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13.

CAPACIDADE DE
PROPOR SOLUÇÕES
EM TEXTOS
DISSERTATIVO-
ARGUMENTATIVOS

Inêz Gomes Guedes1


Poliana Maria Alves2

INTRODUÇÃO
Com o objetivo de se realizar, de forma isonômica, a avaliação dos textos dissertativo-argumentativos
do Enem, com fundamento na Matriz de Referência para Redação do Enem, foi estabelecida uma Grade
Específica com seis níveis (0 a 5) para esse fim. A proposta de intervenção, de acordo a grade, deve
relacionar-se com o tema sugerido, em cada edição do Enem, e com a argumentação desenvolvida
ao longo do texto do participante. Para tanto, a proposta de intervenção deve apresentar elementos
articulados à argumentação textual, como ação(ões), agente, modo/meio de execução, efeito
e detalhamento. Caso o participante apresente, em sua redação, mais do que uma proposta de
intervenção, o avaliador deve selecionar aquela mais completa e que esteja vinculada à argumentação
desenvolvida no texto.

1 Servidora técnico-administrativa da Universidade de Brasília (UnB). Mestra em Linguística pela Universidade de Brasília
(UnB). Especialista em Direito Penal (Universidade Cruzeiro do Sul). Advogada (OAB-DF). Bacharela em Direito (IESB).
2 Professora Associada do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília (UnB).
Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). Mestra
em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB).
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Nos níveis da Competência V, avalia-se, inicialmente, a proposta de intervenção que


respeite os direitos humanos. Em edições anteriores a 2017, para a avaliação dos textos do
Enem, havia sido definida a Situação “Fere Direitos Humanos”, pela qual se deveria atribuir
nota zero a qualquer redação que veiculasse formas de desrespeito aos direitos humanos.
Na edição de 2017, com base no eixo cognitivo “Elaborar propostas”, passou-se a considerar
que a nota zero seria atribuída não a toda a redação, mas apenas à proposta de intervenção
que desrespeitasse os direitos humanos.

Assim, deve-se avaliar a proposta de intervenção conforme os níveis subsequentes.

NÍVEL 0
O texto é avaliado no nível 0 quando não houver apresentação de proposta de intervenção,
quando se tratar de cópia integral de proposta (presente no enunciado temático ou nos
textos motivadores), quando a proposta apresentada não estiver relacionada sequer ao
assunto ou, ainda, quando a proposta de intervenção desrespeita os direitos humanos.

NÍVEL 1
A proposta de intervenção é avaliada no nível 1 quando é apresentada em texto que
tangencia o tema, ou quando, em texto com abordagem completa do tema, apresenta
apenas elemento(s) nulo(s), ou seja, que não está(ão) explicitados(s) no texto, ou, ainda,
quando a proposta de intervenção contém apenas um dos elementos válidos (ação não
nula; agente não nulo; modo/meio de execução; efeito; detalhamento de qualquer dos
elementos válidos).

Enquadra-se no nível 1 a proposta de intervenção que é relacionada apenas ao assunto


tratado na redação. Nesse caso, se o texto tangencia o tema (nível 1 da Competência II), isto
é, deixa em segundo plano a discussão em torno do eixo temático objetivamente proposto,
com abordagem parcial nos limites do assunto mais amplo a que está vinculado o tema, a
proposta de intervenção apresentada é avaliada no nível 1. Ressalve-se que a vinculação
do nível 1 da Competência V ao nível 1 da Competência II se dá apenas quando o nível 1
dessa Competência decorrer estritamente do tangenciamento do tema. Se, porventura, o
nível 1 da Competência II é atribuído em razão do domínio precário da estrutura textual
dissertativo-argumentativa, a proposta de intervenção não necessariamente é avaliada no
nível 1, e poderá alcançar, no máximo, o nível 2 da Competência V.

A proposta de intervenção com elemento(s) nulo(s) é aquela genérica ou previsível, quese


restringe a proposta de orientação ou a sugestões de denúncias, tais como “Precisam
orientar as crianças para o amanhã”; “Denunciem o caso às autoridades”; “Ligue no 180”
180 etc. Dessa maneira, avalia-se a proposta de conscientização ou reflexão, isto é, que envolve
meramente o nível mental, sem qualquer especificação: “Precisa-se refletir o assunto”, “É

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necessário fazer alguma coisa” etc. Nesses exemplos, não há explicitação de agente válido
(assim considerado o ator social precisamente identificado para a execução da ação), nem
de modo/meio de execução, de efeito ou de detalhamento.

Avalia-se, no nível 1, a proposta de intervenção cujo agente (válido) seja indicado pelo
pronome de primeira pessoa de plural “nós” (= a sociedade como um todo) ou evidenciado
a partir da desinência verbal de primeira pessoa do plural (sujeito oculto), que também
podem envolver o nível mental (conscientização ou equivalente), sem especificação de
outro(s) elemento(s) válido(s): “Temos que tomar consciência”; “Vamos pensar a respeito
disso”.

Por sua vez, o agente nulo (expresso por alguns pronomes indefinidos substantivos, tais
como “Alguém”, “Ninguém”, “Alguns”, “Uns”, “Uns e outros”, ou mesmo o pronome de
tratamento “Você”, ou indicado pela forma verbal no modo imperativo, sem vocativo) só
conta para a atribuição de nota de nível 1, não podendo ultrapassar esse nível.

