Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Oiego Chiapinotto
1. Produzindo textos
1.1 Um pouco sobre o contexto de produção de textos
Antes de explorarmos algumas características e alguns aspectos
envolvidos na produção do artigo acadêmico, é importante que entenda-
mos como ocorre o processo de produção de textos em geral.
Nesse sentido, propomos alguns questionamentos iniciais sobre os
quais solicitamos que você reflita.
<t:: que esse conceito tão importante fosse passar em branco. E deixar você,
estudante aplicado, na mão?! Nem pensar.
Leia o seguinte fragmento:
O Brasil segue a tendência mundial de profissionalização do professar.
,As reformas educacionais, os textos legais, as políticas e diretrizes governa-
mentais dão ênfase à questão dos saberes e das competências na formação
dos futuros projissionaís professores. O Sítio do Picapau Amarelo é um alia-
do de todos os educadores. Diálogos em textos são bastante comuns em nar-
rativas e, em geral, precisam de um trecho introdutório para situá-los.
conta que até agora falamos sobre texto, contudo não definimos ainda o ~
o.
que seja texto?! Também chega o momento de retomarmos sua reflexão -c
sobre o alcance do conceito de texto.
Muito bem! Para você, a partir do que foi trabalhado até aqui, o
que é texto?
A percepção desse fato é até comum, só que não parece tão eviden-
te, tão consciente. Nas unidades anteriores, tratamos das finalidades e
níveis de leitura. E se agora você fosse questionado(a) sobre a existência
de níveis de compreensão? Existe uma única compreensão para um de-
terminado texto ou cada pessoa tem uma compreensão, e por isso qual-
quer compreensão é válida? Como podemos tornar mais clara a percep-
ção desse fato, que também é meio intuitiva?
Se consideramos que existem níveis de leitura, parece lógico consi-
o
.2
derarmos também que existem níveis de compreensão textual. Marcuschi E
<O)
(1996) nos mostra que há distintas maneiras de apreensão do texto, dando
a essas maneiras de apreensão a classificação de os cinco horizontes da
~
compreensão.
O
Mas antes, relembremos da importantíssima noção de texto como C>
processo "em permanente elaboração e reelaboração ao longo de sua his-
tn:s
tória e ao longo das diversas recepções pelos diversos leitores", frente a O
O)
uma corriqueira e limitada noção de texto que o vê como "depósito de
n:s
informações", como produto acabado "e que funciona como uma cesta .~
::J
natalina, onde a gente bota a mão e tira coisas" (MARCUSCHI, 1996, p.
72, grifo do autor). Levando em conta essas observações, podemos enten-
der melhor horizontes da compreensão.
Então, vamos a eles?
Os cinco horizontes da compreensão
Classificação Idéia principal Explicitação
r
1. Falta de horizonte repetição ou cópia Limita-se a uma atividade de repetição ou de cópia
daquilo que está dito no texto, ocupando o leitor a
simples função de receptor passivo de informações
objetivas e estritamente textuais. Não seria essa a
postura do leitor-objeto?
2. Horizonte mínimo paráfrase11 O pesquisador define esta perspectiva como leitura
parafrástica, sendo ainda uma atividade de identifica
ção de informações objetivas O leitor opera uma se
leção do que dizer, colaborando discretamente para a
criação de sentido(s).
3. Horizonte máximo inferência Nesta perspectiva, a atividade inferencial do leitor
passa a operar, também, com o não-dito, ou seja,
somos capazes de ler o que não está escrito. Isso
porque acontece a reunião de informações do próprio
texto com outras já sabidas pelo leitor, e assim a
compreensão passa a transitar nesse cruzamento do
conhecido com o que está por ser descoberto. Não
seria essa a postura do leitor-sujeito?
4. Horizonte problemático extrapolação Ocorre quando a atividade inferencial extrapola por
conta da inserção de elementos excessivamente pes-
soais. A compreensão não chega a ser inadequada,
mas ultrapassa de forma expressiva as informações
do próprio texto, comprometendo-a em certa medida.
