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5ª edição
dos Direitos
e Cidadania
da Mulher
Especial
México
abya yala
PENSAMENTO FEMINISTA
NA AMÉRICA LATINA: Fideles
mapeamento interativo com outras perspectivas
a d v o g a d a s
Franzoso
2
BIBLIOTECA
Boletim Observatóri@ Organizamos
FF Advogadas uma biblioteca
5ª Edição – Especial México de referências
para com-
partilhar com
noss@s leitores!
Acesse aqui!
Apresentação
Essa edição do Boletim do Observatóri@ dos
Direitos e Cidadania da Mulher F&F Advogadas
apresenta os destaques da nossa expedição ao
México, em maio de 2016. A visita foi muito pro- baixe
dutiva para conhecermos outras perspectivas aqui
de feminismo, ampliando nossas referências,
Feminismo desde o
conhecendo outras experiências para fortale-
cer a luta das mulheres em toda sua diversi-
Abya Ayala:
Ideas e proposições
dade. Entre todas as coisas que aprendemos de 607 povos da
e experienciamos selecionamos para comparti- nossa América
lhar com @s leitor@s perspectivas dos feminis-
mos latino americanos, em especial o Feminis- Colabore!
mo Abya Yala, o Feminismo Comunitário e o Você conhece algum projeto, autora
Lesbofeminismo. Também compartilharemos ou conteúdo relacionado ao tema
as atividades de campo que realizamos du- que não encontrou no mapa? Mande
rante a visita. Para organizar esses conteúdos sua sugestão para nós! É possível
produzimos o mapa digital “Feminismos do Ter- agregar mais informações no mapa
ritório Abya Yala” que apresenta as atividades e deixá-lo mais completo!
de campo, atividades culturais e referencias de acesse o mapa completo aqui:
autoras e ativistas que atuam pensando e com-
batendo a colonização patriarcal do corpo das
mulheres e do território. A maioria das referên-
cias está em espanhol, porém a equipe do Ob-
servatóri@ se prontifica a auxiliar @s leitor@s
nas traduções!
3
destaques
acesse
Para ver o videoclipe do Festival: www.laquearde.org/2016/05/25/la-manada-feminista-me-
respalda-ii-festival-internacional-de-artes-feministas-en-cdmx/
Convocatória do Festival: impetumexico.org/festival-internacional-de-artes-feministas/
Para conhecer os cursos oferecidos pela Ímpetu: cursosimpetu.org/
2
5
}
de seus direitos, fomentar entre as ção das mulheres indígenas e campesinas do Chiapas
organizações sociais e as institui- têm como base a desigualdade, a discriminação e a
ções governamentais o conheci- subordinação que as impedem de tomar decisões.
mento e o respeito aos direitos das A pouca participação e o reconhecimento da
mulheres, defender amplamente cidadania das mulheres está relacionado a:
casos de violência e construir uma
plataforma permanente de pes- 1. A exclusão das mulheres ao
quisa e análise das violações dos direitos a propriedade da terra e a
direitos das mulheres. Em 2004 o copropriedade de outros recursos
Centro consolidou um plano estra- familiares;
tégico que articulou quatro linhas 2. O aumento da imigração
de atuação: formação, pesquisa, masculina;
defensoria e incidência, sendo que 3. A pobreza extrema;
todas as linhas têm o enfoque de 4. As dificuldades de
gênero como eixo transversal. O alimentação básica;
marco referencial utilizado pelo 5. A dependência dos
centro parte do princípio que a programas assistencialistas
identidade das mulheres, princi- governamentais,
palmente indígenas, está constru- especificamente o PROSPERA;
ída em um sistema de desigual- 6. A persistência dos usos
dades de gênero, classe, etnia e e costumes discriminatórios,
idade que se interseccionam e se ou seja, valores e normas
sobrepõem, sendo frequentemen- tradicionais da cultura indígena
te não reconhecida pelo feminis- que sustentam e aprofundam o
mo hegemônico. caráter patriarcal do sistema.
