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Preâmbulo de Dependentes Afetivos Anônimos

Dependentes Afetivos Anônimos é uma irmandade de pessoas que desejam se recuperar da dependência
afetiva, fantasia e carência patológica. Não há taxas ou mensalidades; somos autossuficientes através de
nossas próprias contribuições. Nosso objetivo principal é nos recuperarmos da dependência afetiva e
oferecer esperança àqueles que ainda sofrem. 1

As Doze Promessas de Recuperação


1 - Eu tenho um novo senso de liberdade porque estou deixando ir o passado.
2 - Estou esperançoso sobre meus futuros relacionamentos.
3 - Eu posso ser atraído por alguém sem me apaixonar durante a noite, e posso me apaixonar sem ficar
obcecado.
4 - Se o amor me domina, não ajo de maneira viciante.
5 - Eu posso dizer a diferença entre fantasias e realidade.
6 - Eu não tenho que controlar os que amo nem os deixar me controlar.
7 - Eu experimento relacionamentos um de cada vez e não me envolvo com pessoas “indisponíveis”.
8 - Se minhas necessidades básicas não forem atendidas, posso terminar meu relacionamento.
9 - Eu posso deixar qualquer um que esteja me abusando verbalmente ou fisicamente.
10 - Eu não faço para os outros o que eles deveriam fazer por si mesmos.
11 - Eu me amo tanto quanto amo os outros.
12 - Eu olho para o meu Poder Superior em busca de força, orientação e disposição para mudar.

São estas promessas extravagantes?

Pensamos que não. Elas estão sendo cumpridas entre nós - às vezes rapidamente, às vezes
lentamente. Elas irão sempre se materializar, se trabalharmos para isso.

Prece da Serenidade

Concedei-nos Senhor a serenidade necessária


para aceitas as coisas que não podemos modificar;
Coragem para modificar aquelas que podemos;
E sabedoria para distinguir umas das outras.

2
Essa apostila é totalmente gratuita, todos os textos foram retirados de sites da internet e adaptados. Pode ser
livremente reproduzida, parcial ou totalmente.
1. Sumário
1. A Dependência Afetiva ..........................................................................................................................................8
1.2 Os Relacionamentos do Dependente Afetivo .....................................................................................................8
1.3 Sintomas ..............................................................................................................................................................9
1.4 Co dependência – outro nome para a dependência afetiva ............................................................................ 10
1.5 Quais os efeitos desse problema?.................................................................................................................... 11
1.6 Como identificar a co-dependência? ............................................................................................................... 11
Como se libertar desse sofrimento? ...................................................................................................................... 12
1.7 Como reconhecer a dependência emocional nas relações........................................................................... 12
Nos relacionamentos amorosos ............................................................................................................................. 12
Nas relações parentais ........................................................................................................................................... 13
Nas relações de amizade .......................................................................................................................................... 13
1.8 Saúde emocional: como diferenciar amor, apego e dependência emocional... ......................................... 13
Resumo da notícia .................................................................................................................................................. 13
Decifrando o amor ................................................................................................................................................. 14
Compreendendo o apego....................................................................................................................................... 14
1.9 Identificando a dependência emocional... ....................................................................................................... 14
Os vínculos de dependência emocional................................................................................................................... 14
Por que é importante saber diferenciá-los? .......................................................................................................... 14
1.10 Independência Emocional .............................................................................................................................. 15
Faça o teste ............................................................................................................................................................ 15
1.11 Porque ficamos dependentes emocionais? ................................................................................................... 16
Tonar-se emocionalmente independente ............................................................................................................. 16
2. Amor e Vício ....................................................................................................................................................... 16
2.1 Diferença entre o amor e a obsessão .............................................................................................................. 16
2.2 A obsessão e a baixa autoestima ..................................................................................................................... 17
No amor há aceitação ....................................................................................................................................... 17
O outro é um ser humano ................................................................................................................................. 17
2.3 Intenções de manipulação ............................................................................................................................... 17
A importância da comunicação .................................................................................................................... 17
2.4Rejeição Romântica e Amor .............................................................................................................................. 18
2.5 Quando o amor se torna patológico ................................................................................................................ 20
2.6 O que é carência afetiva? Saiba como tratar ................................................................................................... 20
Quando a necessidade de atenção se torna um problema. .................................................................................. 20
O que é carência afetiva? ....................................................................................................................................... 21
Como o problema se desenvolve? ......................................................................................................................... 21
2.7 Quais são os sintomas de carência afetiva? ..................................................................................................... 22
Submissão às pessoas ....................................................................................................................................... 22
3
Medo de desagradar ......................................................................................................................................... 22
Crença de que a felicidade está condicionada a outra pessoa ...................................................................... 23
Ciúme excessivo ................................................................................................................................................ 23
Viver em função dos sonhos do outro ............................................................................................................. 23
Não ter planos nem perspectiva para a própria vida.................................................................................... 23
Sentimento de inferioridade ............................................................................................................................ 23
Necessidade de chamar a atenção das pessoas............................................................................................... 24
2.8 Como se livrar desse mal? ................................................................................................................................ 24
Aprenda a aproveitar momentos sozinhos ..................................................................................................... 24
Valorize-se e ame-se ......................................................................................................................................... 25
Não se envolva com alguém até que esteja pronto. ....................................................................................... 25
Exercite-se! ........................................................................................................................................................ 25
Olhe para as outras coisas boas da sua vida .................................................................................................. 25
Valorize-se! ....................................................................................................................................................... 26
3. ABANDONO E REJEIÇÃO ......................................................................................................................................... 26
3.1 O Poder da Rejeição ......................................................................................................................................... 26
3.2 Abandono ......................................................................................................................................................... 27
3.3 Sinais de que alguém tem problemas de abandono: ....................................................................................... 28
3.3.1 Apego não saudável ................................................................................................................................. 28
3.3.2 Medo da infidelidade ............................................................................................................................... 29
3.3.3 Permanecer em relações tóxicas............................................................................................................. 29
3.3.4 Relações de sabotagem ............................................................................................................................ 29
3.3.5 Problemas de comprometimento ........................................................................................................... 29
3.4 Tratando o medo do abandono ....................................................................................................................... 30
4. A Indisponibilidade Emocional e o Vício de Amar.............................................................................................. 30
4.1 A Indisponibilidade Emocional ......................................................................................................................... 30
4.2 Sinais de um parceiro emocionalmente indisponível ...................................................................................... 30
Flerte constante ..................................................................................................................................................... 31
Controle da situação .............................................................................................................................................. 31
Ouça bem ............................................................................................................................................................... 31
O passado ............................................................................................................................................................... 31
Em busca da perfeição ........................................................................................................................................... 31
Raiva ....................................................................................................................................................................... 31
Arrogância .............................................................................................................................................................. 31
Invasão ou evasão .................................................................................................................................................. 31
Sedução .................................................................................................................................................................. 32
Seja honesto consigo mesmo a respeito da sua própria disponibilidade emocional e responda: ........................ 32
4.3 Por que eles não estão emocionalmente disponíveis? .................................................................................... 32
4
5. O VÍCIO DE AMAR ............................................................................................................................................... 33
5.1 Os Viciados em Amar........................................................................................................................................ 34
5.2 O viciado em amar/evitar ................................................................................................................................. 34
5.3 A relação Interviciada ....................................................................................................................................... 35
O que fazer? ........................................................................................................................................................... 35
6. As Famílias Disfuncionais ................................................................................................................................... 36
6.1 Famílias disfuncionais: 5 características que as definem................................................................................. 36
6.2 O abuso nas famílias disfuncionais................................................................................................................... 36
Cada membro da família se sente indigno ............................................................................................................. 36
Violência doméstica ............................................................................................................................................... 37
Nas famílias disfuncionais prevalece o imprevisível, o caótico e inseguro............................................................ 37
Pedem para você não falar, não confiar e não sentir ............................................................................................ 37
6.4 Mães com transtorno narcisista: o prazer delas é o sofrimento dos filhos... .................................................. 37
6.5 Mães más ......................................................................................................................................................... 38
7. Auto Estima ........................................................................................................................................................ 39
7.1 Antes de me apaixonar por você, devo me apaixonar por mim ...................................................................... 39
7.2 Apaixonar-me por mim será o primeiro passo (falar é fácil, fazer que é difícil!!!!!) ....................................... 39
Não tenha medo da solidão .............................................................................................................................. 40
Supere as aparências ...................................................................................................................................... 40
Cuide de seus amigos ...................................................................................................................................... 40
Não dê tudo aos outros ................................................................................................................................... 40
Fique com quem você possa ser você mesmo, em sua essência e com liberdade ....................................................... 40
7.3 Ser você mesmo é não se submeter às expectativas ....................................................................................... 41
Mantenha ao seu lado aqueles que fazem você se tornar uma pessoa melhor ................................................... 42
7.4 Como a autoestima baixa leva a abusos e mais problemas nos relacionamentos .......................................... 42
Resumo da notícia ............................................................................................................................................ 42
Danos aos relacionamentos ................................................................................................................................... 43
7.5 Baixa autoestima e abusos ............................................................................................................................. 43
7.6 Autossabotagem .............................................................................................................................................. 44
7.7 Términos de relacionamentos.......................................................................................................................... 44
Como tratar o problema? ....................................................................................................................................... 45
7.9 Sinais de que seu parceiro pode estar tentando acabar com sua autoestima .................................................... 48
Exagerar ao tomar iniciativa na hora de decidir .......................................................................................... 48
Interromper quando você está falando .......................................................................................................... 48
Questionar suas decisões .................................................................................................................................. 48
Usar linguagem corporal negativa (como girar os olhos) ............................................................................. 49
Não ter interesse por atividades importantes para você ............................................................................... 49
Dar “sugestões” o tempo todo ......................................................................................................................... 49
5
Falar como se você fosse uma criança ............................................................................................................ 49
Dizer “não” à maior parte das ideias que você tem ...................................................................................... 49
Conferir ou refazer tudo que você já fez ........................................................................................................ 50
Causar dúvidas constantes com ações que não condizem com o que foi falado ......................................... 50
Dar conselhos demais ou exagerar ao oferecer ajuda ................................................................................... 50
Recusar-se a discutir ........................................................................................................................................ 50
Equivocar-se em relação aos seus sentimentos .............................................................................................. 50
Expressar amor incondicional......................................................................................................................... 50
7.10 Pensamentos Distorcidos: o que são e como evitá-los.................................................................................. 51
Catastrofização ................................................................................................................................................. 51
Pensamento "tudo ou nada" ........................................................................................................................... 51
Adivinhação ...................................................................................................................................................... 51
Raciocínio Emocional....................................................................................................................................... 51
Generalização ................................................................................................................................................... 51
Rotulação: ......................................................................................................................................................... 52
Personalização .................................................................................................................................................. 52
Baixa tolerância à frustração. ......................................................................................................................... 52
8. Relacionamentos Tóxicos ................................................................................................................................... 53
Liberdade ................................................................................................................................................................ 53
Ajuste no comportamento ..................................................................................................................................... 53
Igualdade ................................................................................................................................................................ 53
8.1 Amor tóxico e amor saudável .......................................................................................................................... 54
8.2 Sinais de um relacionamento tóxico ................................................................................................................ 55
1. Comportamento hostil ............................................................................................................................. 55
2. Críticas exageradas .................................................................................................................................. 55
3. Falta de demonstrações de afeto ............................................................................................................. 55
4. Não conversar sobre os problemas ......................................................................................................... 56
5. Desrespeito ................................................................................................................................................ 56
6. Você não pode ser você mesma ............................................................................................................... 56
7. Ele toma decisões por você ...................................................................................................................... 56
8. Sentimento de culpa ................................................................................................................................. 56
9. Você se sente exausta................................................................................................................................ 56
10.Misoginia ............................................................................................................................................................... 57
10.1 Relacionamentos conturbados ...................................................................................................................... 57
10.2 Misandria ...................................................................................................................................................... 60
10.3 Sete traços psicológicos do narcisismo que um narcisista nunca admitiria .................................................. 61
10.3.1Têm a mesma capacidade de ouvir que as pedras............................................................................... 61
10.3.2 Sucesso ilimitado, essa fantasia que os acompanha ........................................................................... 62
6
10.3.3 Escondem suas emoções, sobretudo sua vulnerabilidade .................................................................. 62
10.3.4 São viciados em controle... e não só nisso ............................................................................................ 62
10.3.5 Ao contrário do que se pensa, os narcisistas fogem das redes sociais porque não têm controle
sobre elas ........................................................................................................................................................... 63
10.3.6 Se fizerem com você, será seu marionete ............................................................................................ 63
10.3.7 Um narcisista nunca se identifica como tal ......................................................................................... 63
10.4 O Psicopata nos relacionamentos afetivos .................................................................................................... 63
10.5 Casos de quem não percebeu a doença ........................................................................................................ 64
10.6 Por que as pessoas acabam se relacionando com psicopatas? ..................................................................... 65
10.7 Diferenças entre o amor saudável e a obsessão ............................................................................................ 66
1. O amor saudável respeita o espaço do outro ............................................................................................. 66
2. O amor saudável reconhece o outro como um indivíduo, não como um objeto ..................................... 66
3. O amor saudável não vive como se fosse num filme.................................................................................. 66
4. O amor saudável não influencia na autoestima ......................................................................................... 66
5. O amor saudável aceita o luto ..................................................................................................................... 66
6. O amor saudável não faz chantagem emocional ....................................................................................... 66
7. O amor saudável enfrenta os problemas .................................................................................................... 67
10.8 Os efeitos dos aplicativos de relacionamentos no cérebro e no comportamento........................................ 67

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1. A Dependência Afetiva

Todos nós nascemos, de uma maneira ou de outra, como seres muito dependentes dos cuidados de
adultos. Isso evolutivamente se justifica pelo fato da nossa espécie privilegiar primeiramente o
desenvolvimento cerebral intrauterino e posteriormente o físico logo após o final da gestação. Desta
forma ao longo dos anos, podemos adquirir maturidade emocional e física por meio de nossas experiências,
estímulos e vivências. Este seria o percurso ideal e esperado da evolução de um recém-nascido até a idade
adulta, entretanto pode ser que algumas fixações sejam formadas especialmente na primeira infância
gerando efeitos complicadores no futuro.

Como consequência, algumas pessoas simplesmente não conseguem atingir a autonomia


emocional necessária para enfrentar as situações de frustração que a vida adulta nos reserva, sejam
elas simples ou complexas, é neste contexto que a dependência emocional e afetiva se manifestam e
podem ser sentidas pela pessoa e por aqueles que estão próximos.

Resumidamente, as causas mais comuns da dependência afetiva seriam situações de


intensidade emocional, traumáticas ou marcantes interpretadas como abandono e que não puderam
ser elaborados pela pessoa. Os abusos sofridos infância (físico, sexual, emocional), negligência, frieza ou
ausência dos pais, são apenas alguns poucos exemplos.

Desta maneira elas continuariam presentes e se reatualizando nas diversas relações vivenciadas pelo
sujeito, levando-o a acreditar sempre que outra pessoa lhe dará força, sentido e propósito e vida, sustento e
amor, ahhh o tão desejado amor!!

O dependente afetivo constrói seu valor próprio a partir de alguém ou de suas relações
afetivas, ele não consegue perceber o seu valor próprio. Em linhas gerais, isto pode ser sentido como
uma necessidade constante da presença de alguém, da aprovação dos outros, do suporte externo para a
tomada de decisões ou para nos sustentarmos emocionalmente diante de adversidades. Perdas ou
separações drásticas e casos de mortes ou suicídio que não puderam passar pelo processo adequado de luto,
provocam sentimentos de culpa e abandono nas crianças.

A falta de uma figura de referência ou de um adulto minimamente estável que acolha esta
dificuldade durante o momento mais crítico do crescimento, pode precipitar no futuro uma projeção desta
sensação confusa de abandono em diversos campos da vida.

Além de eventos no passado, episódios de estresse emocional e mudanças repentinas e radicais


que não puderam ser processadas internamente poderiam, da mesma forma, ser associadas à este
sofrimento psíquico.

Desta maneira, as experiências no passado distante ou recente, podem direcionar uma pessoa a viver
em constante ansiedade com medo de uma perda eminente, do abandono, da rejeição e da negligência.

1.2 Os Relacionamentos do Dependente Afetivo

Até certo ponto o comprometimento, o pertencimento à uma coletividade ou uma relação afetiva
são saudáveis e nos trazem conforto pois sabemos que não estamos sozinhos na vida. Assim, ser
espontâneo e ter autonomia para exercitar a liberdade e os próprios desejos é fundamental para que
a personalidade não se confunda com estes elementos exteriores.

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Se somos dependentes, provavelmente vamos escolher um “objeto” para preencher a
percepção de vazio que caracteriza este tipo de angústia. Esta tentativa se dá por meio de uma pessoa,
de grupos segmentados, das drogas ou pela busca constante aprovação e segurança.

Num relacionamento amoroso de dependência por exemplo, a necessidade da


presença constante do parceiro(a) se mostra muitas vezes mais importante que os sentimentos de
respeito, amor e afeto. Essa dinâmica influencia a relação como um todo pois traz consigo
comportamentos de submissão, apego e tentativa de controlar o outro. De maneira consciente ou
inconsciente o casal é capturado nesta dinâmica nefasta e surgem "jogos emocionais" sobre a fantasia de
estar ou não sendo amado(a) e a expectativa de receber a tal “prova de amor” que pode nunca chegar. São
duas pessoas que jogam, são duas pessoas que perdem.

Muitas vezes o relacionamento está péssimo e o casal insistentemente, se mantém em


sofrimento e infelicidade. A consequência deste “arranjo afetivo” infeliz é que um dos amantes deixa
de lado a sua própria vida para se dedicar integralmente à um relacionamento já em frangalhos. Será
que vale a pena tanto esforço? Poderia ser a hora de dizer basta e buscar ajuda para a mudança! Não estou
falando de separação somente, mas de uma nova possibilidade de se relacionar!

Entretanto na prática não é bem assim, por estar constantemente fragilizado com os
fantasmas do passado, o dependente se sustenta no pouco que tem, se contenta com migalhas afetivas
e segue precarizando a sua própria autonomia.

Apesar de ser algo difícil, temos que nos acostumar com o caráter transitório e variável das
relações. Nada permanece igual para sempre e aquilo que idealizamos provavelmente não será
exatamente o que vamos experimentar adiante. Uma amizade, um emprego, um namoro, um casamento,
a vida propriamente dita têm sempre um lado fulgaz e instável. A busca pela felicidade está em se
surpreender com o inesperado que traz consigo o frescor de novas possibilidades, pense nisso!

No entanto, o dependente afetivo lida com a hipótese do fim das relações como se estivesse sendo
abandonado de fato, coloca-se como a vítima e o outro como o algoz. Ou seja, cria o enredo de que foi
desprezado mesmo depois de ter feito tudo por alguém, tornando ainda mais a difícil a reparação da coisa
em si.

As instituições, as empresas também podem ocupar esse caráter de segurança afetiva. Se por
acaso houver uma demissão ou afastamento, isso acaba sendo interpretado como
rejeição. Este episódio se torna um pesadelo para o dependente emocional patológico que esperava da
instituição a segurança que não teve em diversas relações ao longo da vida. Assim a capacidade de
resiliência que é justamente a possibilidade de superação dos traumas, a auto crítica e a relativização dos
acontecimentos ficam profundamente comprometidos nesses casos. Um consequência
complicadora, possível inclusive, é a dificuldade de se reposicionar em um novo emprego.

Igrejas também são exemplos de criação de vínculos extremamente dependentes.

1.3 Sintomas

Os sintomas mais comuns que surgem são depressão, crises de ansiedade, pânico, isolamento,
agressividade e projeção da responsabilidade em alguém ou algo específico. Bem estranho não, se você se
sente sufocado em ler esta descrição, imagine-se vivendo neste cenário repetitivo.
Um dependente afetivo pode ser controlador, agressivo, hipervigilante, obsessivo, agradador,
bonzinho, violento contra o outro e contra si mesmo, para chamar atenção. Paradoxalmente, pode

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ainda ser passivo, demasiadamente dócil, submisso, infantilizado e extremamente obediente para evitar o
abandono. Você se reconheceu em algum desses sintomas?
“Não consigo viver sem essa pessoa". Em algum momento da vida, você já deve ter falado isso
ou até mesmo ouviu essa frase de alguém. Quando falamos de dependência emocional, é muito
comum relacionar o apego aos sentimentos de amor e amizade. E isso pode ocorrer em relações
românticas, entre pais e filhos e até mesmo amizades. Normalmente uma relação de dependência é
embasada no amor, sim, mas o sentimento tem um fundo patológico, transferindo para o outro toda
sua fonte de felicidade. Ou seja, o dependente só consegue se sentir pleno tendo aquela determinada pessoa
em sua vida.

Só que relações assim fazem mal, já que nem sempre teremos aquela pessoa conosco. O problema é
que dificilmente alguém com dependência emocional consegue enxergar isso e buscar ajuda. "A pessoa
cria barreiras para situações que trariam benefício e desenvolvimento à vida dela e demora muito para
enxergar que fez isso", ressalta Cristina Borsari, psicóloga da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Por isso é muito comum ver pessoas em relações longas e falidas, achando que aquela situação é
normal e com medo de reconhecer que ali tem um problema.

1.4 Co dependência – outro nome para a dependência afetiva

Trata-se da dificuldade de construir e manter relações saudáveis consigo mesmo e com as


demais. Em vez disso, os vínculos formados se tornam desgastantes e prejudiciais para ambas as
partes envolvidas. Co dependência é como um vício pelo sofrimento.

É criar uma dependência emocional e insistir em uma relação conturbada ou em formas


conturbadas de relacionar. É habituar-se ao que nos faz mal e viver em ciclos viciosos, que criam amarras
quase impossíveis de soltar.

O próprio termo “co dependência” indica que existe uma relação de dependência e isso nos faz
pensar no envolvimento com algum vício. No entanto, esse tipo de vinculação também pode acontecer,
além do núcleo familiar, em outros contextos, como no ambiente de trabalho e nos relacionamentos entre
amigos.

Vínculos codependentes costumam acontecer entre pessoas da família, principalmente quando há


dependência química envolvida, mas isso não é regra. Esse elo disfuncional também pode se desenvolver
entre marido e mulher ou entre pais e filhos menores, mesmo que não haja um vício químico
propriamente dito. A co dependencia se manifesta, quase sempre, em famílias com alguma
disfuncionalidade. Por exemplo, a mãe que é condescendente com todos os comportamentos inadequados
de um filho, porque não quer chateá-lo com repreensões. Ou a esposa que aceita calada o descaso do marido,
maus-tratos e traições, por medo de que o casamento acabe.

Mas, quando há dependência química, o caso é ainda mais complexo. Isso porque o abuso de drogas,
sejam elas lícitas ou ilícitas, gera consequências que vão além dos efeitos físicos causados no adicto. O
problema tende a tomar proporções cada vez maiores e afetar a família inteira, em vários aspectos —
afetivo, psicológico, financeiro etc.

Cada pessoa que convive com o adicto e que estabelece com ele uma relação de co
dependência desenvolve um acúmulo de sofrimento, porque soma seus próprios conflitos internos à
situação que já é destrutiva. Na família como um todo, os impactos da dependência química são
percebidos na instabilidade dos relacionamentos e na disfunção dos vínculos afetivos.
10
1.5 Quais os efeitos desse problema?

O codependente pensa que sua felicidade depende da pessoa que ele tenta ajudar e passa a
oferecer ajuda pelos caminhos errados: seja com permissividade, tolerância e compreensão excessivas
em relação aos abusos, seja por meio de controle, autoritarismo e críticas constantes às atitudes do outro.
Por vezes, vira um agradador compulsivo.

É comum que o codependente coloque as necessidades do outro acima de suas próprias. E isso
faz com que se desenvolvam relacionamentos contraditórios, nos quais os comportamentos de afeto e
agressão são manifestados simultaneamente. Nesses casos, ambas as partes da relação estão fortemente
envolvidas e não conseguem se desvincular uma da outra.

Quando alguém abusa do álcool ou de outras drogas e se torna um dependente, tende a perder,
gradativamente, o controle de sua vida e abandonar suas responsabilidades. Nessa hora, a família ou
os mais próximos podem começar a assumir as funções que foram deixadas de lado pelo dependente
químico.

Contas a pagar; comparecer ao trabalho, enquanto ainda estiver empregado; todos os assuntos
relacionados às crianças, quando há filhos na família; compromissos com amigos e familiares; atividades
sociais e até o autocuidado. Tudo isso começa a ser negligenciado quando as substâncias químicas passam
a ser a única prioridade na vida da pessoa.

Todas as atividades e obrigações das quais alguém precisa cuidar e resolver no dia a dia são
absorvidas pelas pessoas mais próximas ao adicto. Em geral, são os membros da família que assumem essa
função. Essa dinâmica adoece a família como um todo e prejudica cada membro individualmente,
considerando que cada um já carrega sua própria bagagem de dificuldades, dores e conflitos.

1.6 Como identificar a co-dependência?

Progressivamente, a co-dependência adoece as pessoas envolvidas em relacionamentos


destrutivos. Os reflexos desse problema vão desde o desgaste emocional até o declínio do desempenho
nas atividades diárias, chegando ao surgimento de transtornos psicológicos — como ansiedade e
depressão.

A pessoa que enfrenta essa confusão emocional nem sempre consegue compreender o que sente.
Ela se deixa invadir por sentimentos de amargura, aflição, ressentimento e mágoa. Culpa a si mesmo e ao
outro, mas acaba se habituando ao sofrimento e não consegue soltar as amarras que a prendem nessa relação.
O mais doloroso de tudo isso é que o codependente não se sente pronto para transpor essa barreira
emocional e encontrar outra forma de viver. Ele acredita que carrega nas costas o compromisso de
salvar o outro. É uma ilusão de responsabilidade pela vida e pelo bem-estar alheio.

