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Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624

https://doi.org/10.1007/s10508-021-02226-y

PAPEL ORIGINAL

Examinando os impactos de gênero da sexualidade facilitada pela tecnologia

Violência: uma abordagem de métodos mistos

Amanda R. Champion1 · Flora Oswald2 · Devinder Khera3 · Cory L. Pedersen4

Recebido: 28 de outubro de 2020 / Revisado: 8 de agosto de 2021 / Aceito: 8 de novembro de 2021 / Publicado online: 18 de fevereiro de 2022
© O(s) Autor(es), sob licença exclusiva da Springer Science+Business Media, LLC, parte da Springer Nature 2022

Abstrato
A violência sexual facilitada pela tecnologia (TFSV) é amplamente definida como comportamento sexual indesejado ou indesejado que envolve o
uso de tecnologia, incluindo assédio sexual online, assédio online baseado em gênero ou sexualidade, abuso online baseado em imagem
(coloquialmente conhecido como "pornografia de vingança") e agressão/coerção sexual online (coloquialmente conhecida como "sextorsão").
O objetivo deste estudo foi explorar o impacto do TFSV nas vítimas e examinar criticamente o posicionamento do TFSV como um dano baseado
no género; isto é, um dano dirigido principalmente às mulheres. Este estudo empregou uma abordagem de métodos mistos, integrando dados
quantitativos de pesquisas on-line (N = 333; Mage = 33,91 anos; 63% mulheres) com dados de entrevistas qualitativas (N = 10; faixa etária = 24–
46; 50% mulheres) para obter uma visão mais compreensão abrangente do TFSV. Descobrimos que as vítimas de TFSV experimentaram
ansiedade, estresse, depressão, perda de controle, desconfiança, múltiplas vitimizações, mau funcionamento acadêmico/profissional, consumo
problemático de álcool, constrangimento e mudanças de comportamento online (por exemplo, limitação de informações pessoais online) devido a
Vitimização por TFSV. Indivíduos que sofreram abuso online baseado em imagens relataram maior sofrimento em itens de depressão, ansiedade
e funcionamento ocupacional/acadêmico do que vítimas de outros tipos de TFSV. O presente estudo fornece apoio parcial à hipótese das
semelhanças de género de que o TFSV não é exclusivamente um dano baseado no género; nossas descobertas sugerem que as experiências de
TFSV de mulheres e homens são semelhantes para a maioria dos tipos de TFSV. Globalmente, o presente estudo demonstra o impacto negativo
que a TFSV tem tanto para as mulheres como para os homens e destaca a necessidade de uma maior sensibilização e de um maior apoio a todas
as vítimas desta forma de violência sexual.

Palavras-chave Abuso na Internet · Assédio sexual · Violência sexual facilitada pela tecnologia · Agressão sexual · Bem-estar ·
Métodos mistos

Introdução enganado online para produzir e enviar imagens sexualmente explícitas

de si mesmo, resultando num pedido de resgate por chantagem
Em 2018, Jared Johns, veterano da Asrmy, de 24 anos, de Green- (Brown, 2021; Farzan, 2019).
ville, Carolina do Sul, cometeu suicídio após ser vítima de dois O caso de Johns, e de numerosos outros em todo o mundo (por
presidiários da Carolina do Sul que executavam um esquema de exemplo, Amanda Todd, Chrissy Chambers, Brittany Roque),
coerção sexual online (ou seja, "sextorção"). João era exemplifica os efeitos devastadores do fenómeno pouco compreendido
da violência sexual facilitada pela tecnologia (TFSV). Henry e Powell
(2018) definem TFSV como o uso de “tecnologias de comunicação
* Cory L. Pedersen
cory.pedersen@kpu.ca
digital para a facilitação da violência e do assédio sexual” (p. 3638).
Existem quatro tipos principais de TFSV: (1) assédio sexual online -
1
Departamento de Criminologia, Universidade Simon Fraser, definido como "comportamentos indesejados que comunicam
Burnaby, BC, Canadá
explicitamente desejos sexuais ou atenção para outro indivíduo"
2
Departamentos de Psicologia e Estudos da Mulher, Gênero e (Barak, 2005, p. 78), que também inclui assédio online por parte de um
Sexualidade, Universidade Estadual da Pensilvânia,
atual ou ex-parceiro; (2) abuso online baseado em imagens – definido
Faculdade Estadual, PA, EUA
como a criação, distribuição e ameaça de distribuição de imagens
3
Departamento de Psicologia, Western University, Londres, ON,
sexualmente explícitas de outra pessoa sem o seu consentimento
Canadá
(coloquialmente referida como pornografia de vingança); (3) agressão
4
Departamento de Psicologia, Kwantlen Polytechnic University, 12666 72nd
sexual online/
Avenue, Surrey, BC V3W 2M8, Canadá

