração é instigante e permitirá que seus
conhecimentos se ampliem nos campos do Direito Contratual e das Sociedades Empresárias.
Desde a elaboração de um contrato de honorários advocatícios à constituição de uma
sociedade de advogados, que estão diretamente relacionadas com o empreendedorismo e
a prática jurídica, até arranjos em companhias de capital aberto, que envolvem acordo de
acionistas e pagamento de dividendos. Enfim, o profissional que domina as aplicações do
Direito Societário pode até mesmo atuar numa área de conhecimento jurídica diferente do
Direito Empresarial ou Cível, como o Direito Penal, pois as habilidades aqui desenvolvidas
serão importantes para o relacionamento com seus clientes. Convido-o a explorar esta
disciplina em companhia de bons autores, que serão sistematizados para que seu estudo
seja mais agradável e eficiente.
Engajamento
Pense em seguir fielmente modelos contratuais propostos em livros ou empacotados na
internet. Hoje é bem comum se deparar com ofertas dessa natureza, que, mesmo sem ser
11
solicitadas, propõem uma solução mágica como essa. Já chegou a refletir sobre, por trás Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
dessa “solução”, ser possível criar, na verdade, diversos conflitos societários? Pois bem,
imagine, portanto, a aplicação de um quórum que envolva 3 sócios, mas que o mínimo
legal para a aprovação de uma modificação no contrato social seja de 50%. Diante de uma
participação equitativa das cotas, realmente faria sentido esse percentual que decorre
diretamente da lei? Somente haveria uma solução para esse caso, não é mesmo? Não
valeria a pena personalizar para a adequação correta à situação dessa sociedade? São
essas questões que iremos tratar aqui. Se você não se contentar com meros modelos, mas
na reflexão das reais necessidades dos clientes e consultoria preventiva, estará exercendo
o seu papel de forma qualificada, de modo a justificar o atendimento jurídico realizado e a
posição qualificada como parceiro do negócio
Apresentação da disciplina
Olá! Seja muito bem-vindo(a) à disciplina Contratos Societários e de Colaboração. Os
conteúdos aqui trabalhados, permitirão que você exerça com excelência a aplicação
dos principais instrumentos contratuais e estatutários que acompanham a jornada das
sociedades simples e empresárias.
conjunta de um ambiente saudável e produtivo de aprendizagem. Bons estudos!
Objetivos da disciplina
Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de:
13
Sumário
1
Contratos Societários e de Colaboração
Contrato Social
Unidade
Objetivos
Ao final desta unidade, esperamos que possa:
14
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
Apresentação
1. Contrato Social
Nesta unidade, você irá relacionar os conteúdos teóricos e práticos do contrato de sociedade,
partindo da estrutura básica dos tipos societários denominados contratuais, ou seja,
aqueles nos quais a vontade dos sócios e a affectio societatis marcam sua estruturação.
Os contratos relativos às sociedades estatutárias serão objeto de unidade posterior. Nesse
momento, será delimitado o quadro societário, enfatizando as particularidades das micro
e pequenas empresas e o papel de administração nos tipos societários mais recorrentes.
Também será objeto de estudo o capital social, sobre o qual será explicado quanto aos
meios de integralização e divisão em cotas. Por fim, as cláusulas obrigatórias e facultativas
das sociedades contratuais e o registro dos atos societários no registro público de empresas
mercantis serão tratados. Nesse ponto, serão estudados os órgãos de registro pertinentes,
sempre enfatizando aspectos práticos e qualificados para a consultoria e contencioso
empresarial. Os tópicos aqui tratados são de importância ímpar para o exercício da prática
jurídica societária, em que são objeto de estudo os tipos societários mais recorrentes e que
abrangem sociedades empresárias típicas de empreendedores iniciantes e em ascensão. Os
conhecimentos aqui tratados também são fundamentais para a fundação de startups, muito
utilizadas em desenvolvimento de novos produtos e soluções inovadoras para o mercado,
bem como em sociedades com propósito específico, que se encaixam no setor imobiliário,
sobretudo na área de incorporações. Ambos são arranjos empresariais em voga, mas que
remetem a um framework de contratação societária já estruturado.
1. Contrato Social
Assinatura
Tratativas Formalização Verificação
do contrato
Nas sociedades empresárias, a redação do art. 981 do Código Civil deixa claro que a
pluralidade de sócios é uma regra a ser observada no Direito brasileiro, sendo que a
pluralidade do quadro societário pode ser representada por pessoas físicas ou jurídicas,
como é o caso da holding. Contudo, o Brasil, acompanhando uma tendência internacional
(como a Diretiva 12 do Conselho da União Europeia) passou a admitir maiores exceções
a essa regra, como se observa na sociedade de responsabilidade limitada, com a criação
da figura da sociedade unipessoal de responsabilidade limitada – prevista no art. 1.052 do
Código Civil. Tornou-se, portanto, necessária a revisitação da classificação feita em relação
aos contratos sociais de grande parte das bibliografias.
Nada impede, contudo, que a unipessoalidade seja acidental numa sociedade, hipótese na
qual originalmente a sociedade contava com o elemento pluralidade, mas, por falecimento
ou até mesmo retirada de um dos sócios, a sociedade passou a contar com apenas um sócio.
Contudo, o art. 1.033, IV, do Código Civil, prevê que a sociedade que, por qualquer razão
contar com apenas um sócio em seus quadros, deve restabelecer a pluralidade de sócios
16
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de dissolução. Em se tratando de sociedade Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
ordinária do ano seguinte (art. 206, I, d, da Lei nº 6.404/1976). Há, também a possibilidade
de ser feita a transformação societária no Registro Público de Empresas Mercantis, em
Empresário Individual, EIRELI ou Sociedade Unipessoal de Responsabilidade Limitada,
conforme art. 1.033, IV, parágrafo único, do Código Civil.
APLICAÇÃO PRÁTICA
Nesse sentido, conheça o caso de João, que é sócio há mais de 15 anos de José na sociedade
empresária Trapichos e Tapeceiros Ltda. Em razão do falecimento de José em 4 de junho
de 2020, João procura por você como consultor empresarial, para emitir parecer acerca da
continuidade da sociedade empresária caso ele optasse por adquirir as cotas pertencentes
a José junto aos seus herdeiros e sucessores. Quais seriam os próximos passos a serem
providenciados por você, enquanto representante legal de João? A sociedade empresária
pode permanecer com um dos sócios somente em seus quadros? E em qual prazo legal
isso precisaria ser feito? A sociedade poderá funcionar normalmente após o falecimento
de João?
Diante da previsão do o art. 1.033, IV, do Código Civil, temos que a sociedade que, por
qualquer razão contar com apenas um sócio em seus quadros, deve restabelecer a
pluralidade de sócios no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de dissolução. Há 17
a possibilidade de ser feita a transformação societária no Registro Público de Empresas
Sumário
Mercantis, em Empresário Individual, EIRELI ou Sociedade Unipessoal de Responsabilidade
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
Entende-se que o prazo legal para que João providencie tal situação na junta comercial é
de 180 (cento e oitenta dias) a contar do falecimento de José, e até lá poderá a sociedade
empresária regularmente funcionar.
Assim, João poderá adquirir as cotas de José, desde que acorde com os herdeiros essa
negociação e posteriormente se valha da transformação societária em um dos tipos
societários elencados de acordo com a adequação ao caso concreto.
Já o art. 983 do Código Civil, prevê que “a sociedade empresária deve constituir-se segundo
um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092” (BRASIL, 2002). Para as sociedades simples,
vale a mesma regra, ou seja, poderá ser escolhido um dos tipos societários, mas, não o
fazendo, subordina-se às normas próprias das sociedades simples.
Há uma tipicidade societária a ser observada, pois “os sócios que quiserem constituir uma 18
sociedade empresária terão, obrigatoriamente, que escolher um desses cinco tipos, não lhes
sendo permitido constituir uma sociedade empresária atípica” (RIZZARDO, 2019, p. 1.056). Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
Uma das formas mais usuais de elaboração de minutas contratuais
societárias ocorre por um fluxo tradicional em que um advogado deve
colher as informações e redigir o instrumento contratual, sendo o visto
de tal contrato, inclusive uma exigência legal a ser cumprida conforme
o Estatuto da Advocacia. Ocorre que, no fim do século XX, foram
impulsionados os contratos inteligentes, nos quais os dados fornecidos
pelas partes são submetidos a recursos tecnológicos desde o fluxo até
a assinatura digital do contrato realizada por meio de uma plataforma.
Veja, na figura a seguir, como funciona o blockchain. Nos contratos pela via do blockchain,
alguém anuncia um bem determinado ao passo que um proponente lança um valor ou
acordo com o que foi anunciado. Após, todo o procedimento de transação é realizado pela
internet, via autoexecução mediante autorização do vendedor.
19
Sumário
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM, 2020.
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
a vontade na sociedade
O contrato de sociedade é uma espécie que segue as regras da teoria geral das obrigações.
A previsão legal está entre os arts. 981 a 985 do Código Civil, sendo um negócio plurilateral,
via de regra, em que o empresário ou sociedade empresária, sendo pessoas naturais ou
jurídicas, se unem para a consecução de um objeto social.
