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Apostila Metodologia de Projeto de Maquinas
Apostila Metodologia de Projeto de Maquinas
DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA AGRÍCOLA
Apostila
PROJETO DE ENGENHARIA
UMA APROXIMAÇÃO SISTEMÁTICA
Viçosa, MG – 2005
Índice
Prefácil ........................................................................................................................................................................4
1. Introdução .......................................................................................................................................................................5
1.1. Campo de atividades ................................................................................................................................................5
1.1.1. Tarefas e atividades...........................................................................................................................................5
1.1.2. Tipos de projeto ................................................................................................................................................6
1.1.3. Necessidade e natureza da sistematização do processo de projeto....................................................................6
1.2. O desenvolvimento de uma metodologia de projeto ................................................................................................7
1.2.1. História..............................................................................................................................................................7
1.2.2. Métodos modernos de projeto ...........................................................................................................................9
1.2.3. Outras propostas..............................................................................................................................................12
1.2.4 Comparação geral e declaração do objetivo do livro pelos autores..............................................................13
2. Fundamentos .................................................................................................................................................................15
2.1. Sistema, usina, equipamento, máquina, montagem e componente.........................................................................15
2.2. Conservação de energia, material e sinais..............................................................................................................16
2.3. O relacionamento funcional ...................................................................................................................................16
3. O processo de projeto....................................................................................................................................................16
3.1. Resolvendo um problema geral..............................................................................................................................16
3.2. Fluxo de trabalho durante o processo de projeto....................................................................................................17
4. Clarear a tarefa ..............................................................................................................................................................20
4.1. Elaboração de uma lista de requisitos (especificação de projeto) ..........................................................................20
4.2. O Desdobramento da Função Qualidade (QFD) ou “Casa da Qualidade” .............................................................23
5. Projeto conceitual..........................................................................................................................................................30
5.1 Abstraindo para identificar problemas essenciais ...................................................................................................30
5.2 Estabelecimento de uma estrutura de funções.........................................................................................................30
5.2.1 Função total......................................................................................................................................................30
5.2.2 Quebrando a função total em subfuncões.........................................................................................................31
5.2.3 Considerações físicas .......................................................................................................................................31
5.2.4 Uso prático de estruturas de funções................................................................................................................33
5.3 Procurando por princípios de solução para atender as subfunções..........................................................................34
5.3.1. Auxílios convencionais ...................................................................................................................................35
5.3.2. Métodos com canal intuitivo ...........................................................................................................................37
5.3.3 Elaboração de uma matriz morfológica............................................................................................................40
5.4 Combinando princípios de solução para satisfazer a função total...........................................................................44
5.5 Selecionando combinações adequadas....................................................................................................................45
5.6 Fixando em variantes conceituais ...........................................................................................................................47
5.7 Avaliando variantes de concepção contra critérios técnicos e econômicos.............................................................48
5.7.1 Princípios básicos.............................................................................................................................................48
5.7.2 Identificando critérios de avaliação..................................................................................................................49
5.7.3 Pesando critérios de avaliação..........................................................................................................................50
5.7.4 Compondo parâmetros .....................................................................................................................................52
5.7.5 Estimando valores ............................................................................................................................................53
5.7.6 Determinando o valor total...............................................................................................................................54
5.7.7 Comparando variantes conceituais...................................................................................................................54
5.7.8 Comparação aproximada de variantes de solução............................................................................................57
5.7.9 Estimando incertezas da avaliação ...................................................................................................................57
5.7.10 Procurando por pontos fracos.........................................................................................................................59
2
Índice de Figuras
Figura 1.1. A atividade central do projeto de engenharia segundo Dixon e Penny .............................................................5
Figura 1.2. Passos de projeto de acordo com Hansen .......................................................................................................10
Figura 1.3. Passos de projeto de acordo com Rodenaker ..................................................................................................11
Figura 2.1. Sistema: “Acoplamento” a...h elementos do sistema; i, l, k elementos de conecção; S sistema geral; S1
subsistema “Acoplamento Flexível”; S2 subsistema “embreagem”:E entradas; S saídas ................................................15
Figura 3.1. Processo de decisão geral ................................................................................................................................17
Figura 3.2. Passos do processo de planejamento e projeto ................................................................................................18
Figura 4.1. Lista de checagem para elaboração da lista de requisitos ...............................................................................21
Figura 4.2. Lista de requisitos de uma semeadora adubadora para plantio direto .............................................................22
Figura 4.3. Elementos básicos da casa da qualidade – QFD .............................................................................................23
Figura 4.4. Exemplo hipotético de alocação hierárquica dos requisitos do consumidor ...................................................24
Figura 4.5. Alocação dos requisitos de projeto (RP) na matriz planejamento (hipotético) ...............................................24
Figura 4.6. Preenchimento das matrizes de relacionamento e correlação .........................................................................25
Figura 4.7. Colunas de avaliação de mercado (exemplos hipotéticos)...............................................................................26
Figura 4.8 Exemplo de uma Casa da Qualidade hipotética............................................................................................... 28
Figura 4.9. Casa da qualidade para uma semeadora adubadora para o plantio direto........................................................29
Figura 5.1 Passos do projeto conceitual.............................................................................................................................30
Figura 5.2 Símbolos para representar subfunções numa estrutura de funções...................................................................31
Figura 5.3 Função total e subfunções de uma máquina de ensaios de tração.....................................................................32
Figura 5.4 Estrutura de funções completa de uma máquina de ensaios de tração em corpos de prova.............................32
Figura 5.5 Exemplo de estrutura de funções para uma semeadora adubadora para plantio direto....................................33
Figura 5.6 Parede de uma haste (talo) de trigo...................................................................................................................35
Figura 5.7 Construção “sandwich” para estruturas de baixo peso.....................................................................................36
Figura 5.8 Ganchos de um carrapicho e fecho tipo Velcro................................................................................................37
Figura 5.9 Características para variação na procura (área física).......................................................................................40
Figura 5.10 Características para variação na procura (área de projeto da forma)..............................................................41
Figura 5.11 Matriz morfológica para uma colhedora de alho............................................................................................42
Figura 5.12 Combinando princípios de solução.................................................................................................................45
Figura 5.13 Extrato da lista de propostas de solução para um sistema de medição de combustível..................................47
Figura 5.14 Quadro de seleção para um sistema de medição de combustível....................................................................47
Figura 5.15 Estrutura de uma árvore de objetivos..............................................................................................................49
Figura 5.16 Árvore de objetivos com fatores de peso........................................................................................................50
Figura 5.17 Árvore de objetivos com fatores de peso para um aparelho de testes de cargas de impacto..........................52
Figura 5.18 Escalas de valores...........................................................................................................................................53
Figura 5.19 Quadro de correlação entre magnitude dos parâmetros e escala de valores...................................................54
Figura 5.20 Avaliação de quatro variantes de concepção de aparelho para testes de cargas de impacto..........................55
Figura 5.21 Diagrama de taxas...........................................................................................................................................56
Figura 5.22 Determinação da taxa total pelos métodos da linha reta e hiperbólico...........................................................57
Figura 5.23 Avaliação binária de variantes de solução......................................................................................................57
Figura 5.24 Lista de checagem com tópicos principais para avaliação durante a fase conceitual.....................................58
Figura 5.25 Perfil de valores para comparação de duas variantes......................................................................................59
3
Prefácil
4
1. Introdução
SOCIOLOGIA,
PSICOLOGIA
ECONOMIA
PROJETO
INDUSTRIAL
PROJETO
ARTÍSTICO
ARTE
5
informação são essenciais em projeto de máquinas. Portanto essas atividades devem ser encorajadas
por organização apropriada e exemplo pessoal.
O projetista tem que ser uma pessoa versátil. Se considerarmos a vasta faixa de produtos que
ele ajuda a fazer e o conhecimento especializado ou experiências que ele enfrenta, fica claro que seu
trabalho não se encaixa em uma estrutura rígida. Porque o projeto tem um efeito crucial nos valores
técnicos e econômicos do produto, os métodos de produção só podem ser otimizados dentro da
estrutura de trabalho que ele estabeleceu. O projetista deve dirigir-se por uma aproximação
confiável.
Uma metodologia de projeto deve:
• Encorajar uma aproximação direta ao problema.
• Promover a invenção e a compreensão, facilitando a procura por soluções ótimas.
• Ser compatível com conceitos, métodos e descobertas de outras disciplinas.
• Não confiar em chances.
• Facilitar a aplicação de soluções conhecidas.
• Ser compatível com o processamento eletrônico de dados.
• Ser facilmente compreendida.
• Refletir o pensamento do gerenciamento científico moderno, reduzindo a carga de trabalho,
economizando tempo, evitando erros humanos e ajudando a manter o interesse ativo.
Tal aproximação irá guiar o projetista às possíveis soluções mais rápido e diretamente.
Como as diversas áreas do conhecimento têm se tornado mais científicas, e como o uso de
computadores tem necessitado de uma preparação lógica dos dados, o projeto também deve se
tornar mais lógico, mais seqüencial, mais transparente e mais aberto à correções. Uma contribuição
mais significativa dos projetistas de máquinas só é possível quando seus métodos e estilo de
trabalho estão alinhados com os desenvolvimentos da ciência e com as práticas industriais.
Isso não significa que a intuição ou a experiência são menos importantes. Pelo contrário, o
uso adicional de procedimento sistemático serve para aumentar o rendimento e a criatividade de
projetistas talentosos. O sucesso real é pouco provável sem intuição.
No ensino de métodos de projeto, deve-se incentivar e guiar as habilidades próprias do
estudante, encorajar a criatividade, e ao mesmo tempo convencê-lo da necessidade de uma
avaliação objetiva dos resultados. Procedimentos sistemáticos ajudam a tornar o processo de projeto
mais compreensível, e também facilita o trabalho do professor. Porém, o estudante deve ser
advertido contra o tratamento da opinião do professor como dogma. O melhor professor tenta
meramente dirigir os esforços do estudante do inconsciente para o consciente. Como resultado,
quando ele colabora com outros engenheiros, o projetista não vai meramente defender sua opinião,
mas será capaz de tomar a liderança.
A utilização de uma metodologia de projeto sistematizada pode produzir uma verdadeira
aproximação racional, e conseqüentemente, soluções gerais válidas. Isto é, soluções que poderão ser
6
utilizadas com freqüência. Ele também ajuda a estabelecer um plano de trabalho baseado num
planejamento de projeto racional. Essa aproximação possibilita ao projetista prever quanto tempo
gastará não só no estudo de viabilidade, mas também na procura por soluções e na avaliação dos
resultados. A sistematização do processo de projeto aumenta a confiança nas leis de similaridades
que são muito úteis nos testes de modelos. Ela possibilita o uso consistente de especificações
normalizadas, variações de tamanho e métodos modulares, Além disso, a sistematização do
processo de projeto facilita racionalizações posteriores, não só na atividade de projeto, mas de todo
o processo de produção.
Tempo é dinheiro! Projeto sistematizado facilita o desdobramento racional do computador e
de sistemas de dados. Por isso, é relativamente fácil determinar a quantidade de trabalho necessária
de ser ser executada por computador. Essas observações também são aplicáveis para as atividades
indiretas do projeto, como coleta de informações sobre normas técnicas, componentes, materiais
etc..