Vol.:(0123456789) 1 3
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1608
coerção – obter “cooperação sexual colocando algum tipo de pressão sobre
uma vítima” (Barak, 2005, p. 80) ou criar, distribuir ou ameaçar distribuir
uma imagem/vídeo de uma experiência sexual não consensual; e (4)
assédio online baseado em gênero e sexualidade – definido como assédio
(ou seja, comentários indesejados que insultam ou causam desconforto a
outro indivíduo) com base no gênero, sexualidade ou orientação sexual de
uma pessoa (Powell & Henry, 2016) . ).
Definindo a violência sexual facilitada pela tecnologia
Estudiosos afirmaram que “os pesquisadores que estudam este tema ainda
não chegaram a um consenso sobre a definição de TFSV, apesar do
aumento no número de estudos empíricos que o investigam” (Patel &
Roesch, 2020). A conceituação e operacionalização de TFSV de Powell e
Henry (2016) usando a Escala de Vitimização de Violência Sexual Facilitada
pela Tecnologia oferece uma ampla gama clara, comportamentalmente
específica e ampla de comportamentos sexualmente abusivos on-line, que
abrangem ações como “enviar fotos de nudez não solicitadas, assediar um
indivíduo on-line por causa de seu gênero e/ou sexualidade, e circulação de
imagens sexualmente explícitas de um indivíduo sem o seu consentimento”
(Snaychuk & O'Neill, 2020, p. 984).
Dada a falta de consistência conceitual e operacional entre vários
estudos no campo da tecnologia e violência sexual (Snaychuk & O'Neill,
2020), optamos por usar a definição de TFSV de Pow-ell e Henry (2016)
(ver suplemento online materiais para a Escala de Vitimização TFSV
completa) para facilitar comparações entre estudos. No entanto, notamos
limitações desta operacionalização, como a suposição de exclusividade
mútua, bem como a falta de um domínio de perseguição cibernética. Além
disso, reconhecemos que os estudiosos debatem a inclusão do assédio
sexual na definição de violência sexual.
violência; no entanto, argumentamos que esta inclusão é consistente com
as normas internacionais, tais como as definições utilizadas pelas Nações
Unidas, que incluem o assédio sexual como uma forma de violência sexual
(Escritório de Direitos Humanos do Alto Comissariado das Nações Unidas,
1993). Apesar destas limitações, baseamo-nos na conceptualização de
TFSV de Powell e Henry (2016) para compreender os impactos das vítimas
e examinar as alegações de TFSV como um dano baseado no género – na
verdade, as alegações de TFSV como um dano baseado no género surgiram
em grande parte dentro do trabalho de Powell e Henry. estrutura, portanto
utilizamos a mesma estrutura para examinar essas reivindicações.
Impactos da violência sexual facilitada pela tecnologia
Vários casos altamente divulgados de TFSV suscitaram preocupação em
relação a este fenómeno criminal crescente (Diebe-lius, 2017; Kaye, 2010;
Mungin, 2012; Zeidler, 2014). Existe um corpo substancial de literatura
acadêmica sobre cyberbullying, cyberstalking e ciberpornografia (Henry &
Powell, 2015). Embora exista uma base de pesquisa em desenvolvimento
para o TFSV
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perpetrados contra crianças e adolescentes, continua a haver falta de
investigação sobre os impactos associados à vitimização do TFSV entre
adultos (Henry & Powell, 2018); consequentemente, os especialistas
apelaram ao aumento da investigação sobre a vitimização de adultos por
TFSV (por exemplo, Powell & Henry, 2016).
A compreensão do impacto da vitimização do TFSV é complicada por
esta falta de literatura e pela natureza ampla do TFSV, que abrange muitas
formas de violência digital que foram estudadas e definidas de diversas
maneiras (ver Henry & Powell, 2015; Powell & Henry, 2016 ). ). Entre os
poucos estudos disponíveis sobre resultados psicossociais em adultos, a
vitimização tem impactos negativos numa ampla gama de medidas de bem-
estar. Por exemplo, numa amostra de mulheres adultas vítimas de abuso
online baseado em imagens, Bates (2017) concluiu que a vitimização está
associada a resultados prejudiciais para a saúde mental, incluindo
depressão, ansiedade, perturbação de stress pós-traumático, ideação
suicida, problemas de consumo de substâncias, e impactos interpessoais
negativos. Cripps (2016) também descobriu que a vitimização por TFSV
(amplamente definida e abrangendo todos os tipos de TFSV descritos
acima) está associada à depressão, ansiedade, estresse e sintomas de
transtorno de estresse pós-traumático entre mulheres adultas. Finalmente,
Campeão et al. (2021) descobriram que a vitimização por TFSV amplamente
definida aumentou a tendência suicida em série através de bullying,
depressão e percepção de sobrecarga – sugerindo uma cascata de
experiências de vitimização entre mulheres e homens adultos. Embora
estes trabalhos forneçam uma base para a compreensão do impacto
psicológico e interpessoal da vitimização por TFSV, continua a faltar uma
investigação abrangente sobre as experiências de homens vítimas de
TFSV.
O foco nas mulheres na tecnologia facilitada
Pesquisa sobre vitimização por violência sexual
Uma perspectiva feminista tem orientado os poucos estudos disponíveis
sobre vítimas adultas de TFSV (ver Bates, 2015; Henry & Powell, 2015) e
centrou-se em torno de duas explicações inter-relacionadas de TFSV como
um dano de género: (1) as mulheres são desproporcionalmente vítimas de
TFSV em comparação com os homens, e (2) os impactos negativos
associados ao TFSV são de gênero, de modo que as mulheres sofrem
maiores danos associados ao TFSV devido a papéis sexuais antiquados e
mitos incorporados na sociedade (ou seja, o duplo padrão sexual, Bates,
2015 ; Henry & Pow-ell, 2015; Powell & Henry, 2016).No geral, os
pesquisadores sugeriram que "o TFSV é fundamentalmente uma questão
de gênero"
(Henry & Powell, 2016, p. 399) perpetrados principalmente contra mulheres
num contexto social mais amplo de cultura de violação, culpabilização das
vítimas e masculinidade hegemónica (Bates, 2015).
Embora o trabalho feminista da TFSV reconheça explicitamente que
esta natureza de género pode estender-se às vítimas do sexo masculino –
por exemplo, através da denegrição da masculinidade na vitimização
masculina da TFSV (por exemplo, Powell & Henry, 2016) – a investigação
existente centrou-se predominantemente nas experiências de vitimização das mulheres.
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Foi sugerido que este preconceito se deve à representação excessiva das
mulheres como vítimas de TFSV (Henry & Powell, 2015), no entanto, as
taxas de vitimização permanecem pouco claras. Alguma literatura sugere
que as mulheres estão de facto sobrerrepresentadas entre as vítimas do
TFSV; por exemplo, a organização sem fins lucrativos Without My Consent
(WMC) divulgou dados preliminares de um inquérito sobre a prevalência de
várias formas de assédio online e relatou que aproximadamente 83% das
vítimas de assédio online são mulheres (Taube et al., 2014). Da mesma
forma, um relatório de 2013 da Working to Halt Online Abuse (WHOA,
2013) revelou que 80% das vítimas de assédio e perseguição online eram
mulheres.1 Num inquérito online com 1.272 jovens adultos australianos, as
mulheres tinham 3,5 vezes mais probabilidade de experimentar assédio
sexual facilitado pela tecnologia do que os homens (Douglass et al., 2018).
Outros trabalhos, no entanto, sugerem uma relação mais complexa
entre género e TFSV. As estatísticas atualizadas da WHOA de 2013
mostram que 60% das mulheres e 40% dos homens relataram ter sido
vítimas de assédio online. Num inquérito online realizado a 2.956 adultos
australianos, mulheres e homens relataram vitimização semelhante ao
longo da vida por TFSV (Powell & Henry, 2016). Em conjunto, estes
resultados sugerem um grau relativamente elevado de similaridade nas
taxas de experiências de TFSV por género. Possíveis explicações para
resultados inconsistentes em relação à vitimização de género entre os
estudos incluem diferenças no preconceito voluntário, preconceito de
resposta entre mulheres e homens, procedimentos de amostragem e
definições de TFSV ou assédio online; geralmente, as mulheres podem
estar mais dispostas do que os homens a participar em pesquisas sobre
vitimização ou a revelar o estado de vitimização (por exemplo, Helgeson, 2012).
Caminhos para a extensão facilitada pela tecnologia
Pesquisa sobre violência sexual
A investigação que avalia as diferenças sexuais em experiências traumáticas
(por exemplo, Tolin & Foa, 2006) demonstra que é imperativo ter em conta
as variações nos tipos de vitimizações de mulheres e homens por TFSV.
Embora algumas pesquisas sugiram que mulheres e homens relatam
experiências de vida comparáveis com TFSV, Powell e Henry (2016)
relatam que uma proporção maior de mulheres indica suas experiências
com TFSV como moderadamente a extremamente perturbadoras,
interpretando isso como sugerindo que as experiências das mulheres são
mais angustiante devido à sua posição relativa na sociedade. Contudo, a
terminologia de medição de Powell e Henry pode representar um
preconceito de género por si só; solicitou-se aos participantes que
indicassem, em relação à sua experiência de vitimização por TFSV, “quão
perturbadora foi a experiência de TFSV?” numa escala de resposta de 5
pontos que varia de nada perturbador a extremamente perturbador (Powell
& Henry, 2016, p. 17). Ainda não está claro se o próprio termo “perturbador”
é neutro em termos de género.
1
As estatísticas foram baseadas em questionários demográficos preenchidos.
As vítimas forneceram essas informações voluntariamente à WHOA ao relatar uma
reclamação.
1609
Os homens no estudo podem ter sido menos propensos a admitir estarem
extremamente “chateados” pela sua experiência de TFSV, uma vez que
esta emoção é contrária às normas tradicionais de papéis de género, que
muitas vezes posicionam a masculinidade como estóica (Schippers, 2007).
Além disso, esta questão pressupõe que os danos causados pelo TFSV
sofridos por mulheres e homens se manifestam na mesma emoção singular,
a de estar “perturbado”. Embora as mulheres no estudo de Powell e Henry
(2016) tenham relatado sentir-se mais perturbadas após uma experiência
de TFSV, os homens podem atribuir emoções diferentes à sua experiência,
como raiva ou constrangimento, que não foram avaliadas.
A utilização de uma única pergunta geral para representar o dano total
associado a uma experiência de TFSV, tanto para mulheres como para
homens, reflecte uma limitação metodológica; utilizar esta questão como
apoio à afirmação de que a TFSV é mais angustiante para as mulheres é
problemático. Em suma, os resultados que indicam que os homens ficam
menos “perturbados” com a sua experiência com TFSV não devem ser
utilizados para concluir que os homens sofrem nenhum ou menos danos devido ao TFSV.
Críticas metodológicas comparáveis foram feitas em relação às diferenças
de género nas taxas de depressão, uma vez que a manifestação de
sintomas depressivos varia entre mulheres e homens (Bennett et al., 2005;
Khan et al., 2002), levando a uma sub-representação das taxas de
depressão entre homens (Helgeson, 2012). A investigação sobre diferenças
de género entre vítimas de abuso online baseado em imagens (ou seja,
pornografia não consensual) indica diferenças significativas nos sintomas
somáticos; as mulheres sofrem maiores impactos adversos do que os
homens, mas não são encontradas diferenças nas medidas de bem-estar
psicológico (ver Ruvalcaba & Eaton, 2020).
Da mesma forma, a apresentação da emoção após a vitimização por
TFSV pode variar entre mulheres e homens, levando potencialmente a uma
sub-representação dos impactos negativos associados à TFSV nos homens.
Além disso, Powell e Henry (2016) descobriram que uma maior proporção
de homens experimentaram sexualidade ou assédio online com base no
género, enquanto uma maior proporção de mulheres sofreram assédio
sexual online relacionado com imagens, comentários ou mensagens
sexuais não solicitadas. Os resultados psicossociais destas diferentes
formas de TFSV podem ser responsáveis por diferentes resultados nos
transtornos relatados após a vitimização. Assim, considerámos uma vasta
gama de questões para mulheres e homens que, esperançosamente,
abrangeram uma gama mais diversificada de impactos negativos
associados à vitimização por TFSV.
No geral, a literatura existente não conseguiu captar de forma
abrangente os impactos psicossociais da vitimização por TFSV,
particularmente no que diz respeito às experiências de vitimização dos
homens. Além disso, as operacionalizações inconsistentes do TFSV na
literatura anterior tornam a natureza e a extensão dos danos associados à vitimização.
zação difícil de entender. O impacto das várias formas primárias de TFSV,
conforme definido por Henry e Powell (2018), permanece obscuro. No
entanto, dados os terríveis resultados associados à vitimização por TFSV,
incluindo o suicídio (ver Champion et al., 2021), é crucial desenvolver uma
análise aprofundada
13
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1610
compreensão do impacto da vitimização do TFSV para informar potenciais
intervenções.
Dado o nosso argumento exposto acima, no presente trabalho mantemos
uma perspectiva diferente, propícia à hipótese de semelhanças de género
que postula “que homens e mulheres são semelhantes na maioria, mas não
em todas as variáveis psicológicas” (Hyde, 2005, p. 581) . Tal como Hyde,
apoiamos o argumento “de que alegações exageradas de diferença de
género acarretam custos substanciais” (p. 581). No actual contexto de
vitimização do TFSV, o “custo” ou consequência desta afirmação exagerada
da diferença de género inclui o reforço de estereótipos de género
essencializados de que as mulheres são psicologicamente vulneráveis e os
homens não; além disso, esta alegação pode tornar os homens incapazes
de receber apoio adequado após experiências de vitimização. Em sintonia
com a teorização feminista contemporânea, postulamos que avaliar as
semelhanças de género, em vez das diferenças, pode promover a
representação e a inclusão, e ter impactos translacionais positivos a jusante
(ver Cole, 2009; Matsick et al., 2021; Wyer, 2018).
O Estudo Atual
O objectivo da presente investigação exploratória foi determinar os impactos
associados a quatro tipos principais de TFSV e determinar até que ponto o
TSFV é principalmente de género (ou seja, um crime que atinge as
mulheres). Os impactos foram avaliados em vários domínios da vida,
incluindo saúde mental, funcionamento interpessoal e ocupacional/
académico. Este estudo principalmente descritivo fornece informações sobre
as experiências vividas e os impactos negativos associados ao TFSV, além
de explorar a suposição feminista de que o TFSV é principalmente uma
experiência específica de gênero. Três questões principais de investigação
orientaram esta investigação de métodos mistos. Em primeiro lugar, existem
diferenças entre os tipos de TFSV experienciados (ou seja, assédio sexual
online, abuso sexual online baseado em imagens, agressão/coerção sexual
online ou assédio online baseado no género e na qualidade sexual) em
termos de nível de sofrimento (RQ1a ) e seus impactos associados (RQ1b)?
Em segundo lugar, as mulheres sofrem mais impactos psicológicos,