Conforme prevê o art. 984 do Código Civil, existe a questão da atividade e do empresário.
Este, nos termos da Constituição Federal, tem um tratamento especial em razão de ser
considerada uma atividade produtiva escolhida a ser incentivada por razões de manutenção
do homem no campo, da importância da produção de alimentos para o país, dentre outros
aspectos. Uma vez que opte por se inscrever enquanto empresa rural, conforme o art. 968
no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, ficará equiparada, para todos os
efeitos, à sociedade empresária.
O Superior Tribunal de Justiça, em recente julgado, decidiu sobre o tema, reconhecendo que
o tratamento especial do rural faz com que, inclusive, os efeitos da recuperação retroajam
em data anterior à própria inscrição:
2. Há julgado recente da Quarta Turma do STJ, no qual se reconheceu, por maioria, que o
tempo de atividade do produtor rural anterior ao registro societário na junta comercial
é computado no prazo bienal, previsto no art. 48 da Lei n. 11.101/2005, necessário para
a concessão da recuperação judicial.
1. Contrato Social
medida de urgência.
(AgInt no TP 2.646/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 11/05/2020, DJe 19/05/2020)
Como se sabe, a sociedade empresária tem como objetivo a circulação de bens e riquezas.
Em relação a certas modalidades de sociedades empresárias, como a holding, em que o
propósito é a participação em outros tipos societários, esse escopo inicial não permanece.
A sociedade de propósito específico (SPE), muito comum no ramo imobiliário, também
obedece a essa finalidade econômica, contudo, há uma particularidade de cumprimento
estrito de seu objeto social.
Você conhece a classificação das sociedades quanto à sua natureza jurídica; elas podem ser
simples ou empresárias. Ultrapassada tal análise, passa-se ao crivo da tipicidade societária.
Você sabe que no Direito Empresarial brasileiro convive-se com 5 (cinco) tipo societários
que já foram tratados. O importante é ter em mente que não será possível a criação de um
novo tipo, mesmo que seja verificado em determinado caso concreto (mediante análise
dos tipos) não restar colmatação perfeita de forma. Assim, não se pode mesclar ou fundar
novos tipos, bem como afastar elementos essenciais de um determinado tipo societário.
21
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
Uma holding pura tem como único objetivo social a participação em
outras sociedades empresárias, através da aquisição de cotas. Como
exemplo, a J&F Investimentos, holding pura detentora da JBS frigoríficos,
Canal Rural e Banco Original.
Você conhece a classificação das sociedades quanto à sua natureza jurídica; elas podem ser
simples ou empresárias. Ultrapassada tal análise, passa-se ao crivo da tipicidade societária.
Você sabe que no Direito Empresarial brasileiro convive-se com 5 (cinco) tipo societários
que já foram tratados. O importante é ter em mente que não será possível a criação de um
novo tipo, mesmo que seja verificado em determinado caso concreto (mediante análise
dos tipos) não restar colmatação perfeita de forma. Assim, não se pode mesclar ou fundar
novos tipos, bem como afastar elementos essenciais de um determinado tipo societário.
Elencados e previstos os requisitos legais, há sim um espaço, conforme prevê o art. 997 do
Código Civil, para arranjos de cláusulas contratuais convenientes a modelagem societária
escolhida.
A elaboração de contratos sociais de sociedade limitadas é regida pelos artigos 1.052 a 1.087
do Código Civil. Nesta modalidade, tem-se que a sociedade limitada rege-se, nas omissões
de tais disposições bem como as dos contratos pelas normas da sociedade simples. O
contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da
sociedade anônima no lugar das normas da sociedade simples, contudo será necessário 22
avaliar a maior complexidade que envolve a sistemática das sociedades anônimas.
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
A seguir, será tratado sobre como ocorre a gestão nas sociedades e como os requisitos legais
1. Contrato Social
para que isso ocorra sejam formalizados no contrato social.
Há objeção à contratação entre pessoas para uma sociedade limitada e em relação a “sócios”
que sejam casados nos regimes de comunhão universal e separação obrigatória de bens.
Tal disposição decorre da preocupação do legislador em relação à confusão patrimonial
que poderia ser ocasionada por essa contratação.
A princípio, para constituição da sociedade, requer-se que haja capacidade negocial, nos
termos dos arts. 3º e 4º do Código Civil. Por sua vez, o incapaz poderá ser sócio de sociedade
empresária desde que devidamente representado nos atos negociais. Não há impedimento
legal, contudo, para que o incapaz seja sócio, é recomendável que essa condição conste
do contrato social. Deverá ser especificado no contrato social a razão da incapacidade, no
sentido de se tratar de menoridade por questão etária/biológica, ou se incapaz sujeito a
tutela ou curatela, conforme o artigo 974, §3º, do Código Civil. As juntas comerciais podem
efetuar o registro dos atos e contratos societários que envolvam incapazes, porém fica
vedado ao incapaz exercer a administração da sociedade e requer-se que o capital social
esteja completamente integralizado em relação à cota de todos os sócios.
1. Contrato Social
Para aprofundar seus conhecimentos sobre capacidade negocial, leia
o artigo “O artigo 974 do Código Civil”, de Osmar Brina Corrêa Lima, da
Revista da Faculdade de Direito da UFMG, disponível na internet. Esse
trabalho trata sobre a capacidade de ser empresário e de continuidade
da atividade empresária disposta no artigo 974 do Código Civil.
No caso das sociedades simples e limitadas, tem-se que somente podem ser administradas
por pessoas naturais, e esta disposição consta da Instrução Normativa nº 38/17 do DREI.
E para a administração da sociedade limitada, no mesmo sentido que rege para as sociedades
em geral, prevalece a teoria orgânica, ou seja, os administradores são seus “presentantes”.
Conforme previsto no art 1.011, §1º, do Código Civil são impedidos de exercer a administração
da sociedade os impedidos por lei especial – como as pessoas previstas no art. 972 do Código
Civil, quais sejam: servidores públicos federais, magistrados e promotores de justiça, etc.
Ademais, “os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a
cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,
peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra
as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou
a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação” (BRASIL, 2020, Lei nº
10.406, art. 1.011, §1º).
1. Contrato Social
representar a sociedade de modo a contrair direitos e assumir obrigações.
Veja-se que nas sociedades limitadas geralmente enquadradas como micro e pequenas
empresas, nas quais o exercício da administração da sociedade é atribuído a todos os seus
sócios fundadores, não há extensão automática de poderes de administração para eventuais
sócios que ingressem posteriormente nos quadros sociais. Essa é a previsão do art. 1.060,
parágrafo único, do Código Civil. Nesse sentido, em sendo consenso dos sócios que tal sócio
exerça iguais poderes de administração, isso será possível, desde que constante de alteração
social específica e averbada no registro empresarial.
São dois os cenários que devem ser colocados e disciplinados pelo art.
1.061 do Código Civil: quando o capital está integralizado, situação na qual,
aprovada a indicação por 2/3 dos sócios, no mínimo, será considerado
eleito o administrador; e quando o capital ainda não está integralizado,
situação na qual o quórum para aprovação do administrador dependerá
da unanimidade entre os sócios
regramento específico sobre o órgão no contrato, serão aplicadas, por analogia, as normas
1. Contrato Social
da sociedade anônima (CNJ, 2015, p. 4).
São também obrigatórios a denominação da sociedade, descrição clara de seu objeto, sede,
prazo e capital social da sociedade.
Após a validação dos sócios quanto ao instrumento contratual redigido, os mesmos devem
1. Contrato Social
manifestar o seu aceite opondo assinatura no documento de contrato social, que será
levado a registro perante a junta comercial ou registro público de empresas. Salienta-se
que será a assinatura levada a cartório para reconhecimento de firma, e posteriormente
levada a registro. Validadas as informações, recolhidas as taxas, e cumpridos os requisitos,
será conferido um Número de Identificação do Registro de Empresas – NIRE à sociedade
empresária, que o identificará para os devidos fins. Os atos registrais praticados no prazo/
termo legal têm o condão de retroagir até 30 dias da data de elaboração do ajuste societário.
Além das cláusulas listadas como obrigatórias, os sócios podem firmar outras que sirvam para
1. Contrato Social
complementar as obrigatórias e até mesmo dirimir eventuais conflitos jurídicos societários.
Essas cláusulas devem respeitar o Direito das Obrigações, uma vez que, com a unificação
do Direito Privado, as normas de Direito Empresarial e Civil seguem este mesmo vetor e
os princípios gerais de Direito. Gladston Mamede (2019, p. 37) enumera como exemplos o
“prévio consentimento para livre cessão de cota(s), regras para administração da sociedade,
organização de sua administração, cláusula compromissória ou compromisso arbitral”.
Tal direito está previsto de forma genérica a todos os tipos societários, sendo que nas
companhias há uma qualificação para o exercício deste direito de fiscalização em razão
da própria complexidade e qualificação que é típica deste tipo societário. Nelas, portanto, 28
observa-se o conselho fiscal como um órgão típico para que os sócios e acionistas exerçam Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
dados relativos a resultado de exercício e desempenho para fins de negociação de ativos
acionários destas companhias.
