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1 INTRODUÇÃO
A Vale após ver o preço do minério de ferro saindo da casa dos 180 dólares a
tonelada para 50 dólares, vem buscando melhorar os processos que auxiliem no
aumento da produtividade e na redução de custos. Ela trabalha com a logística de
Transporte de Minério de Ferro de Minas Gerais para o porto do Espírito Santo
através da ferrovia Vitória-Minas precisa ter um sistema de manutenção Just in Time
nas locomotivas para não comprometer o transporte que funciona 24h por dia.
As locomotivas rodam 24 horas por dia para realizar o transporte de MFe (Minério de
Ferro) de Minas Gerais até os portos em Vitória no Espírito Santo e necessitam de
passar por revisões para voltar a rodar.
Esta pesquisa mostrou que através dos conceitos do Sistema Toyota de Produção
qual foi a diminuição do custo e tempo na manutenção de locomotivas, assim como
a redução da perda de tempo com retrabalho ou desperdício de tempo com
movimentos desnecessários, aumentando assim o rendimento (eficiência) da
produção e a satisfação do trabalhador pelo atingimento de suas metas diárias de
produção.
Podemos comprovar quais foram às reduções de custo e tempo de manutenção nas
locomotivas da Vale após a implantação do Sistema Toyota de Produção e como
maximizar a quantidade de locomotivas atendidas pela manutenção sem aumentar a
jornada de trabalho e o número de funcionários.
2 CONCEITUALIZAÇÃO TEÓRICA
Segundo Veras (2009, p.2) “o Sistema Toyota de Produção é uma combinação dos
princípios e técnicas de qualidade total, da administração científica e das tradições
culturais japonesas”. Para o autor (2009, p.2), o Sistema Toyota de Produção é
sustentado pelo sistema Just in Time e pela autonomação. Just in Time significa
que, em um processo de fluxo, as partes corretas necessárias à montagem
alcançam a linha de montagem no momento em que são necessários e somente na
quantidade necessária. A autonomação, que não deve ser confundida com a simples
automação, também é conhecida como a automação com o toque humano.
O desenvolvimento desse modelo é uma história que começa nos anos 50, quando
a economia japonesa estava debilitada e a Toyota, uma empresa de pequeno porte,
tinha um programa de produção de 1.000 carros por mês. Se fabricasse mais, não
conseguiria vender (MODEN, 2014).
Nos anos 80 a Toyota fabricava 1.000 carros em poucos minutos e era a terceira
fabricante mundial, atrás da General Motors e da Ford. Como foi feita essa
transição?
Segundo Eiji Toyoda citado Veras (2009, p.2) “a família proprietária da Toyota, e
Taiihi Ohno, o chefe da engenharia da empresa, são os principais responsáveis pelo
conjunto de técnicas de manufatura que se tornou conhecido como Sistema Toyota
de Produção.
Nos anos 50 ambos concluíram que o sistema Ford não poderia funcionar na
Toyota, que era sensivelmente menor e precisava de soluções mais eficientes e
menos dispendiosas.
Nos anos 50, a indústria ocidental tinha muito do que para os japoneses era
desperdício de esforços, materiais, espaço e tempo.
O mesmo era verdadeiro no caso dos recursos humanos: muita gente
cuidando de planejamento e controle da produção, compras, controle da
qualidade, manutenção.
A indústria tradicional seguia uma filosofia conhecida como just in case, que
significa manter recursos abundantes, particularmente máquinas e estoques,
em estado de prontidão, para assegurar a produção e enfrentar as flutuações.
O que os ocidentais enxergavam como precaução, os japoneses enxergavam
como desperdício.
O primeiro componente do sistema Toyota de administração é a eliminação
de desperdícios, por meio da aplicação da filosofia do just-intime e das
técnicas de racionalização do trabalho, criadas pelo movimento da
administração científica.
Just in time significa produzir apenas o necessário, no momento certo.
Kaizen é a palavra japonesa que significa aprimoramento contínuo.
É usada para designar os esforços sistemáticos de redução de desperdícios,
levados a efeito por meio do procedimento inventado por Taylor: análise de
uma tarefa, proposição da maneira mais eficiente de realiza-la e implantação
da tarefa modificada.
