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GRUPO I
DIREITO PENAL
Assuntos de DP abordados nas provas preambulares:
COAUTORIA FRUSTRADA?
vista legislativo (elaboração do tipo penal), como sob o ponto de vista jurisdicional quando
da aplicação da pena.
De forma a ilustrar a aplicação prática da função teleológico-sistemática do bem
jurídico, tem-se a situação em que vários Tribunais de Justiça deixaram de aplicar a pena
do crime capitulado no artigo 273, parágrafo 1º-A, do Código Penal (comercialização,
dentre outros, de cosméticos falsificados), tendo em vista a patente desproporcionalidade
de sua pena – 10 a 15 anos de reclusão –, sobretudo ao ser comparada com a pena
cominada ao crime de tráfico de drogas – 5 a 15 anos de reclusão –, que deveria ser,
considerando o bem jurídico tutelado, mais grave.
Como se extrai da função fundamentadora, o bem jurídico é o objeto de tutela
do Direito penal e, portanto, é sobre o bem jurídico que se funda o injusto, em que nele se
firma para a realização da repressão que se encerra na imposição de pena.
E é exatamente por isto que toda a interpretação do Direito Penal se inicia pelo bem
jurídico penal.
Alguns doutrinadores chegam a afirmar que o bem jurídico é o elemento central
do tipo penal, de modo que não somente constitui o ponto de partida e a ideia reitora da
formação do tipo, como também a base e a estrutura da interpretação, não se podendo
valorar a aplicação da norma penal que não se paute no bem jurídico protegido, isto é, não
se pode admitir a intervenção penal que não tenha por finalidade (por isso se diz função
teleológica) a proteção de um valor, consensualmente, avaliado como digno de tutela
penal.
Neste contexto, Ripollés (1998) enuncia que o conceito de bem jurídico há
surgido do aprofundamento dos estudos da antijuridicidade, constituindo ele mesmo o
elemento principal da antijuridicidade material, estabilizando-se
frente à antijuridicidade formal, própria do positivismo jurídico.
Tratando-se de fundamento da conduta penalmente reprimida, o bem jurídico
funciona como critério de classificação, dando ensejo ao princípio da
proporcionalidade, no qual define quantidade de penas conforme a importância do bem
jurídico protegido.
A função exegética impõe que a interpretação do Direito Penal deve sempre
ser baseada na proteção de um valor, de modo que quando ausente a danosidade, não
cabe jamais a intervenção na ordem individual, pois a pena é uma consequência grave ao
cidadão cuja justificativa reside na extrema necessidade (por isso Roxin trabalha com a
ideia da necessidade de pena, em sua teoria funcionalista teleológica). Não é por outra
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razão que essa função faz com que o bem jurídico funcione como uma espécie de
termômetro crítico para avaliar até que ponto a intervenção penal é necessária.
em que não há confissão, é porque, no fundo, a vontade em sentido psicológico nunca foi
levada muito a sério pelo Judiciário).
O problema de fundamentação diz respeito ao fato de que o elemento volitivo,
ainda que pudesse ser definido com clareza e provado com precisão, não poderia compor
o conceito de dolo, pois a vontade se mostra irrelevante para o domínio do resultado e,
portanto, não pode servir para justificar o tratamento mais severo que deve receber aquele
que pratica um crime doloso. O que torna a ação objetivamente mais perigosa, a rigor,
não é a vontade do agente, e sim a maneira como a ação é externamente executada. A
vontade, enquanto dado interno, não aumenta nem diminui o grau de perigo criado pela
ação do autor. O que pode ocorrer, sim, é que, por exemplo, a vontade de matar conduza
o autor a efetuar o disparo não de longe, e sim à queima-roupa. Mas, neste caso não é
preciso mais mencionar a vontade no momento de verificar a intensidade do perigo. Essa
intensidade deriva da circunstância objetiva, externa, de que o tiro foi disparado à queima-
roupa.
O autor conclui aduzindo que se todo dolo é conhecimento, e a vontade não
tem relevância alguma, não há mais qualquer razão para diferenciar dolo direto (em suas
duas formas, de primeiro ou de segundo grau) e dolo eventual. Há apenas uma forma de
dolo.
Sob esse aspecto, para que se possa falar em dolo, tem o autor de agir com
conhecimento tal que lhe confira o domínio sobre aquilo que está realizando. Ou seja, ao
menos em parte o dolo acaba se tornando uma questão de tipo objetivo: o autor tem de
conscientemente criar um risco de tal dimensão que a produção do resultado possa ser
considerada algo que o autor domina.
ESCOLAS PENAIS
Escola Clássica: Surgiu entre o final do século XVIII e a metade do século XIX
como reação ao totalitarismo do Estado Absolutista, filiando-se ao movimento
revolucionário e libertário do Iluminismo. Seus fundamentos se originaram nos estudos
de Beccaria.
As principais características da Escola Clássica são: utilização do método
racionalista e dedutivo (lógico); crime como um conceito meramente jurídico; concepção
do livre arbítrio; pena como retribuição pelo crime cometido.
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Obs.: Foi sob a influência dos pensamentos de Kant e Hegel que a concepção
retribucionista do Direito Penal se desenvolveu. A sanção penal era, sob essa vertente,
um castigo necessário para o restabelecimento do Direito Penal e da Justiça.
Obs.2: Em razão do ideal iluminista, prevaleceu a tendência de eliminar as
penas corporais e os suplícios. Esta tenha sido, talvez, umas das principais contribuições
da Escola Clássica: retirar do Direito Penal o caráter de vingança real ou religiosa.
Miguel Reale Júnior esclarece que para a teoria em comento, toda ação típica
é necessariamente antijurídica, e disso tira a conclusão de que as causas de justificação
não excluem a ilicitude, mas sim a adequação típica (ratio essendi).
As ações não são meros acontecimentos, têm um sentido e, por isso, não basta
descrevê-las, é necessário entendê-las, interpretá-las. Logo, mais do que “definir” o que
seja a ação no campo do direito penal, deve-se “interpretar” seu significado.
Busato exemplifica: “não se pode afirmar que um tapa no rosto seja uma lesão
corporal, uma injúria, um cumprimento rude ou até mesmo um ato reflexo sem uma análise
das circunstâncias em que ocorre, para verificação de como deve ser interpretado e
compreendido referido tapa, até mesmo para definição se pode mesmo ser considerado
um tapa”.
Assim, as ações sociais são configuradas de acordo com seu significado social,
pelo contexto em que se produzem. Logo, se as ações dependem de regras ou normas
que as definem, resulta impossível encontrar um conceito único de ação humana que sirva
para congregar tantos diferentes sentidos quanto aqueles que se pretende regular.
Não existe um conceito geral de ação, mas sim tantos conceitos quantos
modelos de condutas relevantes – ou formalmente típicas – existirem para o Direito Penal.
ação, mas sim a imputação. Ou seja, a identificação da intenção subjetiva cumpre a tarefa
de possibilitar a atribuição ao agente de um compromisso com a ação ofensiva realizada,
mas não faz parte da própria ação, no que refere à sua definição. Dessarte, a definição
da existência de uma ação conceitualmente relevante para o Direito Penal precede a
análise de se essa ação relevante efetivamente infringe a norma. Nesse sentido, Vives
não deixa dúvidas ao afirmar que “a determinação da intenção entra frequentemente em
jogo depois que a ação se acha definida e serve ao interesse substantivo de ajuizá-la”.
Figueiredo Dias é crítico dessa teoria e alega que o direito de intervenção seria
uma inversão temerária dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, uma
vez que relegaria à seara mais suave do ordenamento jurídico justamente as infrações
que colocam em maior risco a estrutura da sociedade.
relação de causalidade, sendo preciso, também, que esse resultado possa ser imputado
juridicamente ao agente.
Ações que diminuam riscos não são imputáveis ao tipo objetivo, apesar de
serem causa do resultado em sua forma concreta e de estarem abrangidas pela
consciência do sujeito. Assim, quem convence o ladrão a furtar não mil reais, mas
somente cem reais, não pode ser punido por participação no furto, pois sua conduta não
elevou, mas diminuiu o risco da lesão.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
Como essa teoria possui íntima relação com as regras da física quântica,
vez que não basta a mera relação de causa e efeito entre conduta e resultado, fala-se em
“DIREITO PENAL QUÂNTICO”, caracterizado pela presença da relação de causalidade
normativa e da tipicidade material.
Uma vez concluída pela não imputação objetiva, AFASTA-SE O FATO TÍPICO.
O autor afirma que “tem havido uma disseminação de uma ideia apenas parcial
dos ideais garantista (garantismo hiperbólico monocular) porque, muitas vezes, não se
tem notado que não estão em voga (reclamando a devida e necessária proteção)
exclusivamente os direitos fundamentais, sobretudo os individuais. Os pilares do
garantismo não demandam a aplicação de suas premissas apenas como forma de afastar
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Nota-se que não há uma análise refratária ao garantismo, mas sim a defesa da
sua integralidade, também no viés positivo, visando a resguardar não apenas os direitos
fundamentais dos réus e investigados, como também das vítimas.