Mas, na verdade, não se trata de amar o outro incondicionalmente e fazer tudo pela felicidade dele,
porque a co dependência é um mal da mente e não do coração. Qual o preço que se paga por isso?

Em uma relação disfuncional assim, as pessoas envolvidas são incapazes de enxergar o mal
que fazem a si mesmas e aos outros. Elas não percebem que, em vez de ajudar alguém que amam —
especialmente em casos de dependência química — estão sabotando ainda mais as suas chances de
recuperação.

Para identificar um quadro de co-dependência, é preciso estar atento aos sinais e sintomas do
problema, como:

• baixa autoestima: sentimento de culpa, excesso de autocrítica;


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• ciúmes excessivo: insegurança, medo de perder o amor do outro;
• controle compulsivo: necessidade de controle sobre si mesmo e sobre os
acontecimentos externos e tentativas de fazer o outro mudar;
• repressão das emoções: inibição dos próprios sentimentos e dificuldade de
compreender e externalizar o que sente;
• comunicação ineficiente: inabilidade para se expressar e estabelecer diálogos
construtivos;
• carência afetiva: busca constante por afeto e reconhecimento;
• oscilação emocional: instabilidade e alternância entre heroísmo e vitimismo;
• excesso de cuidado com o outro: senso desmedido de proteção e responsabilidade;
• negação: não aceitação de que existe um problema que precisa ser enfrentado.

Como se libertar desse sofrimento?

Na prática nada é tão fácil quanto as teorias ensinam, sobretudo quando se trata de emoções. Mas,
o primeiro passo para se libertar da co dependência é se conscientizar de que esse vínculo afetivo já adoeceu
e se tornou um problema na vida da pessoa. Para chegar a essa conclusão, é necessário observar e identificar
o que está errado na relação, se tem sido um elo construtivo ou destrutivo.

A partir da constatação de que é preciso se desvencilhar desse problema, o codependente deve


desenvolver o autoconhecimento e aprender a reconhecer suas próprias vontades e necessidades. Essa
é a mola propulsora para começar a vislumbrar a vida de outra forma e descobrir que é possível
viver com mais leveza.

Conseguiu compreender a gravidade da co dependência? Acreditar que esse tipo de relacionamento


é puramente baseado no amor é um erro grave, que pode prejudicar ainda mais a pessoa que precisa de
ajuda.

1.7 Como reconhecer a dependência emocional nas relações

Um dos processos mais difíceis nesse tipo de relação é perceber que há, de fato, algo nocivo.
Geralmente relações de dependência acontecem com as pessoas mais próximas da nossa vida e se
misturam com amor e carinho, mas a relação codependente pode brotar a qualquer instante.
Mas lembre-se: sempre está relacionada a algo ruim, já que a pessoa dependente cria expectativas
irreais e por isso sempre se sente triste ou deixada de lado pelo outro, ou então age de forma possessiva,
não deixando o outro exercer sua individualidade e ter vida fora do relacionamento. "A relação com
alguma dependência sempre vai ser algo prejudicial. Também pode haver traços tóxicos e abusivos
nesse relacionamento", explica Natalia Pavani, psicóloga do Hospital Alemã Oswaldo Cruz.
A especialista reforça ainda que é um padrão de comportamento que remete muito à
intensidade, no qual a pessoa acha que não tem força para sair daquela situação ou até que não vai
aguentar caso rompa com determinado indivíduo. E perceber que aquilo não está sendo saudável e que
está causando mais sentimentos ruins do que respostas boas, pode demorar meses e até anos.
Um dos sinais mais evidentes é quando a pessoa tem um sofrimento constante, com crises de choro
excessivas, inseguranças, dúvidas e brigas.

Nos relacionamentos amorosos

É muito comum que a dependência emocional seja percebida quando o amor não existe mais:
só há brigas, discordâncias e um dos lados, ou mesmo ambos, não consegue sair daquilo por medo de
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ficar sozinho ou não achar mais a pessoa da sua vida. "Uma das frases mais comuns é 'eu só fico bem
com ele (a)'", diz Borsari.
A pessoa dependente sofre porque o parceiro tem outras facetas e experiências em sua vida fora do
relacionamento. E pode até mesmo tornar isso uma cobrança para outra pessoa. Além disso, é comum idas
e vindas, e no primeiro momento de fragilidade, procurar o parceiro, se apegando as coisas e sentimentos
do passado.

Nas relações parentais

Embora a dependência seja vista muito como uma relação entre casais, ela também ocorre, e muito,
entre pais e filhos. Um dos exemplos mais comuns é quando os pais querem ou só vivem a vida filho e
depositam nele todo seu bem-estar, não respeitando sua individualidade. Chega a ser sufocante,
nocivo e uma relação muito dura. No caso dos pais, deixar o filho viver por si é muito doloroso e pode
chegar a ter situações de chantagem emocional para impedir que ele saia da asa dos pais.

Nas relações de amizade

Normalmente a dependência emocional em amizades ocorre quando há apegp daquele amigo


com outras pessoas. O amigo dependente quer atenção apenas para si e não aceita que o outro tenha outros
laços importantes. Com o tempo, isso pode evoluir para uma amizade que não agrega mais nada. Muitas
vezes essa amizade pode evoluir para algo mais tóxico, em que uma das partes só coloca a outra para baixo,
não valoriza suas conquistas, o que sempre acaba deixando o outro mal.

1.8 Saúde emocional: como diferenciar amor, apego e dependência emocional...

Resumo da notícia
• Na tentativa de fazer dar certo, muitas vezes, é possível confundir amor, carência e dependência
emocional
• Amor é um estado psicológico de entrega que inclui paixão, desejo, admiração e cuidado com o
outro
• O apego emocional pode funcionar como uma forma de prisão
• A dependência emocional é classificada como uma necessidade invasiva e excessiva de ser cuidado
Se você acredita que tem 'dedo podre' e percebe que seus relacionamentos sempre caminham
para o mesmo fim, talvez seja importante aprender a diferenciar amor, apego e dependência
emocional. Afinal, na tentativa de fazer dar certo, muitas vezes, é possível confundir sentimentos.
Para o psicólogo André Luís Masiero, docente na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos),
mesmo pessoas resolvidas e experientes estão sujeitas a ingressarem em relações ruins, assim como é
possível a repetição de histórias amorosas desastrosas com personagens diferentes devido ao apego
ou dependência emocional. "Quando há algo mal resolvido no histórico de uma pessoa, ela tende a repetir
padrões de sofrimento, como se fosse uma tentativa repetida de resolução de uma lacuna do passado",
completa o docente. E o autoconhecimento é essencial para desenvolver habilidades que podem
proporcionar relações afetivas e escolhas mais saudáveis. Por isso, conseguir identificar e diferenciar suas
emoções pode ajudar a evitar algumas ciladas.

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Decifrando o amor

Não existe uma definição exata para o amor, afinal ele não é estático. Mas de acordo com a teoria
do antropólogo John Allan Lee, existem seis estilos de amor: Ágape: amor altruísta e incondicional; Eros:
amor apaixonado, seguro e com atração física imediata; Ludus: amor visto como um jogo, marcado pela
sedução e liberdade sexual; Mania: amor instável, obsessivo, ciumento e possessivo; Pragma: amor
pragmático, o parceiro escolhido deve ter determinadas características para ser amado.
Portanto, em um relacionamento, Eros é o que deveria mais se aplicar. "Amor é um estado
psicológico de entrega que inclui paixão, desejo, admiração e cuidado com o outro. Implica em uma relação
de doação e descoberta sem perder a identidade, sem preconceitos ou medo", explica a psicóloga Priscila
Gasparini Fernandes, psicanalista com especialização em neuropsicologia e neuropsicanálise, com
mestrado e doutorado pela USP (Universidade de São Paulo). Na prática, amor deve ser algo positivo,
leve, divertido. E relacionamentos pautados em possessividade, ameaças, agressões verbais,
desinteresse podem dar indícios de que o amor não está no ar.
Compreendendo o apego

Sabe aquela história que não te faz feliz, mas você não consegue abrir mão? Daí, pode surgir
um apego emocional que funciona como uma forma de prisão, limitando o comportamento,
impedindo o crescimento pessoal e até gerando um transtorno de personalidade dependente. No
entanto, uma pessoa pode se apegar a outra mesmo que não seja dependente. "As pessoas que se apegam
temem apenas ter o ego ferido por algum abandono ou desprezo. Essa formação psicológica chega a ser
paradoxal, pois a pessoa está apegada a algo que se soltar não lhe fará falta ou até lhe fará mais feliz",
comenta Masiero. Por isso, o apego pode ser classificado como um mecanismo para manter o
relacionamento. E, segundo Andrea Lorena, coordenadora do setor de tratamento e pesquisa sobre amor e
ciúme patológicos do Ipq do HC-FMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo), o apego pode ser ativado a partir da separação ou ameaça de
separação, envolvendo emoções básicas de medo, raiva e tristeza.

1.9 Identificando a dependência emocional

Os vínculos de dependência emocional

Os vínculos de dependência emocional geralmente são infantilizados, como resquícios infantis que
se prolongam na vida adulta, em que a pessoa se desenvolve, mas permanece presa em um padrão infantil
de dependência de outro", explica Masiero. Por isso, a dependência emocional é classificada como uma
necessidade invasiva e excessiva de ser cuidado, que leva a um comportamento submisso. Por isso, a
psicóloga Thays Babo, mestre em psicologia clínica pela Puc-Rio (Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro), alerta: "alguém que é muito dependente emocionalmente pode estabelecer regras
que limitem o outro, restringindo sua liberdade pelo medo de perder, ser abandonado".
E se a pessoa 'controlada' acredita que é amor, pode continuar vivendo essa história com sofrimento.
Em uma situação de dependência emocional, a pessoa acaba entregando as responsabilidades de sua vida a
outra pessoa, não discordando nunca de nada por temer a perda, apoio ou aprovação.

Por que é importante saber diferenciá-los?

Infelizmente, segundo Fernandes, as pessoas não conhecem a diferença entre esses conceitos e acabam
considerando normal alguns traços de controle excessivo, manipulação e submissão na relação. E ao
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reconhecer cada um deles, fica mais fácil fazer uma autoavaliação, visualizando se está agindo de forma
prejudicial ao relacionamento. "Identificar as diferenças entre os tipos de apego e estilos de amor ajuda
no desenvolvimento de relacionamentos mais saudáveis", garante Lorena. Afinal o sujeito poderá
compreender, por meio do programa de 12 passos e reuniões, suas escolhas amorosas.

1.10 Independência Emocional

Para nos desenvolvermos adequadamente desde os primeiros anos de vida, o afeto dos nossos pais
ou educadores é primordial. De certa forma crescemos e desenvolvemo-nos à custa da dependência
emocional das pessoas que nos são significativas. Na primeira fase da vida da criança esta dependência é
funcional, mas com o avançar dos anos, a independência emocional importa ser desenvolvida.

Para muitos de nós este processo pode ter algumas lacunas, seja por carência emocional, falta
de habilidades sociais, autoconfiança diminuída, incapacidade de decisão, vitimização, entre outras.

Quando a nossa felicidade tem a sua base nos outros, ou seja, quando procuramos cumprir as nossas
necessidades emocionais através dos outros, podem surgir todos os tipos de problemas, que por vezes
passam-nos despercebidos. Por exemplo, problemas de relacionamento, porque julgamos que a outra pessoa
não é sensível às nossas necessidades, e fica-se ressentido. No fundo, a pessoa desenvolve a noção que a
felicidade está fora dela, e portanto, não é possível de ser alcançada.

A pessoa sente-se indefesa, porque se as outras pessoas não contribuem para a fazerem feliz e
satisfazer as suas necessidades, então ela não será feliz porque os outros não a fazem feliz. Ou pior, o
que será dessa pessoa se as outras pessoas contribuírem para a criação de problemas na sua vida?

Faça o teste

Você está emocionalmente dependente? Responda às seguintes perguntas:

• A sua felicidade depende muito do seu relacionamento?


• O seu bem-estar depende de ser aceite pelos outros?
• Se você tem um parceiro, olha para essa pessoa pelo amor, pelo sexo, pelo apoio, por segurança,
para valorização?
• Você fica extremamente chateado se o seu parceiro não reagir de uma certa maneira, não atender a
uma necessidade?
• Quando você está sozinho, sente a necessidade de preencher o vazio da solidão com distração? Você
está sempre mexendo no seu telefone quando está sozinho?
• Você reclama muito sobre as outras pessoas? Fica bravo por causa das coisas que elas fazem?
• A sua relação é o centro do seu universo? E sobre o seu relacionamento com os amigos ou os seus
filhos?
• Fica incomodado se o seu parceiro faz algo que não inclui você, ou deixa de fazer algo que vêm
fazendo juntos?
• Você fica com ciúmes facilmente?
• Quando você está fisicamente separado do seu parceiro, você sente impulso para estabelecer
contato?
• Você quer saber todos os passos e atividades do seu parceiro?
• Você sente-se inseguro quando não sabe onde o seu parceiro está, com quem está ou que está
fazendo?

Esta lista não é exaustiva, mas provavelmente você pode verificar em si mesmo quatro ou mais
dessas questões. Isso não significa que você tem um problema ou que é pior que as outras pessoas.
Muitas pessoas identificam-se com estas questões, mas não perdem tempo a torná-las conscientes.
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Preferem ignorar esses fatos, numa tentativa de proteção. Mas na verdade não se estão protegendo, estão a
propagar a sua dependência emocional.

Se você respondeu sim a grande parte das questões, não se sinta mal com isso. Perceba que impacto
é que essa dependência emocional poderá estar a ter nas diferentes áreas da sua vida. Em seguida, trabalhe
na sua consciência emocional para que possa desenvolver a sua independência emocional.

1.11 Porque ficamos dependentes emocionais?

Não existe uma resposta concreta, pois há muitos caminhos para os mesmos fins. Como disse
anteriormente, esta ligação emocional que se transforma em dependência, começa na infância. Contamos
com nossos pais para suprimir as nossas necessidades emocionais, como o amor, conforto, apoio, aceitação,
entre outras.

A forma como os nossos pais e pessoas próximas estabelecem os laços emocionais nem sempre
facilita o desenvolvimento de autonomia emocional. Tornamo-nos adultos sem ter aprendido a
ser emocionalmente autossuficentes. E, assim, procura-se alguém para preencher as necessidades
emocionais.

Nós olhamos para o parceiro perfeito, e provavelmente isso irá provocar grandes problemas no
relacionamento, porque não somos emocionalmente independentes, e assim comportamo-nos de forma
carente, piorando tudo se o nosso parceiro se comportar da mesma maneira.

Se nos sentimos a todo momento magoados, tendemos a culpar a outra pessoa pelo nosso sofrimento
emocional. Se o parceiro não está lá para nós sempre que necessitamos, culpamo-lo. Se algo de ruim
acontece, existe um impulso para a vitimização, porque não podemos seguir em frente com a nossa vida,
se alguém fez algo ruim para nós, certo? No entanto, existe uma solução. Temos que aprender o seguinte:
A felicidade está DENTRO de nós.

Tonar-se emocionalmente independente

A felicidade oriunda dos outros é uma fonte instável de felicidade. As outras pessoas vão e
vêm, e por vezes não estão disponíveis quando mais necessitamos, ou podem não estar sensíveis aos
nossos problemas e necessidades. As outras pessoas também estão lutando para satisfazer as suas
próprias necessidades. Então, em vez de fazermos com que a nossa felicidade dependa de alguém, temos
que perceber que não é por aí. A felicidade está dentro de nós. A felicidade está dependente da relação que
temos conosco mesmo.

A felicidade não está no futuro, não está numa determinada pessoa ou num lugar específico.
Está dentro de nós, agora, o tempo todo.

2. Amor e Vício

2.1 Diferença entre o amor e a obsessão

O amor é um sentimento tão intenso que, às vezes, sai de nosso controle e termina em uma
obsessão esmagadora que nos leva adiante. Você sabe a diferença entre o amor e a obsessão? Quando
o amor se transforma em obsessão, a outra pessoa para de nos complementar e passa a nos completar.
Por isso temos medo imenso de que nos abandone, porque nos deixará vazios.
Não é simples nos darmos conta de quando estamos presos na obsessão ou de quando na
realidade sentimos amor verdadeiro.
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Quando estamos obcecados por uma pessoa, construímos uma espécie de parede ao redor da
relação na qual não há margem de manobra. Esta exclusividade oprime, porque na maioria das
ocasiões, controla, e isso faz com que nós fiquemos desconfiados e em alerta em vez de re laxados
e desfrutando o relacionamento. O amor, em contrapartida, goza de um compromisso onde não há esta
exclusividade como norma, mas sim que lhe dá um grande valor à honestidade entre os membros do
relacionamento.
2.2 A obsessão e a baixa autoestima

Quando a obsessão faz eco, tem a ver com uma baixa autoestima. Algo nos falta, precisamos
de algo que não temos, por isso nos tornamos obcecados. Mas, quando falamos de amor não estamos
buscando alguém que nos preencha, mas sim que nos complemente.
No amor há aceitação
No momento em que um relacionamento se desfaz, sempre há uma etapa de “luto” pela qual
há de se passar, mas que cedo ou tarde dá lugar à aceitação da realidade. Mas, no caso da
obsessão, isto não acontece. Há um luto, mas não conseguimos sair dele. Ficamos bloqueados,
amarrados e a aceitação muitas vezes não chega. Neste momento, é preciso procurar ajuda e uma
terapia.
O outro é um ser humano

Isto pode parecer um tanto quanto óbvio. Porém, quando nos referimos à obsessão, não é tão
óbvio assim. Nestes casos, a outra pessoa é como uma propriedade que nos pertence para nos
dar aquilo que julgamos estar em falta. Dentro de nós consideramos que essa pessoa é “obrigada”
a isso e que não pode falhar conosco. É nossa necessidade, por isso passa a deixar de ser um ser
humano para se transformar em uma possessão. Quando falamos de amor, há de se levar em conta
o outro como pessoa, que pode desfrutar tanto de seus direitos quanto de suas liberdades.

2.3 Intenções de manipulação

Às vezes, nos relacionamentos amorosos, surge a falta de interesse de um dos membros do


relacionamento pelo outro. Se estivéssemos falando de amor, isto nos magoaria, mas
terminaríamos tomando uma decisão e aceitando o desenlace. Porém, no caso contrário, isto não
é algo que se assuma, mas sim que se usa como uma arma contra o outro. Desta maneira, tenta-
se fazer com que a outra pessoa se sinta culpada por essa falta de interesse, que não buscou e nem
decidiu sentir.

A importância da comunicação
Em todo relacionamento de casal saudável, a comunicação e a empatia são elementos
fundamentais para que tudo ocorra bem. Porém, nos relacionamentos onde a obsessão está
presente, a comunicação está ausente, pois há medo de que o outro possa escapar, fugir ou nos
deixar. Por isso, fingimos que nada está acontecendo e que tudo está bem para assim não enxergar
a realidade do problema.

Ao criarmos esse mundo cor de rosa não será uma garantia de que tudo se solucione, mas
sim o contrário: a verdade açoitará mais forte do que nunca quando ela aparecer . Você alguma
vez experimentou estas duas formas de “amar” ou acreditar que ama? As pessoas que ficam muito
obcecadas em seus relacionamentos, terminam muito machucadas. Sua necessidade não é saciada
e, se em algum momento tudo mudar, perdem o controle por completo. Não suportam que ninguém
mude, que se transforme em algo diferente do que era. Colocaram tanto empenho nisso que esgotaram
suas reservas de energia, deram tudo pelo outro. Porém, se esqueceram de si mesmos e a única solução
nesse caso é voltar a se encontrar novamente.
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2.4Rejeição Romântica e Amor

Quando eu estudava psicologia, o filme “Atração fatal”, com Michael Douglas e Glenn Close,
foi apresentado em classe como exemplo de mulheres obsessivas. Me lembro que, na ocasião,
discutiu-se o que tinha feito a personagem de Glenn Close levar sua frustração a limites extremos,
como raptar a filha e tentar matar a esposa de seu amante.

O elemento “rejeição” veio à tona, mas todos os envolvidos no debate – eu, inclusive– concordaram
que a maioria das pessoas consegue lidar com a rejeição, e apesar das mágoas e até da raiva, não saem por
aí ferindo ninguém. Concluímos, portanto, que o comportamento da personagem era pertinente às mentes
que já possuíam tendências doentias. O livro Unrequited, da autora americana Lisa A. Phillips, trata as
causas das obsessões românticas. A obra constitui-se de uma experiência vivida por Phillips, mais de uma
década atrás, onde ela se tornou obcecada por um homem que não podia ter.

Ela não chegou aos extremos apresentados em “Atração Fatal”, mas se pegou fazendo coisas
absurdas como seguir o sujeito, espioná-lo e bater a porta dele forçando presença. Anos após ter
encerrado este atormentador capítulo de sua vida, Philips ainda tentava compreender o fenômeno
que tornara alguém são como ela numa desconhecida, fora de controle. Compilei aqui alguns dos
conceitos e relatos da psicologia moderna que ela cita no livro e que poderão ser úteis para muitas de nós.

A primeira revelação foi que o que Phillips fez é surpreendentemente comum, e é chamado de
“assédio leve”. Geralmente começa quando a mulher em questão está numa fase de carência afetiva
profunda. A carência pode ser consciente, devido a um acontecimento emocional novo, como logo
após o parceiro ter terminado uma relação. Ou inconsciente, quando ela está há muito tempo num
relacionamento estável, porém vazio, onde o parceiro é indiferente a ela. De alguma forma, ela já
carrega dentro de si um sentimento de rejeição – ativo ou dormente – e tem uma série de necessidades
afetivas não supridas.

Ao começar a se relacionar com um novo parceiro, esta mulher poderá desenvolver sintomas de
assédio leve, se ele se mostra inacessível emocionalmente não quer um compromisso ou como no caso
da autora, ainda está preso a outro casamento ou namoro do qual ele promete se desligar, mas nunca
o faz em seus estudos para o livro, Lisa Phillips descobriu que mais de 40% das mulheres em idade
universitária já enviaram mensagens indesejadas, e mais de um quarto delas invadiu o espaço privado de
seu interesse romântico. Outro estudo mostrou que um terço das mulheres admitiu alguma forma de
ameaça, agressão verbal ou agressão física moderada, na intenção de retomar uma
relação terminada pelo parceiro. O professor da Universidade de Psicologia do Estado da
Flórida, Dr. Roy Baumeister, descreve o fenômeno como o “roteiro do amor rejeitado”.

Filmes e até romances clássicos comunicam que esforços dramáticos para conquistar o amor
de alguém valem a pena, e a química cerebral contribui pra agravar o problema. Paixões
avassaladoras aumentam a produção de dopamina, um neurotransmissor associado à concentração
e aos desejos obsessivos. Infelizmente, a rejeição romântica produz o mesmo efeito no organismo
gerando o fenômeno denominado pela antropóloga biológica Helen Fisher como “atração
frustrada”. A obsessão torna-se um desejo cego, alimentado por combustíveis físicos e emocionais que
a tornam incontrolável, impedindo muitas vezes que a pessoa funcione em sociedade.

Fazendo um paralelo entre homens e mulheres, gostaria de mencionar algo que já li


anteriormente. As obsessões femininas não são jogos de poder, estimulados pela necessidade de
provar pros outros que se pode conquistar alguém. Jogos são comuns, principalmente entre rapazes
jovens onde a conquista, por mais obsessivamente que tenha sido perseguida, permanece como nada além
de um troféu. Com a mulher, obsessões podem ter relação com os danos que a rejeição causa à autoestima.
Homens são melhores equipados do que nós para lidar com a rejeição no amor. Começa com o fato de
serem eles quem se aproximam para cantar uma mulher num bar ou boate ou tirá-la para dançar. Muitas
vezes, até receberem um sim, já levaram diversos nãos.
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Mulheres estão acostumadas a serem caçadas, e a rejeição de um homem dói mais. Geralmente
a rejeição as força à autoanálise. Quando encontram algo errado consigo mesmas – algo que possa
justificar a rejeição – elas parecem se conformar melhor. Mas se elas concluem que são bonitas e
inteligentes o bastante para o homem em questão, a menos que ele esteja apaixonado por outra
pessoa, conquistá-lo pode se tornar uma questão de honra. Este é o primeiro passo para iniciar uma
obsessão. E a razão é que esta mulher pode até começar “jogando”, mas ela não está preocupada em provar
nada a ninguém além de si mesma e ela pode não saber a hora de desistir.

Segundo Lisa Phillips, é a quantidade de estresse emocional por ter sido rejeitada que
determinará o quão agressivamente a mulher perseguirá seu interesse amoroso. Esta tendência está
relacionada a um fenômeno chamado de “conexão com metas”. Ou seja, a meta de conquistar um
determinado parceiro se entrelaça com outra ainda mais importante.

No caso da autora, ela acreditava que o sujeito seria o seu passaporte para uma relação
duradoura, casamento, e a construção de uma família; portanto, ninguém mais serviria. O fator
estranho, ela descreve, é que ele não estava sendo muito amoroso e eles nem estavam namorando. Corriam
juntos e, de vez em quando davam uns amassos, então como ele poderia ser o homem da vida dela? Mas
ela transformou em meta conquistá-lo a ponto de fazê-lo terminar a relação de longa distância que mantinha
com outra garota e tornar-se oficialmente seu namorado. Analisando a situação agora, casada com outro
homem e feliz há doze anos, Phillips diz se achar completamente ridícula. Mas na ocasião, ela não
conseguia nem imaginar em que direção sua vida seguiria se o tal sujeito não estivesse ao seu lado.

