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Laizes Johanson Prado – RGM: 35576812

Atividade AP I:

As Ciências de uma maneira geral permeiam todo o cotidiano da


sociedade. O conhecimento e domínio dessa área tem o potencial de afetar
não apenas a qualidade de vida dos indivíduos, o meio ambiente, mas também
o próprio desenvolvimento do país, uma vez que o produto de seu estudo
corresponde diretamente a avanços tecnológicos e científicos.
Dentro desse contexto, o estudo de ciências deveria ser percebido por
todos como área de grande importância, porque se constitui em necessária
ferramenta com potencial tanto para benefício próprio diário quanto para o
exercício pleno e consciente de cidadania (OLIVEIRA, 2010, p.25).
Entretanto, muitas vezes, os estudantes têm uma visão distorcida desse
campo de estudo, considerando suas aulas como abstratas, de difícil
compreensão, de pouca aplicabilidade no cotidiano e até mesmo
desinteressantes (GUIMARÃES, 2010 apud BORGES & SILVA, 2011, p. 2).
No artigo “Ensino de Ciências: Críticas e Desafios”, Moreira (2021)
expõe sua perspectiva de como é o ensino de ciências no século XXI da
seguinte forma:

“ ● Centrado no docente, na aprendizagem mecânica de conteúdos


desatualizados (...) ● Tradicional, baseado em aulas expositivas e
exercícios repetitivos. (...) ● Basicamente do tipo ensino para a
testagem, focado no treinamento para dar respostas corretas. Como
foi dito, esse ensino é usado internacionalmente e é conhecido como
teaching for testing. Desde os primeiros anos na escola os alunos
começam a serem treinados para testes locais, nacionais e
internacionais. As escolas cujos alunos alcançam altas pontuações
nestes testes são consideradas as melhores escolas. Mas testes não
avaliam, apenas medem. ● Segue o modelo da narrativa, ou seja, o
professor narra, “dá a matéria” narrando. É comportamentalista,
baseado em objetivos comportamentais, i.e., aquilo que o aluno deve
ser “capaz de” e isso deve ser evidenciado em respostas corretas nas
provas, sem entrar na questão do significado. Não usa laboratórios.
Disciplinas científicas são ensinadas sem experiências de laboratório
porque não existem nas escolas ou porque consomem muito tempo
ou porque atividades práticas não “caem nas provas”. (...) ● Não
utiliza situações que façam sentido para os alunos. (...) ● Não busca
uma aprendizagem significativa crítica. (...) ● Não aborda as ciências
como baseadas em perguntas, modelos, metáforas, aproximações.
(...) ● Em geral é baseado em um único livro ou em uma apostila. (...)
● É desconectado da pesquisa em ensino de ciências. (...) ● Ao invés
de buscar interfaces e integrações entre disciplinas, as
compartimentaliza ou supõe que não existem. (...) Todos esses
aspectos negativos do ensino de Ciências na contemporaneidade
sugerem que este ensino, tanto na educação básica como na superior
é, como disse, há poucos anos, Carl Wieman (Science, 2013, p.292),
Nobel em Física, (...) é pior do que ineficaz, é anticientífico.”
(MOREIRA, 2021, p 2-5)

A falta de contextualização no ensino de ciências gera resistência e


demanda excessiva memorização, uma vez que o aluno não consegue
visualizar como aquele conhecimento se relaciona com o seu mundo,
encarando esta área científica apenas como uma barreira a ser transposta em
sua jornada escolar.
Assim, é papel do professor de ciências transpor tais desafios,
“buscando uma aprendizagem significativa de conteúdos, conceituais e
procedimentais, científicos objetivando uma aprendizagem para a cidadania,
não treinamento para provas” (MOREIRA, 2021, p. 8). Ainda considerando o
caráter conturbado da sociedade atual, é possível afirmar que tal tarefa é de
grande complexidade.
Dentro desse contexto, fica claro que não basta a um futuro docente
apenas dominar o conhecimento. Assim, o estágio supervisionado constitui-se
como uma importante ferramenta para transpor a teoria à prática, permitindo ao
estagiário situar-se na realidade escolar com um olhar crítico e investigativo,
alicerçando, assim, a formação de sua identidade como professor (BOTELHO,
2018).

“A formação profissional não ocorre pelo […] mas por meio de um


trabalho de reflexão crítica sobre as práticas e (re)construção
contínua de uma identidade pessoal. […] o estágio se torna um
momento de atividade teórica-prática que se apresenta num
constante processo de açãoreflexão levando a uma ação
transformadora.” (ALVES, SANCHEZ & MAGALHÃES, 2013 apud
BOTELHO, 2018)

Dessa forma, ao vivenciar o estágio supervisionado, o aluno pode


sentar-se em sala de aula não mais como um discente, mas projetando-se
como professor, refletindo criticamente sobre os contextos relacionados ao
ambiente escolar, desde a prática pedagógica em si aos desafios atuais
concernentes ao ensino.

REFERÊNCIAS:
 BORGES, A.A.; SILVA, C.M. A docência em Química: um estudo das
concepções dos professores da rede pública de Formiga - MG.
Conexão Ciência Online, v. 6, n. 2, 15 p., 2011. Disponível em: <
https://periodicos.uniformg.edu.br:21011/ojs/index.php/conexaociencia/
article/view/92> Acesso em: 5 mar. 24.
 BOTELHO, T.A.S. Formação Docente: Importância do Estágio na
Relação Teoria e Prática e na Construção da Identidade. JORNADA
BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E LINGUAGEM/ENCONTRO DO
PROFEDUC E PROFLETRAS/JORNADA DE EDUCAÇÃO DE MATO
GROSSO DO SUL, [S. l.], v. 1, n. 1, 2018. Disponível em:
<https://anaisonline.uems.br/index.php/jornadaeducacao/article/view/
4926>. Acesso em: 18 out. 2023.
 MOREIRA, M. A. Ensino de Ciências: Críticas e Desafios.
Experiências em Ensino de Ciências v.16, n .2, p. 1-10. Disponível em:
<https://fisica.ufmt.br/eenciojs/index.php/eenci/article/view/910/809>
Acesso em: 5 mar. 24
 OLIVEIRA, J. R. S. A Perspectiva Sócio-histórica de Vygotsky e suas
Relações com a Prática da Experimentação no Ensino de Química.
ALEXANDRIA: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v. 3, n. 3,
p. 25-45, 2010. Acesso em: 18 out. 2023.

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