S. Horizonte indevido falseamento Esta perspectiva é definida como leitura errada, pois
o
o ocorre uma contestação do texto, ao invés de uma
"e
<Q)
compreensão. Seria, por exemplo, o entendimento do
contrário daquilo que está afirmado.
as não estão escritos podem ser válidos nesse momento, por exemplo, a apre-
,~
sentação pessoal do candidato, as cores usadas no papel etc.
::J
O" A junção de um objetivo específico (ou mais de um - você verá adi-
(f)
(I)
o, ante) a um formato de texto com linguagem, público e outros elementos
<3:: pode ser chamada de gênero textual.
O santinho é um gênero textual.
E aí? Quais outros textos podem ter esses mesmos objetivos? Eles
fazem parte do mesmo gênero textual?
Se sua resposta à segunda pergunta acima foi negativa, você entende que
os gêneros são diferentes porque têm elementos de textualidade diferentes.
É exatamente isso que diferencia um gênero de outro. E os objeti-
vos que esses textos têm estão ligados a tipologias textuais. Elas são em
número restrito, cerca de seis, porém são capazes de gerar milhares de
gêneros textuais. É fácil imaginar essa diversidade. Quer ver?
Imagine por quantas situações diferentes passamos na vida.
Incontáveis, não? E em quantas delas precisamos produzir textos? (va-
mos lá, não se restrinja a textos escritos - afinal nós sabemos que um texto
pode ser oral, visual, gestual...) Quase sempre, hein! É, estamos produzin-
do textos a todo momento. Garantimos que depois de ler esse texto, você
produzirá outros textos e outros e outros.
Será que é exagero chamarmos o ser humano de um ser produtor de
texto? Talvez você possa dar essa resposta por sua própria experiência pessoal.
O quadro abaixo vai ajudar você a ter uma visão mais geral desse
fenômeno.
I OBJEllVO 00 TEXTO
I TEMNASSUNTO
I DELIMITAÇÃO (PROBLEMNOUESTÃO)
I TESE/POSIÇÃO
o ARG.1 :
o
E
<(1)
"O EVIDÊNCIAS (exemplificações, dados estatísticos, relatos):
ctS
o
ctS
o ARG.2:
O>
"-e
ctS
o
(1) EVIDÊNCIAS
ctS
Cf)
::::J
O"
Cf)
(ARG. n. [quantidade indeterminada])
(1)
a.
-c
Na universidade, produzem-se diversos textos, tanto orais quanto es-
critos. O que percebemos é que a maioria deles está ligada à tipologia
dissertativo-argumentativa. Ou seja, argumentar é uma atividade muito culti-
vada no meio acadêmico. A redação científica, portanto, é um processo de
escrita que se encaixa nesse contexto. Suas características são a clareza, a
objetividade, o prévio planejamento, a decorrência de um processo de inves-
tigação ou pesquisa, bem como a socialização desse processo, por meio de
uma discussão dos resultados, tanto de uma pesquisa bibliográfica, quanto
empírica.
o
o
E
<O)
"C
eu
U
eu
A estrutura dos textos de tipologia dissertativo-argumentativa origi- O
O>
na todas as outras estruturas dos gêneros textuais ligados a essa tipologia,
teu
como o artigo acadêmico, o artigo de opinião, a redação de vestibular, o
O
trabalho de conclusão de curso (TCC); a dissertação de mestrado, a tese
O)
de doutorado etc. eu
CJ)
::l
1.4.1 A planificação do texto como estratégia de produção O-
CJ)
Discutimos até agora que cada texto produzido se insere numa situ- O)
O-
ação que define seu objetivo, seu efeito e a sua própria forma de
«
estruturação. Discutimos também que, de acordo com essas característi-
cas, instaura-se um processo de imbricamento de manifestações textuais
e discursivas. Nesse sentido, podemos afirmar que não existem textos "pu-
ros", constituídos de uma única tipologia. O que existe, na verdade, são
textos mistos, em que se percebe a predominância de determinadas marcas
de uma determinada tipologia. E cada tipologia tem características estrutu-
rais que a definem como tal. Reconhecer essas características permite que
se depreenda, na leitura, o tipo de texto que temos à nossa frente e sua
forma de estruturação. Da mesma forma, permite que se projete, na ativi-
dade de produção, textos de uma forma mais eficiente. Projetar o texto sig-
nifica estabelecer um processo que podemos denominar de planificação,
Planificar significa traçar as diretrizes de organização do texto. Ca-
racteriza-se por ser um processo de ordenação de idéias/fatos/caracterís-
ticas construídos a partir da situação de produção e material disponível e
investigado. Pressupõe o reconhecimento dos elementos da situação de
produção e de recepção do texto, bem como das características estrutu-
rais do gênero e tipologia do texto a ser produzido. A planificação permite
a elaboração do texto e sua revisão de forma ordenada e crescente. Isso
permite ao leitor perceber as relações pretendidas e o objetivo delineado.