interpessoais ou ocupacionais negativos do TFSV do que os homens? Dito
de outra forma, o TFSV é um dano contra as mulheres baseado no género
(RQ2)? Finalmente, como a experiência do TFSV impacta a vida das
vítimas? Quais são as experiências emocionais, psicológicas e sociais
vividas após evento(s) de TFSV (RQ3)?
Método
Participantes e Procedimento
Este estudo utilizou uma abordagem sequencial de métodos mistos com
dois segmentos. O primeiro segmento exigia que os participantes
respondessem a uma pesquisa on-line de 15 minutos por meio da plataforma de pesquisa
binários em nossa amostra.
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Qualtrics, que consistia em questões fechadas e abertas. Ao final da
pesquisa, os participantes tiveram a opção de enviar seu endereço de e-mail
caso tivessem interesse em contribuir para o segundo segmento do estudo.
Este segundo segmento envolveu uma entrevista semiestruturada de 30 a
60 minutos, realizada pessoalmente ou por telefone. O inquérito foi utilizado
para compreender padrões gerais agregados, enquanto o objectivo da
entrevista era ir além das respostas do inquérito para obter uma compreensão
mais aprofundada e contextualizada dos impactos psicossociais da
vitimização por TFSV.
Os participantes foram recrutados por meio de amostragem criteriosa
por meio de anúncios postados em diversas plataformas online, como
Facebook, Instagram, Mechanical Turk e Reddit (por exemplo, r/SampleSize).
Técnicas de amostragem em bola de neve também foram empregadas ao
final de cada entrevista. Os participantes deveriam ter pelo menos 18 anos
de idade; a idade legal em que a “idade adulta” começa nos termos da lei
federal (Departamento de Justiça, 2017). Além disso, exigimos que os
adultos tivessem experimentado pessoalmente o TFSV para compreender
os impactos associados a este tipo de vitimização.
Medidas
Demografia
Os participantes forneceram informações sobre idade, gênero, orientação
sexual, escolaridade, status de relacionamento e etnia.2 Foram feitas três
perguntas aos participantes sobre a frequência e o uso das mídias sociais e
do uso da tecnologia (Rosen et al., 2013).
Versão modificada do sexo facilitado pela tecnologia
Escala de Vitimização de Violência
(TFSV-V; Powell & Henry, 2016). Este questionário de 21 itens mede a
prevalência de quatro experiências principais de vitimização por TFSV:
assédio sexual online, abuso sexual online baseado em imagens, agressão/
coerção sexual online e assédio online baseado no género/sexualidade.
Foram fornecidos exemplos para garantir que as definições fossem claras
(ver materiais suplementares online para todos os itens). Os participantes
responderam sim ou não aos seguintes tipos de TFSV:
1. Você já sofreu assédio sexual online? Por exemplo: (a) alguém lhe enviou
uma imagem, comentário, e-mail ou mensagem de texto sexualmente
explícito indesejado, (b) seu parceiro verificou sua localização ou
atividades várias vezes ao dia, (c) você recebeu repetidos
2
A questão demográfica de género incluiu as seguintes opções de resposta: homens,
mulheres e não binários. Não tivemos participantes que se identificaram como não
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Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624
solicitações sexuais indesejadas on-line ou por e-mail ou mensagem
de texto, (d) seu parceiro obteve acesso aos seus e-mails ou outras
contas on-line sem permissão, ou (e) alguém postou publicamente um
comentário sexual ofensivo sobre você on-line.
2. Você já sofreu abuso online baseado em imagens? Por exemplo: (a)
alguém tirou uma imagem sua nua ou seminua sem a sua permissão,
(b) alguém postou uma imagem sua nua ou seminua online sem a sua
permissão, ou (c) alguém ameaçou postar on-line ou enviar a outras
pessoas uma imagem nua ou seminua de
você.
3. Você já sofreu agressão ou coerção sexual online? Por exemplo: (a)
alguém tirou uma imagem ou vídeo de uma experiência sexual
indesejada que você teve, (b) alguém postou online uma imagem ou
vídeo de uma experiência sexual indesejada que você teve, ou (c)
alguém ameaçou postar online ou envie a outras pessoas uma imagem
ou vídeo de uma experiência sexual indesejada que você teve.
4. Você já sofreu assédio online baseado em gênero/sexualidade? Por
exemplo: (a) alguém lhe enviou mensagens, comentários ou outros
conteúdos ofensivos ou degradantes com base em gênero, ou (b)
alguém lhe enviou mensagens, comentários ou outros conteúdos
ofensivos ou degradantes com base em identidade sexual.
Questões em aberto
Os participantes que responderam afirmativamente a pelo menos uma das
perguntas sobre vitimização do TFSV foram orientados a responder duas
perguntas abertas: (1) "Por favor, descreva uma experiência que você teve
com assédio e/ou abuso sexual online. Se você passou por mais de um
evento, por favor descreva a experiência que teve o impacto mais
significativo em sua vida" e (2) "Ainda pensando neste evento, por favor
descreva o impacto que esta experiência teve em sua vida." Com base no
evento de TFSV descrito, o primeiro autor utilizou uma abordagem qualitativa
dedutiva para categorizar as experiências dos participantes em quatro
tipos de TFSV; A Escala de Vitimização TFSV de 21 itens de Powell e Henry
(2016) foi usada como estrutura de codificação pré-determinada. As
experiências dos participantes foram assim codificadas como uma das
seguintes: (1) assédio sexual online, (2) abuso online baseado em imagens,
(3) agressão/coerção sexual online, ou (4) assédio online baseado em
género ou sexualidade. Avaliamos a confiabilidade da codificação do
primeiro autor na estrutura pré-determinada do TFSV selecionando
aleatoriamente vinte participantes abertos do TFSV para dois codificadores
treinados adicionais verificarem. A concordância entre codificadores entre
avaliadores foi substancial (kappa de Cohen = 0,93; McHugh, 2012). As
respostas abertas adicionais, questões 2 e 3, foram codificadas juntamente
com as entrevistas por temas.
1611
Perguntas de acompanhamento
Após a apresentação das questões abertas, os participantes foram
solicitados a responder três questões de acompanhamento referentes ao
evento TFSV descrito: (1) “Quem foi o perpetrador?”
As respostas incluíram amigo, estranho, conhecido, parceiro romântico e
outros; (2) “Em qual ambiente online o evento aconteceu?” As respostas
incluíram mídias sociais, e-mail, mensagens de texto, postagens em um
site e outras; e (3) "Quantos anos você tinha quando essa experiência
aconteceu?"
Impacto da experiência de violência sexual facilitada pela tecnologia
Escala
Para compreender os impactos negativos da TFSV, foi desenvolvida uma
medida de 9 itens para o presente estudo para medir resultados negativos
em saúde mental, estratégias de enfrentamento e consequências sociais ou
ocupacionais. Estas questões foram elaboradas pelos investigadores com
base em temas de impacto negativo que surgiram através de uma revisão
da literatura académica do TFSV (por exemplo, Bates, 2017), vários artigos
de notícias (por exemplo, Dean, 2012; Diebelius, 2017; Nicholson &
Kubinec, 2018; Todd, 2012), histórias de vítimas publicadas em
www.cybercivilrights.org, e um relatório preliminar publicado online por
Without My Consent
(Taube et al., 2014). Para associar um evento TFSV diretamente às
respostas na Escala de Impacto da Experiência TFSV, os participantes
foram lembrados de pensar sobre o evento TFSV que descreveram em
detalhes na pergunta aberta e avaliar o grau em que sentiram que uma
afirmação se aplicava ao seu TFSV. experiência. As nove perguntas (ver
materiais suplementares) tratavam de impactos como “ter sentimentos de
depressão”, “ter um impacto negativo no seu trabalho” ou “ser alvo de
fofoca”. As avaliações foram feitas em uma escala de resposta de 5 pontos,
variando de nada (0) a extremamente (4). Uma pontuação geral de impacto
negativo variando de 0 a 36 foi criada pela soma dos nove resultados
potenciais, com pontuações mais altas indicando um maior grau de impacto
negativo. Foi encontrada alta consistência interna para a escala, ÿ =0,90.
Uma análise de componentes principais (PCA) foi aplicada aos 9 itens como
técnica de redução de dados, mas a matriz de componentes rotacionados
indicou uma solução unifatorial. Uma rotação direta do Oblimin
com autovalores definidos conservadoramente em um foi utilizado. O único
componente identificado foi responsável por 55,2% da variância (ver
materiais suplementares). Portanto, cada item foi avaliado separadamente
por meio de uma série de ANOVAs com alfa corrigido de Bonfer-roni de
0,006.
Entrevistas
Realizamos entrevistas semiestruturadas de acompanhamento aprofundado
com 10 participantes para contextualizar e compreender a complexidade
das experiências do TFSV. Os dados qualitativos são particularmente
valiosos por fornecerem “o potencial para capturar
13
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1612
uma diversidade de perspectivas, experiências ou sentidos”
(Braun et al., 2021, p. 643; ver também Braun et al., 2017). Esta
diversidade de perspectivas é particularmente útil para contextualizar
os resultados e fornecer bases para a futura geração de hipóteses
“ao pesquisar uma área não ou subexplorada”
(Braun et al., 2021, p. 643). Como tal, procurámos utilizar esta
metodologia para capturar uma série de experiências dentro da área
emergente e pouco pesquisada do TFSV. Além disso, existem muitos
estudos quantitativos emergentes sobre o TFSV (Patel & Roesch,
2020; Powell & Henry, 2016; Snaychuk & O'Neill, 2020) , mas pouca
contextualização, diversidade de métodos ou pesquisa qualitativa
sobre o TFSV de forma mais ampla (ver Bates, 2017
sobre pornografia de vingança).
Os participantes interessados na parte da entrevista do estudo
enviaram seu endereço de e-mail no final da pesquisa inicial para
serem contatados para uma entrevista de acompanhamento. Locais
exatos, nomes ou outros identificadores mencionados nas entrevistas
foram redigidos através do processo de transcrição. Foi utilizado um
processo de entrevista semiestruturada, que permitiu questionamentos
adaptados. Incluindo as respostas abertas das questões 2 e 3 acima,
e as transcrições das entrevistas, o primeiro autor codificou os temas
dentro de cada tipo de TFSV. Avaliamos a confiabilidade da
codificação do primeiro autor selecionando um codificador adicional
para fundamentar os temas. A concordância entre codificadores entre
avaliadores foi substancial com kappa de Cohen = 0,85 (McHugh,
2012).
Resultados
As respostas quantitativas da pesquisa foram exportadas para o
software IBM SPSS® para análises estatísticas. As respostas abertas
da pesquisa e as transcrições completas das entrevistas foram
importadas para o NVivo para codificação temática pelo primeiro
autor. Primeiro, foi realizada uma análise qualitativa dedutiva utilizando
o NVivo; as respostas abertas da pesquisa e as transcrições das
entrevistas foram codificadas em quatro tipos principais de vitimização
do TFSV e subtipos correspondentes pré-determinados com base na
Escala de Vitimização do TFSV de 21 itens de Powell e Henry (2016) .
Este método de classificação foi utilizado para garantir a consistência
entre as pesquisas sobre o TFSV e para identificar a vitimização
específica do TFSV vivenciada por cada participante. As respostas
foram codificadas dedutivamente para temas de maior impacto que
coincidiram com a Escala de Impacto da Experiência TFSV (por
exemplo, depressão, ansiedade, consumo problemático de álcool,
etc.) e temas apresentados por Bates (2015, 2017). Bates encontrou
vários temas de impacto e enfrentamento entre vítimas de abuso
online baseado em imagens; esses temas foram determinados a priori
de TFSV,mais
como modelo de codificação para o presente estudo.3 Finalmente, uma abordagem enquanto os homens experimentaram tipos comparativamente
3
Exemplos de temas incluem: (1) Perda de controle, autoestima ou confiança; (2)
Segurança e privacidade; (3) Enfrentamento negativo, como pensamentos/
comportamento suicida e consumo excessivo de álcool; (4) Medo da revitimização e
do futuro; (5) Ansiedade e depressão (Bates, 2015).
13
Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624
abordagem indutiva foi utilizada para respostas com novos temas de
impacto. Este método foi utilizado para identificar os impactos
negativos de vários tipos de vitimização por TFSV.
Participantes
A amostra foi composta por 337 participantes (mulheres; n = 213;
63,0%) com idades entre 18 e 67 anos (Mage=33,91; SDage=9,37).
A Tabela 1 apresenta a demografia dos participantes por sexo para a
pesquisa online. Dez participantes concordaram em participar do
segmento de entrevista de acompanhamento do estudo. Esses 10
participantes (mulheres; n = 5) tinham idades entre 24 e 46 anos,
eram principalmente heterossexuais (n = 8), brancos (n = 6), com
formação universitária (n = 7) e indicavam problemas sociais
moderados a pesados. uso de mídia (n=5). Assim, quando comparados
com a amostra total, os entrevistados eram demograficamente
comparáveis, embora ligeiramente mais diversificados etnicamente e
com uma faixa etária truncada. Devido aos critérios de recrutamento,
todos os participantes experimentaram pelo menos uma forma de
TFSV durante a vida; 69% (n=231) experimentaram mais de um tipo de TFSV.
Em relação aos incidentes globais de TFSV, a maioria (~93%) dos
participantes sofreu assédio sexual online (ver detalhes na Tabela 2
para todos os tipos de incidentes de TFSV).
Quatro participantes não puderam ser categorizados em
experiências distintas de TFSV devido a deixarem questões abertas
da pesquisa em branco ou fornecerem respostas ambíguas. Portanto,
eles foram excluídos de análises posteriores, resultando em um
tamanho de amostra de 333. Quando solicitados a elaborar sobre a
experiência de TFSV que teve o impacto mais negativo em suas
vidas, a maioria dos participantes (~75%) descreveu um assédio
sexual online. experiência. Embora os participantes possam ter
experimentado mais de um tipo de TFSV, os participantes foram
agrupados com base no tipo de evento de TFSV que indicaram ser
mais impactante (os detalhes são apresentados na Tabela 2).
Resultados Quantitativos: RQ1a/b e RQ2
Antes da realização de estatísticas multivariadas sobre o tipo de TFSV
e o nível de sofrimento, foram realizadas comparações demográficas
utilizando testes exatos de Fisher para variáveis categóricas e análise
de variâncias (ANOVA) para variáveis contínuas. O exato de Fisher
foi utilizado como alternativa à análise do qui-quadrado, pois alguns
valores ficaram abaixo do valor esperado de 5 por célula (Field, 2013).
Os testes exatos de Fisher revelaram associações estatisticamente
significativas para gênero, ÿ2 (N=333)=8,82, p=0,03, orientação
sexual, ÿ2 (N=333)=8,36, p=0,03, e status de relacionamento, ÿ2
(N=333). )=10,19, p=0,01 entre os grupos de TFSV. Significativamente
mais mulheres sofreram assédio sexual online do que outras formas
mais diversos de vitimizações por TFSV. Indivíduos de minorias
sexuais sofreram mais incidentes de assédio online com base no
género ou na sexualidade e agressão/coerção sexual online, enquanto
indivíduos
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Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624 1613

