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CENTRO UNIVERSITÁRIO – CATÓLICA DE SANTA CATARINA

PÓS-GRADUAÇÃO EM LITURGIA - TEOLOGIA DA LITURGIA


Prof. Dr. André Phillipe Pereira
Aluno: Carlos Alberto Bento.
Liturgia e mistagogia

Produzir um texto mistagógico (Entre 2 e 3 páginas) apresentando o porquê


da celebração e o sentido salvífico dessa celebração e apresentar a importância da
celebração e o seu contexto litúrgico

1.1 O PORQUÊ DA CELEBRAÇÃO:


A palavra de Deus atesta que o nome Jesus veio do Alto, com toda a
autoridade e designado para o perdão dos pecados e a salvação.

No Plano de amor do Pai, “quando chegou a plenitude dos tempos, Deus


enviou o seu Filho”. (Gl 4,4-5)”. Ele recebeu O nome Jesus, Nome que foi indicado
pelo Anjo, na anunciação, a virgem Maria, aquela que é cheia de graça diante do
Deus, antes mesmo de ter sido concebido no seio materno (Lc 1,26-33).
O mesmo Arcanjo o confirma em sonho a José: “Ela dará à luz um filho, a
quem porás o Nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt
1,20-21; Lc 2,21). Desse modo, o nome veio do Alto, cumprindo a profecia em que
as nações comtemplariam a Justiça e a glória pelo nome designado por Iahweh (Is
62,2-3).
O Nome foi mencionado pela primeira vez pelos anjos e não por Homens
como exalta Origines:

Não seria conveniente que este nome, Jesus, glorioso e eminentemente


digno de receber todas as homenagens, adoração e culto, ‘nome que está
acima de todo nome’, fosse mencionado em primeiro lugar por homens,
nem que fosse introduzido por eles no mundo, mas por determinada
natureza mais excelente e mais perfeita (ORIGENES1, 2016, p. 29)

Não é de se admirar que o Nome Veio do Alto, pois tinha já registrado a


Missão a Ele confiada por Deus-Pai; Maria e José recebendo a missão de cuidar do
Filho de Deus e ao receber o nome para o menino, já contemplavam a justiça e a
alegria da Salvação esperada desde Adão e Eva. Como descreve São Bernardino
de Sena2: “Este é aquele Santíssimo Nome desejado pelos patriarcas, esperado com

1
ORÍGENES. Homilias sobre o Evangelho de Lucas. São Paulo: Paulus, 2016. – (Coleção Patrística)
2
Disponível em: https://pt.aleteia.org/2019/01/03/a-celebracao-do-poderoso-santissimo-nome-de-
jesus/. Acesso em 09 fev. 2022.
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ansiedade, suplicado com gemidos, invocado com suspiros, requerido com lágrimas,
dado ao chegar à plenitude da graça”.
Obedientes ao plano de Amor-Salvado do Pai, atentos a Lei, Maria e José,
quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o
Nome de Jesus como indicado pelo Anjo (Lc 2,21-24).
Diante do Verbo encarnado que acabará de receber o Nome de Jesus,
Simeão não conteve de alegria e bendisse a Deus. Tamanha foi o esplendor de
contemplar a Salvação, que já podia partir em paz (Lc 2,25-32).
Origines (apud AQUINO, 2020, p. 106)3 recorda que “se só de tocar a orla da
sua veste aquela mulher foi curada, o que se deve pensar de Simeão, que tomou o
menino em seus braços [...]”.
Como bem atesta a carta aos Filipenses a veneração ao Nome de Jesus é
desde o início do cristianismo. Assim exorta a carta: Nome, “que está acima de
todos os nomes, para que ao Nome de Jesus todos se ajoelhem, no céu, na terra e
nos abismos, e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de
Deus Pai”. (Fl 2,1-11).
É no Nome de Jesus que os pecados são perdoados. “O Filho do Homem tem
poder de perdoar pecados na terra” (Mc 2,10). Ele pode dizer ao pecador: “Teus
pecados estão perdoados” (Mc 2,5). E ele transmite esse poder aos homens – os
Apóstolos – (Jo 20,21-23) para que o exerçam em seu Nome.
Jesus assegura que milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os
demônios no Nome Dele e imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados
(Mc 16,17-18). No Nome de Jesus, os Apóstolos realizavam: “Não tenho ouro nem
prata, mas dou-te o que tenho: em Nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e
anda” (At 3,6; 9,34). Confirmando as palavras do próprio Jesus: “O que pedirdes ao
Pai em Meu Nome, ele vo-lo dará” (Jo 16,23).
Atestado pela palavra de Deus que o Nome Jesus veio do Alto, com toda a
autoridade, designado para o perdão dos pecados e a salvação; é pelo nome Dele
que nos dirigimos ao Pai; e, é na autoridade do Nome que os seus discípulos agem
para a glória de Deus.