Phillips relata que acordava no meio da noite pensando em formas de fazê-lo entender o quanto
eles poderiam ser felizes, mandava poemas e mensagens românticas, mesmo que ele as ignorassem .
Até que um dia, ela levantou cedo, foi até a casa do sujeito e esperou na entrada do prédio fingindo
morar ali e ter esquecido as chaves. Logo alguém a deixou entrar. Ela foi até o apartamento do sujeito e
bateu. Ele não atendeu e ela insistiu, certa de que se ele a deixasse ser parte de sua vida, eles viveriam um
romance épico. Um dia ele agradeceria pela determinação dela, e ela contaria aos amigos sobre a manhã
em que ela o conquistara. Finalmente, o homem abriu a porta com um bastão de baseball numa das mãos
e o telefone na outra e disse: – Vá embora ou vou chamar a polícia.

Ele acabou desligando e no fim do dia eles estavam numa boa. Mas Phillips não foi capaz de perceber
o extremo da situação e o quanto ela estava perdendo o controle. Dias depois, o sujeito deixou claro que ele e a
namorada estavam juntos e parou de retornar as mensagens de Phillips. Ela continuou telefonando. Finalmente, ele
atendeu e disse firmemente que nunca mais queria falar com ela. Foi o que ela precisava ouvir e naquele ponto, ela
diz que estava pronto pra isso . Ela foi pra casa, vomitou e depois arriou com febre (literalmente). Quando sua
temperatura voltou ao normal, ela parecia ter exorcizado o demônio da sua obsessão.
Muitas vezes, no entanto, a mulher não é capaz de se libertar sozinha do círculo vicioso. Se você está
tão obcecada que não consegue funcionar, não pense duas vezes. Procure ajuda profissional antes que faça
algo danoso a você mesma ou às outras pessoas. Por mais embaraçoso que pareça procurar um terapeuta ou um
grupo de apoio, é muito pior acabar na cadeia ou numa clínica psiquiátrica por causa de um momento que lhe fugiu
ao controle.
Lisa Phillips relata que, durante seu período de obsessão, ela sentia-se envergonhada por estar sofrendo tanto
por um relacionamento que nem havia se firmado e desenvolvido por inteiro. Mas em vez disso fazê-la encarar sua
decepção e desistir, a mantinha determinada a reverter a situação, e convencer o sujeito a ter o relacionamento que
ela queria. Outro aspecto que ela desejaria ter se dado conta na época era que sua busca incessante não era exatamente
por aquele homem. Não era porque ela o amasse ou o quisesse fazer feliz. A busca era por ela mesma e por suas
necessidades. Talvez após o noivo tê-la abandonado, na ilusão dela, aquele novo homem era a sua redenção, a
forma de tornar seus sonhos românticos realidade.
Assediar alguém é um ato narcisista. Mas a melhor lição que Phillips diz ter aprendido com sua
experiência foi que, ao contrário dela, algumas mulheres usam suas obsessões românticas para inspirá-las. O
conselho final que ela partilha é: se você está numa situação como a dela, encontre a força – ou peça ajuda –
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para ficar longe de sua obsessão. Identifique a necessidade que você está procurando suprir com aquela pessoa,
e a persiga em vez do sujeito. É isto que te fará conquistar um futuro romântico satisfatório – um sem implorar,
esmurrar portas ou deparar-se com bastões de baseball.

2.5 Quando o amor se torna patológico

Todos apaixonam-se uma vez na vida (em teoria, pelo menos), amam e são amados (talvez nem sempre) e
experimentam as dores e delícias do brilho no olhar, do coração batendo mais forte só de pensar na pessoa que, naquele
exato momento, é única e insubstituível, e das emoções, à simples proximidade, que levam ao céu. O outro lado do
nirvana são as lágrimas depois de uma briga, a sensação dilacerante de perda após um rompimento, a crença de que o
mundo caiu, a vida acabou e nunca, nunca mais se vai ser feliz novamente. Encontrar o amor da vida inteira ainda é o
sonho de muita gente, mas e quando o que podia trazer felicidade se transforma num tormento para o indivíduo e para
o alvo de seu afeto?
O amor patológico é dependência comportamental tão destrutiva quanto a compulsão por drogas, sexo,
jogo, comida etc. Como acontece em todas as compulsões, a pessoa sofre, sabe que a situação é insustentável (e,
na maioria das vezes, guarda segredo, por vergonha ou culpa) e não consegue romper o relacionamento e se
afastar. Se ainda não é reconheci como transtorno psicológico, é objeto de pesquisas, pois, sem dúvida, causa
problemas graves a seus portadores e àqueles que os cercam. Sem mencionar os crimes erroneamente denominados
de passionais, porque paixão não combina com crime, agressão e morte, amor traz à tona o que se tem de melhor, como
doação e generosidade.
As pistas de que o amor passou do limite de sentimento saudável a patológico são uma extrema
dependência do outro, que se torna o único interesse, negligenciando as atividades diárias e o
trabalho, e afastamento da família e dos amigos; medo intenso e constante de ser rejeitado ou de
perder o companheiro; desconfiança e ciúmes excessivos, que provocam descontrole e
comportamentos que dificultam a convivência, como seguir e vigiar o parceiro (telefonemas, e-mails,
redes sociais), chegando à agressão física; sintomas de abstinência, como insônia, alterações de apetite,
irritação e tensão, quando o parceiro está física ou emocionalmente distante; dedicação total ao
companheiro, com a sensação de que seus cuidados e gentilezas nunca são suficientes para suprir as
necessidades do outro, além do impulso irresistível de agradá-lo o tempo todo, praticamente abrindo mão
de si mesmo; insistência em manter o relacionamento, muitas vezes insatisfatório ou abusivo, mesmo com
evidências de que lhe é prejudicial.
E quais são as causas do amor patológico? Não se deve esquecer que, na origem de tudo, existe
uma personalidade vulnerável, um indivíduo com predisposição psicológica para desenvolver
transtornos. Baixa autoestima, carência emocional derivada de infância de pouca atenção e carinho
por parte dos pais, necessidade de preencher um vazio emocional desenvolvido ao longo da vida,
acompanhado por sensação de desamparo, inadequação e desvalor. A história da pessoa acaba
reproduzindo as relações disfuncionais do passado: ela não consegue se libertar dos modelos familiares, o
que faz com que busque parceiros com características que reforçam suas crenças a respeito de si mesmo,
do mundo e do futuro.
Muitas vezes o amor que vira doença vem associado a quadros de depressão, ansiedade e
fobias, como a síndrome do pânico. As pessoas costumam procurar orientação especializada quando o
relacionamento acaba ou existe a ameaça concreta de perder o parceiro. Um dos focos do tratamento é a
descoberta de que, para amar, não é necessário, nem indicado, perder a si mesmo no outro, misturar-se a
ponto de acreditar que não se pode existir sem o companheiro. Entre alguém se tornar importante e se
transformar no ar que se respira há uma diferença que pode definir o que é sentimento ou obsessão.

2.6 O que é carência afetiva? Saiba como tratar

Quando a necessidade de atenção se torna um problema.

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Texto de Kátia Verga Kesterbeng -psicologiaviva
Todo mundo precisa de atenção e carinho, afinal eles fazem parte da existência humana e são
fundamentais para que se possa viver de modo feliz.
Uma pesquisa do Ibope mostrou resultados alarmantes: 28% da população brasileira diz não
ter recebido carinho na vida, enquanto 21% afirma jamais ter dado carinho a qualquer outra pessoa.
Esses são dados ajudam a entender o por que de tantas pessoas atualmente sofrerem de carência
emocional.
Certamente você já deve ter notado como algumas pessoas acabam se tornando emocionalmente
dependentes de outra, mas isso é uma condição que acaba trazendo mais malefícios do que benefícios.
Muitas pessoas têm enfrentado esse problema, que afeta homens e mulheres das mais variadas
idades. Boa parte da população acredita não estar recebendo o amor necessário em sua vida.

Este é o sintoma característico de dependência emocional extrema, causado pela carência afetiva.
Você costuma sentir solidão mesmo quando há várias pessoas ao seu redor? Muitas vezes você se sente
para baixo e desiludido?

Neste artigo, iremos mostrar que por mais que você sinta isso ou que você conheça alguém que
sente carência, é possível mudar e contornar esse sentimento.

O que é carência afetiva?


Todos têm carência afetiva em algum nível, mesmo aqueles que parecem mais frios também a
possuem.
Mas quando essa carência entra em um nível muito alto, surgem as cobranças e o medo excessivo de
ser rejeitado.
É o que chamamos de Dependência Emocional Afetiva. Esse sentimento acaba sendo um peso para
ambas as partes dentro de um relacionamento, uma vez que nenhum dos dois conseguem suprir as
expectativas.
O perigo aqui é ficar vulnerável à pessoas oportunistas e relações problemáticas; porque esta pessoa
está tão mergulhada na carência que quando chega uma pessoa sedutora ela não conseguirá perceber o
perigo de estar entregue a alguém assim.

Como o problema se desenvolve?


A carência emocional afetiva pode ser desenvolvida logo nos primeiros anos de vida e durante a
infância, sendo relacionada às relações mais primárias que uma criança tem com as pessoas, em especial
com os seus familiares.
O que fazemos na vida é repetir as experiências que registramos desde a infância. A forma
como recebemos os afetos ou não, será reproduzido no mundo em que vivemos. Afetividade está em
tudo: na comunicação, nas relações, no trabalho, etc. Isso porque todos nós precisamos nos completar com
pessoas e situações externas.
O problema se dá quando se acredita que isso só será possível se o outro, e somente ele, pode
me oferecer afeto, ou seja, eu deposito no outro esta responsabilidade de me completar.
Se me desenvolvo, entendo quais os recursos que tenho, percebo minhas habilidades e alimento-me
de minhas experiências; isso aumenta minha autonomia e independência. Só assim consigo me relacionar
de forma mais saudável. O outro não vem para me completar, e sim: complementar.
Muitas crianças acabam se sentindo abandonadas e até mesmo isoladas, e isso acaba sendo um
evento bastante traumático. Todos esses fatores impacta de um jeito ou de outro na forma como a pessoa
se relacionará com outras na vida adulta.
Mas esse não é o único motivo que pode levar uma pessoa a desenvolver a dependência
emocional, ela pode surgir a partir de um episódio de atenção excessiva onde recebe muito amor e
carinho, fazendo com que ela acredite que precisa de tudo isso para que possa realmente ser feliz,

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mas o que acontece é exatamente o contrário. Ser dependente emocionalmente, acaba gerando
cobranças excessiva em relação a outras pessoas, em especial no relacionamento.

Aliás, a dependência não ocorre somente em relação aos sentimentos, mas também em relação a
todas as outras atividades corriqueiras. Essa carência costuma surgir ainda na infância, com as relações
primárias. Quando a criança não recebe atenção suficiente, passa por episódios de rejeição e abandono, ou
interpreta de forma traumática algum fato em sua vida, isso provavelmente vai influenciar suas relações na
fase adulta.
Por outro lado, a pessoa pode desenvolver esta carência quando recebe cuidados em excesso,
gerando a sensação de dependência nas atividades corriqueiras e até mesmo com relação ao amor,
fazendo com que ela acredite que sua alegria sempre depende de alguém.

2.7 Quais são os sintomas de carência afetiva?

Se você está passando por momentos em que acredita haver ausência de amor ou sente a necessidade
de atenção, vale a pena observar melhor as características que listamos a seguir, já que elas são típicas de
quem sofre de dependência afetiva.

• Submissão às pessoas;
• Medo de desagradar;
• Crença de que a felicidade está condicionada à outra pessoa;
• Ciúme excessivo;
• Viver em função dos sonhos do outro;
• Não ter planos nem perspectiva para a própria vida;
• Sentimento de inferioridade;
• Necessidade de chamar a atenção das pessoas;
• Medo de solidão.

Submissão às pessoas

A submissão é o ato de se submeter às vontades de uma pessoa, mesmo que elas acabem indo contra
a sua próprio vontade. Por muitas vezes é comum que uma pessoa submissa seja considerada educada, mas
educação está muito longe da ideia de submissão.
Um pessoa submissa acaba sentindo-se humilhada, uma vez que ela se sujeita a tudo o que a outra
pessoa pede, sem questionamento ou tentativa de impor suas vontades e pensamentos.
Alguém que se encontra em um relacionamento e se depara com um parceiro submisso, logo é
tomado pelo sentimento de desconforto, isso porque quem adentra em um relacionamento não espera
submissão, e sim, amizade e parceria.

Além disso, encontrar alguém disposto a fazer suas vontades sem ao menos questionar, pode ser
considerado algum ruim. Muitas vezes o submisso não tem consciência de que está abrindo mão de suas
necessidades, tudo para que ele não perca seu objeto de amor.

Medo de desagradar

Outro indício que fica em bastante evidência, está relacionado com o medo de desagradar a outra
pessoa, isso tem a ver com o fato de que o dependente emocional faz todo o possível para agradar o outro.

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A pessoa com carência emocional visa oferecer tudo de melhor, pois acredita que se desagradar,
acabará perdendo seu parceiro. É comum quando se gosta de alguém, não querer desagradá-lo; mas quem
sofre de carência afetiva sente essa necessidade em nível extremo e até ao ponto do doentio.

Crença de que a felicidade está condicionada a outra pessoa

Muitas pessoas que sofrem com a carência emocional afetiva, acreditam que sua felicidade deve-se
exclusivamente a uma única pessoa, sendo que sem ela, a felicidade não seria possível.
Ao contrário de pessoas que veem felicidade em pequenos momentos da vida, seja em uma ida ao
parque ou uma reunião com os amigos, o carente só é capaz de ver isso quando a pessoa amada está ao seu
lado.
É como se ela colocasse a outra em um grande pedestal e em todos os grandes acontecimentos de
sua vida, o carente relaciona a outra pessoa.

Ciúme excessivo

O ciúme excessivo, também considerado patológico, caracteriza-se pelo exagero sem motivo
aparente que o provoque, deixando o ciumento absolutamente inseguro e transformando-o num tremendo
controlador, cerceador da liberdade do outro, muitas vezes restringindo qualquer atividade que o parceiro
queira fazer sem que ele esteja presente
Este é mais um dos indícios que vêm sempre acompanhado de quem tem carência ou dependência
emocional, isso porque tem-se o sentimento de posse em relação a outra pessoa.
O problema é que a pessoa não se dá conta de que o ciúme excessivo em muitos casos é responsável
por fazer com que o outro sinta-se desconfortável e chegue até mesmo a terminar o relacionamento com
ela.

Viver em função dos sonhos do outro

Viver para realizar os sonhos dos outros e não os seus próprios sonhos, isso porque a pessoa carente
não se preocupa com ela mesma, mas com a pessoa com a qual ela tem essa dependência emocional.
Em uma relação sempre é necessário ter espaços para que cada um possa ser quem realmente é, e
estabelecer limites de forma a não se anular em função do outro, o que não acontece nas relações onde um
dos parceiros é um dependente emocional.

Não ter planos nem perspectiva para a própria vida

Não é comum que as pessoas que têm carência afetiva tenham uma perspectiva de futuro para suas
próprias vidas, elas aceitam o rumo que a vida lhes proporciona. Além disso, eles só conseguem ver um
futuro ao lado da pessoa amada.

Medo da solidão

A solidão é acompanhada de um sentimento de desamparo e desconexão com o ambiente, ou seja,


tudo que o carente emocional procura fugir.
Quem é dependente emocionalmente, não consegue se ver sozinho, isso porque tem medo da solidão
e não consegue lidar com este sentimento.
Ela não consegue encontrar felicidade estando sozinha, precisando sempre de alguém para ser feliz.

Sentimento de inferioridade

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A inferioridade é um sentimento presente relacionado a pessoas carentes, isso porque elas acham
que nunca encontrariam outra pessoa em suas vidas e que não é tão boa quanto a outra.
Quando se elege alguém, as expectativas ficam todas ali. Provavelmente esperou tanto os olhares
dos pais para ter o suporte afetivo. Depende que outros reconheçam, têm dificuldade de lidar com a crítica

Necessidade de chamar a atenção das pessoas

Por se sentir sempre carente e sozinha, a pessoa sente a necessidade de ter a atenção voltada para si,
fazendo todo o possível para conseguir a atenção desejada.

2.8 Como se livrar desse mal?

Uma vez que você conhece melhor os sintomas da carência afetiva, é importante começar a agir
para se livrar do problema, e em Dependentes Afetivos acreditamos no poder dos 12 passos.

Primeiramente, você precisa buscar estar bem consigo mesmo. Ninguém deve condicionar a sua
felicidade às outras pessoas. Quem faz parte da sua vida deve estar ali para acrescentar, e não para
suprir suas carências.

Busque melhorar como pessoa, reconheça suas qualidades e as valorize, mas saiba que todos temos
nossos defeitos, isso é comum. Aprenda a lidar com suas limitações e não se diminua por esses motivos,
mas ame-se do jeito que você é.

É importante também que você consiga manter um bom relacionamento com todos a sua volta,
sabendo que existem várias expressões de amor.

Por isso, você não deve focar todas as suas atenções somente em uma relação. Comece a observar
o quanto as pessoas gostam de você, mesmo que tenham formas diferentes de demonstrar seus
sentimentos.

Como essa dependência amorosa surge pela necessidade de suprir a falta de amor próprio, o
segredo para vencê-la está na capacidade de agradar a si mesmo.

Sendo assim, se esforce para isso, elogiando-se, reconhecendo-se como uma pessoa capaz e
cheia de qualidades e sabendo valorizar as próprias conquistas.

Aprenda a aproveitar momentos sozinhos

Por ser uma pessoa carente emocional, tende a esquecer de aproveitar momentos sozinho.
Um dos passos mais importantes antes de se entrar em um relacionamento e deixar-se cair na
dependência emocional, é saber aproveitar alguns momentos sozinhos.

Não se pode querer ser completo com alguma pessoa, se você mesmo não se sente completo consigo.
Aproveite e tire um momento para você, faça as coisas que te alegra, vá ao cinema, ao parque, aprenda a
desfrutar de sua companhia.

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Valorize-se e ame-se

Normalmente a dependência pode levar ao término de um relacionamento e isso pode te levar a


momentos de extrema tristeza, procure fazer atividades que vão te valorizar e te fazer sentir bem consigo
mesma. Descubra qualidade em você que te façam especial, volte a valorizar suas atividades.
Aprender a se amar é mais do que importante, é fundamental para que você não tenha que viver e
depender do amor de outra pessoa.
O amor é algo que deve partir de você, para que você se sinta satisfeito com o seu próprio amor.

Não se envolva com alguém até que esteja pronto.

Muitas pessoas acabam saindo de um relacionamento com o sentimento de tristeza e chateação, e


logo em seguida acabam engatando em um novo relacionamento.
Permita-se dar um tempo, a fim de se recuperar da dependência emocional gerada pelo
relacionamento anterior, e somente então, pensar novamente em contrair um novo relacionamento.
A pior coisa que você pode fazer é não dar esse tempo tão precioso, isso porque você irá levar os
mesmos erros do relacionamento passado e novamente se tornará dependente de uma outra pessoa, trazendo
os mesmos problemas mais uma vez.

Procure ajuda

Se você já sabe que tem ou que sofre de carência emocional é difícil passar por tudo isso sozinho,
admita que tem problemas, mas mais do que isso, procure ajudar, pois de nada adianta saber que tem um
problema que lhe causa tanto mal e frustração, sem que se procure resolver o problema.
Acontece que ainda é comum as pessoas pensarem que só ‘loucos’ se consultam com tal tipo de
médico.
As pessoas não valorizam a saúde mental e isso pode trazer um problema atrás de outro, portanto
consulte-se com um médico, ele poderá te ajudar nesta jornada.
Vencer esta situação pode ser mais fácil do que você imagina. Por isso, não hesite em procurar ajuda
especializada de um psicólogo.
Com certeza este profissional vai te auxiliar a descobrir a origem do problema e te indicará o
caminho para que você consiga virar o jogo.

Exercite-se!

Fazer exercícios pode ajudar a lidar com vários problemas e situações, isso porque enquanto você
pratica uma determinada atividade física, tende a ficar concentrada somente naquela atividade, seja ela
andar de bicicletas, jogar bola, etc.
Também é importante que tais atividades sejam praticadas ao ar livre, isso porque ajuda a liberar
hormônios do bem-estar, que permitirão que você desempenhe o seu dia com boas sensações.

Olhe para as outras coisas boas da sua vida

Não é porque você sente que só é feliz com uma determinada pessoa que isso é verdade, nesse
momento procure parar, respirar fundo e olhe os demais pontos da sua vida, procure por outras coisas boas
que há em sua vida.
Muitas vezes o seu filme favorito está no cinema, ou uma promoção no emprego, esse pensamento
te ajuda a afastar o foco da outra pessoa, mostrando que você pode sim ser feliz sem depender de outra
pessoa.

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Valorize-se!

A sua auto valorização é um item importante, ela está presente em todas as fases para melhorar
situação de alguém que sofre com a carência emocional, esse é um dos pontos chaves para quem busca
verdadeira mudança.
Procure as coisas que você gosta em você, dê a si mesmo o devido valor, não se humilhe e nem seja
submisso a outra pessoa.
Você, assim como todo mundo, tem o seu valor e você deve aprender a se amar como a pessoa que
é, com defeitos e qualidades.
Do que adianta estás em um relacionamento, se se sente um lixo? Você não pode esperar que a outra
pessoa sempre te valorize se nem você consegue fazer isso.

3. ABANDONO E REJEIÇÃO

3.1 O Poder da Rejeição

A rejeição é uma das coisas que mais afeta a autoestima. Ainda mais quando acontece durante a
infância, fase em que estamos mais vulneráveis emocionalmente. É nessa fase que o ser humano aprende
gradativamente a se amar através do amor que recebe dos pais e adultos importantes à sua volta.

O alimento vital para o fortalecimento da autoestima e amadurecimento gradativo da criança é o


amor incondicional. Entretanto, quando a criança não recebe esse amor e/ou sofre rejeição, ela interpreta
que não tem valor, que tem algo de errado dentro de si e por isso não é digna de receber amor. “Se nem
meus pais me amam, só pode ser culpa minha por algum defeito que tenho”. É essa a distorcida
compreensão infantil.

A criança passa a desenvolver uma auto-rejeição. Não amadurece emocionalmente de forma plena
e carrega marcas de insegurança na sua autoestima que permanecem mesmo depois de se tornar adulta.

Como a maioria de nós não recebe amor incondicional de forma adequada e suficiente que consiga
suprir a carência durante a infância, carregamos alguma dose de autorrejeição. O gatilho da autorrejeição é
puxado todas as vezes que alguém nos rejeita. É como se, em algum nível, ainda estivéssemos tendo a
mesma reação infantil de achar que não temos valor quando alguém demonstra ter ficado insatisfeito
conosco. Por isso é que dói tanto ser rejeitado.

Se estivermos plenamente amadurecidos emocionalmente, não ficaremos incomodados pelo


fato de alguém não nos aprovar. Entenderemos que esse não é um problema nosso e ficaremos em
paz. Ou seja, a nossa autoaprovação não dependeria da aprovação dos outros.

Buscamos a aprovação das outras pessoas para que nós mesmos possamos nos aprovar. Isso nos
torna dependentes emocionais, como se ainda fôssemos crianças. Ao sermos aprovados por alguém,
temporariamente sentimos um bem estar que encobre a nossa insegurança. A partir daí, buscamos
mais e mais aprovação para que possamos sentir esse alívio, como se fosse um vício.

É por causa desse mecanismo que muitas pessoas se relacionam de uma forma que parece totalmente
irracional com alguém que as rejeita. Para quem olha de fora é muito fácil julgar e dizer para um familiar
ou amigo que ele deve se afastar de uma determinada pessoa que só lhe causa sofrimento através da rejeição.
Só que esse comportamento não é guiado pela parte racional.

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Quem age dessa forma está viciado em tentar a buscar a aprovação de quem lhe rejeita, pois
enquanto não ganha essa aprovação, sente que não tem valor. É uma forma infantil de se comportar
que normalmente a pessoa não enxerga.

Ela apenas sente um impulso de buscar a aprovação do outro, que muitas vezes só lhe dá algumas
migalhas e a rejeita na maior parte do tempo. Esse é o caso de algumas mulheres que entram e
permanecem em relacionamentos com homens que as traem e maltratam.

É possível também observar filhos adultos que desenvolvem esse tipo de relacionamento com os
pais. Sempre são rejeitados, mas continuam fazendo tudo por eles na esperança infantil de serem aprovados
em algum momento.

A rejeição tem o poder de minar a autoestima de forma tal, que as pessoas ficam escravizadas
buscando aprovação incessante até mesmo de quem nunca será capaz de lhes dar. Ficam presas na ilusão
de que só podem sentir seu próprio valor quando alguém lhe der valor. O impulso em buscar essa aprovação
é tão forte quanto o impulso do dependente químico pela droga.

Críticas, comparações negativas, abandono, perda de pessoas importantes, abuso psicológico,


físico e sexual, bullying, indiferença, traições e decepções; tudo isso pode gerar sentimentos de
rejeição. Quando essas coisas acontecem na infância, os danos à autoestima são maiores devido à
imaturidade da criança. E quando a criança ficar adulta, terá bem mais dificuldade de lidar com novos
episódios de rejeição. A dor sentida no momento é sempre somada às feridas que ficaram da rejeição do
passado, amplificando o sentimento.

Certa vez vi em um programa de televisão que uma senhora entrou em depressão depois de ter sido
traída pelo marido. Já havia se passado dez anos do fato e ela já estava casada com outra pessoa.
Entretanto, a depressão ainda permanecia.

O evento da traição certamente despertou nela a sensação de não ter valor. Entretanto, um adulto
que tenha uma autoestima mais fortalecida jamais desenvolveria uma depressão por tanto tempo depois de
evento como esse. Provavelmente, é alguém que carrega marcas de rejeição lá da infância, seja de
forma consciente ou inconsciente. O evento da traição deve ter reforçado e trazido à tona toda essa
carga emocional.

