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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
2 METODOLOGIA
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O corpus desta pesquisa é composto por diversos turnos de falas selecionados
dos diálogos de um professor e de dois estudantes. O corpus foi retirado de uma aula de
língua portuguesa, online, gravada através da plataforma Google Meet, ministrada para
estudantes do IEMA São José de Ribamar.
Os participantes da pesquisa tiveram suas identidades preservadas e foram
referenciados nesta seção apenas como PROFESSOR, ALUNO 1 e ALUNO 2. A aula
teve duração de 33 minutos e 22 segundos e seu início foi marcado por uma série de
interrupções em vista de problemas técnicos, tais como ruídos e ecos resultantes do uso
inadequado dos microfones e de outros dispositivos usados pelos interlocutores.
A aula contou com 21 alunos, dos quais apenas 4 se manifestaram, o que
revela uma incipiente interação entre professor e alunos. A seguir apresentamos as
transcrições das Unidades Comunicativas - UCs selecionadas e os marcadores
conversacionais identificados pelo uso do negrito.
1
O verdadeiro nome do estudante foi substituído para mantê-lo em anonimato.
escutando?”, ou seja, o aluno/falante pede a confirmação da atenção do ouvinte para que
possa iniciar seu turno de fala.
Quanto aos marcadores conversacionais, ambos classificam-se como recursos
verbais de orientação do falante para o ouvinte, os quais, dentro da dinâmica da
conversação, são entendidos como sinais produzidos pelos falantes, [...] que servem para
sustentar, preencher pausas, dar tempo à organização do pensamento [...]”
(MARCUSCHI, 2003, p. 73).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos por meio das análises demonstram que, embora sirva
como uma estratégia de prevenção de contaminação do Covid 19, as aulas remotas
apresentam aspectos que comprometem a interação docente/discentes: os problemas de
conexão, os ruídos, a variação da voz gerada por problemas no microfone, a
impossibilidade de interação visual durante a conversação entre interlocutores entre
outros fatores contribuíram para interação incipiente durante a aula assistida que serviu
de corpus analítico para esta pesquisa.
A impossibilidade de interação visual, proveniente da configuração da
plataforma Google Meet em que apenas o falante tem sua imagem exibida aos demais,
gera uma sensação desconfortante, ou frustação, uma vez que os interlocutores não
interagem, mas um deles permanece falando sozinho ou com o vazio. Isso fica claro
quando vemos que a maioria das UCs são iniciadas e encerradas com perguntas do tipo:
“o senhor me ouve?”, “está conseguindo me ouvir”, “está aí?”, dentre outras.
Especulamos que devido a esse fato, muitos dos alunos recusaram-se a interagir
na aula, em verdade, ao longo dos 33 min. de duração da aula, dos 21 alunos participantes,
somente 4 se manifestaram, alguns de forma muito tímida, com UCs compostas por
respostas simples como “sim!” “não!”; enquanto que o professor dominou a maior parte
dos turnos de fala.
Diferentemente das hipóteses iniciais, os dados revelaram um alto índice de
recursos não-verbais: gestos, maneios com a cabeça, etc., o que revela que mesmo em
um ambiente virtual tem-se a sensação de estar numa interação face-a-face. Constatamos,
ainda, um índice considerável de recursos suprassegmentais como as pausas curtas entre
as trocas de turnos.
Apesar dos entraves durante a interação entre interlocutores na aula remota, em
termos gerais, os marcadores conversacionais analisados revelam-se muito semelhantes
aos usados em salas presencias, o que por sua vez aponta para uma tentativa de reproduzir
o contexto presencial em ambientes virtuais.
REFERÊNCIAS
LEURQUIN, Eulália Vera Lúcia Fraga; A interação na aula remota. 2020 (no prelo)