Uma aproximação racional também deve cobrir os custos computacionais do projeto.
Cálculos preliminares mais rápidos e mais confiáveis têm se tornado uma necessidade no campo do
projeto e devem ser realizados com ajuda de informações consistentes. É essencial desenvolver
métodos com os quais seja possível estimar custos finais, pelo menos aproximados, mesmo num
estado inicial do processo de desenvolvimento. Para isto também é necessária uma aproximação
sistemática racional.
1.2.1. História
Todo desenvolvimento tem antecedentes. Eles maturam quando existe uma necessidade,
quando a tecnologia certa está disponível e quando eles são economicamente viáveis. Isto também é
aplicável ao desenvolvimento de metodologias de projeto de máquinas.
É difícil determinar a real origem da sistematização do processo de projeto. Qualquer um
que olhar os croquis de Leonardo da Vinci deve ficar surpreso e maravilhado com a abundância de
variações sistemáticas de possíveis soluções que Leonardo usava. Na era pré-industrial, projeto era
associado próximo à arte!
Com o crescimento da mecanização, como Redtenbacker mostra em Princípio da mecânica
e de construções de máquinas, as atenções se tornaram cada vez mais focadas no número de
características e princípios chamados: esforço suficiente, rigidez suficiente, baixo desgaste, pouco
atrito, uso mínimo de materiais, fácil manuseio, fácil montagem e racionalização máxima.
Estas idéias foram desenvolvidas por Reuleax. Visto que os requisitos eram quase sempre
conflitantes, ele sugeriu que o julgamento de sua importância relativa ficaria a cargo individual da
inteligência e bom senso do projetista.
Outras contribuições para o desenvolvimento do projeto de engenharia foram feitas por
Back e Riedler. Eles salientaram que também são importantes a seleção de materiais, a escolha de
métodos de produção e a provisão de esforços adequados. Rotscher mencionou outras
características essenciais ao projeto de máquinas como: finalidade específica, caminho de carga
efetivo reduzido, manufatura e montagem eficientes. Ele citou que as cargas devem ser conduzidas
pelo menor caminho, e se possível por forças axiais, preferencialmente do que por momentos
fletores. Caminhos de carga longo não só desperdiça material e aumenta os custos, mas também
requer mudanças consideráveis na forma. Cálculos e leiaute devem passar de mão em mão. O
projetista começa com o que lhe é dado e com montagens conhecidas. O mais cedo possível, ele
deve fazer desenhos em escala para garantir o layout espacial correto. Cálculos podem ser usados
para obter estimativas iniciais para o layout preliminar, ou valores precisos para checar o projeto
detalhado.
Laudien, examinando os percursos das cargas nas máquinas advertiu: para uma conexão
rígida, junte as partes na direção das cargas; se flexibilidade for requerida, junte as partes pelo
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caminho indireto das cargas; não faça provisões desnecessárias; não super especifique; não satisfaça
mais exigências do que o requerido; salve-se por simplificações e construções econômicas.
Idéias sistemáticas mais modernas surgiram em 1920, quando Erkens propôs uma
aproximação passo a passo. Ela era baseada em testes e avaliações constantes e também no balanço
de exigências conflitantes. Esse processo deve ser continuado até que uma rede de idéias do projeto
emerja.
Técnicas de projeto mais compreensivas foram apresentadas por Wögerbauer. A tarefa do
projetista foi então dividida em tarefas subsidiárias e essas em tarefas operacionais. Ele também
examinou os vários inter-relacionamentos entre as restrições identificáveis, que o projetista deve
levar em conta. No entanto, ele falhou por não apresentar a procura por soluções na forma
sistematizada. Sua procura sistematizada começa com uma solução descoberta mais ou menos
intuitivamente e é variada de forma mais compreensível possível em relação à sua forma básica,
materiais e métodos de manufatura. O resultado abundante de possíveis soluções é então reduzido
por testes e avaliações, sendo o custo o critério crucial.
Então a necessidade e racionalização do processo de projeto foi sentido antes da Segunda
Guerra Mundial, mas seu avanço foi impedido pelos seguintes fatores:
• Ausência de um meio confiável de representar idéias abstratas.
• A visão de que o projeto é uma forma de arte, e não uma atividade técnica como qualquer outra,
era compartilhada por muitas pessoas.
O progresso da sistematização do processo de projeto teve então que esperar até que estes
obstáculos fossem superados, e que as técnicas sistemáticas fossem adotadas mais amplamente.
Idéias modernas de projeto tiveram um grande impulso com Kesselring, Tschochner,
Niemann, Matousek e Leyer. Esses homens não foram somente meros pioneiros importantes. Seus
trabalhos continuam provendo sugestões úteis para as fases individuais e passos do projeto
sistematizado.
Kesselring explicou as bases de seu método de aproximações sucessivas em 1942 na sua
teoria de composição técnica, na qual se destaca a avaliação das formas de variantes de acordo com
critérios técnicos e econômicos, Kesselring apresentou consideráveis fundamentos de princípios
científicos e restrições econômicas. Na teoria de projeto da forma, da qual derivou a teoria acima,
ele mencionou cinco princípios básicos: princípio do custo de manufatura mínimo, princípio do
mínimo espaço requerido, princípio do mínimo peso, princípio de perdas mínimas e princípio do
manuseio ótimo.
O projeto e otimização de partes individuais e artefatos técnicos simples, é o objetivo da
teoria de projeto da forma. Ela é caracterizada pela aplicação simultânea de leis físicas e
econômicas e leva à determinação da forma e dimensões dos componentes, na escolha apropriada
dos materiais e métodos de fabricação, etc.. Se a otimização de características selecionadas é levada
em conta, a melhor solução pode ser encontrada com a ajuda de métodos matemáticos.
Tschochner menciona quatro fatores fundamentais de projeto, chamados princípio de
trabalho, material, forma e tamanho. Eles são interconectados e dependentes dos requisitos, do
número de unidades a serem fabricados, dos custos, etc.. O projetista começa com o princípio de
trabalho, determina outros fatores fundamentais (materiais e forma) e encaixa-os com a ajuda de
dimensões escolhidas.
Niemann inicia o projeto com um layout em escala da máquina completa, mostrando suas
principais dimensões e seu arranjo geral. Em seguida ele divide todo o projeto em partes que podem
ser desenvolvidas paralelamente. Ele continua definindo a tarefa, variando sistematicamente
possíveis soluções e finalmente selecionando a solução ótima. Esses passos geralmente estão em
concordância com os usados em métodos mais recentes. Niemann sempre deu atenção à falta de
métodos para chegar à novas soluções. Ele deve ser considerado um pioneiro no desenvolvimento
de uma metodologia sistematizada de projeto de máquinas, exigindo consistentemente e
encorajando seu desenvolvimento.
Matousek listou quatro fatores essenciais: princípio de trabalho, material, manufatura e
projeto da forma. Seguindo Wögerbauer, ele elaborou um plano geral de trabalho baseado nestes
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quatro fatores. Ele adicionou que se o aspecto custo não for satisfatório, todos os outros quatro
fatores devem ser examinados novamente de maneira iterativa.
Leyer é mais interessado com o projeto da forma. Ele distingue três fases principais de
projeto. Na primeira, o princípio de trabalho é esboçado com a ajuda de uma idéia ou uma
invenção. Na segunda fase o layout e o projeto da forma são desenvolvidos, sustentados por
cálculos. Durante esta fase, princípios ou regras tem que ser levados em conta. Por exemplo, usa-se
o princípio de espessura de parede constante, o princípio de construções leves, o princípio do
caminho mínimo das cargas e o princípio da homogeneidade. A terceira fase é de implementação.
As regras de Leyer de projeto da forma são de muito valor, porque na prática as falhas são muito
mais freqüentes devido a um princípio de trabalho ruim, do que de um projeto detalhado pobre.
Hansen e outros membros da escola de Ilmenau prosseguiram com suas propostas no início
da década de 50. Hansen apresentou um sistema de projeto mais compreensível na segunda edição
de seu trabalho publicado em 1965. Ele resumiu seu procedimento da seguinte forma:
• Determine a essência da sua tarefa, porque isto é comum a todas soluções.
• Combine intencionalmente os elementos
• Desenvolva estas combinações para todas as soluções.
• Determine os problemas de cada solução e tente eliminá-los ou reduzir seus efeitos.
• Selecione a solução com o menor número de problemas.
• Providencie documentação para permitir a avaliação prática.
Essas regras de procedimento formam a base de um sistema que compreende quatro fases. A
figura 1.2 mostra os passos para a fase conceitual. Hansen começa com a análise crítica e
especificação da tarefa, na qual o leva ao princípio básico de funcionamento. Isto deve ser
formulado abstratamente para compreender qualquer solução conceptível e deve englobar a função
total derivada da tarefa. O segundo passo é a procura sistemática por elementos de solução e suas
combinações em recursos de trabalho. Hansen deu muita importância ao terceiro passo, no qual
qualquer problema é revisado para melhorar o desenvolvimento dos recursos de trabalho. No quarto
e último passo, esses recursos de trabalho melhorados são avaliados para determinar qual deles é
ótimo para a tarefa.
Em 1974, Hansen publicou um outro trabalho, A ciência do projeto. Nele ele usa análise de
sistemas e teoria de informação, para definir o processo de projeto e a natureza de artefatos
técnicos.
9
Tarefa (Concepção, layout)
Considerações preliminares
Princípio básico
PB
Procura por e combinação de elementos de solução elementares
Meios de trabalho
MT MT MT (Princípio de trabalho, princípio do projeto da forma)
Revisão de falhas
Meios de trabalho melhorados
MTM MTM MTM MTM (Princípio de trabalho, princípio do projeto da forma)
Avaliação racional
Meio de trabalho ótimo
MTO (Princípio de trabalho, princípio do projeto da forma)
Concepção
(Layout, documentos de produção
Rodenaker está acima de todos os outros. Seu método de projeto original foi o que causou o
maior impacto. Ele começou pelo fato de que toda máquina deve satisfazer certas finalidades ou
funções. Rodenaker vê o projeto como uma transformação de informação, partindo do abstrato para
o concreto. Ele considera o projeto como o reverso de experimentos físicos. A figura 1.3 mostra os
principais passos do método de Rodenaker. Ele começa pela definição e abstração dos requisitos e
pelo estabelecimento de uma estrutura de funções. Depois ele procura pelos processos físicos
apropriados e finalmente pela forma de projeto requerida. Rodenaker desenvolveu seus princípios
sistemáticos baseados em exemplos tirados da engenharia de processos. No entanto, suas idéias são
aplicáveis no desenvolvimento de sistemas técnicos.