Entretanto, são válidos os agentes indicados por pronomes indefinidos ou expressões que
estão relacionados à ideia de ator social definido (= a sociedade), a exemplo de “Todos”, “As
pessoas”, “Todo o mundo”, os quais devem ser contabilizados para se atribuir outros níveis
de avaliação (caso estejam acompanhados de outros elementos válidos).

Também é avaliada no nível 1 a proposta de intervenção com ação nula, ou seja, que não tem
caráter interventivo propriamente dito, tal como a ação indicada por verbos na voz passiva
(locução verbal = “ser” + particípio): “Assim sendo, são necessárias medidas para atenuar o
problema”; “É preciso que se tome uma medida efetiva”; “Ações devem ser providenciadas”;
“Entraves devem ser eliminados para a realização de ações concretas”. Não se informa, em
nenhum desses exemplos, “O que deve ser feito?”: qual é a ação concreta apresentada para
intervir na solução do problema abordado/suscitado no enunciado temático da redação.

Em suma, o agente nulo e a ação nula só são contabilizados para a atribuição do nível 1 da
matriz de referência, não sendo considerados para a atribuição de nível superior (proposta
de intervenção que apresenta apenas elemento(s) nulo(s)).

Será avaliada, também, no nível 1, a proposta de intervenção que contém apenas um dos
elementos válidos (ação; agente; modo/meio de execução; efeito). Aqui, nem se cogita o
detalhamento, dado que, se não é apresentado 1 elemento válido, não há detalhamento a
ser considerado (cf. agente nulo/ação nula).

NÍVEL 2
Avalia-se no nível 2 a proposta de intervenção relacionada ao tema que explicite, ao
menos, dois elementos válidos, ou seja, ação(ões) e outro elemento (agente, modo/meio
181
de execução, efeito, detalhamento), ou a proposta de intervenção relacionada ao tema,
mas não articulada à discussão desenvolvida no texto.

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Na segunda situação desse nível, há falhas concernentes à estruturação formal, à elaboração


das ideias ou mesmo à vinculação da proposta à discussão desenvolvida no texto, muitas
vezes sem especificação de modo/meio de efetivação das ações elencadas ou mesmo de
explicitação de agentes/atores envolvidos. Nesse caso, a diferença entre a proposta de
nível 1 e a proposta de nível 2 está na especificação da intervenção genérica sugerida, ou
no acréscimo de informações a essa intervenção, ou na explicitação de outras formas de
intervenção. Exemplos de proposta desse nível seriam “O governo precisa olhar mais para
as mulheres desse país e implantar políticas que as protejam de seus agressores” (não há
especificação de como o agente deve intervir — como deve olhar?; que políticas poderiam
ser implantadas?); “É preciso nos conscientizarmos do problema e educar as crianças para
serem melhores cidadãos” (de que maneira se daria a conscientização?; como e quem
seria responsável por educar as crianças?). Nos dois exemplos, a ideia trazida em forma
de proposta não é esmiuçada e não há informação suficiente quanto ao modo pelo qual
as ações propostas seriam viabilizadas. Portanto a proposta de intervenção que não se
articula à discussão desenvolvida no texto é aquela proposta pronta, que se encaixaria
em qualquer temática solicitada no enunciado da redação. Esse é o caso de texto que não
alinhava as informações contidas na argumentação com as propostas elencadas.

NÍVEL 3
Para que a proposta de intervenção seja avaliada no nível 3, é necessário que esteja
relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto com explicitação de, ao
menos, 3 elementos válidos: ação(ões), agente(s) e modo/meio de execução, ou ação(ões),
agente(s) e efeito, ou dois dos elementos válidos mais o detalhamento de um deles.

Considera-se que, a partir do nível 3, a proposta de intervenção deve estar necessariamente


articulada aos argumentos evidenciados ao longo do desenvolvimento da redação.
Nesse nível, enquadra-se a proposta de qualidade intermediária, embasada no eixo
argumentativo do texto, mas que ainda não apresenta uma contribuição abrangente. A
partir do nível 3, devem ser considerados os agentes/atores envolvidos na intervenção —
governo; iniciativa privada; comunidade (ONG, igreja, associação de bairro); mídia; escola;
família; indivíduo — e devem ser apontadas, de forma satisfatória, as ações de intervenção
na realidade social e os modos/meios de realização dessas ações — por intermédio de
debates, diálogos, regulamentação de leis, criação de novas regras, fiscalização, proibição,
realização de campanhas educativas etc. Mantém-se nesse nível a proposta de intervenção
em que, além de ação(ões) e agente(s), seja(m) explicitado(s) efeito(s) em vez de modo/
meio de execução, ou detalhamento de qualquer elemento.

De modo geral, a proposta de intervenção, com todos os elementos pertinentes, deve


estar explicitada e minimamente elaborada, no que diz respeito à estruturação sintática e
às ideias, de maneira que o avaliador não precise inferir informações relativas à proposta.
182
É o mínimo satisfatório que se espera de uma proposta de intervenção para o problema
abordado.

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Na Matriz de Referência para Redação do Enem, o nível 3, em qualquer Competência, é


o nível mediano por excelência. Assim, na Competência V, se faltar um dos elementos
da proposta de intervenção (por exemplo, que ação deve ser viabilizada, quem deve
intervir na ação ou como/por meio de que deve ser realizada a intervenção ou, ainda, qual
efeito é produzido por essa ação no mundo real), tal proposta será considerada de nível
imediatamente inferior. De igual modo, a proposta que envolver todos esses elementos
será avaliada em nível imediatamente superior, desde que esteja relacionada ao tema e
articulada à discussão desenvolvida no texto.

