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Anatomia e Fisiologia da Resposta Imunilógica / Interações Neuroimunoendócrinas , e Doenças Inflamatórias

e Imunodepressivas

Anatomia e Fisiologia da
Resposta Imunilógica / Interações
Neuroimunoendócrinas , e Doenças
Inflamatórias e Imunodepressivas
Professor Me. Fábio Lorenzetti

1
Anatomia e Fisiologia da Resposta Imunilógica / Interações Neuroimunoendócrinas , e Doenças Inflamatórias
e Imunodepressivas

Anatomia do sistema imunológico 3


Sistema linfático 4

Propriedades gerais do sistema imunológico 6


Tipos de imunidade adquirida 8
Os leucócitos 9

Imunidade Inata 10
Mecanismos de ação da imunidade inata 11

Imunidade adquirida 14
Sumário Linfócitos 15

Respostas inflamatórias 22
Inflamação aguda 22
Inflamação crônica 23
Desencadeamento do processo inflamatório 24
Citocinas inflamatórias 25
Sistema do complemento 25
Eicosanóides 25
Histamina 26
Exercício e doenças inflamatórias 26

Interleucina-6 (IL-6) 27
A IL-6 como uma adipocina 27
A IL-6 como uma miocina 28
Ações centrais da IL-6 28
IL-6 e insulina 28

Sistema imunológico das mucosas 29


Sistema imunológico inato das mucosas 29
Sistema imunológico adquirido das mucosas 30

Imunodeficiência 30
Imunodeficiência primária 30
Imunodeficiência secundária 31

Interações neuroimunoendócrinas 31
Regulação do sistema imune pelo sistema nervoso central 33
Vias hormonais de regulação da função imunológica 34
Efeitos dos glicocorticoides no sistema imunológico 35
Glicocorticoides e citocinas 35
Glicocorticoides e moléculas de adesão 36
Glicocorticoides e mediadores inflamatórios 36

Exercício físico e sistema imune 36


Células NK e exercício físico 36
Sistema imunológico das mucosas e exercício físico 37
Neutrófilos e exercício físico 37

Referências 38

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Anatomia do sistema patógenos presentes na corrente sanguínea. O

imunológico baço, que é considerado o maior órgão linfático do


corpo, está localizado no quadrante superior do lado
esquerdo do abdome, próximo ao estômago.
O sistema imunológico é constituído pelos órgãos
linfoides primários ou centrais e pelos órgãos
O baço apresenta uma superfície externa
linfoides secundários ou periféricos. Os órgãos
constituída por uma cápsula de tecido conjuntivo
linfoides primários são responsáveis pela formação e
que se estende em direção ao órgão, proporcionando
amadurecimentos das células do sistema imunológico
uma rede capaz de suportar vasos sanguíneos e
(linfócitos T e B), tais órgãos são o timo e a medula
tecidos linfoides. Histologicamente, o baço apresenta
óssea. Já os órgãos linfoides secundários, que são
uma região denominada de polpa branca com
constituídos pelos linfonodos, pelo baço e pelos
características semelhantes aos linfonodos e que
sistemas imunológicos das mucosas e cutâneo, são
possui grandes quantidades de linfócitos, e também
responsáveis por iniciarem as respostas imunológicas
uma região denominada de polpa vermelha em que
aos microrganismos. Os órgãos linfoides secundários
estão presentes os vasos sanguíneos (figura 1)
também são classificados como tecidos encapsulados
e tecidos linfoides difusos não encapsulados. O baço
Na polpa vermelha estão presentes células
e os linfonodos são constituídos por uma membrana
imunológicas denominadas de macrófagos que
externa formada por um tecido de colágeno fibroso,
atuam como “filtros” capturando através de
o que os caracteriza como tecidos encapsulados.
fagocitose e destruindo substâncias estranhas
presentes no organismo e que circulem nos vasos
O baço é responsável pela remoção de células
sanguíneos. Outra importante função dos macrófagos
vermelhas envelhecidas ou danificadas presentes na
presentes na polpa vermelha é a fagocitose de
circulação através do processo de fagocitose realizada
células vermelhas envelhecidas ou danificadas, com
por células presentes neste órgão. Além disso, há a
posterior degradação das moléculas de hemoglobina
presença de células do sistema imunológico (células
em aminoácidos, ferro e a bilirrubina, que será
dendríticas e macrófagos) no baço que atuam sobre
transportada para o fígado.