Rodenaker propôs as seguintes regras:
1. Clarear a tarefa, ou seja, os relacionamentos requeridos.
2. Estabelecer uma estrutura de funções, ou seja, o relacionamento lógico.
3. Escolher o processo físico, ou seja, o relacionamento físico.
4. Determinar o leiaute, ou seja, o relacionamento de construção.
5. Checar a lógica, os relacionamentos físicos e de construção, por meios de cálculos apropriados.
6. Eliminar fatores perturbadores e erros.
7. Finalizar o projeto geral.
8. Fazer revisão do projeto escolhido.
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Entrada
Energia, m ateriais e sinais
Saída
Figura 1.3. Passos de projeto de acordo com Rodenaker
Nesse método, as estruturas de funções são baseadas somente nas funções derivadas de dois
valores lógicos. Essas funções são separação, conecção (pelo fluxo de energia, material e sinal em
sistemas técnicos) e chaveamento. Sendo atendidos os requisitos lógicos, dá-se o próximo passo que
é a escolha dos processos físicos (regra 3). Rodenaker usa efeitos físicos e equações, prestando
atenção particular ao fator tempo. Experimentação é considerada a melhor fonte de informação.
Rodenaker então desenvolve o layout e o projeto da forma. Em seguida, executa-se a
variação das superfícies, materiais e movimentos, para alcançar as características requeridas (regra
4). O trabalho feito até aqui deve ser checado por cálculos apropriados, como as tensões dos
componentes (regra 5). Rodenaker é preocupado particularmente com a identificação e eliminação
de fatores perturbadores que causam flutuações qualitativas e quantitativas (regra 6).
Nós podemos resumir isto tudo dizendo que o fator principal do projeto sistemático de
acordo com Rodenaker, é a determinação dos processos físicos fundamentais. Na sua aproximação,
ele não só faz o tratamento sistemático de idéias concretas de projeto, conforme delineado acima,
mas também propõe uma metodologia de invenção de novos dispositivos e máquinas, através da
procura por novas aplicações de efeitos físicos conhecidos, como um meio de chegar à soluções
originais.
Roth dividiu o processo de projeto em várias fases, cada qual com passos específicos, que
dependendo dos resultados, deve ser repetida várias vezes.
A primeira fase é a análise do ambiente do produto, conduzindo a uma definição precisa do
problema. Esta definição inclui a função e a especificação dos requisitos técnicos e dos custos. Em
seguida o relacionamento funcional tem que ser elaborado em dois passos. Para descobrir a
estrutura de função total, todo o tratamento na definição do problema deve ser associado a um
sistema de funções gerais. As “funções gerais” definidas por Roth se referem às características
gerais que determinam vários artefatos técnicos (conectar, mudar, armazenar e chavear material,
energia ou informação). Uma vez tenha sido determinado o relacionamento das funções gerais, as
combinações possíveis de sub-funções são definidas repetitivamente em problemas elementares,
nos quais podem ser catalogados.
O próximo passo, a determinação da estrutura de funções especial, é a tentativa de resolver
estes problemas elementares com ajuda de equações físicas básicas, isto é, efeitos físicos
expressados, se possível, em fórmula matemática.
O produto real é então elaborado. Inicialmente soluções são desenvolvidas para resolver os
problemas elementares. Uma solução geral é então elaborada, combinando estas soluções de acordo
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com a estrutura de funções global. Variações desta solução vão produzir soluções gerais distintas.
As melhores soluções podem ser escolhidas e modificadas de acordo com os requisitos de
produção. As variantes resultantes são avaliadas, e a mais promissora para o problema, pode ser
determinada antes dos desenhos de produção e documentação serem completados.
Roth se refere ao processo como um “algoritmo de procedimento de seleção baseado no
projeto por catálogos”. Ele sugere que as informações necessárias para cada passo individual do
projeto podem ser melhor escolhidas de catálogos, com ajuda de características de seleção.
Conseqüentemente, Roth dá muita importância à compilação destes catálogos de projetos.
Teoria de sistemas, como uma ciência interdisciplinar, usa procedimentos e auxílios para
análise, planejamento, e seleção de projeto ótimo de sistemas complexos.
A maioria dos sistemas dinâmicos consiste em uma coleção de elementos ordenados, inter-
relacionados pelas virtudes de suas propriedades. Um sistema é também caracterizado pelo fato de
ter um domínio que corta seus ligamentos com o ambiente. Esses ligamentos determinam o
comportamento externo do sistema. Então é possível definir a função expressando o relacionamento
entre as entradas e saídas, e, portanto mudanças nas variáveis do sistema.
A partir da idéia de que os artefatos técnicos podem ser representados como sistemas, foi um
pequeno passo para a aplicação da teoria de sistemas ao processo de projeto. Os objetivos da teoria
de sistemas correspondem amplamente às expectativas que tivemos de um bom método de projeto,
como especificado no início deste capítulo. A aproximação de sistemas reflete a apreciação geral,
12
de que problemas complexos são melhores manuseados com passos fixos, cada um envolvendo
análise e síntese.
Examinando de perto os métodos que descrevemos, prova-se que estes foram fortemente
influenciados pelos campos de especialização dos autores. Eles são bastante semelhantes entre si,
muito mais do que os vários conceitos podem sugerir.
Em particular, muitos destes métodos foram influenciados pela engenharia de produtos de
precisão e tecnologia de transmissão de potência, nos quais sustentam uma estrutura fortemente
semelhante aos sistemas eletrônicos. Isto tem sugerido a quebra de funções e associado sub-
soluções em elementos semelhantes à construção de blocos funcionais da eletrônica. Além disso, a
compilação de esquemas de classificação e catálogos de projeto, bem como a combinação de
elementos de solução, são mais fáceis neste campo do que na engenharia mecânica geral.
Em todos estes métodos examinados os requisitos são abstratos, com o objetivo de chegar a
uma solução geral válida. O grau no qual os vários autores quebram suas funções, diferem de caso
para caso. Todos enfatizam a importância de processos físicos durante a primeira fase. Eles também
compartilham a idéia de avançar passo a passo, partindo do qualitativo para uma fase quantitativa.
Além disso, todos eles estipulam uma variação e combinação deliberada de elementos de solução de
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variada complexidade. Todos tentam algoritimizar o processo de projeto e expressá-lo por regras ou
leis simples.
Com a ajuda dos métodos examinados acima, junto com nosso próprio trabalho, nós
devemos no que se segue, esforçar para apresentar uma teoria compreensível de projeto de
engenharia geral. A maioria dos argumentos foi elaborada a partir de uma série de “papers” que nós
publicamos entre 1972 e 1974. Nós temos discutido essa metodologia com projetistas práticos e
engenheiros pesquisadores com profundidade, testando-a repetidamente na prática para aperfeiçoá-
la. Nossa própria teoria de projeto não pretende ser a palavra final no assunto. Ela simplesmente
tenta combinar os vários métodos de maneira coerente e prática. Nós esperamos que ela possa servir
como uma introdução para o aprendiz, como uma ajuda e ilustração para o professor e como fonte
de informação, e talvez futuro aprendizado para o prático.
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2. Fundamentos
Projetar é uma atividade de várias faces. O projeto não é só baseado na matemática, física e seus
ramos, mas também na tecnologia de produção, ciência dos materiais, elementos de máquinas,
gerenciamento industrial, que não serão tratados neste texto.
Tarefas técnicas são executadas com a ajuda de artefatos técnicos como usina, equipamento,
máquina, montagem e componentes. A aplicação e a forma das tarefas são muito variadas e
complexas. Então artefatos técnicos devem ser tratados como sistemas conectados ao ambiente por
meios de entradas e saídas. Um sistema pode ser subdividido em subsistemas. Tudo que pertence a
um sistema particular é determinado por seu contorno. As entradas e saídas atravessam o contorno
do sistema. Com essa aproximação é possível definir sistemas apropriados em qualquer estágio de
abstração, análise e classificação.
Um exemplo concreto é o acoplamento combinado mostrado na figura 2.1. Ele pode ser
tratado como dois subsistemas. Um acoplamento flexível e uma embreagem. Os subsistemas
acoplamento e embreagem podem ser subdivididos em elementos do sistema, nesse caso
componentes. É possível considerar este sistema em termos de suas funções. Neste caso o sistema
total “acoplamento” pode ser dividido nos subsistemas “amortecer e embrear”. O segundo pode
também ser dividido em “mude a força de operação da embreagem para força normal” e “transfira
torque”.
E
c d g h i
b
e
E
l a f k
S
S1 Fronteira do Sistema S2
S
15
Dependendo do uso, várias subdivisões podem ser feitas. O projetista deve estabelecer
sistemas particulares para propósitos particulares, e deve especificar suas várias entradas e saídas e
fixar seu domínio, ou seja, seu contorno.
Todo sistema técnico envolve a conversão de energia, material e sinal, nos quais devem ser
definidos em termos quantitativos, qualitativos e econômicos.
No que se segue nós vamos lidar com:
• Energia: mecânica, térmica, elétrica, química, ótica etc.
• Material: gás, líquido, sólido, pó etc.
9. Sinais: magnitude, indicadores, controle de pulso, dados, informações etc.
3. O processo de projeto
Uma parte essencial de um método de resolver problemas envolve passo a passo análise e
síntese, progredindo do qualitativo para o quantitativo, sendo cada passo mais concreto do que o
anterior.
O trabalho de projeto pode ser considerado como uma conversão de informação. Depois de
cada passo novo, é necessário melhorar os resultados do anterior, isto é, repeti-lo com um nível de
informação superior.
16
Toda tarefa envolve primeiramente a confrontação com o problema. Procura-se informação
sobre: a tarefa em si, as restrições, os princípios de solução possíveis e as soluções conhecidas para
problemas similares.
Em seguida, procura-se definir os problemas essenciais num plano mais abstrato, para fixar
os objetivos e as principais restrições, abrindo o caminho para a procura por soluções.
O próximo passo é a criação. As soluções são desenvolvidas por vários meios e então
variadas e combinadas sistematicamente. Se o número de variantes é grande, então se deve fazer
uma avaliação, seguida por decisão, na qual a melhor solução é selecionada.
Decisões envolvem as seguintes considerações (Fig. 3.1):
• Se os resultados do passo anterior atingiram o objetivo, o passo seguinte pode ser começado;
• Se os resultados são incompatíveis com o objetivo, o próximo passo não pode ser iniciado;
• Se a repetição do passo anterior é viável financeiramente e promete bons resultados, o passo
deve ser repetido com um nível de informação superior;
• Se a resposta da pergunta anterior é não, o desenvolvimento deve ser interrompido.
Sim
Sim Não
• Clarear a tarefa
• Projeto conceitual
• Projeto preliminar
• Projeto detalhado
A figura 3.2 mostra este processo passo a passo. A cada passo uma decisão tem que ser
tomada para que o próximo passo possa ser executado, ou para que o passo anterior tenha que ser
repetido. Continuar até o fim só para descobrir que um erro sério foi cometido num estágio inicial
deve ser evitado de qualquer forma.
