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Continuada a Distância
Imunonutrição
MÓDULO I
Tutora: Mirelle Lomar Viana
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na bibliografia consultada.
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SUMÁRIO
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1.0 Introdução
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Função de
barreira
intestinal
Imuno
nutrientes
Desta forma veremos detalhadamente, cada uma destas três áreas para posterior
entendimento de como os nutrientes específicos atuam. Serão ainda descritos conceitos
de imunomodulação e de forma geral, os principais imunonutrientes em estudo até o
presente momento.
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linfóides (linfócitos B, linfócitos T e natural killer) (figura 2). A célula progenitora mielóide
na medula óssea gera eritrócitos, plaquetas, neutrófilos, monócitos/macrófagos e células
dendríticas enquanto a célula progenitora linfóide gera células do tipo natural killer, células
T e células B. Para o desenvolvimento de células T, o precursor destas deve migrar ao
timo, aonde sofre a diferenciação em dois tipos distintos de células T, as células T helper
do tipo CD4+ e as do tipo CD8+. Dois tipos de células T helper são produzidas no timo, as
do tipo Th1, que ajudam as células CD8+ pré-citotóxicas a se diferenciarem em células
citotóxicas e as células Th2, que auxiliam as células B a se diferenciarem em plasmócitos
secretores de anticorpos.
O sistema imunológico inato é a nossa primeira linha de defesa contra organismos
invasores. Como demonstrado na figura 3, o sistema imunológico inato é constituído de
componentes celulares e barreiras físicas. Dentre os componentes celulares, estão os
fagócitos (monócitos e macrófagos), células dendríticas, granulócitos polimorfonucleares
(neutrófilos, eosinófilos, basófilos), mastócitos, células natural killer (NK), plaquetas e
fatores humorais incluindo o complemento, lisozimas, proteínas C-reativas e interferons.
As barreiras físicas são: a pele, camada celular endotelial no trato respiratório e
trato gastrintestinal, sendo as principais o tecido linfóide associado à mucosa – MALT e o
tecido linfóide associado ao intestino - GALT. Estas estruturas estão localizadas em áreas
de entrada de patógenos, tais como o trato respiratório, gastrointestinal e genitourinário. O
sistema resticuloendotelial é constituído principalmente de células fagocíticas que são
importantes em eliminar infecções (FIELD et al., 2000).
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Figura 2: Células do sistema imunológico (FIELD et al., 2000).
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Quando a infecção não pode ser completamente eliminada pela imunidade inata, a
resposta imunológica adaptativa é ativada para destruir agentes infecciosos (figura 4). O
sistema imunológico adaptativo (adquirido) consiste de linfócitos T, linfócitos B e fatores
humorais. Como visto na figura 2, a medula óssea é primariamente responsável pela
hematopoiese e linfopoiese, enquanto o timo é requerido para o desenvolvimento de
células T. O baço, os tecidos linfóides e os tecidos linfóides muco-associados nos tratos
respiratório, gastrintestinal, reprodutivo e outros órgãos, são tecidos linfóides secundários.
Como cada linfócito carrega receptores de superfície para um único antígeno, a resposta
imunológica adquirida é altamente específica. Este sistema se torna efetivo, dias após o
estímulo inicial e possui memória imunológica.
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Figura 5: Ação dos linfócitos B (LIN et al., 2007).
2.1 Citocinas
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As células Th1 produzem principalmente a IL (interleucina)-2, TNF (fator de
necrose tumoral)-alfa e INF (interferon)-gama, os quais geralmente são responsáveis pela
resposta imunológica mediada por células.
IL-2:
TNF-alfa:
INF-gama:
• Secretado por quase todas as células T CD8+, por algumas células T CD4 e por
células NK;
• Potente ativador de macrófagos;
• Ativa neutrófilos, células NK e células endoteliais vasculares.
As células Th2, por sua vez, são responsáveis pela produção de IL-4, IL-5, IL-10 e
IL-13, que desencadeiam a resposta imunológica humoral. O balanço entre essas duas
respostas pode explicar como o sistema imunológico responde adequadamente a uma
infecção (FIELD et al., 2000).
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IL-4:
IL-5:
IL-10:
IL-13:
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- Hormônios do estresse: epinefrina, glucagon e cortisol que possuem efeitos
imunossupressivos sobre o sistema imunológico;
- Óxido nítrico: gás solúvel produzido por células endoteliais, macrófagos e alguns
neurônios no cérebro. Como a sua meia vida é de apenas alguns segundos, age somente
próximo aos locais onde é produzido.