NÍVEL 4
A proposta de intervenção de nível 4 é relacionada ao tema e decorre da discussão
desenvolvida no texto com explicitação de ação(ões), agente(s), modo/meio de execução
e efeito. Nesse nível, a proposta deve ser bem elaborada, seja no âmbito das ideias, seja
no da estrutura sintática. No âmbito das ideias, é necessário que a proposta especifique
ação(ões), agente(s), modo/meio de realização e efeito.

O que diferencia a proposta de nível 4 da proposta de nível 5 é a presença, na redação


avaliada neste nível, de todos os elementos válidos, inclusive o detalhamento, ou seja,
não pode faltar um dos elementos válidos na proposta de nível 5. Assim, se houver falhas
na indicação de um dos 4 elementos válidos (ação/ações elencadas; agentes/atores
envolvidos na intervenção; modos/meios de execução; efeitos produzidos/finalidades a
que se destinam; detalhamento de um dos elementos), essa proposta de intervenção será
avaliada no nível 4.

NÍVEL 5
A proposta de intervenção de nível 5 é relacionada ao tema e articulada à discussão
desenvolvida no texto com explicitação de ação(ões), agente(s), modo/meio de execução,
efeito e detalhamento. Assim como a proposta de intervenção de nível 4, a de nível 5 deve
ser muito bem elaborada do ponto de vista sintático e das ideias. Deve ser coerente no
sentido de considerar os aspectos abordados na argumentação e na defesa de ponto de
vista, estabelecendo vínculo com a tese desenvolvida na redação.

Nesse nível, a proposta deve conter (i) ação/ações que o(s) agente(s) deve(m) colocar em
prática — orientar, educar, promover palestras e debates, criar e regulamentar leis, ampliar
o escopo de leis já criadas, fiscalizar, proibir etc.; (ii) agente(s) — governo, iniciativa privada,
comunidade (ONG, igreja, associação de bairro), mídia, escola, família, indivíduo; (iii) modo/
meio de realizar a(s) ação/ações — mediante diálogo, promoção de palestras acerca do
tema exigido, envolvimento da sociedade, participação da família e da escola etc.; (iv) efeito
produzido pela(s) ação/ações sugerida(s) para solucionar o problema focalizado no texto. O 183
detalhamento, característica desse nível, na Matriz de Referência, está diretamente

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relacionado aos elementos agente, modo/meio e efeito. Como a ação propriamente dita é
o cerne da proposta de intervenção, para que haja o seu detalhamento, é imprescindível
mencionar os elementos agente(s), modo/meio de execução e efeito, ou seja, além de se
expor a intervenção sugerida, deve-se pormenorizar ao menos um dos elementos citados,
que sejam pertinentes para a consecução da ação.

Saliente-se que a proposta de intervenção de nível 5 deve refletir os conhecimentos do


autor e expressar sua visão de mundo ao apresentar possíveis intervenções para o problema
abordado, respeitando os direitos humanos.

SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS NA AVALIAÇÃO DA


PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
No processo de avaliação da proposta de intervenção, ressaltam-se as seguintes situações
especiais:

• propostas repetidas ao longo da redação. Às vezes, são elaboradas propostas que se


repetem ao longo da redação, ou seja, essas são meras paráfrases umas das outras. Isso
poderia falsear a avaliação em um nível acima. Nesses casos, o avaliador deve considerar
a forma (sintática e de coerência entre as ideias) como está estruturada a proposta, para
evitar atribuir um nível acima do que a proposta realmente expressa;

• texto meramente propositivo. O avaliador pode se deparar com texto meramente


propositivo, o que indica que a(s) proposta(s) de intervenção não está(ão) atrelada(s)
à discussão desenvolvida, haja vista a inexistência de desenvolvimento propriamente
dito dos argumentos selecionados para abordar a temática contida no enunciado da
redação. Nesses casos, o avaliador deve considerar o nível coerente com a ausência de
articulação à discussão desenvolvida no texto, ou seja, até o nível 2;

• lugar/local da proposta no texto dissertativo-argumentativo. Muitas vezes, na avaliação,


busca-se a proposta ao final da redação, na conclusão/retomada da tese, do ponto
de vista que foi defendido e dos argumentos utilizados para defendê-lo. Deve-se
considerar, no entanto, que, como não há obrigatoriedade de apresentação da proposta
apenas ao final da redação, essa deve ser avaliada onde ocorrer no texto, seja no início,
seja no meio, ou no fim. Há textos em que, já na introdução, é apresentada, de forma
indireta, a intervenção para o problema focalizado, com retomada nos argumentos ao
longo do texto. Na avaliação, considere-se, também, que os argumentos apresentados
ao longo da redação devem culminar na proposta de intervenção, que com esses deve
estar entrelaçada, de maneira coerente, ou seja, os argumentos defendidos devem
184 contribuir para a defesa de ponto de vista, e a proposta de intervenção deve estar
alinhada à argumentação desenvolvida. Por essa razão, a proposta de intervenção