17
Tarefa
Mercado, empresa, economia
Planejar e clarear
Analisar o mercado e a situação da empresa
Encontrar e selecionar idéias de produtos
a tarefa
Formular uma proposta de produto
Clarear a tarefa
Elaborar uma lista de requisitos
Projeto conceitual
Otimização do princípio
Desenvolver o princípio da solução:
Identificar os problemas essenciais
Estabelecer estruturas de funções
Procurar por princípios e estruturas de trabalho
Combinar e definir variantes conceituais
Avaliar segundo critérios técnicos e econômicos
Informação: adaptar a lista de requisitos
Atualizações e melhorias
Desenvolver a estrutura de construção:
Projeto da forma preliminar, seleção de materiais e cálculos
Selecionar os melhores layouts preliminares
Refinar e melhorar os layouts
Avaliar segundo critérios técnicos e econômicos
Layout preliminar
Layout definitivo
Projeto detalhado
Documentação do produto
Solução
18
Clarear a tarefa
Esta fase envolve a coleta de informações sobre os requisitos que devem ser implementados
à solução e também as restrições envolvidas. Nesta fase elabora-se a especificação detalhada.
Projeto conceitual
Projeto preliminar
Projeto detalhado
19
4. Clarear a tarefa
Toda tarefa envolve certas restrições que podem mudar com o tempo. No entanto, é
importante compreender bem estas restrições na fase inicial de projeto quando se procura uma
solução ótima. A tarefa deve ser claramente definida bem no início do projeto para que
amplificações e correções durante a subseqüente elaboração possa ser confinada ao essencial. Para
isto, e também para se ter uma base para decisões, deve-se elaborar uma lista de requisitos que deve
ser continuamente consultada.
Nesta fase deve-se responder as seguintes perguntas:
• Qual é realmente o problema?
• Quais são os desejos e expectativas implícitos?
• As restrições especificadas realmente existem?
• Quais campos estão abertos para desenvolvimento?
Componha os requisitos
• Preste atenção aos tópicos principais da lista de checagem e determine os dados quantitativos e
qualitativos.
• Questione:
Qual o objetivo que a solução deve satisfazer?
Que propriedades ela deve ter?
Que propriedades ela não deve ter?
• Componha informações adicionais.
• Especifique claramente os requisitos separando-os em indispensáveis e desejáveis.
• Se possível, classifique os desejáveis como sendo de maior, média ou menor importância.
20
Tópicos principais Exemplos
Geometria Tamanho, altura, largura, comprimento, diâmetro, espaço requerido,
número, arranjo, acoplamento, extensão, etc.
21
Lista de Requisitos-Especificação Identificação/Classificação
UFV Semeadora Adubadora Para O
Plantio Direto Na Palha
Pag. 01
Mudanças Responsável
Desejável
Indispensável Requisitos de Projeto
I 1- BAIXO CUSTO DE AQUISIÇÃO
Preço máximo compatível com similares do mercado
I 3- SISTEMAS OTIMIZADOS
Maximizar: eficiência, consumo de energia, materiais e componentes
I 4-MECANICA SIMPLES
Sistemas simples, poucos componentes, preferência por sistemas
rotativos.
I 5-PESO
Compatibilizar peso com desempenho, consumo de potência, custos,
manobrabilidade e transporte.
D 6-FACILIDADE DE AJUSTE
Rapidez e facilidade das regulagens, minimizar uso de ferramentas
I 7-CONSUMO DE POTÊNCIA
Possibilidade de ser tracionada por um animal
D 8-MATERIAIS COMUNS
Utilização de materiais normalizados facilmente encontrados no
mercado
I
9-VIDA ÚTIL
Boa relação custo-benefício com vida útil de 6 anos
I
10-PEÇAS NORMALIZADAS
Uso de componentes normalizados
D
11-PROJETO MODULAR
Facilitar ajustes, intercâmbio de peças e conferir versatilidade ao
I projeto.
13-DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO
I Segurança no uso
14-CENTRO DE GRAVIDADE
Posição que facilite o manuseio e otimize o corte da palha e a abertura
D de covas
15-ADVERTÊNCIAS ESCRITAS
D Evitar uso incorreto e acidentes
16-ASPECTOS ESTÉTICOS
Promover empatia do cliente
Substituir pelo n°
Figura 4.2 Lista de requisitos de uma semeadora adubadora para plantio direto
22
4.2. O Desdobramento da Função Qualidade (QFD) ou “Casa da Qualidade”
Projeto é um esforço de equipe, mas como o marketing e a engenharia conversam entre si?
23
freqüentemente a mais difícil. É necessário expressar o que o consumidor realmente quer, evitando-
se influenciar o que ele espera do produto.
Necessidades do consumidor
Primárias Secundárias Terciárias
Econômico Baixo custo Cobertura de
operacional e garantia
de Baixo
manutenção consumo de
energia
Assistência
técnica
adequada
Confortável Silencioso
Fácil Leve
transporte
Seguro Confiável Robusto
Requisitos de Projeto
Manutenibilidade
Cons. de energia
Fácil de instalar
Confiabilidade
Durabilidade
Baixo ruído
Baixo peso
Segurança
Compacto
Necessidades do Consumidor
Primárias Secundárias Terciárias
Econômico Baixo custo Cobertura de
operacional e garantia
de Baixo cons.
manutenção de energia
Assistência
téc. adequada
Confortável Silencioso
Fácil transp. Leve
Seguro Confiável Robusto
Figura 4.5 Alocação dos requisitos de projeto (RP) na matriz planejamento (hipotético)
24
RC. O preenchimento da matriz de relacionamento utilizando os símbolos apropriados possibilita
uma indicação rápida de que os RP do produto final cobrem adequadamente, ou não, os RC. A
ausência de símbolos ou uma freqüência maior de símbolos de relacionamento fraco indicam que
alguns requisitos de projeto (RP) ou requisitos do consumidor (RC) não estão devidamente
endereçados. Neste caso, o projeto terá pouca probabilidade de satisfazer as necessidades do
consumidor.
Fortemente positivo
Positivo
X Negativo
# Fortemente negativo
Requisitos de Projeto
Manutenibilidade
Cons. de energia
Fácil de instalar
Confiabilidade
Durabilidade
Baixo ruído
Baixo peso
Segurança
Compacto
Necessidades do Consumidor
Primárias Secundárias Terciárias
Econômico Baixo custo Cobertura de
operacional e garantia ∆ ● ● ○ ● ●
de Baixo cons.
manutenção de energia
● ● ∆ ○ ∆ ○ ●
Assist. téc.
adequada
○ ○ ● ● ○ ∆ ∆ ●
Confortável Silencioso ∆ ∆ ● ∆ ∆
Fácil transp. Leve ● ● ∆ ● ● ∆ ○ ∆ ∆
Seguro Confiável Robusto ○ ● ○ ● ● ○ ● ○
● Forte relacionamento = 5
○ Médio relacionamento = 3
∆ Fraco relacionamento = 1
Nenhum relacionamento = 0
O quarto passo é a correlação entre os RP, compondo o “telhado” da casa da qualidade (veja
a Figura 4.6). Cada célula na matriz de correlação está relacionada com um par de RP. Para cada
célula é feita a seguinte pergunta: Qual é a extensão da mudança na especificação de uma
característica que afeta uma outra? Seguindo o mesmo procedimento anterior, são utilizados cinco
símbolos de correlação: positivo, fortemente positivo, negativo, fortemente negativo e nenhum. As
células indicando uma forte correlação positiva ou negativa identificam características do produto
que irão requerer maior coordenação e comunicação entre os grupos de desenvolvimento. A
correlação positiva ajuda a identificar os RP que têm um íntimo relacionamento, possibilitando
25
dessa maneira, evitar um esforço duplicado no projeto. Correlação negativa representa condições
que possivelmente precisarão de balanceamento entre estes fatores.
Fortemente positivo
Positivo
X Negativo
# Fortemente negativo
Manutenibilidade
Pontos de vendas
Peso importância
Cons. de energia
Valor do cliente
Fácil de instalar
Razão melhoria
Confiabilidade
Competidor A
Competidor B
Durabilidade
Baixo ruído
Baixo peso
Segurança
Necessidades do Consumidor Compacto
Nosso
Meta
Primárias Secundárias Terciárias
Econômico Baixo custo Cobertura de
operacional e garantia ∆ ● ● ○ ● ● 5 3 1 3 5
de Baixo cons.
● ● ∆ ○ ∆ ○ ● 1 3 3 5 3
manutenção de energia
Assist. téc.
adequada ○ ○ ● ● ○ ∆ ∆ ● 5 5 4 2 5
Confortável Silencioso ∆ ∆ ● ∆ ∆ 3 3 1 2 3
Fácil transp. Leve ● ● ∆ ● ● ∆ ○ ∆ ∆ 5 4 1 3 5
Seguro Confiável Robusto ○ ● ○ ● ● ○ ● ○ 3 5 2 3 3
● Forte relacionamento = 5
○ Médio relacionamento = 3
∆ Fraco relacionamento = 1
Nenhum relacionamento = 0
26
O sétimo passo é o preenchimento das colunas “competidores” seguindo a mesma
abordagem anterior. Para isto são usadas informações disponíveis ou utilizando o próprio
julgamento da equipe.
No oitavo passo a coluna “metas” é preenchida baseando-se na avaliação realizada no
sétimo passo. Metas realísticas são estabelecidas em função da avaliação do que o consumidor acha
do desempenho dos competidores e da própria empresa.
Em seguida (nono passo), na coluna “razão de melhoria”, são computadas as razões de
melhorias para cada RC, dividindo o peso da meta pelo desempenho da empresa na respectiva linha.
Por exemplo, para um RC que a meta foi estabelecida com um peso 5, e o julgamento da empresa
na coluna “nosso” foi estabelecida com um peso 3, a razão de melhoria será de 5/3 = 1,66.
No décimo passo são avaliados aspectos relacionados com as características que
influenciariam diretamente uma venda, computando os dados de cada RC na coluna “fatores de
venda”. Um fator de 1,5 indica um requisito que é um fator de venda importante. Um fator de 1,2
indica que é uma característica de venda moderadamente forte. Um fator de 1 indica uma
característica que não tem impacto nas vendas.
O décimo primeiro passo finaliza o lado direito da casa da qualidade. Com todas as linhas
preenchidas passa-se ao cálculo do peso de importância de cada RC na coluna “peso de
importância”, que é o produto dos valores das colunas, “valor do consumidor”, “taxa de melhoria” e
“fatores de vendas”. O resultado provê uma ordem de classificação das necessidades do
consumidor.
O décimo segundo, o décimo terceiro e o décimo quarto passo são realizados na parte
inferior da “casa da qualidade” (Figura 4.8).
Décimo segundo passo. Um outro fator a avaliar, são os aspectos técnicos dos produtos da
empresa e dos competidores. Para isto são colocados os valores das características de engenharia
dos produtos competidores, relativos aos RP especificados na matriz. Os dados utilizados são
obtidos usualmente através de testes ou avaliações conduzidas dentro da empresa. A informação
cobre o produto da empresa e dos competidores. Em seguida, são realizadas comparações entre a
avaliação de mercado e as avaliações das características de engenharia do produto, dando a
possibilidade de se encontrar áreas de inconsistência entre o que o consumidor diz e os resultados
da avaliação da equipe de projeto.
Décimo terceiro passo. Após a identificação e análise de cada RP e também do
relacionamento destes requisitos aos respectivos RC, segue-se um processo de tomada de decisão
para estabelecer e incluir os respectivos valores objetivos (meta) de cada RP.
