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Visando essa linha teórica, podemos analisar que as cenas são gravadas dentro
desse movimento de câmera, em que temos o campo (visão do professor para o grupo de
estudantes) e o contracampo (visão dos estudantes para o professor). Demonstrando a
imagem de autoridade que professor exalta, sempre filmado de baixo para cima, e de
subordinação para com os alunos que, dentro da sala de aula, são filmados de cima para
baixo.
Wenger inicia um discurso de exaltação para o grupo que vibra energicamente,
exceto Marco, que se sente traído e começa a questionar o que eles conversaram. Marco
é chamado de traidor por Wenger que pede para que os outros alunos o levem ao palco e
pergunta o que deve ser feito com quem trai o movimento, muitos gritam expulsão, mas
ele pergunta o que Bomber (Maximiliam Vollmar) faria já que ele levou o colega traidor
até o palco e ele responde que só levou porque o professor pediu. A partir desse ponto,
Wenger pergunta se eles matariam Marco se fosse pedido e todos os alunos demonstram
faces assustadas.
O professor então começa um discurso dizendo que é isso que acontece em uma
ditadura e que toda A Onda estava se comportando como se estivesse em uma e por conta
disso o movimento deveria acabar. Alguns alunos protestaram dizendo que nem tudo no
grupo fora de todo ruim e que eles se uniram mais, mas Wenger rebate dizendo que esse
tipo de comportamento não tem como consertar e que eles deveriam ir para casa para
refletir tudo que eles fizeram – Tim (Frederick Lau), que foi o aluno que mais se sentiu
empolgado por finalmente ter amigos e pessoas que o ouvissem, não concorda com o fim
do grupo e se revolta, ameaçando os colegas com uma arma, ele acaba ferindo um colega
que tentou pará-lo e comete suicídio ao perceber que não pertenceria mais ao grupo.
“Eu começo com os jovens. Nós os mais velhos estamos desgastados, mas meus
jovens magníficos! Existem melhores que esses em qualquer lugar do mundo? Olhe para
todos esses homens e garotos! Que material! Juntos, nós podemos fazer um novo mundo!”
(HITLER, 1933)
Em relação ao aluno Tim, em específico, há um exemplo do que ocorre com a
maioria dos jovens que querem fazer parte de algo e tentar mudar o mundo – em partes
do filme podemos observar que ele vem de uma família com certo poder aquisitivo, pois
ao adotarem as camisas brancas como uniformes, ele queima todas as suas peças de
roupas que são de marca – além de não ser reconhecido em casa e nem na escola, em
outra cena, o vemos entregando drogas de graça aos colegas, criando uma esperança de
“comprar” a amizade deles. Além de encontrar um lugar acolhedor que o fez se dar por
inteiro, na Onda ele encontra também uma figura paterna em Rainer – e saber que ele fez
parte de um experimento o fez questionar que havia sido enganado e que ele ficaria sem
família e amigos novamente, levando-o ao desespero e a um fim trágico.