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29/11/2023, 14:36 UA5 - Fases da desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária

UA5 - Fases da desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária

Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem Impresso por: Mohab Victor Cruz Januário
Curso: Direito Agrário Data: quarta, 29 nov 2023, 14:36
UA5 - Fases da desapropriação por interesse social para fins
Livro:
de reforma agrária

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Índice

1. Fases da desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária

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1. Fases da desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária

Apresentação

Este material didático faz parte da disciplina de Direito Agrário. O material tem o intuito de facilitar sua aprendizagem de forma autônoma, e foi
elaborado de forma dinâmica a fim de tornar seu estudo ainda mais eficaz, abordando conteúdos selecionados para o enriquecimento de seu
conhecimento.

Sendo assim, essa Unidade de Aprendizagem 5 tem como objetivo:

Analisar as FASES DA DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA e outras peculiaridades do
tema proposto

Conheça a Conteudista

Prezados Alunos(as),

Sou a Profa. Juliana Aroeira Braga Duarte Ferreira possuo graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(2000). Mestre em Direito Empresarial pela Faculdade Milton Campos.

Atualmente sou professora da Universidade Santa Úrsula-RJ onde atuo como coordenadora do NEAD, professora do curso de Direito,
Engenharia de Produção e Administração.

Com experiência acadêmica em docência superior por mais de 17 anos.

Leciono as disciplinas Tópicos em Direito e Processo do trabalho, Direito Civil, Direito do Trabalho, Direito Empresarial, Direito Constitucional,
Tópicos em Direito Público , Direito do trabalho e Previdenciário, Direito tributário e Tópicos especiais do direito, Direito Agrário e Análise
Econômica do direito.

E-mail para contato: juliana.braga@usu.edu.br

Abs.

Unidade de aprendizagem 5

CONTEÚDO DA UNIDADE

O objeto da Unidade de aprendizagem 5 é analisar a DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA e
outras peculiaridades do tema proposto .

DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA

FASES DA DESAPROPRIAÇÃO

Fase administrativa ou declaratória

Refere-se à fase em que o INCRA, provocado ou de ofício, identifica o interesse público na região a ser desapropriada.

1) Ato declaratório de interesse público

Nesta fase, o poder público declara o interesse público do bem imóvel a ser desapropriado. Essa declaração é materializada por meio de
Decreto do Presidente da República, que discriminará: a) O sujeito ativo da desapropriação;

b) O bem;

c) O fundamento (interesse social);

d) A destinação específica a ser dada ao bem;

e) O fundamento legal e os recursos orçamentários necessários para fazer frente ao pagamento.

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2) Efeitos do ato declaratório Sendo ato do poder público, haverá:

a) Autoexecutoriedade do Decreto, o que permite ao poder público ingressar no imóvel para fazer avaliações e medições;

b) O Decreto define o estado do bem (condições, benfeitorias, melhoramentos) para fins de fixação do preço da indenização;

CUIDADO : reitera-se que o preço é a única discussão possível em uma futura ação judicial.

c) O Decreto fixa o termo inicial para a fluência do prazo de caducidade da declaração, que é de 2 anos.

Isto posto, importante verificar o disposto na Lei Complementar 76, de 6 de julho de 1993:

Art. 2º A desapropriação de que trata esta lei Complementar é de competência privativa da União e será precedida de decreto declarando o
imóvel de interesse social, para fins de reforma agrária.

§ 2º Declarado o interesse social, para fins de reforma agrária, fica o expropriante legitimado a promover a vistoria e a avaliação do imóvel,
inclusive com o auxílio de força policial, mediante prévia autorização do juiz, responsabilizando-se por eventuais perdas e danos que seus
agentes vierem a causar, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

CUIDADO : Ressalta-se que a autorização judicial acima exposta se refere apenas ao auxílio de força policial, visto que o INCRA não
depende de autorização para promover a vistoria e a avaliação do imóvel.

Outrossim, consoante o art. 2º, § 4º da Lei 8.629/93, presume-se, por força de lei, nula qualquer alteração de domínio, da dimensão, e das
condições de uso do imóvel, introduzidas ou ocorridas até 6 meses após a data da notificação prévia.