8
acesse
Site do Centro: cdmch.org/cdmch/
Detalhes do contexto Chiapaneco: http://cdmch.org/cdmch/nosotras/contexto
Conheça o Programa PROSPERA: http://www.gob.mx/sedesol/articulos/conoce-todo-sobre-
prospera
Para saber mais sobre as Mulheres em relação à Lei Agrária Mexicana e aos éjidos leia: http://
www.juridicas.unam.mx/publica/librev/rev/derhum/cont/35/pr/pr22.pdf
Para entender o que são os Éjidos: http://www.pa.gob.mx/publica/pa070408.htm
4
9
4
seguido por um ritual conduzido por uma das partici-
pantes que mesclou rituais maias às tradições cristãs.
A facilitadora responsável pela atividade propôs que
discutíssemos em grupos situações que nos causa-
vam tristeza e sofrimento. Em seguida ampliamos o
debate discutindo situações que causavam o sofri-
mento de nossas famílias e comunidades. De maneira os problemas
geral as mulheres presentes compartilharam suas ex- começam
periências de abandono, violência, alcoolismo e tam-
quando
elas
bém problemas que enfrentam em suas comunidades,
muitos relacionados aos conflitos ambientais e sociais
causados pela atividade mineira na região. A atividade
mostrou a potencia da escuta e do compartilhamento casam”
de angústias em suas dimensões subjetivas e comuni- já que, as
tárias. Enquanto algumas se mostraram preocupadas mulheres
e vulneráveis, outras incentivavam sua participação
nos coletivos de mulheres como uma maneira de en-
mais jovens
frentar às problemáticas apresentadas e a recuperar ainda vivem
a autoestima, oferecendo apoio e contanto umas para com suas
as outras as estratégias que utilizam para melhorar famílias
suas condições de vida junto aos seus maridos e tam- estão menos
bém nas comunidades. Ao indagarmos sobre a pouca expostas às
participação de mulheres jovens, as colaboradoras do
Centro disseram que “os problemas começam quando
violências
elas casam” já que, as mulheres mais jovens ainda vi- comuns às
vem com suas famílias estão menos expostas às vio- relações
lências comuns às relações matrimoniais. A finalização matrimoniais.
das atividades foi realizada pela Alessandra Tavares
com uma dinâmica utilizada em círculos de Justiça
Restaurativa. Essa experiência também foi interessan-
te porque apesar da barreira da língua, essa atividade
é geralmente aplicada em círculos restaurativos for-
mados por mulheres de uma cidade como São Paulo
também tem forte potencial de sensibilização quando
aplicada ao círculo formado pelas mulheres das comu-
nidades rurais dos Chiapas. ■
5
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Caracol Oventik
Os Caracóis são regiões organizadoras das Co-
munidades Autônomas Zapatistas formadas pelos
“Municípios em Rebeldia”. Visitamos o Caracol de
Oventik, a uma hora de San Cristóbal de las Casas.
Nos caracóis estão localizadas as Juntas de Bom
Governo de comunidades de diferentes municípios.
As Juntas têm como função reunir representantes
dos Municípios Autônomos para deliberações e de-
bates sobre a comunidade, como também entre as
comunidades. Os caracóis foram criados em 2003
acesse
para substituir a anterior forma de organização dos
municípios existentes e para resignificar a relação do Para saber mais leia Caracóis:
EZLN das comunidades com a governança autôno- A autonomía regional zapatista,
ma e coletiva. Além das Juntas de Bom Governo os de Héctor Díaz-Polanco:
http://www.redalyc.org/
caracóis possuem hospitais, comedores, escolas, ofi- pdf/325/32513706.pdf
cinas e espaços de Lazer. ■
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Durante nossa estadia em San Crstóbal de Las uma editora que se encarrega de
Casas visitamos a UniTierra, iniciativa que integra o publicações desenvolvidas pelos
SIIDAE “ABYA YALA” - Sistema Indígena-Intercultural colaboradores da Uni-Tierra. Os
de Aprendizagem e Estudios “Abya Yala”. Em 1989 seminários são abertos e aconte-
organizou-se o Centro Indígena de Capacitação Inte- cem semanalmente às quintas fei-
gral (CIDECI) que oferecia oficinas de artes e ofícios ras. São ministrados em espanhol
para capacitar jovens indígenas não escolarizados. tezeltal, tojolabal e tzotzil.