▪ A parte final do art. 386, VI, CPP (“ou mesmo se houver dúvida sobre
sua existência”), em que admite que o juiz absolva o réu, encontra-se
em consonância com a teoria da tipicidade como indício da ilicitude.
ERRO DE TIPO
Espécies:
Há, ainda, o erro de tipo ACIDENTAL (que recai sobre circunstâncias e fatores
irrelevantes da figura típica, não afastando a responsabilidade penal).
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FUNCIONALISMO PENAL
Concepções:
Essas teorias do dolo foram SUPERADAS pela teoria finalista da ação, de Hans
Welzel, que removeu o dolo da culpabilidade e o passou para a conduta (e esta integra o
tipo penal incriminador), e o elemento normativo do dolo foi deste removido e inserido na
culpabilidade sob a denominação de “potencial consciência da ilicitude”. A culpabilidade
passou a ser totalmente normativa (sem qualquer elemento psicológico, portanto), e o
dolo passou a ser natural, composto apenas dos elementos consciência e vontade.
ATENUANTE DIFERIDA?
Reafirma-se que essas fases são distintas e sucessivas, de forma que cada
uma das circunstâncias que compõe cada fase (judiciais, agravantes/atenuantes e
majorantes/minorantes) somente poderá incidir na sua fase correspondente.
(majorante), para ser com ela “compensada”. Essa “tese” foi denominada pela doutrina
como “CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE DIFERIDA”.
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Além do erro que afeta a ilicitude há o erro que afeta a compreensão da ilicitude,
e AMBOS resultam no erro de proibição. Compreensão é diferente de conhecimento. O
conhecimento é pressuposto da compreensão, de forma que não pode haver
compreensão sem conhecimento.
funerais e violar as nossas regulamentações sobre inumações, sendo muito duro exigir-
lhe que abandone suas regras para acolher as nossas e reprovar-lhe porque não o tenha
feito.
abarcados pela norma proibitiva, mas que simplesmente aparentam estar contidos na
fórmula legal, de modo a corrigir o âmbito de aplicação do tipo penal.
O assunto está ligado à antecipação da tutela penal (esse tema já foi cobrado
no concurso de Delegado de Polícia de SP). Significa a antecipação da criminalização
penal de atos preparatórios, crimes de perigo abstratos, crimes de mera conduta, punição
da tentativa, entre outros, para proteger os bens jurídicos – evitando ou ao menos inibindo
– pela coação abstrata de o legislador evitar que a conduta de fato venha se materializar
com repercussões substanciais.
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Zaffaroni aponta que a pena é um ato político e o direito, como limite da política,
é o parâmetro negativo da sancionabilidade, estruturando-a sob a negação das teorias da
pena e fundando-a em critérios de limitação da sanção.
TEMAS INUSITADOS E JURISPRUDÊNCIA RECENTE – MPGO
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Ademais, para Wohlers e Von Hirsch, a acumulação é mais do que uma técnica
legislativa, é também um fundamento para a justificação ou legitimação de condutas
perigosas contra bens jurídicos coletivos. Finaliza, citando a perspectiva de tais autores
TEMAS INUSITADOS E JURISPRUDÊNCIA RECENTE – MPGO
Compilado e elaborado por RKM
“as condições para que se verifique uma conduta merecedora de punição com base na
acumulação são: (i) prognóstico realista de realização de condutas; (ii) existência de
resultado efetivo, ainda que reduzido; (iii) consideração de condutas pouco significantes”.
REGRAS DE TÓQUIO
Essas regras foram formuladas pelo Instituto da Ásia e do Extremo Oriente para
a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente (em 1986), cujo projeto foi aprovado
em 14 de dezembro de 1990, pela Assembleia Geral das Nações Unidas (8º Congresso),
integrando a Resolução nº 45/110, oficialmente denominadas Regras Mínimas das
Nações Unidas para a Elaboração de Medidas não Privativas de Liberdade, com o objetivo
de incentivar a adoção, pelos Estados-membros, de meios mais eficazes que o cárcere
para prevenir a criminalidade e melhorar o tratamento dos encarcerados.
E a jurisprudência pátria?
TEMAS INUSITADOS E JURISPRUDÊNCIA RECENTE – MPGO
Compilado e elaborado por RKM
A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da CF, aplica-se tanto para
condenados a penas privativas de liberdade como também a penas restritivas de
direitos. A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da Constituição Federal,
aplica-se no caso de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
Havendo condenação criminal transitada em julgado, a pessoa condenada fica com seus
direitos políticos suspensos tanto no caso de pena privativa de liberdade como na hipótese
de substituição por pena restritiva de direitos. Veja o dispositivo constitucional: Art. 15. É
vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos
de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; STF.
Plenário. RE 601182/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 8/5/2019 (repercussão geral) (Info 939).
PROCESSO PENAL
Assuntos de Processo Penal abordados nas provas preambulares:
1) complexidade do caso;
2) atividade processual do interessado (imputado), que obviamente não
poderá se beneficiar de sua própria demora;
3) a conduta das autoridades judiciárias como um todo (polícia, Ministério
Público, juízes, servidores etc.);
4) princípio da razoabilidade.
(Fonte: LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: volume único.
8. Ed. Salvador. Ed. JusPodivm, 2020. Pp. 120 a 125)
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julgada formal e material a depender dos motivos que serviram de fundamentação para
esse arquivamento.
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ELOQUÊNCIA ACUSATÓRIA
TEMAS INUSITADOS E JURISPRUDÊNCIA RECENTE – MPGO
Compilado e elaborado por RKM
Fala-se em sentença autofágica porque ela admite ter havido crime, mas, ao
mesmo tempo, extingue a punibilidade do Estado. Para fins penais é como se o agente
nunca tivesse sido processado. Em outras palavras: essa sentença não vale para
antecedentes criminais, reincidência etc. (LFG)
No que tange aos Tribunais de Superposição, o STF não tem adotado, até o
presente momento, a limitação da mancha purgada. O STJ, diferentemente, vem
reconhecimento a aludida teoria (APn 856/DF).
Ademais, parte da doutrina entende que esta teoria foi positivada com a
reforma processual, ao dispor-se, no p. 1º do art. 157, CPP que é admissível a prova ilícita
por derivação quando não evidenciado o nexo causal entre umas e outras. Logo, ao se
referir à ausência de nexo de causalidade entre prova ilícita originária e prova
subsequente, pode-se extrair a adoção da referida teoria.
TEMAS INUSITADOS E JURISPRUDÊNCIA RECENTE – MPGO
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Assim, o Juiz das Garantias será responsável por toda a etapa investigativa,
ficando vedada sua atuação no processo dela decorrente, ante a possibilidade de que as
convicções formadas no curso da investigação acabem por contaminar a imparcialidade
necessária ao justo julgamento do feito, seja para absolver ou condenar o acusado.
O juiz das garantias não se confunde com o juiz de instrução (da Espanha e
França), vez que aquele (o juiz das garantias) não irá presidir o inquérito policial.
A testemunha de ouvir dizer NÃO deve ter grande força probatória. Conforme
explica o Min. Rogério Schietti Cruz: “A razão do repúdio a esse tipo de testemunho
se deve ao fato de que, além de ser um depoimento pouco confiável, visto que os
relatos se alteram quando passam de boca a boca, o acusado não tem como refutar,
com eficácia, o que o depoente afirma sem indicar a fonte direta da informação
trazida a juízo.”
Já decidiu o STJ: (...) 6. A norma segundo a qual a testemunha deve depor pelo
que sabe per proprium sensum et non per sensum alterius impede, em alguns sistemas –
como o norte-americano – o depoimento da testemunha indireta, por ouvir dizer (hearsay
rule). No Brasil, embora não haja impedimento legal a esse tipo de depoimento, “não
se pode tolerar que alguém vá a juízo repetir a vox publica. Testemunha que
depusesse para dizer o que lhe constou, o que ouviu, sem apontar seus
informantes, não deveria ser levada em conta.” REsp 1.444.372/RS, julgado em
16/2/2016).
TEMAS INUSITADOS E JURISPRUDÊNCIA RECENTE – MPGO
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O STJ entende que testemunho por ouvir dizer, produzido somente na fase
inquisitorial, NÃO serve como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que
submete o réu a julgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6a Turma. REsp 1.373.356-BA,
julgado em 20/4/2017 (Info 603).
GRUPO II
PROCESSO CIVIL
Assuntos de Processo Civil abordados nas provas preambulares:
SISTEMA MULTIPORTAS
De acordo com esse modelo, cada demanda deve ser submetida à técnica ou
método mais adequado para a sua solução e devem ser adotados todos os esforços para
que as partes cheguem a uma solução consensual do conflito. É norma fundamental do
processo civil brasileiro a prioridade na utilização das técnicas para facilitar a resolução
consensual dos conflitos (art. 3.º, §§ 2.º e 3.º, do CPC/2015). É dever do Estado promover,
divulgando e fornecendo os meios necessários, e dos operadores jurídicos estimular,
esclarecendo a população, a difusão e utilização dos meios adequados de resolução de
disputas.