No que se refere às sociedades limitadas, no entanto, o art. 1.066 do Código Civil faculta a
sua criação para que, “sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato
instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios
ou não, residentes no País, eleitos na assembleia anual de que trata o art. 1.078”. Contudo,
como se trata de órgão facultativo, se mostra viável somente em sociedades limitadas
maiores, com faturamento expressivo para inclusive viabilizar os custos de sua implantação,
manutenção e funcionamento.
As funções do conselho fiscal devem ser exercidas de maneira que lhe seja assegurada
independência aos seus membros. Ademais, em caso de auxílio técnico em conhecimentos
contábeis, por exemplo, o conselho fiscal poderá contratar tal profissional para auxiliá-
lo nos exercícios de suas funções para exame de livros, balanços e das contas, mediante
remuneração aprovada pela assembleia de sócios (art. 1.070, parágrafo único, do Código Civil).
Constituem atribuições do Conselho Fiscal, conforme o art. 1.069 do Código Civil, em rol
exemplificativo:
As atribuições do conselho fiscal são exclusivas e inderrogáveis. Uma vez instituído, caberá
a tal órgão a fiscalização da sociedade, não podendo tais poderes serem delegados a outro
órgão da sociedade.
Para que cumpra seu papel de fiscalização de modo a contemplar as composições societárias
da companhia ou sociedade limitada, o Conselho Fiscal deve ser composto de forma
29
heterogênea, sobretudo no tocante à proporção de assentos dos sócios minoritários. Nesse
sentido, pelo menos 1/5 (um quinto) do capital social deve ser eleito pelos minoritários, Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
respectivo suplente, conforme art. 1.066, §2º, do Código Civil.
São impedidos de compor o Conselho Fiscal os inelegíveis, conforme o §1º do art. 1.011
do Código Civil, bem como os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por
ela controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores, o
cônjuge ou parente destes até o terceiro grau.
• Quebra da pluralidade societária por prazo maior que 180 (cento e oitenta) dias.
1. Contrato Social
de responsabilidade limitada ou, ainda, sociedade unipessoal de responsabilidade limitada.
Assim determina o artigo 1.033, parágrafo único, do Código Civil.
A microempresa e a pequena empresa podem optar pelo Simples Nacional, que significa
um regime tributário único que abrange todos os entes federativos em relação a tributos
federais, estaduais e municipais. São abrangidos, portanto, pelo Simples os seguintes
tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade
Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP); tributos abrangidos
mediante documento único de arrecadação (DAS).
APLICAÇÃO PRÁTICA
Simples Microempresa 31
O art. 1.150 do Código Civil prevê que sociedade empresária, vinculada ao Registro Público Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
vinculada ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas não corresponde a atividade considerada
empresária.
Assim, a cooperativa de consumo XYZ, mesmo sendo considerada uma sociedade simples
por expressa definição legal (art. 982, parágrafo único, do Código Civil), poderá se valer
da previsão acima (art. 70 do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno
porte) para garantir tratamento tributário, fiscal, jurídico e favorecido.
SINREM
DREI
JUNTAS COMERCIAIS 32
Fonte: Elaborada pela autora. Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
1. Contrato Social
órgão central tecnicamente em relação às juntas comerciais, e é de sua competência:
promover estudos no direito de registro de empresas; emitir parecer e decidir acerca de
pedidos de nacionalização, instalar filiais de empresas estrangeiras; a gestão dos serviços
de registros das empresas e sociedades empresárias; regulamentar em matéria de normas
nacionais para registro e de solução de dúvidas para fiel aplicação das normas; fiscalizar
os órgãos da atividade empresária na competência de registro das empresa; organizar e
atualizar o cadastro nacional de empresas mercantis, que atualmente fornece a radiografia
das empresas estabelecidas no país.
As juntas comerciais são órgãos com jurisdição nos Estados e no Distrito Federal, neles
operacionalizando o SINREM. Estão sujeitas tecnicamente ao DREI. Também contam com
órgãos decisórios colegiados competentes para conhecer questões controversas a respeito
de registro mercantil. Realizam, basicamente, atos de arquivamento de atos constitutivos,
autenticação, emissão de certidão, alteração, dissolução e extinção de empresas mercantis
nacionais e estrangeiras com autorização de funcionamento no país.
Contudo, cabe ao Poder Judiciário a análise de atos que extrapolam as funções regulares da 33
junta comercial, dentre eles solicitar documentação indevida, bem como fazer juízo de valor
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
sobre matéria estranha à sua competência. Nesse sentido, já decidiu o Superior Tribunal
1. Contrato Social
de Justiça (STJ):
Bibliografia comentada
Veja, a seguir, indicações de leitura que poderão complementar seus estudos. Essa leitura não é
obrigatória, porém poderá ampliar seu conhecimento em relação ao assunto abordado na unidade.
Esta obra faz parte da Série Soluções Jurídicas-Manual de Redação de Contratos Sociais, 34
Estatutos e Acordos de Sócios. Muito além de fornecer modelos prontos ou fechados para
Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
redação de contratos sociais ou estatutos, ela leva à reflexão sobre cláusulas societárias
1. Contrato Social
e arranjos societários, que visam mitigar ou até mesmo eliminar conflitos societários com
a utilização de técnica jurídica. Na Parte II – Contrato Social, são tratados os assuntos que
fazem parte dos contratos sociais: contrato de sociedade, modelo básico de contrato social,
preâmbulo e sócios, nome societário, objeto social, sede e filiais, prazo de existência, capital
social, integralização do capital social, aumento do capital social, redução do capital social,
cotas, direito de preferência, direitos sociais, administração, atos vedados por administradores,
deliberações sociais, conselho fiscal, conflitos, dissolução e liquidação societárias.
Mapa Conceitual
Nesta unidade, foi apresentada a aplicabilidade dos principais tipos societários presentes
nas sociedades empresárias, excluindo as estatutárias. Também foram analisadas as etapas
de constituição de uma sociedade empresária, desde a escolha do tipo societário mais
adequado ao objeto social proposto até a criação dos atos constitutivos. Por fim, justificou-se
perante os órgãos de registro de empresas mercantis a viabilidade de registro e regularidade
das respectivas sociedades empresárias.
Veja, a seguir, o mapa conceitual da unidade. Com ele você terá um panorama das relações
entre os conteúdos trabalhados.
35
Fonte: Elaborado pela autora. Sumário
Contratos Societários e de Colaboração
Conclusão
1. Contrato Social
Nesta unidade, foram apresentados os conteúdos de Direito Societário para elaboração
concreta de instrumentos contratuais. O foco foi a mobilização em torno da sociedade
limitada, um dos tipos societários mais prevalentes no Brasil.
Você conheceu, ainda, os smart contracts, que são modalidades de contratos digitais em
que se utilizam de blockchain e plataformas de tecnologia para que as próprias partes
contribuam efetivamente à elaboração contratual. Na parte final, de validações e assinaturas
utiliza-se da própria certificação digital dos contratantes.
Foi abordado que a elaboração dos contratos sociais de sociedade limitadas é regida
pelos art. 1.052 a 1.087 do Código Civil. Nessa modalidade, a sociedade limitada rege-se nas
omissões de tais disposições, bem como em contratos de normas de sociedade simples. O
contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da
sociedade anônima no lugar das normas da sociedade simples; contudo, será necessário
avaliar a maior complexidade que envolve a sistemática das sociedades anônimas.
As cláusulas obrigatórias que devem constar num contrato de sociedade são as seguintes
do Código Civil: arts. 997, 1.040, 1.046, 1.053, 1.089 e 1.096.
Por fim, quanto aos atos de registro empresarial, as juntas comerciais são responsáveis pela
gestão dos auxiliares mercantis – registro, matrícula e cancelamento –, sendo eles leiloeiros
oficiais, tradutores públicos, intérpretes, administradores de armazéns gerais, dentre outros.
Ademais, também têm como escopo o histórico dos usos e costumes de Direito Empresarial
(fontes), bem como regulação das atividades de sujeitos da atividade empresarial.
Nesse sentido, você está pronto para avaliar os tipos societários, redigir o instrumento social
adequado e direcionar seus clientes a uma escolha societária adequada, e inscrever os atos
registrais e de averbações pertinentes nos órgãos de registro empresarial.
36
Sumário
2
Contratos Societários e de Colaboração
Estatuto social
e sua redação
nas sociedades
abertas e fechadas
Unidade
Objetivos
Ao final desta unidade, esperamos que possa:
37
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
Apresentação
Nesta unidade, você entenderá o funcionamento das chamadas companhias, que são
espécies de sociedades empresárias por excelência. São sociedades institucionais cuja
estruturação societária é sofisticada, haja vista a possibilidade de serem de capital aberto
e fechado, o que lhes confere robustez e importância diante do direito societário. Você
relacionará os conteúdos práticos e teóricos trabalhados e será capaz de não só identificar
suas características e principais requisitos, mas também abordar, do ponto de vista de
redação de atos constitutivos, por exemplo, estatutos sociais, atas de assembleias, acordo
de acionista, bem como acordo de votos, a melhor técnica para resguardar os interesses das
sociedades e dirimir os conflitos societários. Será possível apreender desde a concepção
de uma sociedade institucional até a sua dissolução e liquidação.
