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LAWRENCE SONDHAUS

EDITORA CONTEX T
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www.edito racontexto.c om.br
Fone: 3832-5833
Exemplar de Avaliação
Venda Proibida
Consrlho Editorial
Araliba Teixeira de Castilho
Carlos Eduardo Lins da Silva
José Luiz Fiorin
A PRIMEIRA
GUERRA
Magda Soares
Pedro Paulo Funari
Rosángcla Doin de Almeida
Tan ia Regi na de Luca
MUNDIAL
HISTÓRIA COMPLETA
Proibida a reprodução total ou parcial em qualquer mídia
sem a autorização escrita da editora.
Os infratores estão sujeitos às penas da lei.
Tradução
Roberto C ataldo Costa
A Editora não é responsável pelo conteúdo da Obra,
com o qual não necessariamente concorda. O Autor conhece os fatos narrados,
pelos quais é responsável, assim como se responsabiliza pelos juízos emitidos.
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e todas as crises i~ternaci~nais ~a história, nenh uma foi
alvo de um escrut11110 mais menculoso ou de um maior
n úmero de análises acadêmicas do que a Crise de Julho
28 de junho. A Mão Negra assassina o arquiduque Francisco Ferdinando
de 1914, que começou com o assassinato do arqu iduque
em Sarajevo. Francisco Ferdi nando em Sarajevo, em 28 de junho, e culminou em uma troca de
3 de julho. A Sérvia faz seu primeiro pedido de ajuda à Rússia. declarações de guerra entre as grandes potências a parti r de 1º de agosto. Assim
q ue o conflito teve início, os governos de cada país buscaram reunir um registro das
5 a 6 de julho. A "Missão Hoyos" à Alemanha assegura um "h
c eque em
maquinações d iplomáticas q ue d efendiam ou justificavam suas ações e colocavam
branco" para o Império Austro-Húngaro. a culpa em outrem: o Império Austro-Húngaro contra a Sérvia, a Rússia contra o
16 a 29 de julho. O presidente francês Raymond Poi nca ré e seu p remiê Império Austro-H úngaro, a Alemanha contra a Rússia, a França e a G rã-Bretanha
René Viviani visitam a Rússia. contra a Alemanha. Por sua vez, os historiadores começaram a analisar a Crise de
Julho enq uanto a guerra ainda estava em andamento, desencadeando um longo
23 de julho. O Império Austro-Húngaro encaminha seu ultimato à Sérvia.
d ebate ainda em vigor, mesmo no centenário do conflito (ver a segui r "Perspec-
25 de julho. A Sérvia rejeita partes fundamenta is do ultimato; a Austria- tivas: a C rise de Julho"). Os volumes de docu mentos diplomáticos e os m ilhares
Hungria declara guerra (28 de julho). d e estud os publicad os em d ezenas de línguas ao longo das décadas seguintes
contrib uíram para a compreensão geral da deflagração da guerra, mas, ao mesmo
31 de julho. A Rússia se mobiliza contra a Áustria-Hungria e a Alemanha.
tempo, obscureceram alguns dos elementos centrais da Crise de Julho: a guerra
1º de agosto. A Alemanha ordena a mobilização geral e declara guerra começou , em primeiro lugar, por causa da Sérvia, u m pequeno e ambicioso país
à Rússia; a França ordena mobilização geral. q ue até certo po nto se tornara refém de elementos nocivos em suas forças armadas
2 de agosto. A Itália declara neutralidade. e que, na b usca de seus próprios objetivos nacionais, inflamou todo o continente;
duas das potências mais fracas, Áustria-Hungria e Rússia, se comportaram com
3 de agosto. A Alemanha declara guerra à França. determinação pouco característica, enraizada em suas próprias d úvidas acerca de
4 de agosto. A Alemanha invade a Bélgica·, a G ra·-Bretan h a d ec 1ara seu futu ro status como grandes potências; os líderes austro-hú ngaros e alemães
.
guerra a Alemanha. tinham noções incompatíveis sobre a guerra que desejavam - os alemães fazendo e
conseguind o o que q ueriam às custas de seus aliados; e, por fim, os líderes franceses,
6 de agosto. O Império Austro-Húnoaro declara m1err . R . .
0 ' ,,, , a a uss1a. embora d e início não d esejassem a guerra, viram a Crise de Julho se desdobrar
d e tal m aneira q ue acabou propiciando-lhes uma guerra sob as circunstãncias que
consideravam as mais favoráveis .
A Mão Negra em Sarajevo, 28 de junho de 19 14
Em janeiro de 1914, quando o Estado-Maior austro-h úngaro definiu o cro-
nograma d e m anobras militares para o ano, o arquiduque Francisco Ferdinando
concordou em inspecionar os exercícios de verão dos 15º e 16º Cor pos de Exército
•• ·1
\..___ 55
A Primeira Guerra Mundial Acri5cdej ulhodc 1914
G)
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O arquiduque do Império
Austro-Húngoro Francisco " ~
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~
PERSPECTIVAS: A CRISE DE JULHO
Ferdinondo com suo filho Sofia. ~ - 5'
lt--,. "3 Na opinião de Fritz Fischer, a Alemanha conseguiu a guerra que queria,
.... ""'5· em julho de 1914, com apenas um senão: a Europa continen tal sob a liderança
~ da Aleman ha e com objetivos bélicos articulados durante aquele outono
não
.,
1
?

foi uma unanimi dade aprovada no verão:


{ . ~}: -~ õ' Apesar da entrada da Grã-Bretanha na guerra, o plano, decidido no mês
,"- ,:. ~s anterior, de usar a oportuni dade aberta pelo assassina to em Sarajevo para dar
na Bósnia . Em 26 e 27 de início à guerra continental que os alemães julgavam necessári
§ a foi levado a cabo
com êxito. Mas o número de aliados com que a Alemanha entrou na
~··
. ho ,
JUn arquiduq ue assistiu
O il guerra
ficou aquém de suas expectativas. Em contraste com o que os líderes alemães
às manobra s na compan hia
e,.
0
esperavam havia décadas, quando chegou a hora da "luta decisiva", as potências
dos dois principa is generais
menores não se agruparam em torno da Alemanha como o núcleo da Europa
da Monarq uia Dual, Franz Central, mas tentaram preservar sua independ ência enquanto mantinh am
Conrad von Hõtzendorf, che- 'li postura neutra de quem espera para ver. O que tinha deixado de acontece
uma
r
fe do Estado-Maior, e Oskar nesse moment o de tremendas emoções se tornou, nas semanas seguintes , um
Potiorek, governador militar
da Bósnia, antes de visitar a
capital bósnia, Sarajevo, com ~
- •" importante objetivo de guerra do governo alemão - a Mineleuropa [Europa
meio] unida sob a liderança germânica.
Fonte: Fritz Fischer, War of lllusioru: Gennan Policies from 191 l
W. W. Norton, 1975), 515. (© 1975, W. W. Norton & Co., lnc. e Chano &
to

do
1914, trad. Marian Jackson (Novn York:
sua esposa, Sophie, no domin- Windus Ltd. Uso sob
-
permissão da W. W. Norton & Co.)
go, 28 de junho. Enquan to
passeava pela cidade em carro
* * *
aberto, o arquiduq ue sobrevi-
veu a uma primeira tentativa A análise do historia dor francês Marc Ferro (nascido em 1924) está
. . , .
de assassinato por volta das dez e meia da manhã e continu ou seu em consonâ ncia com Fischer quanto à respons abilidad e alemã
ttmeran o, e na guerra,
cerca de 30 minutos depois foi baleado à queima- roupa e morreu, mas também vê culpa na conduta britânic a e enfatiza a relativa impotên
junto com cia
Sophie. A polícia capturou o assassino, um bósnio de 19 anos chamad da França:
o Gavrilo
Princip, na cena do crime, e no mesmo dia prendeu seus coconsp iradores Sem dúvida, o papel de "gênio do mal" por trás da eclosão fica com
. Assim,
a Mão Negra, como ficou conhecido o grupo terrorista, consegu iu os líderes alemães [... ] [que! fizeram a balança pender para o
elimina r seu lado da solução
principal alvo, depois de fracassar em atentado s anterior es contra a vida radical à questão sérvia, planejaram em segredo e com cuidado os rumos
de oficiais da
austro-húngaros na Bósnia e na Croácia. Conrad, que questão, de forma a perpetra r uma espécie de "crime perfeito" , e delibera-
por anos defende ra uma
guerra preventiva contra a Sérvia, qualifico damente rejeitaram tentativas de mediação quando o conflito ameaçou
u "o assassin ato em Sarajev o [como] [, .. ] se
agravar, tendo corrido esse risco quando a Rússia ameaçou intervir. Por
o último elo de uma longa corrente [... ]. Não foi o ato de um indivíd outro
uo fanático lado, a Inglaterra foi o "apóstolo da paz", tentando
[...] foi a declaração de guerra da Sérvia contra a Áustria- Hungria " não exacerba r o conflito
.' Dias depois austro-sérvio e assegurar que ele não se convertesse em guerra. Contudo ,
do assassinato, as autoridades austro-húngaras suspeita ram do envolvi sua política de conciliação contribu iu para a guerra tanto quanto os
mento de "riscos
oficiais da inteligência militar sérvia em geral e do co·ronel o· •rr..