Ex.: proprietário do imóvel que após ser notificado da desapropriação, começa a realizar benfeitorias na propriedade para aumentar o seu
valor e tentar obter uma indenização maior.

CUIDADO : Decorrido o prazo de 6 meses, são consideradas regulares essas alterações, desde que ocorridas antes da edição do Decreto
declaratório.

3) A questão do esbulho possessório Importante evidenciar, a priori, que o esbulho possessório é caracterizado pela perda da posse ou da
propriedade de um determinado bem, através de violência, clandestinidade ou precariedade.

CUIDADO : Nesse liame, além da impossibilidade de desapropriação para fins de reforma agrária dos imóveis rurais que cumprem a função
social, há inviabilidade de uso desta modalidade de desapropriação para os imóveis rurais objeto de esbulho possessório ou invasão motivada
por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo. Nesse sentido, aponta o art. 2º, § 6º, da Lei 8.629/1993:

Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados
os dispositivos constitucionais.

§ 6º O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de
caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em
caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou
comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações.

O imóvel rural invadido não será avaliado, vistoriado ou desapropriado nos 2 anos seguintes à sua desocupação.

É o exemplo de um determinado imóvel que acabou sendo invadido e tempo depois foi desocupado. Após o momento de desocupação, deve-
se aguardar 2 anos, prazo esse em que o imóvel não será avaliado ou vistoriado para fins de desapropriação.

CUIDADO : Em caso de reincidência, esse prazo passa para 4 anos.

O invasor, se identificado, será excluído dos programas federais de reforma agrária, bem como se participar de invasão a prédios públicos ou
de ameaça, sequestro e outros atos de violência relacionados à reforma agrária, consoante determina o § 7º do art. 2º:

Art. 2º, § 7º Será excluído do Programa de Reforma Agrária do Governo Federal quem, já estando beneficiado com lote em Projeto de
Assentamento, ou sendo pretendente desse benefício na condição de inscrito em processo de cadastramento e seleção de candidatos ao
acesso à terra, for efetivamente identificado como participante direto ou indireto em conflito fundiário que se caracterize por invasão ou
esbulho de imóvel rural de domínio público ou privado em fase de processo administrativo de vistoria ou avaliação para fins de reforma
agrária, ou que esteja sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias de imissão de posse ao ente expropriante; e bem assim
quem for efetivamente identificado como participante de invasão de prédio público, de atos de ameaça, sequestro ou manutenção de
servidores públicos e outros cidadãos em cárcere privado, ou de quaisquer outros atos de violência real ou pessoal praticados em tais
situações.

Em continuidade, para evitar que haja conluio entre proprietários de terras e movimentos sociais para simular um esbulho possessório, pois a
terra não poderia ser objeto de vistoria, avaliação ou desapropriação pelo prazo de 2 ou 4 anos, a depender do caso, o art. 2º-A da Lei
8.629/93, determina, caso se comprove a fraude ou simulação, a aplicação de multa e o cancelamento do cadastro do imóvel no Sistema
Nacional de Cadastro Rural, in verbis:

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Art. 2º-A. Na hipótese de fraude ou simulação de esbulho ou invasão, por parte do proprietário ou legítimo possuidor do imóvel, para os fins
dos §§ 6º e 7º do art. 2º, o órgão executor do Programa Nacional de Reforma Agrária aplicará pena administrativa de R$ 55.000,00 (cinquenta
e cinco mil reais) a R$ 535.000,00 (quinhentos e trinta e cinco mil reais) e o cancelamento do cadastro do imóvel no Sistema Nacional de
Cadastro Rural, sem prejuízo das demais sanções penais e civis cabíveis.

CUIDADO : Salienta-se que o cancelamento do cadastro do imóvel no Sistema Nacional de Cadastro Rural representa uma sanção
extremamente importante, uma vez que impossibilita o proprietário de arrendar, hipotecar, vender e desmembrar o imóvel, por exemplo.

CUIDADO : Evidencia-se, por fim, que o STF decidiu que a invasão ou esbulho ocorrido em imóvel rural após a vistoria pelo INCRA NÃO é
causa que impede a desapropriação.