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incluída na conclusão atende ao modelo tradicional da estrutura textual dissertativo-


argumentativa, com proposição, argumentação e conclusão. Entretanto, há redações
em que, em cada parágrafo, é feita uma espécie de conclusão com proposta de
intervenção relacionada à discussão desenvolvida naquele parágrafo, em que pode ou
não haver retomada geral, ao final do texto, da(s) ação(ações) e(ou) de outros elementos
que colaboram para a intervenção. É por isso que o avaliador deve conceber a existência
da proposta em qualquer parte da redação e deve avaliá-la em conformidade com os
níveis da Competência V. Se a proposta é relacionada ao tema e decorre da discussão
desenvolvida no texto com explicitação de ação(ões), agente(s), modo/meio de
execução, efeito e detalhamento, além de estar estruturada de forma coerente com os
argumentos do texto, então deve ser avaliada com o nível máximo da Competência V;

• relação entre a temática definida no enunciado da redação e os princípios das


Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. Deve-se levar em conta,
na avaliação, se a proposta de intervenção elaborada é coerente, ao longo do texto,
com a construção dos argumentos a respeito da temática definida no enunciado da
redação, o que significa dizer que não será bem avaliada a elaboração de proposta de
intervenção contrária à argumentação do tema exposto. Saliente-se que é condição
indispensável que a proposta de intervenção presente na redação respeite os direitos
humanos e, nesse sentido, deve atender aos princípios das Diretrizes Nacionais para
a Educação em Direitos Humanos. Entretanto, há textos em que são veiculados, na
argumentação, pontos de vista e opiniões alicerçados em discursos contrários aos
princípios das Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, o que indica
contradição em relação ao encaminhamento da temática definida no enunciado da
redação. Nesses casos, o texto é avaliado nos níveis de todas as Competências, mas com
ressalvas: mesmo que adstrita aos limites do tema proposto, uma redação que contenha
argumentação contraditória será avaliada como inconsistente na Competência II,
podendo alcançar somente até o nível 3; na Competência III, é avaliada até o nível 2, por
conter contradição; na Competência V, por não estar coerente com a defesa dos direitos
humanos, considerada na argumentação desenvolvida no texto, alcança até o nível 2;

• presença do fragmento textual que desrespeita os direitos humanos na proposta de


intervenção. O avaliador deve ter a convicção de que o fragmento textual que afronta
os direitos humanos está contido na proposta de intervenção do participante, não
podendo atribuir a nota zero na Competência V caso esse fragmento se configure como
ponto de vista do autor da redação — atendimento ao que define o edital do Enem e
ao direito fundamental à liberdade de expressão do participante. É necessário, ainda,
que o avaliador esteja adstrito ao que está explicitamente proposto pelo participante,
sendo-lhe vedado transcender a proposta de intervenção com interpretações próprias
— respeito à materialidade do texto. Também é preciso ter o cuidado de verificar o
contexto em que algumas expressões foram utilizadas pelo participante para que se 185
possa definir se, naquele contexto específico definido pelo autor do texto, há (ou não)

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desrespeito aos direitos humanos — atenção ao contexto no qual se desenvolve a


proposta de intervenção. Desse modo, sempre que se identificar desrespeito aos direitos
humanos na proposta de intervenção, ainda que haja outras propostas, na mesma
redação, que não sejam afrontosas aos direitos humanos, o avaliador deve atribuir o
nível 0 à Competência V.

AMOSTRAS ADAPTADAS DE REDAÇÕES DO ENEM


Na sequência, são apresentadas amostras, com adaptações, de redações das edições do
Enem 2022, dispostas em ordem decrescente de nível na Competência V — do nível 5
(máximo) ao nível 0 (mínimo). Os temas do Enem 2022 foram Desafios para a valorização
de comunidades e povos tradicionais no Brasil (aplicação regular) e Medidas para o
enfrentamento da recorrência da insegurança alimentar no Brasil (reaplicação/PPL).

NÍVEL
5
1 O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 preceitua que todos são iguais perante a lei.
2 e tradicionais, inclusive no que se refere à plenitude de ocupação territorial para manifestação de
3 suas práticas sociais. A problemática reside na pluralidade de composição do povo brasileiro; e,
4 o principal obstáculo à efetividade dos ditames constitucionais é justamente o conflito de interesses entre
5 o principal obstáculo à efetividade dos ditames constitucionais é justamente o conflito de interesses
6 esses grupos.
7 Sérgio Buarque de Holanda, na obra “O povo brasileiro”, apresenta a tríplice matriz étnica da
8 formação do Brasil: colonizadores lusos, escravizados negros africanos e indígenas originários.
9 De um lado, o processo formativo nacional é marcado pelos interesses dos conquistadores, em espe-
10 cial os econômicos e territoriais, que sempre veio marcado por violência e subjugação. O que parece
11 uma narrativa do passado perdura até os dias atuais. Uma expressiva parcela dos descendentes dos
12 invasores europeus insiste em descumprir a lei, e segue invadindo terras e desrespeitando a autonomia
13 cultural daqueles que aqui já estavam ou que para cá foram forçados a vir. Argumentos como o
14 desenvolvimento econômico substituem a dominação pura, mas continuam trazendo a desvalorização
15 dessas comunidades tradicionais.
16 Por outro lado, aqueles que são protegidos por não deterem o domínio da estrutura política — e que
17 são também os injustiçados históricos —, resistem pacificamente e democraticamente aos contínuos
18 ataques perpetrados pela própria evolução histórica do país. As populações tradicionais possuem
19 direitos a demarcação de terras para que possam viver e experienciar a socialização conforme seus
20 ditames culturais, porém o efetivo acesso a terra encontra óbice na reprodução dos padrões coloniais
21 e nos novos argumentos econômicos. Um exemplo disso é o projeto de lei da deputada Katia Abreu,
22 de 2003, que está aprovado em uma das casas legislativas, que exige que os povos originários
186 23 comprovem a ocupação da terra anterior a 1988 para ter acesso a demarcação. A deputada afirmou
24 que o país depende de recursos naturais dessas terras para o desenvolvimento nacional.