Por fim, você conhecerá as relações entre sociedades e suas espécies: participações, holding,
subsidiária integral, grupo de sociedades, consórcio e joint ventures. Também saberá
quando será recomendável um aporte pela estratégia de investidor-anjo em uma sociedade
empresária ou até mesmo startup em busca de crescimento escalável. São assuntos que
refletem modalidades de arranjos e investimentos empresariais atuais e importantes para
uma consultoria jurídica qualificada. Por isso, você está convidado a conhecer esta unidade
de aprendizagem. Pronto para o trabalho?
Porém, uma vez redigido tal estatuto – o que você conhecerá em etapas –, este será
submetido à aprovação dos sócios ou fundadores e levado a registro.
A companhia precisa ser constituída em até seis meses da data de depósito da entrada,
ou o banco restituirá diretamente a seus subscritores os valores depositados. Porém, os
subscritores podem elastecer o prazo legal, definindo prazo maior. Conforme o art. 81, §
único da Lei n° 6.404/1976, há um prazo mínimo para levantamento do depósito em favor
dos subscritores, caso estes não mais desejem seguir com a constituição da companhia.
Para que uma companhia aberta seja constituída, antes mesmo do pedido de registro
à Comissão de Valores Mobiliários, deverão os fundadores se dirigir a uma instituição
financeira e contratar os serviços de underwritting, conforme prescrito no art. 82 da
LSA, para fins de organização do prospecto que deverá ser assinado pelos fundadores e
pela instituição financeira intermediária, sendo acompanhado de estudo de viabilidade
econômico-financeira da atividade, bem como esboço do estatuto social.
O art. 83 da LSA dispõe que o projeto de estatuto deverá conter as normas que regerão a
companhia e satisfazer aos mesmos requisitos exigidos para os contratos das sociedades
mercantis em geral.
deverá ser descrita a importância que será dada de entrada na subscrição e a parte que
será formada por bens e a atribuição do valor pelos fundadores. O capital das companhias
é dividido em ações, cabendo ser discriminado no prospecto o número, espécies e classes
em que o capital será dividido, bem como o valor nominal e o preço da emissão das ações.
Sobre a subscrição, deverão constar as datas para seu início e término e quais são as
instituições autorizadas a receber a entrada. Em havendo excesso de subscrição por parte
dos fundadores, o prospecto deverá prover solução para essa situação, que poderá ser tanto
a devolução do valor ao sócio respectivo quanto o aumento do percentual obrigatório.
O art. 175 da LSA prevê que “o exercício social terá duração de 1 (um) ano e a data do término
será fixada no estatuto” (BRASIL, Lei n° 6.404/1976). Todavia, caso no ato de constituição da
companhia ou no estatuto esteja definido de forma diversa, assim será considerado.
O art. 189 da LSA conceitua o chamado EBDTA, sendo ele o “resultado do exercício serão
deduzidos, antes de qualquer participação, os prejuízos acumulados e a provisão para o
Imposto sobre a Renda” (BRASIL, Lei n° 6.404/1976).
O art. 191 da LSA define o lucro líquido do exercício, que é “o resultado do exercício que
remanescer depois de deduzidas as participações de que trata o art. 190” (BRASIL, Lei n°
6.404/1976).
Sobre a reserva legal, tem-se que a LSA a define como o percentual “do lucro líquido do
exercício, sendo 5% (cinco por cento) aplicados, antes de qualquer outra destinação, na
constituição da reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social” 42
(BRASIL, Lei n° 6.404/1976). Outras reservas poderão ser criadas pelo estatuto social da
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
companhia, conforme o art. 194 da LSA, desde que indicado seu modo e finalidade e fixados
os critérios para determinar a sua constituição diante da parcela anual e o limite máximo de
reserva. Elas também poderão ser criadas pela assembleia geral, conforme define o art. 195
da LSA, sendo, todavia, definido na própria LSA que há limites para a criação de tais reservas.
O acordo de acionistas ou contrato parassocial é regido pelo art. 118 da LSA e disporá sobre
a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto ou
do poder de controle. Esse acordo deverá ser observado pela companhia quando arquivados
na sua sede. O § 1.º do art. 118 da LSA dispõe que “as obrigações ou ônus decorrentes desses
acordos somente serão oponíveis a terceiros, depois de averbados nos livros de registro e
nos certificados das ações, se emitidos” (BRASIL, Lei n° 6.404/1976). Ainda, o § 2° prevê que
“esses acordos não poderão ser invocados para eximir o acionista de responsabilidade no
exercício do direito de voto (artigo 115) ou do poder de controle (artigos 116 e 117)” (BRASIL,
Lei n° 6.404/1976).
43
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
O art. 118, § 4º da LSA ressalva que “as ações averbadas nos termos
deste artigo não poderão ser negociadas em bolsa ou no mercado
de balcão” (BRASIL, Lei n° 6.404/1976).
Os acordos de acionistas mais comuns são os de bloqueio, ou lock up, que impedem os
acionistas de negociarem suas ações em determinado período de tempo.
Por fim, tem-se o acordo de buy or sell, também conhecido como shotgun. Por ele, diante
de um impasse societário, determinado acionista precisará fazer uma excelente oferta pelas
ações do outro para resolver um impasse societário.
O acordo de acionistas tem força executiva e ocasiona diversas consequências aos infratores
do acordo, conforme disposto no art. 118, §8º e 9º da LSA.
APLICAÇÃO PRÁTICA
Com viés exemplificativo, você verá como foi efetivado um acordo de acionistas envolvendo
a BRK Investimentos Petroquímicos S.A. e a Braskem S.A. na parte de seus “considerandos”.
(1) ODEBRECHT S.A., sociedade por ações, com sede na cidade de Salvador, estado da Bahia, na
Av. Luiz Vianna Filho (Paralela) n° 2.841, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (“CNPJ”)
sob n° 05.144.757/0001-72, neste ato representada na forma de seu estatuto social (“ODB”); e
(2) ODEBRECHT SERVIÇOS E PARTICIPAÇÕES S.A., sociedade por ações, com sede na cidade
de São Paulo, estado de São Paulo, na Av. Rebouças, n° 3.970, 32º andar-parte, inscrita no
CNPJ sob n° 10.904.193/0001-69, neste ato representada na forma de seu estatuto social
(“OSP”, em conjunto com ODB, simplesmente denominado “Odebrecht”);
e, de outro lado:
(3) PETROBRAS QUÍMICA S.A. - PETROQUISA, sociedade por ações, com sede na cidade do
Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro, na Av. República do Chile n° 65, Centro, inscrita
no CNPJ sob o n° 33.795.055/0001-94, neste ato representada na forma de seu estatuto
social (“Petroquisa”); e
(4) PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS, sociedade por ações, com sede na cidade do
Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro, na Av. República do Chile n° 65, Centro, inscrita
no CNPJ sob n° 33.000.167/0001-01, neste ato representada na forma do seu estatuto social
(“Petrobras”, em conjunto com Petroquisa, simplesmente denominado “Sistema Petrobras”);
e como interveniente-anuentes:
(5) BRK INVESTIMENTOS PETROQUÍMICOS S.A., sociedade por ações, com sede na cidade de
São Paulo, estado de São Paulo, na Av. Rebouças, n° 3970, 32º andar-parte, Pinheiros, CEP
05402-600, inscrita no CNPJ sob n° 11.395.617/0001-70, neste ato representada na forma de
seu estatuto social (“BRK”); e:
(6) BRASKEM S.A., atual denominação da Copene - Petroquímica do Nordeste S.A., sociedade
por ações, com sede no município de Camaçari, estado da Bahia, na Rua Eteno n° 1.561,
Complexo Básico, Polo Petroquímico, inscrita no CNPJ sob o n° 42.150.391/0001-70, neste
ato representada na forma de seu estatuto social (“Braskem” e, conjuntamente com a BRK,
as “Companhias”);
CONSIDERANDO QUE:
(i) ODB, Nordeste Química S.A. – Norquisa e o Sistema Petrobras celebraram em 30 de maio
45
de 2008 um acordo de acionistas para regular as suas relações como acionistas da Braskem; Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
(vi) as Partes decidiram consolidar suas participações no capital votante da Braskem na BRK,
que tem por finalidade específica participar do Controle (conforme definido) da Braskem;
2.2.1.1 Administração
Ressalte-se que, conforme os arts. 138, §2º, e 239 da LSA, o conselho de administração é
um órgão facultativo em algumas sociedades anônimas fechadas, sendo obrigatório apenas
nas companhias abertas, nas de capital autorizado e nas sociedades de economia mista.
Regra geral, as deliberações sociais, que são as decisões importantes tomadas nos órgãos
colegiados das companhias, podem ser tomadas pela assembleia geral ou pelo conselho
de administração.
A assembleia geral possui competência privativa para deliberações que envolvam o interesse
geral da companhia, enquanto cabe ao conselho de administração tratar de forma detalhada
sobre a gestão dos negócios.
Nesse sentido, tem-se o art. 122 da LSA, que confere as atribuições da assembleia geral,
incluindo: a reforma do estatuto social, a eleição, a qualquer tempo, dos administradores
e fiscais da companhia, bem como sua eleição ou substituição. Cabe, ainda, a esse órgão,
tomar anualmente as contas dos administradores e a deliberação sobre as demonstrações
financeiras apresentadas. Sobre o capital social, cabe a ela a autorização da emissão de
debêntures e partes beneficiárias, a suspensão do exercício dos direitos do acionista e a
deliberação sobre a avaliação de bens de acionista para a composição do capital social.
