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Design thinking para

leigos
Breve explicação para quem não consegue
entender bem a explicação cheia de palavras
técnicas.

Gabriela Vieira
·
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Publicado em

Coletivo UX 🇧🇷

·
7 minutos de leitura
·
15 de outubro de 2019

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Foto de Bonneval Sebastien no Unsplash

No meio da tecnologia, costumamos ouvir quase que


diariamente diversos termos bem específicos da área como:
Design Thinking, Design Sprint, Atomic Design e segue a lista…

Parece que por padrão, só por estar envolvido nesse mundo, já


sabemos o que é tudo isso. O que não é verdade, é claro.

A ideia para escrever essa postagem surgiu após uma


conversa que eu apresentei na empresa na qual eu trabalhava. O
tema era Design Thinking (um assunto que é até bem divulgado
no mundo), mas durante a apresentação pude observar que
apesar de praticamente todo o mundo já ter ouvido falar sobre a
abordagem, a maioria não sabia o que era conceitualmente.
Não foi uma surpresa ver isso acontecer, mas ver a forma como
aconteceu foi. Muitas pessoas comentaram após a apresentação
que já tinham ouvido falar ou até treinado o que era, porém a
forma como era apresentada a informação não deixava claro
como "entrelinhas da abordagem".

Eu entendi a dor que essas pessoas tiveram, porque também já


tive.
Quando não temos um domínio de um assunto e nem diretrizes
de onde começar, buscar conhecimento parece ser um desafio.

Mas voltando ao assunto principal: o que é Design


Thinking?

Definição

Tim Brown, um dos idealizadores da abordagem, diz (em


tradução livre):

“Design thinking é uma abordagem


centrada no ser humano para a
inovação, que se baseia no modo de
pensar do designer para integrar as
necessidades das pessoas, as
possibilidades da tecnologia e os
requisitos para o sucesso do
negócio.”
Outra definição que eu gosto muito e explica bem o que é o
Design Thinking é do Interaction Design Foundation (em
tradução livre):

"Design Thinking é um processo


iterativo no qual buscamos entender
o usuário, propor suposições e
redefinir problemas na tentativa de
identificar estratégias e soluções
alternativas que, podem ou não, ser
instantaneamente aparentes com o
nosso nível inicial de entendimento.
Ao mesmo tempo, o Design Thinking
fornece uma abordagem baseada em
solução para resolver problemas. É
uma maneira de pensar e trabalhar,
além de uma coleção de métodos
práticos."

Leia mais sobre essa definição.

Apesar de diferentes, as duas definições traçam diversos pontos


em comum e deixam bem claro do que se trata: uma abordagem
que busca solucionar problemas das pessoas (usuários/clientes)
de maneira empática através de validações e iterações rápidas.
Alguns pontos importantes a serem ressaltados:

 Não é uma metodologia, e sim uma abordagem;

 Não tem uma receita de bolo perfeita para qualquer


situação;

 Você pode encontrar diversas definições mostrando


N fases diferentes com 5, 6 ou 10 passos. Porém, o
importante é que você consiga absorver o que é
proposto e aplicar aquilo que faz sentido no contexto
em que você está trabalhando.

Os pilares do Design Thinking

A abordagem tem três pilares importantes e são eles que nos


ajudam a entender e trabalhar com alguns pontos críticos em
mente durante todo o processo.

 Empatia
Capacidade de compreender o sentimento ou
ocorrência de outra pessoa, imaginando-se nas
mesmas situações.

 Colaboração
Pensar conjuntamente, cocriar em equipes
multidisciplinares para que o pensamento e a
capacidade de compreensão se multipliquem
exponencialmente.
 Experimentação
Sair do campo das ideias, da fala. É construir e testar
hipóteses levantadas anteriormente com os usuários,
a fim de validar ideias e receber feedbacks. Desta
forma, podemos iterar a solução o quanto antes e
assim corrigir os problemas encontrados e também
incorporar oportunidades.

As fases

Como dito anteriormente, você vai encontrar artigos com 5, 6 ou


10 passos/etapas/fases, mas o que deve ser envolvido de tudo
isso, são os pilares e a(s) definições da abordagem.

Eu, particularmente, gosto muito do modelo de cinco fases


proposto pelo D.School (Universidade de Design de Stanford):

 Empatia;

 Definição;

 Ideação;

 Prototipação;

 Validação.

Empatia
Empatia é a base do design centrado no ser humano. É o
momento de entender as pessoas, de acordo com o desafio a ser
solucionado.

Construa sua empatia por seus usuários buscando entender


porque eles fazem as coisas que fazem da maneira que fazem,
seus aspectos físicos, psicológicos, emocionais, vontades,
desejos, frustrações, sobre o que pensam sobre o mundo e o que
é importante para eles.

"E por que eu deveria ser empático?"


Dificilmente o problema/desafio que você está tentando resolver
também é seu, eles são de outros em particular.

Observar e estudar quem são os usuários finais fornecerá


contexto para você e seu tempo sobre diversos aspectos que
ajudarão a definir as principais necessidades a serem atendidas.

Ferramentas que podem auxiliar nessa etapa * :

 Pesquisa documental;

 Sombreamento;

 Entrevistas qualitativas e quantitativas.

*Não explicarei o que é cada ferramenta naquele momento, pois


há muito material que explica o fundo o conceito e parte
prática. Busque conhecimento.
Definição

O “modo de definição” é quando você descompacta suas


descobertas de empatia em necessidades, insights e escopo em
um desafio significativo. Com base no entendimento de seus
usuários e seu ambiente, crie uma declaração de problema
acionável .

Mais do que simplesmente definir o problema, seu ponto de


vista é uma visão de design única que é moldada a partir de
usuários específicos e é o ponto de partida.