Entender e descobrir o poder que tem os eventos de rejeição na nossa vida é importante. Entretanto,
o fundamental é dissolver esses sentimentos para que possamos ficar em paz.

3.2 Abandono

A importância do vínculo de apego

Durante o primeiro ano de vida, estabelecemos um vínculo afetivo com nosso principal cuidador,
conhecido como apego. Através dessa relação e do tipo de vínculo que construímos, cada um de nós
adquire uma série de capacidades emocionais que vamos colocar em jogo em nossas futuras relações
interpessoais.
O fato de que o vínculo não foi estabelecido ou de que não cobriu nossas necessidades físicas
e emocionais pode ter nos condicionado a crescer nos sentindo desprotegidos, inseguros e
desconfiados. Esta é uma das causas que são estabelecidas a partir da teoria do apego para explicar o
profundo sentimento de abandono experimentado por muitas pessoas, embora estejam cercadas por outras
que as amam. Vamos dar um exemplo para entender isso.
Um bebê está com fome porque está sem comer há várias horas. Ele sente uma grande ativação de
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seu corpo e os únicos comportamentos que manifesta são chorar e se agitar. Sua mãe, como a principal
figura de cuidados neste caso, captura os sinais que ele emite e interpreta que está com fome. Por quê?
Porque ela aprendeu a detectar suas necessidades físicas e emocionais e a acalmá-las, se relacionando com
ele. Assim, irá restaurar seu equilíbrio fisiológico e emocional.
Se o bebê vive repetidamente esse tipo de experiências, acabará buscando a proximidade física
com sua mãe com a confiança de ser acalmado e recuperar o equilíbrio. Mais tarde no
desenvolvimento, a criança será capaz de suportar um desconforto apenas ao ver sua mãe se
aproximando ou dizendo “já vou”. Finalmente, quando algo lhe acontecer na etapa adulta, irá se acalmar
pensando que em poucas horas vai se encontrar com um parente, seu parceiro ou um amigo. Seu cérebro
aprendeu que pode ser acalmado e que esta é uma sensação permanente.
Agora, se o cérebro infantil nunca experimentou essa sensação de calma ou a crença de que,
após um desconforto, pode aparecer um estado de tranquilidade, o cérebro adulto também não irá
fazê-lo. Não se sentirá confiante em um relacionamento íntimo ou de casal porque não aprendeu.
Além disso, a ausência de contato e a falta de cuidados resultam em uma maior produção de
adrenalina no cérebro, o que predispõe a um comportamento mais agressivo e impulsivo e uma
grande dificuldade no gerenciamento emocional.

A marca da ferida emocional do abandono do parceiro

Como vemos, há feridas, como o sentimento de abandono, que embora não vejamos, estão
enraizadas na parte mais profunda de nós e são capazes de condicionar uma boa parte de nossa vida.
Situações vividas na infância que deixam sua marca e são capazes de nos rasgar por dentro, sem
percebermos.

Bowlby estabeleceu que os laços afetivos formados na infância persistem na forma de modelos
no mundo representativo do adulto, afirmação com a qual concordam Hazan e Shavercom em suas
investigações. Nelas, mostraram que o comportamento dos adultos nas relações em casal é moldado
pelas representações mentais originadas na relação entre a criança e seu cuidador principal.
Assim, o medo do abandono nos relacionamentos tem raízes na infância. São os fantasmas do
passado que retornam, juntamente com a insegurança, para lembrar que não se é digno de receber amor ou
um bom cuidado. Geralmente aparecem porque o cérebro recebe um sinal de alarme.
Uma palavra, um lugar, um comportamento ou uma memória são suficientes para ativar a situação
de emergência na pessoa que nunca chegou a se sentir completamente segura. A partir daí um acúmulo de
emoções e comportamentos começam a acontecer: instabilidade, apatia, tristeza…
Por outro lado, a pessoa que experimenta medo de abandono geralmente desenvolve
dependência emocional em relação ao outro, precisando de sua aprovação com frequência. Portanto,
embora o relacionamento seja tóxico, ela será incapaz de terminar ou se distanciar. É como se não
fosse ninguém sem o outro e, para mantê-lo, é capaz de fazer qualquer coisa. Tudo, exceto reabrir
suas feridas antigas.
Em alguns casos, o medo do abandono gera uma espécie de auto depreciação. A pessoa, ao não se
sentir em nenhum momento querida ou segura, precisa confirmar que a identidade ainda existe, razão pela
qual, quando encontra proteção e segurança, acaba por desprezá-la ou não acreditar. Sua realidade está
formada pelo traço profundo de um estresse pós-traumático não tratado.

3.3 Sinais de que alguém tem problemas de abandono:

3.3.1 Apego não saudável

Um sinal pode ser um apego repentino e intenso a outra pessoa. O apego imediato pode ser causado
por problemas de abandono, devido ao medo de estar sozinho e rejeitado. Se você ou outra pessoa que
conhece, muitas vezes, encontra-se experimentando um apego intenso e instantâneo depois de conhecer
alguém, ou muito logo após o fim de outro relacionamento intenso, pode ser um sinal de problemas de
abandono.
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Reconhecer isso como um sinal de problemas potenciais é uma das primeiras etapas para mudar seu
padrão de comportamento, ou ser capaz de identificar o problema para poder procurar ajuda.

3.3.2 Medo da infidelidade

Preocupar-se com infidelidade uma ou duas vezes é aceitável, e não há nada com o que se preocupar.
No entanto, o medo de seu parceiro enganá-lo torna-se um problema quando é uma presença constante em
seus pensamentos, e você não consegue racionalizar esse processo, especialmente se o seu parceiro nunca
foi conhecido por ser infiel.

Se você está em constante estado de paranoia sobre as atividades do seu parceiro, pode ser um sinal
de processo de pensamento não saudável. Comunicar-se abertamente pode ajudar a aliviar esses medos e
a aprender a confiar. Ser capaz de reconhecer isso em outros também o ajudará a orientá-los para o tipo de
ajuda que precisam.

3.3.3 Permanecer em relações tóxicas

Se você, ou alguém que você conhece, recusa-se a deixar seu parceiro, mesmo quando o
relacionamento é ruim ou tóxico, pode ser um grande indicador de problemas de abandono. O medo de ser
rejeitado e de estar sozinho levará alguém a permanecer em um relacionamento que não o faz feliz, porque,
muitas vezes, sentem que é melhor do que estar sem ninguém.

Permanecer em um relacionamento disfuncional pode intensificar os problemas de abandono. Às


vezes, o relacionamento, simplesmente, não está funcionando, em vez de ser uma fonte de trauma. De
qualquer forma, permanecer nessa situação pode intensificar o sentimento de abandono e os problemas,
assim que o relacionamento terminar. Identificar quando você, ou alguém que você conhece, está em um
relacionamento que já não está bem, pode ajudá-lo a reconhecer padrões tóxicos.

3.3.4 Relações de sabotagem

Apesar de estarem desesperadas para serem queridas e amadas, as pessoas com problemas de
abandono podem ser encontradas sabotando seus relacionamentos mesmo quando nada está dando errado
e o estresse da relação é baixo. Muitas vezes, elas começarão brigas e enaltecerão as poucas coisas negativas
no relacionamento.

Esse comportamento pode ser uma maneira de justificar seus próprios sentimentos de abandono,
porque se o relacionamento acabar, é prova de que as pessoas sempre os abandonarão.

Se você experimentar isso com alguém com quem tem um relacionamento, uma maneira de ajudá-
lo pode ser fazê-lo questionar se as coisas com as quais ele está chateado são racionais e ajudá-lo a entender
de onde o desejo de escolher lutas está realmente vindo. Se você se encontra na outra extremidade, sendo
aquele que está escolhendo lutas quando não há nada para lutar, pode praticar perguntar-se se está sabotando
a si mesmo.

3.3.5 Problemas de comprometimento

Alguém viciado em relacionamentos possivelmente tem problemas de compromisso, o que é um


sinal de uma maior questão de abandono. A fase de lua de mel de um novo relacionamento é atraente para
alguém assim, e essa pessoa, muitas vezes, deixa um relacionamento ou o sabota, antes que a novidade
possa desaparecer, ou antes que a outra pessoa possa, em sua mente, aborrecer-se com ela. As pessoas com
problemas de abandono, muitas vezes, inventam motivos para acabarem com o relacionamento, mais uma
vez justificando suas razões com processos de pensamento de sabotagem.
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Reconhecer o tipo de comportamento que coincide com questões de abandono é o primeiro grande
passo para livrar-se dessa situação. Se você reconhecer isso em si mesmo, ou em alguém que conhece, será
melhor capaz de dar-lhe o apoio emocional necessário, bem como ajudá-lo a encontrar ajuda para a cura
de tudo o que causou os problemas, em primeiro lugar.

3.4 Tratando o medo do abandono

O medo do abandono é uma ferida emocional muito profunda, enraizada na infância. Curar essa
ferida envolve aceitar e perdoar o passado para deixá-lo ir. Uma tarefa complexa, especialmente se a pessoa
não tem conhecimento de como é condicionada pela experiência anterior ou se suas defesas, que foram
construídas como proteção, são muito impermeáveis.
Outro aspecto a ter em conta para trabalhar é a autoestima. Geralmente está rachada, até mesmo
quebrada. Nesse sentido, aprender a se valorizar é essencial para quebrar a armadilha da dependência
emocional. Além disso, com uma boa autoestima, será muito mais fácil administrar as emoções e os
pensamentos ancorados na experiência passada.
Emoções como a raiva, o ressentimento, o medo ou a tristeza são muito comuns em pessoas que
têm medo de serem abandonadas. Aprender a reduzir sua intensidade, decifrar o que realmente querem
dizer e transformá-las para se reinventar é fundamental.
As suposições e expectativas negativas também são elementos a serem considerados. Na maioria
das vezes é o pensamento que dá poder aos nossos medos, tornando-os maiores. Se tivermos medo de
sermos deixados, estaremos mais conscientes dos comportamentos e das palavras do nosso parceiro,
e até mesmo iremos interpretá-los mal para confirmar aquilo que tememos.
Como vemos, curar o medo do abandono implica uma reconstrução de nós mesmos. Um processo
que exige tempo e, acima de tudo, aprender a se priorizar. Sem esquecermos que, em muitas ocasiões, o
que pensamos que acontece fora não é mais do que a projeção das marcas daquilo que nos rompe por dentro.

4. A Indisponibilidade Emocional e o Vício de Amar

4.1 A Indisponibilidade Emocional

Se você já experimentou chegar a um certo ponto com o seu parceiro(a), onde parece que uma
barreira real está no lugar, e ele não vai “deixar você entrar” –então, você sabe como é estar em um
relacionamento com um parceiro(a) emocionalmente indisponível.

Neste texto, exploraremos os vários sinais (alguns óbvios, outros um pouco menos óbvios) de um
parceiro(a) emocionalmente indisponível, e a diferença nos sinais de indisponibilidade emocional entre
homens e mulheres. Também explicaremos as razões por trás do comportamento e o que você pode fazer
para lidar com elas.

É importante lembrar também o quanto indisponível emocional é o dependente afetivo, ou seja, as


vezes nosso parceiro simplesmente reflete nossos traços de caráter, e até que tenhamos aprendido essa lição
espiritual, repetiremos essas mesmas experiências.

4.2 Sinais de um parceiro emocionalmente indisponível

Embora essa lista não seja exaustiva, estes são os principais sinais:

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Flerte constante
São do tipo encantadoras de serpente. São adaptáveis, sendo bons ouvintes e bons comunicadores
ao mesmo tempo. Geralmente criam intimidade a curto prazo. Preferem a caça do que a captura. Por isso,
a perda do interesse assim que sua “presa” já está em seu domínio.

Controle da situação
Alguém que não vai ligar a mínima se mudar a sua ou a própria rotina. Geralmente são inflexíveis
e tem horror a compromisso. Quando estão em uma relação, tudo gira em torno deles.

Ouça bem
Seu par pode sugerir que não é bom o suficiente no relacionamento ou que não acredita que está
pronto para o casamento. Ouça bem esses fatos negativos e acredite neles. Perceba os pequenos sinais.

O passado
Verifique se a pessoa já teve uma relação duradoura anteriormente e como ela terminou. Você pode
entender como os relacionamentos anteriores acabaram assim que você atinge um estágio de intimidade
com a pessoa. Pode parecer invasivo, mas assim você se previne. Há pessoas que têm prazo de validade no
relacionamento...

Em busca da perfeição
Assim que notam um mísero defeito na outra pessoa, partem para a próxima. Esse problema é
causado pelo medo de intimidade. Quando eles não conseguem encontrar algum problema, a ansiedade
deles aumenta. Assim, qualquer coisa vai ser desculpa para acabar uma relação. Não pense que eles
consideram você melhor do que parceiros anteriores. É tudo uma questão de tempo para um provável
término.

Raiva
Note como a pessoa trata garçons e outras pessoas que prestam serviço. Isso revela muito de como
a pessoa lida com a raiva dentro de si. Esse tipo de pessoa é controladora e provavelmente vai abusar
emocionalmente de você.

Ao contrário de demonstrar a raiva, essa pessoa, por vezes, somente construirá relacionamentos
superficiais, ainda que trate com cortesia todas as pessoas.

Arrogância
Evite quem sempre se gaba e age de forma arrogante. Isso é sintoma de completa baixa-estima. É
preciso ter confiança para ser íntimo e comprometido com alguém.

Invasão ou evasão
Segredos, perguntas evasivas ou inadequadas, sobre dinheiro ou sexo, por exemplo, podem
demonstrar uma face oculta e falta de vontade para que o relacionamento avance. Também há o fato de a
pessoa esconder seu passado por algum trauma ou vergonha, criando obstáculos para uma aproximação
maior.

Parte da evasão pode se estender a evitar discutir ou comprometer-se com um futuro juntos e desviar
qualquer conversa que se concentre em seus sentimentos.

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Sedução
Cuidado com os sinais sexuais que são dados cedo demais. Os sedutores evitam se revelar pois não
acreditam que sejam suficientes para manter uma relação. Assim que a relação de fato ocorre, pode haver
uma sabotagem, já que sedução é um jogo de conquista e poder.

Muitas pessoas a revelam a sua disponibilidade emocional logo no começo. Preste atenção nestes
detalhes acima caso haja uma atração mútua. Mesmo que a pessoa pareça o par ideal, se há essa
indisponibilidade emocional quem pode sair prejudicado da relação é você mesmo. Se você negar
todas essas evidências, o risco que você corre de se machucar é bem alto. Ou, também, de machucar
outra pessoa.

Seja honesto consigo mesmo a respeito da sua própria disponibilidade emocional e responda:

• Você fica bravo constantemente?


• Você inventa desculpas para não estar junto de alguém?
• Você pensa que é tão independente que não precisa de alguém?
• Você sente medo de se apaixonar pois isso pode lhe machucar?
• Você confia nos outros? Talvez você tenha traído e mentido no passado e agora
acha que todo mundo faz isso também.
• Você evita intimidades preenchendo momentos de calmaria com distrações?
• Você se sente desconfortável falando sobre você mesmo ou sobre seus
sentimentos? Você tem segredos que você tem vergonha que sejam descobertos e façam
você se sentir menos desejado ou amado?
• Você sempre deixa suas opiniões em aberto caso ouça alguma melhor?
• Você sente medo de uma relação que coloque muita expectativa em você que
você tenha que abdicar de sua independência ou perder sua autonomia?

Se você está envolvido com alguém que não esteja emocionalmente disponível, pressionar uma
intimidade é contraproducente.

A dependência afetiva, como qualquer outro comportamento compulsivo, também mascaram a


indisponibilidade emocional.

4.3 Por que eles não estão emocionalmente disponíveis?

A primeira coisa a mencionar aqui é que, na maioria das vezes, isso não tem nada a ver com você. As
pessoas que não estão em contato com suas emoções nem sabem por onde começar quando se trata de
captar os sentimentos de outras pessoas, porque nunca utilizaram ou exploraram suas próprias emoções.

Na maioria das vezes, as pessoas que lutam para se conectar emocionalmente não têm um
modelo de como a intimidade emocional se parece em suas vidas e não têm idéia de como se abrir e se
conectar.

As pessoas que exibem os sinais que cobrimos muitas vezes sofreram um trauma ou perda e estão
encobrindo inseguranças e fazendo o possível para evitar a vulnerabilidade. Outras vezes, elas foram
criadas em um ambiente doméstico superprotetor, desprezível ou imprevisível.

Na maioria dos casos, quando alguém está controlando seu mundo externo, é porque se sente
muito descontrolado internamente. Quando alguém se absorve em suas próprias necessidades,
sentimentos, vontades e agenda (isso inclui viciados em trabalho), pode evitar uma conexão
32
verdadeira mantendo as pessoas à distância e mantendo seus interesses pessoais entre eles e outra
pessoa.

Fortaleça sua rede de apoio em D.A.A!!!

É essencial garantir que você tenha uma rede de suporte (e sua própria vida) fora do seu
relacionamento ao lidar com um parceiro emocionalmente indisponível. A única pessoa que pode mudar é
você, se o parceiro não quiser mudar, nada pode ser feito, então, foque em você. Procure falar sobre isso
nas reuniões e com os companheiros. Nossos defeitos de caráter não resistem à luz dos 12 passos.

D.A.A funciona!!

5. O VÍCIO DE AMAR

Amores podem virar obsessões, isso você já viu em filmes. Mas pesquisadores acreditam ter
encontrado outra compulsão, igualmente nociva. Que o amor pode funcionar como uma droga, você já deve
ter ouvido falar. Apaixonados experimentam euforia e aquela ânsia quase descontrolada pela presença
da outra. Em algumas pessoas, isso vira dependência, gera abstinência e torna o ciclo todo difícil de
romper.

Uma série de pesquisas já analisou a relação entre amor e vício. Mas ao revisar 64 estudos sobre o
tema, o Centro de Neuroética de Oxford encontrou não apenas um, mas dois tipos de adicção ao amor, com
características bem diferentes. O primeiro é a obsessão clássica, mais intensa e aguda. É o tipo de
sentimento que réus de assassinatos passionais alegam ter: o amor que leva a pensamentos com
características bem diferentes.
O primeiro é a obsessão clássica, mais intensa e aguda. É o tipo de sentimento que réus de
assassinatos passionais alegam ter: o amor que leva a pensamentos e comportamentos obsessivos
impossíveis de ignorar. No cérebro, o que parece acontecer é uma enchente de dopamina, similar ao
efeito de algumas drogas, que cria um desejo irrefreável de repetir a sensação.
Esse é o tipo de vício mais gritante, a que os pesquisadores deram o nome de “adicção restrita”.
Mas, na sua revisão de outros estudos, os cientistas encontraram o que chamaram de “vício amplo”.
Nesse caso, o apego ansioso está presente, a falta do parceiro também causa pensamentos de
desespero. Mas, ao contrário do grupo anterior, essas sensações estão dentro do limiar que a pessoa é capaz
controlar. A vontade de dedicar-se completamente àquele sentimento está lá, mas consegue ser
equilibrada com os outros interesses e obrigações do indivíduo.
Essa variação também reflete o padrão do uso de drogas na população. É claro que existem as
pessoas com vícios completamente debilitantes. Mas as dependências mais comuns são, logicamente, as
mais acessíveis. Milhões de pessoas com rotinas socialmente aceitáveis e interesses variados se encaixam
na definição de “adictas” quando se trata de álcool e cigarro. O segundo tipo de vício em amor seria
equivalente a este modelo.
Nem todos os cientistas concordam com a conclusão do estudo. Lucy Jones, uma das primeiras
pesquisadoras a notar a semelhança do amor e do vício em drogas, está entre eles. Segundo falou à New
Scientist, o modelo “amplo” faria parte de toda relação amorosa. Essa dependência química do amor
teria origem evolutiva: seria a forma da natureza de nos forçar às relações românticas e ao sucesso
reprodutivo.
Mas, para a pesquisa de Oxford, mesmo o tipo mais brando de vício em amor não pode ser
considerado normal. Isso porque ele pode ajudar a explicar porque algumas pessoas tem tendências maiores
a seguir cultos, se envolver com grupos fundamentalistas e até comportamentos muito mais simples, como

33
a dificuldade de abandonar relações abusivas. E reconhecer melhor este tipo mais discreto de adicção
sentimental pode ser a chave para quebrar esses ciclos destrutivos.

5.1 Os Viciados em Amar

Os codependentes em geral se envolvem com vícios para fugir da realidade agoniante, da


sensação de abandono e vazio, e parar obter alguma satisfação, ainda que passageira: vício em alcool
ou drogas, vício em sexo, em jogos, em trabalho, em comida, e sim, em militância… um dos vícios
possíveis, e pouco conhecido/debatido, é o vício em amar/evitar (não confundir com o vício em sexo), sobre
o qual vou falar um pouco a partir da leitura do livro de Pia Mellody.

Mas, antes, lembremos os 4 eixos fundamentais que caracterizam a personalidade codependente


(estou deixando de fora o 5o eixo, de expressar-se moderadamente, pois não é central para esta discussão):

1. grande dificuldade em manter níveis saudáveis de auto-estima;

2. grande dificuldade em manter os limites de sua identidade no relaciomento;

3. grande dificuldade de cuidar de si mesmo;

4. grande dificuldade de se relacionar com sua realidade (compreender seus sentimentos e desejos);

O codependente está, em geral, envolto por fortes sentimentos de abandono, rejeição e vazio
decorrentes de relações traumáticas ou disfuncionais vividas em sua família, em geral, quando
criança/adolescente.

5.2 O viciado em amar/evitar

O codependente que desenvolve o vício em amar se lança compulsivamente em relações fadadas ao


fracasso. Essas relações são fadadas ao fracasso pois o viciado em amar busca estabelecer relação, em
geral, com viciados em evitar, também codependentes. Essa é uma combinação tóxica…

O viciado em amar apresenta como maior força as características 1 e 3 (baixa ou nula


autoestima e incapacidade de cuidar de si mesmo), fruto da vivência de situações de abandono concretas
(pais ausentes, agressivos, negligentes, frios) e, por isso mesmo, busca parceiros que lhe pareçam “fortes”
e capazes de cuidar de si, que lhe supram com atenção, carinho e segurança, afastando ao máximo o temor
do abandono.

O viciado em evitar, por sua vez, apresenta com maior força as características 2 e 4 (frouxos
limites de identidade e incapacidade de sentir sua realidade/sentimentos), fruto da vivência também
de situações de abandono, mas que se manifestaram como um envolvimento nocivo dos pais com o filho,
constituindo situações de abuso emocional/sexual (em geral, pais que tornam seus filhos direta e
indiretamente responsáveis por sua sanidade emocional, ou seja, pais que rompem os limites da identidade
dos filhos e os tornam seus cuidadores, “sugando” sua energia e os controlando). Viciados em evitar
possuem, por isso mesmo, enorme medo de intimidade, pois acreditam que estabelecendo intimidade serão
controlados novamente e “sugados”, “drenados”. Buscam, portanto, parceiros frágeis, com auto-estima
baixa, que indicam pouca possibilidade de controle sob sua personalidade.

34
5.3 A relação Interviciada

O viciado em amar e o viciado em evitar, portanto, se atraem mutuamente: o 1o parece frágil e


adequado ao 2o; e o 2o parece forte e capaz de tomar conta do 1o. Mas, logo que a relação supera os
momentos iniciais de encantamento, os problemas começam.

O viciado em amar passa a sentir que seu parceiro (viciado em evitar) possui algum outro foco
de atenção para o qual desvia energia que deveria lhe servir (muitas vezes um outro vicio secundario,
ou um trabalho, ou outra pessoa). Isso gera no viciado em amar o retorno do medo de abandono vivido
em sua situação traumática original, e este passa a fazer de tudo para obter o máximo de atenção e cuidado,
buscando impedir que o desfecho traumático se repita e, por isso mesmo, passa a demandar mais de seu
parceiro e a controlar seus passos, atitudes e sentimentos.

O viciado em evitar, por sua vez, assim que a relação ganha corpo, passa a temer a intimidade na
relação (associada ao perigo de ser controlado e ver borrado os limites de sua identidade) e arranja
mecanismos (um outro vício secundário, um outro parceiro sexual) para se afastar do viciado em amar,
buscando dar outro fim a experiência traumática que viveu em sua família (não quer ser controlado e
“drenado”). Com essa “fuga”, o viciado em evitar aumenta ainda mais o sentimento de abandono do
viciado em amar que ampliará a demanda e pressão por intimidade (controle) o que fará o viciado
em evitar se afastar mais ainda.

É um ciclo tóxico e retroalimentado que leva a níveis cada vez maiores de estresse e sofrimento até
que o viciado em amar comece a se afastar (desistência) seguido da retomada da aproximação pelo viciado
em evitar (assustado com o sentimento de abandono ou culpa). Portanto, ou o ciclo se retoma, só que
sempre num patamar mais elevado de tensão/medo (e cada vez com menos satisfação), ou então, um
dos dois viciados, não aguentando mais a situação, rompe a relação e busca novo parceiro.

Para complicar mais ainda a situação, dependendo das experiências de abandono vividas na infância,
os papéis de viciado em amar e viciado em evitar podem ser trocados ao longo de uma relação. Ou ainda,
alguém que agiu como viciado em amar numa relação de final traumático pode passar a agir como viciado
em evitar em várias outras, e depois, voltar ao vício em amar. O importante é entender que tanto o viciado
em amar como o viciado em evitar buscam reviver as experiências traumáticas da infância dando-lhe final
diferente.