I 1m1 11ev1c
·' em par ,
t,· calculados" dos alemães - estes, certos de que a Inglaterra permane
ceria
cu ar. Apurou-se que Princip e dois de seus colegas conspira neutra acontecesse o que acontecesse, foram mais longe em sua aventuro
dores tinham visitado sa
re~endtemente Belgrado, onde haviam recebido armas e diversas bombas empreit ada do que teriam ido caso soubessem que estavam errados
uma delas [... ]. Os
atira a contra o carro de Francisc o Fe d. d . . líderes franceses estavam sendo simplesmente arrastados para a guerra,
' mais
°
de assassinato na manhã do dia ZS. r man na pnmeira e malogra
da tentativ a preocup ados com a solidariedade de suas alianças do que com o destino
da ►
56 57
A Primeira Guerra Mundial
A crise de julho de 1914
paz. No âmbito dessa estreita conjun tura da Crise

de Julho, eles pratica mente A julgar por suas memór ias, os respons áveis pela política externa britânica
► nâo desempenharam nenhum papel ativo, não foment ando, mas
tampo uco entre 1906 e 1914 fizeram o melhor que podiam para justificar [sua)
extraordi-
impedindo, a explosão. nária mistura de empen ho diplomático e estratég ico e não compro metime nto
Fonte: Marc Ferro, Toe Great War, 1914-1918, n-ad. Nicole Stone (Londres: Roudedge, 1973), 45. !Do prático e político. Seus argumentos não convencem. Tudo somado
original francês La Grande Gume 1914-1918; em portuguê s: A , (... ) a in-
grande guerra, 1914-1918. Trad. Stella
Lou- certeza acerca da posição britânic a provave lmente fez da guerra contine ntal um
renço. Lisboa: Edições 70, 1990, Coleção História Narrativa). evento bastant e plausív el [...). A Grã-Br etanha se viu em 1914 diante de uma
.. . ameaça tão grave à sua segurança a ponto de ser necessário despach
de recrutas inexperientes para o outro
não tivesse se curvado à França e à Rússia em
lado do Canal? [... ) E se a
ar milhões
Grã-Bre tanha
questõe s imperia is e mais tarde
Divergindo da tese amplam ente aceita da Escola Fischer , que contine ntais após 1905? [...) E se a Grã-Bretanha não tivesse
consid erava intervin do em
a Monar quia Dual pouco mais que um fantoch e da Alema nha, agosto de 1914, o que talvez fosse a preferência da maioria do Gabine
o histori ador te?
norte-americano Samuel R. William son Jr. (nascid o em 1935) conclu iu que os Fonte: Niall Fergusso n, Toe Piry of War (New York: Basic Books,
1999), xli, xliii, 58-59, 80-81.
líderes austro-húngaros tomara m suas próprias e fatídicas decisõe
s:
Em Viena, em julho de 1914, um grupo de líderes experie ntes em questõ es
de Estado, poder e gestão de crises se expôs conscientemente ao
risco de uma Uma década depois , um minist ro do governo sérvio de 1914,
guerra geral para cravar uma guerra local. Exaurid os pela Guerra Ljuba Jovanovié,
dos Bálcãs, admiti u que o compl ô tinha sido discutido de antemã
pela expansão sérvia, pelo ativismo russo e, agora, pela morte de Francis o em reuniõe s de gabinete:
co Fer-
dinando, os líderes Habsburgos desejavam desesperadamente moldar "um dia, [o primei ro-min istro) Pasié nos disse[ ... ] que havia
seu futuro pessoas se prepar ando
ao invés de permitir que os eventos os destruís sem. O para ir a Saraje vo com o objetivo de matar Francis co Ferdin ando".
medo da desinte gração lncapaz de refrear
interna fez da guerra uma opção política aceitáve l. A decisão dos Dimitr ijevié e outros oficiais que apoiavam tais conspirações,
Habsbu rgos, àquela altura, Pasié
apoiada pelos alemães, deu à Crise de Julho um ímpeto que fez pouco podia fazer além de instrui r o embaix ador da Sérvia
da paz uma em Viena a "dissua dir o
das primeiras baixas. arquid uque de fazer a viagem fatal", sem dar uma explicação
que, de alguma maneira,
Fonte: Samuel R. Williamson, Jr., Austria-Hungary and the Origins of compr omete sse o govern o sérvio. 2 A recome ndação do embaix
the First World War (Londres: Macmill an , ador foi tão vaga que
1991), 215. (Reproduzido com permissão de Palgrave Macmilla as autorid ades austría cas não conseg uiram
n.) compr eender seu signific ado e Francisco
. .. jamais recebe u o alerta. Depois do assassinato, líderes sérvios
que Princi p e os outros conspi radore s presos em Sarajevo eram
se animar am ao saber
bósnios e, portan to,
Em uma minuciosa avaliação crítica da política britâni ca que súdito s austro- húngar os, e alimen taram a esperança de que a
tomou por Monar quia Dual tratasse
modelo a análise condenatória de Fischer acerca da diplom o crime como questã o interna e não como um inciden te interna
acia germân ica, o cional. Dimitrijevié,
histori ador britânico Niall Ferguson (nascido em 1964) a Mão Negra e outros extrem istas podem até ter saudad o com
expõe um Gabin ete alegria a guerra com
Liberal disfuncional, que concedeu ao ministro do exterio r britâni a Áustri a-Hun gria no verão de 1914, mas poucos de seus
co, sir Edwar d conterrâneos mais mo-
Grey, excessiva liberdade de ação para contrib uir com as derado s sentira m o mesmo . Embor a tivesse obtido grande
tensõe s pré-gu erra e, s vitórias e conquistado
em última instância, levar a Grã-Bretanha a um conflit o em consid erável experi ência nas recentes Guerra s dos Bálcãs,
que o país não o exércit o sérvio ainda
deveria ter entrado: não tinha se recupe rado das 130 mil baixas que sofrera, tampou
co fora rearmado
A germanofobía de Grey ou reabas tecido· além disso, o país tinha dobrad o de tamanh
e seu entusia smo pela Ement e com a França o e levaria anos até que
estavam, desde o início, os territó rios re~ém- adquir idos fossem integra dos política tra
em desacor do com as ideias e pontos de vista da e adminiS tivamente à
maioria do Gabinete Liberal · · p •· - d ·d· · om cautela e na medida do possível, distanciar o govern o
[... ]. Havia mais consen so entre Grey e os líderes S ervia. as1c ec1 1u agJr c
da oposição na Câmara . E• 3 d . lh . . 1 f· · [
0 ele fez seu pnme1ro ape o o ic1a
dos Comun s do que dentro do próprio gabine te, para sérvio da M ão Negra e do assassinato. m e JU · · ,tro do Exterio r russo, endoss
não mencionar o Partido Liberal como um todo [...]. Isso signific aos russos. N o dia seguin te, Serge S azon ov, 0 mmts ou
a que os por- . . a nao _ riazer
menores da diretriz política de Grey [...] não foram subme tidos a um P •., conselh ando a Sema
escrutí nio em São Peters burgo a postur a prud ente d e aSIC, ª
suficientemente cuidadoso pelo Parlamento. O que deu a Grey maior . . A Húnga ro Infelizmente, isso. sena. d.t·
liberda de nada que pudess e provoc ar o lrnpen o US trO-
e margem de ação do que seu livro de memórias mais tarde sugeriu ·
.
► 59
58
A Plimcir:t Guerra Mundial
A crise de julho de 1914
fiei! para o primeiro-ministro e seus colegas do Partido Radical, que enfrentariam . . com o ministro
ele se reuniu . do Exterior, O con d e Leopold Berch told , que sugenu.
eleições em meados de agosto, e na Sérvia os candidatos tidos pela opinião pública que o Impeno Austro-Hungaro exigisse que a Se·TVJ· " bot·
• • • _ a a 1sse certas · - " que
organizaçoes
corno não antiaustríacos o bastante tinham poucas chances de sucesso nas urnas. Os havta prometido extirpar.3 Berchtold nao se preci·p1·tou em cone1utr ·
· que o assassinato
nada conciliadores discursos de campanha de Pasié e de seus colegas, voltados para impli_ca:ia guerra, embora reconhecesse que o fato não podia ser tratado corno crime
0
o consumo interno na Sérvia, foram citados na imprensa de Viena, aumentando domest1co, conforme esperava Pasié. Conrad respondeu que somente a guerra resolveria
o problema sérvio e, ao longo dos dias que se seguiram a exasperação geral para com
nível de indignação no Império Austro-Húngaro.
a Sérvia, converteu a seu ponto de vista a maior parte das lideranças austro-húngaras.
No dia 30 de junho, Berchtold começou a limitar suas próprias opções, aceitando
~
:,
o argumento de Conrad de que o exército só deveria ser mobilizado se fosse lutar, e
"' não em apoio a uma iniciativa diplomática. Isso marcou o primeiro passo na rápida
~
[ transformação do ministro do Exterior em defensor da guerra.
g A primeira audiência imperial de Conrad após o assassinato ocorreu em 5 de
r
li3
julho, um domingo, dois dias depois dos funerais de Francisco Ferdinando e Sophie.
Ele encontrou Francisco José ansioso por não saber se a Alemanha apoiaria o Império
Austro-Húngaro em caso de guerra, mas o único culpado era mesmo o velho impera-
dor. Em parte porque tinha entrado em conflito com Francisco Ferdinando acerca
"
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ê} de várias questões - em especial a insistência do arquiduque em se casar com Sophie,
.a
'9. uma mera condessa, o que tornava seus filhos inelegiveis para o trono habsburgo - ,
.!!1
o imperador dera ao sobrinho um funeral pouco apropriado para um homem de sua
posição e negara pedidos de Guilherme ll e outros dignitários estrangeiros para com-
parecer às cerimônias. Como resultado, Francisco José e seus ministros não tinham
evidências concretas da posição alemã na questão de como a Áustria-Hungria devia
lidar com a Sérvia. No decorrer da semana após o assassinato, os alemães enviaram
Chefe do Estado-maior do
sinais contraditórios. Se por um lado o embaixador alemão em Viena, Heinrich von
Áustria-Hungria, Franz Conrod
von Hõtzendorf insistiu poro que o Tschirschky, recomendou co m insistência que Berchtold agisse com cautela, todos
império entrasse no guerra em 1914. os o utros canais formais e informais sugeriam que o clima em Berlim era de apoio a
uma ação decisiva. Berchtold reconhecia a necessidade de esclarecer a posição alemã
antes de dar O passo seguinte. Quando Conrad se reuniu com Francisco José, o chefe
Se a guerra tivesse eclodido com Francisco Ferdinando ainda vivo, o herdeiro ao de gabinete do ministro do Exterior, o conde Alexander H oyos, já _estava em um trem
trono teria atuado como comandante em chefe das forças armadas austro-húngaras, rumo a Berlim com a missão de assegurar uma promessa de apoio.
e Franz Conrad von Hõtzendorf teria sido seu chefe do Estado-Maior. C o m a morte
de Francisco Ferdinando, o arquiduque Carlos, de 26 anos, neto do irmão caçula do
imperador, tomou-se o herdeiro, mas faltava-lhe a experiência para arcar com o papel O "cheque em branco" da Alemanha
militar de Francisco Ferdinando. Francisco José logo escolheu seu primo, o arquiduque
Frederico, para atuar como comandante, arranjo que fez de C onrad o chefe de fato
para o Império Austro-Húngaro
do exército mobilizado para a guerra. Mesmo antes que o imperador formalizasse esse Berchtold enviou H oyos a Berlim porque não acreditava que seu embai-
arranjo, ficou claro que a influência de Conrad tinha aumentado e que, a reboque, xador n a Alemanha - Ladislaus de Szõgyény-Marich, um idoso conde austro-
aumentara também a probabilidade de que a Monarquia Dual buscasse uma solução húngaro - fosse capaz de sinalizar claramente que o Império Austro-Húngaro
militar para a crise. De volta ao seu gabinete em Viena, em 29 de junho, Conrad in-
formou seu Estado-Maior de que a guerra com a Sérvia era inevitável. N aquela noite, 61
60

A !'limeira Guerra Mundial A cruc de julho de 1914
eu Szõgy ény na n~go- - (M·m,m
ao passo que três grupos de batalh oes . aigruppe Balkan)
queria a guerra com a Sérvia . Contu do, Bercht old envolv contra os russos,
.