Tabela 1 Dados demográficos

Homens n (%) Mulheres n (%)
dos participantes da pesquisa on-line

Gênero 124 (36,8) 213 (63,2)

Orientação sexual

Heterossexual 101 (81,5) 165 (77,5)

Minoria Sexual 23 (18,5) 48 (22,5)

status de relacionamento

Solteiro 51 (41,1) 47 (22,1)

Namoro casualmente 18 (14,5) 13 (6.1)

Relacionamento comprometido não casado 19 (15,3) 34 (16,0)

Casado/União Civil 34 (27,4) 2 101 (47,4)

Separado/divorciado judicialmente (1,6) 16 (7,5)

Viúva –
2 (0,9)
Educação

Algum ensino médio 2 (1,6) 2 (0,9)

Diploma do ensino médio 4 (3,2) 25 (11,7)

Alguma faculdade/universidade 42 (33,9) 46 (21,6)

Graduação concluída 62 (50,0) 3 103 (48,4)

Grau/certifcado profissional (2,4) 11 8 (3,8)

Estudos de pós-graduação (8,9) 29 (13,6)

Etnia
Branco 86 (69,4) 168 (78,9)
Asiático 17 (13,7) 19 (8,9)
Preto 7 (5,6) 14 (6,6)

hispânico 10 (8,1) 7 (3,3)

Sul da Ásia 1 (0,8) 1 (0,5)
Misturado 3,5% (21) 4 (1,9)

Uso de internet

Uma vez por dia ou menos 11 (8,9) 6 (2,8)

Várias vezes ao dia 28 (22,6) 47 (22,1)

Uma vez por hora -
14 (6,6)
Várias vezes por hora 22 (17,7) 38 (17,8)
O tempo todo 63 (50,8) 108 (50,7)

Frequência de upload em mídias sociais

Uma vez por dia ou menos 49 (39,5) 84 (39,4)

Várias vezes ao dia 38 (30,6) 5 71 (33,3)

Uma vez por hora (4,0) 13 7 (3,3)
Várias vezes por hora (10,5) 19 18 (8,5)
O tempo todo (15,3) 33 (15,5)

Frequência de navegação nas redes sociais

Uma vez por dia ou menos 45 (36,2) 66 (31,0)

Várias vezes ao dia 39 (31,5) 5 82 (38,5)

Uma vez por hora (4,0) 11 10 (4,7)
Várias vezes por hora (8,9) 26 (12,2)
O tempo todo 24 (19,4) 29 (13,6)

Idade M=30,91 (DP=6,74) M=35,66 (DP=10,22)

que se identificaram como heterossexuais sofreram relativamente mais assédio e assédio on-line baseado em gênero ou sexualidade.
incidentes de assédio sexual online. Além disso, um número A etnia e a escolaridade não foram significativas entre os grupos do
significativamente maior de indivíduos solteiros sofreram abuso sexual TFSV. Os resultados são apresentados na Tabela 3.
online baseado em imagens ou agressão/coerção sexual online, Uma ANOVA revelou diferença significativa de idade entre os grupos
enquanto indivíduos em relacionamentos experimentaram mais abusos sexuais
deonline.
TFSV. Acompanhe comparações de pares usando um

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1614 Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624

Tabela 2 Incidentes gerais e mais impactantes de violência sexual facilitada pela O alfa corrigido de Bonferroni de 0,01 revelou que os participantes dos
tecnologia
grupos de assédio online com base no género ou da sexualidade e

Incidentes Gerais de TFSV: Pesquisa Fechada Vítima dos grupos de assédio sexual online eram significativamente mais
Respostas velhos do que os indivíduos do grupo de agressão/coerção sexual
Tipo de experiência TFSV n % online. Não houve diferenças significativas na idade no momento do
Assédio sexual on-line 313 92,9 evento de TFSV ou na frequência de uso da Internet entre os grupos
Assédio Online Baseado em Gênero/Sexualidade 203 60,2 de TFSV (ver Tabela 3 para detalhes). Detalhes contextuais do evento
Abuso Online Baseado em Imagens 97 28,8 TFSV são relatados nos materiais suplementares online.
Agressão/Coerção Online 69 20,5

Número total de incidentes de TFSV relatados 682 RQ1a: Grupo de violência sexual facilitada pela tecnologia
Experiência TFSV mais impactante: aberta Vítima Diferenças no nível de sofrimento
Respostas da pesquisa finalizadas

Tipo de experiência TFSV n %

Assédio sexual on-line 252 74,8
Assédio Online Baseado em Gênero/Sexualidade 43 12,7
Abuso Online Baseado em Imagens 31 9.2
Agressão/coerção sexual online 7 2.1
Não categorizável/Não respondeu 4 1.2
Total 337 100
As percentagens somam mais de 100% para incidentes globais de TFSV (resposta a
inquérito fechado), uma vez que foi pedido aos participantes (N=337) que indicassem
todos os tipos de vitimização por TFSV experienciados
Dadas as diferenças demográficas dos grupos, controlamos a idade
em uma análise fatorial de covariância 2 (gênero) × 2 (orientação
sexual) × 2 (status de relacionamento) × 4 (tipo de vitimização por
TFSV). Este teste determinou os efeitos do género, da orientação
sexual, do estado de relacionamento e da vitimização por TFSV no
nível de angústia, conforme medido pela Escala de Impacto da
Experiência de TFSV. A idade foi inserida como covariável, pois
diferiu significativamente entre os grupos de TFSV (Tabela 3). Vários
estudos sugeriram que os indivíduos mais jovens correm um risco
desproporcionalmente maior de contrair TFSV (ver Henry & Powell,
2018, para uma revisão). Dados os pequenos tamanhos de amostra entre os online

Tabela 3 Diferença demográfica entre grupos de vitimização por TFSV

Variáveis Categóricas: Resultados Exatos de Fisher

Sexuais on-line Gênero/Sexualidade Online- Imagem on-line- Sexuais on-line ÿ2 (p) V de Cramer
Assédio Assédio Baseado Abuso Baseado Agressão/Coerção

n (%) n (%) n (%) n (%)

Gênero 8,82 (0,027) .16

Mulheres 170 (81) 22 (10,5) 15 (7,1) 3 (1,4)

Homens 82 (66,7) 21 (17,1) 16 (13) 4 (3,3)
Orientação sexual 8,36 (0,032) .16

Heterossexual 207 (78,4) 28 (10,6) 25 (9,5) 4 (1,5)

Minoria sexual 45 (65,2) 15 (21,7) 6 (8,7) 3 (4,3)

status de relacionamento 10,19 (0,014) .18

Não solteiro 181 (77) 35 (14,9) 8 16 (6,8) 3 (1,3)

Solteiro 71 (72,4) (8,2) 15 (15,3) 4 (4.1)

Etnia 2,13 (0,556)

Branco 193 (76,9) 32 (12,7) 22 (8,8) 4 (1,6)

Minoria étnica 59 (72) 11 (13,4) 9 (11) 3 (3,7)

Educação 4,63 (0,167)

Pós-secundário 225 (75) 42 (14) 26 (8,7) 7 (2,3)

Ensino médio 27 (81,8) 1 (3) 5 (15,2) 0

Variáveis Contínuas: Resultados ANOVA

M (DP) M (DP) M (DP) M (DP) F (p) ÿ2

Idade 34,23 (9,36)b 34,49 (9,41)a 31,32 (8,15) 25,29 (4,54)ab 3,01 (0,03) .03

Idade no TFSV 27,89 (9,85) 27,88 (10,51) 24,94 (8,60) 21,71 (3,68) 1,70 (0,17)

Uso de internet 19,30 (4,88) 18,47 (4,28) 20,71 (5,84) 16,71 (5,06) 1,91 (0,13)

O V de Cramer relatou apenas associações estatisticamente significativas nos testes Exato de Fisher. Os subscritos nos resultados da ANOVA indicam diferenças significativas
entre os grupos. As pontuações de uso da Internet variaram de 0 a 27; pontuações mais altas indicaram mais uso de mídia social e tecnologia. ÿ2 parcial relatado apenas para
ANOVAs significativas

