Você está na página 1de 4

Do made in ao created in

As últimas décadas caracterizaram-se por uma aceleração da evolução tecnológica e


por um aumento na complexidade das relações comerciais globais, com um grande
impacto na estrutura e nos processos de produção, na competitividade dos setores de
atividade e na procura de qualificações. A transição climática e as medidas para lhe
fazer face afetam de forma diferenciada os territórios e os setores de atividade, da
agricultura e floresta às indústrias que utilizam a energia fóssil. A pandemia acelerou
muitas daquelas mudanças, alterando as formas de trabalho e de ensino. A adaptação
da economia portuguesa àquelas mudanças, acompanhando e incorporando novas
tecnologias, requalificando gestores e trabalhadores, e reposicionando-se nas grandes
cadeias globais de valor, vai determinar a sua capacidade de resposta aos grandes
desafios da transição climática, do envelhecimento e da melhoria sustentada dos
níveis de bem-estar.
Portugal não conseguiu acompanhar a velocidade da globalização imposta pela
revolução das tecnologias de informação e comunicação, e a sua economia estagnou e
divergiu da média europeia. O progresso das últimas décadas não impediu que a
pobreza infantil e entre os idosos, bem como o desemprego jovem, permanecessem
em níveis muito elevados. Por outro lado, a pandemia covid-19 inverteu a tendência
de descida da dívida pública. Entre outros efeitos negativos, uma tributação mais
elevada, num contexto de baixo crescimento dos rendimentos, tornará mais difícil a
atração e fixação dos trabalhadores mais qualificados, gerando-se um círculo vicioso
de baixo crescimento, mais emigração e menos imigração, e menor crescimento
potencial.
A pandemia covid-19 interrompeu um ciclo de cinco anos de crescimento económico,
marcado pelo aumento do peso das exportações no PIB e pelo equilíbrio da balança
corrente.
A transição climática e o envelhecimento da população são dois desafios globais que
vão marcar as próximas décadas. As ameaças e oportunidades daquelas
transformações dependerão do contexto de cada país, da sua estrutura produtiva e
das políticas adotadas para os enfrentar. Se a dinâmica demográfica é uma das mais
negativas da UE, o novo paradigma das energias renováveis pode proporcionar a
Portugal, pela primeira vez desde a revolução industrial, uma vantagem competitiva.
O lugar de Portugal no mundo pós-covid-19 dependerá do aproveitamento dos seus
recursos (e.g., oceano), das escolhas de infraestruturas (e.g., portos, aeroportos, 5G),
e da qualidade das suas instituições (e.g., entidades reguladoras, sistema de
qualificações, organização e eficiência do Estado). O ambiente económico tem de criar
as condições para que as empresas portuguesas possam competir no mesmo plano
que as europeias e globais. Finalmente, o ambiente económico, em que não pode ser
descurada a dimensão da competitividade fiscal, deve criar condições favoráveis à
atração e fixação de recursos humanos qualificados e de investimento direto
estrangeiro.
O investimento direto estrangeiro (e.g., Renault, Autoeuropa) tem desempenhado um
papel crucial no desenvolvimento de setores como o automóvel, produtos e
instrumentos metálicos ou moldes e plásticos, através da constituição de redes de
fornecedores de base nacional. Existe uma correlação positiva entre o peso do
investimento direto estrangeiro no PIB, a participação das cadeias globais de valor nas
exportações e o crescimento global das exportações.
A transição climática e o envelhecimento da população vão produzir profundas
alterações na estrutura da economia portuguesa. Para o sucesso deste processo de
transformação terá de surgir um novo paradigma, o paradigma created in, assente no
conhecimento e na inovação, e gerando valor para o mercado global.
Alcançar os objetivos para a transição climática, fixados para a UE, requer um aumento
do peso das energias renováveis, novas formas de mobilidade centradas nos
transportes públicos, na eficiência energética dos edifícios, na economia circular ou em
novos modelos de gestão da floresta. O aproveitamento da disponibilidade de fontes
de energia renovável — rios, mar, Sol e vento — só constituirá uma vantagem
competitiva se Portugal for parte ativa da rede internacional de geração de
conhecimento e tecnologia para a sua produção. Para além da sua importância para se
alcançarem os objetivos fixados para a descarbonização, o acesso a energia de fontes
renováveis será um fator de competitividade cada vez mais relevante para as empresas
baseadas em Portugal e para a atração de investimento direto estrangeiro.
A robótica e a automação, aliadas à requalificação dos recursos humanos e à atração
de imigrantes qualificados, poderão compensar os efeitos negativos da redução da
população ativa nas próximas décadas.

Alterações climáticas
Objetivo: Alcançar uma UE com impacto neutro no clima até 2050.
A UE reduzirá drasticamente as suas emissões de gases com efeito de estufa e
procurará formas de compensar as emissões restantes e inevitáveis, cumprindo os
compromissos assumidos no âmbito do Acordo internacional de Paris. A transição para
a neutralidade climática trará oportunidades significativas em termos de:
o crescimento económico
o mercados
o emprego
o desenvolvimento tecnológico
O Pacto Ecológico Europeu é a estratégia da UE para alcançar o objetivo até 2050. Este
é um pacote de iniciativas estratégicas que visa colocar a UE na via rumo a
uma transição ecológica e inclui iniciativas que abrangem o clima, o ambiente, a
energia, os transportes, a indústria, a agricultura e o financiamento sustentável.
Um dos objetivos entre 2014 e 2020 era facilitar a transição para uma economia mais
compatível com o ambiente.