Figura 1 – Visão geral da anatomia do baço. (De Silverthorn, 2003).

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Já os linfonodos estão associados com a circulação Sistema linfático


linfática. A circulação linfática é responsável pela
captação dos fluidos intersticiais. Com a passagem da O sistema linfático é uma importante via acessória
linfa (fluido presente na circulação linfática) através de fluxo do líquido intersticial e que possui interação
dos linfonodos, grupamentos de macrófagos atuam direta com três sistemas fisiológicos: 1) sistema
na remoção de patógenos presentes no organismo, cardiovascular; 2) sistema digestório e 3) sistema
impedindo a sua disseminação. imunológico. Com isso, as funções do sistema linfático
incluem:
Por sua vez, os tecidos linfoides difusos
não encapsulados são grupamentos de células 1. Transporte de proteínas e grandes partículas
imunológicas presentes em órgãos do corpo. A estes presentes nos espaços intersticiais e que não
estão inclusas as tonsilas localizadas na nasofaringe possuem a capacidade de serem absorvidos
posterior, o tecido linfoide associado ao intestino diretamente para os capilares sanguíneos;
(GALT, sigla em inglês), situado abaixo do epitélio do 2. Transporte de lipídios, absorvidos
esôfago e intestinos, além de grupamentos de tecido pelas células intestinais para posterior
linfoide presentes na pele, trato respiratório, urinário transferência para o sistema circulatório;
e reprodutivo. A figura 2 apresenta uma visão geral
3. Auxiliar na remoção de patógenos presentes
da anatomia do sistema imunológico
no organismo direcionando-os para os
linfonodos que, através de grupamentos de
macrófagos presentes, farão a fagocitose.

Canais linfáticos estão presentes virtualmente em


quase todos os tecidos do corpo humano e atuam
na drenagem do líquido dos espaços intersticiais.
Apenas as porções superficiais da pele, o sistema
nervoso central, o endomísio dos músculos e
os ossos não possuem canais linfáticos. Esses
tecidos, no entanto, possuem minúsculos canais
denominados de pré-linfáticos, responsáveis pelo
fluxo do líquido intersticial em direção aos vasos
linfáticos. E especialmente do encéfalo, para o líquido
cerebroespinal e posteriormente retornando para os
vasos sanguíneos.

O fluxo de linfa presente na parte inferior do


corpo converge para o ducto torácico que, por sua
vez, converge para o sistema venoso na junção da
veia jugular interna esquerda com a veia subclávia
esquerda. A figura 3 apresenta uma visão geral do
sistema linfático.

Figura 2 – Visão geral da anatomia do sistema imunológico. (De


Silverthorn, 2003).

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Figura 3 – Visão geral do sistema linfático. (De Guyton; Hall, 2006).

O sistema linfático é composto por uma série de agregados nodulares denominados de linfonodos e
que estão localizados por todo o corpo (figura 4). Os linfonodos atuam como “centrais de reconhecimento”
para as substâncias presentes na linfa. Ou seja, se houver a presença de antígenos dos patógenos, células
imunológicas farão o reconhecimento, a captura e a destruição destes patógenos, a fim de manter a
homeostase do organismo.

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Figura 4 – Morfologia dos linfonodos. A) Representação da organização estrutural e a circulação do sangue em um linfonodo. B)
Microfotografia ótica mostrando um corte transversal de um linfonodo com numerosos folículos no córtex, alguns contendo áreas
centrais de coloração mais clara (centros germinativos) e a medula central. (De Abbas; Lichtman, 2009).

Propriedades gerais do sistema um quadro patológico decorrente de uma doença

imunológico autoimune.