chego u a Berlim , perma necen am na defesa contra os sérvios .
ciação com a lideran ça alemã, que teve início assim que Hoyos
erme II enqua nto Na reu~iã o de 7 _d_e julho, Conra d admiti u a possibilidade
de intervencão
ao meio-dia do dia 5 de julho. Szõgyény se reuniu com Guilh
do Exteri or alemã o. s internas exclui~m
Hoyos se reunia com Arthu r Zimm erman n, vice-ministro russa, mas S~rgk ~ e Bilmski argum entara m que consideraçõe
· · · ·
Na mesma tarde, Guilh erme II se reuniu com o chance ler
Bethm ann Hollw eg
.. a nao ser
, er coisa
qualqu . . Como pnme1ro-mm1stro
, mac,·ca
o uso decisivo de forca
império multinacio-
e seu minist ro da Guerr a, o genera l Erich von Falken hayn,
e decidi u apoia r a austria co, Sturgk h era plenam ente sensível à narureza frágil do
de identidades
Áustri a-Hun gria, aceita ndo o risco de a Rússia interv ir em
nome da Sérvia e nal. Os 22 partido s no Reichsrat refletiam o amplo caleidoscópio
co José, e sob cais
mergu lhar a Europ a em uma guerra generalizada. Em discus
sões poster iores com nacion ais e ideológicas em sua metade do domín io de Francis
virada do século, só
Szõgyény e Hoyos, no dia 6 de julho, Bethm ann e Zimm
erman n reitera ram o condiç ões caóticas Stürgk h, como seus antecessores desde a
ncia do impera-
compr omisso alemã o, exigira m que a Áustri a-Hung ria agisse
e recom endar am podia govern ar recorr endo com frequência aos poderes de emergê
e alguns, pelo menos
que, pelo menos em um primei ro mome nto, seu acordo
se mantiv esse em se- dor. Nenhu m partid o queria a contin uação desse status quo
Estados nacio nais.
a, a Itália. Depoi s, de manei ra velada, eram favoráveis à divisão do impéri o em
gredo, sem ser comun icado ao seu parcei ro da Triplic e Alianç ntes mais eloquentes
ia especí fica de Tradic ionalm ente, os partido s tchecos tinham sido os opone
os alemã es manda ram Hoyos de volta para casa com uma garant m entre os primei ros
o assass inato de do regime, e seus líderes, em especial Tomás Masaryk, estaria
apoio, o que permi tiu que o Impéri o Austro-Húng aro usasse começasse. Sob tais
contas com a Sérvia . a seguir para o exílio em Paris ou Londres assim que a guerra
Franci sco Ferdin ando como justificativa para um acerto de a por parte do
um resum o da circun stância s, Stürgk h acreditava que qualqu er sinal de fraquez
No dia 7 de julho, Hoyos estava de volta a Viena para fazer m estava ciente
comun s da Mo- govern o apenas fortaleceria seus críticos interno s. Bilinski també
situaçã o ao consel ho ministerial. Os chefes dos três minist érios ro das Finanças,
da Guerr a, genera l da necess idade de agir de maneira rápida e decisiva. Como minist
narqui a Dual - o minist ro do Exterior, Berchtold, o minist ro entre as atribui ções d e sua pasta incluía-se a administração
da Bósnia, cujos par-
i - reunir am-se
Alexa nder Kroba tin, e o ministro das Finanças, Leon von Bilinsk tidos rivais sérvios, croatas e muçul manos vinham compe tindo
pelo contro le de
Áustri a, e o conde
com os dois primeiros-ministros, o conde Karl Stürgk h, da sua própri a dieta (assembleia legislativa) provincial desde sua
criação em 1910. Ele
horas de reuniã o;
Iscván Tisza, da Hungria. Hoyos esteve presente durant e as quatro ecoava os temore s de Stürgk h de que a domin ação austro-húngar
a na Bósnia não
to e a Marin ha
Conra d e o contra-almirante Karl Kailer, repres entand o o Exérci teria condiç ões de se perpet uar a menos que a Sérvia fosse
esmagada, e també m
es, mas, de resto:
foram convocados para comen tar as possíveis operações militar julgava que uma crise prolon gada causaria a indesejada quebra
da econo mia da
d fez grand e alarde
não t~mara m parte nas discussões. Depois da guerra, Conra Mona rquia Dual. Somen te Tisza hesitou , acredi tando que
nada de bom podia
duran te aquele s dias
sobr~ '.sso, alegan?.o que não tinha partici pado das decisões resulta r da guerra que Conra d descreveu: se as coisas dessem
certo, o provável era
" h d
cruc1a1s, atuand o apenas como especialista em ,assunt os mi·1,·ta res c ama o para
. que mais eslavos fossem anexad os ao império, diluin do a influên
cia dos magiares;
· · ·-
1a a 1cura sua part1c1
explic ar os planos de guerra após a missão de Hoyos · M as aque se dessem errado , sua Hungr ia acabaria pagand o o preço e
arcaria com o fardo
- d· -
paçao ,reta nao era necessária, por conta de seu recent es ucesso em conve rter para
. de uma invasã o russa. 4 Como T isza contin uou cético após o
conselho ministerial
. h 'd
seus pontos de vista as liderancas civis. Bilinski e St"urgkh tm am s1 o memb ros de 7 de julho, Bercht old tentou persuadi-lo enfatiz ando que
agora a Alema nha
de seu "partid o da gu "d d, . . - Dual não estivesse
erra es e a pnme1ra Guerra dos Ba' lcas, e agora Berch told espera va que a Áustri a-Hun gria fosse à guerra , e se Monar quia
se juntav a a eles ao aceit Conra d T: b, . que Tisza, como a maior
ar os argum entos
.
de
· am em genera l, Kroba tm à altura do desafio sua aliança com a Alema nha - aliança
compartilhava integralmente d e suas I.d e1as , • d Tiradas de c~ntex-
·
Ao
contra rio os outros chefes de parte dos húnga ros, valorizava muitís simo - estaria em risco.
Estado-Maior da Europa em julh d húngaro são ~1tadas
1914
. o Oe 16 , Conra d descre veu em detalh e seus pla- to, as palavr as do minist ro do Exterio r ao primei ro-min istro
nos de guerra para os líderes c·1v1s. das e_xpectat1vas da
s corpos d , .
e exercito estava m dividi dos em como evidên cia por histori adores que supere stimam o papel
3 grupos: O A-Staffel inclu , e iulho de 1~14.
ia nove corpos, o B-Staf fel quatro , e o Minim algrup pe
' Alema nha em molda r O compo rtamen to austro- húngar o durant
Bªlkan, três. O Plano B n d m
E . . , o caso e uma guerra nos B . 1 - - · - de T,·sza, os líderes da Monar quia Dual claram ente quena R• ·
que o . xerc1to mobilizasse sete corpos (B-Staffel . ~ c~s contra a Sérvia , exigia C om a unica exceca 0
:rvi·a e estavam dispostos a arriscar um conflit o com a ussia
se a cnse tomasse o rumo d mais M1111malgruppe Balkan ) mas a guerra com a Se
· · ' oio da Alema nha.
mobil ' d e uma guerra contra a R ussia, todo o Exérci to seria conqu anto contas sem com o a P
,za O para o Plano R com lJ ( .
' corpos A-Staffel ma,s .. .
B-Staffel) mvest indo
63
62
A Primeiro Guerra Mundial
A crise de julho de 1914
A espera da guerra bósnia, a ameaça de uma mobilização alemã bastaria para fazer os russos recua-
16 dias :ntre o rem, deixando a Áustria-Hungria livre para atacar a Sérvia, e, portanto, a troca
Diversos fatores já foram aventados para explicar a demo_r~ de
t de ideias entre os dois exércitos era desnecessária. Caso o conflito redundasse em
relatório de Hoyos ao conselho ministerial e o ultimato do lmpeno AuS r~Hungaro
à Sérvia, As versões mais indulgentes citam o gradual processo de convencimento de guerra europeia generalizada, cada parte já sabia o que esperar da outra. Conrad
Tisza e dos húngaros a se arriscar em uma guerra, ao passo que críticos mais severos conhecia as linhas gerais do plano alemão de uma guerra em duas frentes de
citam simples inabilidade e indecisão. Entretanto, pesquisas acadêmicas recentes batalha contra a combinação de França e Rússia, o plano atribuído a Alfred von
revelaram que, já na noite de 6 de julho, quando Hoyos retornou de Berlim com Schlieffen, o antecessor de Moltke no posto de chefe do Estado-Maior alemão.