Sobre a reorganização societária, cabe a esse mesmo órgão deliberar sobre a transformação,
fusão, incorporação, cisão, dissolução e liquidação da companhia, eleição e destituição
de liquidantes e julgamento de suas contas. Por fim, ela autorizará aos administradores
confessar falência, seja mediante situação regular, seja de urgência, em relação à qual será
convocada assembleia geral específica para deliberar sobre a matéria.
A composição do órgão será determinada pelo art. 140 da LSA, sendo seus membros formados
por pessoas físicas ou jurídicas, conforme o art. 146 da LSA.
O modelo adotado pela legislação societária brasileira opta pela vertente dualista, sendo
as deliberações sociais tomadas pelo conselho de administração e pela diretoria.
acionistas, mas devem ser pessoas físicas e residir no território nacional. Membros do
conselho de administração podem também ocupar posição na diretoria (art. 143, §1º LSA).
2.2.1.3 Prazo
Normalmente, o item é destinado a tratar de assuntos gerais que não foram destinados a
um tópico específico anterior, podendo, por exemplo, estipular sobre o local em que serão
publicados e expostos os atos societários.
que alguma das sociedades dela participante seja uma companhia regida por esse diploma
legislativo. Caso contrário, a disciplina seguirá o Código Civil Brasileiro e suas normas gerais
de direito empresarial, conforme determina o Enunciado 70 da I Jornada de Direito Civil do
Conselho da Justiça Federal:
“As disposições sobre incorporação, fusão e cisão previstas no Código Civil não se aplicam
às sociedades anônimas. As disposições da Lei n° 6.404/76 sobre essa matéria aplicam-
se, por analogia, às demais sociedades naquilo em que o Código Civil for omisso” (CJF –
ENUNCIADOS, 2021a).
2.3.1 Transformação
A transformação é uma operação societária disciplinada pelo art. 220 da Lei das S.A.s e pelo
art. 1.113 do Código Civil que ocorre no momento em que a sociedade passa de um tipo
societário para outro, sem que ocorra a sua dissolução ou liquidação.
Para que a deliberação acerca da transformação societária ocorra, será necessário que haja
votação unânime, salvo se o estatuto social ou contrato social já autorizem a operação.
O art. 222 da Lei das S.A.s e o art. 1.115 do Código Civil preveem que a transformação societária,
por não acarretar dissolução ou liquidação societária, não pode prejudicar em nenhuma
hipótese os direitos dos credores.
Com relação à falência, tem-se que o art. 222 da Lei das S.A.s e art. 1.115, parágrafo único do
Código Civil, dispõem que a falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos
em relação aos sócios que no regime anterior a ela estariam sujeitos.
Veja como ocorre a aplicação prática da técnica de transformação que você conheceu.
APLICAÇÃO PRÁTICA
Maria Clara Santos é médica e, em razão de atender a diversos planos de saúde, sentiu a
necessidade de se constituir como empresária individual, optante pelo Simples Nacional,
passando a sua denominação Maria Clara Santos ME. Ocorre que, em razão da expansão
de suas atividades e por entender com sua consultoria jurídica que havia muita exposição
de seu patrimônio pessoal na atividade empresária, ela foi orientada a refletir sobre a 49
possibilidade de transformação em sociedade limitada unipessoal.
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
Todavia, sabe-se que o empresário individual, não obstante possua CNPJ, não é pessoa
jurídica. O procedimento de transformação pretendido por Maria Clara, denominado de
“transformação de registro”, é bem diferente da transformação de pessoa jurídica, que é,
de fato, uma transformação de sociedade empresária de tipo/espécie “x” para “y”, como
pode ocorrer no caso de uma sociedade limitada que se transforme em companhia. O
fundamento legal da transformação de registro se encontra no art. 968, §3º e art. 1.033,
parágrafo único do Código Civil, fundamento diverso da transformação societária que você
conheceu acima. Esse mesmo entendimento foi consubstanciado no Enunciado n° 465 do
Conselho da Justiça Federal: “a ‘transformação de registro’ prevista no art. 968, § 3º, e no
art. 1.033, parágrafo único, do Código Civil não se confunde com a figura da transformação
de pessoa jurídica” (CJF – ENUNCIADOS, 2021b).
2.3.2 Fusão
Figura 05 Fusão de empresas
A operação na qual duas ou mais sociedades se unem para a constituição de uma sociedade
nova, que sucederá ambas em direitos e obrigações, é conceituada como fusão, conforme
o art. 228 da Lei das S.A.s. 50
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
A fusão depende de aprovação da assembleia geral de cada companhia. Uma vez aprovado o
protocolo de fusão pelo órgão, deverão ser nomeados os peritos que avaliarão os patrimônios
líquidos das demais sociedades (art. 228, §1º, LSA). Serão, em seguida, apresentados laudos
para apreciação da assembleia geral, que resolverá sobre a constituição definitiva da nova
sociedade resultante da fusão (art. 228, §2º, LSA). Após a constituição da nova companhia,
os novos administradores nomeados serão responsáveis pelos arquivamentos e publicação
dos atos societários pertinentes à fusão (art. 228, §3º, LSA).
2.3.3 Cisão
O art. 229 da LSA define a cisão como a operação em que a companhia transfere parte de
seu patrimônio (cisão parcial) ou todo seu patrimônio (cisão total) e, nesse último caso, há
extinção da companhia existente. No que concerne à cisão parcial, são criadas uma ou mais
sociedades, para essa finalidade ou não.
Para fins de proteção dos direitos dos credores e acionistas, o art. 233 da LSA dispõe que, na
hipótese de cisão total, em que há cisão extinção da companhia cindida, as sociedades que
absorverem parcelas do seu patrimônio respondem de forma solidária pelas obrigações da
cindida, sendo o mesmo critério em relação à companhia que sofre cisão parcial.
É possível que no ato de cisão parcial seja estipulado que as sociedades que recebem
parcela(s) do patrimônio da cindida serão responsáveis somente pelas obrigações que lhe
forem transferidas. Todavia, qualquer credor poderá, no prazo de 90 (noventa) dias contados
da publicação do ato de cisão, se opor a essa cláusula (art. 233, parágrafo único, LSA).
Desde que o laudo de avaliação e incorporação societárias sejam aprovados pela assembleia
geral da incorporadora, a incorporada será extinta e será esse órgão da sociedade o
responsável pelo arquivamento, registro e publicação dos atos da operação societária.
52
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
2.4.1 Participações
Participações significam os valores aplicados na aquisição de ações e outros títulos de
participação societária, com a intenção de mantê-las em caráter permanente, seja para se
obter o controle societário, seja como investimento de receita da sociedade.
2.4.2 Holding
O verbo “to hold” em inglês remete à noção de guardar e manter. Acrescido do prefixo “ing”,
remete a uma ideia de manutenção, que aplicada ao planejamento estratégico patrimonial
significa uma estratégia de gestão de negócios.
Na holding, uma sociedade promove, como objeto, participação em outra sociedade. Não
significa um novo tipo societário, podendo ser, por exemplo, uma sociedade limitada ou
subsidiária integral, mas que terá, como objeto social específico, participação em outra
sociedade.
Nesse sentido, nota-se que as holdings se dedicam a propósitos não operacionais de uma
empresa, mas se dedicam à gestão patrimonial. Uma vez que se dedica de forma controlada
a uma operação, as empresas que se submetem a ela serão denominadas subsidiárias. 53
Nos termos do art. 2º, §3º da Lei das S.A.s, é lícito que uma companhia tenha como objeto Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
a participação em outras sociedades, mesmo que tal delimitação não conste de forma
expressa em seu estatuto. A participação pode visar, assim, à realização do objeto social ou
à utilização de benefícios fiscais.
Ainda, o art. 243, §2º da mesma lei, que trata do poder de controle nas sociedades anônimas,
define que será considerada como controlada a sociedade que a controladora exerça poder
– se caracterizando como titular de direitos de sócio – diretamente ou por meio de suas
controladas, que lhe assegurem preponderância nas decisões societárias e poder suficiente
para eleger a maioria de seus administradores.
A holding não se limita a um tipo societário específico, podendo ser desde uma sociedade
limitada até uma companhia. Como você pode ver pelo que foi exposto, a holding remete ao
modelo de gestão e estratégia empresarial, e não à sua formatação como um tipo societário
específico. Essa escolha entre tipo societário estará ligada muito mais à proporção do
negócio e plano de crescimento e expansão do que a uma amarra legal.
A disciplina legal encontra-se no art. 251 da LSA: “a companhia pode ser constituída,
mediante escritura pública, tendo como único acionista sociedade brasileira” (BRASIL, Lei
n° 6.404/1976). A subsidiária integral pode ser resultado de uma transformação societária, e
assim prescreve o § 2º do art. 251 da LSA: “a companhia pode ser convertida em subsidiária
integral mediante aquisição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos
do artigo 252” (BRASIL, Lei n° 6.404/1976).