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25 A partir do exposto, percebe-se que a valorização da cultura desses povos deve decorrer da me
26 lhor educação do povo brasileiro, por meio de políticas educacionais promovidas pelo Ministério
27 da Educação, em conjunto com o Ministério da Cidadania, a fim de que as injustiças históricas e o
28 descumprimento da lei não invalidem os preceitos constitucionais aplicáveis aos povos tradicionais do
29 Brasil. O objetivo é que todos respeitem todos, até os diferentes.

COMENTÁRIO:
Trata-se de redação cuja proposta de intervenção é relacionada ao tema e articulada à discussão
desenvolvida no texto com explicitação de ações, agentes, modo/meio de execução, efeito
e detalhamento tanto do agente quanto do efeito. Na abordagem do tema, o participante
lança mão da autoridade emanada da Constituição Federal de 1988, cujas proteções abarcam
as comunidades e os povos tradicionais e sua cultura, além de trazer informações acerca da
matriz étnica da formação do Brasil citadas pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, o
que reforça a linha de discussão desenvolvida no texto.

NÍVEL
4
1 As palavras “Ordem e progresso” são um dos elementos que compõe a bandeira nacional do Brasil,
2 sendo carregada no coração da nação brasileira com muito orgulho. Advém que, a desvalorização
3 de comunidades e povos tradicionais brasileiros, causa um efeito contrário das palavras “Ordem”
4 e “progresso”, pois as dificuldades e desafios enfrentados por estas comunidades provocam uma
5 desordem e regresso dentro de vários âmbitos da sociedade brasileira.
6 Convém que, a precariedade encontra-se entre muitas famílias tradicionais, especialmente nas famílias
7 que vivem do setor primário e são moradoras das zonas rurais. Este fato é extremamente preocupante,
8 já que estes deveriam receber a mesma inclusão e infraestrutura que o restante da sociedade recebe.
9 Nota-se que, as regiões norte e nordeste são as que mais agregam povos e comunidades tradicionais.
10 O Pará possui mais de 50 mil famílias ribeirinhas, e cerca de 50 mil famílias se sustentam da
11 pesca e do extrativismo. Esses dados mostram a importância de se investir e ajudar tais indivíduos,
12 que também ajudam e contribuem para com a sociedade através de seus trabalhos, principalmente nos
13 setores da pecuária e da agricultura.
14 Contudo, se nenhuma medida for tomada na intenção de ajudar e valorizar o trabalho e esforço das
15 comunidades tradicionais, o setor primário pode entrar em uma crise e consequentemente, paralisar os
16 demais setores econômicos.
17 Dessa forma, o Estado deve garantir e assegurar que esses cidadãos tenham os valores devidamente
18 reconhecidos fazendo jus às palavras escritas em sua própria bandeira, e zelar pela preservação da
19 história desses povos e comunidades, implantando leis e ações para que muitos dos desafios venham 187
20 ser transformados em melhorias.

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COMENTÁRIO:
Ainda que haja duas propostas apresentadas ao final do texto, na forma de conclusão,
apenas a última contém os elementos válidos para a atribuição do nível 4, ou seja, a segunda
proposta de intervenção é relacionada ao tema e decorre da discussão desenvolvida, com
explicitação de ações, agente, modo/meio de execução e efeito. No texto, o participante
contrapõe a inscrição “Ordem e progresso” da bandeira brasileira às dificuldades e aos
desafios enfrentados pelas comunidades tradicionais e retoma essa informação na
construção das propostas, o que denota o alinhamento entre a proposta e a discussão
desenvolvida no texto.

NÍVEL (proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida


3 no texto com explicitação de ação(ões), agente(s) e modo/meio de execução)

1 Povos tradicionais do Brasil


2 Quando falamos em povos tradicionais do Brasil, não so se referimos aos indígenas e quilombolas,
3 também estamos nos referindo a outros povos e suas culturas e costumes seus conhecimentos vai
4 além do nosso saber, assim como os pescadores e suas famílias, que vivem da caça e pesca, são
5 considerados uns sobreviventes da natureza, pois além de viver e consumir pescados, eles so pescam
6 e caçam quantidade suficiente para seu consumo próprio, além de preservar a flora a fauna, além
7 disso eles nos ensinam que devemos respeitar as adversidades, infelismente o grande desafio desse
8 povos ribeirinho pescadores, indígenas e quilombolas, esta sendo os fazendeiros empresários que já
9 descobriram riquezas, pedras e ouro no solo da amazona.
10 O governo federal, através das politicas publicas, poderia fazer um ótimo trabalho multando esses
11 fazendeiros. Mas ainda ha muito a se fazer, de nada adianta só prender, e multar esses fazendeiros,
12 já que não tem fiscalização pelos órgão governamental.
13 Os povos indigenas e quilombolas, ribeirinhos, pescadores estão pedindo socorro.