Pagamento

O pagamento da terra nua será sempre em TDAs, garantida a preservação de seu valor real. Trata-se da materialização da lógica de que a
indenização deve ser justa e prévia.

O pagamento da indenização deve corresponder ao preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, incluindo as matas, florestas, terras,
benfeitorias indenizáveis (apenas úteis ou necessárias, haja vista que as voluptuárias não são indenizadas), sempre observando a localização
do imóvel, a aptidão agrícola, a dimensão do imóvel, a área ocupada, o tempo da posse e as condições das benfeitorias.

A área desapropriada para fins de reforma agrária deverá ser destinada aos beneficiários no prazo máximo de 03 anos contados do registro
do título de transferência do domínio.

CUIDADO : O desrespeito a esse prazo pode gerar responsabilização do agente público, mas não gerará o direito de o expropriado reaver o
imóvel. Importante reiterar, ainda, que não serão cobrados impostos nas operações de transferência de imóveis desapropriados para a
reforma agrária, nos termos do art. 184, § 5º da CF/88.

Outrossim, o art. 189 da CF/88 estabelece que os beneficiários da reforma agrária receberão títulos de domínio ou de concessão de uso.
Ocorre que, também existe a possibilidade de Concessão de Direito Real de Uso (CDRU), possibilidade essa introduzida pela Lei
11.481/2007.

Procedimento/fase judicial de rito especial

O ente desapropriante buscará a solução da questão de forma administrativa e consensual.

CUIDADO : A premissa é, justamente, evitar a judicialização.

Contudo, caso o expropriado não concorde com os termos propostos, se dará início à chamada Ação de Desapropriação Agrária, que será
proposta pelo INCRA, autarquia federal que figurará no polo ativo da ação.

Por força de exigência constitucional, o procedimento judicial de desapropriação para fins de reforma agrária deverá ser regulado por meio de
Lei Complementar.

Atualmente, esse papel é feito pela Lei Complementar 76/93.

Como a competência para implementar a reforma agrária é da União, as ações judiciais envolvendo essa questão serão da Justiça Federal,
mais especificamente na seção judiciária da localidade do imóvel.

Após a expedição do Decreto declarando a área como de interesse social para fins de reforma agrária, o ente expropriante poderá realizar
vistorias e a avaliação do imóvel, e deverá ajuizar a ação de desapropriação no prazo máximo de 2 anos a contar (de forma ininterrupta) da
data de expedição do referido Decreto.

CUIDADO :Salienta-se que o prazo de 2 anos para ajuizar a Ação de Desapropriação possui natureza decadencial.

Ultrapassado esse prazo, a União deverá reiniciar o procedimento administrativo, não bastando apenas a reedição do Decreto declaratório,
conforme estabelecido no art. 3º da LC 76/93.

Destaca-se, ademais, que NÃO corre o prazo decadencial de 2 anos para a propositura da Ação Desapropriatória quando houver liminar
impedindo a prática de atos tendentes a efetivar a desapropriação em ação autônoma discutindo a produtividade do imóvel, de acordo com
posicionamento adotado pelo STJ no REsp 1.085.795:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE
REFORMA AGRÁRIA. SUSPENSÃO DA PRÁTICA DE ATOS EXPROPRIATÓRIOS POR FORÇA DE LIMINAR. CORRESPONDENTE
SUSTAÇÃO DO CURSO DO PRAZO PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO DESAPROPRIATÓRIA DO ART. 3º DA LC 76/93. 1. Na vigência de
liminar impedindo a prática de atos tendentes a efetivar a desapropriação, inclusive a propositura da correspondente ação, não ocorre a
situação de decadência do decreto expropriatório. É que a liminar, que atua inclusive no plano da incidência da norma, inibiu não apenas o

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exercício do direito de propor a ação como o próprio início do correspondente prazo. Com a revogação da liminar, houve reposição integral da
situação jurídica de quem ficou submetido ao seu comando, inclusive no que se refere aos prazos para exercício dos direitos, das ações e das
pretensões. 2. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1085795 PE 2008/0184871-0, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de
Julgamento: 16/11/2010, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/11/2010)