"cheque em branco", 0 Estado-Maior austro-húngaro determinou que a Sérvia Schlieffen tinha se aposentado em 1906 e morrera em 1913, mas o conceito geral
0
não deveria receber o ultimato antes do dia 22 ou 23 do mesmo mês, por causa de sua estratégia - derrotar primeiro a França com uma força esmagadora e depois
do grande número de soldados que estavam de licença para trabalhar na colheita. enfrentar a Rússia, cuja mobilização era mais lenta - sobreviveu a ele. Conrad
Com exceção da Rússia, a Monarquia Dual era a mais rural das grandes potências tinha consciência de que, em caso de guerra generalizada, sete dos o ito exércitos
europeias e, em 1913, apenas 9% de sua população vivia em cidades ou pequenos alemães (34 corpos, incluindo 11 corpos de tropas de reserva) seriam postos em
municípios. Como era tradição, os soldados tinham sido enviados de volta para casa ação contra a França, deixando apenas um exército (quatro corpos, incluindo um
a fim de que pudessem efetuar o trabalho agrícola por várias semanas no verão , em corpo de tropas de reserva) na Prússia oriental para enfrentar a Rússia. Assim, os
um cronograma coordenado territorialmente pelos corpos de exército e escalonado 13 corpos de exército austro-húngaros mobilizados ao longo da fronteira com a
de forma a atender às necessidades das colheitas das várias regiões do império. Rússia (sob o Plano R) teriam de aguentar a maior parte do fardo e das pressões no
leste até que a Alemanha derrotasse a França. Nos anos anteriores a 1914, Conrad
Quando da missão de Hoyos, 7 dos 16 corpos já tinham recebido licença para o
pressio nou insistentemente Moltke a alocar mais tropas na frente oriental, mas o
verão de 1914. Reconvocá-los de súbito afetaria as colheitas e suscitaria suspeitas de
cálculo jamais mudou. Em sua última reunião pré-guerra, em 12 de maio de 1914,
que o Império Austro-Húngaro pretendia declarar guerra à Sérvia. As licencas de
no resort de Carlsbad, na Boêmia, Moltke mais uma vez reiterou a suposição do
ci_nco corpos do Exército_termin~riam no dia 19 de julho, e as de dois outr~s, n o
5 Plano Schlieffen (ou pelo menos uma versão modificada dele) de que a Alemanha
dia 25. A menos que o fim das licenças fosse antecipado, o ultimato não poderia
teria "acabado com a França seis semanas depois de iniciadas as operações". Ele
ser e~tregue em Belgrado mais do que poucos dias antes dessa segunda data. Em
· não pediu especificamente a Conrad que tomasse atitudes para deter os russos no
8 de Julho, quando Conrad se reuniu com Berchtold • Hoyos e outros altos fiunc10-
· · d M· • . . início da guerra, mas, em vez disso, aferrou-se à velha hipótese de que o exército
nanos o m1steno do Exterior, este primeiro confirmou que "entre ar[iam] o
do czar levaria tempo demais para se mobilizar, o que faria da obrigação inicial do
ultimato somente após as colheitas" não antes do dia 22 , Ao tomar essa g d . -
ec1sao
'd h, ' exército da Áustria-Hungria no leste uma empreitada nem penosa nem arriscada. 7
os lI eres austro- ungaros não levaram em c t on a que a cada dia q
'
· d· . ' ue passava, a Se Conrad não se esforçou para contatar Moltke na esteira da missão de
m 1gnacão internacional diante do a
· ssassmato de Fra · F d' d
dissipando, 0 que solapava a . _ d . . ncisco er man o estava se Hoyos, por sua vez, Moltke e seu Estado-Maior tampouco tomaram medidas adi-
pos1cao e supenondad l
Húngaro ocupava, ou que um d. _ e mora que o Império Austro- cionais. Seus complexos cronogramas de mobilização já tinham sido revistos para
a emora tao excessiva p0 d 1· d .
uma abertura para manipula . . ª ar as o utras potências acomodar o exército mais numeroso que haviam ganhad o do Reichstag com a Lei
r a cnse, cnando difi ld d
Monarquia Dual. Confiante d - cu a es e desvantagens para a do Exército de 1913, que eles não teriam medo de usar. Em dezembro de 1912,
no curso e acao q • h
encerrou a reunião com a sug .;. d · ue tm am estabelecido, Berchtold durante a primeira G uerra dos Bálcãs, Molcke expressara a Guilherme li e Tirpitz
" d . es'-<lo e que Conrad K b . · gera1: "quanto antes, meIhor" ,8 porque, em
para ar a impressão de que nad ! j e ro atm saíssem de férias, sua opinião sobre uma guerra europeia
longo d JI d ' seguintes.
os ias
ª eS t ava acontecend 0 " · 6 E rro1• o que fizeram, ao cinco anos a combinacão franco-russa seria fo rte demais para ser superada pelos
Nessa etapa Conrad _ alemães. T;rpitz não c~mpartilhava desse sentido de urgência, pois o inimigo da
de guerra com ' nao empreendeu esforco alg marinha alemã era a G rã-Bretanha e ele tinha a convicção de que, na competição
ue . h seu correspondente alemão H I . I um para coorde nar planos
q m tm a mantid ' e mut1 von M I k naval-industrial, 0 tempo estava do lado d a Alemanha. Depois disso, a liderança
1908 e 1909 S o um canal de comunicacã d' o t e, o Jovem, com
. e o conflito atual se desenr I . o d ,reto desde a crise bósnia de alemã estava pronta para explo rar qualquer crise a fim de conseguir sua guerra
o asse a mesm . geral, conquan to a Rússia parecesse ser o agressor e a Grã-Bretanha se mannvesse
64 ª maneira que a crise
65
1
A crise de julho de 1914
APrimeira Guemt Mundial
. . · confiantes de que, se o czar fosse panhado de uma comitiva que incluía o premiê René Viviani, que também exercia a
. d us ministros se sentiam
neutra- O impera ore se b·J· _ I até mesmo os social-democratas função de ministro do Exterior. Desde a Primeira Guerra Mundial, há interpretações
. . a ord enar uma mo I izaçao gera'
o pnmeiro \emã mas em qualquer outro da Crise de Julho de 1914 que vinculam a visita de Poincaré à Rússia ao momento
• · t financeiro para uma respoSt
apo1anam o a~or e . .
ªª ' '
eus milhões de seguidores seriam um da divulgação do ultimato da Áustria-Hungria à Sérvia, sob o argumento de que a
cenário, o maior parttdo do• Re1chstag
• d ºde s a Cnse. d e Ju lho d e 1914 rro1. se d es- Monarquia Dual, a conselho da Alemanha, buscou agir deliberadamente quando
sério problema interno. Assim, a me 1 ª que . .
_es •oi de esperar para ver. Se o ataque do lmpeno Poincaré estava em viagem, longe de Paris, mas também incapaz de coordenar uma
dobran do, a postura d os a1ema ,, . . . resposta para a crise em reuniões cara a cara com os russos. Os líderes austro-húngaros,
Austro-Húngaro à Sérvia provocasse a mobilização da Russ~a, º. Pl~no ~chlteffen
seria acionado e eles conseguiriam a guerra que queriam; senao, ficanam a margem porém, jamais discutiram os planos de viagem de Poincaré em suas deliberações, e,
dos eventos, enquanto a empreitada da Monarquia Dual resultaria numa terce'.ra em todo caso, entregaram seu ultimato aos sérvios pouco antes de a delegação fran-
cesa deixar São Petersburgo, enquanto Poincaré e Viviani ofereciam um jantar para
Guerra dos Bálcãs. É claro que, mesmo que a Rússia se comportasse da maneira
Nicolau II e a família imperial a bordo do couraçado France. De sua parte, Poincaré
que a Alemanha queria, ainda seria preciso assegurar a neutralidade britânica. Para
e Viviani só tiveram discussões mais gerais com os líderes russos enquanto ainda
esse fim, em 6 de julho - o dia em que Hoyos partiu de Berlim -, o ministro do
estavam em São Petersburgo (de 20 a 23 de julho), por meio das quais o presidente
Exterior, Gottlieb von Jagow, começou a dar deliberadamente informações
francês constatou que o czar estava mais preocupado com as relações entre a Rússia
errôneas a seu próprio embaixador em Londres, o príncipe Karl Marx von
e a Suécia do que com a crise que pairava nos Bálcãs. Antes de ir embora, Poincaré
Lichnowsky, no sentido de que a diretriz alemã era dissuadir o Império Austro-
reiterou a Nicolau II a "solidez inabalável" de sua aliança.9
Húngaro de reagir de modo intempestivo ao assassinato de Francisco Ferdinando;
assim, Jagow certificou-se de que o embaixador alemão passaria adiante essa mentira
ao ministro do Exterior britânico, sir Edward Grey. Depois de passar boa parte do
mês de julho, acreditando que a Alemanha buscava sinceramente evitar a guerra O ultimato do Império Austro-Húngaro à Sérvia
refreando a Austria-Hungria, Grey prometeu que a Grã-Bretanha faria sua parte
Nos dias que se seguiram às conversas de 3 e 4 de julho entre Pasié e o ministro
refreando seu parceiro de Tríplice Entente, a Rússia.
do Exterior, Sazonov, o primeiro-ministro e outros altos funcionários sérvios se
O desejo da Alemanha e do Império Austro-Húngaro de manter a Itália
mostraram incapazes de demonstrar o tipo de prudência que sua situação exigia.
desinformada enquanto a crise se desenrolava reflete a falta de confianca em seu
Enquanto os políticos sérvios faziam discursos inflamados, diplomatas sérvios
pa_rc~iro d_e Tríplice Aliança; de fato, em Berlim e Viena, só os mais r~matados
em várias capitais estrangeiras davam entrevistas a jornais eivadas de declarações
ot1m1stas Julgavam que os italianos se manteriam fiéis à alianca por muito mais
antiaustríacas, e em 12 de julho, em uma entrevista a um diário de Leipzig, o
tempo. reunião em Carlsbad em maio de 1914, M 0 ltke am
· d Na •1· . ,da contava com o próprio Pasié usou um tom hostil e provocador, concentrando-se nos supostos
apoio. d alta ta em uma guerra contra a França, ao passo que Conrad não esperava maus-tratos impingidos pelo Império Austro-Húngaro ao povo sérvio. Dois dias
maLS o que uma genuína neutralidade i 1· E . .
de uma neutralidade ·ra1· l ta iana. m vez disso, viram-se diante depois, o primeiro-ministro piorou ainda mais as coisas ao discursar, em Belgrado,
1 tana que caramente b · d
inimigo. No dia 10 de . Ih . . eirava a eserção para o campo nos funerais de Estado em honra ao embaixador russo Nikolai Hartwig, a quem
JU o, o ministro do E t · • 1. louvou não apenas como grande amigo da Sérvia, mas também um herói pan-
Giuliano - pelos padrões 'ral· b . x enor ita iano, Antonio di San
t 1anos, tam em um . d .
embaixador alemão em Roma ue a I . . amigo a a11ança - tinha dito ao eslavo. Falando para uma plateia numerosa, Pasié não perdeu a oportunidade de
língua italiana) como compe q - talia esperava receber todo o Tirol do Sul (de exaltar Nicolau l! como o protetor dos povos eslavos. Seu otimismo de que a crise
San o·tu 1·iano considerava a qnsaçao- dpor. quaisqu er ganhos austnacos . teria um fim pacifico continuava minguando, e na noite de 18 para 19 de julho
nos Bálcãs.
de - uestao a mdenizacã f . ele telegrafou a todos os postos sérvios no exterior (exceto Viena), alertando seus
nao apenas arruinar a Tríplic At· , o su 1c1entemente séria a ponto
Itália e Jmpeno
•·
Austro-Húngaro. e •anca,· mas tambem · de causar uma guerra entre diplomatas de que a Áustria-Hungria provavelmente faria exigências incompatíveis
com a soberania da Sérvia e instruindo-os a angariar apoio diplomático.