Também eram oferecido cursos de espanhol. Em Fomos recebidas pelo diretor da
1997 os mesmos organizadores do CIDECI criaram organização que nos contou que a
a Sociedade Cooperativa de Produtores “Milakxik Jiñi iniciativa tem como objetivo for-
Mi CH´Ujb” que oferece capacitações em sistemas talecer e proporcionar autonomia
agroecológicos em comunidade indígenas. Em 2004 aos jovens indígenas tendo como
que se organizou a UNI-Tierra que propõe o compar- perspectiva a cosmologia indígena
tilhamento e construção de conhecimento em uma e a filosofia Abya Yala. Os zapatis-
proposta pedagógica inovadora que abdica do mo- tas participam frequentemente das
delo ocidental de universidade. Através de seminá- atividades aportando conceitos e
rios, conferências e congressos sobre Agroecologia, discutindo suas práticas políticas
Direito Autonômico, Arquitetura Vernácula, Hidroto- e organizativas. Também são fre-
pografia, Administração de Projetos e Comunidades, quentes as participações de povos
Eletromecânica, Interculturalidade Crítica, Análise em resistência de todo o mundo,
dos Sistemas-mundo, Estudos (pós e des) coloniais e compartilhando sua cosmovisão,
Teologias Contextuais a organização constitui em um disseminando a pluralidade e refor-
espaço de aprendizado livre que resignifica o conceito çando o entendimento de um mun-
de universidade. O espaço do SIIDAE tem dependên- do onde “caibam muitos mundos”.
cias adequadas para todos os cursos de capacitação Atualmente participam das ativi-
oferecidos, biblioteca, sala de convivência, anfitea- dades de capacitação profissional
tro, horta e criação de animais. Ali também funciona 290 jovens indígenas, sendo que a
13
Universidad de la Tierra
acesse
Para saber mais acesse o
artigo “Universidade da Terra
no México. Uma Proposta de
aprendizagem não convencional”,
de Jon igelmo Zaldívar
https://www.academia.
edu/4699834/La_Universidad_
de_la_Tierra_en_M%C3%A9xico._
Una_propuesta_de_aprendizaje_
convivencial
14
pensamento
feminista
na américa
latina:
outras
perspectivas
7
zapatistas, reunindo mulheres e
comunidades inteiras traduzindo
as propostas em várias línguas
indígenas e seguindo os costu-
mes de reunião comunitária da
região. Relatam que a principio
Mulheres Zapatistas houve resistência dos homens, e
Comandanta Ramona e Comandanta Suzana que aos poucos, com um potente
O movimento zapatista é conhecido pela for- trabalho de conscientização nas
te participação das mulheres. As mulheres partici- comunidades eles passaram a
param tanto das filas de combate do EZLN, como entender e aceitar suas revindi-
também se destacaram participando da rede de cações.Ainda assim, existem re-
comunicação que transmitia informações aos com- latos e pesquisas sobre o anda-
batentes organizados na Selva Lacandona e dentro mentos do processo de adoção
das próprias comunidades. Segundo o Subcoman- e incorporação dos princípios de
dante Marcos a organização e as revindicações das igualdade dentro dos territórios
mulheres indígenas que integraram e/ou apoiaram o Zapatistas, consistindo em uma
EZLN consistiu em uma “Revolução dentro da Revo- longa luta dessas mulheres pela
lução”, porque além de assumir o compromisso de transformação da cultura patriar-
enfrentar o Estado Neo Liberal, pleitearam transfor- cal dentro de suas comunida-
mações dentro de suas próprias tradições indígenas des. Quando consultadas todas
e para alcançar igualdade de gênero. A determina- as mulheres e comunidades a
ção das mulheres em transformar sua realidade cul- Lei foi divulgada pelo Desperta-
minou na Lei Revolucionária de Mulheres. A Coman- dor Mexicano, órgão informativo
danta Ramona e a Comandanta Susana, passaram do EZLN em dezembro de 1993.
