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ETAPA EXPERIENCE

BRAINSTORMING

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CRIATIVIDADE EM AÇÃO

O pensamento criativo é uma capacidade que todos os indivíduos possuem, e que pode
ser estimulada e treinada. Embora por muito tempo a criatividade tenha sido associada
a algo Divino, em que alguns homens possuíam este dom e outros não, ou então as-
sociada apenas a algumas áreas e pessoas com talentos especiais, como artistas, esses
são conceitos totalmente ultrapassados. Não há uma pessoa mais ou menos criativa do
que a outra. Todos são capazes de pensar criativamente. O que muitas vezes acontece
é que, algumas pessoas, por sua própria motivação, ou pelas áreas de estudo e trabalho
a que se dedicaram, tiveram essa capacidade mais estimulada, e outras, tolhidas.
A criatividade é um fenômeno estudado há muito tempo, mas foi por volta dos anos
1970 que a criatividade foi percebida como um fator crucial para o desenvolvimen-
to das organizações. Conceitos importantes surgem e são aplicados neste momento,
como o pensamento lateral, de Edward de Bono (1998), um psicólogo da Universidade
de Oxford que desenvolveu técnicas sistemáticas baseadas no comportamento da per-
cepção humana como um sistema auto-organizável de geração de padrões. O conceito
do pensamento lateral defende que as percepções que estabelecemos de certa maneira
podem ser reconfiguradas rapidamente, e esta é a essência da criatividade. De acordo
com essa ideia, acionamos nossa percepção, formamos padrões mentais e então reco-
nhecemos novas informações através destes padrões. Uma vez acionado os padrões, o
seguimos e vemos as coisas em termos de experiências anteriores. Por isso a análise de
informações não produz novas ideias, porque quando analisamos dados somente en-
contramos ideias que já temos. Porém, esses padrões não são unilaterais. Percebemos
as coisas de certa maneira e esperamos resultados “pré-definidos”. Se conseguimos
passar do caminho principal para o lateral, buscando conexões diferentes, então po-

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demos ter uma nova ideia. Assim, precisamos “quebrar as sequências de informações
pré-estabelecidas para modificá-las e agrupá-las de forma diferente.
A partir desse conceito, foram propostas diversas técnicas criativas sistemáticas.
Métodos e técnicas sistemáticas procuram dividir o problema em questão em partes
menores, e buscar soluções para estes subproblemas, em seguida sintetizando as solu-
ções parciais em uma solução total.
Já os métodos e técnicas intuitivos são baseados em teorias psicológicas da criativi-
dade e seu escopo é mais genérico, ou seja, são mais abrangentes em termos de apli-
cação e mais holísticos em sua abordagem. O Brainstorming surge nesse contexto, in-
troduzido nos anos 1950 por Alex Osborn (1888-1966), publicitário americano, e que
também se fortaleceu nos anos 1970. Além desse método, Osborn estabeleceu tam-
bém diversos princípios que explicaram o pensamento criativo.
Embora até este período os estudos sobre criatividade tenham sido importantes para
o conhecimento sobre as capacidades do pensamento criativo, atualmente entende-se a
importância de outros fatores para o trabalho criativo, como o ambiente, o contexto social
e cultural, a área de conhecimento para a qual se está desenvolvendo uma nova ideia e o
papel das interações entre os grupos e equipes que compartilham o processo criativo.
Também se entende, atualmente, a importância de treinar o pensamento criativo. O
nosso cérebro também pode ser exercitado, tornando-se mais rápido e mais flexível.
Nesse sentido, o Brainstorming, por exemplo, pode auxiliar na ativação da memória, no
treino do pensamento intuitivo e emocional, na flexibilidade e fluidez das ideias. Assim,
presume-se que uma pessoa que já passou muitas vezes por sessões de Brainstorming,
em diferentes formatos, pode desenvolver melhor uma capacidade para pensar com
fluidez e sem julgamentos preconcebidos (TSCHIMMEL, 2011).
Pensar com fluidez, sem acionar o pensamento crítico, e com flexibilidade, gerando
muitas ideias e buscando caminhos semânticos divergentes, são aspectos muito im-
portantes para se chegar a uma solução criativa. E essas são características trabalhadas
através do Brainstorming.
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O BRAINSTORMING