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Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624
Tabela 4 Médias ajustadas e não ajustadas do grupo de Violência Sexual
Facilitada pela Tecnologia sobre o impacto da Escala de Experiência de Violência
Sexual Facilitada pela Tecnologia (ou seja, sofrimento) com a idade como covariável
Tipo de experiência TFSV N Não ajustado Ajustado
M SD M SE
Assédio sexual on-line 252 10,79 7,77 10,47ac 0,81
Gênero/Sexualidade Online- 43 13,14 7,29 13,98b 1,66
Assédio Baseado
Abuso online baseado em imagens 31 21,29 7,93 22.07ab 1,89
Agressão/Coerção Online 7 19,71 5,85 20,23c 3,29
Os subscritos indicam diferenças significativas entre grupos na margem ajustada
significa
abuso sexual baseado em imagem (n=31) e agressão sexual/
grupos de coerção (n = 7), as distribuições normais para cada grupo de TFSV
nas pontuações da Escala de Impacto de Experiência de TFSV foram
confirmadas antes da execução da ANCOVA.
Os resultados revelaram um efeito principal estatisticamente significativo
para o grupo TFSV, F(3, 303)=12,96, p<0,001, ÿ2 p=0,11.
As comparações aos pares corrigidas por Bonferroni revelaram diferenças
estatisticamente significativas nas médias marginais ajustadas.
Os participantes do grupo de abuso sexual online baseado em imagens
(M=22,07, SE=1,89) relataram níveis significativamente mais elevados de
sofrimento em comparação com os indivíduos do grupo de assédio sexual
online (M=10,47, SE=0,81) e do grupo de assédio sexual online (M=10,47,
SE=0,81) e do grupo de assédio sexual online. grupo de assédio baseado na
sexualidade (M=13,98, SE=1,66). Não houve diferenças significativas entre Quase metade relatou que o evento TFSV causou grandes problemas (ou
o grupo de abuso sexual online baseado em imagens e o grupo de agressão sexualseja,
online/
níveis “muito” ou “extremos” de impactos negativos) nas suas relações
grupo coerção (M =20,23, EP=3,29). Além disso, os indivíduos do grupo de
agressão/coerção sexual online relataram níveis de angústia significativamente
mais elevados do que o grupo de assédio sexual online. Não foram
encontradas diferenças significativas nas pontuações de sofrimento entre (1)
o grupo de agressão/coerção sexual online e o grupo de assédio online
baseado em género/sexualidade, e (2) o grupo de assédio online baseado
em género/sexualidade e o grupo de assédio sexual online. grupo (ver Tabela
4).
Os resultados dos grupos de agressão/coerção sexual online devem ser
interpretados com cautela devido ao pequeno tamanho da amostra (n=7).
Análises estatísticas foram utilizadas para avaliar os impactos negativos
agregados da TFSV entre os grupos de vitimização.
As respostas qualitativas foram então usadas para extrapolar detalhes e
fatores contextuais. Não foram indicados efeitos principais adicionais
significativos ou interações estatisticamente significativas.
RQ1b: Impactos Psicológicos Descritivos Baseados no
Grupo de Violência Sexual Facilitada pela Tecnologia
Os resultados quantitativos discutidos abaixo são apresentados desde a
experiência de vitimização por TFSV mais impactante até a menos impactante,
com base nas pontuações agregadas de sofrimento do grupo (ou seja,
1615
médias marginais ajustadas na Escala de Impacto da Experiência TFSV, ver
Tabela 4).
O Impacto do Abuso Sexual Online Baseado em Imagens Trinta e um
participantes (9% da amostra total) relataram uma experiência com abuso
sexual online baseado em imagens como a mais impactante.
Com base nas respostas da pesquisa sobre a Escala de Impacto da
Experiência TFSV, aproximadamente 71% (n=22) indicaram que o evento
causou níveis elevados (ou seja, “muito” ou “extremo”)4 de estresse e
ansiedade. Mais da metade experimentou altos níveis de depressão (n=17;
54,8%) e impactos interpessoais negativos (por exemplo, fofoca; n=19;
61,3%). Cerca de quarenta por cento indicaram elevados níveis de impactos
negativos no funcionamento académico ou ocupacional (n=13; 41,9%).
Quinze (48,4%) relataram níveis de ideação suicida moderados a extremos5
e 16 (51,6%) relataram níveis moderados a extremos de uso problemático de
álcool. Todos, exceto seis indivíduos (80,6%), indicaram ter sido submetidos
a algum grau de bullying, rumores ou fofocas.
O Impacto da Agressão ou Coerção Sexual Online Sete participantes (2%
da amostra total) relataram experiências com agressão ou coerção sexual
online como as mais impactantes. As respostas da pesquisa de impacto do
TFSV revelaram que quase todas as vítimas de agressão/coerção sexual
online experimentaram níveis elevados (ou seja, “muito” ou “extremo”) de
ansiedade (n = 7; 100%) e estresse (n = 6; 85,7%). A maioria relatou que o
evento causou apenas níveis moderados de impactos negativos no seu
funcionamento acadêmico ou ocupacional (n=5; 71,4%).
interpessoais ou foi alvo de fofocas (n=3; 42,9%). Além disso, quase metade
relatou (n=3; 42,9%) apenas níveis baixos a moderados de bullying.6 Dois
participantes relataram altos níveis de depressão, ideação suicida e lidar com
o álcool (níveis “muito” ou “extremos” ).
O impacto do assédio on-line baseado em gênero ou sexualidade
Quarenta e três participantes da pesquisa (13% da amostra) descreveram
uma experiência de assédio on-line com base em gênero ou sexualidade
como a mais impactante. Entre os 43 participantes, aproximadamente 60%
relataram níveis baixos a moderados de ansiedade (n=25), estresse (n=25),
depressão (n=27) e níveis interpessoais negativos (n=24) e acadêmicos ou
funcionamento ocupacional (n=24) na escala de impacto negativo.
Aproximadamente 45–50% indicaram níveis baixos a moderados de fofoca (n
= 19) ou intimidação.
4
Níveis “altos” representam níveis de sofrimento “muito” a “extremos”
selecionado no(s) item(s) relatado(s) da Escala de Impacto da Experiência TFSV.
5
“Níveis moderados a extremos” representam níveis de sofrimento “moderado”,
“muito” ou “extremo” selecionados no(s) item(s) relatado(s) da Escala de Impacto
da Experiência TFSV.
6
Níveis baixos a moderados referem-se a níveis “leves” ou “moderados” de desconforto.
ênfase no(s) item(s) relatado(s) da Escala de Impacto da Experiência TFSV.
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1616 Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624

( n =22). Um subconjunto relativamente menor indicou altos níveis de Tabela 5 Assédio sexual online e itens específicos de impacto negativo por gênero

estresse (n=15; 34,9%), ansiedade (n=14; 32,6%), depressão (n=8;

18,6%), fofoca (n=7; 16,3%), bullying ( n=12; 27,9%), ideação suicida Homens Mulheres

(n = 4 ou 9,3%), impactos interpessoais negativos (n=10; 23,3%) e M (SE) M (SE)

enfrentamento do álcool (n=3; 7%).
Itens de impacto negativo
Estresse 2,00 (0,13) 2,16 (0,09)
O Impacto do Assédio Sexual Online Três quartos dos participantes
Ansiedade 1,99 (0,13) 2,08 (0,09)
(n=252) descreveram uma experiência de assédio sexual online como
Problemas de relacionamento 1,67 (0,15) 1,43 (0,10)
a mais impactante, três dos quais foram entrevistados. Mais da metade
fofoca 1,29 (0,13) 0,81 (0,09)
dos participantes deste grupo relataram níveis baixos a moderados
Problemas de trabalho 1,16 (0,13) 0,98 (0,09)
de estresse (n=140; 55,6%) e ansiedade (n=137; 54,4%). Mais de 40%
Depressão 1,06 (0,14) 1,15 (0,10)
dos participantes deste grupo relataram níveis de depressão baixos a
Lidando com álcool 0,90 (0,11) 0,52 (0,08)
moderados (n=101; 40,1%) e impactos negativos nas relações
Intimidado 0,87 (0,13) 0,92 (0,09)
interpessoais (n=114; 45,2%) e/ou acadêmicas ou ocupacionais
Pensamentos suicidas 0,46 (0,11) 0,44 (0,08)
(n=109; 43,3). %) domínios da vida. Além disso, mais de 30% indicaram
altos níveis de estresse (n=89; 35,3%) e ansiedade (n=90; 35,7%). Um Os subscritos denotam diferenças de grupo significativas (pÿ0,006) no item de impacto negativo

subconjunto comparativamente menor indicou níveis elevados (“muito”

ou “extremos”) de depressão ( n=41; 16,3%), fofoca (n=37; 14,7%),
bullying (n=29; 11,5%), ideias suicidas. (n=18 ou 7,1%), impactos
interpessoais negativos ( n=64; 25,4%) e enfrentamento do álcool
(n=19; 7,5%). A maioria deste grupo de TFSV não apresentou ideação
suicida (n=198; 78,6%) ou consumo problemático de álcool (n=163;
64,7%).
Apenas seis participantes (2,0%) indicaram níveis elevados de ideação
suicida e dezenove participantes (7,5%) indicaram níveis elevados de
consumo de álcool como mecanismo de enfrentamento.7
QP2: A violência sexual facilitada pela tecnologia é
um dano baseado no género?
Níveis de sofrimento e tipos de impactos psicológicos Para
pontuações cumulativas de sofrimento, não foram encontradas
diferenças entre mulheres e homens dentro de cada vitimização de TFSV. relacionamento. O modelo não foi significativo (p=0,69); mulheres (M =
subtipo de ação. Tentamos uma análise de componentes principais
Assim, para testar ainda mais se itens específicos da escala de
sofrimento diferiam entre mulheres e homens dentro de cada TFSV
tipo, uma série de ANOVAs exploratórias foram calculadas para avaliar
variações de gênero em cada item de impacto (por exemplo,
depressão, ansiedade, estresse). Entre as vítimas de assédio sexual
online, os homens eram mais propensos a relatar terem sido sujeitos a
fofocas, F(1, 250)=8,76, p=0,003, ÿ2 p=0,03, e a usar álcool com mais
frequência para lidar com a sua experiência, F(1, 250)=7,65, p=0,006,
ÿ2 p=0,03 (ver Tabela 5). Nenhuma outra diferença significativa de
gênero foi encontrada.
Além disso, exploramos se as mulheres experimentaram mais tipos
de TFSV do que os homens, usando uma regressão de Poisson para
prever o número de diferentes eventos de TFSV por gênero, após
controlar as diferenças de idade, orientação sexual e status de
2,05; EP = 0,10; IC 95%, 1,86 a 2,25) e homens (M = 1,98; EP = 0,13;

(PCA) como técnica de redução de dados para reduzir o número de IC 95%, 1,74–2,25) experimentaram, em média, dois tipos de eventos
itens na Escala de Impacto da Experiência TFSV de 9 itens. Uma de TFSV.
rotação direta do Oblimin com autovalores definidos em um foi
utilizada - a matriz de componentes girados indicou uma solução de
um fator (consulte materiais suplementares on-line). Assim, cada item Resultados Qualitativos: RQ3
foi avaliado separadamente por meio de uma série de ANOVAs com
alfa corrigido de Bonferroni de pÿ0,006. Entrevistas e respostas abertas à pesquisa:
As experiências emocionais,
psicológicas e sociais vividas por
indivíduos após um evento de violência sexual facilitado pela tec
7
Realizamos análises exploratórias complementares que mostraram que, para as vítimas de
assédio sexual online, a vitimização perpetrada por um parceiro estava relacionada com taxas Os resultados qualitativos discutidos abaixo são ilustrativos de alguns
mais elevadas de sofrimento psicológico. Uma ANOVA exploratória e um teste post hoc dos principais temas descobertos em cada tipo de experiência de
determinaram se as pontuações do impacto das vítimas variavam devido a quem perpetrou a
vitimização do TFSV. Também está incluída uma análise das
vitimização por assédio sexual online. Foi encontrada uma diferença significativa, F(2, 249)=9,46,
proporções de respostas que se alinham com os temas encontrados
p=0,001, ÿ2p=0,07. O assédio sexual online perpetrado por um parceiro foi associado a taxas de
angústia significativamente mais elevadas (M=16,61; SE=1,77) em comparação com vitimizações para cada tipo de TFSV.
perpetradas por um estranho (M=9,09; SE=0,68) ou outro indivíduo (M=11,75). ; SE = 0,72).