Enquanto a Crise de J Ih .
como a menos . u o continuava a se desen 1 Em Viena, o conselho ministerial por fim se reuniu em 19 de julho para
ºd envolvida das potências . ro ar, a Franca permanecia
pres1 ente p · . . europeias d 'd .
0 tncare a Rússia e aos países esca d' · redigir o ultimato austro-húngaro a ser encaminhado à Sérvia e determinar qual
, ev1 o as visitas de Estado do
66 n mavos (entre 16 e 29 de julho), acom- 67
A rrimcirs Guerra Mundial A crise de julho de 1914
d retornou das férias para se juntar
de sua entrega. eonra . .
de vista militar. Os líderes russos assim como os l'd h.
seria O momento exato . . eunião e mais uma vez recapitu lou . . • I eres austro- ungaros, também
. s cinco ministros na r • ·- .
ao contra-a1mirante e ao Plano B (para uma guerra nos Bálcãs sentiam a necessidade de mostrar resolucã . o nessa ocas1ao part1cu1ar, em nome do
d Ele se concent rou no orno mera contmg . • . C • · . para os russos, o contexto histó-
fu. turo_status d_e seu. país como gra n d e potencia
os planos e guerra. R (R . . ) encia. onrad não
ussta e do
. . )
contra a Sema e era ou
t o Plano
_ d . t O qual em todo caso, Berchto ld e os nco nao era tao ruim quanto para os austríacos - que desde 1815 não ficavam
1ativo na formulacao o u1nma o, . . d ·
,
devi·a ser escrito de maneira a garanti r que a . vencedo r de uma
lado . guerra -, mas a h um1'Ihante errata para os Japoneses uma
teve pape 1 :d nte
· · · · tinham cone UI o que decada antes, seguida por uma retirada na mais recente crise bósnia certame
mm1scros J~ . O 1. ecava com um longo preâmb ulo repreen den- os
Sérvia o reJettasse. u nmato com . d 19
09, no havia deixado nos súditos do czar a sensação de que agora eram meno: respeitad
h d comprom isso firmado em março e
. -
do a Séma por nao ter onra o O ,, I em âmbito internacional; de fato, isso era verdade e se refletia nos mais recentes
"amigáveis e corteses . com o mpério
. . d • b • · de buscar relacões
tenmno a cnse osnta, • F d' planos de guerra da Aleman ha e do Império Austro-Húngaro, que subestimavam
. · 1 a Sérvia pelo assassinato de Francisc o er mando: em muito o poderio russo. Quando os ministros russos se reuniram em 24
de
Auscro-Hungaro; a segutr, cu pava
julho, Sazonov exigiu ação em nome da Sérvia, mesmo sob o risco de uma guerra
Pelas declaracões e confissões dos autores do assassinato de 28 de junho, está
com a Aleman ha e o Império Austro-H úngaro. Ainda que reconhecesse o poderio
claro que a a~o foi concebida em Belgrado, que os assassinos rec~beram de de
dos alemães, Sazonov não os considerava imbatíveis e temia as consequências
oficiais e altos funcionários sérvios as armas e bombas com as quais estavam
equipados e, por fim, que o envio dos criminosos e suas armas para a10Bósnia mais um recuo. Como ele já tinha dito antes para o embaixador russo em Londres,
foi providenciada sob a condução de autoridades de fronteira sérvias. "sentir-se em seu moment o mais forte e ainda assim recuar diante de um adver-
não
sário cuja única superior idade consiste em sua organização e sua disciplina 11
O docume nto impunh a o texto de uma nota de contriçã o (de 178 palavras
) é apenas humilha nte, mas perigoso, por causa da desmoralização que isso traz".
que a Sérvia seria obrigada a divulgar, depois listava dez exigências (ver box
"O Entre os outros ministros russos mais importantes, somente o das Finanças , Pyotr
ultimato do Império Austro-Húngaro à Sérvia"). Algumas eram específi cas, outras, Bark, hesitou antes de tomar a decisão unânime. O ministro da Guerra, general
as-
mais gerais; o segundo ponto, exigindo a dissolução da Narodn a Odbran a, e
não Vladim ir Sukhólminov, e o ministro da Marinha, almirante Ivan Grigórovich,
eles,
da Mão Negra, revelava que os líderes austro-húngaros não sabiam da existênc
ia segurara m a seus colegas que a Rússia estava forte o suficiente para lutar. Para
do grupo terrorista que efetivamente levou a cabo o assassinato. Inserida s na
lista a presente crise não era mais que uma oportun idade; a bem da verdade, seu maior
havia duas exigências que nenhum Estado soberano poderia aceitar: o quinto ponto, desafio era decidir quem atacar primeiro. Embora a inteligência militar não fizesse
em
ade conjectu ras sobre detalhes específicos do Plano Schlieffen, não era segredo que,
que dava a organizações e representantes do governo austro-h úngaro autorid ,
sexto caso de urna guerra em duas frentes, o foco inicial da Aleman ha seria os franceses
para atuar na supressão de movimentos subversivos em territóri o sérvio, e o Os
nas criando o ensejo para que a Rússia obtivesse uma vitória na Prússia oriental.
ponto, que autorizava funcionários do governo austro-húngaro a ter papel ativo
russos também se sentiam extremamente confiantes em sua capacidade de derrotar
investigações, trâmites legais e processos judiciais contra os conspir adores sérvios. eles
uo o Império Austro-Húngaro, cujos planos de guerra tinham sido transmitidos a
O embaixador de Berchtold em Belgrado, o barão Vladimi r von Giesl, entrego seu
pelo coronel Alfred Redl, um dos oficiais do Estado-Maior de Conrad, antes de
ultimato às seis da tarde da quinta-feira dia 23 de julho, dando ao governo sérvio
suicídio em maio de 1913, quando sua traição foi descoberta. No dia 25 de julho,
48 horas para responder incondicionalmente ou arcar com a declarac ão de guerra . os ministros voltaram a se reunir, dessa vez presididos por Nicolau li, e reafirma
ram
· · s, o ret· Peter e· os príncip
•·' seus m1mstro
noite , Pas1c, · es
Mais tarde . . mesma. .
., ' na sua decisão de ir à guerra; após a reunião, por interméd io do embaixador sérvio
Karageorgev1cdec 1d1Tamreie1taroultimato · Nosdo,·sd ias -B retan h a,
. s, G ra-
· segumte .
..
França e Ital1a recomendaram • • • . _ em São Petersburgo, Sazonov promete u a Pasié que a Rússia ajudaria.
. _ . com msistencta uma resposta concilia dora senao O czar planejava anuncia r um "período preparat ório para a guerra" no dia
a ace1tacao incondicional • e en t re os pa,ses . d '
· os Bálcãs soment e Monten egro seguinte , mas a promessa de apoio feita por Sazonov, que chegou a B~lgrado pouco
comprometeu-se a apoiar a Sérvia em e d •. , em
daria apoio à Auscr· -H . . aso e guerra. Paste supôs que a Aleman ha antes de expirar O prazo de resposta ao ultimato austro-h úngaro, ~ao enn:ava
. 'ª
ungna, e por isso temia ª mesma coniunt . f' a de
a crise bósnia de 1908 d ura que dera un detalhes sobre a forma como a Rússia ajudaria. Sem urna garantia espec'.fic
e 1909, quan o a Rússia nao - . do prazo final - a
Mas ao longo dos cinco . se manteve ao lado da Sérvia. . ·1·t da Ru' ss1·a , Pasié entregou a Giesl - às seis da tarde
. .
•- d . apoio m1 1 ar
. anos anteriores a e
' ompoSiçao o conselh o de ministro s . ·J·adora que a Sérvia era capaz de dar. Ele reJettava o sexto ponto,
d0 czar tmha mudado . . resposta mais conc1 1
quase mte1ram ente e a R. 5 . f·icara mais forte do ponto 69
' us ia
68
~
A Primeira Guemi Mundial A crise de julho de 1914
incond iciona lmente o restan te do
. condiç ões e acatava
mas aceitava o qumto com d a reposta ser consid erada insatis fa-
., • • da que no caso e suanente de Arbitr agem (estab elecid a
• C O ULTIMATO DO IMPÉRIO AUSTRO-HÚNGARO À SÉRVIA
ultima to. Paste propos am O
. fo d'1 dope1a orte cerro
cária, o con fl 1to sse me ª d t· cias europe ias em conjun to. Algun s . O ultima to do Império Austro-Húnga ro à Sérvia, entregu e
no dia 23 de
es po en . • . d Á .
em 1899 em Haia) ou pelas granSé ·a teria aceitad o as ex1gen cias a ustna- Julho d e 1914, fazia as seguint es exigências ao governo sérvio:
., . ·d. .
historia dores Jª afirma ram .que ª r rYI ·do seu apoio mas as ev1 enc1as mostra m o à monarquia
' . I . L Extingu ir qualqu er pu blicação que incite o ódio e O desprez
Hungri a caso a Rússia não tivesse 01erec1 t1mato em sua al;
. or intençã o de aceitar
.
ou
. austro-h úngara e a tendên cia geral contra sua integridade territori
que a lideran ça sérVIa nunca teve a men 2. Dissolver imediatamente a socieda de chamada Narodna Odbran
a e proceder
1ulho era por demai s
cocalidade, e, em todo caso, a oferta russa de apoio em 25 de ações na Sérvia)
. do mesmo modo contra todas outras sociedades (e suas ramific
. .
