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2.

Os modos de surgimento do Estado


2.1. Formação natural do Estado

Estado e poder são fatos diversos, que surgiram sucessivamente e não concomitantemente,
pelo menos na maioria das sociedades primitivas.
Aceitamos a noção de Estado segundo a qual ele se forma de três elementos: território,
população e governo.
Quando as sociedades primitivas, que eram nômades, compostas já de inúmeras famílias,
possuindo uma autoridade própria que as dirigia, fixaram-se num território determinado, passaram a
constituir um Estado. Este nasce com o estabelecimento de relações permanentes e orgânicas entre os três
elementos: a população, a autoridade (ou poder político) e o território.
A vida sedentária determina a exploração sistemática da terra, o aparecimento de atividades
econômicas mais complexas, o surgimento das primeiras cidades. A vida urbana marca o início da história e
da civilização, termo cuja raiz é civitas, cidade. Por isso também política, a ciência do Estado, tem a sua
raiz em polis.
Só um fato é permanente e dele promanam outros fatos permanentes: o homem sempre
viveu em sociedade (Ubi societas, ibi jus). A sociedade só sobrevive pela organização, que supõe a
autoridade e a liberdade como elementos essenciais, a sociedade que atinge determinado grau de evolução,
passa a constituir um Estado. Para viver fora da sociedade, o homem precisaria estar abaixo dos homens ou
acima dos deuses, como disse Aristóteles, e vivendo em sociedade, ele natural e necessariamente cria a
autoridade e o Estado.

2.2. Formação histórica do Estado

São três os modos pelos quais historicamente se formam os Estados:


a) MODOS ORIGINÁRIOS, em que a formação é inteiramente nova, nasce diretamente
da população e do país, sem derivar de outro Estado preexistente (Ex. França).
b) MODOS SECUNDÁRIOS, quando vários Estados se unem para formar um novo
Estado, ou quando um se fraciona para formar outros (Ex. EUA).
c) MODOS DERIVADOS, quando a formação se produz por influência exteriores, de
outros Estados (Ex. Israel).

2.3. Formação jurídica do Estado

Segundo Carré de Malberg, desde o momento em que a coletividade estatal se organiza e


possui órgãos que querem e agem por ela, o Estado existe. Não influem sobre a sua existência as
transformações posteriores de Constituição e forma de governo: o Estado nasce e permanece através de
todas as mudanças.
Outros preferem considerar como nascimento jurídico do Estado o momento em que ele é
reconhecido pelas demais potências, o que é matéria de Direito Internacional. No entanto, os doispontos de
vista são úteis e não se contradizem.

Origens do Estado (Teorias a respeito)


2.4. Teoria da origem familiar do Estado

As mais antigas teorias sobre a origem do Estado vêem nele o desenvolvimento e a


ampliação da família.
A sociedade em geral, o gênero humano, deriva necessariamente da família, é fora de toda
dúvida e por isso se diz com razão que a família é a célula da sociedade. Não se pode, porém, aplicar o
mesmo raciocínio ao Estado.
Sociedade humana e sociedade política não são termos sinônimos. Exatamente quando o
homem, pela maioridade, se emancipa da família, é que de modo consciente e efetivo passa a intervir na
sociedade política. Esta tem fins mais amplos do que a família e nos Estados modernos a autoridade política
não tem sequer analogia com a autoridade do chefe de família. O Estado, além disso, é sempre a reunião de
inúmeras famílias.
Finalmente, a teoria patriarcal é puramente conjectural, não tem confirmação alguma na
experiência, e do ponto de vista lógico, radica no equívoco a que aludimos: confunde-se a origem da
humanidade com a origem do Estado.