As etapas do rito judicial do processo de desapropriação, uma vez que a fase judicial da desapropriação tem início com o ingresso de
demanda judicial:

Petição inicial

Consoante o art. 5º da LC 76/93, a petição inicial da desapropriação agrária deverá vir acompanhada:

a) Do texto do decreto declaratório de interesse social;

b) Das certidões de domínio e ônus real do imóvel;

c) Do documento cadastral do imóvel;

d) Do Laudo de vistoria e avaliação administrativa;

e) Do comprovante de lançamento das TDAs referente ao valor da terra nua;

f) Do comprovante de depósito dos valores referentes às benfeitorias úteis e necessárias.

Despacho do magistrado

O juiz, ao despachar a inicial, já determina a imissão do autor na posse do imóvel, como determina o artigo 6º, I da referida LC e, se
necessário, já requisita o auxílio de força policial. Além disso, com o ajuizamento da ação, esta constará de averbação no registro do imóvel
expropriando (art. 6º, III, da LC 76/1993).

Após, será promovida a citação dos proprietários.

CUIDADO : É possível que seja tentada a conciliação, nos 10 primeiros dias a contar da citação, com a presença do representante do
Ministério Público Federal, que deve obrigatoriamente intervir nesta modalidade de desapropriação (art. 6º, § 3º, da LC 76/1993).

Contestação

A desapropriação sancionatória rural poderá incidir sobre parte da propriedade, mas o proprietário poderá requerer, em sede de contestação,
a desapropriação de toda a área quando a área remanescente ficar reduzida a superfície inferior à da pequena propriedade rural ou quando
houver a perda da capacidade de exploração econômica (art. 4º da LC 76/93).

Caso não haja discussão quanto ao real proprietário/titularidade do imóvel, o expropriando poderá requerer o levantamento de 80% do valor
depositado.

CUIDADO : O expropriado não poderá contestar o mérito do interesse social declarado. O que se discute nesse tipo de ação, em síntese, é o
valor da indenização.

Sentença

A sentença será proferida em conformidade com o art. 12 da LC 76/93:

Art. 12. O juiz proferirá sentença na audiência de instrução e julgamento ou nos trinta dias subsequentes, indicando os fatos que motivaram o
seu convencimento.

§ 1º Ao fixar o valor da indenização, o juiz considerará, além dos laudos periciais, outros meios objetivos de convencimento, inclusive a
pesquisa de mercado.

§ 2º O valor da indenização corresponderá ao valor apurado na data da perícia, ou ao consignado pelo juiz, corrigido monetariamente até a
data de seu efetivo pagamento.

§ 3º Na sentença, o juiz individualizará o valor do imóvel, de suas benfeitorias e dos demais componentes do valor da indenização.

§ 4º Tratando-se de enfiteuse ou aforamento, o valor da indenização será depositado em nome dos titulares do domínio útil e do domínio
direto e disputado por via de ação própria.

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CUIDADO : Da sentença que julgar a ação de desapropriação para fins de reforma agrária, só haverá duplo grau de jurisdição se a diferença
entre o preço ofertado na inicial pelo expropriante e o valor fixado na sentença for superior a 50%.

CUIDADO : Ademais, a apelação só será recebida no duplo efeito quando interposta pelo expropriante. Quando interposta pelo expropriado,
será recebida apenas no efeito devolutivo, nos termos do art. 13 da LC 76/93:

Art. 13. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente devolutivo, quando interposta pelo
expropriado e, em ambos os efeitos, quando interposta pelo expropriante.

§ 1º A sentença que condenar o expropriante, em quantia superior a cinquenta por cento sobre o valor oferecido na inicial, fica sujeita a duplo
grau de jurisdição.