Promove:
- Relaxamento da musculatura lisa;
- Vasodilatação;
- Redução da agregação plaquetária;
- Ação citotóxica para determinados microorganismos.
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Figura 6: Ações do óxido nítrico (NO) sob a mucosa intestinal (WIEST & RATH, 2003).
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verificada considerando-se a grande concentração bacteriana no lúmen intestinal, que
corresponde a 1012 organismos/mL de fezes no ceco, enquanto linfonodos mesentéricos,
sangue portal e outros tecidos, são geralmente mantidos estéreis (GATT et al., 2007).
Mecanismos físicos: a arquitetura especializada do epitélio intestinal forma uma
barreira contra a penetração de microorganismos. Para isso, dois componentes são
essenciais: as microvilosidades da borda em escova e as junções do tipo tight. Mucinas
também interagem com polissacarídeos da superfície celular de bactérias, que ficam
envolvidas no fluxo mucoso, sendo então eliminadas através do peristaltismo.
Mecanismos imunológicos: o sistema imunológico da mucosa intestinal é composto
pela IgA secretória, linfócitos intra mucosos, placas de Peyer e linfonodos mesentéricos. É
denominado GALT.
A defesa do hospedeiro requer uma interpretação acurada do micro ambiente, a fim
de distinguir microorganismos comensais dos patógenos e regular as respostas
subseqüentes. A superfície dos enterócitos secreta mediadores imunológicos em resposta
a antígenos, são eles: peptídeos antibacterianos, imunoglobulina A (IgA) e quimiocinas. A
detecção imunológica de conteúdos intestinais requer a amostragem de antígenos através
de células M especializadas e a apresentação por células apresentadoras de antígenos
que incluem células dendríticas e macrófagos (Figura 7). Ao serem apresentadas a aos
linfócitos T indiferenciados, a resposta imunológica pode seguir as vias de citocinas
produzidas por células do tipo Th1 e Th2 (O’HARA & SHANAHAN, 2006; SHANAHAN,
2002).
Enquanto as células do tipo Th1 secretam as citocinas interferon-gama (INF-γ) e
fator de necrose tumoral (TNF), que estimulam a resposta pró-inflamatória, as células do
tipo Th2 secretam interleucina-4 (IL-4), IL-5, IL-9 e IL-13 e algumas delas como IL-10 e IL-
4, por exemplo, induzem a resposta anti-inflamatória. No indivíduo saudável, a mucosa
intestinal se encontra em um estado inflamatório controlado, uma vez há uma regulação
destas respostas (NEURATH et al., 2002; SHANAHAN, 2002).
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Muco
Flora intestinal
Células Célula M
epiteliais
intestinais
Células Células
dendríticas apresentadoras de
antígeno
Células T efetoras Th1/Th2
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Tem sido proposto que estas bactérias intestinais, potencialmente patogênicas, ou
suas endotoxinas possam iniciar ou perpetuar o estado de septicemia, levando ao
desenvolvimento de falência múltipla orgânica. Esta hipótese pode explicar o
desenvolvimento de infecções bacterianas em pacientes que não apresentam focos de
infecções.
Assim, o rompimento da barreira intestinal provocado por uma injúria inicial, induz
a passagem de conteúdos luminais, inclusive bactérias e outros patógenos através da
barreira epitelial, promovendo uma via alternativa de ativação de macrófagos e
conseqüente produção da IL-12, que induz a resposta de citocinas Th1 (figura 8). O INF-γ
produzido por linfócitos Th1 induz a ativação de macrófagos e estes, a produção de TNF-
α, com a finalidade de promover a resposta inflamatória. TNF-α e INF-γ, também
influenciam a barreira epitelial por meio da contração da actomiosina, e abertura das
junções tight, o que leva a uma contínua perda da função de barreira e aumento da
permeabilidade intestinal. Simultaneamente a tentativa de regulação desta resposta por
meio de citocinas do tipo Th2 como a IL-10 permite que a inflamação se amplie e persista
por tempo maior que o usual, continuando o ciclo de progressão da doença (SHANAHAN,
2002; CLAYBURG et al., 2004).
Bactérias
Abertura junções patogênicas
tight Dano à mucosa
APC
Regulação TH1
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Figura 8: Mecanismos e componentes imunológicos envolvidos no processo de
translocação bacteriana. (CLAYBURG et al., 2004).