Como você pode perceber, a subsidiária integral é ligada ao poder de controle exercido de uma
sociedade anônima sobre a outra e visa prioritariamente atender a uma opção de negócio em
que se busca garantir mais eficiência ao negócio pela redução ou eliminação da concorrência em
determinado setor. Veja, ainda, que a subsidiária pode optar por ser controlada integralmente
pela matriz por razões financeiras e, ainda, para facilitar acesso a crédito. 54
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
Todavia, esse arranjo societário trará como consequência a perda de autonomia da sociedade
controlada ou subsidiária, e por tal razão, também não será aplicável a qualquer ramo
empresarial.
2.4.5 Consórcio
Os consórcios são modalidades de colaboração entre sociedades para empreendimentos
específicos. Conforme o art. 278 da LSA, as companhias e outras espécies societárias podem,
mediante o mesmo controle ou não, constituir consórcio para executar determinado
empreendimento.
Os consórcios não possuem personalidade jurídica própria, e o art. 279 da LSA determina
que serão constituídos mediante contrato aprovado pelo órgão da sociedade competente
para autorizar a alienação de bens do ativo não circulante.
55
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
Também não se confunde com o consórcio entre sociedades, que é um arranjo amplo e
formatado em termos societários, ao passo que as joint ventures se caracterizam de forma
mais próxima a uma terceira via em que a cooperação societária não necessariamente
precisará estar formalizada em uma forma societária ou grupo. Constituem-se em alianças
contratuais que marcam a sinergia entre as empresas, por aproveitamento de atividades
conjuntas, captação de recursos financeiros ou tecnológicos para determinado projeto,
entre outras estratégias.
Pode ser constituída, por exemplo, para que uma determinada rede de varejo busque
esforços para uma tecnologia de aceleração digital. Essa estratégia é muito conhecida
como motor dois na gestão das empresas, uma vez que a atividade não tirará o foco de
sua atividade principal para buscar essa nova tecnologia ou implementação que pode lhe
garantir, contudo, uma vantagem competitiva no futuro.
A joint venture pode ser a modelagem empresarial, por exemplo, para uma startup, em
que as sociedades fomentadoras atuam como aceleradoras de negócios. Esta é uma das
estratégias mais utilizadas para a internacionalização de negócios.
2.4.7 “Investidor-anjo”
O chamado investidor-anjo é uma modalidade de investimento que pode ser realizado em
determinado negócio por pessoa física ou jurídica, visando aportar o chamado smart money
em empresas nascentes ou com grande potencial de crescimento, normalmente startups
de tecnologia.
Veja que não necessariamente há uma modalidade societária nova formada, mas geralmente
esse investidor terá uma participação minoritária no negócio ou ocupará uma posição de
mentor ou conselheiro, não chegando a ocupar posições executivas na sociedade receptora.
O ato de dissolução ocorre primeiro, podendo ser judicial ou extrajudicial. Após, tem-se o
procedimento de dissolução, que abrangerá a liquidação e a partilha.
A dissolução das sociedades institucionais é regida pela LSA, art. 206, sendo que as
sociedades contratuais são disciplinadas pelo Código Civil.
Uma vez dissolvida a companhia, ela conservará a sua personalidade jurídica até a sua
extinção, que se procederá com o encerramento do processo de liquidação (art. 207, LSA).
57
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
I - de pleno direito:
a) pelo término do prazo de duração;
b) nos casos previstos no estatuto;
c) por deliberação da assembleia geral (art. 136, número VII);
c) por deliberação da assembleia geral (art. 136, X);
d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembleia geral ordinária, se o
mínimo de 2 (dois) não for recons�tuído até à do ano seguinte, ressalvado o disposto no ar�go
251;
Art. 206. Dissolve-se a
III - por decisão de autoridade administra�va competente, nos casos e na forma previstos em
lei especial (BRASIL, Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976).
Importante salientar que, fora tais hipóteses, há a disposição do enunciado sumular 435 do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), que trata da dissolução irregular da sociedade empresária.
“Nesses termos, será considerada presumidamente objeto de dissolução irregular a empresa
que deixar de funcionar no seu domicílio sem comunicação aos órgãos competentes,
legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente”. (SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2018).
Bibliografia comentada
Veja a seguir as recomendações de obras que visam complementar seus estudos. Estas
leituras não são obrigatórias, mas aprofundam temas tratados na apostila, conforme
direcionamentos a seguir:
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 1056.
Esse livro é um compilado de tipos contratuais e contém em seu capítulo LXII os contratos
de sociedade, apresentados de forma genérica e de forma a auxiliar no conhecimento dos
principais tópicos do direito contratual.
A obra faz parte da Série Soluções Jurídicas. Com essa bibliografia, pode-se refletir sobre
as cláusulas e arranjos societários, que visam mitigar ou até mesmo eliminar conflitos
societários com a utilização de técnica jurídica. A parte III será dedicada ao estatuto social
e serão tratados desde seu modelo básico, termo de abertura, denominação, objeto social,
capital social, aumento do capital social e capital autorizado, passando pelos órgãos das
companhias, que são as assembleias gerais, conselhos de administração, diretoria executiva,
ouvidoria, conselho fiscal, até a sua dissolução e resolução de conflitos societários. Já a
parte IV será dedicada ao acordo de acionistas. Uma obra que auxilia na prática com ideias
de redação de documentos societários e confere uma experiência qualificada na visão das
companhias.
60
Sumário
2. Estatuto social e sua redação nas sociedades abertas e fechadas
Contratos Societários e de Colaboração
Mapa conceitual
Nesta unidade, foram apresentadas as principais diferenças entre as companhias abertas
e fechadas. Estudou-se a concepção das companhias, abertura de capital e captação de
recursos no mercado, bem como acordo de acionistas, organização societária e principais
cláusulas de um estatuto social.
Também foi tratado o tema da reorganização societária em suas principais operações. Por
fim, entenderam-se as formas de participação societárias, sua importância e valor para as
organizações.
Conclusão
Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer com profundidade os aspectos de
constituição e alteração societária das companhias, entendendo suas nuances quando
definidas como companhias abertas ou fechadas.
Com todo esse conteúdo, você já está pronto para aprofundar ainda mais nos temas aqui
tratados. Para isso, sugere-se que leia a bibliografia complementar indicada.
62
Sumário
3
Contratos Societários e de Colaboração
Contratos empresariais
em espécie: contratos
de colaboração
Unidade
Objetivos
Ao final desta unidade, esperamos que possa:
63
Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
Apresentação
Nesta unidade, você aprenderá sobre a representação comercial, seus principais atributos e
o desempenho de atividades próprias do agente que retira pedidos de compra de produtos
fabricados ou distribuídos pelo representado. É um contrato tipicamente oneroso, sujeito a
comissões, que deverão ser objeto de estipulação no contrato mercantil, bem como o foro
competente para dirimir as questões referentes ao contrato.
Por fim, você estudará o contrato de franquia, sua importância para o empreendedorismo e a
corretagem, enquanto atividade autônoma e mercantil que realizará a intermediação de negócios.
Com todo esse arcabouço, você estará apto a desenhar as melhores estratégias de desenhos
contratuais para suas consultorias. Pronto para o desafio?
Parte da doutrina, no entanto, entende o contrato de agência como uma figura com
abrangência maior que a representação comercial, pois engloba a intermediação habitual
de forma genérica. São exemplos de contrato de agência a intermediação de profissionais
para recolocação no mercado de trabalho de artistas, modelos ou esportistas.
3.1.1.2 Requisitos
Conforme prevê o art. 1º da Lei n° 4.886/1965, a representação comercial é uma atividade
autônoma e exercida por pessoa, física ou jurídica, que não tenha relação de emprego,
seja não eventual e que desempenhe atividade que, de acordo com os interesses do
representado, envolva a mediação para a efetivação de negócios mercantis, agenciamento
de propostas ou pedidos, para transmiti-los aos representados.
67
Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
3.1.1.2.2 Comissões
O registro dos representantes comerciais perante o órgão de classe da categoria – Conselho
Regional dos Representantes Comerciais – é elencado pelo art. 5º da Lei n° 4.886/1965 como
requisito para pagamento da remuneração devida pelo representado ao representante
a título de comissões. Contudo, a jurisprudência afasta essa obrigatoriedade, pontuando
que, na verdade, ela serve apenas para caracterização de sanções administrativas a serem
aplicadas pelo órgão representativo da categoria perante o representante que exerce tais
atividades sem o atendimento aos requisitos legais.
É, portanto, dever do representado efetuar o pagamento das comissões, mas ficará a salvo
para que isso seja levado ao conhecimento da entidade de classe para as providências
legais devidas.
3.1.1.2.3 Foro
DECISÃO MANTIDA.
Precedentes.
Portanto, em sendo o caso de discussão de aspectos que não sejam relacionados à relação
de emprego e consequente quebra da subordinação empresarial entre representante e
representado, o foro competente será o previsto no contrato.
3.1.1.2.4 Rescisão
No art. 35 da Lei nº 4.886/1965, são considerados motivos justos para a rescisão do contrato
de representação por parte do representado:
• A força maior.
• A redução da zona.