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Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624
O impacto do abuso sexual online baseado em imagens
Trinta e um participantes indicaram uma experiência de abuso sexual
online baseado em imagens como a mais impactante para o seu
funcionamento psicológico e social; três desses indivíduos foram
entrevistados. Os entrevistados relataram múltiplas formas de
vitimização devido ao evento TFSV, como conflito interpessoal ou
bullying, perda de controle sobre suas imagens, privacidade e
sexualidade, e medo de futura revitimização. Estes temas foram
ecoados nas respostas abertas da pesquisa de outros participantes
deste grupo TFSV. No geral, a proporção de respostas (entrevistas e
pesquisas abertas) que se enquadraram em cada tema foi a seguinte:
conflito interpessoal ou bullying (n = 19; 61,3%), perda de controle
sobre suas imagens, privacidade e sexualidade (n =10; 32,3%) e medo
de futura revitimização (n=12; 38,7%).
Os três entrevistados descreveram as seguintes experiências:
imagens íntimas deles foram dispersadas e/ou tiradas sem
consentimento, foram traídos por amigo(s), conhecido(s) ou ex-parceiro
romântico e foram alvo de violência. bullying/rumores ou assédio
subsequentes.
Os dados agregados revelaram que os parceiros perpetraram com
mais frequência abuso sexual online baseado em imagens (ver
materiais suplementares online), mas numa entrevista, a Participante
10 (mulher; 14 anos no evento TFSV) relatou um incidente quando as
suas fotografias íntimas foram publicadas online por um estranho :
Alguém [um estranho]8 pegou meu telefone e encontrou fotos
íntimas. Esse cara os enviou para todos os seus amigos e
rapidamente chegou a todos na minha escola. Alguns dias
depois, um amigo me ligou para dizer que tinha visto minhas
fotos online. Alguém acabou colocando uma de minhas fotos
como papel de parede em todos os computadores da escola;
Acho que algumas pessoas também os estavam vendendo. Eu
conhecia amigos meus que os tinham e os estavam distribuindo.
Eles me traíram. Fui assediado e intimidado cibernéticamente
no Facebook e chamado de 'prostituta' por um monte de gente
de outras escolas... Meses depois, eu ainda recebia ligações de
pessoas que não conhecia. Dizendo-me, você é uma vagabunda,
deveria se matar. Fiquei muito deprimido por cerca de um ano
após o incidente e sempre fico com medo de que alguém do
meu passado publique essas imagens ou as envie para alguém
que conheço ou para um empregador.
Da mesma forma, o Participante 12 (homem; 23 anos no evento
TFSV) e o Participante 119 (mulher; 21 anos no evento TFSV) sentiram
falta de controle e temeram vitimização futura. O participante 12 relatou
durante a entrevista: “eles [sua ex-namorada e seus amigos]
continuaram postando meus nus em todos os lugares e apenas me
assediaram.
8 evento TFSV) e o Participante 288 (mulher; 16 anos no evento TFSV) experimentaram
Isso foi esclarecido posteriormente na entrevista.
1617
os nus. Ela tentou arruinar minha vida; Eu não conseguia entender por
que alguém iria tão longe." Curiosamente, entre essas três experiências
relembradas pelos entrevistados, uma cascata de vitimizações/
traições ocorreu independentemente de quem perpetrou o abuso online
baseado em imagens (ou seja, estranho versus ex-parceiro). .
O impacto da agressão ou coerção sexual online
Dos sete participantes que relataram experiência com agressão ou
coerção sexual online como mais impactante, um foi entrevistado. Dois
subtipos de agressão/coerção sexual emergiram das respostas abertas;
subtipos são apresentados em materiais suplementares.
No geral, três temas de impacto distintos emergiram das respostas
da pesquisa aberta e das transcrições das entrevistas, que incluíam
ansiedade (n=4; 57,1%), constrangimento (n=3; 42,9%) e esforços
para recuperar o controle sobre suas vidas por meio de comportamentos
comportamentais. mudanças, como condições de moradia, emprego
ou evitar determinadas plataformas online (n=5; 71,4%).
Embora os dados quantitativos agregados sugiram um padrão geral
de taxas de sofrimento mais elevadas (M=20,23; ver Tabela 4) e os
temas qualitativos indiquem um padrão semelhante, o único
entrevistado notou impactos contrastantes. Por exemplo, o Participante
123 (homem; 23 anos de idade no evento TFSV) relatou níveis baixos
de todos os tipos de impactos negativos, exceto níveis moderados de
funcionamento ocupacional negativo nas respostas da pesquisa. Ele
descreveu ainda a sua experiência com agressão e coerção sexual
online durante a nossa entrevista, afirmando que o incidente foi
principalmente ou “apenas” embaraçoso:
Eu estava usando um aplicativo de namoro… Combinei com
uma garota e então ela me mandou mensagens… Ela me
convidou para um encontro. Mas antes ela estava tipo... vamos
fazer Skype juntos... Assim que nos conectamos no Skype, ela
já estava nua. Então ela me mandou uma mensagem. "Ok.
Próxima é a sua vez." E então eu pensei "Não, eu não quero."
Mas também me senti muito mal. Tipo, eu a fiz fazer isso? Ou
alguma coisa? Então tirei as calças e fui para a frente da câmera.
Assim que tirei minhas calças, ela tirou um vídeo ou uma foto
minha. Ela disse me mande dinheiro ou enviarei o vídeo para
seus amigos e familiares. Eu surtei. Eu não dei dinheiro a ela.
Ela também me enviou fotos dos meus amigos no Facebook.
Foi muito, muito constrangedor... só me envergonhou. Então,
não há mais aplicativos.
Em contraste, a Participante 125 da pesquisa (mulher; 23 anos no
evento TFSV) escreveu que "um ex-namorado filmou um encontro
sexual que tivemos sem o meu consentimento quando eu estava
bêbado. Ele o guardou e pendurou na minha cabeça anos depois. A
experiência provavelmente me tornou mais dominante sexualmente.
Quero assumir o controle de meus encontros sexuais para evitar
eventos futuros como esse. O Participante 291 (mulher; 24 anos no
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1618 Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624

eventos semelhantes de TFSV. A participante 291 afirmou que devido ao bastante abalado com esta experiência e acabei restringindo minha
grande constrangimento, ela finalmente decidiu largar o emprego e se mudar. participação naquele quadro de mensagens…. Tenho sido muito menos
A participante 288 afirmou que “desenvolveu ansiedade e paranóia graves”. aberto sobre minha vida online e parei de transmitir qualquer tipo de
informação pessoal sobre mim para o éter cibernético.

O impacto do gênero on-line ou baseado na sexualidade

No geral, os participantes mencionaram vários tipos diferentes de reações,
Assédio
como encerrar contas online, alterar configurações de privacidade ou estar
mais atentos ao que divulgam online ou a quem concordam em adicionar às
Quarenta e três participantes do inquérito, três dos quais concordaram em ser
suas contas de redes sociais.
entrevistados, descreveram uma experiência de assédio online com base no
género ou na sexualidade como a mais impactante. Dois tipos diferentes de
O impacto do assédio sexual online
experiências de assédio online baseadas no género ou na sexualidade
emergiram do segmento aberto do inquérito (ver materiais suplementares).
Três quartos dos participantes descreveram uma experiência de assédio sexual
Dois temas centrais que emergiram deste tipo de TFSV foram os participantes
online como a mais impactante, três dos quais foram entrevistados. Surgiram
que mudaram o seu comportamento online (n=20; 46,5%) e foram mais
sete subtipos diferentes de assédio sexual online (ver materiais suplementares),
cautelosos e menos confiantes nas outras pessoas online devido à sua
embora a maioria dos indivíduos tenha recebido imagens/comentários
vitimização (n=19; 44,1%).9 Por exemplo , numa entrevista, a Participante 308
sexualmente explícitos indesejados (n=145) ou repetidos pedidos sexuais
(mulher; 43 anos no evento TFSV) detalhou a sua experiência com assédio
indesejados (n=41). Três temas principais emergentes deste tipo de TFSV
online baseado no género:
foram sentimentos de repulsa (n=135; 53,6%), baixa autoestima (n=81; 32,1%)
e baixa confiança (n=95; 37,7%). Em entrevista, a Participante 3 (mulher;
Logo após a apresentação da minha banda, recebi vários pedidos de idade do evento TFSV=28) expressou como o TFSV afetou sua autoestima e
amizade no Facebook... um homem começou a me enviar mensagens,
me fazendo perguntas estranhas, como se eu fosse casado... Eu disse
que sim, perguntei onde ele me conheceu desde então. obviamente confiar:

não era do show, e ele disse que só queria me conhecer. Então ele
Acho que o que teve maior efeito foi o número cumulativo de fotos de
começa a inventar todas essas insinuações e a dizer coisas horríveis
pau não solicitadas que recebi. Cada vez que isso me faz sentir como
sobre que tipo de “vagabunda” e outros termos sexualizados piores que
se fosse apenas um pedaço de carne, e acredito que isso afetou minha
eu devo ser por ser uma mulher casada que aceitou um pedido de
autoestima ao longo do tempo. Especialmente quando recebi um de
amizade de outro homem no Facebook, tentando me degradar e me
um cara que honestamente considerava um melhor amigo e irmão.
humilhar. Eu senti como se ele estivesse tentando me fazer sentir tão
Achei que devia haver algo errado comigo se meus amigos me viam
mal comigo mesmo que eu concordaria com qualquer coisa sexual que
apenas como um objeto sexual. Diminuiu minha auto-estima e minha
ele quisesse que eu fizesse a seguir. Eu o bloqueei, mas isso me deixou
confiança nos homens em geral.
muito cauteloso em minhas interações online com homens que não
conheço pessoalmente.
A necessidade de autoproteção (ou seja, desconfiar e manter os outros à
distância) foi outro tema proeminente que surgiu entre os participantes que
fizeram com que os seus parceiros monitorizassem a sua atividade/localização
Da mesma forma, o Participante 301 (homem; 26 anos no evento TFSV)
online ou obtivessem acesso às suas contas online. A participante 64 (mulher;
relatou sentir-se muito ansioso e estressado; ele consumiu álcool para lidar
25 anos no evento TFSV) detalhou em sua entrevista como seu parceiro obteve
com o incidente em que recebeu mensagens degradantes e ameaçadoras
acesso à sua conta online para monitorar suas atividades e como a experiência
sobre sua orientação bissexual.
a levou a aumentar a autoproteção:
Ele também expressou durante nossa entrevista que agora está mais cauteloso
online:

Eu morava em [redigido] na época e meu parceiro morava em [redigido].

Eu participei de um fórum na Internet [sobre] questões LGBTQ+, mas
Ouvi meu e-mail desaparecer. Então, eu ia dar uma olhada e tipo, ah,
em um tópico entramos em um debate sobre bissexualidade e outro
você tem um login no Facebook de um novo local. Sou como se meu
usuário começou a me enviar mensagens ameaçadoras que incluíam
parceiro morasse em [redigido].
intenções de descobrir minha verdadeira identidade e publicar as
Liguei para ela naquele momento. Ela tentou negar no início, mas eu
informações no rede. Eu era
literalmente acabei de receber uma notificação no meu e-mail de que
alguém [redigido] fez login. Então, se não era ela que estava entrando
no Facebook, era ela que estava entrando meu telefone e verificando
9 minhas mensagens de texto ou meus e-mails.
Dois temas menos comuns foram ruminação (n=5; 11,6%) e sentimentos
situações de constrangimento (n=3; 7%). Isso criou esse ar de desconfiança em nosso relacionamento. Eu penso

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Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624 1619

que lidei com essa experiência por falta de confiança em potenciais taxas mais elevadas de angústia e consequências negativas para a vida do
parceiros de namoro. que as vítimas de outras formas de TFSV.