Décimo quarto passo. Aqui é calculada a ordem de importância de cada RP. Para cada
elemento simbólico foi dado um peso de 1 a 5, como indicado na Figura 4.8. Na parte inferior da
matriz são colocados os valores e ordem de importância dos RP. Estes valores são calculados
através da soma dos resultados de cada coluna relativa aos RP, de tal forma que, estes resultados
são o produto do peso de importância dos RC na matriz de avaliação de mercado e o fator de
intensidade de relacionamento identificada em cada célula da matriz.
Esta ordem de importância dos RP e o peso de importância dos RC dão a possibilidade de se
identificar quais dos RC e RP receberão maior atenção no desenvolvimento do projeto.
A construção da Casa da Qualidade permite basicamente estabelecer prioridades sobre o que
o consumidor deseja do produto, informando ao projetista e todos aqueles que afetam as dimensões
da qualidade, quais destes parâmetros devem receber maior atenção durante o projeto, fabricação,
montagem, venda e serviço do produto. A Figura 4.9 mostra um exemplo de uma casa da qualidade
simplificada para uma semeadora adubadora para o plantio direto.
27
Fortemente positivo
Positivo
X Negativo
# Fortemente negativo
Manutenibilidade
Pontos de vendas
Peso importância
Cons. de energia
Valor do cliente
Fácil de instalar
Razão melhoria
Confiabilidade
Competidor A
Competidor B
Durabilidade
Baixo ruído
Baixo peso
Segurança
Compacto
Necessidades do Consumidor
Nosso
Meta
Primárias Secundárias Terciárias
Econômico Baixo custo Cobertura de
operacional e garantia ∆ ● ● ○ ● ● 5 3 1 3 5
de Baixo cons.
● ● ∆ ○ ∆ ○ ● 1 3 3 5 3
manutenção de energia
Assist. téc.
adequada
○ ○ ● ● ○ ∆ ∆ ● 5 5 4 2 5
Confortável Silencioso ∆ ∆ ● ∆ ∆ 3 3 1 2 3
Fácil transp. Leve ● ● ∆ ● ● ∆ ○ ∆ ∆ 5 4 1 3 5
Seguro Confiável Robusto ○ ● ○ ● ● ○ ● ○ 3 5 2 3 3
Unidades
Competidor A
Competidor A
Nosso
Valor objetivo
Classificação de importância
● Forte relacionamento = 5
○ Médio relacionamento = 3
∆ Fraco relacionamento = 1
Nenhum relacionamento = 0
Uma vez clareada a tarefa adequadamente e as pessoas envolvidas estando de acordo de que
os requisitos listados podem ser atendidos técnica e economicamente, pode-se partir para a fase do
projeto conceitual.
28
Figura 4.9. Casa da qualidade para uma semeadora adubadora para o plantio direto
29
5. Projeto conceitual
Especificação
No projeto conceitual, como o próprio nome diz, define-se
basicamente a concepção da solução, ou seja, todos os princípios de
Identificar problemas
funcionamento dos diversos sistemas da máquina. Nesta fase de essenciais
projeto deve-se identificar os problemas essenciais através de
abstração, elaborar uma estrutura de funções, procurar por princípios
Estabelecer uma estrutura
de solução apropriados para realizar essas funções, combinar os de funções e sub-funções
princípios de solução para criar variantes de solução e avaliar essas
variantes para selecionar uma concepção de solução. A figura 5.1
Procura de princípios
mostra esquematicamente as fases do projeto conceitual. de solução para
executar as sub-funções
5.1 Abstraindo para identificar problemas essenciais
Combinação de princípios
Princípios de solução ou projetos baseados nos métodos de solução para
executar a função total
tradicionais não são prováveis de proverem respostas ótimas, quando
novas tecnologias, procedimentos, materiais e também novas
descobertas científicas, possibilitam a descoberta de soluções Avaliação e seleção
de variantes de projeto
melhores.
Preconceitos, convenções e a pressão para minimizar riscos,
levam os projetistas a optarem por soluções conhecidas, ou seja, Concepção inicial
convencionais. Na procura por soluções ótimas, o projetista deve
recorrer à abstração, que significa ignorar o que é particular e
enfatizar o que é geral e essencial. Desta forma, a função total e as
principais restrições se tornam claras sem prejudicar a escolha de Figura 5.1 Passos do
uma solução particular. projeto conceitual
Uma vez o ponto chave da tarefa tenha sido esclarecido,
facilita-se a formulação da tarefa geral em termos dos subproblemas
essenciais, à medida que eles forem aparecendo.
O passo anterior (especificação do projeto) ajudou a concentrar a atenção do projetista nos
problemas envolvidos, aumentando seu nível particular de informação. Agora ele deve analisar a
especificação em relação às funções requeridas e as restrições essenciais, seguindo os seguintes
passos:
Essa análise leva a definição do objetivo a um plano abstrato, sem definir nenhuma solução
particular.
Uma vez o ponto chave do problema tenha sido formulado, é possível indicar uma função
total que, baseada no fluxo de energia, material e sinal, pode expressar o relacionamento entre
entradas e saídas do sistema independentemente da solução. O uso de um diagrama de blocos
facilita bastante essa indicação.
30
5.2.2 Quebrando a função total em subfuncões
É mais proveitoso começar pelo estabelecimento do fluxo principal. Uma vez estabelecida
uma estrutura de funções simples com seus relacionamentos, é muito mais fácil, num passo
posterior, considerar os fluxos auxiliares com suas subfunções correspondentes e também proceder
uma análise de subfunções complexas.
31
somente foram especificadas as subfunções que satisfazem diretamente a função total requerida.
Depois foram adicionadas subfunções complexas como “alterar energia para força e movimento” e
“aplicar carga no corpo de prova”, porque elas ajudam a estabelecer uma estrutura de funções
simples.
Energia de deformação
Energia(carga) Testar Corpo de prova deformado
Corpo de prova corpo de prova
Sinal de força
Sinal (força e deformação)
Sinal de deformação
E (aux)
Compara meta
SF (meta) com valor Amplifica
S∆L atual medições Mede SF
(meta) força
Figura 5.4 Estrutura de funções completa de uma máquina de ensaios de tração em corpos de prova
A figura 5.5 mostra um exemplo de uma estrutura de funções para uma semeadora
adubadora para plantio direto.
32
5.2.4 Uso prático de estruturas de funções
Ajuste
Ajuste
Carga de Indicar nível
Armazenar
sementes Descarga de
sementes
sementes
Ajuste
Indicar estado
Liga/desliga Dosar Conduzir (ligado/desligado)
Energia
Modifica
Energia Modifica
Semente no solo
Ajuste Cortar Abrir Depositar Depositar Fechar Compactar
palha sulco / cova Adubo no solo
sementes adubo sulco terra
Linha de plantio
Ajuste destacada
Energia Modifica
Energia Modifica
Energia Modifica Dosar Conduzir
Liga/desliga adubo adubo
Indicar estado
Ajuste (ligado/desligado)
Descarga de adubo
Carga de Armazenar
adubo adubo Indicar nível
Ondulações Acompanhar
irregularidade Desempenho
do terreno uniforme
do solo
Figura 5.5 Exemplo de estrutura de funções para uma semeadora adubadora para plantio direto
1. Derive inicialmente uma estrutura de funções aproximada com poucas subfunções, a partir dos
relacionamentos funcionais que você pôde identificar na especificação. Em seguida, quebre esta
estrutura aproximada passo a passo, através da resolução de subfunções complexas. Isto é muito
mais fácil do que começar com estruturas mais complicadas. Em certas circunstâncias é mais
vantajoso substituir uma primeira concepção de solução pela estrutura aproximada e então, pela
análise desta primeira concepção, derivar outras subfunções importantes. Também é possível
começar pelas subfunções que suas entradas e saídas atravessam a fronteira do sistema assumido.
Em seguida, nós podemos então determinar as entradas e saídas para as funções vizinhas. Em
outras palavras, trabalhar a partir da fronteira do sistema seguindo em direção ao seu interior.
2. Se não for possível identificar um relacionamento claro entre as subfunções, a procura por um
primeiro princípio de solução pode, sobre certas circunstâncias, ser baseado na mera enumeração
de subfunções importantes sem relacionamento lógico ou físico, mas se possível, arranjados em
ordem de complexidade crescente.
3. Relacionamentos lógicos podem conduzir a estruturas de funções através das quais os elementos
de vários princípios de trabalho (mecânicos, elétricos etc.) podem ser antecipados.
33
4. Estruturas de funções não estão completas até que o fluxo existente ou esperado de material,
energia e sinais sejam especificados. É usual começar concentrando atenção no fluxo principal
porque, como regra geral, ele determina o projeto e é mais fácil de ser derivado a partir da
especificação. Os fluxos auxiliares ajudam na posterior elaboração do projeto, lidando com
falhas e problemas de transmissão de potência, controle etc. A estrutura de funções completa,
compreendendo todos os fluxos e seus relacionamentos, pode ser obtida por iterações, isto é,
inicialmente pela procura da estrutura do fluxo principal e em seguida completando esta estrutura
com os fluxos auxiliares.
5. Nas conversões de energia, material e sinais é usual a ocorrência de várias subfunções na maioria
das estruturas. Então elas serão introduzidas agora.
Conversão de energia:
• Alterar energia (elétrica em mecânica, mecânica em hidráulica)
• Variar energia dos componentes (amplificar torque)
• Conectar energia com um sinal (interruptor elétrico)
• Armazenar energia (armazenar energia cinética)
Conversão de material:
• Mudar matéria (liqüefazer um gás)
• Variar dimensões do material (laminar folha de metal)
• Conectar material de diferentes tipos (misturar ou separar materiais)
• Armazenar material (manter grãos num silo)
Conversão de sinais:
• Alterar sinal (mudar sinal mecânico para elétrico)
• Variar magnitude de sinal (aumentar amplitude de sinal)
• Conectar sinal com energia (amplificar medidas)
• Conectar sinal com matéria (marcar material)
• Conectar sinal com sinal (comparar valores objetivos com atuais)
• Armazenar sinais(em bancos de dados)
A partir de uma estrutura aproximada ou de uma estrutura obtida pela análise de sistemas
conhecidos, é possível derivar variantes e então otimizar a solução por: quebras ou combinações
de subfunções individuais, alterar o arranjo de subfunções individuais, alterar o tipo de
associações utilizadas (série ou paralela) e alterar o domínio do sistema.
A variação de estruturas de funções introduz soluções distintas, então a elaboração de estruturas
de funções constitui o primeiro passo na procura por soluções.
6. Estruturas de funções devem ser mantidas o mais simples possível, para conduzir à soluções
simples e econômicas.
Estruturas de funções tem o objetivo de facilitar descobertas de soluções e não têm fim em si
próprias. O grau de desenvolvimento destas estruturas depende muito da tarefa a ser executada e
também da experiência do projetista.
Deve-se encontrar princípios de solução para atender as várias subfunções. Estes princípios
devem eventualmente serem combinados. Um princípio de solução deve refletir os efeitos físicos
necessários para atender uma dada função e também suas características de projeto da forma. Em
vários casos não é necessário procurar por efeitos físicos especiais, o projeto da forma sendo o
34
maior problema. Freqüentemente é difícil de fazer uma distinção mental clara entre os efeitos
físicos e o projeto da forma durante a procura por uma solução.