Mas como já partem com expectativas irreais sobre seu parceiro, fruto de sua codependência,
essas relações estão fadadas a repetir o mesmo final traumático original: o viciado em amar quer
encontrar seu salvador, que lhe ame incondicionalmente e tome conta de si (isso não é possível); o viciado
em evitar quer encontrar alguém que o adule (era emocionalmente responsável por um ou pelos dois pais,
em sua infância, por isso precisa sentir-se forte diante do outro), mas que, ao mesmo tempo, não crie
intimidade a ponto de fazê-lo se sentir cobrado e controlado (igualmente impossível).

Tanto viciados em amar como viciados em evitar não se sentem atraídos por relacionamentos
com parceiros “saudáveis”. Em geral, sentem essas relações como enfadonhas e desvalorizam esses
parceiros. Ambos identificam muito rapidamente (num primeiro encontro, muitas vezes) quando estão
diante de seu parceiro tóxico: viciado em amar ou viciado em evitar.

O que fazer?

É preciso, primeiramente, estancar o vício de amar/evitar, sintoma secundário da codependência,


passando por todas as fases da abstinência. Sem interromper o vício, todo o processo de luta contra a
codependência se torna praticamente impossível. Estancado o vício, deve-se enfrentar os sintomas
primários da codependência, buscando repassar os traumas infantis originários. Sem enfrentar o profundo
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sentimento de abandono que tanto viciados em amar/evitar sentiram na infância, ressignificando-o em sua
vida atual, dificilmente estes poderão estabelecer relações saudável.

6. As Famílias Disfuncionais

6.1 Famílias disfuncionais: 5 características que as definem

O mais comum é que uma pessoa que vem de uma família disfuncional reproduza as suas
características ao formar a sua própria família. Se não for tratada profissionalmente, essa cadeia
continuará e ficará pior nas gerações seguintes.

Muitos dos problemas do mundo começam em famílias disfuncionais. Esse ambiente primário
deixa uma marca profunda em nós, já que aprendemos muito em pouquíssimo tempo. A família pode ser
uma grande influência no fato de que uma pessoa tenha vantagens ou desvantagens ao enfrentar diferentes
desafios em sua vida.

Algumas pessoas formam um casal e têm filhos com base em um padrão que repetem ou contra o
qual foram reativos, mas que, no fundo, nunca questionaram. Elas podem querer dar sentido a uma vida
que parece estar sem rumo. Às vezes, também vêm de famílias disfuncionais das quais querem fugir, sem
pagar o preço implícito na autonomia.

Seja qual for o caso, a verdade é que, às vezes, aqueles que formam um lar não estão fisicamente,
mentalmente nem emocionalmente preparados para fazê-lo. É quando se configuram as famílias
disfuncionais.

As consequências para cada um de seus membros são imprevisíveis, mas quase sempre geram
dificuldade ou incapacidade de levar uma vida plena. O que torna uma família disfuncional? Essas são
algumas de suas principais características.

“Ter filhos não transforma um pai em um pai de verdade, assim como ter um piano não faz de
alguém um pianista” Michael Levine

6.2 O abuso nas famílias disfuncionais

Existem muitos tipos e graus de disfuncionalidade em uma família. No entanto, aqui trataremos da
família disfuncional que gera fortes danos aos seus membros.

Ao fazer essa reserva, podemos dizer que a primeira grande característica desse tipo de
família é a predominância de relacionamentos que, longe de favorecer o desenvolvimento, o prejudicam.
Entende-se por abuso qualquer ato destinado a prejudicar outra pessoa que esteja em posição de
desvantagem ou vulnerabilidade. Também é definido como um abuso de poder. Ou seja, como o
exercício da autoridade sem lógica e sem moderação.

O abuso pode ser físico, psicológico e/ou sexual. Em todos os casos, gera consequências graves.

Cada membro da família se sente indigno

É muito comum que cada membro da família disfuncional esteja lidando com desafios que o próprio
grupo dificulta. Além disso, em uma família com esse clima, é muito difícil encontrar alguém capaz de
entender ou validar os sentimentos dos outros. De fato, costumam fazer o oposto: desprezá-los ou negá-los.
36
Também é comum que todos sejam intolerantes com os defeitos ou erros dos outros. Criticam-
se mutuamente, às vezes de uma maneira muito cruel. Os sentimentos destrutivos prevalecem e, por
isso, cada indivíduo sente que tem muito pouco valor.

Violência doméstica

É muito comum que, em uma família disfuncional, um ou ambos pais sejam viciados, ou tenham
algum tipo de distúrbio emocional ou mental. Isso resulta em situações muito estranhas e
incompreensíveis para as crianças.

Especificamente, essa junção de problemas costuma levar a episódios de violência que aterrorizam
as crianças e aumentam o conflito crônico com os pais. Testemunhar os gritos e/ou golpes, ser vítima
deles, marca e define os recursos que moldam o diálogo interno de cada pessoa. Além disso, um medo
desconhecido permanece habitando o interior daqueles que vivem essa situação.

Nas famílias disfuncionais prevalece o imprevisível, o caótico e inseguro

Se uma criança precisa de algo para crescer saudavelmente, é de segurança e estabilidade. O oposto
se apresenta em uma família disfuncional. Hoje pode não haver sérias dificuldades, mas amanhã não se
sabe. Talvez o golpe de hoje não tenha causado muitos danos, mas e o próximo?

Essa incerteza, esse caos e essa insegurança prejudicam emocionalmente as pessoas, especialmente
as crianças. É muito provável que elas apresentem fortes características de estresse no dia a dia e de estresse
pós-traumático a médio e longo prazo.

Elas se tornarão nervosas, suscetíveis, tímidas; temerão o mundo e até a si mesmas.

Pedem para você não falar, não confiar e não sentir

Esses três mandatos são encontrados com muita frequência em famílias disfuncionais. A primeira
“regra” é que você não fale, em particular, sobre o que está acontecendo na sua família. Você não pode
falar sobre o que sente, porque ninguém se importa; também não pode falar sobre o que acontece, porque
quem é você para questionar o que acontece?

Além disso, você é ensinado a não confiar. A família disfuncional tende a tornar-se hermética,
moldando um mundo fechado e corrosivo governado por uma lógica que é puro veneno.

Tudo o que é estranho a essa bolha, em muitos casos, é visto com desconfiança. Assim, se você não
confia no que está dentro desse ecossistema ou no que está fora, viverá em um estado de tensão constante.

Uma família disfuncional requer uma intervenção terapêutica profissional. O efeito que ela tem
sobre cada membro da família não é o mesmo. Em alguns casos, essa ferida pode ser devastadora. Em
outros casos, condenar a uma vida triste na qual o medo prevalece.

Infelizmente, se a cadeia não for interrompida através de uma atenção profissional, o mais comum
é que, por inércia, os problemas continuem se repetindo e aumentando de geração em geração.

6.4 Mães com transtorno narcisista: o prazer delas é o sofrimento dos filhos...

O relacionamento entre uma mãe com transtorno de personalidade narcisista com o filho é
marcado por atritos e discussões, muitas vezes por motivos fúteis, sendo difícil manter uma
convivência pacífica e saudável sob o mesmo teto. Provocações são comuns, para que o filho reaja de
37
forma negativa, criando assim uma situação de vitimização. Nas redes sociais existem vários grupos
fechados dedicados ao tema "Mãe Narcisista", em que os filhos (a maioria mulheres) relatam seus abusos
e se ajudam com conselhos e apoio para superar as dores que suas mães lhes causaram.

Segundo a psicóloga clínica Blenda de Oliveira, formada pela PUC-SP (Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo), estamos falando de um narcisismo que vai por um caminho muito mais de um
transtorno do que um narcisismo que todos nós temos e que faz parte do humano. "Este transtorno de
personalidade narcísica faz com que a pessoa tenha uma percepção grandiosa de si mesma, merecedora de
tudo, nunca acha que as pessoas que estão ao seu redor são qualificadas a altura", diz.... –

Segundo ela, uma pessoa que tem esse tipo de transtorno normalmente desenvolve pouca empatia.
Outra questão apontada pela psicóloga é que, embora o narcisista transpareça que se ama muito, na verdade
ele é alguém frágil, com imensa carência de amor, baixa autoestima e que se sente invariavelmente
desamparado. "Geralmente são pessoas cujo desenvolvimento emocional foi pouco fomentado pelos seus
cuidadores".

6.5 Mães más

A crença de que toda mãe é perfeita e que seu amor pelos filhos é algo incondicional pode ser uma
utopia em alguns casos. Wallace*, 34, de Curitiba (PR), de filho dourado se tornou o bode expiatório,
quando se assumiu gay para a família na adolescência. "Lembro que eu e minha irmã não éramos tratados
da mesma forma quando crianças. Eu era o filho preferido e ganhava presentes, enquanto minha irmã
apanhava mais, ganhava menos presentes, era sempre humilhada e vestida quase como um menino, para
talvez não representar uma 'ameaça' para minha mãe. A situação se inverteu quando eu 'saí do armário',
virei o bode expiatório. Várias vezes ela disse que não era feliz por nossa culpa.

As mães narcisistas pensam nos filhos como uma posse permanente, como se fosse uma
propriedade, de acordo com Oliveira. "Inúmeras vezes ela pode se colocar não de uma forma
grandiosa no sentido de 'eu sou maravilhosa', mas se colocar grandiosa como vítima, como aquela
que não é compreendida, que precisa ser ouvida e que precisa ser vista. De modo geral, é uma mãe
que invade a privacidade e muitas vezes expõe de forma constrangedora os filhos", diz a especialista.

Na maioria das vezes, essas mães não vibram com as conquistas dos filhos, podendo ter inveja pelo
crescimento deles. "Minha mãe nunca me incentivou a crescer, quando eu dizia que queria fazer uma
faculdade, ela falava que ... que eu sonhava alto demais. Hoje sei que o intuito era que eu fosse dependente
dela, quanto mais dependente, mais controle ela teria sobre mim", desabafa Angela*, 40, que apenas visita
a mãe esporadicamente e por causa do pai, considerado por ela um ser omisso e submisso à esposa.

Por que elas são assim? Para o psicanalista pós-graduado em neurociência Gregor Osipoff,
esse quadro não se estabelece de forma homogênea e tem suas particularidades em cada mãe, mas
antes de ser mãe, ela já era assim. "Para a psicanálise, cada ser humano é único, porém as mães
narcisistas muitas vezes não conseguem ter empatia com seus filhos, não conseguem se colocar no
lugar do outro, apenas se enxergam – Colocam sentimentos de culpa em seus filhos, quando eles não
correspondem ao seu desejo. É possível que esta mãe tenha nascido em um lar também abusivo", diz.

De fato, Andressa lembra que sua avó materna, que teve oito filhos, tinha predileção por alguns, e
sua mãe não estava entre os favoritos. "Era nítido quando eu era adolescente que minha avó gostava mais
de duas filhas do que do restante". Apesar de ter tratamento, muitas dessas pessoas não têm consciência
deste estado e não conseguem ver a necessidade de atendimento. Os filhos sofrem em nome de um
amor de mãe e precisam seguir para terapia, conquistar sua autonomia pessoal e financeira, isso
quando maiores. Muitas vezes são tratamentos demorados, mas com resultados satisfatórios. "Isso
para filhos e filhas, mas no geral as filhas sofrem mais, pois as mães projetam mais nelas a exigências.
– diz Osipoff.
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Virginia Coser, 37, se declara uma sobrevivente do narcisismo materno. Desde a infância sofreu
abusos sexuais cometidos pelo seu pai, sob o consentimento de sua mãe, que acobertava seus crimes. Ela
resolveu compartilhar seus traumas do passado há dois anos, quando criou um canal no Youtube chamado
"Como Superar Mães Narcisistas". Para ela, a mãe narcisista jamais vai buscar ajuda. "Elas não
possuem capacidade cognitiva de ter empatia ou de amar, não conseguem avaliar e reconhecer os
próprios erros, pois para esconder a sua real identidade, criam um mundo fictício, enxergando-se
perfeitas, sem falhas ou defeitos. Por esse motivo, mães narcisistas não buscam ajuda terapêutica, muito
menos reconhecem que são acometidas por esse transtorno", diz a estudante de psicanálise, que há anos
cortou relações de forma definitiva com a mãe....

7. Auto Estima

7.1 Antes de me apaixonar por você, devo me apaixonar por mim

Para poder ser feliz e dar o melhor aos demais, antes de me apaixonar pelo outro, devo fazê -lo
por mim mesma, e ser a pessoa mais importante da minha vida. Ensinaram-me que eu devia amar, mas
não me ensinaram que eu devia me apaixonar por mim mesma primeiro. Disseram-me que cada um de
nós tem uma cara-metade que deve encontrar para ser feliz, mas não insistiram que eu deveria me
apaixonar por mim antes de me apaixonar por outro alguém.

Todos nós acreditamos em uma crença falsa que nos foi ensinada sobre o amor, que,
curiosamente, não começa por nos apaixonarmos primeiro por nós mesmos. Então… surge uma
pergunta que com certeza você já se fez: Como posso me apaixonar por você, se não me apaixonei
primeiro por mim?

Você não pode viver sem você


Você não pode viver sem essa pessoa a quem declara tanto amor? Acredita que se ela sair de
sua vida, tudo desmoronaria? Há algo que você não percebe: que a única pessoa sem a qual você não
pode viver é você mesma.
Tendemos a ter uma preocupante falta de autoestima, que faz com que nos refugiemos no amor
que outra pessoa pode nos dar. Isso, em vez de ser algo positivo, pode resultar em problemas
relacionados com a dependência emocional. É bonito gostar de alguém ao ponto de sua vida carecer
de sentido se essa pessoa está faltando. No entanto, você sabe bem que a pessoa a quem você deveria
amar primeiro é você mesmo.

Se você não puder se amar, se não confiar em si mesmo, poderá fazê-lo com os demais?

Sabemos que você se sentirá sozinho às vezes, que terá medo…. Você está se afastando de tudo
o que lhe ensinaram e está aprendendo a amar como se faz verdadeiramente. Começando por você e
depois amando os outros. Tenha isso bem claro: a única pessoa sem a qual você não pode viver é você
mesmo.

7.2 Apaixonar-me por mim será o primeiro passo (falar é fácil, fazer que é difícil!!!!!)

Talvez você esteja pensando em como pode se apaixonar por si mesma. Ninguém lhe ensinou
a fazê-lo e, sinceramente, é algo bem difícil de conseguir, ainda que não seja impossível. Esperamos
que nossas sugestões os ajudem a se gostar mais.

Aqui, o que importa é você.

39
Não tenha medo da solidão
Temos um medo infundado de estarmos sozinhos, porque nos inculcaram que estar só é sintoma
de infelicidade. No entanto, se você não pode ser feliz estando sozinho é que tem um problema.Você
não pode ser feliz sozinho realmente, ou isso é o que lhe fizeram acreditar?
Aproveite a sua solidão para se dedicar integralmente a si mesmo. Você pode aprender
muito sobre si: aumentará sua autoestima, confiará mais em você, vai gostar de si mesmo
incondicionalmente…

Não desperdice a solidão porque nela você se encontrará e, como já sabe, você deve se
apaixonar por si antes de por qualquer outra pessoa.

Supere as aparências
Gostar de si mesmo implica ignorar as aparências. Algo tão superficial como a preocupação
com nossa imagem externa pode dar lugar a problemas de insegurança. Se você souber quem é, e se
gostar, não importa o que os outros digam.
Cuide de seus amigos
Às vezes, quando estamos em um relacionamento amoroso, deixamos de lado nossos amigos,
algo que nunca deveríamos fazer. Os casais podem ir e vir, mas os amigos, se você cuidar deles, são
para sempre.

Nunca troque uma amizade por um amor. Não vale a pena.

Quando você chegar a se gostar e a se valorizar, quando se der conta de que pode ser feliz sem
ter ninguém ao seu lado, verá que a vida não começa nem termina em seu parceiro ou parceira.

Seus amigos são pessoas que não lhe abandonarão e em quem você pode confiar. Pessoas que,
realmente, você deveria valorizar.

Não dê tudo aos outros


Não vá embora sem ler: Hoje, serei egoísta, cuidarei de mim mesma

Dê tudo por si mesmo, nunca pelos demais. Você é a pessoa que importa de verdade, a que
deve avançar e alcançar suas metas, que deve se respeitar, confiar, se amar e se valorizar.

Nunca dê tudo de si pelos outros porque, certamente, você sofrerá.

Diante de tudo isso, talvez você ache que está sendo uma pessoa egoísta. Talvez, você não se
dê conta de que está sendo generoso consigo, como já deveria ser há muito tempo.

Repita quantas vezes for necessário: “antes de me apaixonar por você, farei isso antes por
mim”. Só assim você poderá amar outras pessoas, somente assim você poderá ser feliz.

Gostou deste artigo? Então, continue antenado na nossa página com mais dicas para o seu bem -
estar.

Fique com quem você possa ser você mesmo, em sua essência e com liberdade

Devemos nos rodear de pessoas que nos aceitem como somos, com nossas virtudes e defeitos,
e que, por sua vez, nos ajudem a ser melhores a cada dia.

40
Fique com aquelas pessoas com quem você possa ser você mesmo em toda a sua essência e
com total liberdade.

Aquelas que tiram de você o que é sincero, genuíno e verdadeiro. Que aprofundem, que
espremam seu ser e que lhe ajudem a aproveitar o quanto é maravilhoso ser você mesmo.
Fique com estas pessoas porque elas são tão maravilhosas que se tornam
indescritíveis. Geram confiança plena e garantem o seu bem-estar a todo momento.
Fique com elas, porque manter este tipo de relação nos ajuda a nos aprofundarmos em nós
mesmos, a marcarmos a nossa identidade, a nossa essência e os nossos interesses, assim como a
fortalecer os vínculos com o entorno no qual estamos inseridos.
“Há gente, algumas pessoas, poucas, que ao sorrirem enchem o rosto de uma ausência de
malícia que não é de adultos. Elas têm uma expressão de bondade que desarma, e de um ‘como estou
bem, e como você vai ficar bem comigo.’
A estas pessoas, que quando sorriem nos levam à felicidade, ao bem-estar e ao apego imediato, você
pode dar a sua alma, porque elas sempre estarão com você”.

7.3 Ser você mesmo é não se submeter às expectativas

Com frequência somos capazes de negar que gostamos de um determinado tipo de música ou
que estamos interessados em um hobby ou outro.

Pouco a pouco, vencidos pelas expectativas, vamos deixando de ser nós mesmos para o
exterior, e o que é pior, em nossa vida interior também.

Em poucas palavras: sacrificamos a nossa essência. Acabamos nos reduzindo, minando nossas
emoções e nos convertendo em um recorte daquilo que éramos, ou que ainda somos, mas não
mostramos.

Isso faz com que nossas relações sejam cada vez menos satisfatórias e mais frágeis.

Por isso, quando aparecem em nossas vidas pessoas cheias de calor e ternura, conseguimos
nos sentir realmente bem, sem curativos emocionais e com novas ilusões e impulsos diante do dia a
dia.

No entanto, infelizmente este tipo de conexão não é tão comum atualmente, por isso é ainda
mais especial o fato de encontrar alguém com quem podemos compartilhar nossas experiên cias,
sentimentos e pensamentos de forma totalmente sincera e natural.

Fazer as pazes com você mesmo


Para conseguir aproveitar ao máximo estas trocas tão positivas, primeiramente temos que nos
tornar amigos de nós mesmos, algo que, sem dúvida as pessoas autênticas podem nos ajudar a fazer.

Ou seja, ser você mesmo com total liberdade depende, em grande medida, do quão cômodos
nos sentimos com nosso entorno, pois ele será um grande ponto de apoio para que nos sintamos
válidos.

Além disso, estas pessoas nos ajudam a promover um trabalho interior articulado nestes pontos:

• Aceitar-nos como pessoas únicas e insubstituíveis é um aspecto básico e


indispensável. É perfeitamente normal que queiramos mostrar nosso rosto mais amável

41
ou desejável aos demais. No entanto, agir de maneira natural é o que realmente será
mais genuíno, sincero e, principalmente, atraente para os outros.

• Não devemos nos focar na imagem que os demais têm de nós, e sim na
imagem que nós projetamos aos outros. Isso nos ajudará a sermos mais autênticos e
espontâneos.
• Ter claro que nosso valor não depende de como é aquilo com o qual nos
comparamos. É importante trabalharmos para sermos cada vez melhores de acordo com
os nossos próprios ideais e valores, e não para superar outra pessoa.

Mantenha ao seu lado aqueles que fazem você se tornar uma pessoa melhor

Ser você mesmo é um grande objetivo em um mundo no qual o que se vende é o que está
relacionado às aparências e ao que os outros acreditam ser desejável. É isso que, por sua vez, nos
transforma e nos impede de formar relações realmente sólidas e sinceras.

Poder mostrar a nós mesmos com liberdade diante dos demais e saber que somos queridos é
algo tão magnífico quanto incomum, por isso devemos ter cuidado e atender aquelas pessoas que
tornam nossa vida mais bonita. Graças a estas relações sabemos que a ausência ou a distância não
significam nunca o esquecimento, e sim que o carinho por esta pessoa sempre irá permanecer quando
for sincero.

Também sabemos que cada passo deve levar à construção da mais absoluta sinceridade,
por isso devemos evitar que nos contaminemos com egoísmos, dependências, e excessos emocionais.
A comunicação e a expressão sincera de nossos pensamentos e emoções nos aproxima e nos faz sentir
um grande apreço por aqueles que realmente nos ouvem e nos aceitam como somos, de maneira
natural, sem julgamentos nem expectativas.

7.4 Como a autoestima baixa leva a abusos e mais problemas nos relacionamentos

Resumo da notícia

• Porque pode facilitar relações constantes de abuso e dependência emocional,


anulando as vontades e desejos da pessoa em virtude do outro
• Pessoas podem não perceber que são abusadas ou se permitirem isso por acreditarem
que não merecem uma relação melhor
• ? Nesses casos buscar ajuda é necessário. A psicoterapia tem ferramentas para ajudar
a se encontrar neste caminho de autoconhecimento

Um dos principais danos que a autoestima baixa pode ocasionar em relacionamentos é o abuso. A
pessoa não se acha merecedora de uma relação melhor e não se reconhece mais facilmente quando é
submetida a alguma forma de ataque, rebaixamento ou violência. Existem casos em que a pessoa assimila
esses comportamentos como normais, já que por ter autoestima baixa ela nem se dá conta que está sofrendo
um abuso.

42
No entanto, não é o único tipo de dano que a autoestima baixa pode trazer. Listamos alguns dos
principais problemas que essas características podem trazer às nossas relações interpessoais:

Danos aos relacionamentos

Uma tendência de quem tem baixa autoestima é a escolha de relações ruins, em que a pessoa se
sujeita a se conectar com alguém que faça ou ofereça menos a ela do que ela merece porque ela não
identifica suas possibilidades, não se acha merecedora de algo melhor.

Além disso, quem sofre de baixa autoestima pode, inconscientemente, jogar iscas que permitam com
que ela seja humilhada, castigada. Essa pessoa, de repente, começa a esquecer coisas importantes que ela
não esqueceria se estivesse sozinha, passa a repetir perguntas óbvias, ou que já foram feitas, passa dar
respostas reticentes, ou seja, ela faz provocações para que o outro a critique.

Autoestima é um amor voltado a si mesmo. Para a psicanálise o amor permite três formas diferentes
de oposição: o amor e a indiferença, o amor e o ódio e o amar e ser amado. Podemos identificar, portanto,
três situações que podem servir de base para o sentimento de baixa autoestima se pensarmos nos contrários
da experiência amorosa:

• Quando investimos nossos afetos em algo que nos é externo a tal ponto do próprio
eu perder a importância. Nos perdemos no outro a ponto de não fazer muita diferença em quem nos
tornamos a partir disso;
• Quando nos voltamos excessivamente para o nosso eu, mas de forma a
transformar esse autoamor em um objeto de ódio e agressividade, suportamos muito mal a
nossa imagem e existência e, em função disso, acabamos nos dedicando a um ataque repetitivo
contra nós mesmos, como um exercício constante de auto-ódio;
• Por fim, quando deixamos de ser ativos em relação aos nossos afetos e, assim,
passamos a uma dependência das opiniões e vontades e alguém inclusive para assumir uma posição
em relação a nós mesmos. Nesta situação, ser amado se torna mais importante do que amar.

7.5 Baixa autoestima e abusos


Vivemos um universo na infância em que em alguma vez já nos sentimos incompreendidos ou
injustiçados, mesmo que não tenhamos sido. Para algumas pessoas esses sentimentos são tão fortes e gritantes
que elas internalizam isso e transformam em crenças. O passo seguinte é criar microcontratos secretos dessas
sensações com elas mesmas, de tal forma que o indivíduo vai procurar na vida adulta reescrever essas
situações vividas na infância.

Ele pode então procurar alguém que sabe ser um abusador, com a fantasia de que vai corrigir
e fazer que a pessoa seja diferente com ele. Ou então pode inconscientemente provoca a pessoa para
finalizar, como na infância, em uma relação de abuso em que ele seja ou incompreendido ou injustiçado.

Como estamos falando de situações em que a própria percepção de si torna-se dependente de outra
pessoa, muito provavelmente a vítima desse tipo de relação abusiva (seja o abuso físico ou psicológico)
necessite de auxílio para identificar o quão perigosa a relação se tornou ou está prestes a se tornar. Nesses
casos, o ideal é buscar o auxílio de um profissional de saúde mental e, somado a isso, uma ampla rede

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de apoio social e afetivo que ofereça apoio nas decisões necessárias para a ruptura ou reconstrução
desses laços.

Quem sofre relações de abuso por ter autoestima baixa, independente se o abuso acontece no trabalho,
na escola ou em casa, muitas vezes não se dá ao direito de se defender, pagando muito caro pelo pouco que
recebe dos outros. Quando existe sentimento envolvido, se a pessoa está apaixonada pelo abusador, por
exemplo, perceber esse abuso fica mais difícil: tanto conseguir reconhecer a pessoa amada como
abusador quanto identificar que os abusos são frequentes e não uma experiência eventual.