mais de quatro meses percorrendo as comunidades (ROVIRA, 2002) ■
15
mulheres zapatistas
acesse
Para conhecer melhor a rede
mulheres zapatistas acesse
“Mujeres de La Sexta”: https://
mujeresylasextaorg.wordpress.
com/
Veja Também: Atualidade
e cotidianidade: A Lei
Revolucionária de mulheres
Lei Revolucionária de Mulheres do EZLN de Sylvia Marcos
“Em sua justa luta pela libertação do nosso povo, o https://www.vientosur.info/IMG/
pdf/la_ley_revolucionaria_de_
EZLN incorpora as mulheres na luta revolucionária mujerescideci.pdf
sem importar sua raça, crença, cor ou filiação Mulheres Zapatistas: A inclusão
política, com o único requisito de fazer suas as das demandas de gênero, de
}
María del Pilar Padierna Jiménez
demandas do povo explorado e seu compromisso
http://www.scielo.org.mx/scielo.
a cumprir e fazer cumprir as leis e regulamentos da php?script=sci_arttext&pid
revolução. Além disso, tendo em conta a situação da =S0187-57952013000300008
mulher trabalhadora no México, se incorporam suas
demandas justas de igualdade e justiça na seguinte
Lei Revolucionária de Mulheres:
metade da comunidade e
ao submeter uma parte da
comunidade os homens se
Feminismo Comunitário Julieta Paredes
submetem a si mesmos, porque
“las mujeres somos la mitad de todo” eles também são comunidade.”
(PAREDES, 2010)
Essa corrente de feminismo se define como um “Ao dizer que a comunidade
movimento sócio político, sendo ao mesmo tempo tem duas partes fundantes, que-
teoria social e ferramenta de luta contra o patriarca- remos dizer que a partir do reco-
do. Centra-se em um significado de comunidade que nhecimento da alteridade inicial a
provem de uma visão de mundo não colonial que res- comunidade mostra toda sua ex-
gata a cosmovisão dos povos originários da América. tensão, diferenças e diversidades,
O movimento se originou na Bolívia, a partir da ex- é dizer que o par mulher-homem
periência do coletivo Mujeres Creando, do qual a autora inicia a leitura das diferenças e di-
e ativista aymara boliviana Julieta Parede fez parte. Em versidades na humanidade, inclusi-
seu livro Hilando filo desde El Feminismo Comunitário ve as diferenças e diversidade de
(2010), ela explica que a comunidade se constitui de não reconhecer-se homem e não
duas partes diferentes (homem-mulher) que por sua reconhecer-se mulher.”
vez constituem identidades autônomas, que ao mesmo A autora problematiza o uso da
tempo tem uma identidade comum. ideia de gênero, amplamente utili-
“A negação de uma das partes atenta também zada por organizações feministas
contra a existência da outra. Submeter à mulher ocidentais na busca de melhoria
a identidade do homem, ou vive e versa, é cercear nas condições de vida das mu-
lheres. Ela afirma que “não have-
a metade do potencial da comunidade, sociedade rá equidade de gênero entendida
ou humanidade. Ao submeter à mulher, se como igualdade, porque o gênero
submete a comunidade porque a mulher é a masculino se constrói a partir do
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}
feminismo comunitário
gênero feminino, por isso que a O corpo: deve ser entendido como uma uni-
luta consiste na superação do gê- dade energética, sensível, espiritual e sensorial
nero como injusta realidade históri- que permita que as mulheres amem seus cor-
ca.” Para ela transcender o gênero pos para relacionar-se com o universo que as
como construção histórica e cultu- rodeia e significar-se livremente para além do
ral é fundamental para começar e racismo, machismo e classismo que codificam
criar maneiras outras maneiras de e categorizam a existência do corpo da mulher.