Para Veras (2009, p.3), a produção com qualidade é um princípio que se assenta
numa base comportamental conforme exemplos:
Nos anos 90, a expressão empresa enxuta passou a fazer parte do vocabulário da
administração, já como um elemento que integra os chamados novos paradigmas da
administração.
Segundo Vera (2009, p.4), quando falamos em JIT (Just in Time) - o material certo,
disponível na hora certa, no local certo, no exato momento de sua utilização - não
estamos falando de um conceito exatamente novo.
Segundo Veras (2009, p.4), “dados históricos dão conta que o ciclo de produção do
Modelo T, na década de 1920, montava, em somente quatro dias, número invejável
e muito próximo do que as melhores montadoras japonesas da atualidade
conseguem”.
Onde reside então o segredo? Por que nessa época Ford conseguia o que anos
mais tarde a sua própria indústria não mais conseguiria manter?
A resposta fica na produção em massa. Todos já devem ter ouvido falar da máxima
de Henry Ford a respeito deste Modelo T: "Eles podem tê-Io em qualquer cor que
queiram desde que seja preto!”. Ford fabricava um único modelo, um único produto
sem nenhuma variação, nem de cor!
A indústria ocidental recebeu este duro golpe, que exigiu verdadeiros malabarismos,
com o advento do mercado mais refinado e exigente em termos de modelos, tipos,
padrões de acabamento etc. Isso minou o conceito de produção em massa, pois os
consumidores passaram a exigir lotes menores e diversificados.
O longo tempo de preparo das máquinas, tempo perdido, pois a máquina não está
produzindo - antes era contornado com a adoção de lotes grandes (menos trocas). O
estabelecimento dos famigerados lotes econômicos era um dos citados
malabarismos para minimizar este tempo de preparo a custa de lotes maiores.
Formavam-se estoques de materiais destinados a um uso futuro. Um desperdício
pela superprodução
Segundo Shingo (1996, p.2), oriundo da Toyota Motor Company, identificou sete
categorias de desperdícios.
Uma análise objetiva da concepção do Just in Time nos dará conta que havendo
uma produção no conceito JIT (lembre-se, os estoques agora são JIT), e um
fornecimento interno ou externo de componentes com defeitos haverá a parada do
processo. O não cumprimento de uma necessidade produzirá paradas
(desperdícios!), exigindo a presença de um sistema de qualidade total. Portanto,
sem TQC não haverá produção JIT.
As metas colocadas pelo JIT são amplas e ambiciosas. Não são alcançadas da noite
para o dia, mas em um movimento contínuo de aperfeiçoamento – Kaizen (VERAS,
2009, p.6).
• Zero defeitos.
• Tempo zero de preparação (set-up).
• Estoques zero.
• Movimentação zero.
• Quebra zero.
• Lead time zero.
• Lote unitário (uma peça de cada vez).
Existe basicamente certo número de postos de trabalho, arranjados de tal forma que
as pessoas fiquem muito próximas - formando uma equipe - e dispostos de tal sorte
a permitir que os produtos possam ser fabricados integralmente dentro desta célula
com um mínimo de movimentação de material.
Para isto deve haver uma perenização das transferências e realocações de pessoas
e uma política de pessoal adequada a este modelo (enfoque nas pessoas).
2.3 KANBAN
Segundo Veras (2009, p.8) O Kanban, que traduzido significa cartão, é uma das
ferramentas do Just In Time. A sua paternidade é atribuída a Taiichi Ohno, vice-
presidente da Toyota Motors, na qual, a partir de 1961, passou a aplicar o método,
pois acreditava na necessidade de melhorias contínuas, usando como base de
raciocínio a tradição dos samurais que afirma que um guerreiro (gerente) nunca para
de aperfeiçoar o seu estilo (capacidade administrativa) e nunca para de polir a sua
espada (produto ou processo). Ohno (1997) afirma que o “Kanban nasceu da
necessidade de desenvolver um sistema de fabricação de automóveis de muitos
tipos diferentes em pequeno número na mesma linha de montagem".