O Brainstorming foi desenvolvido como um método para a resolução de problemas em


grupo, que acompanha as etapas do processo criativo. Porém, é mais utilizado como
uma técnica aplicada em um momento do processo, para a produção de uma grande
quantidade de ideias. Normalmente, utilizamos o Brainstorming depois que coletamos
dados, analisamos o problema e então partimos para um processo de geração de ideias,
para encontrar uma solução original.

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AS ETAPAS DE UMA SESSÃO DE BRAINSTORMING,
BASEADAS NAS ETAPAS DO PROCESSO CRIATIVO, SÃO:

a) Preparação: o problema ou assunto é apresentado a um moderador (o líder da equi-


pe, por exemplo) e então a essência do problema é definida. Também podem ser bus-
cados estímulos visuais e verbais a serem apresentados ao grupo durante a sessão de
brainstorming, para auxiliar a estimular a produção de ideias.

b) Geração de Ideias: o moderador deve explicar os procedimentos e os objetivos da


sessão de brainstorming aos participantes, e então apresentar os estímulos seleciona-
dos anteriormente. Esses estímulos podem ser imagens, palavras-chave, perguntas etc.
Após, os participantes devem iniciar a geração de ideias, falando e/ou registrando – em
anotações, por exemplo – as ideias associadas. Se o processo não estiver fluindo, o mo-
derador poderá realizar novas perguntas, como: E se...? Por que? Como seria se?

c) Incubação: todo processo criativo precisa de um período de distanciamento do pro-


blema. Este período de “descanso” serve para fomentar a fase seguinte, quando a men-
te irá ficar em relaxamento para produzir as conexões entre o que foi gerado e analisa-
do. Esse período deve ter uma duração superior a uma hora, e provavelmente algumas
ideias se tornarão mais evidentes como potenciais soluções.

d) Avaliação: ao retornar, o grupo deverá avaliar as ideias geradas. Podem ser estabele-
cidos alguns critérios, como: originalidade, utilidade, adequação, impacto, entre outros.
Algumas ideias podem ser modificadas ou unidas nessa fase. Ao final, o grupo deverá
encontrar o caminho mais promissor para a solução.

e) Aplicação: essa fase nem sempre é considerada como parte do Brainstorming, pois se
refere ao desenvolvimento da ideia selecionada.

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ALÉM DE SEGUIR AS FASES CITADAS, PARA QUE O BRAINSTORMING OCORRA
DE UMA FORMA MELHOR, É ACONSELHÁVEL ADOTAR ALGUNS PRINCÍPIOS:

a) A ideação é mais produtiva quando se exclui a crítica do processo inicial de geração


de ideias. Não julgue as ideias no momento de geração. Ideias que aparentemente não
possuam conexão com o problema, que não sejam exequíveis, ou que não pareçam boas
o suficiente, podem fornecer gatilhos para pensar em novas ideias também. Portanto,
aqui é preciso abrir espaço para a imaginação e deixar o processo seguir livremente,
sem restrições.

b) Quanto mais ideias, melhor: a quantidade contribui para melhorar a qualidade das
ideias. Não foque em ter, de imediato, a melhor ideia. Gere o máximo de ideias possí-
veis e favoreça o processo divergente, ou seja, buscando ideias de diferentes contex-
tos, e não o refinamento de uma mesma ideia.

c) A ideação em grupo tende a ser mais produtiva do que a individual. Faça sessões em
equipes e não tenha medo de compartilhar as suas ideias.

d) Procure realizar combinações com as ideias de outros participantes, recombinando


em novas soluções. Não há autores nesse processo, as ideias são todas do grupo.