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pelo aumento da susceptibilidade a complicações sépticas subseqüentes. De acordo com
a literatura, o risco de mortalidade por sepse é em torno de 20%, além do que promove
predisposição à falha de órgãos, o que por sua vez, eleva a taxa de mortalidade
(CALDER, 2007).
A resposta inflamatória pode ser vista como uma resposta equilibrada entre
mediadores pró-inflamatórios (responsáveis pela resposta inflamatória sistêmica - SIRS) e
anti-inflamatórios (resposta anti-inflamatória compensatória-CARS). Os mediadores ou
citocinas pró inflamatórias, tais como INF-gama, TNF-alfa, IL-1 ativam o sistema imuno-
inflamatório do hospedeiro, o qual pode então ser desativado pelos mediadores anti-
inflamatórios como IL-10, IL-4 e IL-13. Em doentes críticos, após grandes traumas ou em
casos de sepse, a produção regulada de mediadores SIRS e CARS é perdida. Nessas
enfermidades, ocorre a produção exacerbada de citocinas pró-inflamatórias, a qual é
contrabalançada pela produção também exagerada de citocinas anti-inflamatórias.
Durante esta fase, devido à imunossupressão observada, ocorre um aumento da infecção
que pode gerar choque séptico devido à deficiência do sistema imunológico em responder
a estes insultos, o que piora o prognóstico e potencialmente resulta no desenvolvimento
da falha múltipla de órgãos (ANDERSSON et al, 2006) (figura 9).
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Homeostase
TNF
INF
IL-10
IL-4
Progressão da
doença
Choque séptico/falha múltipla de órgãos
TNF IL-10
INF IL-4
Para que haja um controle da resposta inflamatória exacerbada, seja ela intestinal
ou sistêmica, é importante o conceito de imunomodulação e o uso de nutrientes
imunomoduladores.
Pacientes bem-nutridos possuem menos complicações e se recuperam mais
rapidamente do que pacientes desnutridos. O fato é que a desnutrição protéico-calórica
se desenvolve rapidamente durante a doença aguda, que se for prolongada ou
progressiva, prejudica as defesas imunológicas e anti-bacterianas do hospedeiro e produz
mudanças na arquitetura e massa da mucosa intestinal (MACFIE, 2004).
A imunossupressão é de origem multifatorial e a desnutrição é um desses fatores.
Muitos são os estudos que mostram que há reversão da imunossupressão tão logo ocorra
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melhora no estado nutricional, obtida pelo fornecimento de dietas hipercalóricas e
hiperprotéicas.
Em situações de desnutrição calórico-protéica, o fornecimento de calorias não
protéicas em quantidades suficientes, em geral 35 a 55 kcal/kg de peso atual/dia, tem sido
adequado para a recuperação da imunocompetência. Entretanto, nem sempre a simples
recuperação da deficiência nutricional é suficiente para reverter um quadro de
imunossupressão. Do ponto de vista nutricional, é inquestionável a necessidade de
reabilitar o enfermo desnutrido. Porém, em muitos casos, como coadjuvante do
tratamento clínico global, tem-se proposto que a dieta seja suplementada com os
nutrientes de ação imunomoduladora objetivando modular a resposta imunológica
(BAXTER, 2005).
Por definição, imunonutrientes são aqueles nutrientes ou substâncias nutricionais
identificadas e selecionadas especificamente para estimular a resposta imunológica.
Muitos estudos investigando o uso de imunonutrientes têm sido conduzidos e revisados.
A imunonutrição envolve a administração de nutrientes pelas vias enteral ou
parenteral. Durante a imunonutrição, os nutrientes são oferecidos em quantidade que
ultrapassa a normalmente ingerida, afim de que alcancem efeito farmacológico em um ou
mais componentes da resposta imune à cirurgia, trauma ou infecção (GRIMBLE, 2005).
A capacidade dos nutrientes em modular a resposta imunológica e em afetar o
prognóstico clínico, se tornou um assunto importante na prática clínica e saúde pública.
No entanto, até agora, ainda não são provados benefícios consistentes da imunonutrição,
uma vez que os resultados são extremamente contraditórios, com alguns estudos
mostrando melhorias no prognóstico de pacientes críticos, enquanto em outros, não são
detectadas alterações ou verfica-se até pioras no quadro clínico (MACFIE, 2004).
Desta forma, é importante o estudo e conhecimento das particularidades de cada
nutrientes, para a compreensão de quais são benéficos e em quais situações clínicas
estão indicados, uma vez que seus efeitos e conseqüências já foram parcialmente
elucidados.
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6.0 Nutrientes com função imunológica
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