A audiência será de mediação nos casos em que houver vínculo anterior entre
as partes, e de conciliação quando inexistir tal vínculo (art. 165, §§ 2.º e 3.º, do
CPC/2015). O réu será citado para comparecer à audiência de conciliação ou mediação
– e não para contestar, como ocorria no Código antigo. O réu não apresentará sua
contestação até que todos os esforços para a solução consensual do litígio tenham sido
adotados. O objetivo é evitar o agravamento do conflito, decorrente da apresentação da
resposta do réu.
tutela jurisdicional, previsto no artigo 5º, XXXV, da CR (“a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito”), atualmente analisado à luz do acesso à
ordem jurídica justa, conjugado com o princípio do devido processo legal (artigo 5º, LIV,
da CF) (“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal”).
momento do processo, o que inclusive nos levaria de volta à época da barbárie, com a
admissão, por exemplo, da prova obtida mediante ameaça ou tortura. A busca da verdade
é o que legitima a atividade jurisdicional, mas não pode e não deve ser considerada um
fim em si mesmo.
PRINCÍPIO DA ACIONABILIDADE
TEORIA DA ENCAMPAÇÃO
TAXATIVIDADE MITIGADA
Nos termos do art. 357, §1, do NCPC, a decisão saneadora, após o pedido de
esclarecimentos, torna-se “estável”. Trata-se de um marco no processo, na medida em
que tanto a instrução como a fase decisória do processo devem ser pautadas pela
deliberação saneadora. A decisão saneadora é estável, na medida em que não admitirá
alterações no âmbito endoprocessual, salvo nos casos de provimento de recurso ou
matéria de ordem pública – ou seja, episodicamente permite mudança.
semelhante àquela do despacho saneador: a jurisprudência deve ser firme e segura, mas
não é imutável, pode-se ser alterada quando mudarem as condições sociais ou ela estiver
equivocada.
NULIDADE DE ALGIBEIRA
Trata-se da nulidade que se dá quando a parte permanece em silêncio, no
momento oportuno para se manifestar, deixando para suscitar a nulidade em ocasião
posterior. Assim, a “nulidade de algibeira” surge num primeiro momento e é guardada pela
parte (numa conduta omissiva) como se fosse uma “carta na manga” para utilizar
posteriormente, caso sua pretensão e tese principal não logre êxito. Essa conduta fere
nitidamente o princípio da boa-fé objetiva.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
Por expressa previsão no art. 1.027, p. 2º, CPC, aplica-se a teoria para o
recurso ordinário constitucional (Na vigência do CPC/73, os Tribunais Superiores
entendiam que NÃO cabia).
A expressão sham litigation, que pode ser traduzida como “litigância simulada”,
foi utilizada no direito anglo-saxão, mais precisamente nos precedentes norte-americanos,
para se referir ao abusivo exercício do direito de peticionar e de demandar.
antecedente, a referida decisão será estabilizada e o processo será extinto, sem resolução
de mérito. No prazo de 2 anos, porém, contado da ciência da decisão que extinguiu o
processo, as partes poderão pleitear, perante o mesmo Juízo que proferiu a decisão, a
revisão, reforma ou invalidação da tutela antecipada estabilizada, devendo se valer de
ação autônoma para esse fim. Divergência: Como interpretar a palavra “recurso” prevista
no art. 304 do CPC? Em outras palavras, a mera contestação é suficiente para impedir
a estabilização? Para a 3ª Turma do STJ: SIM. A leitura que deve ser feita do dispositivo
legal, tomando como base uma interpretação sistemática e teleológica do instituto, é que
a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer tipo de impugnação pela parte
contrária, sob pena de se estimular a interposição de agravos de instrumento,
sobrecarregando desnecessariamente os Tribunais, além do ajuizamento da ação
autônoma, prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015, a fim de rever, reformar ou invalidar a
tutela antecipada estabilizada. No caso concreto analisado pelo STJ, a empresa ré não
interpôs agravo de instrumento contra a decisão que deferiu o pedido de antecipação dos
efeitos da tutela requerida em caráter antecedente, mas apresentou contestação, na qual
pleiteou, inclusive, a revogação da tutela provisória concedida. Diante disso, o Tribunal
considerou que não houve a estabilização da tutela antecipada, devendo, por isso, o feito
prosseguir normalmente até a prolação da sentença. A ideia central do instituto é que,
após a concessão da tutela antecipada em caráter antecedente, nem o autor nem o réu
tenham interesse no prosseguimento do feito, isto é, não queiram uma decisão com
cognição exauriente do Poder Judiciário, apta a produzir coisa julgada material. Por essa
razão, é que, apesar de o caput do art. 304 do CPC/2015 falar em “recurso”, a leitura que
deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação sistemática e
teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver qualquer
tipo de impugnação pela parte contrária. Logo, a interpretação da palavra “recurso” deve
ser de maneira sistemática e teleológica, de modo que há requisitos cumulativos para o
cabimento da estabilização da tutela deferida em caráter antecedente: i) a não
interposição de agravo de instrumento; e ii) a não apresentação de contestação. STJ. 3ª
Turma. REsp 1760966-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 04/12/2018 (Info
639). Para a 1ª Turma do STJ: NÃO. A não utilização da via própria – agravo de
instrumento – para a impugnação da decisão mediante a qual deferida a antecipação da
tutela em caráter antecedente, tornaria preclusa a possibilidade de revisão,
excepcionando a utilização da ação autônoma prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015.
Desconsiderou-se o argumento de que a estabilidade apenas seria alcançada caso não
TEMAS INUSITADOS E JURISPRUDÊNCIA RECENTE – MPGO
Compilado e elaborado por RKM
É incabível mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado (art. 5º,
III, da Lei nº 12.016/2009 e Súmula nº 268-STF). No entanto, se a impetração do mandado
de segurança for anterior ao trânsito em julgado da decisão questionada, mesmo que
venha a acontecer, posteriormente, o mérito do MS deverá ser julgado, não podendo ser
invocado o seu não cabimento ou a perda de objeto. STJ. Corte Especial. EDcl no MS
22.157-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/03/2019 (Info 650).
Compete à justiça comum estadual julgar ação de obrigação de fazer cumulada com
reparação de danos materiais e morais ajuizada por motorista de aplicativo
pretendendo a reativação de sua conta UBER para que possa voltar a usar o
aplicativo e realizar seus serviços. Compete à justiça comum estadual julgar ação de
obrigação de fazer, cumulada com reparação de danos materiais e morais, ajuizada por
motorista de aplicativo, pretendendo a reativação de sua conta UBER para que possa
voltar a usar o aplicativo e realizar seus serviços. As ferramentas tecnológicas disponíveis
atualmente permitiram criar uma nova modalidade de interação econômica, fazendo surgir
a economia compartilhada (sharing economy), em que a prestação de serviços por
detentores de veículos particulares é intermediada por aplicativos geridos por empresas
de tecnologia. Nesse processo, os motoristas, executores da atividade, atuam como
empreendedores individuais, sem vínculo de emprego com a empresa proprietária da
plataforma. STJ. 2ª Seção. CC 164544-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em
28/08/2019 (Info 655).
No acordo ficou ajustado que o devedor pagaria a pensão durante certo tempo;
passado esse período, o indivíduo, por mera liberalidade, continuou pagando; isso
não significa, contudo, que ele passou a ter o dever de pagar para sempre a pensão.
Obrigação alimentar extinta, mas mantida por longo período de tempo por mera
liberalidade do alimentante, não pode ser perpetuada com fundamento no instituto da
surrectio. STJ. 3ª Turma. REsp 1789667-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel.
Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/08/2019 (Info 654).
pensão alimentícia proposta à época em que era guardiã do filho menor, ainda que depois
disso a guarda tenha sido transferida ao pai executado? 4ª Turma do STJ: SIM. A genitora
que, ao tempo em que exercia a guarda judicial do filho, representou-o em ação de
execução de débitos alimentares possui legitimidade para prosseguir no processo
executivo com intuito de ser ressarcida, ainda que, no curso da cobrança judicial, a guarda
tenha sido transferida ao genitor (executado). STJ. 4ª Turma. REsp 1410815-SC, Rel. Min.
Marco Buzzi, julgado em 9/8/2016 (Info 590). 3ª Turma do STJ: NÃO. A genitora do
alimentando não pode prosseguir na execução de alimentos, em nome próprio, a fim de
perceber os valores referentes aos débitos alimentares vencidos, após a transferência da
titularidade da guarda do menor ao executado. Não se pode falar em sub-rogação no
caso, considerando que o direito aos alimentos possui caráter personalíssimo. STJ. 3ª
Turma. REsp 1771258-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 06/08/2019 (Info
654).
DIREITO CIVIL
Assuntos de Direito Civil abordados nas provas preambulares:
1) Guarda compartilhada
2) Teoria do adimplemento substancial – Princípio da boa fé
a redução das perdas e danos, em proporção igual ao montante da perda que poderia ter
sido diminuída.