Deve-se enfatizar que este passo que estamos discutindo agora tem o objetivo de conduzir a
várias variantes de solução. Um campo de soluções pode ser construído pela variação de efeitos
físicos e do projeto da forma. Além disso, vários efeitos físicos podem ser envolvidos em um para
satisfazer uma subfunção particular.
Os auxílios e métodos seguintes são úteis na procura por soluções, não somente durante a
fase conceitual do projeto, mas também durante a fase seguinte - o projeto preliminar.
1. Pesquisa literária
Para o projetista, dados tecnológicos atuais proporcionam informações importantes. Estes
dados podem ser encontrados em: livros textos, jornais e revistas técnicas, bancos de patentes e em
catálogos publicados por empresas competidoras. Eles proporcionam uma fonte útil de
possibilidades de soluções conhecidas. A elaboração de bancos de dados, armazenados em sistemas
computacionais, é muito útil para usos futuros.
35
Aplicações técnicas dos princípios de projeto de formas naturais incluem estruturas de baixo
peso empregando colméias; tubos e conecções; perfis de aeronaves, barcos etc. De grande
importância são estruturas de baixo peso na forma de hastes finas, como o talo do trigo (Figura 5.6).
A figura 5.7 mostra algumas derivações de princípios naturais que tem provado ser muito útil na
construção de aeronaves - a construção tipo “sandwich”.
O fecho tipo velcro é outro exemplo de aplicação técnica baseado em análise de sistemas
naturais. Este produto foi inspirado nos ganchos de um “carrapicho” (Figura 5.8).
36
Figura 5.8 Ganchos de um carrapicho e fecho tipo Velcro
4. Analogias
Na procura por soluções e na análise das propriedades do sistema, freqüentemente é útil
substituir um problema análogo (ou sistema) pelo que está sendo considerado, tratando-o como um
modelo. Em sistemas técnicos, analogias podem ser obtidas pela troca do tipo de energia utilizada.
Analogias de esferas não técnicas também podem ser muito úteis.
Além de ajudar na procura por uma solução, analogias também são muito úteis no estudo do
comportamento do sistema durante o estágio inicial de seu desenvolvimento. Este estudo pode ser
feito por meio de simulações e técnicas de modelagem para otimizar o sistema. Além disso, pode-se
utilizar essa técnica para identificar novas subsoluções essenciais.
Se o modelo aplicado ao sistema tem diferenças dimensionais e/ou condições marcantes,
uma análise de similaridade deve ser executada.
37
Boas idéias são freqüentemente examinadas pelo subconsciente ou pré-consciente sob a luz
de conhecimento especializado, experiência e problema em mãos. Freqüentemente o simples ímpeto
resultante de associação de idéias basta para forçá-las ao consciente. Este ímpeto pode surgir de
eventos externos ou discussões aparentemente sem relacionamento com o problema.
Freqüentemente uma idéia súbita do projetista irá acertar o alvo, então tudo que ele precisa é fazer
mudanças ou adaptações que conduzem diretamente à solução final. Muitas soluções boas nascem
desta forma e são desenvolvidas com sucesso.
Um bom método de projeto não pode eliminar este processo, pelo contrário ele deve ser
estimulado.
Métodos puramente intuitivos têm as seguintes desvantagens:
• A idéia certa não vem na hora certa, pois ela não pode ser forçada
• Convenções e preconceitos pessoais podem inibir desenvolvimentos originais
• Novas tecnologias ou procedimentos podem falhar em alcançar a consciência do projetista
devido a informações inadequadas
Estes perigos aumentam com a especialização, as divisões de tarefas e as pressões
relacionadas ao tempo.
Existem vários métodos para encorajar a intuição e abrir novas perspectivas pela associação
de idéias. O mais simples e mais comum deles envolve discussões críticas com colegas. A maioria
destas técnicas foi criada originalmente para solucionar problemas não técnicos, mas elas são
aplicáveis em qualquer área que necessite de idéias novas.
1. “Brainstorming”
“Brainstorming” pode ser traduzido como: provocando uma tempestade cerebral. Essa
técnica é um método de geração de novas idéias, na qual um grupo de pessoas de mente aberta traz
qualquer pensamento que ocorra a eles. Desta forma, novas idéias são estimuladas nas mentes dos
outros participantes. Para fazer uma seção de “brainstorming” deve-se convidar pessoas de várias
esferas da vida (o mais variado possível). “Brainstorming” baseia-se fortemente na estimulação da
memória e na associação de idéias que ainda não foram consideradas no contexto ou nunca foram
permitidas de alcançar a consciência.
Para melhor eficiência, seções de “Brainstorming” devem seguir as seguintes linhas.
a) Composição do grupo
• Um líder
• 5 a 15 componentes
• O grupo não deve ser confinado a especialistas
• O grupo não deve ser estruturado hierarquicamente para prevenir censuras
b) Liderança do grupo
• O líder só deverá tomar iniciativa lidando com problemas organizacionais,
isto é, convites, composição, duração e avaliação.
• Antes da sessão de “brainstormig” ele deve delinear o problema e durante a
sessão ele deve observar se as regras estão sendo seguidas e, em particular, se a
atmosfera permanece livre e fácil.
• Então ele deve começar a sessão expressando idéias absurdas, ou
mencionando um exemplo de uma outra sessão de “brainstorming”.
• Ele não deve liderar a expressão das idéias. Por outro lado ele pode
encorajar o fluxo de novas idéias quando perceber que a produtividade do grupo
diminuiu.
• O líder do grupo deve garantir que ninguém critique as idéias dos outros
participantes. Ele pode apontar um ou dois participantes para aguardar alguns minutos.
c) Procedimento
38
• Todos participantes devem evitar rejeitar como absurdo, falso,
desagradável, humilhante, estúpido ou redundante, qualquer idéia expressada
espontaneamente por si próprio, ou por outros participantes do grupo.
• Nenhum participante deve criticar idéias que surgirem e ninguém deve
dizer frases prejudiciais como: “nós já escutamos isto antes”, “isto não pode ser feito”,
“isto nunca vai funcionar”, “isto não tem nada a ver com o problema”. Novas idéias
podem ser usadas por outros membros do grupo, que podem mudá-las ou desenvolvê-
las. Às vezes é proveitoso combinar várias idéias em novas propostas.
• Todas idéias devem ser escritas, esboçadas, ou faladas em gravador.
• Todas sugestões devem ser suficientemente concretas para permitir que
soluções específicas apareçam.
• A praticidade das sugestões deve ser ignorada a princípio.
• A sessão deve durar entre 30 e 45 minutos. Experiências têm mostrado que
sessões longas não produzem nada de novo e conduzem a repetições desnecessárias. É
melhor fazer uma nova sessão com novas idéias de outros participantes num outro dia.
d) Avaliação
• Os resultados são revisados por especialista e, se possível, classificados em
ordem de viabilidade e desenvolvidos posteriormente.
• Os resultados finais devem ser revisados com o grupo inteiro para evitar
possíveis desentendimentos ou interpretações unilaterais por partes dos especialistas.
Idéias novas e mais avançadas podem ser mais bem expressadas ou desenvolvidas
durante uma nova sessão.
Brainstorming pode ser muito útil para desenvolver soluções. O projetista lembrará de idéias
geradas nestas sessões em muitas ocasiões. Porém não se deve esperar milagres. A maioria das
idéias expressadas não serão viáveis técnica ou economicamente.
2. Método 635
Este método é um desenvolvimento do “brainstorming”.
a) Depois de se familiarizar com a tarefa analisando-a cuidadosamente, pede-se para os
participantes de um grupo de seis pessoas escreverem três soluções aproximadas na forma
de palavras-chaves.
b) Depois de algum tempo, as soluções são enviadas ao participante vizinho que, depois de ler
as sugestões prévias, adiciona outras três soluções ou desenvolvimentos.
c) Esse processo é continuado até que cada conjunto original de três soluções seja completado
ou desenvolvido através de associações, pelos cinco outros participantes, por conseqüência o
nome do método.
39
A desvantagem relativa do método é a redução da criatividade dos participantes causada
pela isolação e falta de estímulo devido a ausência de uma atividade de grupo aberta.
Em resumo, a procura por princípios de solução para as subfunções deve ser baseada nos
seguintes itens:
• Preferência deve ser dada as subfunções principais, pois elas determinam o princípio da solução
total, e para as subfunções que ainda não foram descobertos nenhum princípio de solução.
• As funções e suas características associadas devem ser derivadas de relacionamentos
identificáveis entre os fluxos de energia, material e sinais, ou a partir dos sistemas associados.
• Se o princípio físico de trabalho não é conhecido, ele deve ser derivado de efeitos físicos e do
tipo de energia. Se o princípio de trabalho já foi determinado, formas apropriadas de projeto
(superfícies, movimentos e materiais) devem ser escolhidas e variadas. Listas de checagem
devem ser usadas para estimular novas idéias, veja as Figuras 5.9 e 5.10.
40
retângulo, pentágono, hexágono, octágono, cilindro, cone, cubo, esfera,
simétrico, assimétrico
Posição: Axial, radial, vertical, horizontal, paralelo, seqüencial
Tamanho: Pequeno, grande, estreito, alto, baixo, largo
Número Indivisível, divisível, simples, duplo, múltiplo
MOVIMENTOS
Título Exemplos
Tipo: Estacionário, translacional, rotativo
Natureza: Uniforme, não-uniforme, oscilatório, intermitente, plano ou
tridimensional
Direção: Na direção x, y, z e/ou em torno de x, y, z
Magnitude: Velocidade
Número: Um, vários, movimento composto
PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
Título Exemplos
Estado: Sólido, líquido, gasoso
Comprimento: Rígido, elástico, plástico, viscoso
Forma: Corpo sólido, grãos, pó, poeira
Figura 5.10 Características para variação na procura (área de projeto da forma)
• A matriz morfológica deve ser construída passo a passo de maneira mais compreensível possível.
Incompatibilidades devem ser descartadas seguindo somente propostas de soluções promissoras.
Desta forma o projetista deve tentar determinar quais princípios contribuem para a descoberta de
soluções e examinar variações dos mesmos.
• Somente as soluções mais promissoras devem ser escolhidas.
• O mesmo procedimento deve ser seguido para outras subfunções importantes, prestando atenção
nas incompatibilidades com as subfunções previamente elaboradas.
• Se possível, deve-se elaborar a matriz morfológica de maneira facilmente compreendida,
facilitando o uso repetido em projetos futuros.