A formalização do processo de planificação se dá por meio da cons-
trução de planos de textos, que podem ser considerados os esqueletos do
texto, ou seja, a sua sustentação estrutural.
Por exemplo, se somos professores e queremos relatar em uma reu-
nião na escola sobre uma experiência desenvolvida em sala de aula com
nossos alunos, precisamos organizar nosso texto para apresentação. Não
podemos contar tudo o que ocorreu e foi feito. Precisamos fazer uma sele-
o
o ção do que é mais relevante para a situação. Além disso, temos de relatar
E os fatos de forma ordenada, respeitando a seqüência lógico-temporal.
<O)
Um possibilidade de plano de texto para essa situação seria a seguinte:
~
o
ctS
o ., Contextualização da experiência: série, turma, disciplina, con-
O> teúdo etc.
'€
ctS ., Síntese da experiência: objetivos, abrangência, período, partici-
o pantes, duração etc.
O)
., Etapas desenvolvidas e relação entre elas
ctS
,~ v Implicações/Resultados da experiência
::J
o-
C/)
O) Se, por exemplo, queremos caracterizar o processo de funcionamento
a.
de uma máquina, temos de pensar que a descrição deve ser clara e objeti-
« va o suficiente para alguém poder montá-Ia, desmontá-Ia e consertá-Ia.
Nesse sentido, uma forma de planificar seria:
., Caracterização geral da máquina - sistema
., Detalhamento das partes: estrutura e funcionamento
., Relação entre as partes e funcionamento geral
o
o
E
<O)
"C
ca
U
ca
O
O)
:e
TEXTO 2 (Descrição do funcionamento de máquina)
ca
O
O)
ca
.~
::l
C"
cn
O)
o..
-c
TEXTO 3 (Apresentação de posição)
Situação 1 - Você deve elaborar um texto para sua mãe, com instru-
ções sobre como proceder para programar uma gravação em videocassete.
JÁ.d , I,
v tÓ» ••.
""'-
o
o
E
<O)
-g
U
rn
o
O>
"-e Situação 3 - Um estudante universitário deve elaborar um texto em
rn que se estabeleçam relações entre os direitos e deveres do cidadão e a ética.
o
O)
rn
(f)
:::J
rr
(f)
O)
O-
oe:(
2. O artigo acadêmico
2.1 o gênero artigo acadêmico
Antes de iniciarmos uma descrição detalhada do gênero artigo acadê-
mico, propomos a você refletir sobre alguns questionamentos e registrar
suas reflexões. Convidamos você a retomar os elementos de textualidade e
aplícá-los ao gênero artigo acadêmico. Uma dica para responder às pergun-
tas a seguir é recordar do processo de pesquisa e suas etapas.