7.6 Autossabotagem

Se há vários caminhos pelos quais podemos encontrar o amor a nós mesmos, o mesmo vale também
para o ódio. Se construímos uma relação com a nossa identidade que faz do nosso eu um alvo para a
agressividade, ela pode se dar também por diferentes vias. Uma delas é a de identificar a autoimagem nas
figuras do fracasso. Isso é especialmente comum nos ambientes de trabalho e de educação, em que acabamos
sendo muito dependentes do olhar do outro como forma de avaliação das nossas práticas e condutas.

Um exemplo desse comportamento a aquele indivíduo que se coloca aquém dos outros ou oferece os
próprios fracassos como um pedido de reconhecimento, por vezes até de forma antecipada, em frases como
"eu sei que eu não vou conseguir", "tenho certeza de que não sou capaz", "aquilo que eu tomo para fazer
sempre dá errado". Isso tende a estabelecer uma repetição de relacionamentos abusivos. Neles, o
principal resultado é a efetivação da agressividade voltada contra si, encontrando dados na realidade
que possam servir de prova da necessidade da sabotagem.

Essas pessoas desenvolvem ainda na infância crenças e microcontratos com elas mesmas —e que
ficam inconscientes. É comum que ela, por exemplo, passe a internalizar e acreditar nas frases sobre os
fracassos que ela oferece aos outros. Elas colocam essas mensagens na cabeça desde pequenas e crescem
acreditando nisso, então, quando existe uma oportunidade, elas se autossabotam.

Casos como esse necessitam de um cuidado especial, sobretudo através de atendimentos psicológicos
que levem a um enfrentamento da própria imagem e que coloquem em perspectiva as formas como nos
relacionamos com os outros.
Vale frisar que apenas o incentivo ao amor próprio não costuma ser suficiente e, em alguns casos, torna-se
inclusive perigoso na medida em que vai se tornando uma espécie de cobrança por mudanças rápidas de
postura e de atitude, aumentando o sofrimento na medida em que acabaria por provar que, efetivamente, essa
pessoa estaria abaixo do que é desejado ou esperado. Transformações em pacientes que se autossabotam
demandam tempo e cuidado, motivo pelo qual a avaliação profissional torna-se tão importante.

7.7 Términos de relacionamentos

A autossabotagem relacionada à baixa autoestima pode levar ao término precoce de relacionamentos


Términos precoces de relacionamentos em que a autoestima se coloca em primeiro plano
tendem a acontecer por duas vias: a primeira delas, e a mais comum, é quando a insistência pelo
reconhecimento de uma identidade desvalorizada acaba criando uma situação de sofrimento para
ambas as pessoas. Quando a necessidade de rebaixar a si próprio é muito intensa pode acontecer, inclusive,
que o sujeito acabe tendo reações de irritação ou agressividade com as tentativas de cuidado e de proteção,
reafirmando sua condição de alguém a ser odiado.
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Nesses casos, a pessoa começa a provocar coisas para que o outro a rejeite, com atitudes ou ações
que sabiamente irão desagradar ao outro, procurando um universo já pronto contra ela, universo
criado anteriormente e que foi interiorizado por meio de crenças limitantes.

Outra possibilidade é quando a pessoa com baixa autoestima decide terminar um relacionamento que
estava progredindo bem e gerando efeitos positivos como forma de proteger o outro. Essa situação é montada
em cima de um sentimento de contágio segundo o qual estar próximo do meu "eu" pode levar o outro ao
mesmo sofrimento. Geralmente trata-se aí de casos mais delicados e que demandam atenção
profissional, mas, nas duas situações com um fator muito importante que torna o prognóstico mais
otimista: a dedicação amorosa de alguém é um fator promotor de saúde psicológica, senão o mais
importante deles.

Como tratar o problema?

Quando a autoestima foi diretamente afetada em função de uma situação ou episódio particular, é
necessário lembrar que a vida é transitória e descontínua. O que hoje é uma realidade, amanhã poderá
mudar e o tempo é um ingrediente necessário para as transformações duradouras.

A duração do sofrimento tende a ser sempre o presente, já que a dor é imperativa e nossas projeções
de futuro tendem a estender o presente por mais tempo do que ele realmente dura. Neste caso, o remédio é a
paciência: analise com um pouco mais de calma as possibilidades de transformação.

Já quando se trata de uma longa história de mal-estar em relação a você mesmo e que se repete em
diferentes situações e com diferentes cenários, levando, por exemplo, a um sentimento de ódio ou de
inadequação em relação a sua pessoa, nesses casos a orientação é buscar uma psicoterapia. Determinadas
mudanças requisitam, além de tempo, de um ingrediente específico que um profissional da saúde
mental irá acrescentar a partir de sua escuta e acolhimento.

Abordagens superficiais sobre autoestima recomendam ações como elogios, muitas vezes falsos,
festejos constantes e ações em que a pessoa não se enxergará nelas, e são, portanto, ineficazes e às vezes até
constrangedoras para quem está com a autoestima baixa. A melhor ajuda que essa pessoa pode receber é
atenção: ser ouvida e ver que o outro está prestando atenção no que ela diz, pensa e responde, de forma
a perceber que o que ela disse foi importante e fez sentido para quem a ouviu, mesmo que o outro
discorde.

A essência está em ouvir a pessoa, pensar sobre o que ela fala, demonstrar que ela tem visibilidade e
que é vista além de um comportamento destrutivo, além de um sintoma, além de um problema. É ver a pessoa.
Esse é o melhor remédio para melhorar a autoestima de alguém.

Outra coisa importante para ajudar quem sofre de autoestima baixa, é deixar que essa pessoa
perceba que ela é capaz de gerar felicidade. A criança se sente com boa autoestima se ela percebe que
o pai e a mãe se sentem felizes com a presença dela. Muitas vezes os pais assumem tantas responsabilidade
e tarefas que a criança passa a ser mais um item nessa lista e a ela percebe que, em vez de trazer a felicidade,
ela gera responsabilidades e compromissos. Isso piora a sua autoestima.

Então, o que podemos fazer pelo outro, é proporcionar que a descoberta seja de dentro para fora: ouvir,

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perceber, demonstrar que o que tem visibilidade é ela, a pessoa, e não o resultado do que ela faz. Paralelo a
isso, a terapia é fundamental para ajudar essa pessoa a melhorar sua autoimagem e autoestima, pois
dificilmente ela conseguirá resolver essas questões sozinha.

Fontes: Wimer Bottura, psiquiatra e psicoterapeuta, presidente da ABMP (Associação Brasileira de Medicina
Psicossomática) e membro do grupo de professores da cadeira de psicologia médica da FMUSP (Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo); e Tiago Ravanello, psicólogo, psicanalista e professor associado da UFMS (Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul).

7.8 Entenda como a baixa autoestima influencia seu relacionamento


Texto da Pscicóloga Renata de Azevedo

Sabe aquela pessoa incrível que sempre reclama que não tem sorte de achar alguém legal? Que os
amigos falam que ela é maravilhosa, mas ela nem se acha isso tudo? Que já perdeu as esperanças e acha
que não nasceu para se relacionar?

Então, isso pode ser uma questão de baixa autoestima.

Quando você não se valoriza, acredita que não é isso tudo e que não vai conseguir arrumar alguém
legal, a tendência é que busque pessoas para se relacionar que não te valorizem. Com isso, você reforça
crenças negativas sobre si mesma, como “não sou boa o suficiente”, “ninguém vai gostar de mim”, “não
mereço ser amada”, “não sou importante”.
Um exemplo comum é: se você acredita não ser boa o bastante, a probabilidade de se relacionar
com pessoas que tem o costume de trair é grande. E sabe o que acontece em seguida? Depois de descobrir
a traição, você vai começar a se culpar: “se eu fosse melhor, se eu fosse realmente boa, ele não ia querer
ficar com outra”. Pronto! Reforçou a sua crença de que você não é o suficiente.
Além disso, essa falsa verdade provavelmente virá acompanhada de sentimentos autodestrutivos
como: tristeza, angústia, vazio, dor no peito ou alguma outra emoção negativa relacionada à
sofrimento.

O que acontece é que a gente busca situações para reforçar as crenças que temos a respeito de nós e
no fim pensamos “tá vendo, eu já sabia que isso ia acontecer…”. Claro que ia acontecer!
Inconscientemente você buscou essa situação.
Mas não se sinta culpada, não foi de propósito. E nesse texto, vou te falar como reverter isso.
Quando uma pessoa tem baixa autoestima, ela se sujeita a situações para não ficar sozinha, por achar
que não vai encontrar alguém melhor ou por acreditar que todos são iguais, então é melhor ficar com essa
pessoa mesmo.

Sem contar também que a pessoa passa a aceitar que o outro a desrespeite, desvalorize e a faça sentir
mal. Às vezes vem até o sentimento de humilhação. Você se vê em situações que não sabe como aguenta
e nem porque ainda permanece nessa relação. Não sabe como sair disso, pois acha que não consegue
e não tem força.

Além disso, a baixa autoestima faz com que você aceite grosserias e até abaixe a cabeça ao ouvir
palavras que machucam ou agridem verbalmente (talvez até fisicamente). A pessoa te ignora, faz questão
de deixar claro que você não é importante ou faz brincadeiras que te depreciam, com a desculpa de
estar apenas brincando. A pessoa não liga para as suas vontades, te impõe os desejos dela ou te trata
com superioridade.

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Você acreditou que as coisas iam melhorar com o tempo e preferiu se prejudicar com medo de
desagradar e o outro decidir terminar. Só que não melhoraram.

E você se submete a isso tudo, reclama, mas continua na relação. Afinal, pelo menos não está
sozinho. Se você tem a crença de que é inferior à outras pessoas, inconscientemente, vai buscar situações
em que se sente inferior. Se acha que merece o mais ou menos, vai se contentar com o mais ou menos e
nunca vai em busca do bom.
Também pode acontecer de você fazer tudo para agradar e ajudar o outro. Aí você começa a se sentir
um super companheiro: útil e necessário. Aliás, você passa a fazer de tudo para ser uma namorada
perfeita, muda seus comportamentos e passa a ser o que você acredita que o seu namorado quer.
Porque vai ser desse jeito que ele vai sempre te amar e você nunca vai perdê-lo.

Talvez você tenha se perdido, mas isso não importa, não é?


Muitas vezes, você pode reclamar e dizer que o outro não valoriza tudo isso que você faz. Pode
também começar a cobrar dele mais atenção, mais afeto, mais demonstração de carinho, mais valorização…

Na verdade, você quer que o outro te dê o valor que você mesma não se dá. Se você se valorizasse,
não precisaria cobrar isso do outro. Essa cobrança é como se fosse um pedido: “por favor, me diga
que eu tenho valor”. Você precisa dessa confirmação para acreditar que tem valor, pois tem dúvidas
disso.
Mas então, é só você achar alguém legal que todos os seus problemas estão resolvidos, certo?
Errado! Você pode estar com alguém muito legal, que te valoriza e faz muito por ti, porém isso não é o
suficiente. Você se sabota. Não basta ele fazer muito. Tem que fazer tudo!

A pessoa tem que ter uma bola de cristal porque você não pede o que quer claramente. Ele tem que
adivinhar. Afinal, você acha que se ele gosta de você de verdade, ele te conhece plenamente, então não
precisa pedir. Ele tem que controlar o olhar, o comportamento e as palavras para não te magoar,
irritar ou provocar insegurança.

Como se “só” amar não fosse o suficiente. Você cobra que ele te prove isso o tempo todo. Se não,
provavelmente você fala frases como “você não me ama”, “eu faço tudo por você e você não valoriza”,
“você deve ter outra”, “você não me quer mais”. É desgastante. Não importa o quanto o outro faz, nada
é o suficiente. É um buraco sem fundo.
A relação vai ficando chata e frustrante para ambos. Você pedindo e não recebendo o que quer
e ele dando e não sendo o suficiente. O casal entra em um ciclo negativo e pode levar ao término.
Provavelmente, você vai culpar o outro pelo fim do relacionamento, já que ele não foi o namorado ideal.
Ou empurram com a barriga e vão arrastando a relação, onde ambos estão infelizes.

Se a sua autoestima está baixa, seu relacionamento provavelmente será tumultuado, pois você vai
cobrar que o outro aumente a sua autoestima e te faça feliz. Você vai colocar a sua felicidade nas mãos do
outro, como se ele fosse responsável por isso. Só que o outro não tem esse poder e nem esse papel. Esse
poder é seu. SÓ SEU.
Se a autoestima está alta, se você acredita no seu valor e na sua importância, independente dos
outros, você vai construir um relacionamento muito mais saudável, sem cobranças, sem exigir nada em
troca. Vai estar com a pessoa pelo que ela é e não para suprir uma carência sua, tampar um buraco
que é seu ou para ocupar um papel que não é dela.

Talvez você tenha se identificado com algumas situações que eu descrevi e ainda não tenha se
dado conta do quanto você contribuiu para as brigas, desgaste e até término das suas relações
anteriores. Vale lembrar que essas situações valem tanto para homens quanto para mulheres.

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Não é para você se sentir culpada. Em uma relação, a responsabilidade é sempre de ambos. Nem só
sua, nem só do outro. Relacionamento é mais que amor. Você pode amar muito, mas pode ter questões
internas referentes a sua história de vida, suas experiências e seus padrões, que estão contribuindo para os
seus relacionamentos não terem sido tão saudáveis e felizes.
Todos nós temos questões internas que nos atrapalham. A diferença é que algumas pessoas
fingem que elas não existem, porque não querem enfrentá-las. Por isso continuam repetindo os seus
padrões negativos por aí. Infelizmente, elas estão perdendo a oportunidade de parar de se sabotar, de se
desenvolver e ser mais feliz.

7.9 Sinais de que seu parceiro pode estar tentando acabar com sua autoestima

“Autoestima” e “autoconfiança” são coisas diferentes, de acordo com psicólogos. Uma pessoa
pode, por exemplo, esbanjar confiança em si mesma, mas ainda assim possuir uma baixa autoestima.
Isso ocorre, por exemplo, com algumas celebridades capazes de encantar com performances diante
de milhares de pessoas, mas que, ao mesmo tempo, prejudicam a si mesmas ao adotarem estilos de vida
destrutivos. E em um relacionamento, nossa autoestima pode ser afetada pela conduta do parceiro ou
parceira ( muitas vezes, inconscientemente), seja para ajudar a construí-la ou a acabar com ela.
Nós ficamos surpresos ao descobrir que até mesmo as melhores intenções do companheiro (a) têm
o potencial para causar problemas na vida a dois. Que tal dar uma olhada mais detalhada em situações dessa
natureza?

Exagerar ao tomar iniciativa na hora de decidir


Ainda que você seja uma pessoa que não gosta de tomar decisões, talvez considere importante,
mesmo que esporadicamente, que ambos participem da escolha de determinada coisa. Se o seu
companheiro ou sua companheira decide tudo por conta própria, pode estar querendo dizer que não vale
a pena te consultar por enxergar, em você, alguém que não sabe o suficiente sobre o assunto. A pessoa,
pode, ainda, estar querendo mostrar que simplesmente não vê sua opinião como algo importante.
Isso tende a se refletir em temas que vão desde a escolha das novas cortinas para a casa até o destino das
próximas férias: ele sempre quer resolver tudo sozinho.

Interromper quando você está falando


Interromper enquanto alguém fala é muito grosseiro. Em algumas ocasiões, a outra pessoa nem tem
a intenção de nos chatear — ela está apenas animada sobre algo ou com medo de esquecer o que tem
a dizer. Mas, em boa parte dos casos, a interrupção de uma fala faz com que não nos sintamos ouvidos,
como se aquilo que temos a dizer não fosse importante. Existe algo pior do que notar que ninguém está
interessando no que temos a falar? Quando isso acontece com frequência, passamos a acreditar que nem
vale a pena falar nada. Afinal, de que serviria?

Questionar suas decisões


Em alguns casos, o parceiro ou parceira adota uma posição contrária até mesmo em relação
às menores coisas. É como se a pessoa pensasse estar sendo útil ao questionar, por exemplo, se a roupa que
você está usando é apropriada para o clima lá fora: “tem certeza de que não precisa calçar botas mais
quentes?” E, às vezes, o parceiro ou a parceira torna-se persistente: “querida, acredite: você não quer mudar
de emprego. Seu trabalho é legal e eu acho que muitas pessoas adorariam ser contratadas por eles.”
Inicialmente, você pode até achar aquele comentário fofo e cheio de boas intenções. Mas,
quando a fala surge pela milionésima vez, tendemos a pensar o seguinte: “ele acha que eu sou uma
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criança, incapaz de tomar boas decisões?” Em decorrência das constantes dúvidas, passamos a nos
questionar se realmente conseguimos agir de forma independente. Isso, por sua vez, mina a capacidade
de qualquer um de tomar decisões por conta própria.

Usar linguagem corporal negativa (como girar os olhos)


A linguagem corporal é uma arma poderosa. Ela costuma revelar bastante a respeito
da comunicação entre um casal. Girar os olhos, por exemplo, indica uma postura de “o que você acaba
de dizer é absolutamente ridículo”. É possível que você, “vítima do olhar fulminante”, interprete aquilo
como: “você é boba, e eu te desprezo mentalmente”. Quando o assunto é linguagem corporal, posturas
como ficar de braços cruzados, olhando para o celular enquanto a companheira ou o companheiro
fala ou agir de forma distraída também podem ser interpretadas como sinais de “não me importo”,
“pare de falar” ou até mesmo como coisa pior.

Não ter interesse por atividades importantes para você


Talvez você goste de cantar ou se expressar por meio de qualquer outra arte, ainda que de forma
amadora e adorasse que seu companheiro ou sua companheira apoiasse suas pretensões. Ou talvez você
quisesse apenas que ele ou ela ajudasse mais nas tarefas domésticas ou se animasse para um passeio
em conjunto. Porém, pode acontecer de a outra pessoa dizer que odeia arte, preferindo ficar em casa
a sair e assumindo uma linguagem corporal que diz: “prefiro qualquer coisa a fazer seu programa”.

Em um relacionamento, os dois envolvidos precisam demonstrar apoio mútuo. Do contrário, você


interpretará aquilo como uma mensagem dizendo que a outra pessoa não liga para as coisas consideradas
importantes para você e que a sua felicidade não é vista como prioridade. Ou seja, ser ignorado tem
condições de arruinar a autoconfiança.

Dar “sugestões” o tempo todo


Em boa parte dos casos, tendemos a interpretar sugestões constantes como sinais de que a outra
pessoa presta atenção em nós, de que ela dá importância para o que está acontecendo e quer ser útil. Mas,
na verdade, quando o parceiro ou a parceira fica persistente demais ao sugerir algo diferente do que
decidimos, podemos ser levados a crer que jamais faremos nada do jeito certo. Boas intenções, resultados
péssimos. Por outro lado, se seu companheiro ou companheira espera até que você peça especificamente
uma sugestão, é porque ele ou ela confia em suas escolhas. E isso é ótimo!

Falar como se você fosse uma criança


Não é nada agradável quando um adulto fala com outro como se estivesse conversando com uma
criança. Você provavelmente se sente constrangido e menosprezado quando seu parceiro
ou parceira age assim em locais públicos ou mesmo no ambiente privado. Atitudes dessa natureza deixam
a outra pessoa humilhada, sentindo como se não tivesse valor. Se seu companheiro fala com você dessa
maneira é porque não te respeita da forma que deveria.

Dizer “não” à maior parte das ideias que você tem


Saber dizer “não” é importante e, segundo psicólogos, as pessoas deveriam ter mais
capacidade de usar essa palavra. Mas, a partir do momento em que seu companheiro ou companheira diz
“não” a TODAS as ideias que você tem, é porque ele ou ela não tem interesse em te encorajar nem
demonstrar apoio, o que pode ser crucial para acabar com sua autoestima. Ao ouvir um “não” diante
de qualquer proposta de atividade a dois, fica difícil pensarmos que tivemos uma boa ideia. Assim,
surge a sensação de que não temos liberdade para procurar nossa própria felicidade nem aquilo que
nos faz bem.

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Conferir ou refazer tudo que você já fez
Se você está sempre “no pé” do seu parceiro ou da sua parceira para conferir ou refazer tudo que ele
ou ela acaba de fazer, passa a mensagem de que não vê o outro como alguém capaz de fazer nada do jeito
certo. Claro que é sempre bom conferir as coisas de vez em quando, sobretudo quando isso envolve
questões de segurança, mas, na maioria dos casos, quando o trabalho foi executado satisfatoriamente,
você não deve diminuir os esforços feitos por sua cara-metade. E, caso você não consiga se aguentar
e queria, por exemplo, lavar novamente a louça ou rearrumar a cama, faça isso quando a pessoa amada não
estiver por perto.

Causar dúvidas constantes com ações que não condizem com o que foi falado
Seu parceiro ou parceira sugere irem ao cinema assistir àquele lançamento legal ou então
comprarem um móvel novo para a sua casa. Isso te deixa feliz ao pensar que vocês irão se divertir ao fazer
algo legal juntos. Porém, pouco depois, ele ou ela muda de ideia, sugerindo adiar o programa
ou cancelar os planos sem apresentar nenhum motivo para isso. Geralmente, situações assim fazem
a pessoa pensar que ela é a única culpada pela mudança repentina. É possível que ela se pergunte:
“será que eu disse algo de errado que o fez mudar de ideia?” Comportamentos dessa natureza
também comprometem a autoestima alheia.

Dar conselhos demais ou exagerar ao oferecer ajuda


Isso acontece com muitos casais: quando uma das pessoas se sai bem em determinada atividade,
a outra se sente “provocada”, passando a sabotar a outra por sentir ciúmes do sucesso alheio. Só que
posturas assim são extremamente perigosas para a autoestima do parceiro ou parceira. Talvez seu
companheiro ou sua companheira esteja sempre te oferecendo ajuda ou dando conselhos que não
foram solicitados só para mostrar que sabe mais e pode fazer melhor. Esse tipo de interferência nos
impede de perseguir nossos sonhos e alcançar o sucesso, já que podemos nos tornar indivíduos
hesitantes. Diante disso, você pode começar a achar que sempre precisará do conselho daquela pessoa por
não ter conhecimentos nem habilidades suficientes.

Recusar-se a discutir
Faz todo sentido dizer que, se o seu parceiro ou sua parceira se recusa a discutir, significa que ele
ou ela não vê aquele assunto como algo que justifique uma briga. Quando a pessoa sempre encerra
a discussão ou diz coisas como “eu não quero sequer discutir sobre isso com você”, está indicando
que acha sempre estar certa ou que não dá importância para aquilo que você tem a falar. E situações
assim só servem para criar no outro uma sensação de falta de valor. Tudo bem não querer brigar, mas
é importante permitir que você diga o que está em sua mente.

Equivocar-se em relação aos seus sentimentos


Seu parceiro pode estar estressado com a vida, irritado com o trabalho ou preocupado com alguma
coisa. Mas descontar tudo em cima de você não é nada correto. Quando a outra pessoa demonstra estar
sempre triste, chateada ou impaciente, talvez você seja levado a crer que a culpa é sua. Porém, a felicidade
do outro não é sua responsabilidade e é óbvio que seu companheiro ou sua companheira precisa expressar
os próprios sentimentos. Porém, isso deve sempre ser comunicado apropriadamente para evitar uma
situação constrangedora criada pela falta de informação.

Expressar amor incondicional


Se você precisa o tempo todo ganhar o amor e a aprovação do ser amado, talvez acabe
se sentindo como se não fosse uma pessoa boa o suficiente para ele. Você acorda todas as manhãs
tentando fazer as coisas do jeito certo. Esse comportamento não é sinal de um relacionamento saudável.
Em casos assim, o companheiro ou a companheira não está demonstrando ser uma pessoa amável.
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É melhor não se envolver em relacionamentos que exigem de você esta ou aquela postura em troca
de amor. Você merece receber amor pelo simples fato de ser quem você é, não pelo que pode fazer.

7.10 Pensamentos Distorcidos: o que são e como evitá-los.

Na Psicologia, aqueles pensamentos errados que temos a respeito das pessoas, do mundo, do futuro
e de nós mesmos são conhecidos como distorções cognitivas.
Estas distorções geralmente são erros de sensação, percepção e memória, que influenciam na
maneira de pensar e agir, tanto negativamente, como positivamente, geralmente trazendo conflitos de
relacionamento familiar, social, íntimo e consigo mesmo.
As distorções mais frequentes são:

Catastrofização

No senso comum é conhecido como "tempestade em copo d'água". Não é porque um detalhe de um
projeto saiu errado, que o projeto está perdido! Se o outro não retornou a ligação não significa que o
relacionamento está totalmente abalado.

Pensamento "tudo ou nada"

Na prática isto significa que não há um meio-termo na compreensão dos fatos. Por exemplo: se um
indivíduo passa por outro e sorri, está "dando mole"; se não sorri é antipático, grosseiro, etc... Se uma moça
está um pouco acima do peso é considerada "obesa", "fora de forma"; se está abaixo "está com algum
problema de saúde", etc.

Adivinhação

Esta distorção geralmente começa com a frase "Eu sei o que você está pensando". Felizmente
ninguém pode adivinhar o pensamento do outro. Podemos ter a habilidade de perceber os sentimentos
alheios somente se o outro demonstrar de forma observável. A ciência ainda não comprovou que o
pensamento textual é passível de leitura externa.