A figura 5.11 mostra uma matriz morfológica para uma colhedora de alho. Os elementos
desta matriz estão descritos a seguir:
A- Acoplamento trator-implemento
A1- Posição relativa do implemento A2- Tipo de engate máquina- trator
A1.1- à frente A2.1- acoplamento em três pontos
A1.2- ao lado A2.2- acoplamento à barra de tração
A1.3- atrás A2.3- acoplamento especial
41
Figura 5.11 Matriz morfológica para uma colhedora de alho
42
B4- sem movimento lateral relativo
B5- sensor ótico mais acionador
E- Corte do canteiro
E1- Braço da lâmina
E1.1 ao E1.6- diferentes formas construtivas
E2- Lâmina para o corte do solo
E2.1- plana reta
E2.2- plana em forma de calda de andorinha
E2.3- curvada reta
E2.4- triangular reta
E2.5- cabo de aço
E2.6- plana dentada no corte
43
H2- impacto
H3- jato de ar
H4- pás rotativas
H5- sem limpeza
Os métodos descritos até agora foram primariamente aplicados para ajudar na procura por
princípios de solução e na construção de um campo de soluções para subfunções. Para satisfazer a
função total, é necessário agora elaborar soluções gerais a partir da combinação de princípios
(síntese de sistemas). A base para esta combinação é a estrutura de funções estabelecida, que reflete
lógica ou fisicamente as associações possíveis das subfunções.
Os métodos que nós descrevemos e particularmente aqueles com canal intuitivo, são
aplicados para conduzir à descobertas de combinações apropriadas. Existe também outro método
para chegar à estas sínteses mais diretamente. Em princípio, ele deve permitir uma combinação
clara de princípios de solução, com ajuda de quantidades físicas associadas e o projeto da forma
apropriado.
O principal problema com estas combinações é garantir a compatibilidade física e
geométrica dos princípios de solução a serem combinados, que proporcionarão um fluxo suave de
energia, material e sinais.
Combinação sistemática
No uso da matriz morfológica para elaborar a solução geral, pelo menos um princípio de
solução deve ser escolhido para cada subfunção, isto é, para cada linha. Para proporcionar a solução
geral, esses princípios devem ser combinados sistematicamente numa estrutura de funções. Se
existem m1 princípios de solução para a subfunção F1, m2 para a subfunção F2 e assim por diante,
então após a combinação completa nós teremos o seguinte número de variantes de solução gerais
teoricamente possíveis: N = m1 . m2 . m3 . ... . mn.
O maior problema com esse método de combinação é decidir quais princípios de solução são
compatíveis. Isto é, estreitar a procura do campo teoricamente possível para o campo prático.
A identificação de subfunções compatíveis é facilitada se:
• as sub-funções são listadas na ordem na qual elas aparecem na estrutura de funções, se
necessário separadas de acordo com o fluxo de energia, material e sinais;
• os princípios de solução são arranjados adequadamente com ajuda de parâmetros adicionais nas
colunas, por exemplo, o tipo de energia;
• os princípios de solução não são meramente expressos em palavras mas também em croquis
aproximados;
44
• as características e propriedades mais importantes dos princípios de solução estão bem gravadas.
Esse método de combinação é mostrado na figura 5.12.
A verificação de compatibilidades também é facilitada pela elaboração de uma matriz. Se
duas subfunções a serem combinadas, por exemplo “alterar energia” e “variar a energia mecânica
do componente”, são alojados respectivamente no cabeçalho das colunas e linhas de uma matriz,
com as características das variantes nas caixas apropriadas, então a compatibilidade das sub-
soluções podem ser verificadas mais facilmente, do que seria uma verificação confinada a cabeça
do projetista.
Resumindo:
• combine somente subfunções compatíveis;
• prossiga somente com as soluções que satisfazem a demanda da especificação e preste atenção
aos gastos;
• concentre nas combinações promissoras e estabeleça porque estas devem ser preferidas dentre as
outras.
Concluindo, deve-se enfatizar que, o que nós acabamos de discutir é um método geralmente
válido para combinar sub-soluções em soluções totais. O método pode ser utilizado para a
combinação de princípios de solução durante a fase conceitual, e de sub-soluções, ou mesmo
componentes e montagens durante o projeto preliminar.
Soluções
1 2 j m
Sub-funções
1 F1 S11 S12 S1i S1m
2 F2 S21 S22 S2j S2m
Para a aproximação sistemática, o campo das soluções deve ser o mais amplo possível.
Através da consideração de todos os possíveis critérios de classificação e características, o projetista
é freqüentemente conduzido a um número grande de possíveis soluções.
Esta abundância constitui a força e também a fraqueza da aproximação sistemática. O
número grande de soluções teoricamente admissíveis, mas inaceitáveis na prática, deve ser reduzido
o mais cedo possível. Por outro lado, deve-se tomar cuidado para não eliminar princípios de solução
de valor, porque é freqüentemente na combinação com outros, que uma solução total vantajosa
aparecerá.
O procedimento de seleção envolve dois passos, chamados eliminação e preferência.
Primeiramente eliminam-se as propostas totalmente inadequadas. Se ainda permanecer
muitas soluções possíveis, deve-se dar preferência a aquelas que são claramente melhores do que as
outras. Somente estas soluções são avaliadas ao final da fase conceitual de projeto.
Frente a uma proposta de soluções numerosa, o projetista deve elaborar um quadro de
seleção, mostrado na figura 5.13, onde as variantes de solução são selecionadas segundo os
seguintes critérios:
• são compatíveis com a tarefa total e/ou com uma outra (critério A);
• atende a demanda da especificação (critério B);
45
• são realizáveis em relação à performance, leiaute etc.. (critério C) e
• são realizáveis dentro dos custos permissíveis (critério D).
Soluções inadequadas são eliminadas de acordo com estes quatro critérios, aplicados na
seqüência correta. Os critérios A e B são utilizados para decisões do tipo sim/não e suas aplicações
geram relativamente poucos problemas. Os critérios C e D freqüentemente necessitam uma
aproximação mais quantitativa, que somente deverão ser utilizadas quando os critérios A e B forem
atendidos.
Desde que os critérios C e D envolvem considerações quantitativas, eles devem conduzir
não somente à eliminação da solução proposta com efeito muito pequeno ou custo muito alto, mas
também às preferências baseadas em grandes efeitos, pouco espaço requerido e baixo custo.
Uma preferência é justificada se, entre o número grande de possíveis soluções, existem
algumas que:
• incorporam medidas diretas de segurança ou introduzem condições ergonômicas favoráveis
(critério E); ou
• são preferidas pela equipe de projeto, isto é, podem ser desenvolvidas com “know-how”,
materiais, procedimentos usuais e sobre condições favoráveis em relação a patentes (critério F).
Seleções baseadas em critérios de preferência só são aconselháveis quando existem várias
variantes, que uma avaliação completa envolveria muito tempo e esforço.
Os critérios C e D devem ser aplicados somente após a combinação dos princípios de
solução seguidos, se necessário, pela aplicação dos critérios E e F.
Se, na seqüência sugerida, um critério conduziu à eliminação de uma proposta, então os
outros critérios não precisam ser aplicados. A princípio, somente as variantes de soluções que
satisfazem todos os critérios devem ser seguidas. Às vezes, entretanto, é impossível harmonizar a
disputa devido a falta de informação. Nesses casos, de variantes promissoras que satisfazem os
critérios A e B, o conflito terá que ser solucionado por uma reavaliação da proposta, que garantirá
que soluções ruins não passem para as fases seguintes do projeto (veja o item seguinte, fixando em
variantes conceituais).
Os critérios estão listados na ordem acima como um mecanismo para economizar tempo, e
não em ordem de importância.
O procedimento de seleção foi sistematizado para implementação e verificação fácil e
simples. Aqui, os critérios são aplicados em seqüência e as razões para eliminar qualquer solução
proposta são registradas. Experiências têm mostrado que o procedimento de seleção descritos
podem ser aplicados rapidamente, que ele proporciona um bom quadro das razões de seleção e
documentação adequada na forma de uma tabela de seleção.
Se o número de soluções propostas é pequeno, eliminações podem ser baseadas nos mesmos
critérios, mas documentados menos formalmente.
O exemplo escolhido para ilustrar esta etapa compreende propostas de solução para um
medidor de combustível. Um extrato da lista de propostas é mostrado na Figura 5.13. O quadro de
seleção para este sistema de medição é mostrado na Figura 5.14.
46
Sustentação por mola → deslocamento
Instalar fonte luminosa no corpo flutuante → desloc. do raio de luz
2. Mecânica, dinâmica
2.1.Líquido
d1 Explorar a inércia do líquido (aceleração) Força (momento)
d2 Oscilação de massa de líquido Freqüência, tempo, intervalo
d3 Bombear líquido para outro conteiner e Medir quant.bombeada Tempo, energia elétrica
d4 Medir diferenças de fluxo de entrada e saída no reservatório Quantidade de matéria
47
concretos para conduzir a adoção de uma variante de solução definitiva. Isto acontece, pois a
procura por soluções é baseada na estrutura de funções, seu objetivo é satisfazer uma função
técnica. Uma solução conceitual também deve satisfazer as condições elaboradas no item objetivos
e restrições gerais, pelo menos em essência. Antes que as variantes possam ser avaliadas, elas
devem ser fixadas.
O processo de seleção pode ter revelado falhas de informação sobre propriedades muito
importantes, as vezes a um ponto que nem é possível tomar uma decisão confiável. As propriedades
mais importantes da combinação proposta de princípios devem ter uma definição mais concreta
qualitativamente e também quantitativamente.
Aspectos importantes do princípio de trabalho (como performance e susceptibilidade a
falhas), o encorpamento (como o espaço requerido, o peso e a vida de serviço) e finalmente
restrições importantes, devem ser conhecidas pelo menos aproximadamente. Essas informações
mais detalhadas só precisam ser reunidas para combinações promissoras.
Os dados necessários são essencialmente obtidos com ajuda de métodos comprovados como:
• cálculos aproximados baseados em suposições simplificadas;
• croquis ou desenhos em escala de possíveis leiautes, formas, espaço requerido, compatibilidade
etc.;
• experimentos preliminares ou testes de modelos para determinar as propriedades principais, ou
exposição quantitativa aproximada sobre a performance e o campo de otimização;
• construção de modelos para ajudar a análise e visualização (por exemplo, modelos cinemáticos);
• modelagem análoga e simulação de sistemas com ajuda de computadores;
• procura por patentes e/ou literatura específica e
• pesquisa de mercado (marketing) da tecnologia proposta, materiais etc..
Com estes dados “frescos” é possíveis fixar a maioria das combinações de princípios
promissoras, até o ponto em que elas possam ser avaliadas (veja o próximo item).
Neste passo as propostas de solução, agora fixadas em variantes de concepção, devem ser
avaliadas de forma a prover uma base objetiva para decisões. Existem procedimentos especiais de
avaliação para atender estas necessidades. Todos eles elaborados para proporcionar não somente a
avaliação de variantes de concepção, mas também variantes de soluções em todas as fases do
processo de projeto.
48
considerações econômicas, como a reação do mercado ao produto (que freqüentemente não pode ser
quantificada em quantidades absolutas de dinheiro) sejam ignoradas.
Então existe uma necessidade por métodos que permitam uma avaliação mais
compreensível. Esses métodos são utilizados para elaborar não somente as propriedades
quantitativas mas também qualitativas das variantes, tornando possível aplicá-los durante a fase
conceitual com seu baixo nível de corporificação e conseqüentemente baixo estado de informação.