,~
E
(Q)
Não se preocupe com as respostas, você as encontrará no decorrer
da leitura deste capítulo. Bem, para iniciarmos então! O artigo acadêmico ~
é um gênero textual relacionado a situações formais e acadêmicas. Ele é O
um gênero escrito de acordo com a norma-padrão da língua. Há uma enor-
c:n
~
me predominância da tipologia dissertativo-argumentativa, o que não quer eu
O
dizer que nele não haja passagens de tipologia narrativa ou de tipologia Q)
descritiva. A origem da estrutura do artigo é a estrutura padrão dos textos eu
cn
de tipologia dissertativo-argumentativa, entretanto, como já comentamos
's
O"
antes, há detalhes importantes e exclusivos desse gênero. Seu uso mais
cn
Q)
comum está vinculado à etapa de formalização de uma pesquisa acadêmi- Q.
ca. Sua vinculação, dessa forma, é direta com o desenvolvimento da pes- <C
quisa e, especialmente, com o projeto de pesquisa.
2.2 A estrutura do artigo acadêmico
Assim como outros textos formais escritos acadêmicos, a estrutura
do artigo acadêmico é rígida. Sua produção exige um plano de texto bem
cuidado que se envolva diretamente com o projeto de pesquisa. Nossa
insistência é no plano de texto do artigo acadêmico. Acreditamos que boa
parte de um trabalho bem feito de formalização de uma pesquisa se deve
a um plano de texto bem construído. Uma sugestão de plano de texto para
esse gênero textual é a que apresentamos a seguir.
A estrutura do artigo acadêmico é a seguinte:
.; Título do artigo
.; Nome do autor
.; Qualificação do(s) autortes), curso/instituição, componente
curricular
.; Resumo
.; Palavras-chave
.; Introdução (indicação através da palavra "Introdução" ou com
início direto do texto)
.; Desenvolvimento (não utilizar a palavra "Desenvolvimento" -
indicar as partes através de subtítulos)
v Conclusão ou Considerações Finais
.; Referências
o
.2 GERAL
E
<(I)
'O
eu
INTRODUÇÃO
••
PARTICULAR
~
O
:eO>
eu CORPO
O DA EXPOSiÇÃO
Q)
eu
.~
::l PARTICULAR
O-
C/)
Q)
a.
«
CONSIDERAÇÕES
FINAIS ••
GERAL
A seguir trataremos de alguns elementos que exigem maior cuidado
da nossa parte (por favor, não entenda que os outros elementos constitutivos
do artigo acadêmico não mereçam igual atenção).
TÍTULO
É interessante que o título seja dado depois de finalizado o artigo. Ele
deve conter a essência da questão tratada. Para escrevê-lo com proprieda-
de, retome seu objetivo de pesquisa. Nem muito extenso, nem muito curto,
na medida certa para que possamos entender com clareza do que trata o
artigo. Insira uma nota de rodapé em que devem constar dados como: módulo/
semestre, curso, universidade e data da conclusão do artigo.
NOME DO AUTOR
O nome do autor deve ser inserido logo abaixo do título do artigo, à
direita, em itálico. Você deve também inserir uma nota de rodapé (pode
ser um asterisco) e escrever nessa nota informações importantes sobre
você, do tipo, estudante de determinado curso de determinada universi-
dade e profissional de determinada área.
RESUMO E PALAVRAS-CHAVE
Logo após o título e o nome do autor do artigo, situam-se o resumo e
as palavras-chave do artigo.
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar uma vinculação
entre uma concepção de violência simbólica e a relação
professor-aluno, a partir de uma abordagem crítica dos
conceitos de violência simbólica, ética e linguagem no
contexto da educação. Por ora, são ressaltados esses fun-
damentos conceituais, os quais, futuramente, poderão
servir de suporte teórico para um estudo de caso, ou
mesmo fornecer critérios para análise de dados levanta-
dos em pesquisa empírica.
Palavras-chave: violência simbólica, ética, linguagem,
educação.
Resumo
O presente trabalho pretende avaliar a prevalência de
enteroparasitoses em estudantes do pré à 4 série da
8
INTRODUÇÃO
Para produzir a introdução, você deve retomar o seu projeto de pes-
quisa. Nela são apresentados os principais elementos do projeto. É claro
que agora esses elementos devem formar um texto coeso e que tenha a
cara de introdução ao desenvolvimento de uma formalização de pesquisa.
Já que o artigo não tem sumário, é necessário terminar a introdu-
ção com um parágrafo organizado r, isto é, um parágrafo em que se diga
as partes do artigo, para que o leitor saiba o que vai encontrar ao longo
do texto.