O problema que será atacado deve:

 Ter foco e estrutura sem problema;

 Inspirar o tempo;

 Dar referências para avaliar as ideias geradas;

 Retratar as pessoas que foram


entrevistadas/observadas.

Ferramentas que podem auxiliar nessa etapa:

 Pessoa;

 Mapa de empatia;

 Mapa de viagem;
 Analogias.

Ideação

A Ideação é o momento de gerar e explorar ideias. O objetivo é


explorar um amplo espaço de solução — tanto na quantidade,
quanto na variedade.

Neste momento do Design Thinking, é comumente usado o


método conhecido como Brainstorming. Seu objetivo é testar e
explorar a capacidade criativa de indivíduos e/ou grupos —
colocando o serviço de objetivos pré-determinados.

Em um e-book publicado pela InVision sobre Design Thinking, o


Tim Sheiner do time de UX da Salesforce, expõe um pensamento
provocativo interessante sobre o que é brainstorming:

“Eu não acredito que o valor do


Brainstorming é gerar
ideias; acredito que é o
compartilhamento de valor/análise
do contexto criado. A experiência
do Brainstorming cria um grupo de
pessoas com perspectivas
compartilhadas, e um entendimento
de como cada um se comunica, de
quem é capaz de fornecer uma
crítica útil e poderosa.”

Essa fala sustenta o discurso de: o Brainstorming não é um


momento que gera ideias espontâneas. Pelo contrário, o
verdadeiro esforço no Brainstorming corresponde à capacidade
do processo para:

 Coletar rapidamente ideias para ajudar a


construir uma visão global do conceito de
todo. Essas ideias não são necessariamente novas
(ou boas).
As pessoas envolvidas na sessão já podem ter as
considerações anteriores como problemas a serem
resolvidos e, nesse momento, essas ideias podem se
tornar possíveis caminhos na busca da solução ideal.

 Reunir uma equipe em um local onde todos


possam compartilhar suas perspectivas do problema
e também ficarem por dentro de soluções potenciais
discutidas.

Outras ferramentas que podem auxiliar nessa etapa:

 HWM (como poderíamos);

 Sim, não, mas;

 6 chapéus de Bono.
Prototipação

Nessa fase, são construídos protótipos para ajudar a pensar


realisticamente sobre a maneira como as pessoas irão interagir
como o conceito do projeto, além de auxiliar na iteração de
soluções de forma rápida.

Mas o que é isso?

O termo vem do grego Prótos (= primeiro) e typos (tipo), o que,


numa tradução quase literal, significa primeiro tipo ou primeiro
modelo.
A prototipação no Design Thinking, nada mais é tirar nossas
ideias do mundo do imaginário para o mundo físico. Seja fazer
um desenho na folha, esculpir uma madeira/plástico ou
qualquer outra coisa.
O ponto principal é a representação primária de uma ideia.

Também no e-book da InVision, a Designer de Produto da Uber,


Molly Nix, diz uma frase que representa muito bem o que citei
acima:

“Um bom protótipo é um protótipo


que ajuda a responder às questões
que você tem.”

Para prototipar você tem muitas opções. Você precisa escolher


uma que encaixe no seu contexto e seja rústica, barata, suja, fácil
de modificar e mais fácil ainda de iniciar novamente.
Ferramentas que podem auxiliar nessa etapa:

 Wireframes;

 Roteiro;

 Teatro.

Validação

Se a fase anterior tende a ser confortável para a maioria das


pessoas que utilizam a abordagem, testar é onde o jogo tende a
se tornar desafiador.

Testar o protótipo com usuários reais, observar suas reações e


obter feedbacks nos permite refinar o conceito do protótipo,
aprender com os usuários e fazer com que a próxima iteração do
serviço/produto seja objetiva e direcionada ao problema a ser
resolvido.

A D.school de Stanford, tem uma frase famosa sobre esse


momento de testes:

“Protótipo achando sempre que se


está certo, mas teste achando
sempre que está errado.”
É importante testar os protótipos o mais cedo possível durante o
processo de design para que seja possível realizar correções e
verificar hipóteses de uma forma mais ágil.

Isso porque à medida que as chances de falha aumentam, você


não verifica como o usuário está interagindo com seu
produto/serviço. É basicamente trabalhar no escuro.

Quanto mais tempo é deixado o produto/serviço sem testes com


o usuário final, as chances de falhas aumentam.

Acredito que para quem não conhece muito essa abordagem,


essa postagem é de grande valor, mas também acredito que o
conhecimento deve ser compartilhado e repassado.
Listei algumas referências relacionadas ao assunto para que você
possa aprofundar o conhecimento de vocês.

Complementos de definição e etapas

 https://designthinking.ideo.com/

 https://www.interaction-design.org/literature/
article/what-is-design-thinking-and-why-is-it-so-
popular

 https://www.ibm.com/design/thinking/

 https://dschool.stanford.edu/resources/design-
thinking-artifacts
Cursos presenciais

 https://www.mergo.com.br/workshop-design-
thinking.html

 https://escoladesignthinking.echos.cc/cursos/
presenciais/design-thinking-experience/

 https://ied.edu.br/sao_paulo/curso/extensao/
design-thinking/

Leituras

 Design Thinking: Uma metodologia poderosa para


decretar o fim das ideias velhas

 O Manual de Design Thinking: Transformação


Digital Consciente de Equipes, Produtos, Serviços,
Negócios e Ecossistemas

Extra
Recomendo procurar no Google os materiais (PDFs, toolkits etc)
disponíveis pela D.School. São ótimos para quem vai ser
facilitador ou quer se inscrever pela primeira vez.

É isso, pessoal! Obrigada :)

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