COMENTÁRIO:
A proposta de intervenção é avaliada no nível 3 porque está relacionada ao tema e
articulada à discussão desenvolvida no texto com explicitação de ações (poderia fazer
um ótimo trabalho multando esses fazendeiros), agente (governo federal) e modo/meio de
execução (através das politicas publicas). A discussão central do texto mostra que os povos
tradicionais são vítimas de grilagem pelos fazendeiros, ideia que é retomada na proposta
de intervenção. Observa-se que o fragmento apresentado na sequência, no parágrafo final,
não configura outra proposta de intervenção, apenas uma constatação.

188

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NÍVEL (proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão


3 desenvolvida no texto com explicitação de ação(ões), agente(s) e efeito)

1 No livro “utopia” do escritor Thomas More, retrata uma sociedade perfeita e harmoniosa, sem
2 entrave. Fora da Ficção, o Brasil se encontra distante dessa visão, pois a desafios para a val
3 orização de comunidas e povos tradicionais, devido a desvalorização cultural dos povos nativos na
4 visão “Etnocêntrica” e a inoperância governamental sobre a valorização cultural.
5 Ademais, o conceito de “Evolucionismo cultural” do sociólogo Edward Tyler expõe a existência de
6 uma sociedade “primitiva” e “civilizada” com a justificativa de uma sociedade superior e inferior. No
7 contexto histórico do país, referente ao descobrimento do Brasil apresenta essa visão etnocêntrica
8 europeia de desvalorização cultural. Nesse sentido, a sociedade herdou indiretamente essa visão com
9 Outrossim, o conceito de “Intuição Zumbi” do sociologo Zygmund Bauman expõe a existência de
10 instituições que perderam sua função social. De maneira análoga, o Ministério da Cultura atua como
11 uma “instituição “Zumbi” devido a inoperância governamental sobre a valorização cultural.
12 Com o intuito de minimizar a problemática, o Ministério da Educação deve promover palestras di
13 vulgando a importância da valorização cultural e o respeito com as diversas culturas existentes no
14 país e o Estado deve promover politicas públicas referente ao Ministério da Cultura para atuar na
15 valorização e conservação dos saberes tradicionais da comunidades e povos tradicionais.

COMENTÁRIO:
O texto apresenta duas propostas que estão relacionadas ao tema e à discussão
desenvolvida com explicitação de ações, agentes e efeito. Ambas as propostas retomam
a ideia de que há desafios para a valorização da cultura das comunidades e dos povos
tradicionais que devem ser superados pela ação do Estado, por meio do Ministério da
Educação e do Ministério da Cultura, com o efeito de minimizar o problema e conservar os
saberes tradicionais.

NÍVEL (proposta de intervenção que explicita ação(ões) e outro elemento (agente,


2 modo/meio de execução, efeito))

1 O Brasil é um país que possui milhões de abitantes, dentre esses abitantes existem, raça, cor e
2 cultura diferente. Um desses abitantes são os povos tradicionais que são pescadores, extrativistas,
3 quebradeiras de coco, entre outros.
4 Os povos tradicionais do Brasil conhecem muito bem à natureza, seja os rios, por parte dos pesca
5 dores, sejam as florestas por parte dos extrativistas, dentro dessa comunidade existe exclusão por 189
6 parte do governo e ate mesmo por pessoas com uma renda financeira maior.

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7 Assim sabemos, que sem dúvidas todos nós, seja branco, negro, pardo, alto, baixo, gordo, magro,
8 todos precisamos de apoio, de um amigo, um familiar e eles também não são diferente.
9 A sociedade atual em que vivemos, mostra que não dão importância para esse povo, pois são de
10 uma classe social não muito boa, e todos sabemos que no Brasil a maioria das pessoas que não têm
11 reconhecimento pela sociedade são esses povos.
12 Portanto para um país progredir é preciso cuidar de todos, não só olhando para os mais ricos, ol-
13 hando para todos independente da classe social, independente da raça, independente da cor, povos
14 tradicionais também merecem nosso apoio.

COMENTÁRIO:
O texto é avaliado no nível 2 porque a proposta de intervenção está relacionada ao tema
e explicita uma ação (cuidar de todos) e o efeito dessa ação (para um país progredir). Ainda
que genérica, essa proposta decorre da discussão desenvolvida, ao retomar a ideia de que
os povos tradicionais merecem cuidado e apoio.

NÍVEL (proposta de intervenção relacionada ao tema, mas não articulada à discussão


2 desenvolvida no texto)

1 Alimentação Aqui no Brasil hoje em dia, em primeiro lugar teria de ser um direito há todos, pois nem
2 todo brasileiro pode ter um prato de comida em sua mesa, 33 milhões passam fome, e isso é um desre
3 speito com a população brasileira. O Povo está desvalorizando o proprio povo, enquanto alguns tem
4 de tudo, e até sobrando. Outros mal tem o que se alimentar e isso é uma vergonha ganham salários
5 absurdos, andam em carros de luxo, mansões, iates, tudo tem direito, temos que cobrar daqueles que
6 tem sobrando, não dos que já estão com falta.
7 Acho que a política tem que ser mais justa e parar para notar que aqueles que precisam, não poderiam
8 ser cobrados.
9 Teriam que cobrar daqueles que possuem de sobras esse é a minha idéia.