Mais adiante, você vai se deparar com uma tabela sobre o que não
pode esquecer de escrever na introdução e nas outras partes do artigo.
Preste atenção a ela, hein!
DESENVOLVIME TO
Como a própria palavra diz, nesta parte você deve desenvolver. O
quê? Você deve estar pensando. Primeiro, o seu referencial teórico, aque-
le que você leu analiticamente, vai ser exposto e constituir uma base para
o desenvolvimento da(s) hipótese(s) de sua pesquisa.
Há uma questão importante que você precisa saber: como fazer ci- o
C,)
tações. Vamos lá?! E
<O)
Supomos, agora, que você leia o seguinte parágrafo, que está lá no
"O
meio de um livro já selecionado para a sua pesquisa: eu
CJ
<tS
O
o aparecimento e a consolidação da sociedade do livro O)
presenciou um fenômeno único: do século XVI ao XIX, :e
<tS
as classes dominantes temeram a leitura, na hipótese O
de que essa afetava de tal modo os indivíduos, que eles O)
<tS
desejavam ser outra pessoa, a que constava do livro e só CJ)
existia por força das palavras impressas. O Alfonso :::J
O-
Quejana, que, por muito ler, metamorfoseou-se no Ca- CJ)
O)
valeiro da Triste Figura, constitui o exemplo exacerba- a.
do do processo. «
Ao final da leitura, você percebe que é interessante aproveitar no
seu artigo as idéias contidas nesse parágrafo, mas não quer copiá-Ias tal
qual aparecem no texto-fonte. Isso é possível? Claro que é. Mas como?
Dizendo de outra maneira o que seja essencial, com fidelidade e sem acrés-
cimos e/ou omissões, você vai parafrasear pontualmente um parágrafo ou
um trecho de um parágrafo de um livro. Por exemplo:
o
o Segundo, Conforme, Para, Na visão de, Com base em, De
E
<Q) acordo com Fulano,...
"C
eu
o Ou por meio de verbos, logo após a menção do sobrenome do autor, que
eu
o indiquem o que ele faz com determinada informação. Por exemplo:
O>
teu
Fulano diz, afirma, explica, coloca, argumenta, relata,
o aborda, trata, questiona, identifica, detalha, destaca,
Q)
eu
CJ)
classifica, cita, relaciona, contrasta, refuta, esclarece,
:::J desenvolve ...
O"
CJ)
Q)
a.
-c 1 Paraaprofundamento sobre as normas de citação, sugere-se a consulta à obra: MOTTA.Valter T.;HESSELN. Ligia Gonçalves; GIALDI. Silvestre.
Normas técnicas para apresentação de trabalhos científicos. 3. ed. rev .• atual. e arnp, Caldas do Sul: Educs, 2004.
No caso do exemplo acima, temos uma citação do tipo indireta ou não-
literal, que é, justamente, a tão mencionada paráfrase. Para que a citação indi-
reta fique completa, deve-se mencionar, logo após o sobrenome do autor, o ano
da publicação que contém as informações originais. Assim, teríamos:
2 Sobre elaboração do parágrafo, sugere-se a consulta à obra: GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a
escrever, aprendendo a pensar. 21. ed. Rio de Janeiro: FGV,2002. p. 219-245.
que envolvem a leitura e o leitor, desde a origem d~s pala-
vras, quando Adão ainda habitava o Paraíso, até o fmal do
século XX e início do século XXI, com a expansão das
tecnologias de comunicação virtual.