No geral, a repulsa, a baixa autoestima e os problemas de confiança nas

Agressão/coerção sexual online
pessoas permearam as histórias de indivíduos que sofreram assédio sexual
online. Esses temas foram expressos durante suas entrevistas e em suas
Quase todas as vítimas de agressão/coerção sexual online experimentaram
entrevistas abertas.
elevados níveis de ansiedade e stress e quase metade disse que a sua
respostas da pesquisa.
experiência resultou em grandes problemas de relacionamento ou agressão
relacional (ou seja, alvo de fofocas). Estudos existentes sobre os impactos
psicológicos da agressão sexual online/
Discussão
a coerção revela resultados mistos; O estudo quantitativo de Howard (2019)
usando um desenho de pesquisa transversal com 27 entrevistados não indicou
No presente estudo, utilizamos uma abordagem sequencial de métodos
nenhuma ligação entre sextorção (ou seja, um tipo de agressão ou coerção
mistos, incluindo uma pesquisa on-line de métodos mistos e entrevistas de
sexual online) e sofrimento psicológico ou problemas de autoestima, embora o
acompanhamento para capturar as experiências dos participantes sobre a
autor tenha notado uma falta de dados estatísticos. poder contribuindo para os
vitimização do TFSV e os impactos psicológicos subsequentes.
resultados nulos. O efeito oposto foi encontrado num estudo qualitativo de três
Aqui, resumimos nossas descobertas por subgrupo do TFSV, integrando
casos de sextorção; pesquisadores descobriram uma relação entre sextorção,
nossos resultados quantitativos e qualitativos para contextualizar as
medo, desamparo, desesperança, vergonha, humilhação, autoculpa, sofrimento
experiências vividas pelos participantes.
psicológico e vários precursores cognitivos, psicológicos e comportamentais
do comportamento suicida (por exemplo, ideação suicida, depressão e
Abuso sexual online baseado em imagens
automutilação; Nilsson e outros, 2019). Nossas descobertas apoiam a noção
de que experiências de agressão/coerção sexual online estão associadas a
Nossos resultados quantitativos mostraram níveis semelhantes de sofrimento
resultados psicológicos negativos.
psicológico entre vítimas de abuso online baseado em imagens e vítimas de
agressão/coerção sexual online, que foram aumentados em relação ao
sofrimento experimentado por vítimas de assédio sexual online ou assédio
Nossos resultados qualitativos revelaram uma combinação de reações
online baseado em gênero/sexualidade . Uma grande proporção (~70-81%)
variadas a experiências com agressão/coerção sexual online, o que pode
das vítimas de abuso online baseado em imagens apresentava elevados níveis
fornecer poder explicativo para as descobertas mistas em pesquisas anteriores.
de stress e ansiedade e eram alvo de bullying ou fofocas graves. Mais de
Alguns indivíduos experimentaram sentimentos transitórios de constrangimento
metade (~55-61%) apresentou níveis elevados de depressão e problemas
sem impacto duradouro, enquanto outros experimentaram sentimentos
interpessoais devido à sua experiência, e quase metade teve pensamentos
sustentados de constrangimento e ansiedade, bem como se envolveram em
suicidas e lidou com a sua angústia através do consumo de álcool. Em linha
esforços para recuperar o controlo sobre as suas vidas. Estas reações mistas
com as descobertas atuais, estudos quantitativos (Ruvalcaba & Eaton, 2020)
podem ser devidas a diferenças na gravidade do evento TFSV e na relação
e qualitativos (Bates, 2017) anteriores encontraram uma relação significativa
vítima-agressor. Por exemplo, os danos negativos associados à vitimização
entre o assédio sexual baseado em imagem (chamado de “pornografia não
por TFSV para as três mulheres participantes neste subgrupo foram mais
consensual” em Ruvalcaba & Eaton, 2020; ou 'pornografia de vingança' em
significativos do que para o participante masculino deste subgrupo. Estas
Bates, 2017) e sintomas de ansiedade, depressão, estresse somático e pós-
mulheres indicaram altos níveis de estresse e ansiedade, e todas foram
traumático. Também foram observadas ligações entre esta forma de vitimização
sujeitas a fofocas relacionadas à sua experiência no TFSV. Porém, em
e o enfrentamento através da automedicação (ver Bates, 2017).
comparação, o homem experimentou menos sofrimento e impactos negativos.

Embora estas conclusões possam ser tomadas para apoiar a perspectiva

Nossos resultados qualitativos (ou seja, entrevistas e respostas de
actualmente dominante do TFSV – que o TFSV é um dano baseado no género
pesquisas abertas) oferecem uma contextualização do motivo pelo qual as
contra as mulheres – esta interpretação não considera as complexidades do
vítimas de abuso online baseado em imagens sofrem maior sofrimento do que
contexto da situação do TFSV em
as vítimas de outros tipos de TFSV no presente trabalho; encontramos vários
esta amostra. Enquanto o nosso participante do sexo masculino teve uma
pontos em comum entre as experiências vividas pelos participantes com abuso
experiência com um estranho que gravou um vídeo dos seus órgãos genitais,
online baseado em imagens em respostas abertas e em entrevistas. Os
mas nunca publicou ou divulgou o conteúdo, as participantes do sexo feminino
participantes foram expostos a vários tipos de vitimização por parte de vários
tiveram experiências com parceiros íntimos que gravaram vídeos não
indivíduos, sentiram uma perda de controlo sobre a sua privacidade e
consensuais dos seus encontros sexuais e depois procederam à distribuição. /
sexualidade e temeram uma futura revitimização. Estas múltiplas vitimizações
ameaça distribuir o conteúdo explícito por um período prolongado. É provável
por múltiplos perpetradores podem explicar por que as vítimas de abuso online
que, para além do género da vítima, estas diferenças na gravidade do evento
baseado em imagens denunciam
TFSV e na relação vítima-agressor

