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N.

19 Setembro \ Outubro de 2003

TÉCNICAS DE MELHORAMENTO
DE SOLOS - Parte 1
TRATAMENTOS TÉRMICOS - CONGELAÇÃO
ARTIFICIAL DO TERRENO

Nuno Gonçalo Marques


de Almeida
EDIÇÃO: A monografia apresentada foi realizada na
CONSTRULINK PRESS cadeira de reabilitação de construções do
12º Mestrado em Construção
Construlink, SA
Tagus Park, - Edifício Eastecníca
2780-920 Porto Salvo, Oeiras

Tel . +351 214 229 970


apoio@construlink.com

Coordenador: Pedro Vaz Paulo


Editores:
Nuno Chambel
Jorge Sequeira
ÍNDICE

1. TRATAMENTOS TÉRMICOS – CONGELAÇÃO ARTIFICIAL DO TERRENO 1

1.1. INTRODUÇÃO 1
1.2. CAMPOS DE APLICAÇÃO 2
1.3. VANTAGENS, DESVANTAGENS E LIMITAÇÕES 3
1.4. E QUIPAMENTOS 5
1.5. PROCESSO CONSTRUTIVO 5
1.5.1. PROCEDIMENTO DE CIRCUITO FECHADO 6
1.5.2. PROCEDIMENTO EM CIRCUITO ABERTO 7
1.5.3. PROCEDIMENTO MISTO 8
1.5.4. PROCESSO DE EXECUÇÃO 8
1.6. E NSAIOS E CONTROLO DE QUALIDADE 13
1.7. REFERÊNCIA AO DIMENSIONAMENTO 13
1.8. E XEMPLOS 14

2. BIBLIOGRAFIA 19
Índice de Figuras

Figura 1- Exemplo de aplicação da técnica de congelamento artificial do terreno em


contenção periférica provisória_________________________________________________________ 1

Figura 2 - Exemplo de aplicação da técnica de congelamento de solos na imediação de


um castelo______________________________________________________________________________4
Figura 3 - Exemplo de congelamento artificial de solos com infra-estruturas existentes na
zona de intervenção____________________________________________________________________4

Figura 4 - Estaleiros para realização de tratamento_______________________________________6

Figura 5 - Exemplo do esquema utilizado pela empresa RKK, Soil Freeze technologies, LCC_7

Figura 6 - Congelamento do terreno em circuito aberto_________________________________ 7

Figura 7 - Instalação das tubagens enterradas de circulação de fluído de refrigeração____9

Figura 8 - Cenário típico de espaçamento de tubos de refrigeração______________________9

Figura 9 - Circuito de refrigeração a alimentar tubos de refrigeração introduzidos no


terreno________________________________________________________________________________10
Figura 10 - Exemplos de circuitos de refrigeração________________________________________10

Figura 11 - Circuito de circulação de fluído de refrigeração protegido com material


isolante________________________________________________________________________________11

Figura 12 - Escavação de solo não tratado em zona imediatamente contígua a muro de


contenção de solo congelado artificialmente_______________________________11
Figura 13 - Exemplos de escavações e protecções térmicas nos paramentos de contenção
(muros de solo congelado) ____________________________________________________________
12

Figura 14 - Poço realizado através da técnica de congelamento artificial de solo_________12

Figura 15 - Poço de contenção com nível freático em Woodinville – Washington (Duração


da obra – 2 meses) ____________________________________________________________________13

Figura 16 - Exemplos de aplicação de tratamento térmico_______________________________15

Figura 17 - Reforço da "Casa del Cordón" em Burgos_____________________________________16

Figura 18 - Escavação interior concluída e contenção realizada por muros de solo


congelado artificialmente – Madison Park Condominium Basement em Seattle___________17

Figura 19 - Estabilização de taludes_____________________________________________________17

Figura 20 - Contenção de deslocamentos na proximidade de edifícios___________________18

Figura 21- Estabilização de terrenos moles_______________________________________________18


Técnicas de melhoramento de solos CONSTRULINK PRESS

1. Tratamentos Térmicos – Congelação


Artificial Do Terreno

1.1. INTRODUÇÃO

Certas obras subterrâneas originam problemas na sustentação provisória das escavações. Por
essa razão, e em certos países em que as baixas temperaturas prevalecem, foi desenvolvida a
técnica de congelação artificial do terreno (figura
1). No entanto, não há registo do uso desta técnica em Portugal1, em virtude do nosso clima
relativamente quente, da alta tecnologia associada e do seu elevado custo.

Figura 1. Exemplo de aplicação da técnica de congelamento artificial do terreno em contenção


periférica provisória

Aproximadamente, pode-se definir esta técnica de melhoramento, com carácter provisório, de


solos com elevada percentagem de água (não saturados) como o método que consiste no
congelamento artificial do terreno, convertendo a água intersticial in situ em gelo, aumentando
propriedades mecânicas do solo e tornando-o impermeável. Ou seja, a técnica baseia-se na
conversão da água intersticial em gelo que, sendo um elemento de união entre as partículas do
solo, dá lugar a um “sólido” resistente e impermeável.