3
AQUINO, Santo Tomás de. Catena Aurea: Exposição contínua sobre os Evangelhos. - Vol. 3 -
Evangelho de São Lucas. Tradução: Fabio Florence. Campinas: Ecclesiae, 2020.
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Diante dessa grandiosa revelação testificada e operada pelos apóstolos e


seus sucessores, na liturgia, a Igreja, ornada de paramentos brancos, celebra no dia
3 de janeiro a memória4 do Santíssimo Nome de Jesus. Nela se recorda, o mistério
redentor contido no adorável nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é,
efetivamente, Deus que salva.

1.2 SENTIDO SALVÍFICO DESSA CELEBRAÇÃO:


Diante do Nome de Jesus humildemente nos curvamos e veneramos,
pois, nenhum outro nome foi dado para que possamos ser salvos.

A antífona da Missa resume bem o sentido da celebração, quando nos


convida a adorar com reverência o Menino que contemplamos reclinado numa
manjedoura: “Ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra e nos
abismos, e toda língua proclame, para glória de Deus Pai que Jesus Cristo é
Senhor”. (MISSAL ROMANO 2011, p. 944).
Por sua vez a Oração do dia nos recorda que pela veneração do Santo Nome
de Jesus, depois de desfrutar na terra, gozemos no céu a eterna alegria. Além disso,
a Antífona da comunhão evidencia a grandeza da reunião da assembleia para a
celebração da memória do Santissimo Nome de Jesus: “Nenhum outro nome sob o
céu foi dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12). (MISSAL
ROMANO5, 2011).
Jesus disse: O que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará” (Jo 16,23).
E assim a Igreja reza, confiantes no seu Divino Mediador: “Acolhei, ó Pai todo-
poderoso, estas oferendas que vos apresentamos em nome do vosso Filho;
confiando em sua promessa estamos certos de obter o que pedimos”6.
Entretanto, para sermos dignos de participar da memoria do Santíssimo
Nome de Jesus, precisamos por Ele ser perdoados. Pois apenas Ele tem o poder de
perdoar os pecados, poder transferido aos homens ordenados para operar “in
persona Christi”. Explicita o catecismo que quando o Ministro Ordenado Diz: “E Eu te
4
No Missal Romano de 2002, e designada como uma memória facultativa durante o primeiro dia livre
após 1 de janeiro, nomeadamente 3 de janeiro.
5
IGREJA CATÓLICA. Missal Romano. 15. ed. São Paulo: Paulus 2011
6
IGREJA CATÓLICA. Missal Romano. 15. ed. São Paulo: Paulus 2011. Oração Sobre as Oferendas
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absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ele
realiza em nome de Jesus”. (CaIC, n. 1441-1449).
Nessa liturgia nos rendemos ao Soberano Nome de Jesus, damos glória a
Deus por ter Enviado o Seu Filho, em cujo o Nome encontramos a Salvação e
perdão dos pecados. Perdoados e com a dignidade de filhos restaurada podemos
recorrer ao Pai por Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Diante das maravilhas reveladas, a assembleia canta: Como é admirável o
vosso nome em toda a terra, Senhor, nosso Deus! (Sl 8,2).

1.3 IMPORTÂNCIA DA CELEBRAÇÃO E O SEU CONTEXTO LITÚRGICO

No dia 3 de janeiro, a Igreja oferece a possibilidade de celebrar a Memória


facultativa do SS. Nome de Jesus. Antes eliminada do calendário litúrgico em 1969,
a celebração foi novamente reposta no Calendário com o Missal Romano de 2002, e
designada como uma memória facultativa durante o primeiro dia livre após 1 de
janeiro, nomeadamente 3 de janeiro.
Dentro do Tempo do Natal, depois de celebrar a Solenidade da Epifania, a
Manifestação de Cristo de Cristo que atrai todos os povos da Terra, celebra-se a
Memoria SS. Nome de Jesus.
Apesar de ser uma memória é carregada de um grande significado, celebrar
o SS. Nome de Jesus é recordar e demonstrar um profundo respeito ao nome do
Filho de Deus encarnado.

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