COMENTÁRIO:
A redação trata do tema “Medidas para o enfrentamento da recorrência da insegurança
alimentar no Brasil”. Nesse texto, a proposta de intervenção é relacionada ao tema, mas
não decorre da discussão desenvolvida, pois não retoma a ideia da alimentação como um
direito inerente a todos. Embora fale de cobrar algo dos que mais possuem, essa ideia não
está vinculada ao direito à alimentação.
190

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NÍVEL
(proposta de intervenção apresentada em texto que tangencia o tema)
1
1 Os conceitos atuais não pretendem valorizar as comunidades, pois são tratadas sem igualdades e
2 vistas como um “lugar perigoso”. A maioria da população sofrem desigualdade e muitos julgamentos.
3 Nem toda população que ali se habita está interligada com o trafico de drogas e sim porque não tem
4 para onde ou para guen recorrer.
5 O Ministerio Público desvaloriza em grande quantidade as comunidades e as pessoas que ali se
6 habitam. Grande parte da população ou toda população, vem decorrente a moradias as vezes de
7 situação precarias e acabam sofrendo preconceitos e acabam gue sua mente começa a ser torturadas
8 até gue entram para a vida do crime.
9 A população gue não vivem em situações como essas são as primeiras a julgar, as vezes o precon-
10 ceito e tão plugnante gue acabam partindo para a parte da agressão. A maioria de crianças que
11 moram em comunidades ribeirinhas não tem acesso a, á escola, hospitais e outros meios, infelizmente
12 o governo não consegue enxergar esses tipos de situação porgue estão mais focados em suar dinheiro
13 com propina ao invés de investir em comunidades.
14 O Ministerio Publico não propõe uma mudança para essas áreas gue precissam de atenção, pois
15 deveriam incentivar a população, como, transportes publicos gue comportem a população, melhorias
16 em escolas publicas, investimento na saúde, vistorias e aplicações de saneamento basico. E principal
17 mente promover campanhas e doações de alimentos e vestimentos, pois a situação de pessoas que vivem
18 em abientes extremo como comunidades e favelas não possui tipos de coisas como essas citadas.

COMENTÁRIO:
Trata-se de texto que tangencia o tema, ao enfocar comunidades e favelas das cidades, e não
comunidades ou povos tradicionais, e escapa da situação “Fuga ao tema” apenas porque
o participante nele introduz a palavra “ribeirinhas”, cujo significado denota desconhecer.
Portanto a proposta de intervenção é avaliada no nível 1 da Competência V porque é
igualmente tangente ao tema. Ademais, a proposta é iniciada com uma constatação na
forma negativa, mas, na sequência, revela-se que o agente é o próprio Ministério Público.

NÍVEL
(proposta de intervenção com elemento(s) nulo(s)
1
1 — Brasil o pais da diversidade, de pessoas tradiçionalmente aguerrida, um pais de acolhimento,
2 paixão e de diversas tradiçoes em todas as regiões, que se destaca por ter uma imensa riqueza natu
191
3 ral, e comunidades privelegeadas em diversas areas.
4 — Comunidades que são benefiçiadas atráves da troca de favores com a própria natureza, me refiro

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5 as povos tradicionais brasileiros, aqueles que preservam a natureza e o meio ambiente, que defendem-
6 a biodiversidade em todo territorio.
7 — Precisam se importar com a valorização, e apoio em todas as sincustançias a cada comunidade,
8 e o brasil e suas riquezas naturais continue sendo reciproca e mantendo vivo cada benefiçios dadas
9 as povos dessas comunidade.

COMENTÁRIO:
A proposta de intervenção, ao final do texto, restringe-se a orientar acerca da importância
da valorização dos povos tradicionais, sem apontar agente(s) envolvido(s), modo/meio
de execução ou efeito que se pretende obter com a ação proposta. Nesse caso, só não é
considerada uma constatação (ou seja, não seria uma proposta) porque é introduzida por
“Precisam se importar”, ou seja, apresenta somente elemento(s) nulo(s).

NÍVEL
(proposta de intervenção com apenas um elemento válido)
1
1 Quando falamos de estado de calamidade, não podemos esquecer da desnutrição alimentar: infantil e
2 adulta. que ainda existe trabalho escravos em algumas regioes do brasil, por falta de oportunidade
3 de estudo, trabalho por nascer em um laço familiar totalm-ente desistruturado essas pessoas acaba
4 passando por essas situações dessagradavel.
5 Hoje no brasil você prezencia. essa fatalidade que ocorrer na nossa sociedade nas praças, serem
6 humanos jogados, por vicios, alcoor, drogas que hoje em pleno sêculo XXII voce presencia isso nas
7 ruas.
19 Pressenciamos pessoas com relações humanas onde acolhem essas pessoas que estão passando por
20 essa dificuldade alimentar, psicologica. Consientizando pequenos grupos de ajudas e apoio fazendo
21 do nosso brasil que seja o melhor, com mais amor, contribuir muito com a criaçao, de apoio moral e
22 etico a essas famílias disponibilizando, bolsas, cursos o apoio que a família nessecita. para que
23 tenha uma vida mais digna.

COMENTÁRIO:
Nessa redação, é apresentada uma proposta, em forma de conclusão, que contém
a ação como um elemento válido, ainda que mal estruturada pelo uso do gerúndio
(Consientizando pequenos grupos de ajudas e apoio fazendo do nosso brasil que seja o melhor),
sem especificação do que poderia ser feito para que se tornasse uma ação exequível.
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NÍVEL
(texto que não apresenta proposta de intervenção)
0
1 É notório que os principais desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no
2 Brasil são os movimentos sociais e o grande preconceito pela diversidade de culturas e costumes nas
3 comunidades, e então, falando-se sobre o assunto, vem com ele diversas opiniões.
4 O preconceito se inicia com a grande falta de conhecimento, pois quando se fala sobre comunidades
5 brasileiras, a maior da população lembra apenas das comunidades indígenas e quilombolas, porém
6 não são as únicas existentes. Atualmente, existem mais de 20 comunidades reconhecidas oficialmente
7 na legislação, todas consideradas e capazes de se reconhecerem entre si.
8 Por meio do Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2017, foi criada a PNPCT em um contexto
9 de busca de reconhecimento e perseverança de outras formas de organização social por parte do
10 Estado. Trazendo com ela mais projetos e inclusões sociais, tentando assim uma forma de espalhar
11 conhecimento sobre tais comunidades e possivelmente mais membros.