socializar @s wawas (palavra ay- O espaço: entendido como “o campo vital para
mara para bebê) acarretando em que o corpo se desenvolva”. Pode ser a rua, a
uma prática feminista que não re- terra, a casa a escola o bairro... onde se dê a
conheça masculino ou feminino e vida comunitária.
implodindo as relações de poder O tempo: se concebe como “a vida que corre
construídas pelo gêneroME con- graças ao movimento da natureza e dos atos
siderando o uso desse conceito conscientes” e que é percebida como o tempo.
para problematizar a opressão do A narrativa temporal do patriarcado não reco-
patriarcado contrarrevolucionária. nhece percepção das mulheres do movimento
(PAREDES 2010) da natureza e seus atos conscientes. Um exem-
A prática social e política das co- plo desse não reconhecimento pode ser o tra-
munidades, nacionalidades, povos, balho doméstico que o patriarcado não entende
organizações e movimentos so- como trabalho.
ciais e a representação das comu- O movimento: “O movimento nos permite
nidades continuam em poder dos construir um corpo social, um corpo comum que
homens, refletindo patriarcalização quer viver e viver bem”.
e colonização das comunidades A Memória: é vista como o caminho já percor-
ainda em curso. Para transformar rido pelas antecessoras, as avós, as mães, das
as condições materiais da subordi- raízes das quais procedemos”
nação e exploração das mulheres a
autora apresenta o marco conceitu- O mapa mental na próxima página explica a rela-
al que vem sendo utilizado pelo Fe- ção entre esses conceitos.
minismo Comunitário para analisar Para Paredes, esse marco conceitual é fundamen-
o contexto social e também como tal como estratégia de resistência para as indígenas
estratégia de transformação da re- de todo território Abya Yala, que são frequentemente
alidade. Os conceitos e categorias tratadas pelo estado neoliberal como estatística de
utilizados estão relacionados a cin- pobreza, reforçando uma narrativa de dependência,
co aspectos da vida das mulheres subalternidade. A epistemologia proposta é construída
que se relacionam entre si: por mulheres de diferentes organizações sociais popu-
18
feminismo comunitário
acesse
Livro em PDF: Hilando fino desde
el Feminismo Comunitário: https://
sjlatinoamerica.files.wordpress.
com/2013/06/paredes-julieta-
hilando-fino-desde-el-feminismo-
produzir nos comunitario.pdf
diferentes Vídeo: Julieta Paredes Feminismo
espaços cuidar,
curar e Comunitário: https://www.youtube.