APLICAÇÃO PRÁTICA
Um vendedor alega perante seu consultor jurídico que firmou contrato de representação
comercial com a sociedade empresária ABC Distribuidora de Livros Didáticos S.A. Sua
atividade era constituída em uma zona não exclusiva e compreendia a expansão de
mercados de distribuição de produtos na região constante no contrato. O vendedor ainda
relata que, apesar de ter dispositivo eletrônico para desempenho das atividades com 71
rotas definidas pela empresa e passar relatórios com periodicidade à representada, não
Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
detinha veículo próprio, não era sujeito a controle de jornada e não comparecia à sede da
representada com regularidade definida.
3.1.2.1 Características
É unilateral, uma vez que, desde a sua concepção, gera obrigações somente para o
mandatário. Caso do pacto estabelecido entre mandante e mandatário surja um direito
creditório, torna-se um contrato bilateral. Se isso for estabelecido desde a concepção do
contrato, tem-se um contrato bilateral perfeito.
Por fim, o contrato é intuito personae, pois contempla mandante e mandatários especificados, 72
certos e determinados. Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
3.1.2.3 Obrigações
As obrigações do mandatário estão previstas entre os arts. 667 a 674 do Código Civil de 2002.
São obrigações do mandatário a prestação de contas, não sendo possível compensar lucros com
os prejuízos que tenha lhe causado, e ainda responderá pelo que houver se apropriado mediante
juros desde o momento que abusou do mandato, conforme arts. 668 a 670 do Código Civil de 2002.
detêm poderes para praticar atos sem a anuência dos demais nomeados.
O art. 673 do Código Civil de 2002 determina que, uma vez que o terceiro está ciente da
extensão dos poderes do mandatário, não terá ação em relação ao mandante que discuta
poderes que extrapolam o instrumento.
Constituem obrigações do mandante as previstas nos arts. 675 a 681 do CC/02. Primeiramente, ele
é obrigado a cumprir com as obrigações assumidas pelo mandatário em decorrência do mandato,
bem como cumprir o adiantamento de despesas necessárias ao bom exercício do mandato
quando este o solicitar, sendo juros devidos desde a data do desembolso (art. 675 e 677, CC/02).
As eventuais perdas que o mandatário sofrer em razão do mandato devem ser ressarcidas
pelo mandante, desde que não tenham resultado de exercício culposo ou em excesso de
poderes do mandatário (art. 678, CC/02).
É ressalvado direito de retenção do mandatário sobre a coisa que tenha posse como objeto
do mandato até que seja efetuado o reembolso que efetuou em razão do encargo (art.
681, CC/02). Isso demonstra que o contrato de mandato constitui via de regra um contrato
unilateral. Mas quando há exercício do direito de perdas e danos e, ainda, de retenção,
será classificado como contrato bilateral imperfeito, pois é uma característica acidental ao
contrato unilateral que não necessariamente precisará ser exercida.
Serão considerados ineficazes os atos praticados por quem não detenha poderes expressos
em mandato ou sejam insuficientes, salvo ratificação expressa do mandante, que retroagirá
à data de prática do ato (art. 662, CC/02).
O mandato cessa mediante a ocorrência de cinco situações previstas no art. 682 do Código
Civil, sendo elas: a revogação ou renúncia, a morte ou interdição das partes, questões
relativas à capacidade negocial para o contrato de mandato e o término do prazo ou a
conclusão do negócio jurídico.
3.1.2.6 Foro
Essa modalidade contratual é bastante aberta e constitui uma alternativa em que um terceiro
interfere nos negócios de outrem mesmo sem estar expressamente autorizado por seu dono.
Veja que a lei trata de trazer o entendimento de que a interpretação jurídica deve prezar
pela interpretação da norma negocial, indo além da ótica restrita à lei.
3.1.3.2 Requisitos
3.1.3.2.1 Obrigações
Os deveres do gestor de negócios estão contemplados entre os arts. 864 e 868 do Código
Civil. Constitui dever do gestor de negócio comunicar ao dono o início da gestão e aguardar
seu retorno, desde que da espera não resulte perigo. Ocorrendo o falecimento do dono no
decurso da gestão, o gestor aguardará as instruções dos herdeiros, mas não deixará de ter
legitimidade para providências necessárias.
Cabe ao gestor imprimir a diligência habitual na gestão do negócio, sendo seu dever o
ressarcimento do dono pelos prejuízos resultantes de sua culpa no exercício da gestão.
O gestor pode se fazer substituir por pessoa idônea e responde pelos prejuízos causados
pelo substituto. Na ocasião da gestão ser solidária, há a divisão de responsabilidade dos
gestores envolvidos.
Constitui obrigação do dono do negócio reembolsar o gestor nas despesas por ele contraídas
para a utilidade da administração do negócio, contados juros legais desde o momento do
desembolso, além da responsabilidade pelos prejuízos causados por ocasião da gestão.
O dono do negócio pode desaprovar a gestão, uma vez que a administração do gestor estiver
77
contrária a seus interesses. Nessa situação, aplicam-se os arts. 862 e 863 do Código Civil,
ressalvado o previsto nos arts. 869 e 870. Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
3.1.3.2.3 Foro
O comissário que agir de acordo com os usos das negociações comerciais praticadas pelo
comitente e agir em situações de urgência terá seus atos considerados validados.
3.1.4.2 Requisitos
3.1.4.2.1 Obrigações
O comissário deve desempenhar suas funções com cuidado e diligência, com a finalidade
de trazer lucros e expansão do negócio do comitente, bem como evitar prejuízos.
No entanto, o comissário não responde pela insolvência dos clientes com os quais tratar,
salvo culpa e na assunção de cláusula del credere (estipulação em contrato de representação
comercial de que valores pertinentes às comissões de vendas que poderão ser cancelados
ou descontados, caso a venda seja desfeita ou cancelada).
A cláusula del credere funciona, portanto, como uma garantia adicional ao representado,
atribuindo-lhe a responsabilidade pela solvência das obrigações assumidas por este com
terceiros.
Sobre a concessão de descontos e prazos, caso o comissário não esteja autorizado a conceder
descontos ou dilação de prazos, ele responderá perante o comitente pelas perdas e danos
que lhe causar.
Em caso de dispensa, o comissário terá direito de ser remunerado pelos serviços úteis
prestados ao comitente, salvo em situações que causar prejuízo a este, situação em que
deverá arcar pelos danos. Ocorrendo a morte do comissário, cabe ao comitente, mesmo
nas situações nas quais o trabalho não tenha sido concluído, remunerar proporcionalmente
pelos serviços prestados.
O comissário tem direito de retenção em relação a despesas que já efetuou, bem como em
relação a negócios efetivados que ainda não recebeu a devida remuneração.
A existência da cláusula del credere nos contratos de comissão acarreta, conforme o art. 698
do Código Civil, a responsabilização solidária do comissário perante as pessoas que houver
tratado em nome do comitente. Nessa situação, terá direito o comissário a uma remuneração
mais elevada com a finalidade de absorver o risco adicional assumido.
3.1.4.2.4 Foro
O contrato de agência e distribuição é tratado entre os arts. 710 e 721 do Código Civil. Pelo
80
contrato de agência, uma pessoa assume de forma não eventual, e sem subordinação Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
3.1.5.2 Requisitos
Assim, você pode notar uma aproximação em relação ao contrato de representação comercial
com o de agência e distribuição.
São aplicáveis as regras do contrato de comissão e legislação especial aos casos omissos
do contrato de agência e distribuição.
3.1.5.2.1 Obrigações
Constituem obrigações do agente que, ao desempenhar suas funções, o faça com diligência
e segundo as instruções ditadas pelo proponente.
Como obrigações do distribuidor ou agente, têm-se as despesas que são objeto do contrato,
bem como a remuneração do agente ou distribuidor dentro de sua zona, ainda que este
não tenha exercido a sua interferência.
O proponente é obrigado a indenizar o agente que tenha, de forma abrupta ou sem razão de
direito, cessada ou reduzida sua zona de atuação, de forma que a continuidade do contrato
seja assim prejudicada.
O agente tem direito de ser remunerado pelos serviços efetivamente prestados, em situações
de força maior ou mesmo que tenha sido dispensado por justa causa, cabendo-lhe discutir
as perdas e danos relacionados ao fato. Caso caracterizada a dispensa sem culpa do
81
agente, este terá direito inclusive à remuneração pelos negócios pendentes e indenizações
relacionadas. Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
3.1.5.2.3 Foro
O foro constante no contrato de agência e distribuição será, via de regra, o pertinente para
discutir questões desse contrato.
Pelo contrato de franquia, é viabilizado com que um produto, serviço, processo ou técnica
sejam expandidos por meio de uma relação jurídico-contratual em que há o franqueado e
o franqueador.
Para o franqueador, é uma das técnicas contratuais mais utilizadas na expansão de redes
comerciais, pois permite que este mitigue grande parcela do investimento e ao mesmo
tempo garanta uma receita recorrente sobre o franqueado, que deverá pagar uma taxa pela
utilização dos produtos ou serviços e, ainda, modo de fazer ao franqueador.
82
Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
3.1.6.2 Requisitos
Importante salientar que uma das principais alterações legislativas formatadas na edição
da Lei n° 13.966/2019 foi a consolidação do entendimento do Superior Tribunal de Justiça
no sentido de afastar a caracterização da relação de consumo nos contratos de franquia.