Cláusula de vigência é a cláusula que indica a data a partir da qual a lei entra
em vigor. Na ausência dessa cláusula, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias
depois de oficialmente publicada. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei
brasileira, quando admitida, inicia-se três meses depois de oficialmente publicada. Vale
lembrar que o alto mar não é território estrangeiro; logo, no silêncio, a lei entra em vigor
45 dias depois da publicação.
O Civilista Flávio Tartuce, sobre tal tema, assevera que o STJ (Info 467) –
colocou em pauta o que já vem sendo denominado pela doutrina de “direito de não saber”
– em ação reparatória contra hospital em que foi realizado exame não solicitado, de forma
negligente, qual seja, anti-HIV, com o resultado positivo. A Turma se posicionou no sentido
de que, sob o prisma individual, o indivíduo tem o direito de não saber o que é portador
de HIV (caso se entenda que este seja um direito seu, decorrente da sua intimidade);
entretanto, esse direito é suplantado por um direito maior, qual seja, o direito à vida
longeva e saudável.
TIME-SHARING
em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo,
que corresponde à faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel,
a ser exercida pelos proprietários de forma alternada.
vítima e punir pedagogicamente o ofensor para que não volte a reiterar a conduta
violadora.
Cláusula de “hardship”
O cônjuge será considerado herdeiro necessário mesmo que ele e o falecido fossem
casados sob o regime da separação de bens? SIM. O cônjuge, qualquer que seja o
regime de bens adotado pelo casal, é herdeiro necessário (art. 1.845). Exceção: o
cônjuge não será herdeiro se, quando houve a morte, o casal estava separado há mais
de dois anos, nos termos do art. 1.830 do CC.
separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa
convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.
Esse inciso é muito confuso e mal redigido, o que gera bastante polêmica na doutrina e
jurisprudência. O que se pode extrair dele é o seguinte: o cônjuge é herdeiro necessário,
mas há situações em que a lei deu primazia (preferência) para os descendentes do morto.
Assim, foram previstos alguns casos em que o cônjuge, a depender do regime de bens,
não terá direito à herança, ficando esta integralmente com os descendentes. Vejamos:
Em regra, o cônjuge deverá receber quinhão Em regra, o cônjuge deverá receber quinhão
igual ao que for recebido pelos herdeiros igual ao que for recebido pelos herdeiros
que sucederem por cabeça. que sucederem por cabeça.
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Mesmo que sejam muitos herdeiros para Não existe essa previsão de que o cônjuge
dividir, o cônjuge não poderá receber menos deverá receber, no mínimo, 1/4 da herança.
que 1/4 da herança.
Ex1: João faleceu e deixou Maria (cônjuge) Ex1: Rui faleceu e deixou Laura (cônjuge) e
e dois filhos. Significa que Maria e cada um dois filhos fruto de outro casamento.
dos filhos terá direito a 1/3 da herança. Significa que Laura e cada um dos seus
enteados terá direito a 1/3 da herança.
Ex2: Pedro faleceu e deixou como herdeiros
Rosa (cônjuge) e 5 filhos. Rosa receberá 1/4 Ex2: José faleceu e deixou como herdeiros
da herança e os outros 3/4 serão divididos Paula (cônjuge) e 5 filhos, sendo 3 filhos
entre os 5 filhos. também de Paula e 2 de um outro
casamento anterior de José. Paula e cada
um dos demais herdeiros receberá 1/6 da
herança.
Trata-se daquilo que Giselda Hironaka
chama de “concorrência sucessória híbrida”.
Essa previsão de que o cônjuge deverá receber, no mínimo, 1/4 da herança caso esteja
concorrendo unicamente com herdeiros que sejam seus descendentes encontra-se
prevista no art. 1.832 do CC:
A reserva da quarta parte da herança, prevista no art. 1.832 do Código Civil, NÃO se
aplica à hipótese de CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA HÍBRIDA. STJ. 3ª Turma. REsp
1.617.650-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/06/2019 (Info 651).
Francisco vive em união estável com Amanda. Eles tiveram um filho. Antes deste
relacionamento, Francisco foi casado com Rosângela, com quem teve seis filhos. Desse
modo, Francisco possui um total de sete filhos, sendo que 6 são fruto do relacionamento
com Rosângela (sua ex-esposa, já divorciados) e um deles é filho de Amanda.
Francisco faleceu e deixou, como herança, R$ 800 mil de bens particulares. Amanda
terá direito à herança? Qual é o dispositivo que rege essa situação?
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por
lei for atribuída ao filho;
NÃO. Isso porque o art. 1.790 do CC foi declarado, incidentalmente, inconstitucional pelo
STF, quando do julgamento do RE 878.694, sendo determinado que se apliquem também
para a união estável as regras do regime sucessório do casamento:
E quanto Amanda receberá neste caso? Qual é o quinhão hereditário a que faz jus
a companheira, quando concorre com um filho comum e, ainda, outros seis filhos
exclusivos do autor da herança?
O STJ, interpretando o art. 1.829, I, do CC, entende que o cônjuge/companheiro, que vivia
sob o regime da comunhão parcial (que é a regra na união estável), somente irá concorrer
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com os descendentes do morto quando o falecido tiver deixado bens particulares e essa
divisão será somente sobre os referidos bens particulares:
Divide-se a herança por igual entre os herdeiros, tratando-se todos os filhos como
exclusivos. Assim, a companheira e cada um dos sete filhos receberá 1/8 da herança.
Atribui-se a cada um dos filhos e à companheira R$ 100 mil.
Não há reserva de 1/4 da herança para a consorte supérstite. Isso porque, conforme já
dito, essa reserva de 1/4 da herança, prevista no art. 1.832 do CC, NÃO se aplica em caso
de CONCORRÊNCIA SUCESSÓRIA HÍBRIDA.
A reserva de, no mínimo, 1/4 da herança em favor do consorte do falecido ocorrerá apenas
quando concorra com seus próprios descendentes (e eles superem o número de 3).
É válida a cláusula penal que prevê a perda integral dos valores pagos em contrato
de compromisso de compra e venda firmado entre particulares. É válida a cláusula
penal que prevê a perda integral dos valores pagos em contrato de compromisso de
compra e venda firmado entre particulares. Para a caracterização do vício de lesão, exige-
se a presença simultânea de: a) elemento objetivo (desproporção das prestações); e b)
elemento subjetivo (a inexperiência ou a premente necessidade). Os dois elementos
devem ser aferidos no caso concreto. Tratando-se de negócio jurídico bilateral celebrado
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Em regra, não deverá haver diferença no valor ou no percentual dos alimentos destinados
a prole, pois se presume que, em tese, os filhos – indistintamente – possuem as mesmas
demandas vitais, tenham as mesmas condições dignas de sobrevivência e igual acesso
às necessidades mais elementares da pessoa humana. A igualdade entre os filhos,
todavia, não tem natureza absoluta e inflexível, de modo que é admissível a fixação de
alimentos em valor ou percentual distinto entre os filhos se demonstrada a existência de
necessidades diferenciadas entre eles ou, ainda, de capacidades contributivas
diferenciadas dos genitores. Exemplo: João possui dois filhos, com mulheres diferentes.
Para o filho 1, paga 20% de seu salário e para o filho 2, 15%. O STJ admitiu que essas
pensões sejam em valores diferentes porque a capacidade financeira da mãe do filho 2 é
muito maior do que a genitora do filho 1. STJ. 3ª Turma. REsp 1624050/MG, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 19/06/2018 (Info 628).
O juiz não pode liberar o devedor de alimentos da prisão alegando que ele pagou
quase toda a dívida e que, portanto, deve ser aplicada a teoria do adimplemento
substancial
A teoria do adimplemento substancial não tem incidência nos vínculos jurídicos familiares,
revelando-se inadequada para solver controvérsias relacionadas a obrigações de
natureza alimentar. STJ. 4ª Turma. HC 439973-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel.
Acd. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 16/08/2018 (Info 632).
DIFUSOS
Assuntos de Difusos abordados nas provas preambulares:
razão para julgar várias ações individuais (que seriam átomos) quando é possível
julgamento coletivo (molécula).
Na doutrina, há 2 posicionamentos:
Por fim, a CF de 1988, em seu art. 227, caput, prescreveu como dever da
família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, os direitos fundamentais, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
A Lei nº 2.040/1871, conhecida como Lei do Ventre Livre, foi a primeira lei
brasileira a reconhecer o direito à liberdade na área da infância, haja vista que garantiu a
condição de livre ao filho de escrava, nascido a partir da sua publicação. Contudo esta
liberdade era relativa.
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Por seu turno, o art. 8º do Código autorizava o juiz a atuar como legislador, pois
era possível a edição de portaria ou provimento para determinar medidas de ordem geral,
necessárias à assistência, proteção e vigilância ao menor.
MEMORIZE:
Até o início do século XVI, vigia a Fase da Absoluta Indiferença, onde não
havia normas tutelares dos direitos de crianças ou adolescentes. Em seguida veio a Fase
da Mera Imputação Penal, na qual as leis tinham o único propósito de coibir a prática de
ilícitos por aquelas pessoas (Ordenações Afonsinas e Filipinas, Código Criminal do
Império de 1830, Código Penal de 1890).