desfrutar o com/watch?v=NrivDMl1qDU
›› espaço corpo
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Vídeo (longo): Feminismo
››
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memória e com/watch?v=FqD5uD_lHh8
produção de Leia Também:
conhecimento
Etnocentrismo e colonialidade nos
Feminismos Latino Americanos:
›› espaço
Cumplicidades e consolidação
rp
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mapa mental das Hegemonias feministas
››
no espaço transnacional, de
ória ›› co
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corpo o
›› espaço Yuderkys Espinosa Miñoso:
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https://dialnet.unirioja.es/servlet/
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Maria Patrícia Castañeda
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lares, que constroem coletivamente outro referencial a de que os povos Abya Yala também
partir de sua experiência e revindicações específicas, mantinham relações sociais não
criando assim sua própria narrativa e soluções para igualitárias entre homens e mulhe-
sua realidade. A narrativa das mulheres dos povos res. Critica a perspectiva indigenista
Abya Yala se contrapõe ao feminismo hegemônico, idílica que apresenta as populações
institucionalizado por políticas públicas ou ONGS que do Abya Yala como puras e livres de
desconsideram a identidade das mulheres indígenas. conflitos sociais, reforçando assim
Paredes e o coletivo Mujeres Creando integraram um uma imagem de indígena produzi-
grupo de trabalho para o desenvolvimento de políticas da pelo imaginário europeu. Res-
públicas para o governo de Evo Morales, Presidente salta que colonização interferiu no
do Estado Plurinacional da Bolívia com a intenção de processo de transformação social
repensar a institucionalização das políticas para mu- desse território, impondo o sistema
lheres e semear dentro do aparto estatal outra abor- patriarcal branco e europeu e “ta-
dagem sobre as necessidades das mulheres a partir pando” as desigualdades já pratica-
da perspectiva indígena. das pelas sociedades indígenas. Ao
Outro questionamento importante do Feminismo encontro das práticas patriarcais co-
comunitário é o reconhecimento de que o patriarcado loniais e ancestrais a autora chama
não de seu no território apenas durante o processo de de “Entroncamento Patriarcal”. ■
colonização. Segundo Paredes, a antropologia e ar-
queologia feminista contribuem para a compreensão
9
19
feminismo comunitário
LesboFeminismo
Norma Morgrovejo
Tivemos a oportunidade de
conhecer a professora Norma Mo-
grovejo durante nossa participa-
ção no Festival de Artes Feminis-
tas da Cidade do México. A Norma
apresentou para nós referências e
conceitos do Lesbofeminismo.
O Lesbofeminismo é uma pro-
posta teórica e prática que aporta o Fonte: WIKIPEDIA https://es.wikipedia.org/wiki/Lesbofeminismo
entendimento da heterossexualida- Norma se define como lésbica feminista, peruana-
de como um regime político e não -mexicana, autoexilada e estudiosa do movimento lés-
como uma expressão da sexualida- bico latino americano. Já publicou vários ensaios de
de preferência ou prática sexual. A análise historiográfica sobre as relações do movimento
partir dessa análise se construiu o lésbico-feminista-homosexual. Licenciou-se em Direito,
conceito de heteropatriarcado que é mestra em sociologia e Doutora em Estudos Latino
faz referência ao fato de que o sis- Americanos. Ao realizar sua tese de doutorado se trans-
tema patriarcal se sustenta mediante formou na primeira “lesbionóloga” da América Latina.
a heterossexualidade. O Lesbofemi- “Eu inventei a lesbianologia quando fiz a escolha de de-
nismo retoma conceitos e aportes do dicar-me a estudar o movimento lésbico e as lésbicas.
feminismo lésbico branco ocidental, Esse âmbito ainda não havia sido inserido no mundo
porém realiza uma revisão crítica a acadêmico”. Atualmente é professora Pesquisadora da
partir do contexto Abya Yala, pelo Universidade Autônoma da Cidade do México e coorde-
qual diversas autoras incorporam na o curso de Teoria Lésbica no Programa Universitário
uma análise não colonial, antirracista de Estudos de Gênero PUEG na UNAM. ■
e classista.
acesse
Blog da Norma Mogrovejo: http://normamogrovejo.blogspot.com.br/ Indicações de textos de
autoria dela que ela recomendou para nós: O queer na América Latina: http://normamogrovejo.
blogspot.com.br/2012/11/lo-queer-en-america-latina.html Os direitos não se condicionam: http://
normamogrovejo.blogspot.com.br/2016/02/los-derechos-no-se-condicionan.html As corpas lésbicas
e a geopolítica: http://normamogrovejo.blogspot.com.br/2015/06/las-cuerpas-lesbianas-y-la-
geopolitica.html DESTAQUE: Olhares não fragmentados da opressão nas práticas políticas do
lesbianismo feminista Abya Yala: http://normamogrovejo.blogspot.com.br/2015/02/x-elfay.html
Fideles
a d v o g a d a s
Franzoso