Nesse sentido, confira-se:
3.1.6.2.1 Obrigações
83
Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
3.1.6.3 Foro
84
O foro será delimitado em circular de franquia e formalizado mediante contrato firmado
entre franqueador e franqueado. Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
O contrato de corretagem é tratado entre os arts. 722 a 729 do Código Civil. Compreende a
relação comercial estabelecida em que as partes não se vinculam por meio de mandato,
prestação de serviços nem subordinação jurídica relacionada a vínculo empregatício. Como
objeto desse contrato, o chamado corretor se obriga a obter negócio ao contratante seguindo
suas instruções.
3.1.7.2 Requisitos
3.1.7.2.1 Obrigações
sobre o negócio ou mediante valor fixo e não tenha sido estabelecida contratualmente, será
determinada pelos usos e costumes locais em que o negócio foi celebrado.
Caso o negócio seja intermediado por mais de um corretor de imóveis, a remuneração será
proporcionalmente dividida entre eles.
Tese Firmada
(i) Incidência da prescrição trienal sobre a pretensão de restituição dos valores pagos a
título de comissão de corretagem ou de serviço de assistência técnico-imobiliária (SATI),
ou atividade congênere (artigo 206, § 3º, IV, CC). (vide REsp n. 1.551.956/SP)
Outra situação sobre a qual o STJ foi instado a se manifestar e que envolve também o dever
de informação, foi a de atraso na entrega do imóvel, resolução do contrato de promessa de
compra e venda do imóvel e a obrigação de restituição da comissão de corretagem:
4. A solução dada pelo Tribunal local encontra-se de acordo com a jurisprudência desta
Corte Superior, firmada no sentido de que, resolvido o contrato de promessa de compra
e venda de imóvel por inadimplemento do vendedor, é cabível a restituição da comissão
de corretagem, sendo inaplicável ao caso o entendimento firmado no Tema n° 938/STJ.
6. A Corte local não emitiu nenhum juízo de valor acerca da tese de ocorrência de
enriquecimento ilícito ao ser considerado o valor atualizado do contrato para fins de
cálculo dos lucros cessantes, e não o valor do imóvel à época do dano, carecendo do
necessário prequestionamento a viabilizar sua discussão na presente oportunidade.
Aplica-se, no ponto, a Súmula n° 211/STJ.
87
Nesse sentido, esse caso em comento constitui uma exceção à aplicação da Tese 938 do
STJ, vez que é fato que não deve recair sob as expensas do adquirente do imóvel. Assim, a Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
comissão de corretagem possui o condão de seguir os deveres anexos que são contemplados
no contrato de compra e venda principal.
3.1.7.4 Foro
O foro em que o contrato for estabelecido ou, na ausência dessa estipulação, o negócio
realizado será o competente para conhecimento da demanda, observadas as regras de
competência territorial estabelecidas no Código de Processo Civil.
APLICAÇÃO PRÁTICA
O sr. José pretende vender um imóvel situado na cidade de Campinas/SP e, para tanto,
assina um contrato de corretagem com o corretor de imóveis Manoel Pratino. Contudo, o
sr. José já estava com uma placa particular de “vende-se” há mais de um ano defronte ao
imóvel. Algumas pessoas interessadas na compra o visitaram, mas não chegaram além de
uma proposta feita por dona Maria, que foi desconsiderada pelo sr. José na época. Dona
Maria, que continuou à procura de um imóvel para sua residência, buscou o corretor
Manoel, que mostra a mesma residência à venda, agora por um valor compatível com a
proposta que fora feita ao sr. José.
Levando em consideração seus conhecimentos jurídicos, você pode ser levado a dois
caminhos por uma análise pormenorizada do contrato: se possui ou não cláusula de
exclusividade de corretagem.
Nesse sentido, será possível, à luz da legislação, entender se será devida ou não a
remuneração por parte do sr. José a Manoel. 88
Considerando que a tratativa do negócio e as condições comerciais tenham sido as mesmas Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
estipuladas antes da contratação de Manoel, o Sr. José não está vinculado a efetuar o
pagamento da remuneração. Noutro passo, alteradas as condições e sendo Manoel
responsável pela nova atração da cliente Maria, a remuneração será devida, mesmo ausente
a exclusividade sobre a venda do imóvel.
Bibliografia comentada
Veja a seguir uma recomendação de obra que visa complementar seus estudos. Essa leitura não
é obrigatória, mas aprofunda temas tratados na apostila, conforme direcionamentos a seguir:
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 1.333-1.347.
Esse livro é um compilado de tipos contratuais e contém em seu capítulo LXIV as novas
formas contratuais apresentadas para auxiliar no conhecimento dos principais tópicos do
direito contratual.
Mapa conceitual
89
Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
Conclusão
Nesta unidade, você conheceu os contratos de colaboração e novas formas contratuais
existentes no direito mercantil. Foram exploradas sete espécies contratuais com seus
objetos, especificidades, natureza jurídica e requisitos analisados em detalhes. Assim, você
agora consegue aplicar esses conhecimentos na prática empresarial contratual, de modo a
identificar, criticar e propor soluções diante de casos concretos que lhe forem apresentados.
Para isso, leia a bibliografia complementar indicada e continue acompanhando as decisões
jurisprudenciais sobre os temas nos tribunais superiores para se manter sempre atualizado
das tendências.
90
Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
Referências
Referências
BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 19
jan. 2021.
BRASIL. Lei n° 8934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o Registro Público de Empresas
Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências. Brasília, 1994. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8934.htm>. Acesso em: 5 nov. 2020.
BRASIL. Lei n° 8934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o Registro Público de Empresas
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8934.htm>. Acesso em: 5 nov. 2020.
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BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 6.404,
de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da União,
17 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>.
Acesso em: 19 set. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.934,
de 18 de novembro de 1994. Diário Oficial da União, 21 nov. 1994. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8934.htm>. Acesso em: 20 set. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 10.406, de
10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, 11 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm>. Acesso em: 20 set. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis nº 8.212 e 8.213,
ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei nº 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei
Complementar nº 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis nº 9.317, de 5 de dezembro de
1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 21 set. 2020.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça – STJ. Agravo Interno no Pedido de Tutela Provisória:
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2010-0002898-8?ref=serp>. Acesso em: 13 out. 2020.
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BRASIL. Superior Tribunal de Justiça – STJ. REsp 1.393.724/PR. Relator: Min. Luis Felipe Salomão.
Sumário
Relator p/Acórdão: Min. Paulo de Tarso Sanseverino. Segunda Seção. Julgado em 28/10/2015,
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
CJF - ENUNCIADOS. I Jornada de Direito Civil: n. 70. 2021a. Disponível em: <https://www.cjf.jus.
br/enunciados/enunciado/693>. Acesso em: 25 nov. 2020.
CJF - ENUNCIADOS. V Jornada de Direito Civil: n. 465. 2021b. Disponível em: <https://www.cjf.
jus.br/enunciados/enunciado/437>. Acesso em: 25 nov. 2020.
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL – CNJ. II JORNADA DE DIREITO COMERCIAL. 2015. Disponível em:
<https://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria-da-justica-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/
publicacoes-1/jornadas-de-direito-comercial/enunciados_aprovados-referencia_legislativa-
justificativa_ii_jornada.pdf>. Acesso em: 16 out. 2020
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 1056.
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. p. 1.333-1.347.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). AgInt no REsp 1898750/SP, Rel. Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, julgado em 15/03/2021, DJe 17/03/2021. 2021. Disponível em: <https:// 93
scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp>. Acesso em: 24 mar. 2021.
Sumário
3. Contratos empresariais em espécie: contratos de colaboração
Contratos Societários e de Colaboração
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). Agravo Interno no AREsp 1003342/RS, Rel. Ministro
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 17/02/2020, DJe 20/02/2020. 2020.
Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/858143093/agravo-interno-
no-agravo-em-recurso-especial-agint-no-aresp-1554017-sp-2019-0222810-2/inteiro-teor-
858143114?ref=juris-tabs>. Acesso em: 13 dez. 2020.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). Recurso Especial n° 1761045/DF, Rel. Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 05/11/2019, DJe 11/11/2019. 2019. Disponível
em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/859898885/recurso-especial-resp-1761045-
df-2016-0214990-5/inteiro-teor-859898895?ref=serp>. Acesso em: 13 dez. 2020.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). Tema/Repetitivo 938. 2ª Seção. DJe 05/10/2018. 2018.
Disponível em: <https://arquivocidadao.stj.jus.br/index.php/julgado-1-paulo-de-tarso-
sanseverino>. Acesso em: 24 mar. 2021.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Agravo Interno no Recurso Especial: Aglnt no REsp 1175043 RS
2010/0002898-8. 2018. Disponível em: <https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/551749246/
agravo-interno-no-recurso-especial-agint-no-resp-1175043-rs-2010-0002898-8?ref=serp>.
Acesso em: 13 out. 2020.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Direito Processual Civil - Execução Fiscal: Súmula 435.
Súmulas Anotadas. 2010. Disponível em: <https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.
jsp?livre=domic%EDlio&&b=TEMA&p=true&t=&l=10&i=11#TIT17TEMA0>. Acesso em: 25 nov.
2020.
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Sumário