Raciocínio Emocional

Embora este "método" seja amplamente divulgado pelas mídias, trata-se de uma distorção.
Um exemplo clássico de erros cometidos quando se adota este tipo de raciocínio são as cenas de ciúme
infundado. Imagine que um rapaz vê sua namorada conversando com um belo colega na saída do
trabalho. Certamente ficará com ciúme. Porém, o fato de ter sentido ciúme não significa que há algum
envolvimento entre os dois; pode ser um simples bate papo.
Isto ocorre porque aprendemos erroneamente que "certos comportamentos são indícios de algumas
intenções". Isto não é verdade o que leva muitas pessoas a cometerem injustiças, as vezes irreparáveis.

Generalização

Este erro psicológico de cognição é um dos mais frequentes; cometemos sem pensar muitas vezes
ao dia: por exemplo:

"Choveu muito e alagou a cidade inteira";

"Tudo está muito caro",


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"Ela só pensa em comer";

Salvo em algumas exceções, estas palavras indicam a ampliação de uma informação, que pode levar
a enganos verdadeiros. Por exemplo: Ao dizer que "Choveu muito e alagou a cidade inteira", ao invés de
"Existem alguns pontos de alagamentos", pode levar alguns indivíduos a acreditarem que não devem sair
de casa, e com isto deixar de fazer coisas importantes,

Outro exemplo frequente:


"Tudo o que é barato demais não presta";

Sabe-se que na prática não é bem assim: basta andar um pouco para encontrar verdadeiras ofertas
de bons produtos, que os comerciantes colocam a venda pro diversas razões.

Rotulação:

É uma espécie de generalização categorizada. Trata-se de uma linguagem típica de pessoas


desinformadas, ou mal-intencionadas. Na nossa prática clínica, podemos citar como exemplos as auto-
rotulações:

"Sou bipolar porque acordo alegre e fico triste a noite";

"Tenho TOC porque nunca piso na lajota preta"

"Estou em depressão porque chorei muito vendo o filme"

"Estou de TPM porque perdi a paciência com a secretária"

"Meu filho tem TDAH, porque não pára quieto"

Estas rotulações, as vezes servem como mecanismos de defesa. Pergunte ao seu terapeuta sobre
isto...

Personalização

Tendência a atribuir a si os eventos ruins:

"Ela me abandonou porque eu sou feio"

"Ninguém gosta de mim porque minha roupa é velha"

ou eventos bons

"a festa ficou mais animada depois que eu cheguei"

"sua vida sem mim não tem sentido"

"o grupo só funciona bem porque eu dito as regras"

Baixa tolerância à frustração.


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Embora muitos não acreditem, é possível suportar o que parece insuportável. Muitos de nós já
atravessamos situações difíceis, que parecia impossível superar... e estamos aqui!

8. Relacionamentos Tóxicos
Texto de Michele Coronetti

Nem todo mundo percebe que está em um relacionamento tóxico. Afinal, livros, romances na tela e
histórias dos amigos evocam que o amor precisa ser forte, doentio e cheio de oscilações. Para verificar mais
facilmente se o relacionamento atual não é saudável basta fazer uma pergunta: “Sinto que tenho uma melhor
versão de mim mesmo atualmente que no passado?”. Se a resposta for positiva, o relacionamento é maduro
e fortalece ambos. Se uma pessoa melhor foi deixada para trás, é melhor avaliar a situação e realizar
mudanças.

O que acontece em um relacionamento tóxico, pergunta-se.

Um parceiro não completa a vida do outro. Ele deve complementar sua vida. Ambas as situações
acontecem de modo muito sutil e é importante estar atento para não enxergar de maneira errônea a realidade.
Segundo especialistas, estas são as cinco diferenças entre um relacionamento tóxico e um saudável:

Liberdade

Se a pessoa se sente livre para continuar suas amizades e praticar as coisas de seu próprio interesse,
seu relacionamento é saudável. Quando o parceiro entende que ligações externas são importantes para o
crescimento do outro e para o fortalecimento do relacionamento, tudo fluirá muito bem. A situação
contrária, quando o parceiro está muito ligado com o outro e não gosta de permitir liberdade nas decisões
alheias, o outro se sente obrigado a ceder para o bem da relação. O parceiro podado acaba regredindo e
infeliz. Mesmo que insista em dizer a todos que está tudo bem, na verdade não está porque não tem
progresso. Ele age assim apenas para salvar a união.

Ajuste no comportamento

A pessoa age de uma forma na ausência do parceiro e em sua presença, ela muda. Se essa
necessidade de alterar o comportamento em frente do parceiro ocorre, o relacionamento não é saudável.

Igualdade

Quando as tarefas e o poder no relacionamento e no lar forem iguais, o relacionamento vai muito
bem. Quando é tóxico, um dos parceiros é o dominante e o outro submisso.

Diferenças

As pessoas não são iguais, apesar de serem semelhantes. Gostos e interesses podem divergir e
quando o casal lida bem com isso, o relacionamento é saudável. Em um relacionamento tóxico o parceiro
se sente ameaçado pelas diferenças e busca oportunidades para mudar o outro.

Conversas

Para os casais que têm um bom relacionamento, quando algo acontece que desagrada um deles, não
haverá medo ou receio de debater sobre isso. A comunicação flui tranquilamente e os problemas de ambos
são resolvidos ouvindo a opinião um do outro. Em um relacionamento tóxico os reveses serão relevados

53
porque o medo ou a sensação de que não vale a pena tentar resolver sempre será mais forte.
Para os casais que realmente estão preocupados com o bem-estar do parceiro e em construir um
relacionamento forte, mudanças serão aceitas que mudarão o relacionamento para uma versão realmente
cheia de amor. Aquele amor que realmente se importa com o parceiro, deseja seu sucesso e o complementa
para alcançá-lo.

8.1 Amor tóxico e amor saudável

Para que um relacionamento seja saudável é preciso, antes de tudo, que as partes envolvidas estejam
emocionalmente saudáveis. Do contrário, a vida amorosa de ambos estará seriamente comprometida. Uma
pessoa mal resolvida, cheia de traumas, complexos, presa ao passado não está em condições de se envolver
emocionalmente com ninguém. Ela precisa, primeiramente, se curar interiormente, desenvolver o amor
próprio, a autovalorização, estar bem e feliz consigo mesma, pois, somente aqueles que amam a si mesmo,
estão aptos para amarem e serem amados.

O palestrante e apresentador Renato Cardoso esclarece que um “relacionamento abusivo é onde seu
parceiro ou parceira consistentemente lhe desrespeita e fere como pessoa”. Ele alerta que, quando uma
pessoa não se prioriza, outras podem tirar vantagem dela. “E é isso que acontece em relacionamentos
abusivos. O abusador ‘sente o cheiro’ da baixa autoestima da vítima e usa isso contra ela”.

Para identificar se você está num relacionamento tóxico ou saudável, listamos abaixo 5
diferenças básicas entre eles:

1 – Liberdade

Num relacionamento saudável ambos valorizam, respeitam e apoiam os interesses individuais e as


amizades do parceiro. Porém, numa relação abusiva, um dos parceiros exige que o outro restrinja o convívio
social e muitas vezes até familiar. Para evitar atritos no relacionamento, o outro acaba aceitando esse tipo
de imposição e, ao fazer isso, se anula e entrega todo o poder do relacionamento para o outro;

2 – Mudança de comportamento

A pessoa não consegue ser ela mesma. Quando está com o parceiro, suas atitudes e maneira de
se comportar são diferentes. Por algum motivo, ela se sente intimidada quando ele está por perto.
Esses são sintomas claros de um relacionamento tóxico, pois, num relacionamento saudável a pessoa tem
liberdade para ser quem é, sua verdadeira essência é preservada e admirada;

3– Poder do relacionamento

Quando não existe um equilíbrio de poder no relacionamento, então, ele não é saudável. Se todas as
escolhas e decisões importantes são tomadas apenas por um ou quando apenas um cede, a relação é doentia.
Numa relação assim não existe parceria, mas rivalidade. “O que mantém o poder se sente no direito de
fazer coisas que ferem o parceiro, que por sua vez, sem poder, sente-se frustrado e anulado”, destaca
Renato. Para ele, casais felizes vivem em um espírito democrático, pois ambos atuam equilibradamente
nas decisões e assuntos importantes para o casal;

4 – Diferenças

Saber lidar com as diferenças é fundamental para uma relação feliz e harmoniosa. Casais
emocionalmente saudáveis aprendem juntos maneiras de administrarem e conviverem bem com gostos e
opiniões diferentes. Quando o relacionamento é abusivo, uma das partes, ou ambas, sempre tenta
impor o seu jeito ou opinião ao parceiro, que por sua vez, sente-se desrespeitado e anulado;

5- Diálogo
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O casal que tem um bom relacionamento consegue resolver os problemas que surgem no dia-a-dia
sem apelar para a emoção. Eles não têm dificuldade de falar um com o outro a respeito de algo que
desagradou. Já numa relação tóxica, na maioria das vezes quando os problemas surgem, não são
resolvidos porque sempre que tentam falar sobre o assunto os ânimos são alterados e o que deveria
ser uma conversa madura vira uma discussão sem fim, porque deixam as emoções falarem mais alto.

E como o apresentador sempre faz questão de dizer: emoção não é a ferramenta correta para resolver
problema. “Traga seu relacionamento para a racionalidade, lidando com fatos, entendendo o real problema
e debatendo ideias e soluções”, aconselha. Se após ler esse texto, você se deu conta que está num
relacionamento tóxico, é hora de fazer algo a respeito. Renato Cardoso relaciona 5 atitudes que é
preciso tomar:

1 – Reconheça que tem sido abusado (a);

2 – Decida que não aceitará mais isso, mesmo que lhe custe o relacionamento;

3 – Fale com alguém de confiança e busque apoio para dar um basta neste relacionamento abusivo;

4 – “Dar um basta” pode significar desde uma conversa firme com o parceiro para colocar suas
condições e limites até mesmo a uma separação, ainda que temporária, para que o parceiro mude;

5 – Priorize sua segurança e passe a desenvolver o seu senso de valor próprio para não ceder
novamente às promessas de mudança sem provas reais que esta aconteceu.

8.2 Sinais de um relacionamento tóxico

Sabemos que o amor é cego, por isso, quando estamos apaixonados, é difícil ser racional e enxergar
algumas coisas que parecem óbvias para quem está vendo de fora. Certamente conhecemos pessoas que
estão “presas” em relações que fazem mais mal do que bem; mas cada um de nós deve perceber por si só
se estamos na verdade vivendo um relacionamento tóxico.

Se não estamos felizes com o nosso parceiro na maior parte do tempo em que estamos juntos, há
algo errado; por isso fique atento aos sinais característicos das relações tóxicas para identificar se o seu
relacionamento é saudável ou não. Em caso negativo precisamos entender e aceitar que, provavelmente,
estaríamos nos sentindo muito melhor se estivéssemos sozinhos.

1. Comportamento hostil

Se o seu parceiro apresenta um comportamento hostil e parece bravo o tempo todo, saiba que este
não é um bom sinal. Se você está vivendo com muita tensão, se sentindo estressada e sem conseguir se
expressar por ter medo da reação dele, este relacionamento não é saudável. Em suma, uma relação feliz
transmite proteção e segurança, e não o oposto.

2. Críticas exageradas

Fique atento se seu parceiro a crítica exageradamente e se você fica sempre “pisando em ovos” por
pensar que nunca poderá agradá-lo totalmente. Se ele faz piadas ou critica suas características e
capacidades na frente de amigos e família, bem como age sempre como se fosse superior, saiba que se
trata de uma relação claramente infeliz e disfuncional.

3. Falta de demonstrações de afeto

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Algumas pessoas têm mais facilidade em demonstrar afeto do que outras; porém, para tudo há um
limite. Se o seu parceiro nunca demonstra que a ama, seja com palavras, com um carinho ou com um
beijo. Além disso, reclama que você é carente demais quando fala sobre o assunto, pode ser um sinal de
alerta.

4. Não conversar sobre os problemas

O seu parceiro divide os problemas dele com você e escuta os seus? Se você expressar como se
sente e pedir algo, ele irá se esforçar para ajudá-la a conseguir o que você precisa? Se ele não ouve o
que você diz e se recusa a dar a importância que os seus sentimentos merecem; você pode estar em um
relacionamento tóxico.

5. Desrespeito

Discussões eventuais são normais na vida de todos os casais. No entanto, se elas são constantes e
seu parceiro costuma perder o respeito, sendo grosseiro ao extremo e fazendo uso de palavrões e
xingamentos; saiba que este é um claro sinal de toxicidade da relação. O desrespeito magoa
profundamente e nunca é totalmente esquecido, tornando difícil criar intimidade e uma conexão
verdadeira entre ambos.

6. Você não pode ser você mesma

Você muda as suas opiniões e altera o que gosta ou não gosta quando está junto com o seu parceiro?
Se você tem medo de ser você mesma por temer retaliações ou por não saber como ele pode reagir; saiba
que este é um indicador importante de relações tóxicas. Para que o amor autêntico surja, evolua e cresça
com o tempo, precisamos nos sentir confortáveis para sermos nós mesmos no relacionamento.

7. Ele toma decisões por você

Ele quer decidir o que você deve fazer nos estudos, na carreira, com quais amigos você deve
conviver e quais roupas você pode usar? Se ele é autoritário e não se importa com as suas opiniões, seu
relacionamento provavelmente não é saudável. Em uma relação amorosa, o parceiro deve entender e
respeitar as escolhas do outro, apoiando ou discutindo de forma construtiva, quando necessário.

8. Sentimento de culpa

Ele faz você se sentir culpada o tempo todo? Ele dá um jeito de fazer com que todas as situações que
ocorrem pareçam ser sua responsabilidade? Bem como resultado dos seus comportamentos e decisões?
Ninguém pode se sentir continuamente culpado em um relacionamento saudável, portanto fique atento a
este importante sinal de alerta.

9. Você se sente exausta

Um relacionamento amoroso não pode drenar sua alegria e suas energias até fazê-la chegar à
exaustão. Muito pelo contrário! Uma relação saudável faz com que nos sintamos revigorados, enérgicos,
dispostos e confiantes. Além disso, costuma ter uma influência muito positiva em nosso estado de
ânimo, causando bom humor e sensação de felicidade. Se o que você sente é exatamente o oposto disso;
há grandes chances de que você esteja em um relacionamento tóxico.

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10.Misoginia

10.1 Relacionamentos conturbados

Texto adaptado da Psicóloga Patrícia Veloso

Muitas pessoas possuem relacionamentos conturbados e não sabem o porquê, causando uma
profunda infelicidade nos parceiros. Pessoas que no passado tinham sido bem sucedidos
profissionalmente, mas através da opressão psicológica tornaram suas vidas insuportáveis.

Se você tem um relacionamento em que:

• Seu parceiro assume o direito de controlar sua vida;


• Você renunciou a atividades ou a pessoas importantes em sua vida;
• Ele menospreza suas opiniões, sentimentos e realizações;
• Ele grita, ameaça ou se retira para um silêncio furioso, quando você o desagrada;
• Você “pisa em ovos”, ensaiando o que dirá a fim de não irritá-lo;
• Ele a deixa atordoada ao passar do charme para a raiva de forma inesperada;
• Você se sente frequentemente confusa, inadequada ou desequilibrada com ele;
• Ele é muito possessivo e ciumento;
• Ele a culpa por tudo o que está de errado no relacionamento;

Se acontecer várias dessas situações em seu relacionamento, de acordo com a Dra. Susan Forward,
você está envolvida com um MISÓGINO.

“Misógino é uma palavra grega utilizada como referência a quem odeia mulheres: miso (odiar) e
gyne (mulher).”;

Esses homens são encantadores e amorosos, mas também capazes de assumir um


comportamento cruel, crítico e insultuoso, de um momento para o outro; seu comportamento estende-
se da intimidação, ameaça óbvia a ataques mais sutis e disfarçados, sob a forma de constantes afrontas ou
críticas erosivas. Esse homem assume o controle ao esmagar a mulher. E se recusa a assumir qualquer
responsabilidade pela maneira como seus ataques faziam a parceira se sentir, em vez disso culpa-a por todo
e qualquer incidente desagradável.

O que acontece quando se está num relacionamento conturbado como esse:

• Perdas drásticas do amor-próprio;


• Sintomas adicionais psicossomáticos;
• Problemas com álcool e drogas;
• Problemas com a alimentação;
• Problemas do sono;
• Depressão;
• Síndrome do Pânico;
• Isolamento.

Eles parecem amar intensamente, com relacionamentos duradouros, com uma necessidade
brutal de CONTROLAR mais do que necessitavam ser admirados, como os narcísicos. Eles podem
ser responsáveis e competentes em suas relações com a sociedade; seu comportamento destrutivo não é
57
generalizado, como acontece no sociopata. Esse comportamento destrutivo é dirigido exclusivamente à
parceira.

Ele usa as palavras e as variações do temperamento como armas, esgotando a mulher com golpes
psicológicos, que são devastadores em termos emocionais. O misógino é filho de uma relação conturbada
onde aprendeu, observando seus pais, que a única maneira de controlar a mulher é oprimindo-a. Ao
lado disso, ele pode ter sentido que sua mãe não poderia existir sem ele, já que seu pai a maltratava;
ou ainda, ele pode ter tido uma mãe que o oprimiu ou rejeitou, ao lado de um pai passivo. Qualquer
que tenha sido sua história, o misógino está na fase adulta “atuando” a sua dor de “criança” ferida, buscando
desesperadamente ser amado ainda que de uma forma equivocada.

A Dra. Susan Forward e Joan Torres escreveram um livro intitulado “Os homens que odeiam
suas mulheres e as mulheres que os amam. Quando amar é sofrer e você não sabe por quê”. Eles se
sentiram comovidas com as mulheres que escreveram e contaram suas histórias. Elas precisavam serem
tranquilizadas de que o que sentiam em seus relacionamentos não era “loucura.”

Para mudarmos um relacionamento precisamos compreendê-lo e mudarmos nossa forma de


pensar e agir. Recomendo esse livro a todas as mulheres que estão se relacionando com um misógino, para
que os dois possam, conscientes de seus transtornos, procurar ajuda de um especialista, ou se for o caso,
fortalecer-se para deixar o misógino.

Ao primeiro contato com um misógino, em geral, ele é considerado um gentleman. Ele é o


homem que conquista a mulher de uma forma deliciosamente amorosa e sedutora e passa a ser por ela
descrito através de uma farta lista de superlativos. Ele é tão intensamente maravilhoso que fica impossível
para a mulher atribuir a ele qualquer responsabilidade dos problemas da relação quando estes começam a
acontecer. O misógino sabe bombardear a mulher com galanteios, o que é conhecido como ‘bombilove’.

O contrato relacional velado se define no início do relacionamento quando o homem vai, aos
poucos, verificando até onde pode ir com o seu estilo controlador e manipulador. À medida que a
mulher evita confrontá-lo tentando ser boa para preservar a relação, ela está estabelecendo um tópico
contratual que configura o contexto para a atuação do misógino, ao tempo em que ela vai enfraquecendo.
Como diz Susan Foward: “ela contrata amor e ele controle”.

Esse controle se evidencia nas armas abusivas em que as palavras se tornam, através das quais as
críticas e ataques são feitos, até alcançar o controle da sexualidade e o controle financeiro. Mesmo que a
mulher tente agradá-lo, tudo que ela faz está errado e ele a convence de que ela é culpada.

Quando as explosões repentinas do homem começam a acontecer, mas elas são sentidas como
ameaças veladas pela mulher que fica perplexa e cada vez confusa com o que dá errado. Ela passa a “pisar
em ovos”, medindo as palavras, para falar com ele. A forma sutil como ele a desqualifica impede que
ela possa perceber que é isso que mina a sua autoestima. Ela se torna irreconhecível, principalmente se
antes era uma mulher independente financeira e emocionalmente, uma vez que definha.

Os argumentos utilizados pelo homem parecem tão lógicos e tão cheios de interesse pelo bem da
relação que, a mulher vai, cada vez mais afundando no seu pântano emocional. Tudo que ele quer é que
ela demonstre seu amor por ele, sendo compreensiva e conhecendo-o tão bem que seja capaz de
atender suas necessidades, sem nunca se aborrecer com ele. Com o tempo, a relação parece uma
gangorra, onde, de um lado ele estoura e do outro se arrepende, pede desculpas e se torna o homem
maravilhoso do início do relacionamento.

58
Apesar da descrição devastadora do misógino, ele não tem consciência do seu funcionamento e
sequer se dá conta da dor do outro. A construção de tal dinâmica pessoal pode ser entendida a partir da sua
história, na família de origem, quando vivenciou sofrimento psicológico o qual não poderia evitar. Qualquer
que tenha sido a sua história, o misógino está na fase adulta “atuando” a sua dor de “criança” ferida,
buscando desesperadamente ser amado ainda que de uma forma equivocada.

No caso da mulher que escolhe formar uma relação com um misógino é possível que ela tenha sido
infantilizada pela sua família de origem e busque no seu parceiro o apoio, suporte e amor que não recebeu
do seu pai, ou talvez ela teve uma mãe que desqualificava o pai; ela pode também ter vindo de uma família
tão caótica que desde cedo ela aprendeu que toda relação é problemática e que ela como mulher não tem
chance. Ainda que o misógino seja visto como algoz e a mulher como vítima, esta também contribui
para que tal padrão relacional se implemente e perdure. A mulher instiga o misógino a atuar na medida
que ela não estabelece limites claros, diferenciando-se dele e ocupando seu próprio espaço na vida e na
relação.

O homem e a mulher nessa relação estão interagindo dentro de seus próprios papéis; da mesma
forma que um círculo não tem começo nem fim, a relação se desenvolve sem que se possa indicar um
culpado. Um “precisa” do outro para continuar com o padrão, mas para sair dele um dos dois precisa
funcionar de uma forma nova. Uma mulher que sofre numa relação como essa pode: (1) manter-se
submissa para preservar seu homem, (2) separar-se, ou (3) construir uma nova relação com o mesmo
homem.

Aquelas que escolhem a terceira opção terão que resgatar sua autoestima, assumir o seu lugar no
mundo e na relação, estabelecer limites claros e ser firme ao se posicionar diante do seu parceiro. Ela
provavelmente precisará de suporte terapêutico até que se tenha fortalecido. É possível que, à medida que
ela conquiste seu objetivo, o seu misógino desista do lugar de algoz para ficar ao seu lado ou desista da
relação. Se ela sente que o ama, precisará amar a si mesma também para ter coragem de correr o risco de
“perdê-lo”.

De qualquer forma dificilmente um misógino busca terapia e, se assim o faz, tão logo se
fortalece interrompe o seu processo. Parece que o sofrimento do seu mundo interno é tamanho que ele
não suporta ter que contactá-lo através da análise da sua dinâmica e efeito do seu comportamento no outro;
para tanto ele teria que admitir que é co-construtor das dificuldades da sua relação e que é, na verdade, um
homem sedento de amor. Ele teria que admitir que é o único responsável pelo seu auto preenchimento,

A brutalidade, a crueldade ao falar, não começa de uma hora para a outra em um relacionamento.
Durante o período do namoro, alguns homens podem demonstrar certos sinais que poderão desenvolver
uma possível brutalidade verbal futuramente. Mesmo não sendo físicas, este tipo de agressão também dói.
Esses homens são denominados de misóginos, apresentam ódio às mulheres.

O misógino, além do sentimento de ódio que alimenta, não sente nenhum arrependimento após o
descontrole agressivo com a companheira. Tudo o que ele quer é o controle da situação. Em muitos
casos, após uma agressão verbal, o homem quer fazer sexo como se nada houvesse acontecido.

A pessoa não começa a ser misógino na vida adulta. Ela desenvolve esse tipo de agressão na
adolescência. Quando chega a fase adulta consegue parceiras facilmente, pois é muito sedutor. O misógino
demonstra amar demais, tornando esse amor a grande isca para a mulher. Da mesma forma que ele ama,
desqualifica, deixando a companheira sem saber o que fazer. Algumas mulheres pecam por não saberem
colocar limites na relação.

Raramente o misógino procura tratamento, pois a resistência é bastante presente. Quem


procura resolver o comportamento desta pessoa é exatamente a parceira dele, que quando se consegue que

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ela mude, sai desta relação. Caso contrário, irá permanecer neste sofrimento durante muito tempo, pois o
misógino não sente remorsos e não estará sofrendo com esta situação.

O misógino não ocorre de uma hora para a outra. É possível perceber que logo no início do
relacionamento, o controle começa a se estabelecer. O parceiro começa a controlar o que ela pensa, diz,
veste e faz. A mulher percebe que isto não é algo saudável e consegue resolver conversando com o
parceiro ou procurando terapia para casais.

É importante que a mulher resolva a situação com o marido para que ele possa modificar
dentro de si, pois isso é muito interno. O problema também pode abalar os filhos, que na maioria das
vezes ficam do lado do pai. Ele consegue convencer os filhos que a mãe é a culpada. É ela que não aceita,
que não escuta, que não colabora.

É muito difícil um relacionamento assim. Na verdade, todo relacionamento é difícil. Não


podemos acreditar na velha história de que viveram felizes para sempre. Nós sempre tivemos dificuldades
nos relacionamentos e podemos trabalhar todos eles. Mesmo o relacionamento com um misógino pode ser
trabalhado. Ele pode ser tratado e a relação pode ser muito boa e prazerosa.

O importante é não deixar passar os primeiros sinais. Esses são os sinais que realmente você precisa
colocar limites. Colocar limites não é mandar no parceiro. Colocar limites é dizer eu não aceito isso. É dizer
que não admite esse tipo de tratamento. Você pode e tem direito de fazer isto.

10.2 Misandria

Este título podia ser um título da obra de Stieg Larsson, bastaria mudar a direção do ódio para o
género masculino. Se o título de Larsson (“Os homens que odeiam as mulheres”) é expressamente
misógino, arriscaríamos então dizer que a sua protagonista, Lisbeth Salander (interpretada no cinema pela
atriz Rooney Mara), tem por contraste um caráter misândrico.