13
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1620
relacionamento pode afetar o funcionamento social, psicológico ou
ocupacional da vítima.
Na verdade, as relações vítima-agressor podem influenciar
significativamente o nível de trauma vivenciado pela vítima; vítimas de
agressões sexuais no contexto de relacionamentos íntimos podem sofrer
consequências mais negativas do que aquelas que estão menos
envolvidas interpessoalmente com o agressor (ou seja, um estranho ou
um conhecido; Culbertson & Dehle, 2001; Ullman & Siegel, 1993), talvez
devido a uma maior probabilidade de vitimizações múltiplas (ver Russell,
1990). Diferenças no contexto de relacionamento dos eventos de TFSV e
na gravidade do incidente podem explicar as experiências variadas dos
participantes do presente trabalho. Alternativamente, alguns sugerem que
os homens podem precisar de experimentar formas “mais duras” de
violência sexual para serem impactados negativamente pela experiência.
Isto foi atribuído às normas de sexualidade para os homens (isto é,
sempre querendo sexo, prontos para o sexo ou em estado de excitação
sexual) como mitigadoras do impacto da atividade sexual indesejada.
Como tal, os homens podem considerar as experiências de vitimização
como neutras, inconsequentes ou satisfatórias (ver Muehlenhard, 1998).
A investigação futura deverá ter como objectivo examinar mais
aprofundadamente as experiências de vitimização do TFSV dos homens
para melhor compreender os factores contextuais e o impacto das
normas de masculinidade nos resultados psicossociais dos homens.
Assédio Online Baseado em Gênero ou Sexualidade
Mais de metade das vítimas online de género ou sexualidade relataram
níveis mais baixos de ansiedade, stress, depressão e funcionamento
interpessoal e académico ou ocupacional negativo em relação a outros
grupos de vitimização. Apenas uma pequena proporção de vítimas de
assédio online com base no género ou na sexualidade relatou elevados
níveis de stress, ansiedade, depressão, mexericos, intimidação, ideação
suicida, impactos interpessoais negativos e capacidade de lidar com o
álcool. Os nossos dados qualitativos revelaram que a maioria dos
participantes que experimentaram estas formas de TFSV disseram que
mudaram o seu comportamento online e tornaram-se mais cautelosos ou
menos confiantes nos outros.
Uma pesquisa recente revelou que cerca de 40% dos indivíduos
assediados online afirmaram que responderam ao assédio confrontando
ou bloqueando o(s) seu(s) assediador(es) (Duggan, 2017), corroborando
o fenômeno aqui observado, segundo o qual os indivíduos mudaram seu
próprio comportamento após vitimização. O facto de a maioria dos
participantes neste subgrupo ter relatado níveis relativamente baixos de
sofrimento relacionados com a sua vitimização está alinhado com
pesquisas anteriores que sugerem que apenas um terço dos americanos
que sofreram assédio online também relataram stress mental e emocional
como resultado (Duggan, 2017 ). . Particularmente preocupante, no
entanto, é o facto de os indivíduos pertencentes a minorias sexuais
serem particularmente propensos a sofrer assédio online, bem como
danos à reputação associados a este assédio (Lenhart et al., 2016). O
assédio online baseado no género e na sexualidade pode aumentar os
factores de stress social e estrutural enfrentados
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Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624
para indivíduos LGBTQ+ e outras minorias (ou seja, stress minoritário;
por exemplo, Frost et al., 2015; Matsick et al., 2020; Meyer, 2003),
agravando sentimentos de exclusão e estigma. A investigação futura
deverá, portanto, ter como objectivo examinar especificamente esta forma
de TFSV entre indivíduos com identidades sexuais e de género
marginalizadas.
Assédio sexual on-line
Um terço das vítimas de assédio sexual online indicou elevados níveis de
stress e ansiedade. Apenas uma minoria relatou elevados níveis de
depressão, agressão relacional, pensamentos suicidas, impactos
interpessoais negativos e capacidade de lidar com o álcool. Nas
entrevistas, as vítimas de assédio sexual online expressaram
principalmente sentimentos de repulsa, redução da auto-estima e
confiança nos outros depois de receberem imagens genitais ou propostas
sexuais não solicitadas ou de terem sido monitorizadas pelo parceiro.
Pesquisas anteriores revelaram consistentemente uma correlação positiva
entre o monitoramento cibernético do parceiro e emoções negativas no
relacionamento, como ciúme, desconfiança (Utz et al., 2015) e hostilidade
(Cohen et al., 2014). As experiências traumáticas e, por extensão, a
vitimização por TFSV, podem levar a uma profunda desconfiança nos
outros, especialmente quando o trauma é infligido por um indivíduo que
se presume ser confiável, como um parceiro romântico. Portanto, uma
diminuição na confiança pode funcionar como uma estratégia de
autopreservação para evitar ser vulnerável a futuras vitimizações (Taft et
al., 2016).
Os estudiosos sugeriram que o assédio sexual online é de género,
uma vez que as mulheres são mais propensas a sofrer esta forma de
abuso do que os homens. Na verdade, alguns estudos sugerem que as
mulheres que são assediadas online têm maior probabilidade de
compreender estas experiências como sendo muito ou extremamente
perturbadoras do que os homens (Vogel, 2021), embora outros estudos
tenham revelado pequenas ou nenhumas diferenças de género nos
impactos emocionais negativos (ver Duncan et. al., 2019; Kaltiala-Heino
et al., 2016). As nossas descobertas quantitativas apoiam a teorização
das semelhanças de género nestes impactos: as mulheres sofreram mais
assédio sexual online do que os homens, mas não experimentaram mais
impactos emocionais negativos associados a estes eventos.
A violência sexual facilitada pela tecnologia
é um dano baseado no género?
O TFSV tem sido amplamente situado como um dano baseado no género
na literatura existente; teoriza-se que as mulheres são vítimas
desproporcionalmente de TFSV em comparação com os homens, e que
os impactos negativos associados ao TFSV são de gênero, de modo que
as mulheres sofrem maiores danos associados ao TFSV (ver Bates, 2015;
Henry & Powell, 2015; Powell & Henrique, 2016). Corroborando esta
teorização, o estudo de Powell e Henry (2016) revelou que as mulheres
relataram taxas significativamente mais altas de sofrimento emocional
associadas à vitimização por TFSV do que os homens.
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Arquivos de Comportamento Sexual (2022) 51:1607–1624
A presente investigação sugeriu resultados contrários quando foram avaliados
os escores cumulativos de sofrimento; mulheres e homens não diferiram
significativamente nos níveis de impactos negativos associados à vitimização por
TFSV em geral, mesmo depois de considerar formas distintas de vitimização por
TFSV. Quando os itens de impacto negativo foram avaliados separadamente,
entre as vítimas de assédio sexual online, os homens indicaram experimentar
mais agressão relacional (ou seja, fofocas) e enfrentamento desadaptativo (ou
seja, consumo de álcool) do que as mulheres – talvez devido à gravidade da
vitimização e à influência da vítima. relação do perpetrador, conforme explicado
acima. Contudo, na maioria das análises, não conseguimos encontrar evidências
de diferenças de género. Descobrimos que tanto as mulheres como os homens
na presente investigação têm maior probabilidade de sofrer assédio sexual
online do que outras formas de TFSV, e que mulheres e homens não diferiram
no número de tipos de TFSV experienciados. Além disso, as nossas respostas
qualitativas às entrevistas de mulheres e homens vítimas de abuso online
baseado em imagens revelaram sentimentos semelhantes, tais como sentimentos
de estar fora de controlo e medo de futura vitimização.
Da mesma forma, as vítimas – tanto mulheres como homens – de assédio online
baseado no género ou na sexualidade experimentaram stress e ansiedade
devido à sua vitimização, e as vítimas de assédio sexual online experimentaram
problemas de repulsa, auto-estima e confiança.
As nossas descobertas indicam a necessidade de avaliar uma série de
emoções negativas e consequências da vitimização, tais como stress, consumo
problemático de álcool, funcionamento académico, ocupacional e/ou interpessoal
negativo, para avaliar com precisão as diferenças de género nos resultados
relacionados com o trauma. No entanto, sugerimos que uma direção mais
frutífera para pesquisas futuras pode ser avaliar as semelhanças de género, em
vez das diferenças de género (ver também Cole, 2009; Matsick et al., 2021;
Wyer, 2018).
Na verdade, os resultados de uma revisão de 46 meta-análises demonstraram
a importância da hipótese das semelhanças de género como uma alternativa ao
modelo de diferenças dominantes em sub-regiões.
resultados psicológicos permanentes (por exemplo, autoestima, enfrentamento
e sintomas depressivos; Hyde, 2005). O presente trabalho fornece evidências
preliminares para desafiar a teoria predominante baseada no género (ou seja, o
modelo das diferenças) e destaca a importância de considerar perspectivas/
quadros teóricos alternativos no contexto da investigação sobre vitimização do
TFSV.
Limitações
O estudo atual não está isento de limitações. Sendo um dos primeiros estudos
exploratórios de métodos mistos do TFSV, os impactos negativos e temas
associados a diferentes tipos de vitimização sexual online não foram demonstrados/
corroborados em pesquisas anteriores usando uma amostra de gênero misto.
O objectivo da presente investigação foi expandir a literatura actual, utilizando
uma abordagem de métodos mistos para reunir uma compreensão mais
abrangente e inclusiva dos impactos negativos da vitimização por TFSV na
perspectiva de mulheres e homens. Embora a presente investigação tenha
utilizado uma extensa definição operacional de TFSV e uma
1621
ampla gama de variáveis de resultados negativos, as perguntas da pesquisa e
da entrevista não continham itens específicos sobre a gravidade do conteúdo
online; uma minoria de indivíduos ofereceu um relato mais descritivo de sua
experiência no TFSV, incluindo a gravidade do conteúdo on-line (por exemplo,
vídeo/imagem de nudez ou semi-nudez), embora a maioria dos participantes não
o tenha feito.
A gravidade não pôde ser avaliada para cada participante ou dentro de cada
grupo de TFSV. Limitações paralelas também foram encontradas em pesquisas
anteriores (Powell & Henry, 2016). Estudos futuros devem considerar possíveis
diferenças na gravidade variável dos tipos de TFSV, tais como se as vítimas
tiveram uma imagem sua nua ou parcialmente nua distribuída sem o seu
consentimento e como isso pode influenciar a violação percebida pela vítima.
Além disso, dado que a nossa amostra total incluiu um grupo relativamente
homogéneo (por exemplo, principalmente participantes heterossexuais brancos
com alguma educação pós-secundária), pesquisas futuras devem procurar
estudar um grupo mais diversificado (por exemplo, indivíduos não-binários,
minorias sexuais e/ou étnicas) amostra de vítimas de TFSV para compreender
melhor como a orientação sexual, a etnia e outras dinâmicas pessoais (por
exemplo, problemas subjacentes de saúde mental, comportamento online e/ou
segurança da privacidade) moderam os impactos do TFSV. Embora não
tenhamos excluído indivíduos não binários do presente trabalho com base na
identidade de gênero, não tivemos nenhum indivíduo em nossa amostra que se
identificasse como tal. Além disso, nossas variáveis demográficas foram
insuficientes para capturar identidades trans, pois não incluímos especificamente
identificadores para pessoas trans-identificadas. O trabalho futuro deve dar
prioridade à inclusão e devem ser feitos esforços de recrutamento para amostrar
especificamente membros de grupos marginalizados.
Além disso, embora os presentes resultados revelem que mulheres e homens
foram vitimizados em taxas semelhantes e tiveram resultados psicológicos
semelhantes após experiências de TFSV, é possível que os perpetradores
cometam TFSV contra mulheres e homens por razões diferentes. Assim, embora
os resultados possam ser os mesmos entre géneros (embora a nossa afirmação
quanto a isto permaneça limitada dada a falta de diversidade de género na
presente amostra), os mecanismos de vitimização podem diferir. Por exemplo,
os homens podem ser mais propensos a ser alvo de sextorção devido aos seus
recursos financeiros, em média, mais elevados em relação às mulheres10; além
disso, de acordo com a teorização existente, as motivações baseadas no controlo
podem ser mais prevalentes nas vitimizações das mulheres. Estes diferentes
mecanismos de vitimização – que têm o potencial de resultar em resultados
semelhantes – beneficiariam de uma análise mais aprofundada. Em particular,
esta teorização aponta para a necessidade de compreender as perspectivas dos
perpetradores sobre a TFSV.
Além disso, estudos futuros devem ter como objetivo recrutar uma amostra
maior de vários tipos de TFSV, uma vez que as nossas análises estatísticas foram
10
Agradecemos a um revisor anônimo por levantar esse ponto.
13
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1622
limitado pelos nossos pequenos tamanhos de amostra, especificamente no grupo de
agressão/coerção sexual online; isso melhoraria a confiabilidade e a generalização
das descobertas. Além disso, estudos futuros devem adotar metodologia e análises
estatísticas que acomodem a não independência das observações, especialmente
para participantes que vivenciam mais de um tipo de TFSV. As medidas dos impactos
psicológicos devem ser estruturadas para acomodar múltiplas experiências de TFSV
ou tipos/subtipos concomitantes de TFSV. Com base nas conclusões deste estudo,
a Escala de Impacto da Experiência TFSV deve ser expandida para incluir
desconfiança, perda percebida de controle, constrangimento, medo de futura
revitimização e mudanças de comportamento online.
Finalmente, as experiências de vitimização por TFSV não são totalmente isoladas,
uma vez que subtipos de TFSV podem ocorrer simultaneamente durante um incidente.
Esta co-ocorrência foi particularmente evidente entre as vítimas de abuso online
baseado em imagens; pesquisas futuras devem considerar essas complexidades.
Conclusão
Investigações anteriores adotaram quase exclusivamente a perspectiva de que o
TFSV é um dano baseado no género e utilizaram metodologias exclusivamente
qualitativas (Bates, 2017) ou quantitativas (Powell & Henry, 2016) . Este estudo é o
primeiro a utilizar uma abordagem de métodos mistos para examinar uma ampla
gama de vitimizações e impactos do TFSV. No geral, os participantes experimentaram
ansiedade, estresse, depressão, perda de controle, desconfiança, múltiplas
vitimizações, mau funcionamento acadêmico/profissional, consumo problemático de
álcool, constrangimento e mudanças de comportamento online devido à vitimização
por TFSV. As vítimas de abuso sexual online baseado em imagens relataram taxas
mais elevadas de sofrimento e consequências negativas do que outras formas de
TFSV, o que pode ser devido a múltiplas vitimizações executadas por vários
perpetradores.
Além disso, as nossas descobertas apoiam a noção de que as experiências
psicológicas das mulheres e dos homens são mais semelhantes do que diferentes
(ver Hyde, 2005). Embora tenhamos encontrado pequenas diferenças para as vítimas
de assédio sexual online, com os homens mais propensos a relatar terem sido
sujeitos a fofocas e a consumirem álcool com mais frequência para lidar com a sua
experiência, não houve diferença nas pontuações cumulativas de sofrimento entre
mulheres e homens dentro do grupo. cada tipo de vitimização por TFSV. Além disso,
não encontramos diferenças no número de diferentes incidentes de TFSV ocorridos
entre mulheres e homens – ambos sofreram, em média, dois tipos de TFSV. As
nossas respostas qualitativas iluminaram temas e experiências semelhantes entre
mulheres e homens que sofreram abuso baseado em imagem, assédio online
baseado em género ou sexualidade e assédio sexual online.
Em suma, as nossas conclusões apoiam a conclusão de que o TFSV não é
exclusivamente um dano baseado no género, predominantemente utilizado para
atingir ou prejudicar as mulheres. Especificamente, as evidências deste estudo
sugerem que as experiências de TFSV são semelhantes para mulheres e
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homens para a maioria dos tipos de TFSV. Fica claro a partir dos temas qualitativos
que o TFSV é usado tanto contra mulheres como contra homens para exercer poder,
controlar ou humilhar as vítimas (por exemplo, os temas incluem vítimas que tentam
recuperar o controlo, constrangimento, medo de revitimização ou mudança de
comportamento online). .
Na verdade, mais pesquisas são necessárias para esclarecer essas descobertas.
O presente estudo demonstra o impacto negativo que a TFSV tem sobre as mulheres
e os homens e destaca a necessidade de uma maior sensibilização e de um maior
apoio a todas as vítimas das diversas formas de violência sexual incluídas sob a
égide da TFSV e não só.
Informações Complementares A versão online contém material complementar
disponível em https://doi.org/10.1007/s10508-021-02226-y.
Financiamento O(s) autor(es) não recebeu(m) nenhum apoio financeiro para a pesquisa,
autoria e/ou publicação deste artigo.
Conformidade com Padrões Éticos
Conflito de interesses O(s) autor(es) não declararam possíveis conflitos de interesse
com relação à pesquisa, autoria e/ou publicação deste artigo.
Aprovação Ética Todos os procedimentos realizados em estudos envolvendo
participantes humanos estavam de acordo com os padrões éticos do comitê de
pesquisa institucional e/ou nacional e com a Declaração de Helsinque de 1964 e suas
alterações posteriores ou padrões éticos comparáveis.
Consentimento informado O consentimento informado foi obtido de todos os
participantes individuais incluídos no estudo.
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