Segundo Veras (2009, p.8) no conceito Kanban essa visão muda. Não há a emissão
de ordens de serviço predefinidas e consolidadas em um programa baseado no
princípio: "cada um fazendo exatamente o que lhe foi pedido, seja na quantidade
como no prazo, o programa de fabricação de produtos finais estará assegurado,
podendo ser cumprido". Há ordens de serviço com quantidades predefinidas que são
"emitidas" pelo próprio usuário, que irá utilizar este determinado material, toda vez
que for necessário. Temos assim o efeito de "puxar", o que na verdade nada mais é
do que o princípio da reposição - "toda vez que a minha disponibilidade abaixar peço
reposição para continuar o processo sem interrupções".
O conceito de puxar tem o efeito de se nivelar e sincronizar a produção com fluxo
unitário (one piece fIow) com uma minimização dos estoques em processo e,
passando a aplicá-lo também para os fornecedores, obteve uma redução dos
estoques, do inventário todo da empresa de maneira surpreendente.
O Kanban, como uma ferramenta do Just in Time, não poderia ter conceitos
divergentes desse. Todos os conceitos do Just in Time, mais os de gestão das
pessoas, bem como o enfoque na qualidade lhe são inerentes.
Uma gestão industrial com Kanban não pode prescindir sob pena de paralisar ou ao
menos comprometer o processo produtivo, de um sistema de qualidade total que
assegure ao "cliente" interno a qualidade dos produtos recebidos. (Lembre-se,
estamos com estoques minimizados! Não há material à mão para substituir o
defeituoso).
Matérias-primas;
Produto em processo;
Produtos acabados.
A percepção desses três tipos fez, com a sua análise em termos de real valor, com
que se estabelecesse o estoque em processo como o primeiro a ser atacado, uma
vez que representa a perda maior. Vejamos o raciocínio (VERAS, 2009, p.9):
Há uma inversão das coisas, pensa-se do produto final "para trás" onde cada um
"puxa" o que lhe é necessário para cumprir a sua etapa do processo produtivo.
Dessa maneira pode-se dizer que cada caixa ou container seja um cartão, um
Kanban, emitido tantos quantos forem necessários, para assegurar o fluxo, tendo em
vista a quantidade necessária face ao consumo e o tempo de fabricação desses
conjuntos.
Toda vez que uma das embalagens for esvaziada será entregue ao fornecedor
(lembre-se do conceito de fornecedor interno) do produto o cartão Kanban, que
constitui uma ordem de serviço para esse fornecedor, autorizando-o a produzir
aquele material na quantidade estabelecida no cartão. Percebe-se que as grandes
quantidades, os lotes, foram eliminadas, e a redução do tempo de preparação (set-
up) é inevitável, pois do contrário o fornecedor terá de efetuar trocas de ferramentas
em profusão.
Para o funcionamento desse sistema há algumas regras bastante simples, mas que
devem e precisam ser disciplinadamente cumpridas.
Segundo Veras (2009, p.11) o Kanban segue 6 regulamentos básicos, são eles:
1 Um cartão Kanban para cada recipiente (caixa, container etc.) de materiais, que
serão enviados somente com a certeza da sua qualidade. Não envie material
com defeito.
2 O processo subsequente retira apenas o que necessita "abrindo" assim o
cartão Kanban pertinente (sempre em termos de recipiente, não há
fracionamento), observando-se que a disposição física, o local, seja dos
containers, seja da colocação dos Kanbans, deve ser sempre a mesma.
3 Não é permitido produzir sem um cartão - só se produz na mesma quantidade
do que foi retirado.
4 Sincronizar a produção, deixar disponíveis máquinas, materiais e operários
para que se possam atender os cartões "abertos". A não observação da regra
n°. gera uma retirada não uniforme, sobrecarregando o fornecedor e
desestabilizando o conjunto.
5 O Kanban é um meio de uniformização, como se pretende num sistema
desburocratizado e automático, devendo conter todas as informações
necessárias para que os operários possam executar as suas atividades (ordem
de serviço).
6 Estabilizar e racionalizar o processo ajuda a consolidar e aperfeiçoar as regras
anteriores, o aspecto kaizen de melhorias contínuas.