Sendo assim, além de atuar como um sistema de


A visão clássica do sistema imunológico nos
defesa, quando necessário, evitando que patógenos
remete à função do sistema imunológico como
como vírus, bactérias e protozoários se desenvolvam
um sistema de defesa do organismo, entretanto, o
no nosso organismo, o sistema imunológico atua
sistema imunológico se desenvolveu a fim de manter
também a fim de manter a homeostasia. Esse conceito
a homeostase (equilíbrio corporal).
se reflete ao analisarmos a interação do exercício
Neste sentido, é fundamental o estudo do sistema físico com o sistema imunológico, em que diferentes
imunológico como um sistema orgânico que apresenta tipos de treinamento podem gerar diferentes tipos de
total relação com o sistema endócrino e sistema resposta no sistema imunológico.
nervoso, ou seja, a interação neuroimunoendócrina.
O entendimento do sistema imunológico como
Ao analisarmos o sistema imunológico um sistema integrativo com o sistema nervoso e
separadamente, devemos compreender que para endócrino também se torna claro ao analisarmos as
que ele consiga realizar suas funções deve haver um respostas do exercício físico nestes sistemas e as
equilíbrio entre as suas funções a fim de haver uma suas relações.
homeostasia. Ou seja, a falta de ação do sistema
Desta forma, para que possamos entender tais
imunológico (imunossupressão) pode gerar quadros
relações, é necessário o entendimento dos princípios
patológicos. Em outro ponto, o excesso da atividade
básicos que norteiam o sistema imunológico.
do sistema imunológico também pode acarretar

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As ações desencadeadas pelo sistema imunológico


se refletem através de dois mecanismos básicos, a
imunidade inata e a imunidade adquirida.

A imunidade inata atua como uma primeira forma


tanto de defesa contra patógenos e microrganismos
estranhos, quanto no controle do organismo na
manutenção da homeostase.

Já a imunidade adquirida atua de maneira mais


eficaz no controle a infecções e agressões ao
organismo, já que possui mecanismos mais precisos
de controle do organismo, como especificidade e
memória.

Características como especificidade e memória


garantem uma resposta do sistema imunológico
mais especializada e consequentemente ausência Figura 5 – Hipótese da seleção clonal.
de reatividade contra autoantígenos (tabela 1). Isso (De Abbas; Lichtman, 2009).

se deve à expressão de receptores específicos pelos


linfócitos. Tal fato está apoiado na teoria da seleção A imunidade inata apresenta resposta em períodos
clonal desenvolvida em 1955 por Niels Jerne, médico curtos de tempo, como minutos ou horas, iniciando
imunologista britânico, teoria esta que lhe conferiu o respostas inespecíficas do organismo em relação a um
prêmio Nobel de medicina em 1984. dado patógeno. Reações que ocasionam vermelhidão
cutânea, aumento da temperatura local e inchaço,
De acordo com a teoria da seleção clonal, um como inflamação, são características que identificam
determinado antígeno se liga a um receptor de um tal resposta imunológica.
linfócito maduro preexistente, o que, por sua vez,
estimula a formação de clones do linfócito ativado Já a imunidade adquirida, por ser uma resposta
para resposta imunológica específicas e garantindo a específica do organismo a um determinado patógeno,
memória imunológica (figura 5) apresenta uma resposta mais tardia, que pode levar
dias, sendo que a cada nova exposição a um mesmo
Propriedade Significado para a imunidade patógeno, a resposta se torna mais rápida graças à
contra os microorganismos
característica de memória desta resposta imunológica.
Especificidade Habilidade para reconhecer
e responder a muitos
microorganismos diferentes Entre as primeiras linhas de defesa do organismo
Memória Respostas acentuadas contra estão as barreiras epiteliais, células especializadas
infecções recorrentes ou persistentes e antibióticos presentes nos epitélios. Caso haja a
Especialização Respostas a microorganismos passagem de microrganismos patógenos por tais
distintos são otimizadas para
defender o hospedeiro contra eles barreiras, células do sistema imunológico como
Ausência de Previne as respostas imunológicas fagócitos, linfócitos especializados denominados
reatividade danosas contra as células e de natural killer (NK) e proteínas do sistema do
contra auto- tecidos do hospedeiro
antígenos complemento presentes no plasma irão agir sobre
Tabela 1 – Propriedades da resposta imunológica adquirida. (De esses patógenos.
Abbas; Lichtman, 2009).