Com a edição do Código Mello Matos, inicia-se a Fase Tutelar (mantida pelo
Código de Menores de 1979). A ideia era que o Estado pudesse tutelar o menor. Adotou-
se a teoria da "situação irregular". Surge a expressão "menor", que identifica o
abandonado com o delinquente. Juiz atuava como um "pai de família" com poderes
amplos.
PROTEÇÃO INTEGRAL
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maneira a englobar o conjunto mais amplo e que melhor os assegure. O STJ em vários
julgados aplicou o princípio do melhor interesse da criança, podendo-se citar,
exemplificativamente:
c. adoção por família não inscrita no cadastro de adoção quando existente vínculo
efetivo consolidado;
d. restrição ao direito de visitação do pai ou mãe que não tenha a guarda do filho, em
caso de risco à integridade física e emocional do infante;
f. manutenção do vínculo registral entre o filho e o pai quando não comprovado o erro
ou falsidade de registro de nascimento e
ABSOLUTA PRIORIDADE
A gestante que manifestar o interesse em entregar seu filho para adoção será
encaminhada, sem constrangimento, à Justiça da Infância e Juventude, sob pena de
infração administrativa descrita no art. 258-B. Este encaminhamento tem a finalidade de
coibir eventual comércio que poderia ser realizado com o neonato logo após o seu
nascimento. Manifestada esta vontade, o poder público deve proporcionar-lhe assistência
psicológica, como forma de conscientizá-la das consequências de seu ato.
➢ desescolarização radical,
➢ desescolarização moderada
➢ ensino domiciliar puro.
Por fim, caso haja descumprimento da restrição estabelecida pelo STF pelos
pais ou responsáveis, haverá a possibilidade de responsabilização civil, inclusive havendo
a possibilidade de responsabilidade criminal, nos termos do art. 1634, I, do CC, combinado
com os artigos 22, 55, 56, 129 e 249, todos do ECA (Lei 8.096/90) e art. 6º da Lei 9.394/96.
Há 2 espécies de apadrinhamento:
6. De fato – é a situação daquele que não tem atribuição legal (pais) ou judicial para estar
na posse da criança ou adolescente
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Por outro lado, a doutrina majoritária defende que deverá ser analisado o caso
concreto, realizado estudo psicossocial e aferido se há formação de vínculo de afinidade
e afetividade entre o infante e a pessoa ou casal escolhido pelos pais, no intuito de garantir
o melhor interesse da criança ou adolescente. Como reforço a esta tese, sustenta-se que
o art. 1729 CC, autoriza aos pais a escolha de tutor aos seus filhos em caso de morte, o
que não poderia impedir a entrega para a pessoa de sua confiança em vida.
Caso se arrependa do ato, não será possível a sua anulação, tendo em vista a
ausência de erro ou falsidade do registro. E caso se demonstre um desses requisitos,
também deverá ser comprovada a ausência de socioafetividade entre as partes, sob pena
de improcedência do pedido.
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Por outro lado, o filho tem direito ao reconhecimento de seu estado biológico
de filiação, por constituir direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,
consubstanciado ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, podendo
ajuizar ação de anulação de registro c.c. investigação de paternidade, de forma a
prevalecer a filiação biológica sobre a socioafetiva.
A primeira corrente entende que é possível, tendo em vista que referido artigo
não é cláusula pétrea por não se constituir materialmente em direito individual, tanto que
em outros países esta é a atingida antes dos 18 anos. Assim, por meio de EC, é possível
a redução da maioridade penal.
Visa manter o adolescente segregado da liberdade, mas com plena integração familiar,
educacional e profissional.
R.: São 3:
2ª. Defende que, uma vez atingido o prazo máximo de 3 meses da internação-
sanção, há a extinção da medida socioeducativa incialmente imposta. ADOTAMOS A
SEGUNDA POSIÇÃO, haja vista que, se o adolescente cumpriu o período máximo da
internação-sanção, não se mostra proporcional a retomada do cumprimento da medida
inicialmente imposta. Aliás, se fosse adulto, o descumprimento da pena restritiva de direito
importaria na conversão por PPL, não subsistindo aquela pena. Logo, considerando que
não se pode dar tratamento mais gravoso ao adolescente infrator, não se justifica a
manutenção da medida reiteradamente descumprida.
1ª. Corrente: Afirma que o art. 127 prescreve: “A remissão não implica
necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece
para efeito de antecedentes”. Ademais, o art. 122, III, estabelece que o descumprimento
deve ser de medida anteriormente imposta e o que não ocorre com a remissão, na qual
há acordo sobre a medida socioeducativa. Assim, pondera que, em havendo seu
descumprimento, há necessidade da revogação da remissão e a retomada do
procedimento de apuração de ato infracional, sob pena de afronta ao devido processo
legal. Este é o POSICIONAMENTO DO STJ.
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2ª. Corrente: Sustenta que o art. 128 do ECA admite a revisão judicial da
remissão e a internação-sanção tem o caráter de coação do adolescente ao cumprimento
da medida, sob pena de impunidade. Portanto, caracterizado o descumprimento reiterado
e injustificado da medida socioeducativa cumulada com a remissão, cabível a referida
modalidade de internação.
1ª. Afirma que o advento da maioridade penal acarreta a extinção das medidas
em meio aberto, haja vista que o legislador apenas excepcionou a aplicação do ECA aos
maiores de 18 anos e menores de 21 anos nos casos de internação e semiliberdade,
silenciando quanto aos demais.
2ª. Entende que a maioridade penal não extingue as medidas em meio aberto,
uma vez que não há qualquer sentido a legislação admitir a aplicação das medidas
socioeducativas mais severas (internação e semiliberdade) e proibir a imposição das mais
brandas (liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade). Além disso, afirma
que o art. 46 da Lei do Sinase não prevê como causa extintiva da medida socioeducativa
a maioridade do adolescente infrator, e os §§ 1º e 2º do aludido artigo reforçam a tese de
que as medidas podem ser aplicadas para o maior de 18 anos, uma vez que disciplina a
hipótese do adolescente que pratica crime após atingir a maioridade.
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Há 3 correntes:
1ª. Entende que a prescrição não tem incidência, pelos seguintes motivos: as
medidas socioeducativas têm caráter pedagógico-protetivo e, por consequência, não
possuem a mesma natureza jurídica das PRD, previstas no CP; e o ECA e a Lei do Sinase
não preveem o instituto da prescrição para as medidas socioeducativas.
3ª. Pugna pelo entendimento de que, como a Lei do Sinase não contemplou a
prescrição dentre as causas extintivas das medidas socioeducativas, o único critério
biológico aplicável para sua extinção é o previsto no art. 121, § 5º, do ECA: “A liberação
será compulsória aos 21 anos de idade”. Portanto, essa corrente sustenta que a extinção
da medida socioeducativa não pode ocorrer por simples operação matemática, devendo
o juiz, no caso concreto, analisar a necessidade e utilidade e, uma vez reconhecida a
desnecessidade da medida, extingui-la por perda do caráter socioeducativo.
função típica de natureza administrativa e não jurisdicional, sendo o seu conteúdo restrito
à lei. ESTA É A NOSSA POSIÇÃO, MAS ENTENDEMOS QUE O MP TEM
LEGITIMIDADE para iniciar procedimento para disciplinar determinado evento, caso não
o faça a autoridade judiciária.
Ex: Sandro namorava Letícia, que ficou grávida. Ao nascer a criança, Sandro a
registrou como sua filha. Alguns anos depois, por meio de um exame de DNA feito em
uma clínica particular, descobre-se que o pai biológico da menor é, na verdade, João.
Diante disso, o pai registral, o pai biológico e a criança, representada por sua mãe,
celebraram um acordo extrajudicial de anulação de assento civil. Por intermédio deste
instrumento, as referidas partes acordaram que haveria a retificação do registro civil da
menor para que houvesse a substituição do nome de seu pai registral pelo pai biológico.
As partes ingressam com pedido para que o juiz homologasse esse acordo. O pedido
deverá ser negado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.698.717-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 05/06/2018 (Info 627).
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
fazê-lo pela via do mandamus, mais célere e concentrada, caso detenha uma prova pré-
constituída dos fatos alegados, em aplicação ao art. 83 do CDC, que estabelece o
princípio da atipicidade da tutela coletiva.
RACISMO AMBIENTAL
Mas e as ações civis públicas? Embora não haja previsão expressa, segundo
a doutrina e a jurisprudência do STJ, a regra é extensível a todo o microssistema do
processo coletivo (o art. 5º, §2º, da Lei 7.347/85 confere autorização para a intervenção
móvel). Segundo o STJ, justamente em razão do interesse público, pode-se dizer que a
regra se aplica a todo microssistema. No REsp 791.042/PR, a Corte Cidadã reconheceu
a possibilidade da intervenção móvel nas ações civis públicas, utilizando o microssistema.