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15 PERGUNTAS QUE PODEM SER UTILIZADAS NO
PROCESSO DE GERAÇÃO DE IDEIAS

1. Por que é necessário?


2. Onde se deve fazer?
3. Quando se deverá fazer?
4. Quem o deve fazer?
5. O que é preciso fazer?
6. Como se deve fazer?
7. E se...?
8. Quais seriam os outros usos? De que novas maneiras poderiam se utilizar isso?
Como se poderia modificar isto? O que mais se poderia fazer com isso?
9. Que outros usos ainda são possíveis?
10. O que se parece com isso?
11. Que ideia isso sugere?
12. O que se poderia adaptar?
13. O que se poderia modificar?
14. O que se poderia substituir?
15. Como é possível inverter? E combinar?

Esses são só alguns exemplos de perguntas que podem ser utilizadas como gatilhos no
começo ou durante a sessão de brainstorming. Mas você pode criar outras perguntas
e/ou adaptar esses exemplos ao seu caso específico.

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PROPOSTA
DE EXERCÍCIO
Para aquecer os motores do pensamento criativo, você pode realizar um exercício de
Brainstorming com a sua equipe ou outras pessoas. Você também poderá aplicar esse
exercício já ao seu caso de projeto, ao seu negócio.

1. Escolha um tema ou um problema.

2. Convide de 5 a 10 pessoas para participar de uma sessão de Brainstorming. Pode


ser presencial ou através de um chat ou rede social. Procure incluir pessoas com
diferentes perfis.

3. Informe o grupo sobre o tema/problema e dê aos participantes dois dias para


pensar sobre o assunto. Defina a essência do problema ou da tarefa, escolha um
estímulo verbal (uma palavra, pergunta, frase) e um estímulo visual (fotografia, de-
senho etc) e apresente aos participantes.

4. Marque o encontro para a geração de ideias. Se presencial, procure um ambien-


te iluminado, com possibilidade de usar folhas grandes na mesa e/ou paredes, dis-
ponibilize canetas coloridas e alguns doces na mesa, para estimular o bem-estar, a
criatividade e a concentração!

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5. Apresente os princípios do Brainstorming para os participantes: adiar o pensa-
mento crítico (não julgar no momento da geração), buscar quantidade de ideias,
sem pensar nas ideias finalizadas, e combinar as ideias entre si. Procure criar um
ambiente descontraído.

6. Para começar a sessão, inicie a produção de ideias apresentando o estímulo-


-base. Escreva a palavra-chave do problema no centro de uma folha, ou coloque a
imagem do estímulo neste papel.

7. Convide os participantes a expressarem suas ideias, associações relacionadas ou


não com os estímulos dispostos. Quanto mais absurdas e distantes forem as ideias,
mais facilmente encadearão outras. Exclua qualquer crítica nesse momento.

8. Todas as ideias devem ser anotadas, mesmo se repetidas. O ideal é que estejam
escritas de forma com que todos possam ler e gerar novas associações. 15 minu-
tos para essa etapa é um bom tempo, em geral.

9. Faça uma pausa em torno de 10 minutos e inicie outra sessão, agora colocando
o outro estímulo (imagem ou palavra).

10. Após essa segunda geração, peça aos participantes que destaquem as ideias
que trazem uma nova perspectiva/solução para o problema inicialmente proposto.
Então, faça uma nova pausa mais longa, de uns 30 minutos, para que as pessoas
possam incubar as ideias.

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11. Após, os participantes devem retornar e em grupo deve-se discutir as ideias
geradas e selecionar as mais promissoras. Você pode decidir com o grupo se sele-
cionarão algumas ideias (3 ou 4, por exemplo), para desenvolver posteriormente,
ou se já selecionarão a mais promissora para então ser aprimorada.

FONTE: TSCHIMMEL, 2011

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VARIAÇÕES DE
BRAINSTORMING
Conforme foi visto, o Brainstormig clássico necessita que os participantes exponham
suas ideias oralmente, e que o moderador vá anotando essas ideias como registro. Em-
bora tente-se integrar a equipe, criar um ambiente estimulante e sem julgamentos, ain-
da assim algumas pessoas podem não se sentir a vontade com essa técnica, por timidez,
medo de expor suas ideias, ou ainda se sentirem intimidadas com a presença de outras
pessoas, que julguem ter melhores ideias ou serem mais especialistas no assunto.