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Já o sistema imunológico adquirido atua de maneira respostas, irão atuar diferentes células e moléculas
específica aos microrganismos por expressarem (figura 6).
receptores que se ligam a estes microrganismos e aos
seus subprodutos. A este sistema estão presentes os As respostas durante a imunidade humoral
linfócitos e seus subprodutos, os anticorpos. são mediadas pelos linfócitos B e pelos anticorpos
produzidos por ele, sendo estes secretados na
Tipos de imunidade adquirida circulação e nos líquidos das mucosas, para atuarem
sobre patógenos presentes no sangue e no lúmen dos
A imunidade adquirida pode ser denominada de órgãos mucosos (trato gastrointestinal e respiratório).
duas formas distintas de acordo com o local em que a
Por sua vez, os mecanismos da imunidade
resposta imunológica é desencadeada. Ela se classifica intracelular ou imunidade celular são mediados por
como imunidade humoral e imunidade celular. A linfócitos T, que são classificados em helpers ou
imunidade humoral é desenvolvida para responder auxiliares, responsáveis pela ativação dos fagócitos,
a patógenos extracelulares, enquanto a imunidade como os macrófagos, para destruírem os patógenos,
celular responde a patógenos intracelulares. Sendo ou em citotóxicos ou citolíticos, que agem através da
assim, dependendo do local em que ocorrem tais apoptose celular, destruindo a célula que apresente
o patógeno.

Figura 6 – Tipos de imunidade adquirida. (De Abbas; Lichtman, 2009).

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Os leucócitos
As células brancas do sangue são classificadas primariamente como leucócitos. Proporcionalmente, os
leucócitos estão presentes no sangue em número muito menor do que as células vermelhas (hemácias). A
cada 1 µl de sangue estão presentes 5 milhões de hemácias e apenas 7.000 leucócitos. Os leucócitos são
classificados em seis grupos básicos:

1. Eosinófilos;

2. Basófilos no sangue e mastócitos nos tecidos;

3. Neutrófilos;

4. Monócitos no sangue e macrófagos nos tecidos;

5. Linfócitos;

6. Células dendríticas.

As células do sistema imunológico também podem ser classificadas de acordo com a sua funcionalidade
ou a sua morfologia em:

1. Granulócitos apresentam grânulos proeminentes no citoplasma que são


secretados nos espaços extracelulares, processo este denominado de degranulação.
Este grupo inclui os basófilos, os neutrófilos e os eosinófilos;

2. Fagócitos são responsáveis por englobarem os seus alvos através da formação de pseudópodes.
Neste grupo estão presentes os neutrófilos, os macrófagos, os monócitos e os eosinófilos;

3. Células citotóxicas atuam através da destruição de células danificadas ou com a presença


de patógenos. Neste grupo estão presentes os eosinófilos e alguns linfócitos;

4. Células apresentadoras de antígenos são responsáveis por exibirem


fragmentos de proteínas estranhas em sua superfície. Neste grupo estão presentes
os linfócitos, as células dendríticas, os macrófagos e os monócitos.

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A tabela 2 apresenta uma visão geral dos leucócitos.