vaga para influen ciar a respost a de Pasié a Viena. engajadas na propaganda contra a monarquia austro-h úngara;
1med1 atam_e nte
Seguin do as instruç ões que recebe ra de Bercht old,_ G1esl 3. Eliminar, sem demora, de instiruições públicas sérvias [...) rudo que
sirva para
estava m rompi das. foment ar a propaganda contra o Império Austro-Húngaro;
inform ou Pasié que as relações diplom áticas entre seus patses
os oficiais e
Mais carde, na mesma noite, Francisco José autoriz ou a implem
entaçã o do Plano 4. Remover, do serviço militar e da administração em geral, todos
úngara;
B, mobili zando sete unidad es do exército para invadir a Sérvia. Conra
d design ou funcion ários ligados à propaganda contra a monarquia austro-h
húngaro, em terri-
mobili zação, de forma 5. Aceita r a colaboração de representantes do governo austro-
a terça-feira seguin te, 28 de julho, como o primei ro dia de nados contra a
termin ava no dia 25 tório sérvio, na supressão de movimentos subversivos direcio
a facilitar a ativação dos dois grupos de batalhõ es cuja licença integri dade territorial da monarquia;
oposto do Danúb io
(inclui ndo o 7º Corpo , basead o no sul da Hungr ia, do lado 6. Iniciar proced imento s judiciais contra os cúmplices da conspir
ação de 28 de
em relacão à Sérvia). Horas antes de respon der ao ultima
to, a Sérvia dera início I junho que estão em território sérvio; além disso, órgãos delegad
os pelo governo
do para a segura nça austro- húngar o tomarã o parte na investigação;
aos prepara tivos para transfe rir a sede do govern o de Belgra Ciganovié,
de Nis, 160 km a sudeste. Na mesma noite, enquan to o Impéri
o Austro -Húng aro , 7. Prende r imedia tament e o major Voislav Tankosié e [... [ Milan
resultados das
iniciav a a prepar ação funcion ário público sérvio, que foram comprometidos pelos
ordena va a mobilização parcial de suas forças armada s, a Sérvia
começ ou seu "perío do investigações preliminares em Sarajevo;
cocal de seu próprio exército. Então, no dia 26, a Rússia ilegal de armas e ex-
nas decisõ es tomad as 8. Evitar [...) a participação de autoridades sérvias no tráfico
prepar atório para a guerra" , uma pré-mobilização basead a plosivos através da fronteira; dispensar e punir severam ente os
funcionários do
a-feira , 27 de julho, áveis pelo crime
pelo czar e seus ministr os no dia anterio r. Na manhã de segund serviço de fronteira [... ) culpados de terem auxiliado os respons
respos ta da Sérvia ao
quand o os estadis tas de outras capitais da Europa leram a de Sarajevo ao facilitar sua passagem pelas fronteiras [... );
de autoridades e
ultima to, incluin do o apelo por uma mediaç ão das grande s
potênc ias, 0 mome nto 9. Fornec er[... ] explicações acerca de declarações injustificáveis
no exterior, que,
de mediaç ão já tinha passado. Encora jado pela iminen te mobili
zacão russa, Pasié funcion ários de alto escalão sérvios, tanto na Sérvia quanto
de 28 de junho,
iador do que já tinha não obstan te sua posição oficial, não hesitaram, após o crime
c_ertamente não tinha a intençã o de se mostra r mais concil Austro-Húngaro;
std_o ~m }ua resposta inicial. Na verdade, agora que sabia que a Sérvia tinha seu em expressar sua hostilidade para com o governo do Império
· e, por fim,
proprt o cheque em branco " e p 0 d 1'ª contar com o apoio da Rússia aconte cesse o Húngaco da execução
C d 10. Notific ar sem demora o Govern o Real e Imperial Austro-
. d'
que acontecesse, ele desejou ter sido menos concili ado r d ois ias antes. ontu o, das medida s supraci tadas [...].
lo O ficaria J .
ultima to Pasié tinha
g . d e aro q~e, ao aceitar a maior parte dos pontos do ' O Governo Imperial Austro-Húnga ro aguarda a resposta do Govern
o Real
conqui sta o um triunfo no tribuna l da o . ·- . . .
que a Sérvia tivesse reJ·e·t d d . pmiao public a intern aciona l, mesm o o mais tardar às seis horas da noite de sábado , dia 25 de julho.
1 a o os 01s pontos qu 1 .
levados a cabo teriam exp t .. e rea mente impor tavam e que, se Fonte: us Naval College, /ncemacional Law Documenu 1917: N,urralir
,; Buaking of Oiplomatic Relation.s,
' os O a cump11c1dade d O fi1c1·a1s • Vol. 17, ed. George G. Wilson (Washington, DC: US Government
Prinàng Offke, 1918), 40-41.
_ e autori dades sérvio s
no assassinato do arquid uqu A d I os
e. ec aracao formal d d
H. ungaro chegou a Belgrad o d ·. e guerra o Impér io Austro -
pouco epo1s do 'o-d • d
. Ih
JU o. Graças à rede vigente d . mei ta a terça-f eira dia 28 de
· • e compro missos n 1·
pa1ses, incluin do cinco das seis d as a tanças, oito dias depoi s oito
gran es potênc ias da E '
com el O uropa, estava m em guerra
'P menos, um de seus vizinh os.
71
70
A Primeira Guerra Mundial A crise de julho de 1914
Caem os dominós mas .seus argumentos
_ não conseguiram convencer a rnai·or pa rte d e seus co1egas.
· ·
- gera Jd o exercito
Por fim, em Sao Petersburgo, Nicolau II ordenou urna mobili·zaçao
Percebendo que a Europa estava à beira de uma guerra geral, chefes de Estado, russo, mas depois mudou de ideia e revogou as ordens na mesma noite. Assediado
ministros e generais cancelaram de repente seus planos de verão e retornaram a por protestos de seus generais e ministros, no dia seguinte, 0 czar se arrependeu e
suas capitais. No mesmo dia 27 de julho, Poincaré e Viviani interromperam seu cedeu, determinando o início da mobilização russa a partir de 31 de julho.
giro pela Escandinávia e voltaram rapidamente para casa, e Guilherme II abreviou A mobilização geral da Rússia deu aos alemães a guerra que queriam e privou
um cruzeiro no Báltico a bordo de seu adorado iate Hohenzollern para retornar o Império Austro-Húngaro da guerra que a Monarquia Dual achava que tinha ob-
a Berlim. Sir Edward Grey tomou a frente do esforço britânico de mediação, que, tido, No início da tarde do dia 31, uma hora depois de a noticia chegar a Berlim,
no dia 27, recebeu o endosso da França; porém, no mesmo dia, a França assegurou Guilherme II anunciou que a guerra era iminente; a Alemanha encaminhou um
seu apoio à Rússia em caso de guerra, e Grey informou ao embaixador alemão, ultimato à Rússia, dando prazo até o dia seguinte para que cessassem os preparativos
Lichnowsky, que a Grã-Bretanha não permaneceria neutra em uma guerra que para o conflito, Um segundo ultimato, agora para a França, exigia não apenas uma
colocasse seus parceiros de Entente contra a Alemanha e a Áustria-Hungria. Grey declaração de neutralidade francesa caso Alemanha e Rússia fossem à guerra - o
exagerou ao fazer tal declaração, que, naquela ocasião, a maior parte de seus colegas que era bastante razoável se a intenção alemã era limitar a guerra aos Bálcãs e ao
do gabinete liberal de Asquith não teria apoiado, mas pelo menos havia outro mi- Leste Europeu -, mas também a ocupação alemã de bases fortificadas francesas
nistro um passo à frente dele: Winston Churchill, primeiro lorde do almirantado, em Verdun e Toul, pelo tempo que durasse a guerra, como garantia. Mais tarde,
naquela mesma fatídica segunda-feira ordenou que a esquadra não se dispersasse no mesmo dia, um terceiro ultimato de fato foi encaminhado ao Império Austro-
depois de exercícios de mobilização realizados no fim de semana. Húngaro, pois Guilherme II enviou a Francisco José um telegrama instigando-o a
Na tarde do dia 28 de julho, pouco depois da declaração de guerra, a artilharia esquecer a Sérvia e a concentrar suas atenções na Rússia enquanto a Alemanha
austro-húngara começou a bombardear Belgrado do outro lado dos rios Danúbio derrotaria a França na fase in icial do Plano Schlieffen. A Francisco José não
e Sava; naquela noite, três monitores da flotilha do Danúbio juntaram-se ao bom- restava o utra alternativa a não ser aquiescer, em nome da segurança de seu país,
bardeio. ~o mesmo dia, sem consultar seus ministros ou generais, Guilherme II bem como apoiar os alemães. Infelizmente para a Monarquia Dual, a esmagadora
pediu
. à Austria-Hungria que "só parasse em Belgrado" - cruzan d o o D anu- · notícia da mobilização russa e da reação alemã a ela chegou quando os exércitos
b10 e ocupando a ~api_tal sérvia, mas depois dando à diplomacia tempo para austro-húngaros estavam organizados na direção contrária. C onrad tinha pensa-
trabal~ar - e_ tambem iniciou uma série de deliberações diretas e pessoais com do que, se a pressão alemã não fosse suficiente para impedir a intervenção russa,
seu pnmo Nicolau li, os chamados "telegramas Will -Nicky" um bem-sucedido ataque-relâmpago contra os sérvios o seria. A ordem inicial de
Bethmann Hollweg t b , f· . Y , mas sem sucesso.
am em icana apavorado no mei d mobilização ativou 7 das 16 unidades do exército (B-Staffel mais o Minimalgruppe
vata anterior; compreensivelmente, sua hesitacão - o a se~ana, apesar da bra- Balkan) para acio nar o Plano B contra a Sérvia, mas, no dia 29 de julho, Conrad
considerável ansiedade em V- A : e ª de Guilherme II - causou tinha aumentado o contingente para 8 corpos (26 divisões), dando ordens para
iena. quarta-feira 29 d · Ih .e - .
três potências da Entente B . . y· . . ' e JU o, 101 agitada para as que o 3º Corpo, parte do A-Staffel, se juntasse ao B-Staffel e rumasse para o sul.
. oincare e 1v1an1 des b
de lá seguiram às pressas para p . d _em arcaram em Dunquerque e Assim, ele investiu contra a Sérvia com um Plano B robustecido, envolvendo me-
ans, on e o pres1d t
que, na presente crise a Franc d . en e convenceu o gabinete de tade do exército austro-húngaro, sem tomar medidas de precaução na fronteira
O -B ' ·ª
ra- retanha, coisas que só se .
evena ter uma frent .
, .