Por isso, existem outras versões do Brainstorming que podem ser aplicadas, que não
fazem uso da exposição oral das primeiras ideias.

BRAINWRITING

Cada participante deve escrever suas ideias em uma lista. Depois, o moderador poderá
ler todas as ideias para o grupo, para iniciar o compartilhamento e a avaliação, mas não
será necessário identificar quem gerou determinada ideia.
Uma versão dessa técnica ocorre com o uso de post-its. Assim, cada participante es-
creve suas ideias em post-its e todos devem ser colados em uma parede. Depois, todo o
grupo deve ler as palavras e realocar os post-its, recombinando as ideias e selecionando
os grupos mais promissores. Nesse caso, não é necessário ler oralmente cada ideia.

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BRAINSKETCH OU BRAINSTORMING VISUAL

Aqui, em vez de palavras os participantes devem anotar suas ideias na forma de dese-
nhos. Siga os mesmos procedimentos do Brainstorming verbal, o que muda é apenas a
forma de expressão.

BRAINSTORMING 635

Os números significam: 6 pessoas, 3 ideias e 5 minutos. As pessoas do grupo (que po-


dem ser mais ou menos do que seis) deverão escrever ou desenhar em uma folha 3
ideias distintas em 5 minutos. Passado esse tempo, cada participante passará sua folha
para a pessoa ao lado. Agora, cada participante deverá gerar mais 3 ideias em 5 minu-
tos, utilizando as ideias do colega anterior como inspiração. E novamente as folhas de-
vem ser repassadas, até o ciclo se concluir. Se forem 6 participantes, ao final teremos
6 rodadas de 5 minutos cada, que contabilizarão 108 ideias em meia hora.

BRAINSTORMING 3-12-2

Aqui, os números 3-12-3 referem-se ao tempo, em minutos, para cada atividade: 3 mi-
nutos para gerar um reservatório de observações; 12 minutos para combinar essas ob-
servações em conceitos; e 3 minutos para apresentar os conceitos para o grupo. Como
o tempo é pequeno, força decisões rápidas, espontâneas, e não permite pensar demais
sobre uma mesma ideia. Assim, nos primeiros 3 minutos, cada participante deve pensar
sobre as características do tópico em questão e escrever quantas ideias conseguirem
em papéis separados. Nos 12 minutos seguintes, o grupo pode ser dividido em duplas.

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Cada dupla sorteia 3 papeis com ideias aleatoriamente. Usando essas ideias como gati-
lhos para começar a pensar, as duplas tem agora 12 minutos para desenvolver um con-
ceito para apresentar ao grande grupo. Por fim, cada dupla deve apresentar as ideias
utilizadas como gatilhos e o conceito gerado, utilizando no máximo 3 minutos. Depois
que todas as ideias forem apresentadas, o grupo deve refletir sobre o que foi exposto
(Crédito da técnica: James Macanufo. Fonte: GRAY, 2012).

Escolha o formato que melhor se adequa ao seu problema e a sua equipe!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DE BONO, Edward. El pensamiento Lateral: manual de creatividad. Barcelona, Buenos


Aires, Cidade do Méxio: Paidós Plural, 1998.

GRAY, Dave. Gamestorming: jogos corporativos para mudar, inovar e quebrar regras.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2012.

LUPTON, Ellen. Intuição, Ação, Criação. São Paulo: Ed. Gistavo Gili, 2013.

OSBORN, ALEX. O poder criador da mente. 4 ed. São Paulo: Ibrasa, 1975.

TSCHIMMEL, Katja. Processos Criativos: a emergência de ideias na perspectiva sistê-


mica da criatividade. Matosinhos, Portugal: Edições ESAD, 2011.
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COCRIADO POR:
GOMEZ, Luiz Salomão Ribas
PEREIRA, Priscila Zavadil
SALVI, Naiane Cristina
FINATI, Caroline
ORMENEZE, Alice Fernandes

Material de apoio TXM Business ~ COCREATION LAB

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