O termo misandria é real e antiquíssimo, data do grego misosandrosia (composto pela junção das
partículas misos, que quer dizer ódio, e andros que significa homem). Contudo, misandria continua a ser
uma designação pouco conhecida. Não é claro que este ódio e/ou desprezo pelo género masculino, seja
expresso só pelas mulheres (também poderá ser pelos próprios pares de género), mas, tal como a misoginia
(o ódio dos homens pelas mulheres), a aversão concentra-se no género oposto. Mais recentemente, e como
equivalente ao termo misoginia, também se usam as palavras androfobia (aversão ao homem, mas também
ódio ao género humano) e feminazismo (hasteado por grupos radicais que se batem pela superioridade do
género feminino).

Convém contextualizar que a misandria, é sobretudo conhecida pelo chamado femismo (e não
feminismo), considerado o sinónimo do machismo (ao mesmo tempo que é o seu oposto), pois trata-se de
uma ideologia de supremacia da mulher sobre o homem. O feminismo, assim como o machismo, prega
a construção de uma sociedade hierarquizada a partir do género sexual; e, neste caso, baseada num
regime matriarcal.

Um dos exemplos públicos mais célebres sobre manifesta misandria, é o de Valerie Solanas – a
feminista radical que atentou contra Andy Warhol em 1968. Solanas criou um manifesto intitulado de
SCUM Manifesto (Society for Cutting Up Men, 1967). Trata-se de um apelo claro à eliminação do homem.
Através deste manifesto Solanas manifestou, e de forma literal, o desejo de destruir o género masculino.

Mas de onde virá a génese deste desprezo pelos homens? Uma vez que a palavra é antiquíssima,
terá certamente surgido da necessidade em nomear uma emoção que já existia na Grécia Antiga. Segundo
uma professora de Literatura da Universidade de Princeton, que escreveu um artigo sobre padrões de género
na arte dramática de Ésquilo, a misandria surge como reação natural à misoginia vigente sociedade da
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Grécia Antiga. Nas sociedades contemporâneas, apelida-se erroneamente de misandria alguns dos
movimentos feministas de expressão violenta. Como, p. ex., as Sufragistas – caso claro de “não-
misandria”, uma vez que aquelas mulheres apenas se bateram pelos direitos de igualdade de género, e não
por qualquer espécie de supremacia.

Resumindo, o problema da misandria (independentemente de ser ou não reativa aos abusos vividos
pelas mulheres ao longo da História) corresponde exatamente ao mesmo da misoginia (e a toda a
fundamentação radical), tratando-se de uma forma hostil, além de maniqueísta, de coexistir em sociedade
com os diferentes géneros. O termo misoginia acarreta uma violência que se espera, e no futuro, apenas útil
às narrativas cinematográficas.

10.3 Sete traços psicológicos do narcisismo que um narcisista nunca admitiria

Texto de KRISTIN SULENG publicado no site do El País

Aprenda a detectar quando o egocentrismo e a manipulação são fruto de uma personalidade patológica

Na mitologia grega, Narciso era um rapaz belo e jovem que, durante uma caminhada próximo a um
rio, deparou-se com seu reflexo na água. Apaixonado pela própria beleza, ele se recusou a deixar o local,
morrendo às margens do rio, se admirando. O termo narcisismo, que surgiu com o mito grego, embora
usado para definir uma personalidade, também indica um transtorno que torna a vida de quem convive com
essas pessoas muito difícil, especialmente se a pessoa diagnosticada for sua mãe.

A personalidade de um narcisista

Os narcisistas podem ser muito tóxicos. Mas será mais difícil para eles se esconder, se você
conhecer todos os traços de uma personalidade narcisista que os psicólogos detalharam para que você
não baixe a guarda.

Os narcisistas são arrogantes e prepotentes, mas não por acaso. Acreditam-se únicos, especiais e
donos e senhores de uma existência maravilhosa que está muito longe da que os demais poderiam sequer
imaginar. “Esse conceito grandioso de sua personalidade e de sua vida os leva a pensar que não podem
se relacionar com qualquer um, que devem procurar pessoas de sua categoria”, explica Fernández,
membro do Colégio de Psicólogos de Madri. “Por isso a maioria das pessoas significa pouco para eles”,
acrescenta.

Curiosamente, têm consciência de seus defeitos, e alguns até sabem que exageram suas habilidades
para muito além da realidade. “Por isso precisam ser admirados constantemente”, afirma Fernández. O ruim
é que, em seu afã por sobressaírem-se, exageram suas conquistas a um limite tão estratosférico que se
tornam pessoas insuportavelmente competitivas. “São os únicos que conseguem triunfos na vida (outros
conseguem e não sabem), os demais não estão a sua altura, e se fixam no negativo das pessoas à sua
volta” para se destacarem em comparação, afirma o psicólogo.

Também acreditam que suas experiências têm mais valor do que a dos demais, e sentem que devem
ser o exemplo para aqueles que os rodeiam. Não fazem isso para dar conselhos, mas para ser o centro do
discurso. Isso faz suas relações sociais se deteriorarem e então precisam de novos contatos que os
admirem, ainda que, com o tempo, modulem o discurso para assumir que geram rejeição.

10.3.1Têm a mesma capacidade de ouvir que as pedras

O mundo dos narcisistas é pequeno, limita-se ao que pensam e fazem, em sua cabeça só cabem
ecos de seus próprios pensamentos. “Não ouvem os outros porque nada lhes importa. A avidez por
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admiração os leva a crer que tudo em sua vida é excepcional, não existem fatos normais, sua existência é
maravilhosa, cheia de triunfos e notoriedade”, descreve Fernández.

No entanto, em suas relações pessoais e sociais impera a inveja, tanto que a sentem pelas
conquistas alheias como pela que acreditam que os outros têm por suas conquistas. A cautela é a
norma se um narcisista se aproxima de você, pois se precisam apoiar-se em seus colegas para sobressair,
não duvidarão em fazê-lo. A mentira é uma das muletas dos narcisistas, mas suas histórias são
distantes, difíceis de confirmar

São os piores companheiros que se pode ter porque sua falta de receptividade os torna
incapazes de ajudar os outros. “Em situações como viagens, quando se faz com alguém que não se
conhece bem, é preciso tomar cuidado porque a personalidade aflora. As narcisistas podem aparecer a
qualquer momento”, adverte o especialista.

10.3.2 Sucesso ilimitado, essa fantasia que os acompanha

Criar uma realidade paralela também é um dos traços indicativos dos narcisistas. “A maior parte
do tempo não vivem na realidade. Seus conceitos errados sobre suas capacidades os colocam em um
mundo de fantasias e de poder sobre os demais. A única coisa que fazem, com a esperança de alcançar o
sucesso a todo custo, é enganar a eles mesmos e aos demais”, reflete Fernández.

As pessoas narcisistas só conseguem alcançar o objetivo com uma imaginação excessiva.


“Costumam mentir. Um clássico é que te falem de coisas distantes que você nunca poderá comprovar,
mas quanto mais enganam a si mesmos, mais acreditam naquilo. Com sua fantasia ilimitada exageram
e rentabilizam o que é bom, que em boa parte pegaram de outros”, destaca o psicólogo. Todos mentimos,
mas não mais de duas vezes por dia: o número determina quando poderia ser um problema. Sem dúvida,
não lhes dê ouvidos se colocarem a culpa em você; na vida do narcisista o fracasso sempre pertence ao
mundo exterior.

10.3.3 Escondem suas emoções, sobretudo sua vulnerabilidade

“Se alguém próximo a um narcisista está passando um mau momento, não dará a menor
importância. Mas quando eles se sentem mal querem que os demais lhes deem seu apoio”,explica
Fernández. Seu problema é que pretendem se colocar no centro de gravidade de suas relações, mas são
despojados de empatia, e isso os impede de se colocar no lugar dos outros. Mas costumam ser vulneráveis.

O que acontece é que os narcisistas sentem a necessidade de esconder seus defeitos a todo custo, e
conseguem transformar sua insegurança em uma falsa fortaleza cujo objetivo é que ninguém possa
prejudicá-los. “Para conseguir não demonstrar sua vulnerabilidade, farão tudo que for necessário,
como falar demais, mudar de assunto, menosprezar os demais, apontar seus defeitos... tudo com o
propósito de não se mostrarem frágeis”, reforça.

10.3.4 São viciados em controle... e não só nisso

Os narcisistas não conseguem manter as mãos longe do timão. “Querem que ninguém consiga
revelar sua insegurança e sua falta de autoestima”, e por isso tentam de qualquer forma levar toda
situação para seu terreno, destaca Fernández.

Costuma-se dizer que as redes sociais são um campo perfeito para o narcisismo, mas a
afirmação não é totalmente correta. O caráter visual e estético dessas plataformas pode intensificar
sua conduta, mas não é um lugar confortável para eles porque é um mundo que não podem controlar.
“Sua personalidade não tolera críticas, e por fim saem da rede social porque não aguentam”, acrescenta o

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psicólogo clínico Jorge Barraca. Além disso, são incapazes de assumir a realidade crua, que
os selfies publicados nas redes não interessam a ninguém.

10.3.5 Ao contrário do que se pensa, os narcisistas fogem das redes sociais porque não têm controle
sobre elas

Uma via frequente para compensar os sentimentos de dor e frustração são os vícios, seja por
compras, álcool, outras drogas, esporte, sexo ou jogo. “O vício, que interfere em sua vida pessoal,
profissional e social, se relaciona com a necessidade de sentir euforia constantemente e aplacar o mal-estar,
pois a pessoa narcisista não consegue aceitar que em sua vida haja dor, sente intolerância ao
apagamento e à tristeza”, explica Barraca.

10.3.6 Se fizerem com você, será seu marionete

Se olhássemos os contatos da agenda de um narcisista, aponta o psicólogo clínico Barraca, veríamos


que o critério para classificá-los distingue quem pode servi-los e quem não. “Os narcisistas costumam se
aproveitar dos outros. Fazem isso, por exemplo, com pessoas bem posicionadas para ganhar sua confiança.
Isso costuma acontecer muito na política. Lançam mão de assessores que os ajudam a ascender e se
apropriam dos acertos de quem os rodeia para subir”, descreve o profissional.

Isso porque os narcisistas dominam a sutil arte de levar para seu campo tanto as pessoas como as
situações, impedindo o livre fluir dos acontecimentos. Sempre estão vigiando, prestes a reconduzir quem
tente dizer ou fazer algo que não gostam, ou que não lhes permita manifestar sua grandiosidade e poder
frente aos demais. Amigos desse tipo só trazem problemas, todos os dias, pois sempre se colocam acima
de você, constantemente querem rebaixá-lo e tentam fazê-lo servir a seus propósitos

10.3.7 Um narcisista nunca se identifica como tal

Se depois de ler todas essas características você acredita que o melhor a fazer é marcar uma consulta
no psicólogo mais caro de sua agenda, pode ficar tranquilo. Um verdadeiro narcisista nunca se
identificará com esses traços. “Para a pessoa narcisista, as aspirações nunca são desmedidas. Se são o
centro das atenções, é porque merecem. Para essas pessoas é ridículo tentar identificar-se com esses
pontos”, afirma Barranco.

10.4 O Psicopata nos relacionamentos afetivos

A psicopatia chama atenção da sociedade, inspira filmes, é constante objeto de estudo. Trata-se de
um estado mental patológico. O psicopata diagnosticado apresenta o perfil com alguns sinalizadores:
charme superficial, boa inteligência, ausência de manifestações psiconeuróticas, falta de sinceridade,
falta de remorso, egocentrismo patológico, ação dominante e exclusivista, impulsividade,
inconstância, incapacidade de manter cultivo de amor ou de afeição.
O psicopata possui extrema capacidade de convívio social. É um indivíduo doente, porém não
demente. Costuma passar a vida inteira sem chamar a atenção para sua patologia em todas as relações
pelas quais passa. Sua performance de frieza revela um ser humano sem filtros de culpas ou de receios. E
toda sua configuração vivencial faz parte de uma estratégia psicológica para seus objetivos, sejam a curto,
médio ou longo prazo.
Sandra (nome fictício) viveu uma situação complexa, resultado de um ambiente relacional com
psicopatia. Com 37 anos e moradora de Manaus, Amazonas, ela prefere não se identificar a fim de evitar
mais problemas. Sandra se casou em 2014. Após dois anos e cinco meses de casamento, hoje carrega
muitas dívidas, seções de terapia, sonhos frustrados e extremo cansaço devido aos problemas
deixados pelo ex-marido. Ela alerta sobre o perfil que tanto a encantou no início do relacionamento.
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– Ele se mostrava a pessoa mais maravilhosa do mundo: prestativo, cativante, carismático.
Era bem-humorado, otimista, fácil de lidar, paciente, amoroso, carinhoso. Conquistou todos à minha
volta, meus pais, meus irmãos, meus melhores amigos. Eu era tratada como rainha. Ele fazia todas as
minhas vontades, me apoiava em tudo. E assim, conquistou minha confiança.

O que parecia uma história de amor tornou-se um livro de terror. Sandra foi descobrindo que tudo
aquilo era uma estratégia. O poder de argumentação do ex era demasiadamente convincente. A frieza
das ações e a falta de sentimentos assustaram Sandra. Antes, porém, ela assinou papéis, entregou bens,
emprestou dinheiro. E ficou com apenas R$ 40,00 no banco.

– Quando comecei a namorar ele, eu tinha um apartamento, um carro, era dona de um


pequeno estabelecimento comercial, tinha um emprego razoável. Seis anos depois, com o fim do
relacionamento, me vi na sarjeta. Fiquei sem nada e ainda tive que lidar com a traição (ele tinha casos
extraconjugais até com garotas de programa).

Com a falência financeira, veio a fase da depressão e um divórcio litigioso que já dura um ano
e quatro meses. Tudo porque o ex desapareceu e jamais compareceu às audiências. Sandra percebeu que
o homem mais maravilhoso do mundo virou seu pior pesadelo. Ela chegou a pedir a Deus para morrer,
mas está bem viva e se recuperando. Mas como dois anos de namoro e dois de noivado não serviram para
que Sandra enxergasse a doença do pretendente?

10.5 Casos de quem não percebeu a doença

Mônica também foi vítima de psicopatia em seu casamento. Estava com 29 anos quando se casou
com um homem bonito, sedutor, carismático. Na época, não tinha conhecimento suficiente para perceber a
armadilha em que estava entrando. A relação durou apenas cinco anos e gerou duas filhas. Moradora na
cidade do Rio de Janeiro, Mônica, que também prefere não revelar seu nome verdadeiro por ser muito
conhecida, conta que passou a “pisar em ovos” no relacionamento com o esposo, que a humilhava em
público, queria atenção apenas para ele e a afastou de sua família e de seus amigos.

– Meu marido não demonstrava emoções. Era contido. Seu senso de humor funcionava apenas
em benefício próprio. Eu fazia de tudo para evitar constrangimentos – lembra.

O diagnóstico que apontava psicopatia, no marido de Mônica, foi confirmado clinicamente anos
depois do divórcio e o homem aceitou usar medicamentos. Enquanto casada, no entanto, ela sofreu com a
inconstância, com a falta de arrependimentos, com as agressões físicas. Tudo disfarçado por uma
capacidade de ser sedutor, convincente e “bonzinho”.

– Quando eu me cansava daquela situação de opressão, ele voltava a ser o bonzinho e o


encantador para que tudo ficasse bem. E me conquistava de novo. Era ríspido e me atacava moral e
fisicamente, depois pedia desculpas. Em seguida, aos poucos me convencia de que era eu quem
“provocava” a ira nele – conta.

Assim como Mônica, muitas mulheres não têm acesso a maiores esclarecimentos ou têm vergonha
de se expor. Acabam conversando com amigos e familiares e o perfil de maluco, de ciumento, de
inconstante, geralmente, vai apontando para uma conclusão do caso: elas se casaram com psicopatas.

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Como psicólogo e terapeuta familiar, Ageu Heringer faz uma análise fundamental: “Unir-se a
alguém ou com alguém num projeto de convivência continuada, como requer um casamento, implica
em estar disposto a ser impactado por uma pessoa que apenas fantasiamos conhecer”.

A saúde de um relacionamento, ressalta Ageu, tem a ver com elementos do caráter, do


temperamento, dos valores que constroem a personalidade humana. Mas, o que se sabe sobre o
outro? Até porque sobre a outra pessoa há projeção de desejos, de imaginações, juntamente com o
lado sombrio, que se revela com o tempo.

10.6 Por que as pessoas acabam se relacionando com psicopatas?

Segundo Ageu, casos não faltam. Em relacionamentos amorosos existem os elegantes, os


sedutores, os que têm “boa lábia”, que falam o que as mulheres desprevenidas ou mal-amadas gostam
de ouvir. Uns dão golpes financeiros depois de se aproveitarem das vítimas. Outros filmam cenas de
sexo para chantagearem. A psique humana tem seus mistérios. E a literatura psicopatológica tem
preenchido páginas policiais.

– É importante identificar sinais da toxidade no relacionamento. Buscar corrigi-lo, antes que


evolua para algo sinistro. Alerto para alguns sinais de perigo: padrão de contínuo uso de palavrões
ofensivos, empurrões, ataques de fúria, descontrole financeiro, mentiras, incapacidade de pedir desculpas,
estupro doméstico, pornografia frequente. Se estiver em situações como essas, busque ajuda imediata.
Abra-se com pessoas bem qualificadas e de confiança, maduras, conselheiros e psicoterapeutas.

Lúcia foi uma das muitas vítimas da ignorância por não identificar o nível tóxico de sua
relação com o marido desde o namoro. Jornalista bem instruída, achava que deveria ser uma esposa
flexível, exemplar e companheira. Assim, ela se deixou anular por sete anos. Foi oprimida, humilhada
moralmente, isolada de sua rede de amigos e de família, além de ser sutilmente afastada dos filhos do
primeiro casamento.

Era convencida de que estava sempre errada. O que o marido dava com uma mão, tirava com a
outra. E ela passou a viver os sonhos do companheiro, um homem que já havia se “casado” com 11
mulheres. Pare ele, todas tinham problemas, ele era o marido perfeito, exigia exclusividade e sutilmente
implementava seus próprios projetos, sempre inacabados, e que dependiam de uma âncora: mulheres por
perto.

– Eu cheguei a pensar que eu era a causadora de todos os conflitos, que minha família e filhos
estavam errados. Afinal, ele era bom para mim e me seduzia com seus argumentos convincentes. Eu
vivia pisando em um “campo minado”. Hoje enxergo como é um ser doente. Quando comecei a reagir e
sequei a fonte que o nutria, deixei de ser interessante. E ele foi embora de casa e arrumou outra vítima. E
tudo em minha vida só melhorou depois que partiu. Prefiro não me identificar porque sou bem conhecida
no meu ramo de trabalho.

Ao contrário do que se pensa, psicopatas agem muito mais de forma sutil e são mais comuns
do que se possa imaginar. Não costumam andar pela vida com uma faca na mão. E podem ser pessoas
muito próximas, bem vestidas e qualificadas ou mesmo analfabetas. Podem ser agradáveis, divertidas. Ao
mesmo tempo são extremamente arrogantes e perigosas se contrariadas. Portanto, a cautela sobre a esfera
comportamental da pessoa amada deverá ser sempre relevante. E que não haja dúvida: se houver um
suspeito de psicopatia por perto, será inteligente escapar enquanto há tempo.

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10.7 Diferenças entre o amor saudável e a obsessão

Muitas vezes, os sentimentos humanos se revelam extremamente complexos, o que nos leva a nos
relacionar de maneiras diferentes com as pessoas. Em alguns casos, a relação a dois é baseada no amor
e no respeito, mas às vezes a obsessão aparece no caminho. E como diferenciar um amor
de um relacionamento obsessivo?

1. O amor saudável respeita o espaço do outro


É muito comum que as pessoas sintam ciúmes. Esse é um sentimento como qualquer outro, portanto
é válido. O problema é quando os ciúmes afetam o relacionamento. E como isso acontece? A pessoa
ciumenta costuma invadir o espaço pessoal do outro: mexe no celular alheio, impede que o outro se reúna
com os amigos ou que faça atividades sozinho. Essas são, em geral, características de um amor obsessivo.
O mais saudável é que ambos os parceiros tenham uma vida própria, que vá além dos interesses
em comum e participem de atividades que agradem, independentemente da vontade do outro.

2. O amor saudável reconhece o outro como um indivíduo, não como um objeto


O que isso significa? Basicamente, que o amor saudável não se apropria da outra
pessoa; podemos ser donos de um objeto, nunca de uma pessoa. Se ambas as partes reconhecem que
o outro é um ser humano e o tratam como tal, nunca agirão como se fossem seus donos. Por esse motivo,
a pessoa nunca desejará impor seus desejos ao parceiro: se uma das partes não estiver pronta para ter filhos,
por exemplo, será preciso esperar até que ambos concordem.
Se um dos dois trata o outro como se fosse sua propriedade (permitindo ou proibindo de fazer
certas coisas, use certas roupas, etc.), é porque o amor é obsessivo.

3. O amor saudável não vive como se fosse num filme


O cinema mostra que os relacionamentos devem ser de determinada maneira, mas às vezes não
temos em mente um detalhe: cinema é ficção.Na verdade, querer que absolutamente tudo seja idílico
e romântico é colocar o relacionamento num pedestal. Com isso, passa-se a exigir demais da outra parte,
criando-se expectativas impossíveis de serem cumpridas. O amor saudável entende que há momentos
bons e ruins, e que nem tudo é baseado em romantismo.

4. O amor saudável não influencia na autoestima


À primeira vista, isso pode parecer confuso: obviamente, quando estamos numa relação saudável,
nos sentimos bem. Mas o que isso quer dizer é que, se você precisa da validação do outro para se sentir
bem consigo mesmo e com sua imagem, é porque o relacionamento não é saudável.

5. O amor saudável aceita o luto


O que acontece se o relacionamento acaba? O passo lógico e saudável a ser dado, ainda que não
pareça, é aceitar o luto: tomar um tempo para entender e aceitar emocionalmente que a relação chegou
ao fim. Não aceitar o luto e procurar rapidamente um substituto para a pessoa amada é um sintoma
de amor obsessivo.

6. O amor saudável não faz chantagem emocional


Você deve conhecer ao menos uma pessoa que sofre ou já sofreu ameaças do parceiro
ou do ex. Há quem afirme que vai machucar a si mesmo ou outra pessoa caso o relacionamento são seja
reatado. Claramente, isso é um sinal de obsessão. O amor saudável é incapaz de ameaçar ou maltratar
o outro.

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7. O amor saudável enfrenta os problemas
Problemas aparecem em todos os relacionamentos humanos. Aqueles que mantêm
um relacionamento saudável encaram os problemas e tentam resolvê-los. Por outro lado, quem vive uma
relação obsessiva finge que os problemas não existem, camuflando-os com outros assuntos. Por que isso
acontece? Por temerem que o problema, caso enfrentado, seja impossível de ser solucionado. Mas tapar
o sol com a peneira acaba gerando um círculo vicioso muito prejudicial.

10.8 Os efeitos dos aplicativos de relacionamentos no cérebro e no comportamento

Todos os aplicativos de relacionamento funcionam basicamente da mesma forma, utilizam-se de


geolocalização de celulares e tablets. É exatamente como um jogo, se você der like e o seu alvo também
demonstrar interesse por você, abre-se uma janela para conversa e daí começam a se desenrolar os papos.

Para a psicóloga Lia Clerot, esse jogo captura rapidamente os envolvidos pela ação dos
neurotransmissores, já que na conquista entram em cena a dopamina e a ocitocina, hormônios responsáveis
pela motivação, confiança e criação de laços afetivos. Como esse jogo engatilha a compulsão, a carência,
o vício pela fantasia e obsessão romântica? Sabemos que a dependência afetiva é um adoecimento
que provoca na pessoa a ilusão de satisfazer suas carências emocionais e espirituais na busca
incessante de pessoas, assim, esses app acabam por super estimular essa busca e apenas aumentam a
dor e a compulsão.

Lembre-se o app é um jogo, um jogo em que os envolvidos perdem. E até onde essas relações
são reais e benéficas? A profissional explica que apesar de muita gente ter boa intenção ao entrar nesses
aplicativos, é preciso ter cuidado com a “gamificação” da conquista.

“O que deve se levar em consideração nesses casos é justamente o fato de tornar tudo como
um jogo. Quando você consegue a recompensa final, que é fazer com que o outro tenha o mesmo
encantamento por você através de uma foto, o que automaticamente demonstra que fisicamente se atraíram,
corre o risco da pessoa desistir do mais importante que é conhecer o outro na sua totalidade, além disso,
esses mecanismos podem se tornar um vício, onde você sente prazer apenas em conquistar e conseguir mais
um “crush”, mas não se esforça para manter a conquista e tão pouco em conhecer o outro de verdade, o que
acaba tornando as relações efêmeras e vazias” diz.

É preciso levar em consideração, que além dos atributos físicos, os relacionamentos são feitos de
interesses comuns e afinidades e que só é possível descobri-los com a convivência. “Acho que o mais
importante a se ressaltar no uso desses aplicativos é que eles são apenas plataformas para aproximar as
pessoas. Cada um deve fazer a sua parte e a partir daí ver se essa relação se desenvolve ou não, além disso,
muita gente se esconde atrás dos perfis virtuais, não revelando os verdadeiros desejos e intenções,
por isso é tão importante desenvolver essa relação além do virtual, afinal você pode estar se
apaixonando por um ideal que você criou, mas que na vida real não existe e isso pode trazer muita frustração
no futuro” declara Lia.
Pesquisas apontam que as pessoas passam, em média, duas horas de seu dia envolvida no aplicativo,
isso porque esses app foram desenvolvidos para viciarem, pois atuam nas áreas do cérebro justamente
responsáveis pela liberação do prazer.

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