CUIDADO : Evidencia-se, por fim, que o título translativo do domínio para o expropriante só pode ocorrer após o trânsito em julgado da
sentença, conforme apontado pelo STJ no REsp 1.262.592:

PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO - RECURSO ESPECIAL - DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA -
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC - MANDADO TRANSLATIVO DE DOMÍNIO - EXPEDIÇÃO APÓS O TRÂNSITO EM
JULGADO DA SENTENÇA - REVISÃO DO VALOR DAS BENFEITORIAS - NECESSIDADE DO REEXAME DE PROVAS - SÚMULA 7/STJ -
JUROS COMPENSATÓRIOS - IMÓVEL IMPRODUTIVO - INCIDÊNCIA - PRONUNCIAMENTO PELA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC
(RESP 1.116.364/PI) - PERCENTUAL DOS HONORÁRIOS - REVISÃO - SÚMULA 7/STJ. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535 do CPC, se o
Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide. 2. A transferência definitiva da titularidade da
propriedade do imóvel, mediante expedição de mandado translativo do domínio, somente deverá ser efetivada após o trânsito em julgado da
sentença. 3. A revisão do valor da indenização das benfeitorias dependeria, na hipótese, do reexame de provas, em especial da prova pericial
produzida, a atrair o óbice da Súmula 7/STJ. 4. "A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros compensatórios, pois
esses restituem não só o que o expropriado deixou de ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de renda, considerando a
possibilidade do imóvel 'ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu
valor à vista” [...]. (STJ - REsp: 1262592 PB 2011/0148740-9, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 21/05/2013, T2 -
SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/05/2013).

Ônus de sucumbência

Caso o valor fixado na sentença for igual ou inferior ao valor indicado inicialmente pelo expropriante, o expropriado será considerado
sucumbente e deverá arcar com o pagamento das despesas judiciais, além dos honorários do advogado e do perito, segundo o art. 19 da LC
76/93.

NA PRÓXIMA AULA: Estudaremos USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL RURAL E OS CONTRATOS AGRÁRIOS, bem como outras
peculiaridades do direito agrário .

Dica da Professora

LEITURA DA LEI Nº 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993: Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à
reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.

LEITURA DO ESTATUTO DA TERRA : LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964: A lei regula os direitos e obrigações concernentes aos
bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.

LEITURA DA Lei n. 6.969, de 10.12.1981 que previu seus aspectos materiais e processuais do Usucapião agrário

Saiba Mais

Usucapião agrário

- Tem por base a posse agrária.

- Trata-se de usucapião de imóveis rurais em favor do posseiro.

- Também denominado constitucional, especial rural ou pro labore.

- Fundamentado na posse-trabalho: aquela caracterizada pela utilização econômica do bem possuído, através do trabalho.

- Regulamentação: Lei n. 6.969, de 10.12.1981, que previu seus aspectos materiais e processuais;

Constituição Federal, art. 191; Código Civil, art. 1.239.

- A posse há de ser direta, pessoal e ininterrupta.

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- Permite a sucessão na posse em caso de morte do possuidor.

- Restrito a terras particulares: art. 191, § Único, CF.

Exercícios de Fixação

QUESTÃO Nº 1 - No que tange à desapropriação de imóvel rural para fins de reforma agrária, assinale a opção correta.

A)É prescindível instruir a petição inicial em que se requer a desapropriação com o ato normativo declaratório de interesse social para fins de
reforma agrária publicado no Diário Oficial da União.

B)As transferências de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária por interesse social são isentas apenas dos impostos federais.

C)De acordo com a legislação de regência, no processo seletivo de indivíduos e famílias para projeto de assentamento pelo Programa
Nacional de Reforma Agrária, terão primazia, na ordem de preferência do lote em que se situe a sede do imóvel, aqueles que trabalham como
assalariados no imóvel desapropriado.

D)Em caso de desapropriação amigável, é possível a anulação da sentença homologatória da avença, por meio de ação popular, quando
caracterizada afronta ao princípio da moralidade pública.

QUESTÃO Nº 2 - A Lei n.º 8.629/1993, ao tratar da ordem de preferência na distribuição de lotes no processo de seleção de indivíduos e
famílias candidatos a beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária por projeto de assentamento, estabelece que, para a parcela na
qual se situe a sede do imóvel que tenha sido objeto de desapropriação para fins de reforma agrária, terá preferência:

A) o indivíduo mais idoso que comprove ter trabalhado na propriedade como posseiro ou assalariado.