Para visualizar esse modelo de auto direcionamento da produção costuma-se
colocar os Kanbans para fabricar (com containers vazios, portanto) em um painel
com boa visibilidade, com três cores: verde, amarelo e vermelho.
Definindo quantos Kanbans cada "cor" pode receber, o fornecedor tem a exata visão
da situação de abastecimento de seu cliente.
Enquanto estiver no verde é sinal que está abastecido, no amarelo o alerta de que
irá terminar e no vermelho é sinal de que o cliente está desabastecido, requerendo
providências urgentes, eventualmente até mesmo exigindo suporte de outras áreas.
Essa visualização representa outro fator característico do modelo oriental; fica visível
a todos se há problemas, para que todos, inclusive as chefias, prestem a devida
ajuda, não em termos de cobrança, mas de efetivo suporte ao setor, posto, ou
máquina que o necessitar.
3 CONCEPÇÃO DO ESTUDO
Por exemplo, uma caixa de ferramentas deixa todas elas misturadas demorando em
localizar as mesmas e, muitas vezes algum funcionário deslocar a caixa para outro
local e a pessoa que estiver procurando o material necessário saia procurando pela
outra que levou as ferramentas, gastando muito tempo.
Com a implantação do TPS (Toyota Production System) foram criados locais fixos
com um painel com todas as ferramentas (Figura 1.) no qual o funcionário identifica
em até 3 segundos a ferramenta que irá utilizar, e caso não esteja no local a pessoa
que retirou pendura uma etiqueta com seu nome para ajudar na localização.
Figura 1: 5S Funcional
Fonte: Fassarela, 2015
Outra prática implantada foi a Gestão dos Processos (figura 2), no qual começamos
a fazer a gestão de todos os indicadores e pendurar em local visível para todos os
funcionários da oficina de locomotiva visualizarem o desempenho dos serviços e
buscarem sempre o aperfeiçoamento.
Uma mudança muito importante foi a criação do Kit Delivery e KANBAN (figura 3)
com o abastecimento de matérias. Dessa forma nenhum material chega a acabar no
estoque e a manutenção não atrasa por falta de recursos.
Figura 4: Kanbans
Fonte: Fassarela, 2015
O quadro a seguir lista os ganhos que tiver separados por segmento como utilização
de matérias, recuperação de componentes, reaproveitamento de agua e óleo,
primarização de serviços e preditiva de vibrações (figura 7).
Figura 7: Economia 2
Fonte: Fassarela, 2015
Figura 8: QLP
Fonte: Fassarela, 2015
O gráfico de Produtividade IC/IV (gráfico 3) mostra a quantidade de inspeções
chamadas de leve ou rápidas que foram realizadas nas locomotivas e podemos
perceber que as ações como 5S, Kanban na reposição de matérias ajudou a
melhorar a quantidade de inspeções e reduzir o tempo de cada inspeção, toda
locomotiva que passar pelo complexo de Tubarão passar por essa inspeção rápida
antes de seguir viagem novamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Outra prática implantada foi a Gestão dos Processos, no qual começamos a fazer a
gestão de todos os indicadores por meio de gráficos e planilhas, e pendurar em local
visível para todos os funcionários da oficina de locomotivas visualizar o desempenho
dos serviços e buscar sempre o aperfeiçoamento.
Uma mudança muito importante foi a criação do Kit Delivery e KANBAN com o
abastecimento de matérias, dessa forma nenhum material chega a acabar no
estoque e a manutenção não atrasa por falta de recursos, esta ação é de suma
importância para evitar ociosidade da mão de obra e fazer a fila de locomotivas
aumentar, ou seja, o fluxo da manutenção se manteve constante sem contratempos.
Após essas mudanças tivemos uma redução no efetivo que trabalhava na oficina
passando de 209 funcionários no ano de 2013 para apenas 177 em 2015, além da
redução de 1 turno de trabalho onde no ano de 2014 a oficina trabalhava com 2
turnos de 12 horas, ou seja, a oficina funcionava 24 horas, e em 2015 passou a
funcionar apenas com 1 turno de 12 horas, mesmo com a redução de jornada de
trabalho e com o número de funcionários conseguimos reduzir o número de horas
trabalhadas por plano e aumentar o número de planos trabalhados.
REFERÊNCIAS