o
.2 Para finalizar, cabe uma sintetização esquemática daquilo que já foi
E apontado. Com a tabela abaixo, podemos visualizar as possibilidades de
<O)
"C elaboração de citação:
(Ij
o
(Ij
o Citação
O>
1::
(Ij
Tipos Caracterizações
" ........... ,, o
o
E
<O)
"O
<tS
U
<tS
O
:.eO>
<tS
O
O)
<tS
(f)
::s
O-
(f)
O)
C-
-c
Trata-se de uma questão de predominância de alguma das vozes do
texto, Isso mesmo. Nossos textos são resultado ou resposta à apreensão de
outros textos. Há que se pensar num cruzamento de vozes que nos seja
fav?rável. Esse cruzamento ocorre entre as citações, onde estão as vozes
explícitas dos autores que lemos, e a nossa própria voz, ainda que não seja
tão nossa, ainda que, muitas vezes, seja a voz implícita de outros autores,
de outras leituras. Esse fenômeno é importante, além de natural, quando
há bagagem de leituras, e a ele se soma a nossa experiência (essa nos
pertence, sem dúvida) com o mundo, o resultado, não da apreensão de
outros textos, mas das vivências que acumulamos.
Um artigo acadêmico em que predominam citações diretas até pode
demonstrar a preocupação com fundamentação teórica, no entanto, isso pode
significar uma estratégia de fuga para quem não quer propor, com autentici-
dade, um possível avanço ou dar um novo enfoque a um tema ou problema a
partir de alguma leitura que tenha feito durante a pesquisa. Afinal, copiar e
colar aquilo que está nos livros ou na intemet, e dizer que essa brincadeira de
colagem vai terminar num artigo acadêmico, significa assumir uma postura
pouco inteligente e nada criativa para um estudante universitário.
E se a predominância for das citações indiretas, o que acontece?
esse caso, o artigo acadêmico, apesar de também demonstrar preocupa-
ção com fundamentação teórica, além de trazer a reelaboração do modo
de dizer as idéias dos autores lidos, ainda ocupa a função de mero porta-
voz daquilo que outros já afirmaram.
Fazendo um paralelo com a autoria na compreensão textual (os ho-
rizontes da compreensão), a predominância de citações diretas seria um
o
o indício de falta de autoria, e a predominância de citações indiretas seria
E um indício de autoria mínima na produção textual. Continuando com esse
<O)
"'C paralelo, é inevitável a pergunta:
ro
o Qual seria, então, a autoria máxima na produção textual?
ro
o Essa é uma questão complexa, e por isso motiva estudos na área da
O> lingüística. Por ora, podemos considerar que a nossa produção de conheci-
'-e
ro mento será proporcional às relações que estabelecermos entre as nossas lei-
o turas - aqui entra o nível sintópico -, e a nossa experiência com o mundo. E é
O)
na expressão dessas relações que tomamos pública a nossa capacidade de
ro
cn autoria acerca daquilo que estudamos, desde o desenvolvimento do projeto,
:J
O" passando pela sua execução, até este momento de formalização de todo o
cn
O) percurso, quando escrevemos o artigo acadêmico. Daí que a voz expressiva
Q.
do texto deva ser a de quem construiu tais relações entre leituras e experiên-
-c
cia com o mundo, a partir de um projeto, e não a de quem selecionamos para
dar suporte (teórico) a esse projeto. Afinal, você, com certeza, não quer ape-
nas repassar informações extraídas das leituras por meio de citações, mas sim
expressar sua capacidade de estabelecer relações entre o que já sabia e o que
passou a saber com a realização da pesquisa.
LIVRO
1O
C>
SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título: subtítulo. Edição. :e
ctS
Local de publicação: Editora, ano.
O
Ex.: (I)
CARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna: apren- ctS
.S!2
da a escrever, aprendendo a pensar. 21. ed. Rio de Janeiro: FCV, 2002. ~
C"
CJ)
(I)
Q.
3 Sobre as normas de referência, também aconselhamos uma consulta à obra: MOITA, Valter I:HESSELN, Ligia Gonçalves; GIALDI,
Silvestre. Normas técnicas para apresentação de trabalhos cientlficos. 3. ed. rev., atual. e amp. Caxias do Sul:
Educs, 2004.
«
TEXTO DE REVISTA
SOBRENOME DO AUTOR do texto, Prenome. Título do texto.
Título da revista, Local de publicação, dia mês. ano. página(s).
Ex.:
ZAKABI, Bosana. Profissões duplas. Veja, São Paulo, 6 out. 2004. p. 66-67.