1
De acordo com informação do Departamento de Geotécnica e Fundações da Teixeira Duarte, S.A.,
não se utiliza esta técnica em Portugal. No entanto há registos técnicos em Portugal sobre a técnica
em apreço [3]

1
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Os principais factores a atender na realização desta técnica, e que condicionam o grau de


congelamento artificial do terreno são:

a) Tempo de congelamento e temperatura do terreno


b) Condições Geológicas e Hidrogeológicas da zona a tratar
c) Tipos de solos presentes
d) Propriedades mecânicas, térmicas e quantidade de água no solo
e) Nível Freático (posição e a sua oscilação)
f) Temperatura e velocidade de circulação da água
g) Condutividade térmica, propriedade que, em simultâneo com a capacidade calorífica
do terreno, condiciona o grau de congelação do mesmo, varia em profundidade com
as mudanças de solos e com a quantidade de água.

1.2. CAMPOS DE APLICAÇÃO

No decurso do exposto anteriormente, é pacífico afirmar que a congelação artificial do terreno é


uma técnica que requer elevado nível de especialização e tem um custo associado bastante
elevado. O resultado é, no entanto, bastante positivo sobretudo em grandes escavações e túneis.

Tendo isto em conta, as principais aplicações da técnica são:

Realizar reforços por poços de reforço atravessando camadas granulares sob o nível
freático cujo esgotamento ou encerramento seria impossível de outro modo [3]
Escavações temporárias sob muros ou sapatas que colapsariam ao não dar maior
resistência ao terreno de apoio das mesmas na área de trabalho [3]
Túneis
Contenções Periféricas

Em muitos casos, combina-se este tratamento com uma injecção prévia do terreno já que, se
existe água em circulação no solo, a operação de congelamento torna-se muito difícil [3].

A congelação artificial é adequada a uma grande variedade de solos, inclusive em casos onde as

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injecções e outros métodos não podem ser utilizados. As propriedades mecânicas


do terreno congelado dependem (ver 1.1.) em maior escala do tempo da
congelação e da temperatura do terreno do que da natureza dos solos envolvidos
no tratamento.

Por tal razão, a congelação artificial do terreno é menos sensível às condições


geológicas que outros métodos, podendo ser aplicada a qualquer solo húmido
independentemente da sua estrutura, tamanho das partículas ou porosidade.

Em solos heterogéneos, a forma da zona congelada tende a ser irregular. A uma


certa temperatura, o terreno congelado é normalmente mais delgado em limos,
argila e solos orgânicos quando comparado com areias e cascalho [1].
Outras aplicações são evidenciadas em 1.8..

1.3. VANTAGENS, DESVANTAGENS E LIMITAÇÕES

As grandes vantagens da congelação artificial do terreno são:

9 Pouco sensível ou dependente das condições geológicas do terreno (viável


onde outras técnicas estão condicionadas)
9 Rapidez de execução
9 Baixo nível de vibrações e ruído, apropriados a aplicações na vizinhança de
edifícios sensíveis [4] (figura 2)

Figura 2. Exemplo de aplicação da técnica de congelamento de solos na imediação de


um castelo

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Permite a continuação do uso de infra-estruturas existentes sem interrupções, mesmo que


atravesses a parede de contenção [4] (figura 3)
O sistema pode ser totalmente removido após a sua utilização, caso necessário [4]
Como desvantagens e/ou limitações, destacam-se:

Tecnologia especializada de Elevado Custo

Figura 3. Exemplo de congelamento artificial de solos com infra-estruturas existentes na zona de


intervenção

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1.4. EQUIPAMENTOS

Para a execução da técnica é necessário o seguinte equipamento [3 e 4]:


Equipamento de refrigeração (evaporador, compressor e condensador), actuante sobre
um fluído de refrigeração (ver 1.5 e figura 2)
Tubagem de circulação de fluído em circuito fechado, aberto ou misto que percorre as
sondas instaladas no terreno
Material para isolamento térmico do circuito e solo tratado
Equipamento de colocação das sondas e tubos.

Dependendo da entidade que realiza a técnica, do projecto e de condicionantes diversas já


mencionadas, o fluído de refrigeração pode variar desde a económica salmonela, até ao azoto
líquido entre outros.

1.5. PROCESSO CONSTRUTIVO

Antes de avançar para o processo de execução propriamente, dito, importa previamente


esclarecer as diferentes abordagens que existem para a execução do método. Assim, temos os
seguintes tipos de procedimento de congelação do terreno:

Procedimento de circuito fechado


Procedimento de circuito aberto
Procedimento misto
que se passam a descrever.

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Figura 4. Estaleiros para realização de tratamento. Repare-se nos equipamentos de refrigeração


(3 chillers à direita)

1.5.1. Procedimento de Circuito Fechado

O material utilizado para arrefecimento é salmoura, à qual é imposta a temperatura desejada em


equipamento próprio que promove a bombagem do fluído para os tubos de congelação em
circuito fechado [2].

Este método é considerado indirecto uma vez que o equipamento de arrefecimento da salmoura
debita a energia necessária para arrefecer a salmoura de forma constante [1], e a zona
congelada em redor de cada tubo vai aumentando até que se forme uma parede de gelo
resistente.

Uma vez criada esta parede, o caudal bombeado pode diminuir, transmitindo apenas frio
suficiente para que a parede se mantenha íntegra.

A principal vantagem deste método prende-se com o seu menor custo (em comparação com as
suas variantes de congelação artificial), apesar de necessitar de mais tempo para atingir o
objectivo (entre 20 a 25 dias), ou seja, a formação da referida parede.

De referir ainda que caso se pretenda uma congelação rápida do terreno, a utilização da
salmoura pode não ser recomendável [1].

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