A Hanseníase ocorre em todo o mundo, contudo, a prevalência dessa
doença é altamente variável, maior em países tropicais como o Brasil. Acredita-se que o modo mais comum de transmissão, inter-humana, seja por secreções naso- respiratórias infectadas. As secreções respiratórias, principalmente nasais, carregam um grande número de bactérias. A transmissão pode ser por tosse, espirro ou perdigotos da fala (Deps, 2001) Vale destacar que a hanseníase não é transmitida com tanta facilidade como infecções respiratórias comuns tipo gripes e resfriados. É necessário contato íntimo e prolongado que só ocorre em pessoas que moram na mesma casa. Isso faz com que o ceio familiar seja o lócus com maior incidência de transmissão (Van et al,1999). Ela é transmitida principalmente pelo convívio de pessoas doentes que não foram diagnosticadas e não iniciaram o tratamento. No entanto, para isso, é preciso o contato direto com a pessoa infectada, a qual é capaz de contaminar um grande número de pessoas, porém, poucos indivíduos desenvolvem a doença (Brasil, 2017). O contato esporádico com pessoas contaminadas apresenta risco insignificante de contágio. Diante disso, o contato intradomiciliar, das pessoas doentes apresentam um risco dez vezes maior de adquirir a hanseníase quando comparado com a população geral (Brasil, 2017). Um dos pontos principais das indagações (indo contra a exclusividade do contágio inter-humano) é a evidência de que em 30-60 % dos novos casos de hanseníase, em estudos realizados no Havaí, Filipinas, Indonésia e alguns países da África, o contato com pessoas doentes não pode ser estabelecido (Arnold & Fasal,1973). Também Taylor et al. (1965), tem reportado novos casos de hanseníase sem que haja contato com doentes conhecidos. Enna et al. (19780) relatam que apenas 25.8% dos novos casos de hanseníase detectados nos EUA tinham qualquer contato conhecido com hanseniano. Uma análise estatística realizada por Joseph et al. (1985) de 1309 pacientes hansenianos nascidos e residentes nos Estados Unidos da América revelou que apenas 30% dos casos tinham história de contato conhecido com doente de hanseníase. Além disso, acredita-se também, que possa haver transmissão indireta a partir do solo, da água ou da inoculação direta na pele através de ferimentos podem ser apontadas como fatores relevantes na transmissão do M. leprae Van, Klatser et al (1996). Entretanto o contato com alguns animais que também carregam a micobactéria como, por exemplo, tatus e macacos são apontados como potenciais transmissores da doença. 0 papel dos reservatórios naturais e a transmissão zoonótica de outras espécies para o homem ainda permanece não completamente entendido. Contudo, para Visschedijk J, Van de Broek et al (2020). Os pacientes do tipo multibacilares são considerados a principal fonte de infecção, não obstante o papel dos paucibacilares na cadeia de transmissão. Admite-se, ainda, a existência de pessoas vivendo com a micobactéria, sadios, isso tem sido evidenciado pelos estudos de DNA utilizando a técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR), entretanto, o papel desses na transmissão e o seu risco de adoecimento não está definido. Em grande medida, a proliferação da doença se deve ao fato de não se manifestar imediatamente. O tempo de incubação da contaminação até o surgimento dos sintomas, é em média de 2 a 5 anos. Portanto, uma doença de evolução extremamente lenta. Outro fato importante de ser destacado é que mais de 90% da população é naturalmente resistente ao bacilo da lepra. Mesmo sendo contaminado, a imensa maioria das pessoas irá se curar sozinha sem necessidade de atendimento médico (Brasil, 2013). O mecanismo exato de transmissão da hanseníase é desconhecido. Atualmente é aceito ocorrer através do contato entre indivíduos com hanseníase e pessoas saudáveis, principalmente por microorganismos eliminados pelas mucosas nasal e oral. Khanolkar (1955) sugeriu que o M.lepraeentraria no corpo humano através de finas terminações nervosas na porção superficial da pele, porém Job (1981) observa que se a pele estiver integra o bacilo tem poucas chances de penetrá-la, pois, o bacilo é inerte, não tem motilidade, não é tóxico, e portanto precisa da pele estar lesada para sua penetração.