2.3 Retomando
Para retomarmos a estrutura do artigo acadêmico, nada melhor do
que uma tabela do tipo "o que você não pode esquecer":
o
(J Estrutura do artigo o que você não pode esquecer
E Anunciar o tema, defini-Io, delimitá-Io e contextualizá-Io;
<O)
"O Justificar a importância de tratar o tema;
ctS
(J INTRODUÇÃO Levantar o problema de pesquisa;
ctS
o
O)
Definir o(s) objetivo(s) e a(s) hipótese(s);
Apresentar o referencial teórico na área.
t
ctS Verificar a viabilidade teórica da(s) hipótese(s);
o DESENVOLVIMENTO
Desenvolver a metodologia aplicada à pesquisa.
O)
ctS Retomar sinteticamente o problema de pesquisa, o(s) objetivo(s) e
C/)
CONCLUSÃO a(s) hipótese(s);
:::J
O" Ampliar a reflexão.
C/)
O)
Q.
(ESPAÇO DE 1 ENTER)
(Desenvolvimento - Não usar esse subtítulo)
(Recuo de 1a linha de 1,5cm) Verificação teórica da(s) hipótese(s). Exposição da metodologia de pesquisa. Dispor
em tópicos (em negrito):
1. Tópico
1. 1 Subtópico
o 2. Tópico
o
etc.
E
<O)
"'C (ESPAÇO DE 1 ENTER)
ct3
o Considerações finais (em negrito)
ct3
(Recuo de 1a linha de 1,5cm) Retomada sintética do problema de pesquisa, do(s) objetivo(s) e da(s) hipótese(s).
o
O>
1::ct3 (Recuo de 1a linha de 1,5cm) Ampliação da reflexão.
o (ESPAÇO DE 1 ENTER)
O)
ct3 Referências (em negrito) (Espaçamento simples entre linhas)
.~ SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Tftulo do livro: subtítulo. Edição. Local de publicação: Editora, ano.
:::J
O'" Ex.:
C/)
O)
Q.
« 1
2
Artigo produzido durante determinado módulo de determinado curso da Universidade de Caldas do Sul e concluído em determinado mês
de determinado ano.
Estudante de determinado curso da Universidade de Caxias do Sul e profissional de determinada área.
GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 21. ed
Rio de Janeiro: FGV, 2002.
(ESPAÇO DE.1 ENTER)
SOBRENOME DO AUTOR do texto, Prenome. Título do texto. Título da revista, Local de publicação, dia mês.
ano. página(s).
Ex.
ZAKABI, Rosana. Profissões duplas. Veja, São Paulo, 6 ou 2004. p. 66-67.
(ESPAÇO DE 1 ENTER)
SOBRENOME DO AUTOR do texto, Prenome. Título do texto. Título do site ou página. Local de publicação,
mês. ano. Disponível em: <http://endereço do siíe>. Acesso em: dia mês. Ano.
Ex.
BUCCI, Eugênio. As tristes cópias do medíocre. De olho na televisão. São Paulo, jan./fev. 2002. Disponível
em: <http://novaescola.abril.com.br/ed/149Jev02!html/de_olho.htm> . Acesso em: 14 set 2005.
Referências
ADLER, Mortimer Jerome; DOREN, Charles Van. Como ler um livro. Rio de Janeiro:
Guanabara, 1990.
ANDRADE, Maria Margarida de; HENRIQUES, Antonio. Língua portuguesa: noções bási-
cas para cursos superiores. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
I
ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação. Petrópolis: Vozes, 2004.
BACHELARD, Gaston. O novo espírito científico. Lisboa: Ed. 70, 1996.
BALTAR, Marcos. A competência discursiva através dos gêneros textuais: uma experiên-
cia com o jornal em sala de aula. Porto Alegre, 2003. 149f. Tese (Doutorado em Letras) -
Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
___ o Competência discursiva e gêneros textuais: uma experiência com o jornal de sala
de aula. Caxias do Sul: Educs, 2004.