2.5. Teoria da Origem contratual do Estado

O Estado, a sociedade política, se originou de urna convenção entre os membros da


sociedade humana.
Rousseau entende que o contrato deve ter sido geral, unânime e baseado na igualdade dos
homens. Rousseau funda o Direito e o Estado exclusivamente na igualdade dos homem, sem admitir
nenhum princípio ou norma permanente que limitasse a vontade geral. O problema para ele é: "Encontrar
uma forma de associação que defenda e proteja com toda a força comum a pessoa e os bens de cada
associado e pela qual cada um, unindo-se a todos, não obedeça no entanto senão a si mesmo e permaneça tão
livre como antes."
A origem contratual do Estado tem ainda menos consistência que as anteriores. É uma
pura fantasia, não constitui sequer uma lenda ou mito das sociedades antigas.
e o Estado fosse uma associação voluntária dos homens, cada um teria sempre o direito de
sair dela, e isso seria a porta aberta à dissolução social e à anarquia. Se a vontade geral, criada pelo contrato,
fosse ilimitada, seria criar o despotismo do Estado, ou melhor, das maiorias, cuja opinião e decisão poderia
arbitrariamente violentar os indivíduos, mesmo aqueles direitos que Rousseau considera invioláveis, pois,
segundo o seu pitoresco raciocínio, o que discorda da maioria se engana e ilude, e só é livre quando obedece
à vontade geral.

2.6. Teoria da origem violenta do Estado

Jean Bodin, o velho jurista filósofo, admitia que o Estado ou nasce da convenção, ou da
"violência dos mais fortes". Quase todos os sociólogos, inspirados nas idéias de Darwin, vêem na
sociedade política o produto da luta pela vida, nos governantes a sobrevivência dos mais aptos, na
estrutura jurídica dos Estados a organização da concorrência. O darwinismo político seria a expressão
científica do maquiavelismo, pois insensivelmente inclui no conceito de força não só violência mas
também a astúcia.

ORIGEM DOS ESTADOS

TEORIA DA FORÇA

A teoria da força, também chamada da origem violenta do Estado, afirma que a organização
política resultou do poder de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos. Dizia Bodin que o que dá
origem ao Estado é a violência dos mais fortes.
Glumplowicz e Oppenheimer desenvolveram amplos estudos a respeito das primitivas
organizações sociais, concluindo que foram elas resultantes das lutas travadas entre os indivíduos, sendo o
poder público uma instituição que surgiu com a finalidade de regulamentar a dominação dos vencedores e a
submissão dos vencidos. Franz Oppenheimer, médico, filósofo e professor de ciência política em Frankfurt,
escreveu textualmente: "o Estado é inteiramente, quanto à sua origem, e quase inteiramente, quanto à sua
natureza durante os primeiros tempos da sua existência, uma organização social imposta por um grupo
vencedor a um grupo vencido, destinada a manter esse domínio internamente e a proteger-se contra ataques
exteriores".
Thomas Hobbes, discípulo de Francis Bacon, foi o principal sistematizador dessa doutrina no
começo dos tempo modernos. Afirma este autor que os homens, no estado de natureza, eram inimigos uns
dos outros viviam em guerra permanente - bellum omnium contra onnes. E como toda guerra termina com a
vitória dos mais fortes, o Estado surgiu como resultado dessa vitória, sendo uma organização do grupo
dominante para manter o poder de domínio sobre os vencidos.
Note-se que Hobbes distinguiu duas categorias de Estados: real e racional. O Estado que se
forma por imposição da força é o Estado real, enquanto o Estado racional provém da razão, segundo a
fórmula contratualista.
Essa teoria da força, disse Jellinek, “apóia-se aparentemente nos fatos históricos: no processo
da formação originária dos Estados quase sempre houve luta; a guerra foi, em geral, o princípio criador dos
povos”. Ademais, essa doutrina parece encontrar confirmação no fato incontestável de que todo Estado
representa, por sua natureza, uma organização de força e dominação.
Entretanto, como afirma Queiroz Lima, o conceito de força como origem da autoridade é
insuficiente para dar a justificação, a base de legitimidade e a explicação jurídica dos fenômenos que
constituem o Estado.
Ressalta à evidência que, sem força protetora e atuante, muitas sociedades não teriam podido
organizar-se em Estado. Todos os poderes, inicialmente, foram protetores. Para refrear a tirania das
inclinações individuais e conter as pretensões opostas recorreu-se, a princípio, à criação de um poder
coercitivo, religioso, patriarcal ou guerreiro. E tal poder teria sido o primeiro esboço do Estado.
Segundo um entendimento mais racional, porém, a força que dá origem ao Estado não
poderia ser a força bruta, por si só, sem outra finalidade que não fosse a de dominação, mas, sim a força que
promove a unidade, estabelece o direito e realiza a justiça. Neste sentido é magnífica a lição de Fustel de
Coulanges: “as gerações modernas, em suas idéias sobre a formação dos governos, são levadas a crer ora
que eles são resultantes exclusivamente da força e da violência, ora que são uma criação da razão. É um
duplo erro: a origem das instituições sociais não deve ser procurada tão alto nem tão baixo. A força bruta
não poderia estabelecê-las; as regras da razão são impotentes para criá-las. Entre a violência e as vãs
utopias, na região média em que fazem as instituições é que decidem sobre a maneira pela qual uma
comunidade se organiza politicamente.”