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Mas e o art. 15, § 3º, do Estatuto do Idoso que dispõe ser vedada a
discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores
diferenciados em razão da idade? Para o STJ, não se pode interpretar de forma
absoluta o art. 15, § 3º, do EI, ou seja, não se pode dizer que, abstratamente, todo e
qualquer reajuste que se baseie na idade será abusivo. O que o Estatuto do Idoso quis
proibir foi a discriminação contra o idoso, ou seja, o tratamento diferenciado sem qualquer
justificativa razoável.
Ademais, a Lei n.° 9.656/98 (Lei dos Planos e Seguros Privados de Saúde)
previu expressamente a possibilidade de que a mensalidade do seguro-saúde sofra
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aumentos a partir do momento em que o segurado mude sua faixa etária, estabelecendo,
contudo, algumas restrições a esses reajustes (art. 15).
Tal teoria NÃO é adotada pelo CDC. Isso porque, atualmente, é direito básico
do consumidor a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem (art. 6º, III, do CDC). Ademais, o dever de
informar é considerado um dever anexo decorrente da função integrativa da boa-fé
objetiva, uma necessidade social que se tornou um autêntico ônus proativos.
O tema foi abordado pelo STJ, que assim decidiu: Ainda que haja abatimento
no preço do produto, o fornecedor responderá por vício de quantidade na hipótese em que
reduzir o volume da mercadoria para quantidade diversa da que habitualmente fornecia
no mercado, SEM INFORMAR na embalagem, de forma clara, precisa e ostensiva, a
diminuição do conteúdo. STJ. 2a Turma. REsp 1.364.915-MG, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 14/5/2013. Entendeu-se que a informação prestada ao consumidor
não foi feita de forma clara, precisa e ostensiva. O direito à informação encontra
fundamento na CF/88 (art. 5o, XIV). Ademais, o CDC o prevê como sendo um direito
básico do consumidor (art. 6o, III).
“FLUID RECOVERY”
Sobre o assunto, entende o STJ que (...) “a reparação fluida (fluid recovery)
constitui específica e acidental hipótese de execução coletiva de danos causados a
interesses individuais homogêneos, instrumentalizada pela atribuição de legitimidade
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O novo perfil constitucional do Ministério Público faz com que Marcelo Pedroso
Goulart defenda a existência de dois modelos de Ministério Público: o demandista e o
resolutivo. O Ministério Público demandista, o qual ainda prevalece, é o que atua
perante o Poder Judiciário como agente processual, transferindo a esse órgão a resolução
de problemas sociais. Por outro lado, o Ministério Público resolutivo é aquele que atua
na solução de conflitos sociais, no âmbito da própria Instituição e em parceria com a
sociedade, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, já tão assoberbado.
1
pessoa encarregada pelo Estado de defender os direitos dos cidadãos, recebendo e investigando queixas e denúncias
de abuso de poder ou de mau serviço por parte de funcionários ou instituições públicas.
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• conduzir investigações;
• providenciar recomendações;
• restaurar, a partir das várias formas de atuação, inclusive a autocomposição
e as ações judiciais, os direitos fundamentais;
• submeter propostas de alterações legislativas para melhorar e tornar mais
efetiva a tutela do direito.
ou vários conflitos coletivos surgidos no plano da concretude”). São exemplos Ação Civil
Pública (lei 7.347/85); a Ação Coletiva prevista no CODECON; a Ação Popular (lei
4.717/65); a Ação de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92) e o Mandado de
Segurança Coletivo (Lei 12.016).
Paciente que fez o procedimento em hospital não credenciado deve ser ressarcido,
pelo plano de saúde, em relação às despesas que teve, segundo a tabela de valores
do plano, mesmo que não fosse um caso de urgência ou emergência. É cabível o
reembolso de despesas efetuadas por beneficiário de plano de saúde em estabelecimento
não contratado, credenciado ou referenciado pela operadora ainda que a situação não se
caracterize como caso de urgência ou emergência, limitado ao valor da tabela do plano
de saúde contratado. O art. 12, VI, da Lei nº 9.656/98 afirma que o reembolso de despesas
médicas realizadas em hospital não credenciado ocorre em casos de urgência ou
emergência. O STJ, contudo, confere uma interpretação mais ampliativa desse
dispositivo, afirmando que as hipóteses de urgência e emergência são apenas exemplos
(e não requisitos) desse reembolso. STJ. 3ª Turma. REsp 1760955-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 11/06/2019 (Info 655).
Florestal (lei federal que prevê as normas gerais sobre o tema, nos termos do art. 24, §
1º, da CF/88) não permite a instalação em APP de qualquer tipo de edificação com
finalidade meramente recreativa. Existe também inconstitucionalidade material porque
houve um excesso e abuso da lei estadual ao relativizar a proteção constitucional ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, cujo titular é a coletividade, em face do direito de
lazer individual. STF. Plenário. ADI 4988/TO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
19/9/2018 (Info 916).
Quando o art. 122, II, do ECA prevê que o adolescente deverá ser internado em caso
"reiteração no cometimento de outras infrações graves" não se exige um número
mínimo. O ECA não estipulou um número mínimo de atos infracionais graves para
justificar a internação do menor infrator com fulcro no art. 122, II, do ECA (reiteração no
cometimento de outras infrações graves). Logo, cabe ao magistrado analisar as
peculiaridades de cada caso e as condições específicas do adolescente a fim de aplicar
ou não a internação. A depender das particularidades e circunstâncias do caso concreto,
pode ser aplicada, com fundamento no art. 122, II, do ECA, medida de internação ao
adolescente infrator que antes tenha cometido apenas uma outra infração grave. Está
superado o entendimento de que a internação com base nesse dispositivo somente seria
permitida com a prática de no mínimo 3 infrações. STF. 1ª Turma. HC 94447, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 12/04/2011. STJ. 5ª Turma. HC 457.094/SP, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik, julgado em 04/10/2018. STJ. 6ª Turma. AgInt no AREsp 1283377/MS, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 21/08/2018.
122, II, do ECA (reiteração no cometimento de outras infrações graves). Logo, cabe ao
magistrado analisar as peculiaridades de cada caso e as condições específicas do
adolescente a fim de aplicar ou não a internação. A depender das particularidades e
circunstâncias do caso concreto, pode ser aplicada, com fundamento no art. 122, II, do
ECA, medida de internação ao adolescente infrator que antes tenha cometido apenas uma
outra infração grave. Está superado o entendimento de que a internação com base nesse
dispositivo somente seria permitida com a prática de no mínimo 3 infrações. STJ. 5ª
Turma. HC 332440/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2015.
STJ. 6ª Turma. HC 347434-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Antonio
Saldanha Palheiro, julgado em 27/9/2016 (Info 591).
Não é possível que a adoção conjunta seja transformada em unilateral post mortem
caso um dos autores desista e o outro morra sem ter manifestado intenção de
adotar unilateralmente. Se, no curso da ação de adoção conjunta, um dos cônjuges
desistir do pedido e outro vier a falecer sem ter manifestado inequívoca intenção de adotar
unilateralmente, não poderá ser deferido ao interessado falecido o pedido de adoção
unilateral post mortem. Tratando-se de adoção em conjunto, um cônjuge não pode adotar
sem o consentimento do outro. Assim, se proposta adoção em conjunto e um dos autores
(candidatos a pai/mãe) desiste da ação, a adoção deve ser indeferida, especialmente se
o outro vem a morrer antes de manifestar-se sobre a desistência. STJ. 3ª Turma. REsp
1421409-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 18/8/2016 (Info 588).
homologar. Assim, mesmo que o juiz discorde parcialmente da remissão, não pode
modificar os termos da proposta oferecida pelo MP para fins de excluir aquilo que não
concordou. STJ. 6ª Turma. REsp 1392888-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti, julgado em
30/6/2016 (Info 587).
isso, não poderia ser alegada como argumento para negativa no fornecimento de
medicamento.
Atenção! Não confundir uso off label (medicação registrada pela Anvisa, mas
sem indicação específica para o tratamento pretendido – “fora da bula”) com tratamento
experimental. São coisas completamente distintas.
Em síntese:
GRUPO III
DIREITO CONSTITUCIONAL
Assuntos de Direito Constitucional abordados nas provas preambulares:
esta ideia de vinculação jurídica conduz uma parte da doutrina mais recente a
falar da “jurisdicização” e do carácter evolutivo do poder constituinte. Se
continua a ser indiscutível que o exercício de um poder constituinte anda
geralmente associado a momentos fractais ou de ruptura constitucional
(revolução, autodeterminação de povos, quedas de regime, transições
constitucionais), também é certo que o poder constituinte nunca surge num vácuo
histórico-cultural. Trata-se, antes, de um poder que, de forma democraticamente
regulada, procede às alterações incidentes sobre a estrutura jurídico-política
básica de uma comunidade. De resto, as recentes transições constitucionais, que
começaram em Portugal (1974) e terminaram na transformação dos estados ex-
comunistas, parecem mesmo apontar para a ideia de que o poder constituinte,
exercido segundo um procedimento justo e movido por intenções de conformação
de uma ordem jurídico-política justamente ordenada, serve hoje como uma técnica
experimentada de soluções de crises e rupturas políticas que em momentos
extraordinários surgem no seio da comunidade. [...] A experiência demonstra
também que não basta a legitimação através da fixação democrática de valores
básicos; é necessário, igualmente que o “povo inteiro” se beneficie de
implementação desses valores básicos. Surge aqui a ideia de povo destinatário
de prestações civilizacionais que traduz a relevância funcional do modo como os
efeitos das decisões políticas se repercutem sobre o povo (CANOTILHO, 2002,
pp. 81/82).