BARBOSA, Severino Antônio M. AMARAL, Emília. Escrever é desvendar o mundo: a'
linguagem criadora e o pensamento lógico. Campinas: Papirus, 1987.
___ o Redação: escrever é desvendar o mundo. 16. ed. Campinas: Papirus, 2003.
BATTISTI, Elisa, FELTES, Heloísa Pedroso de Moraes. Resumo e resenha: uma proposta
didática de distinção. Chronos, Caxias do Sul, V. 28, n. 1. p. 70-83, jan./jun. 1995.
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. Campinas: Autores Associados, 2003.
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
FELTES, Heloísa Pedroso de Moraes. Processos de redução de informação de base textual.
Chronos, Caxias do Sul, V. 28, n. 1. p. 55-69, jan./jun. 1995.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 2001.
___ o Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método 11: complementos e índice. Petrópolis: Vo-
zes; Bragança Paulista: Edusf, 2002.
___ Verdade e Método I: traços fundamentais
o de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis:
Vozes; Bragança Paulista: Edusf, 2004.
GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem
escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprenden-
do a pensar. 24. ed. Rio de Janeiro: FGY, 2004.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.
GUIDI, Gisela da Rocha e Silva et aI. Em busca da autonomia do sujeito-leitor: a leitura
de universitários. 2. ed. Santos: Unisantos, 1998.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portu-
guesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
KANT, Immanuel. A paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa: Ed. 70, 1995.
KATO, Mary Aizawa. O aprendizado da leitura. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 8. ed. Campinas: Pontes, 2002.
KOCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia cientítica; teoria da ciência e inicia-
ção à pesquisa. 20 ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2003.
LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1985.
LA VILLE, Christian. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em
ciências humanas. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: UFMG, 1999.
LEVI AS, Emmanuel. De otro modo que ser, o mas aliá de Ia essência. Salamanca:
Sígueme, 1987.
___ o Entre nós. Petrópolis: Vozes, 1997.
___ o Totalidade e infinito. Lisboa: Ed. 70, 2000.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
Rio de Janeiro: Ed. 34,1993.
___ o A inteligência coletiva. São Paulo: Loyola, 1998.
LUCKESI, Cipriano Carlos et ai. Fazer universidade: uma proposta metodológica. 8. ed. São
Paulo: Cortez, 1996.
MACHADO, Anna RacheI et ai Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
___ o Resumo. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
MACHADO, Anna RacheI. O diário de leituras: que discurso é esse? Intercâmbio, São Paulo,
V. 6, n. 1, p. 60-71, 1997.
I
apresentação de trabalhos científicos. 3. ed. rev., atual. e amp. Caxias do Sul: Educs, 2004.
PAVIANI, Jayme. Interdisciplinaridade: disfunções conceituais e enganos acadêmicos. Caxias
do Sul: EDUCS, 1993.
O
PERROTTA, Claudia. Um texto pra chamar de seu: preliminares sobre a produção do texto
acadêmico. São Paulo: Martins Fontes, 2004. ~
as
POPPER, Karl Raimund. A lógica da pesquisa científica. 7.ed. São Paulo: Cultrix, 1998. O
PRETI, Oreste. A aventura de ser estudante: um guia metodológico. 2 - Leitura produtiva. Q)
4. ed. Cuiabá: UFMT/NEAD, 2002. as
.!!2
___ o (Org.). A aventura de ser estudante: um guia metodológico. Cuiabá: EDUFMT, :l
2003.4 V. C"
cn
RANCrERE, Jacques. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo 8.
Horizonte: Autêntica, 2004.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 1996.
-c
SILVA, EzequieI Theodoro da. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedago-
gia da leitura. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
SOUZA, Ricardo Timm de. Razões Plurais: itinerário da racionalidade ética no século XX:
Adorno, Bergson, Derrida, Levinas, Rosenzweig. Porto Alegre: Edipucrs, 2004.
VAL, Maria aa Graça Costa. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
ZILBERMA ,Regina. Fim do livro, fim dos leitores? São Paulo: SENAC, 2001.
(....-----_--:>'
DOAÇÃO
------
DATA 1.'3, 09 , tO ,