Besófilos e Monócitos e Linfócitos e Célular Células


Neutrófilos Eosinófilos
Mastócitos Macrófagos do Plasma Dendríticas

% de células
brancas no Raros 50-70% 1-3% 1-6% 20-35% -
sangue
Linfócitos B,
Denominados “polis” Também
Células de memória
ou “segmentados” Denominados denominadas
Subtipos e Plasmócitos
formas imaturas sistema células de
abreviatura Linfócitos T, Células
denominadas fagocítico Langerhans,
dos nomes T citotóxicas
“bandas” e mononuclear células
Células T auxiliares
“punhaladas” veladas
Células natural killer
Reconhecem
Liberam patógenos e
substâncias Ingerem e Respostas ativam outras
Destroem
químicas que destroem específicas ao células do
Funções Ingerem e destroem invasores,
medeiam invasores invasor, incluindo sistema
primárias invasores particularmente
respostas Apresentação produção de imunológico
parasitas
alérgicas e de antígeno anticorpos através da
inflamatórias apresentação
de antígenos
Fagócitos
Granulócitos
Células Células citotóxicas
Classificações
citotóxicas (alguns tipos)
Células apresentadoras de antígenos
Tabela 2 – Visão geral dos leucócitos. (De Silverthorn, 2003).

Imunidade Inata
A imunidade inata é considerada a primeira Além disso, a imunidade inata é capaz de ativar as
linha de defesa do organismo, sendo que os seus respostas imunológicas adquiridas, proporcionando
componentes formam o sistema imunológico inato. maior eficácia destas. A imunidade adquirida utiliza
mecanismos da imunidade inata para a manutenção
Por muito tempo acreditou-se que a imunidade da homeostasia do organismo, ocorrendo constante
inata fosse inespecífica e fraca, e consequentemente comunicação entre os mecanismos de ação da
ineficaz no controle às infecções. Entretanto, imunidade inata e da imunidade adquirida.
atualmente está claro que a imunidade inata é
direcionada especificamente contra microrganismos,
sendo um importante mecanismo de controle
homeostático inicial.

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Mecanismos de ação da Os componentes que perfazem o sistema


imunológico inato são os epitélios, que formam as
imunidade inata barreiras contra as infecções, células imunológicas
presentes no sangue e em tecidos e proteínas
Os mecanismos de ação da imunidade inata
presentes no plasma, apesar das suas funções
se iniciam a partir da ativação das células que
distintas estes se complementam, a fim de manter a
compõem o sistema imunológico inato. Esta ativação
homeostasia do organismo.
se diferencia do sistema imunológico adquirido em
diversos aspectos. A ativação das células do sistema
Ao analisarmos as funções do sistema imunológico
imunológico inato pela ativação de um determinado
é muito difícil tentar segregar as respostas do sistema
patógeno ocorre pelo reconhecimento de estruturas
imune adaptativo do sistema imune inato. Analisando
que são comuns a diversas classes de microrganismos.
por exemplo os macrófagos:

Tais receptores são denominados de receptores 1. Exibe uma forma de defesa imune
de reconhecimento de padrões (PAMP, pathogen muito primitiva, que ocorre através
associated molecular patterns), que reconhecem um da fagocitose, mas também;
grande número de agentes patogênicos, como por 2. Expressão moléculas de MHC (complexo de
exemplo, pelo reconhecimento dos lipopolisacarídeos histocompatibilidade principal) e atua como
(LPS) em bactérias Gram-negativas uma célula apresentadora de antígeno, função
esta que faz parte da evolução das células T.
Diferindo, portanto, do sistema imunológico
adquirido em que diferentes anticorpos reconhecem É possível identificar tais sistemas de defesa inatos
diferentes antígenos. Isso se deve pela forma como os devido à sua relação com organismos primitivos. Por
receptores nestas classes de células são codificados. exemplo, os receptores da família Toll-like (TLR, sigla
Os receptores do sistema imunológico inato são em inglês) presente nos macrófagos de mamíferos
codificados na linhagem germinativa, apresentando e que estão envolvidos com a fagocitose, foram
diversidade limitada de receptores. primariamente identificados em insetos.