O resultado deve ser confiável, ter custo adequado e ser facilmente compreendido e reproduzido. O
método mais importante é análise do custo-benefício baseado na aproximação de sistemas e o
método combinado de avaliação técnica e econômica.
Áreas
N O1 Eficiência econômica O2
í do motor
v
e Baixo custo O11 O12 Baixo custo de O21 O22
i de operação manutenção
s
O111 O112 O121 O122 O123 O211 O212 O221
Baixo Baixo
consumo de consumo de
combustível óleo
Análise de valor sistematiza este passo por meio de uma árvore de objetivos, na qual
objetivos individuais são arranjados em ordem hierárquica. Os sub-objetivos são arranjados
verticalmente em níveis de complexidade decrescente e, horizontalmente em áreas de objetivos (ver
Figura 5.15). Devido à sua independência requerida, sub-objetivos de um nível superior só podem
ser conectados com objetivos do próximo nível inferior. Essa ordem hierárquica ajuda o projetista
determinar se sub-objetivos relevantes na decisão foram cobertos ou não. Além disso, ela simplifica
49
o acesso da importância relativa dos sub-objetivos. Os critérios de avaliação podem então ser
derivados dos sub-objetivos do estágio que tem a complexidade mais baixa.
Para estabelecer critérios de avaliação, nós devemos primeiro avaliar sua contribuição
relativa para o valor total da solução. Desta forma critérios relativamente sem importância podem
ser eliminados antes da avaliação ser iniciada. São dados fatores de peso aos critérios de avaliação
restantes, que devem ser levados em consideração durante o subseqüente passo da avaliação. O
fator peso é um número real positivo. Ele indica a importância relativa de um critério particular de
avaliação (objetivo).
Nível
O1
1
1.0 1.0
0.67 0.34 0.33 0.16 0.34 0.09 0.33 0.08 0.33 0.08
4
∑wi = 0.09 + 0.25 + 0.16 + 0.09 + 0.04 + 0.04 + 0.08 + 0.25 = 1.0
Figura 5.16 Árvore de objetivos com fatores de peso
50
1, de tal forma que a percentagem dos pesos possa ser distribuída para todos sub-objetivos. A
construção de uma árvore de objetivos facilita bastante este processo. A figura 5.16 ilustra o
procedimento. Aqui os objetivos foram dispostos em quatro níveis de complexidade decrescente e
providos com fatores de peso. A avaliação prossegue passo a passo, a partir do nível de maior
complexidade para o próximo nível mais baixo. Então os três sub-objetivos 011, 012, 013 do segundo
nível, primeiramente são pesados em relação ao objetivo 01 (nesse caso particular os pesos são 0,5;
0,25 e 0,25). A soma dos fatores de peso para qualquer nível deve sempre ser igual a 1,0. Em
seguida distribui-se pesos para os objetivos do terceiro nível em relação aos sub-objetivos do
segundo nível. Então o peso relativo do 0111 e 0112 em relação ao objetivo superior 011 foram fixados
em 0,67 e 0,33. Os objetivos restantes são tratados de modo similar. Os pesos relativos de um
objetivo a um nível particular, em relação ao objetivo 01, é encontrado pela multiplicação do fator
de peso do nível deste objetivo, pelo fator de peso do objetivo do nível superior. Então o sub-
objetivo 01111, que tem um peso de 0,25 em relação ao sub-objetivo 0111 do próximo nível superior,
tem um peso de 0,25 x 0,67 x 0,5 x 1 = 0,09 em relação ao objetivo 01. Esta alocação de pesos passo
a passo produz uma classificação realística, porque é muito mais fácil pesar dois ou três sub-
objetivos em relação a um objetivo de nível superior, do que confinar a distribuição de pesos a
somente um nível particular, especialmente o mais baixo.
A figura 5.17 mostra um exemplo concreto do procedimento recomendado.
51
5.7.4 Compondo parâmetros
Boa reprodutibilidade da Baixo desgaste do
curva torque -tempo movimento das partes
Operação de W111=0.7 Wt111=0.28 W1111=0.2 Wt1111=
Confiança 0.056
W11=0.4 Wt11=
0.4 Tolerância de Baixa susceptibilidade
Sobrecarga a vibrações
W112=0.3 Wt112=0.12 W1112=0.5 Wt1112=
0.14
Poucos fatores de
Distúrbios
Alta Segurança
W1113=0.3 Wt1113=
Mecânica 0.084
W121=0.7 Wt121=0.21
Alta Segurança
W12=0.3 Wt12=
0.3 Pequeno número de
Pouca possibilidade de Componentes
Dispositivo de de erros do operador
Confiança e W1311=0.5 Wt1311=
Simples Teste W122=0.3 Wt122=0.09 0.03
W131=0.6 Wt131=0.06
Muitos padrões e
Produção Simples partes compradas para
fora
W13=0.1 Wt13=
W1313=0.3 Wt1313=
0.1 Conjunto Simples 0.018
W132=0.4 Wt132=0.04
52
∑w = 0.056 + 0.14 + 0.084 + 0.12 + 0.21+ 0.09 + 0.03 + 0.012 + 0.018 + 0.04 + 0.06 + 0.084 +
0.056 = 1.0
É útil começar pela procura por variantes com qualidade extremamente boas ou ruins e
distribuir os pontos apropriados para elas. Os pontos 0 e 4 (ou 10) só devem ser atribuídos se as
características são realmente extremas, isto é, insatisfatória ou muito boa (ideal). Uma vez tenham
sido alocados esses pontos extremos, as variantes restantes são relativamente fáceis de serem
avaliadas.
É aconselhável elaborar um quadro no qual a magnitude dos parâmetros são correlatados passo a
passo com a escala de valores. A figura 5.19 mostra um tipo de esquema que incorpora pontos do
sistema para os dois tipos de escala de valores citados.
53
Os valores Vij de cada variante de solução estabelecidos em relação a cada critério de
avaliação são mostrados na figura 5.20.
Analise de valores VDI 2225 Consumo de Massa por unidade Simplicidade de Vida do Serviço
usados (Pts) (Pts) combustível (g/kWh) de Potência (kg/kW ) componentes (km)
0 0 400 3.5 extremamente 20*10^3
1 380 3.3 complicado 30*10^3
2 1 360 3.1 complicado 40*10^3
3 340 2.9 60*10^3
4 2 320 2.7 médio 80*10^3
5 300 2.5 100*10^3
6 3 280 2.3 simples 120*10^3
7 260 2.1 140*10^3
8 4 240 1.9 extremamente 200*10^3
9 220 1.7 simples 300*10^3
10 200 1.5 500*10^3
Figura 5.19 Quadro de correlação entre magnitude dos parâmetros e escala de valores
Uma vez tenha sido determinado sub-valores para cada variante, o valor total deve então ser
calculado.
Para a avaliação de produtos técnicos, a soma dos sub-valores tem se tornado o método
usual de cálculo, mas só pode ser considerado preciso se os critérios de avaliação são
independentes. Entretanto utiliza-se esse método, mesmo quando esta condição só é atendida
aproximadamente.
O valor total de uma variante j pode então ser determinado.
n n n
sem pesar: VTj = ∑ Vij e pesando: VTPj = ∑ PiVij = ∑ PVij
i =1 i =1 i =1
54
VTj VTPj
sem pesar: Rj = e pesando: RPj = n
Vmax . n
Vmax . ∑ Pi
i =1
Nº Wt Unidade Magnitude(mi1) Valor (vi1) Valor pesado(Wvi1) Magnitude(mi2) Valor (vi2) Valor pesado(Wvi2)
1 Baixo consumo de combustível 0.3 Consumo de combustível g/kWh 240 8 2.4 300 5 1.5
2 Construção de peso leve 0.15 Massa por unidade de potência kg/kW 1.7 9 1.35 2.7 4 0.6
3 Produção simples 0.1 Simplicidade dos componentes - complicado 2 0.2 média 5 0.5
4 Serviço de longa vida 0.2 Vida de Serviço km 80000 4 0.8 150000 7 1.4
: : : : : : : : : :
: : : : : : : : : :
: : : : : : : : : :
: : : : : : : : : :
Nº Wt Unidade Magnitude(mij) Valor (vij) Valor pesado(Wvij) Magnitude(mim) Valor (vim) Valor pesado(Wvim)
1 Baixo consumo de combustível 0.3 Consumo de combustível g/kWh ... m1j v1j wv1j ... m1m v1m wv1m
2 Construção de peso leve 0.15 Massa por unidade de potência kg/kW ... m2j v2j wv2j ... m2m v2m wv2m
3 Produção simples 0.1 Simplicidade dos componentes - ... m3j v3j wv3j ... m3m v3m wv3m
4 Serviço de longa vida 0.2 Vida de Serviço km ... m4j v4j wv4j ... m4m v4m wv4m
: : : : ... : : : ... : : :
: : : : ... : : : ... : : :
: : : : ... : : : ... : : :
: : : : ... : : : ... : : :
Figura 5.20 Avaliação de quatro variantes de concepção de aparelho para testes de cargas de impacto
55
Figura 5.21 Diagrama de taxas
Em alguns casos é útil derivar a taxa total a partir dessas taxas parciais expressando-as na
forma numérica:
• O método hiperbólico envolve a multiplicação das duas taxas e a redução a valores entre 0 e 1:
R = Rt .Re
56
Figura 5.22 Determinação da taxa total pelos métodos da linha reta e hiperbólico
58
Em relação a incertezas do prognóstico é aconselhável não expressar os parâmetros com
figuras a não ser que isto possa ser feito com precisão. Além disso é preferível usar estimativas
verbais, por exemplo: alto, médio, baixo, que não necessitam ser precisas. Valores numéricos, por
contraste, podem ser perigosos porque eles introduzem um senso falso de certeza.
Pontos fracos podem ser identificados a partir de valores abaixo da média para critérios de
avaliação individuais. Muita atenção deve ser dada a eles, particularmente no caso de variantes
prometedoras com valores totais bons. Esses pontos fracos devem, se possível, serem eliminados
durante o desenvolvimento posterior. A identificação desses pontos pode ser facilitada por gráficos
dos sub-valores, por exemplo, pelo perfil de valores ilustrado na figura 5.25. O comprimento das
barras corresponde ao valor e a espessura aos pesos. A área das barras então indica os sub-valores
pesados. O valor total pesado de uma variante de solução é dado pela soma das áreas das barras. É
claro que para melhorar uma solução, é essencial melhorar os sub-valores que proporcionam uma
contribuição maior para o valor total, do que os restantes. A figura 5.25 mostra um caso com
critério de avaliação que tem espessura da barra acima da média (muita importância), mas um
comprimento de barra abaixo da média. Além de um valor total elevado, é importante obter um
perfil de valores balanceado, isto é, sem pontos fracos sérios. Então, na figura abaixo a variante 2 é
melhor do que a variante 1, apesar de ambas possuírem o mesmo valor total pesado.
Existem alguns casos nos quais um valor mínimo permitido é estipulado para todos sub-
valores, isto é, qualquer variante que não atenda esta condição tem que ser rejeitada e todas
variantes que atendam são desenvolvidas posteriormente.
59