“Constituição viva”
A expressão “Constituição viva”, de Riccardo Guaustini, indica o modo pelo
qual uma Constituição escrita é concretamente interpretada e praticada na realidade
política. No que diz respeito à efetivação, a Constituição, como qualquer outro texto
normativo, pode tornar-se inoperante. Em relação à Constituição, pode-se afirmar que são
basicamente dois os grupos de normas que podem caracterizar essa inoperância: 1) O
primeiro grupo é composto pelas denominadas “normas programáticas”, que são aquelas
dirigidas ao legislador. 2) O segundo grupo refere-se ao que a doutrina denomina normas
de eficácia 'diferida', que são normas que não podem adquirir eficácia sem a intervenção
de outras normas.
Não, a não ser que fossem consideradas as reações legislativas. Se uma lei se
propusesse a dizer como uma Constituição deve ser interpretada, haveria uma inversão
hierárquica. É a constituição quem dita a maneira de interpretar as leis e não o contrário.
Também não faria sentido que uma emenda à Constituição explicasse como
essa mesma Constituição deve ser interpretada, até porque as próprias emendas devem
respeito à Constituição (pelo menos no que se refere às cláusulas pétreas).
Logo, essa teoria é uma proposta que visa AMPLIAR o círculo de intérpretes
constitucionais, advogando uma “pluralidade de intérpretes” (a exemplo das audiências
públicas e participação do “amicus curiae”), alinhada a uma perspectiva típica de um
“Estado Democrático de Direito”, que busca a abertura e não o fechamento (“sociedade
fechada de intérpretes”, típica da hermenêutica tradicional clássica) no processo de
concretização e densificação das normas constitucionais.
Todo aquele que vive no contexto regulado por uma norma, é, indireta ou, até
mesmo diretamente, um intérprete da norma. O destinatário da norma é participante ativo
– muito mais ativo do que se pode supor tradicionalmente – do processo hermenêutico.
Como não são apenas os intérpretes jurídicos da Constituição que vivem a norma, não
detêm eles o monopólio da interpretação.
Segundo a doutrina, seria prudente que o STF desse apenas a “última palavra
provisória”, considerando as demais instituições igualmente intérpretes (o próprio texto
constitucional desafia esse entendimento), uma vez que:
CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIALISTA
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a fase mais radical da revolução e o golpe aconteceu do dia 27 para o dia 28 de julho de
1794.
feita com a restrição mínima de um princípio em favor daquele de maior peso – solução
que valerá para as circunstâncias analisadas, não se credenciando a assertiva de ‘que
sempre um valor há de preferir ao outro’. O intérprete, por isso, formula um enunciado
de preferência condicionada, traça, assim, uma ‘hierarquia móvel ou axiológica’. A
regra que resultará da ponderação vale para as circunstâncias tomadas em consideração
ao se avaliar o peso dos princípios em atrito”.
Logo, como existem infinitas demandas e finitos recursos, existem, por óbvio,
escolhas que beneficiam determinadas demandas, abrindo mão de outras. São chamadas
pela doutrina de “teoria das escolhas trágicas”.
O idealizador dessa teoria foi Hart, que defendeu em seu ensaio “The ascription
of responsability and rights” (1948) que, ainda que a norma seja existente, válida e eficaz,
exceções circunstanciais poderão impedir a sua incidência em um dado caso concreto,
como se os enunciados normativos contivessem uma expressão imaginária “a menos
que”.
Súmula Vinculante 10: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente
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Procedimentalistas e Substancialistas
Para Dworkin, essa filosofia política permite aos cidadãos serem tratados pelo
Estado com igual consideração e respeito. É fundamental perceber que o liberalismo
igualitário é uma filosofia que estará sempre embutida nas ideias de Dworkin, ainda que
de maneira velada
regramento específico, mas como normas que abrigam princípios de justiça. Dworkin não
tolera relativismos. Por um lado, propõe ler as normas de direitos fundamentais como
princípios de justiça; por outro, defende a existência de uma verdade a ser perseguida e
de uma resposta correta no Direito.
Como efetuar uma leitura moral objetiva, se a moral costuma ser objeto
de tantas controvérsias? Nas palavras de Dworkin: “Não defendo nenhum tipo de
relativismo. Não estou afirmando que uma opinião moral é verdadeira somente para quem
a considera verdadeira. Quero descrever um método, não uma metafísica: como você
deve proceder se a verdade lhe interessa”. Na moral, a verdade é somente a que é
encontrada pelo melhor argumento. A verdade moral está sempre ao alcance do ser
humano, ao passo que, nesse sentido, a verdade científica talvez não esteja. As
diferenças importantes entre os juízos científicos e interpretativos refletem diferenças no
conteúdo dos dois tipos de juízos, e não a possibilidade de um deles ser verdadeiro e o
outro não.
tempos”. Para o STF, ao Poder Legislativo, federal ou estadual, não está aberta a
via da introdução, no cenário jurídico, do instituto da revisão constitucional." (ADI
1.722-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 10-12-1997, Plenário, DJ de 19-9-
2003.)
Como exemplos de backlash, podem ser citados, entre outros: – Bowers vs.
Hardwick: Nos EUA, em 1986, um cidadão americano flagrado tendo relações sexuais
com outro homem, fato que deu ensejo a persecução penal pelo crime de sodomia.
Invocando o direito constitucional à privacidade, já que flagrado dentro de seu lar, o
acusado postulou a invalidade da lei estadual que criminalizava as práticas homossexuais.
A Suprema Corte se negou a fazê-lo, gerando reação da fração LGBT; - Dred Scott v.
Sanford: Nos EUA, em 1857, a Suprema Corte Norte-Americana negou a um escravo
legitimidade ativa para postular sua própria liberdade, sendo considerada uma das causas
remotas que deflagrou a Guerra Civil; - Decisão do STF que considerou recepcionada a
Lei de Anistia gerou backlash da sociedade, com ajuizamento de ações judiciais pelos
partidos políticos e pelo STF; - Decisão de Juiz de SP que afirmou não ter tido
constrangimento da conduta do agente que ejaculou em uma jovem, no interior de um
ônibus, gerando backlash com reclamações da sociedade e a edição, pelo Congresso
Nacional, da Lei 13.718/18, que tipifica a “importunação sexual”.
Com pensamento similar, Ronald Dwordin relata que muitos analistas associam
a beligerância do tema do abortamento à maneira pela qual esse direito veio a ser
proclamado: uma decisão na arena judicial (Roe v. Wade – 1973), e não no Parlamento.
MODALIDADES:
antes aprovada termina por discriminar, de modo indireto, determinado grupo vulnerável.
Cuida-se da chamada “discriminação indireta”. Essa consequência, também reveladora
da teoria do duplo efeito (São Tomás de Aquino), foi chamada de “Teoria do Impacto
Desproporcional”.
lei. Antes que a ação fosse julgada, a referida Lei foi revogada. Mesmo com a revogação,
o STF conheceu da ADPF e julgou o mérito, declarando a Lei nº 10.553/2016
inconstitucional. O Tribunal considerou que a revogação da Lei atacada na ADPF por outra
lei local não retira o interesse de agir no feito. Isso porque persiste a utilidade da prestação
jurisdicional com o intuito de estabelecer, com caráter erga omnes e vinculante, o regime
aplicável às relações jurídicas estabelecidas durante a vigência da norma impugnada,
bem como no que diz respeito a leis de idêntico teor aprovadas em outros Municípios. A
ADPF não carece de interesse de agir em razão da revogação da norma objeto de
controle, máxime ante a necessidade de fixar o regime aplicável às relações jurídicas
estabelecidas durante a vigência da lei, bem como no que diz respeito a leis de
idêntico teor aprovadas em outros Municípios. Trata-se da solução mais consentânea
com o princípio da eficiência processual e o imperativo aproveitamento dos atos já
praticados de maneira socialmente proveitosa. STF. Plenário. ADPF 449/DF, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 8 e 9/5/2019 (Info 939).
Se for editada MP revogando lei que está sendo questionada por meio de ADI, esta
ação poderá ser julgada enquanto a MP não for votada (enquanto a MP não for
votada, não há perda do objeto). Determinada lei foi impugnada por meio de ação direta
de inconstitucionalidade. Foi editada medida provisória revogando essa lei. Enquanto esta
medida provisória não for aprovada, será possível julgar esta ADI. Assim, se chegar o dia
de julgamento da ADI, e a MP ainda não tiver sido votada, o STF poderá apreciar
livremente a ação, não tendo havido perda do interesse de agir (perda do objeto). Isso,
porque a edição de medida provisória não tem eficácia normativa imediata de
revogação da legislação anterior com ela incompatível, mas apenas de suspensão,
paralisação, das leis antecedentes até o término do prazo do processo legislativo
de sua conversão. Embora seja espécie normativa com força de lei, a medida provisória
precisa ser confirmada. A medida provisória é lei sob condição resolutiva. Se for aprovada,
a lei de conversão resultará na revogação da norma. Dessa maneira, enquanto não
aprovada a MP, não se pode falar em perda de interesse (perda do objeto). STF. Plenário.