Já em comparação com o sistema imunológico Por estarem presentes em diferentes filos, é


adquirido os receptores são codificados por genes possível inferir que antecessores primitivos dos
produzidos pela recombinação somática dos mamíferos e dos insetos possuíam tal receptor que
segmentos dos genes, o que proporciona maior reconhecia os componentes de microrganismos.
diversidade de receptores, pois pode detectar
epítopos (pequenos fragmentos) presentes em um As respostas do organismo aos danos teciduais
agente patogênico. incluem a formação de processos inflamatórios e que
dependem:
A resposta do sistema imunológico inato é
idêntica a diferentes patógenos e em subsequentes a) Da causa da inflamação;
ações do mesmo patógeno, enquanto o que o
b) Da sua localização;
sistema imunológico adquirido age de forma eficaz
a subsequentes ações do mesmo patógeno. Isso c) E da gravidade
se deve ao mecanismo de memória do sistema
imunológico adquirido. Em muitos casos os danos teciduais são causados
por meios físicos, podendo ou não estar envolvidos
com processos infecciosos. Se a infecção estiver

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presente, as respostas imunes inatas atuam em decorrente do treinamento induz a proliferação de


conjunto com as respostas adaptativas. Desta macrófagos e consequentemente o desenvolvimento
forma, o processo das respostas imunes envolverá de processos inflamatórios agudos. Estes são
uma série de fases que se sobrepõem, levando necessários para a devida adaptação ao treinamento.
dias ou semanas e que podem incluir alguns dos
seguintes passos: Já de maneira antagônica, em indivíduos com
níveis elevados de tecido adiposo, a infiltração de
1. Parada do sangramento (caso o dano tecidual
macrófagos nesta região produz uma inflamação
seja ocasionado por algum objeto cortante);
crônica e consequente liberação de citocinas pró-
2. Inflamação aguda; inflamatórias que são responsáveis por gerar danos
3. Morte de patógenos, neutralização de toxinas, em diversas células.
limitação da propagação de patógenos;
Tratando-se de uma infecção, as células reagem
4. Fagocitoses de debris, patógenos
diferentemente para uma inflamação aguda e uma
e morte celular;
inflamação crônica. Locais com inflamação aguda
5. Proliferação e mobilização de fibroblastos tendem a ter números mais elevados de neutrófilos e
ou outras células teciduais para o local ativação de linfócitos T helpers, enquanto locais com
da infecção ou do dano tecidual; inflamação crônica apresentam grandes quantidades
de macrófagos, linfócitos T citotóxicos e linfócitos B.
6. Remoção ou dissolução de coágulos
sanguíneos e remodelação dos
A presença de diferentes populações de leucócitos
componentes da matriz extracelular;
na região da inflamação depende das quimiocinas
7. Regeneração das células teciduais, expressadas no endotélio. A ativação destas
da estrutura normal e da função. quimiocinas faz com que diferentes populações de
leucócitos migrem para o tecido inflamado.
Para que haja a completa eliminação do agente
patogênico e/ou reparação do dano tecidual, é A capacidade do tecido se reparar e se regenerar
necessário que ocorram processos inflamatórios ao dano depende de qual tecido foi afetado. Por
locais, sendo estes referidos como inflamação exemplo, no cérebro a capacidade de regeneração
aguda. é muito limitada. Em doenças inflamatórias crônicas,
como na esclerose múltipla, a área da lesão em
Em alguns casos, uma infecção que não muitos casos é ocupada por um tecido formado por
é completamente eliminada, os organismos células especializadas denominadas de astrócitos.
patogênicos desenvolvem sistemas para desviar a
resposta imunitária. Nestes casos o organismo tenta Os danos teciduais também são responsáveis
conter a infecção ou minimizar os danos provocados, por liberarem uma série de citocinas inflamatórias
com isso os estímulos antigênicos persistentes e os que controlam o fluxo de leucócitos para os
efeitos citotóxicos do agente patogênico se traduzem tecidos inflamados. O fator de necrose tumoral
em uma inflamação crônica. alfa (TNF-α, sigla em inglês) exerce importante
papel neste processo.
Exemplos muito importantes do controle
homeostático do sistema imunológico no organismo O TNF-α é primariamente produzido por
sem que haja qualquer interação com agentes macrófagos e outros fagócitos mononucleares,
patogênicos se refletem de uma maneira com o
exercício físico, em que a lesão nos sarcômeros

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exercendo diversas funções no desenvolvimento da quando secretada por outros tecidos, exerce ação
inflamação e na ativação de outros leucócitos. pró-inflamatória.