COMENTÁRIO:
Essa redação enquadra-se no nível 0 da Competência V, uma vez que não apresenta
proposta de intervenção. Observa-se que o texto só não é avaliado na situação “Cópia de
textos motivadores” porque contém mais de 7 linhas de escrita pessoal do participante.
Então, é avaliado em todas as competências, com os devidos ajustes de nível em cada uma
delas.

NÍVEL
(proposta de intervenção não relacionada sequer ao assunto)
0
1 “Pesquisa da UnB, algumas populações consideram a terra como uma mãe, e há uma relação de
2 reciprocidade com a natureza. Nessa troca, a natureza fornece alimento, um lugar saudável para
3 habitar”.
4 Nos dias hordiernos podemos visualizar a taxa de população desempregado e que consequentemente
5 passam necessidade
6 Em documentários no G1 é possível ver a quantidade de crianças passando fome, subindo em onibus
7 coletivo para pedir comida dinheiro, atualmente a realidade está sendo exatamente essa.
8 Contudo o que está sendo muito abordado é a importância da saúde pública, pessoas com falta de
9 saneamento basico em suas comunidades, moradias insatisfatoria, com taxas de doenças infecciosas
10 pela qualidade de vida em que vive, isso tudo que consequentemente que comeca pela falta de empre
11 go, prejudicando qualidade de vida da população conforme a região que atualmente pelas taxas e 193

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12 o nordeste.
13 Concluindo que uma ação do governo federal juntamente com os estados do nordeste podemos pro
14 mover ações e emprego para os desempregado à mais de 1 anos, combatendo 50% da pobreza, E
15 Fazendo e promovendo ações e palestras sobre o risco de moradias inadequadas para a população
16 e a importância da saúde públicas em áreas sem saneamento básico.

COMENTÁRIO:
Nesse texto, a proposta de intervenção não está relacionada sequer ao assunto tratado.
Embora o início da redação transcreva fragmento do último parágrafo do texto motivador
I, presente no enunciado da prova, a proposta apresentada aborda o combate à pobreza
e a promoção de ações de saneamento básico, os quais não se referem ao tema “Desafios
para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”.

NÍVEL
proposta de intervenção que desrespeita os direitos humanos
0
1 O Brasil é um país em que a cerca de 33 milhoes de pessoas passando fome. Isso ocorre, em
2 decorrência da desigualdade econômica entre nosso povo, estes são dados de pesquisa do IPEA
3 (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A partir desses dados, podemos ver que isso ocorre em
4 maior quantidade na região nordeste do país, onde temos um povo com menores condições finaceiras.
5 O Brasil precisa tomar atitude mais diretamente ligadas a desigualdade alimentar entre regiões,
6 precisamos focar em famílias de classes mais baixas, seja em informações, ajudas financeiras.
7 Precisamos educar o povo para diminuir a taxa de natalidade que cresce a cada dia nas classes
8 baixas, assim gerando famílias maiores e sem condições. O governo poderia fazer campanhas para
9 o pobre parar de ter um monte de filho. O nosso país é um detentor de grandes recusos naturais, só
10 precisamos de união dos pobres.
11 Tem uns que se alimentam bem outros não. Os mais ricos tem comida casa, tem tudo e o pobre não tem
12 nada e passa fome todo dia na rua, sem teto algum. O país tem que tirar dos ricos para dar aos
13 pobres. Se o governo não tirar dos ricos, os pobre tem que ir lá na casa do rico e tirar a força na vi-
14 olência, pegar dos ricos para comer e para a sua família. Só quem passa fome entende o que é isso.

COMENTÁRIO:
Nesse texto, a proposta de intervenção sugere que, para melhorar a situação alimentar
194 dos pobres, eles devem recorrer à força e tomar o alimento dos ricos, inclusive invadindo

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as suas casas. Essa proposta de intervenção receberá nota zero na Competência V, uma vez
que há incitação à violência e também à invasão à propriedade privada, situações essas
que estão em desacordo com as leis vigentes no país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação
em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da
Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2007, 72 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira. ENEM: Documento Básico 2001. Brasília: Inep/MEC, 2002.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira. Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): fundamentação teórico-
metodológica. Brasília: Inep/MEC, 2005.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira. Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): relatório pedagógico 2009-2010.
Brasília: Inep/MEC, 2013.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira. Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): textos teóricos e metodológicos.
Brasília: Inep/MEC, 2009.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: D.O.U., de 23 de dezembro de
1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 02 de jun. 2023.

BRASIL. Ministério da Justiça. Ministério da Educação. Secretaria Especial dos Direitos


Humanos. UNESCO/Brasil. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. 2008.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br. Acesso em: 02 jun. 2023.

UNESCO. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Adotada e proclamada pela


Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de
1948. Disponível em: www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf.
Acesso em: 02 jun. 2023.

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