B) o cidadão que resida há mais tempo no município em que se localize a área objeto do projeto de assentamento.

C) o trabalhador rural vítima de trabalho em condição análoga à de escravo.

D) a família mais numerosa cujos membros se proponham a exercer a atividade agrícola na área objeto do projeto de assentamento.

E) o desapropriado, devendo, nessa hipótese, tal situação ser considerada no cálculo da indenização devida pela desapropriação.

QUESTÃO Nº 3 - A Fazenda Santa Justina, que possuía atividade pecuária, foi invadida por um grupo de aproximadamente trinta famílias.
Seu proprietário ajuizou uma ação de reintegração de posse, sendo concedida a antecipação dos efeitos da tutela. Apesar de inúmeras
tentativas, inclusive com força policial, o cumprimento da ordem judicial nunca se efetivou. Após vários anos, a área está consolidada com
mais de sessenta famílias. Nesse cenário, caberá

A) à União indenizar o proprietário com títulos da dívida agrária.

B) ao Estado indenizar o proprietário com títulos da dívida agrária.

C) encaminhamento dos autos à Justiça Federal para cumprimento da ordem pela Polícia Federal.

D) ao proprietário buscar indenização por meio de desapropriação indireta.

E) ao proprietário inscrever a fazenda no plano municipal de reforma agrária.

QUESTÃO Nº 4 - A distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária far-se-á através de títulos de domínio ou de concessão de uso,
inegociáveis pelo prazo de:

A) 05 anos.

B) 10 anos.

C) 15 anos.

D) 25 anos.

E) 30 anos.

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QUESTÃO Nº 5 - No que se refere a desapropriação para reforma agrária pelo interesse social, pode-se afirmar que:

A) Haverá prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão.

B) Cabe a lei ordinária estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.

C) Não estão isentas de impostos federais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

D) As benfeitorias necessárias serão indenizadas em dinheiro, ao passo que as úteis não serão indenizadas.

E)Haverá orçamento semestral para fixar o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao
programa de reforma agrária no exercício.

Bibliografia

Tartuce, Flávio Manual de Direito Civil: volume único / Flávio Tartuce. – 12. ed. – Rio de Janeiro, Forense; METODO, 2022.

Marques, Benedito Ferreira Direito agrário brasileiro / Benedito Ferreira Marques. – 11. ed. rev. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2015.

O direito agrário nos trinta anos da constituição de 1988: estudos em homenagemao professor Dr. Darcy Walmor Zibetti/ coordenadores
Albenir Querubini …[et al.]. –Londrina, PR: Thoth, 2018.

Opitz, Silvia C. B.Curso completo de direito agrário / Silvia C. B. Opitz, Oswaldo Opitz. – 11. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva,2017.

Gabarito

Questão 1: GABARITO: letra D

JUSTIFICATIVA DO GABARITO

ação popular é via adequada para questionar acordo confirmado em juízo e com trânsito em julgado

A ação popular é via própria para obstar acordo judicial transitado em julgado em que o cidadão entende ter havido dano ao erário, defende a
Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A decisão unânime contraria os entendimentos do Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJ-SP), do Tribunal Federal de Recursos e até do Supremo Tribunal Federal (STF), que não aceitam esse tipo de ação para modificar
sentença definitiva, ou seja, que já transitou em julgado. A decisão do STJ permite o seguimento da ação popular que pede a anulação do
acordo financeiro de desapropriação firmado entre a Prefeitura de São José do Rio Preto e a Companhia Saad do Brasil, no valor de R$ 1
milhão.

LEI COMPLEMENTAR Nº 76, DE 6 DE JULHO DE 1993 - Dispõe sobre o procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária.