.
e mterna u111da e o apoio da
. nam poss1ve1s caso a AI h .e russa, a despeito de todos os sinais que apontavam para a intervenção russa. No
garantir que as tropas francesas - f· eman a rosse o agressor. Para dia 31 de julho, depois de tomar conhecimento da mobilização geral da Rússia,
como - nao izessem algo q d
provocaçao, Poincaré ordeno . ue pu esse ser interpretado o conselho ministerial em Viena reafirmou a decisão de invadir a Sérvia, embora
recuassem 10 k u que as unidades post d 1
dia . m para dentro do território fra1 • a as ao ongo da fronteira isso agora significasse a guerra com os russos e uma guerra generalizada na Europa.
seguinte. Nesse ínterim Ore a 1ces, manobra posta em marcha n o Mas as coisas tinham mudado completamente desde a missão de Hoyos. Em vez
suas Justificativas em prol d' y presentou ao restante do gabinet L d
de se envolver em uma guerra por seus próprios e limitados objetivos nos Bálcãs,
a Alemanha invadiria a Fra: guerra, _enfatizando sua conviccão d e em on res
suficientem l ça atraves da neutra B .1 . • e que, em breve, o Império Austro-H úngaro seria obrigado a lutar em nome dos obje~i~os alemães,
ente a armad e g1ca (q . . E A • reunião com os ministros, Fran-
aapontodeordenar a b'J• - ue,aessaaltura, estava mais ambiciosos, contra a T np1ice ntente. posa
mo , izacao d
72 · e suas próprias tropas), 73
~
A Primeira Guerra Mundial
A crise de julho de 1914
. . - geral acion ando os oito corp os de exérc
ito
cisco ose. ordenou uma mob ' 1izaçao é . Austr'o-Húngaro não quer ia uma guer ra com
J Gl
(A-Sta e1) reman escentes · O mp íl't
ffi 1 no em que a maio r parte !!li
a Rússia ' principalmente um con I o
. .. . ntal, mas .
do exérc ito alem ão i
Gl
elo meno
• upada na região ocide aque1a a 1tura seus' iil
~
s de m1c10 , estari a oc
~d s pouco podiam fazer a não ser aferrar-se à promessa_ d M 1 k d . e o t
~
l1 ere e e que a
" b ·
Aleman a aca ana com a ra nca
F seis sema nas d epo1s · d e ·
m1cia d - s" ""'
.
Nohdia 1º de agosto, sem obter resposta ao ultim .
as
_
as oper acoe
.
"~
ato feito a Sao Peter sburg o,.
a Alemanha ordenou mobilização geral e declarou
guerr a à Rúss ia. A Fran ça res-
1
?
ã
pondeu ao ultimato alemão com uma mobilizaçã iil
o geral de suas tropa s. Naqu ela -<
noite, Moltke deu primeiro passo para a imple !l.
mentação de seu plan o de guerr a
O
ao dar ordens para que unidades avançadas do 4º j
Exército alem ão entra ssem em
Luxemburgo, pais neutro e que foi ocupado sem
resistência. No dia segu inte, ale- ~~
:!
gando que o exército francês escava à beira de viola o
r a neutr alida de belga, os alem ães ;ô
encaminharam um ultimato à Bélgica exigindo que ;:
autor izass em suas tropa s para
atravessar o país a caminho da França. Em troca
, a Alem anha prom etia garan tir
a integridade territorial da Bélgica e suas "possessõe
s" (ou seja, o Cong o belga) e
pagar por quaisquer suprimentos confiscados ou dano
s materiais causa dos por seus
soldados. No dia 3 de agosto, os belgas rejeitaram
o ultim ato como "um a flagr an-
te violação do direito internacional" e anunciara
m que se defen deria m cont ra o
ataque. 12 Sem que fossem contidos, os alemães segui
ram à risca seu cron ogra ma,
declarando guerra à França naquele dia e aos belga
s no dia segu inte. Na man hã do Alemã es comem oram o notícia do
dia 4 de agosto, Moltke ordenou que unidades do
1º, 2º e 3º Exér citos cruza ssem entrad o do país no guerra .
a frºn.t ei_ra entrando no território belga, ao passo
que, no sul de Luxe mbur go, 0
5. Exercito adentrava a Franc.a e, mais para o sul ,
o 6º e 7º E xerc1 · · tos, mais · f racos,
ftcava
. m na .retaguarda defensiva em Lorena e na AI Para sir Edward Grey, que tinha ido mais longe
· · Mais
sacia. · tard e, no mesm o que a maioria de seus colegas
d1a 4, o Re1chstag aprovou o pro1·eto de lei de 5 b'lh- de gabinete no desejo de levar a Grã-Bretanha à
1 oes d e marcos em cre·d·1tos d e guerra, a invasão alemã da Bélgica
guerradpa:a custear~ mobilização e as despesas inicia foi uma dádiva de Deus, pois até aquele mom ento
is da guerr a. A banc ada do SPD nada tinha sido capaz de conven-
votou cer os não intervencionistas em Londres: nem a
· h d e rwrma unanime . a favor do r . P OJeto, con f'irma ocupação de Luxemburgo, nem o
ndo que o gove rno alem ão ultim ato alemão à França, nem a ameaça de Grey
tm a e 1ato
a mobilizacão conse guido
aos olh da guerr a ue l
. . _q . ª meJava. . . não dessem apoio à França, tampouco a ameaça
de renunciar caso os britânicos
. ' Por ter sido a prim eira a inici ar de Asquith de abandonar o cargo
os a opm1 ao
ª1ema- - me
Rússia assumira para si publi ca . I . d .
d um o os socta listas -, a se Grey renunciasse. Na tarde de 3 de agosto, na
Câma ra dos Com uns, o ministro
boa dose de moralismo O ed
pape I e agressor
_ · ·
' mum cian d o a causa alem ã com uma do Exterior fez seu derradeiro apelo em nome
a sensa cao de estar c da guerra, vinculando a honra e os
1ação para a realid ade de - interesses britân icos não apen as ao destino da Franç
que seus propn os !'d om ª. razao
· . . , o que cego u a popu- a, mas também ao da Bélgica.
h
Q uando Karl Lamprecht pror
"
d . . _1 eres tm am fome ntado a guerr a. Depois do discurso, o líder conservador Andrew
Bonar Law e o líder do Partido
em um uma singular e formi ' iessor e H1stona d U . . Parla ment ar Irlandês, John Redmond, endossara
dável sen - a mvers1dade de Leipzig, falou m suas declarações, mas a principal
ser uma voz solitária. De fato n . s~çao de elevação mora l"' 13 estav a long e de conversão se deu dentr o de seu própr io Partido
Liberal. A agressão alemã à Bélgica
;le~ã es viam algum proble~a :: ~;~;:1rosl dias de causo u uma indignação tão grande no principal líder
agosto de 1914, pouq uíssi mos não intervencionista, o ministro
c_ ie~fen de que, para se defender das Financas David L\oyd George, que, do dia para
m a guma crítica a fazer à lógica do Plan o a noite, ele se converteu em um
primeiro a Fra . contr a a Rússia AI ardor oso defen sor da intervenção inglesa. Na noite
nça e ainda por cima violar B ·1 . '' a eman ha tinha de ataca r do dia 3, depois que chegou a
a e g1ca.
74 75
\..1 \
A Primeira Guerra Mundial A crise de j ulho de 19 14
Londres a noticia de que os belgas haviam rejeitado o ultimato ale~ão, Lloyd <?eorge O Império Austro-Húngaro enfrentou os maiores desafios e problemas na mobi-
th
apoiou o envio a Berlim de um ríspido ultimato redigido por As~ut e G~ey exigindo lização para a guerra devido à necessidade de abandonar sua ofensiva original contra
fim de todas as acões hostis contra a Bélgica. Quando esse ultimato expiro u n o fim a Sérvia (Plano B) a fim de lutar contra a Rússia (Plano R). Em 31 de julho, Conrad
0
do dia 4 de agosto: a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha. ordeno u que cinco corpos de exército (os quatro do B-Staffel e um corpo de tropas desta-
Com essa ação, a França conseguiu a guerra que queria ou, pelo menos, a cado do A-Staffel) embarcassem em trens rumo ao sul para somar forças aos três corpos
guerra sob as condições que Po incaré tinha esboçado ao retornar da Rússia. A do Minimalgrup pe Balkan e esmagar a Sérvia, enquanto os oito corpos remanescentes
Grã-Bretanh a apoiava a França e, pelo menos na frente ocidental, a Alem anha era do A-Staffel enfrentariam a Rússia. Esses cinco corpos tiveram de dar meia-volta, mas
indiscutivelm ente o agressor. Rememoran do o mo mento com grande sa tisfa ção, o pró prio departamen to de ferrovias do Estado-Maior de Conrad aconselhou-o que, a
Poincaré observou que, em âmbito internaciona l, "em contraste co m o imperia- não ser pelos corpos A-Staffel, qualquer tentativa de reverter a rota dos batalhões levaria
lismo austro-húnga ro, a França torno u-se (... ) o representant e vivo da justiça e da a um caos co mpleto. Seus especialistas em linhas férreas o convenceram de que seria
liberdade", ao passo que, no âmbito interno, a "union sacrée, para a qual eu tinha melhor deixar que os quatro corpos do B-Staffel desembarcassem de trem na frente
14
apelado, brotou espontaneam ente (... ] em todos os corações". De fato , imputar sérvia e depois reembarcassem em trens para o norte; eles garantiram, assim, que as
à Alemanha o papel de nação agressora era tão impo rtante para a unidade inter- tropas ainda chegariam à fronteira russa o mais tardar em 23 de agosto, mesmo número
na francesa quanto a mo bilização russa para a alemã. A profund a divisão entre de dias que teriam levado para lá chegar se seguissem os cálculos originais do Plano
conservadores católicos e secularistas liberais prosseguia, mas, durante boa parte R. Essa estimativa se mostro u demasiado otimista. Quando a batalha na frente russa
da guerra, os partidários de Poincaré se aglutinaram em torno da "união sag rad a " co meçou para valer, conforme o planejado, no dia 23, o exército tinha à sua d isposição
necessária para defend er a nação em perigo. Em um importante e preco ce sinal apenas os nove co rpos originalmente integrantes do A-Staffel. Metade do B-Sraffel (o
dessa unidade, Jean Jaurês, o líder do Partido Socialista, apoio u Po incaré d esd e equivalente a dois corpos) por fi m foi chegando aos poucos, entre 21 de agosto e 8 de
o momento em que o presidente retornou da Rússia, e seu partido co ntinuo u a setembro, de 8 a 16 dias depois do prometido. As tropas remanescentes chegaram tarde
fa zê-lo mesmo depois qu e um fanático de direita assassino u Jaurês em 31 d e julho. demais para participar das batalhas iniciais ou jamais chegaram.