matriarcal
Teorias da origem familiar
patriarcal
Origem do Estado
Teoria patrimonial (contratual)

Teoria da força

Passaremos, a seguir, ao estudo das teorias que justificam o Estado, as quais envolvem e englobam
mesmo, necessariamente, o problema da origem.
MODO DE SURGIMENTO DOS ESTADOS

 FORMAÇAO NATURAL DO ESTADO

 FORMAÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO


- MODOS ORIGINÁRIOS: BRASIL
- MODOS SECUNDÁRIOS: URSS
- MODOS DERIVADOS: ISRAEL
 FORMAÇÃO JURÍDICA DO ESTADO

ORIGENS DO ESTADO (TEORIAS)

1a) TEORIA: TEORIA DA ORIGEM FAMILIAR DO ESTADO

2a) TEORIA: TEORIA DA ORIGEM CONTRATUAL DO ESTADO

3a) TEORIA: TEORIA DA ORIGEM VIOLENTA DO ESTADO

ORIGEM CONTRATUAL DO ESTADO


ou
ORIGEM CONVENCIONAL DO ESTADO
ou
ORIGEM PACTUAL DO ESTADO

"O Estado origina-se num acordo entre os homens, justificando-se seu poder com base no mútuo
consentimento de seus participantes."

FILÓSOFOS E SUAS TEORIAS:

1o) Thomas Hobbes - Geração do Estado

"Ante a tremenda e sangrenta anarquia do estado de natureza, os homens abdicaram em proveito de um


homem ou de uma assembléia os seus direitos ilimitados, submetendo-se à onipotência da tirania que eles
próprios criaram."

2') John Locke - Sociedade Política

"Baseado no consentimento de todos a aceitar o principio majoritário, dando nascimento à Sociedade


Política."

3') Jean Jacques Rousseau - Pacto Social

"Contrato ou Pacto Social deve ter sido - geral, unânime e baseado na igualdade dos homens, cuja função
seria defender com toda a força comum a pessoa e seus bens, mas que permaneça obedecendo senão a si
mesma, continuando tão livre como antes."

Conclusão: Teoria Contratual Ü Teoria sem consistência devido ao estado de natureza ser uma hipótese
falsa, devido a que se o Estado fosse uma associação voluntária, cada um teria direito de sair
delaÜ Dissolução social e anarquia.

AS TEORIAS DA VIOLÊNCIA
As teorias que consideram o Estado nascido da violência e da força são quase contemporâneas das
teorias contratuais.
Bodin, velho jurista filósofo, admitia que o Estado ou nasce da convenção ou da " VIOLÊNCIA DOS
MAIS FORTES."
Quase todos os sociólogos, inspirados nas idéias de Darwin, vêem na sociedade política o produto da
luta pela vida nos governantes a sobrevivência dos mais aptos, e no Darwinismo político, a expressão
científica do maquiavelismo, inclui insensivelmente no conceito de força não só violência como também a
astúcia.

OS SOCIOLÓGOS:

GUMPLOWICZ, OPPENHEIMEII, LESTER WARD e CORNEJO, estes sociólogos vêem na sociedade


política o produto da luta pela vida, e nos governantes a sobrevivência dos mais aptos e na estrutura jurídica
dos Estados a organização da concorrência.

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