Art. 5º A petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de Processo Civil, conterá a oferta do preço e será instruída com os seguintes
documentos:

I - texto do decreto declaratório de interesse social para fins de reforma agrária, publicado no Diário Oficial da União;

II - certidões atualizadas de domínio e de ônus real do imóvel;

III - documento cadastral do imóvel;

IV - laudo de vistoria e avaliação administrativa, que conterá, necessariamente:

a)descrição do imóvel, por meio de suas plantas geral e de situação, e memorial descritivo da área objeto da ação;

b)relação das benfeitorias úteis, necessárias e voluptuárias, das culturas e pastos naturais e artificiais, da cobertura florestal, seja natural ou
decorrente de florestamento ou reflorestamento, e dos semoventes;

c)discriminadamente, os valores de avaliação da terra nua e das benfeitorias indenizáveis.

Questão 2: GABARITO: LETRA E

JUSTIFICATIVA DO GABARITO

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29/11/2023, 14:36 UA5 - Fases da desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária
LEI 8629/93 - Art. 19. O processo de seleção de indivíduos e famílias candidatos a beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária
será realizado por projeto de assentamento, observada a seguinte ordem de preferência na distribuição de lotes:

I - ao desapropriado, ficando-lhe assegurada a preferência para a parcela na qual se situe a sede do imóvel, hipótese em que esta será
excluída da indenização devida pela desapropriação;

II - aos que trabalham no imóvel desapropriado como posseiros, assalariados, parceiros ou arrendatários, identificados na vistoria;

III - aos trabalhadores rurais desintrusados de outras áreas, em virtude de demarcação de terra indígena, criação de unidades de
conservação, titulação de comunidade quilombola ou de outras ações de interesse público;

IV - ao trabalhador rural em situação de vulnerabilidade social que não se enquadre nas hipóteses previstas nos incisos I, II e III deste
artigo;
V - ao trabalhador rural vítima de trabalho em condição análoga à de escravo;

VI - aos que trabalham como posseiros, assalariados, parceiros ou arrendatários em outros imóveis rurais;

VII - aos ocupantes de áreas inferiores à fração mínima de parcelamento.

Questão 3: GABARITO: LETRA D

JUSTIFICATIVA DO GABARITO

O terreno do proprietário foi invadido por inúmeras pessoas de baixa renda.

O proprietário ingressou com ação de reintegração de posse, tendo sido concedida a medida liminar, mas nunca cumprida mesmo após vários
anos.

Vale ressaltar que o Município e o Estado fizeram toda a infraestrutura para a permanência das pessoas no local.

Diante disso, o juiz, de ofício, converteu a ação reintegratória em indenizatória (desapropriação indireta), determinando a emenda da inicial, a
fim de promover a citação do Município e do Estado para apresentar contestação e, em consequência, incluí-los no polo passivo da demanda.

O STJ afirmou que isso estava correto e que a ação possessória pode ser convertida em indenizatória (desapropriação indireta) - ainda que
ausente pedido explícito nesse sentido - a fim de assegurar tutela alternativa equivalente (indenização) ao particular que teve suas terras
invadidas.

Questão 4: GABARITO : LETRA B

JUSTIFICATIVA DO GABARITO

Art. 18-A. Os lotes a serem distribuídos pelo Programa Nacional de Reforma Agrária não poderão ter área superior a 2 (dois) módulos fiscais
ou inferior à fração mínima de parcelamento.

§ 1 Fica o Incra autorizado, nos assentamentos com data de criação anterior ao período de dois anos, contado retroativamente a partir de 22
de dezembro de 2016, a conferir o título de domínio ou a CDRU relativos às áreas em que ocorreram desmembramentos ou remembramentos
após a concessão de uso, desde que observados os seguintes requisitos:

§ 3 Os títulos concedidos nos termos do § 1 deste artigo são inegociáveis pelo prazo de dez anos, contado da data de sua expedição.

Questão 5: GABARITO : LETRA A

JUSTIFICATIVA DO GABARITO

Art. 184, CF. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua
função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Alternativa B) - INCORRETA:

Art. 184, CF, § 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de
desapropriação.

Alternativa C) INCORRETA:

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29/11/2023, 14:36 UA5 - Fases da desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária
Art. 184, CF, § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins
de reforma agrária.

Alternativa D) INCORRETA:

Art. 184, CF, § 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

Alternativa E) INCORRETA:

Art. 184, CF: § 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender
ao programa de reforma agrária no exercício.

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