A declaração de guerra da Grã-Bretanh a praticamente co mpleto u a co n fi-
gu ração inicial dos beligerantes. No dia 5 de agosto, Mo nten egro d em o nstrou
sua solidariedad e para com a Sérvia declarando guerra à Áustria-Hungria . No dia Conclusã o: guerra por acaso ou de caso pensado?
seguinte, a Mo narquia Dual se curvo u por fim ao inevitável e d eclarou g uerra à
Em seus inúmeros tomos e compênd ios sobre a eclosão da Pri meira Guerra
Rússia. Isso deu início a uma nova rodada de declarações formais d e h ostilidad es
h A1 h Mundial, muitos acadêmicos perderam de vista o fato de que os tiros disparados
. . . ungria e os países já em guerra com Alem an a, e entre a eman a
entre Austria-H
por Gavrilo Princip em 28 de junho de 1914 foram os primeiros disparos da guerra,
e ~s paises Jª. em guerra com a Áustria-Hungria. Única das grandes po tências euro-
e que o arquiduque e sua consorte fora m as primeiras baixas do conflito. Naquela
i edias ainda a m_arg~m dos acontecimen tos, a Itália declarou sua ne utralidad e em manhã de domingo em Sarajevo, a Sérvia começou a Primeira Guerra Mundial. O
,
e agosto, dois dias após condenar O a t aque austro-h ungaro à Sérvia com o um
_ reino da Sérvia não era um Estado revolucio nário co mo mais tarde seriam a União
ato d e agressao. Todos .os beligerantes m0 b'l' ,
1 tzaram um numero d e soldad os sem
1· Soviética o u a República Islâmica do Irã, cujas autoridades centrais deliberadamente
preced entes e os orgamzaram a velocidades .
boa parte do mês de tnauc itas, e, mes mo ass im, d em oraria direcio navam suas interações co m o mundo exterior em dois n íveis: de maneira
agosto para que as pri . 'd d
vessem plenamente prepar d N , . meiras uni a es de combatente s esti- co nvencio nal, via embaixadas e o rganizações internacionais, e em sigilo, via atividade
a as. as primeiras t • d
transpo rtou quase 4 mill10- d h res semanas o mês, a Alem a nha terro rista o u revolucio nária. Tampouco era um Estado internament e fraco ou falido
es e omens e 600 ·J 1
tal como o Afeganistão n o fin al do século XX, desempenha ndo o papel de anfitrião
vagões cada. No auge da mo b·1· - 1 - m1 cava os em li mil trens d e 54
' izaçao a ema com 7 d de atores estrangeiros rad icais não governamen tais por quem seus lideres nutriam
para o oeste, as pontes do Reno . ' e seus 8 exércitos rumando
• h . · viam passar 560 t rens por d ia ' uma simpatia geral. Pelo contrário, a Sérvia era um Estado d isfuncional ou semifa-
ttn a a infraestrutura ou a . _ . Nenhum o utro p a ís
organ1zacao para de I d
.
co ntingente grande de ho mens O . socar e maneira tão efi ciente um lido q ue operava como Estado revolucion ário porque um elemento transgressor e
exigia Id . cronograma de m 0 6 1·1.izaçao - d
o exé rcito russo inescrupulo so dentro de seu pró prio exército - apoiado ou tolerado por eminentes
um tora e 360 trens po r d ia· . ,
76 ' Ja o austro-h úngaro, apenas 153 . 77
A Primeira Guerra Mundial
A crise de julho de 19 14
·d d d 1· · mandava uma organização terrorista internacional .
.
auton a es e sua po 1t1ca - co sobre os ombros da Tríplice Entente a responsabilidade de ter apoiado o país cujos
A Sérvia também diferia muito dos Estados falidos no sentido de que estava unifi- objetivos e diretrizes políticas tinham levado aos primeiros disparos. Se, por um lado,
• t m torno de uma única ideia nacional. Era a força dessa ideia a Rússia não controlou as ações da Sérvia, assim como a Alemanha não controlou
cad a mternamen e e
que tornava a Sérvia perigosa, pois era responsável por fazer com_q~e muitos líderes a Áustria-Hungria, em ambos os casos, as garantias de apoio de um aliado mais
sérvios fechassem os olhos para os terroristas, uma vez que O obJetivo fundamental forte encorajaram o agente primário. Nos tensos dias do início de agosto de 1914,
e definitivo deles era, afinal de contas, realizar essa ideia nacional. pouca gente teria previsto que, de todos os países diretamente mais responsáveis
O programa sérvio de terrorismo patrocinado ou tolerado pelo Estado con- pelo início da guerra, apenas a Sérvia sairia com seus objetivos realizados.
tra O Império Austro-Húngaro propiciou o contexto em que a Monarquia Dual
decidiu, em julho de 1914, resolver seu problema sérvio por meio da guerra. Os
austro-húngaros estavam dispostos a correr o risco de um conflito mais amplo Notas
com a Rússia desde que contassem com o apoio da Alemanha. As lideranças da 1
Franz Conrad '".'n H õrzendorf, Au., meiner Diens,:zeit, 190~1918, VoL 4 (Vienna: Rikola Verbg, 1921-1925). 1~17.
Monarquia Dual esperavam plenamente que a ameaça de intervenção germânica Liuba Jovanov,c, Tiie Murder of Saraje,.'O (London: Brirish lnstiture of lnrernarional Aff:iirs, 1925). J.
em seu nome fosse suficiente para compelir a Rússia a recuar e abandonar a Sérvia 1
Conrad. Au.s meine,- Diens<zeit, Vol. 4, 34.
à própria sorte, o que tinha ocorrido na crise bósnia de 1908 e 1909. Assim, seu • Ver Protocolo d e Conselho Ministerial Comum, 7 de julho de 1914, com as obsen ':lções militares · sn,-ern.,
de Conrad, em Conrad, Au.s meiner Dieru,:zeit, Vol. 4, 43-56.
ultimato a Belgrado incluía exigências que eles sabiam que os sérvios não poderiam 1
"Vorbereitende Massn ahmen", datado de 6 de julho de 1914, Ôsrc rrcichisches Sraar:s.,rchiv, Kriegsarchiv
acatar. A mobilização geral da Rússia em apoio à Sérvia deu às lideranças alemãs (do ravante KA), Gencralstab Opcrationsbüro, 695.
6
Conrad, Au.s meine,- D ierurzeit, VoL 4, 61.
uma oportunidade de ouro para que deflagrassem a guerra europeia que almejavam, 7
Conrad, Au.s meine,- Diens~eit, VoL J, 667-73.
mas para justificar seu ataque à França os alemães enviaram a Paris um ultimato 8
Citado em Fischer, War of /Uu.sioru, 62.
9
com exigências que eles sabiam que os franceses não poderiam aceitar. Do lado da Raymond Poincaré, Tiie Ürigiru o/ rhe War (London: Cas.sell, 1922), 187.
'º Ultimato austro-húngaro â Sérvia, Viena, ZZ de julho de 1914, texto e m http://wwi.lib.b1'U.e<lu/indc.,.php/
Entente não houve equivalente a esses ultimatos. A bem da verdade, as potências da The_Austro-Hung:, rian_ Ultimatum_to_Serbia_% 28 English_T ranslation%29.
Entente não fizeram ultimatos desse tipo a não ser o derradeiro ultimato britânico 11
Sazon ov, citado em Jac k Snyder, The ldeology of ,he 0/feruive: Miliiary Decision Making and ,h, DL!rutrn of 1914
(lrhaca, NY: Comei! U niversity Press, 1984), 188.
de 4 de agosto, em que a Grã-Bretanha ameaçava declarar guerra caso a Alemanha
" Ultimato alemão à Bélgica, 2 de agosto de 1914, e resposta belga, 3 de agosto de 1914, tC.<toS cm ,rnw.firsrwo rl-
não desse um basta imediato às operações militares contra a Bélgica. dwar.corn/source/belgium_gcrmanreque st.htm.
, ~ortanto,_nem de ~onge ~ Primeira Guerra Mundial começou por acidente. A " Lamprecht, citado e m Roger C hickcring, Imperial GmnaTl)'and the Grea, War, 1914-1918 (C., mbridgc U niwrs iry
Press, 1998), 14.
Austna-Hungna
. . . se expos
. ao nsco de uma guerra mund·1a1para o b ter a guerra 1oca1
I◄ Poincaré, The Origins of the War, 255.
que o ~mpeno quena, e a Alemanha tirou partido da guerra local de seu aliado
par~ o ter a guerra geral que ela mesma queria. No processo a Monarquia Dual
se viu presa a uma armadilha atada a . '
em nome dos obi'et' d '
ivos e guerra a emães
1 o compromisso de lutar fundamentalmente
f b
Leituras complementares
Contudo, em retrospect0 l'd ' ª~ im e ao ca o sob direção alemã.
, as I erancas em Vie d · Ferguson, Niall. The Pity ofWar (New York: Basic Books. 1999).
saísse de controle muito antes de d~ ·ulho na eixaram que a Crise de Julho Hinsley, F. H. British Forrign Policy under Sir Edward Grey (Cambridge Univmity Press. 1977).
3 1_
certeza e Berlim comecou d ' 'quando a guerra geral tornou-se uma Keiger, John F. V Raymond Poincaré (Cambridge University Press, 1997).
. , a itar as acoes aust h . . Mombauer, Annika. Helmuth von Moltke a,u/ the Origim ofthe Fint Worúl \17ar (Cambridge University Press, 2001 ).
t1r que os soldados em !ice · ro- ungaras. Sua decisão de perm1- Smith, Leonard V, Stéphane Audoin-Rouzeau e A.nnete Becker, Frana and the Grrar \~r. 1914-1918 (Cambridge
nça para a colheita ret
estend eu seu cronograma d _ d . ornassem conforme o planejado University Press, 2003).
. e açao, ando as outr • . . Snyder, J ack. The ldeology ofthe Offemiv,: Mili111ry Drcúion Making and the Dúasun of1914 (l,haca, NY: Corndl
manobra para direcionar os as potencias muita margem de
q d' . . eventos para outros Univers ity Press, l 984).
ue immu1sse a reação favorável d . d ' - ~umos e demasiado tempo para Soundha us, Lawrence. Franz Conrad von Hotu11dorf Arrhiucr of1he Apocalypsr (Boston, MA: Brill, 2000).
do arqu·d 1 Além das dec· - e 1n ignacao tnternaciona
· · 1com o assassinato Srracha n, Hew. The Outbreak ofthe Fim Worúl War (Oxford University Press, 2004).
uque. Williamson, Samuel R., J r. Austrin-Hungary and 1hr Origim ofthe Fim Worúl \~r (London: Macmillan. 1991).
tências d E isoes russas de mob l -
G -_ a ntente não tomaram medid i '.zaçao, durante a crise, as po- Wilso n , Keith (ed.). Deci.siomfor War, 1914 (New York: St. Martin's Press, 1995).
ra Bretanha apoiando a Franca que a_s provocativas, mas o encadeamento da
. ' apoiava a Rú 5s1. . 79
78 ª• que apoiava a Sérvia, jogou

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