Inflação – Banco Central Europeu


A função do BCE consiste em manter a estabilidade de preços, contribuindo para o
crescimento económico e a criação de emprego.
Assim, visam uma taxa de inflação de 2% a médio prazo, mantendo os preços estáveis
assegurando que a inflação – a taxa a que o nível geral de preços dos bens e serviços
varia ao longo do tempo – permanece baixa, estável e previsível.
Preços estáveis permitem que a moeda preserve o seu valor e ajudam as pessoas e as
empresas a planear melhor as suas despesas de consumo e investimento. Tal contribui
para o crescimento da economia, o que gera emprego e prosperidade.

Prestações Sociais
São atribuídas a pessoas ou famílias que precisem de apoio em situações de maior
vulnerabilidade como, por exemplo, desemprego, doença ou velhice.
As despesas do Estado com prestações sociais têm vindo a aumentar devido ao
envelhecimento acelerado da população e do aumento da taxa de desemprego. O
desemprego pode ser consequência da existência de subsídios de desemprego
elevados que funcionam como desincentivos à procura de emprego, assim como o
reflexo da contratação coletiva e da afixação de salários mínimos que resultam no
desemprego dos menos qualificados.
Como a população está a envelhecer e a esperança média de vida a aumentar, essas
despesas irão aumentar criando pressões no orçamento, deixando menos capital para
outro tipo de investimentos, como por exemplo para o cumprimento os objetivos de
sustentabilidade e digitalização da UE. Por isso, é importante garantir que os gastos
com prestações sociais não cresçam tanto como ao PIB, pois é fundamental para
permitir despesa mais flexível, nomeadamente de investimento, determinante para o
aumento da produtividade e para fazer face às alterações climáticas.
A robótica e a automação, aliadas à requalificação dos recursos humanos e à atração
de imigrantes qualificados, poderão compensar os efeitos negativos da redução da
população ativa nas próximas décadas.

Metas digitais para 2030


A Europa tenciona capacitar as empresas e as pessoas num futuro digital centrado no
ser humano, sustentável e mais próspero.
O programa Década Digital, com metas e objetivos concretos para 2030, orientará a
transformação digital da Europa:
o Competências – Especialistas em TIC e competências digitais básicas
o Transformação digital das empresas – Adoção das tecnologias e inovação
o Infraestruturas digitais seguras e sustentáveis – Conectividade e nuvem
o Digitalização dos serviços públicos
Um dos objetivos entre 2014 e 2020 era ajudar as pequenas e médias empresas a
tornarem-se mais inovadores e mais competitivas.

Mercado de trabalho português


O mercado de trabalho português é caracterizado por mão de obra barata e pouco
qualificada, produção de produtos com baixo valor acrescentado, empresas pouco
competitivas e com um crescimento da taxa de desemprego.
Com a integração económica ocorreu o aumento da concorrência e a aceleração do
tempo de resposta das empresas a oportunidades e choques.
Entre 2014 e 2020 esperava-se, para fazer face aos desafios colocados, a criação de
novos postos de trabalho sustentáveis, o reforço e modernização dos sistemas
educativos e ajudar as pequenas e médias empresas a tornarem-se mais inovadores e
mais competitivas.

Estratégia Europa 2020


Visa assegurar que a recuperação económica da União Europeia, após a crise
económica e financeira, seja acompanhada por uma série de reformas destinadas ao
crescimento e à criação de emprego na UE até 2020.
A fim de concretizar esta ambição, a UE fixou cinco grandes objetivos a alcançar até
2020 o mais tardar:
o elevar para, pelo menos, 75 % a taxa de emprego da população entre os 20 e os
64 anos;
o investir 3 % do Produto Interno Bruto em investigação e desenvolvimento;
o reduzir em, pelo menos, 20 % as emissões de gases com efeito de estufa,
aumentar para 20 % a quota das energias renováveis e elevar em 20 % a
eficiência energética;
o reduzir a taxa de abandono escolar para menos de 10 % e aumentar para, pelo
menos, 40 % a taxa de licenciados do ensino superior;
o reduzir em 20 milhões o número de pessoas sujeitas ao risco de pobreza ou de
exclusão social.

Dívida pública e privada


Perante o aumento da dívida, não há alternativa senão a execução de um vasto
programa de consolidação orçamental, que promova uma rápida melhoria do saldo
orçamental, a estabilização a curto prazo do rácio da dívida e a sustentabilidade das
contas públicas numa perspetiva de médio e longo prazo.
Os níveis de dívida pública atingidos representam um enorme encargo para as
gerações futuras, as quais terão de afetar uma parte importante da riqueza que
produzirem ao serviço da dívida.

Você também pode gostar