ADI 5717/DF, ADI 5709/DF, ADI 5716/DF e ADI 5727/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados
em 27/3/2019 (Info 935).
texto, mas apenas para normas infraconstitucionais, não há impedimento para que as
Constituições Estaduais prevejam a possibilidade, ampliando a competência constante da
Carta Federal. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
25/10/2018 (Info 921).
DIREITO ADMINISTRATIVO
Assuntos de Direito Administrativo abordados nas provas preambulares:
1) Concurso público – Direito da lactante em ter outra data para teste físico
2) Lei das Organizações Sociais (Lei n. 9.637/98) e ADI 1923/DF
3) Poder discricionário e poder vinculado
razoável. Frise-se que, talvez com uma exceção (AT&T Corp. v. Iowa Utilities Board), a
Suprema Corte nunca invalidou uma construção do Executivo com base no segundo
passo (MAGILL apud DUFF; HERZ, 2005, p. 86). [...]
“OVERBREADTH DOCTRINE”
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Doutrina “Chenery”
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Segundo essa teoria, o Poder Judiciário não pode anular um ato político
adotado pela Administração Pública sob o argumento de que ele não se valeu de
metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo questões técnicas e complexas,
os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios adotados pela
Administração são corretos ou não.
Desse modo, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não
sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder
Judiciário. Isso porque, o Poder Judiciário não possui a expertise necessária para
compreender as consequências econômicas e políticas de uma decisão que invada o
mérito administrativo de tais medidas, sejam elas disciplinadas pelo Direito Administrativo
(atos discricionários) ou pelo Direito Constitucional e Ciência Política (atos de governo).
PODER DE POLÍCIA DELEGADO: Dado às pessoas da Adm Pública Indireta que possuem personalidade
jurídica de direito público. Esse poder somente é proporcionado para as Autarquias ligadas à Adm.
Indireta. O poder de polícia não pode ser exercido por particular ou pessoas jurídicas de direito privado da
adm. indireta, entretanto o STJ entendeu que os atos de consentimento de polícia e de fiscalização de
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polícia (uma vez que não teriam natureza coercitiva), poderiam ser delegados às pessoas jurídicas de
direito privado da Administração Pública Indireta.
INFO 889, STF – A ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, é uma autarquia sob regime especial
(agência reguladora), vinculada ao Ministério da Saúde, criada pela Lei nº 9.782/99. No caso da ANVISA, ela
possui funções de regulação concorrencial e de regulação dos serviços públicos. No entanto, além disso,
esta agência tem por vocação o exercício de poder de polícia, no caso, o controle sanitário.
Esse poder de polícia é exercido por meio da prática de atos específicos, de efeitos concretos, e também
pela edição de atos normativos abstratos, de alcance generalizado. Desse modo, a competência das
agências reguladoras para editar atos normativos visando à organização e à fiscalização das atividades
por elas reguladas está inserida dentro do poder geral de polícia da Administração.
Vale ressaltar, no entanto, que a função normativa das agências reguladoras, especialmente quando
atinge direitos e deveres dos administrados, subordina-se obrigatoriamente à lei.
Assim, embora dotadas de considerável autonomia, as agências reguladoras somente podem exercer sua
competência normativa segundo os limites impostos pelas leis que as criaram. No caso da ANVISA, a Lei
nº 9.782/99.
Decisão que suspende reajuste das tarifas de transporte público urbano viola a
ordem pública
A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público urbano
viola a ordem pública, mormente nos casos em que houver, por parte da Fazenda
estadual, esclarecimento de que a metodologia adotada para fixação dos preços era
técnica. Segundo a “doutrina Chenery”, o Poder Judiciário não pode anular um ato
político adotado pela Administração Pública sob o argumento de que ele não se valeu de
metodologia técnica. Isso porque, em temas envolvendo questões técnicas e complexas,
os Tribunais não gozam de expertise para concluir se os critérios adotados pela
Administração são corretos ou não. Assim, as escolhas políticas dos órgãos
governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem
ser invalidadas pelo Poder Judiciário. STJ. Corte Especial. AgInt no AgInt na SLS 2240-
SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/6/2017 (Info 605).
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só perde a função pública que ele utilizou para a prática do ato de improbidade. As normas
que descrevem infrações administrativas e cominam penalidades constituem matéria de
legalidade estrita, não podendo sofrer interpretação extensiva. Assim, a sanção de perda
da função pública prevista no art. 12 da Lei nº 8.429/92 não pode atingir cargo público
diverso daquele que serviu de instrumento para a prática da conduta ilícita. STJ. 1ª Turma.
REsp 1766149/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/11/2018. 2ª corrente: SIM.
É a posição da 2ª Turma do STJ e da doutrina majoritária. A sanção de perda da função
pública visa a extirpar da Administração Pública aquele que exibiu inidoneidade (ou
inabilitação) moral e desvio ético para o exercício da função pública, abrangendo qualquer
atividade que o agente esteja exercendo no momento do trânsito em julgado da
condenação. STJ. 2ª Turma. RMS 32378/SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
05/05/2015.
erário. Isso porque, neste caso, o dano é presumido (dano in re ipsa). STJ. 1ª Turma.
AgInt no REsp 1542025/MG, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 05/06/2018. Art.
10 (...) VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para
celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente.
O art. 12 da Lei nº 8.429/92 não prevê a cassação de aposentadoria como sanção. Mesmo
assim, é possível a sua imposição? O indivíduo que praticar ato de improbidade
administrativa poderá receber, como punição, a cassação de sua aposentadoria? 1ª
corrente: NÃO. É a posição da 1ª Turma do STJ. O art. 12 da Lei nº 8.429/92, quando
cuida das sanções aplicáveis aos agentes públicos que cometem atos de improbidade
administrativa, não prevê a cassação de aposentadoria, mas tão só a perda da função
pública. As normas que descrevem infrações administrativas e cominam penalidades
constituem matéria de legalidade estrita, não podendo sofrer interpretação extensiva. STJ.
1ª Turma. AgInt no REsp 1643337/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/04/2018.
2ª corrente: SIM. É a posição da 2ª Turma do STJ. É possível a aplicação da pena de
cassação de aposentadoria, ainda que não haja previsão expressa na Lei nº 8.429/92.
Isso porque se trata de uma decorrência lógica da perda de cargo público, sanção essa
última expressamente prevista no referido texto legal. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp
1628455/ES, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 06/03/2018.
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O candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas tem direito subjetivo
à nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de validade do certame, haja
manifestação inequívoca da administração sobre a necessidade de seu provimento e não
tenha restrição orçamentária. STJ. 1ª Seção. MS 22.813-DF, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 13/06/2018 (Info 630).
O candidato aprovado fora do número de vagas, mas que fique dentro do número
de vagas em virtude da desistência de alguém melhor colocado, passa a ter direito
subjetivo de ser nomeado
Determinado candidato foi aprovado fora do número de vagas. Todos os aprovados dentro
do número de vagas foram nomeados e empossados. Durante o prazo de validade do
concurso, um servidor se aposentou, mas não houve autorização do Ministério do
Planejamento para que o órgão federal fizesse o provimento desta vaga. Um mês após o
fim do prazo de validade do concurso, a Administração Pública abriu novo concurso para
este cargo. O STF entendeu que este candidato não possui direito líquido e certo à
nomeação porque: * foi aprovado fora do número de vagas previsto no edital; e * o prazo
de validade do concurso em que ele foi aprovado expirou antes da abertura do novo
certame. * realmente surgiu uma vaga decorrente da aposentadoria, mas não houve
manifestação do órgão competente se havia disponibilidade orçamentária para que este
cargo fosse imediatamente provido. O mero surgimento de vagas ou a abertura de novo
concurso para o mesmo cargo não gera direito subjetivo à nomeação do candidato
aprovado fora do número de vagas, cabendo a ele demonstrar, de forma inequívoca, que
houve preterição arbitrária e imotivada por parte da administração pública. No caso
concreto, o STF entendeu que isso não ficou comprovado. Assim, para o Tribunal, a
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situação não se enquadra nas hipóteses previstas no RE 837311/PI. STF. 1ª Turma. RMS
31478/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
9/8/2016 (Info 834).
também para as questões que envolvam o período pré-contratual. STF. 2ª Turma. ARE
774137 AgR/BA, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 14/10/2014 (Info 763).
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que vise anular
ato administrativo de aposentadoria que importe em lesão ao patrimônio público.
STF. Plenário. RE 409356/RO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/10/2018
(repercussão geral) (Info 921).
(...)
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância
pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
(...)
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com
sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica
de entidades públicas.
Substituto processual
Ao ajuizar ação coletiva para a tutela do erário, o Ministério Público não age
como representante da entidade pública, e sim como substituto processual de uma
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