Entre as suas ações estão a adesão e migração Neste momento vamos nos concentrar nas suas
de leucócitos, a regulação do macrófago ativado ações pró-inflamatórias. A IL-6, que é produzida no
e da resposta imune tecidual, a modulação da fígado e no endotélio vascular, na inflamação atua na
hematopoiese e o desenvolvimento de linfócitos. O indução secundária de IL-1. Quando analisados os
TNF-α ligado ao seu receptor induz a trimerização efeitos gerais da IL-1, além de atuar com o aumento
deste na superfície da célula, que leva à ativação da inflamação local, ela é produzida pelo organismo
de diversas vias intracelulares. Uma destas vias se a fim de buscar a sua homeostase.
dá através da ativação da caspase 8, que culmina
na apoptose celular. Outra via se traduz na ativação A chegada dos leucócitos na inflamação
do fator de transcrição AP-1 e NF-κβ que ativam é dependente das quimiocinas e
diversos genes envolvidos na resposta imune inata das moléculas de adesão
e adaptativa.
Os mecanismos de controle da migração dos
As vias de sinalização responsáveis pela ativação leucócitos no tecido inflamado são extremamente
da NF-κβ são evolutivamente antigas, sendo descritas estudados devido à sua importância biológica e
em diversas espécies. médica. Tais mecanismos são aplicados para o
movimento das células que ocorre entre os tecidos
A interleucina-1 (IL-1) é outra importante citocina linfoides durante toda a vida.
pró-inflamatória. Ela é produzida em muitas células
do corpo e exerce funções semelhantes ao TNF-α, O direcionamento dos leucócitos pelo corpo
entretanto os seus receptores são muito diferentes. é determinado pela interação entre as células
circulantes e o endotélio dos vasos sanguíneos. A
A IL-1 induz a adesão de moléculas no endotélio e migração leucocitária é controlada pela sinalização
promove a migração de leucócitos. Entre as diferentes de moléculas que são expressas na superfície do
funções que a IL-1 exerce, uma das mais importantes endotélio e que estão presentes principalmente
é a indução da febre. A IL-1 atua diretamente em nas vênulas. Isso ocorre porque as moléculas de
centros hipotalâmicos, controlando a temperatura sinalização e as moléculas de adesão que controlam
corporal. a migração são seletivamente expressas nas vênulas.

Em mamíferos, a inflamação é acompanhada do A força hemodinâmica de cisalhamento (shear


aumento da temperatura corporal, sendo que apenas force ou shear stress) nas vênulas é relativamente
um pequeno aumento na temperatura corporal leva a baixa, permitindo que os leucócitos consigam sinalizar
uma rápida formação de linfócitos, fazendo com que por mais tempo no endotélio desta região, além de
o sistema imune adaptativo possa se mobilizar mais possibilitar que as moléculas de adesão possam
rapidamente. interagir de maneira eficaz.

A IL-1 também atua na inibição do apetite e E a carga da superfície endotelial é menor


promove o sono. Outra importante citocina que nas vênulas. Embora o padrão de migração dos
atua no sistema imunológico é a IL-6. Esta, quando leucócitos seja complexo, os mecanismos com que
secretada pelo músculo esquelético estimulado pelo ocorrem são básicos. A interação inicial ocorre em
exercício físico, exerce ação anti-inflamatória, já três etapas:

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1. Os leucócitos circulam pelas vênulas mais 3. Com o aumento da ativação dos leucócitos
lentamente e, se interagem com moléculas e das integrinas, com o endotélio
de adesão denominadas de selectinas; promove a migração dos leucócitos.
2. Com isso os leucócitos conseguem gerar
A migração trans-endotelial é um processo que
respostas sinalizando em moléculas
envolve os leucócitos e as células do endotélio,
presentes na superfície do endotélio, em
ocorrendo entre as junções das células endoteliais.
particular as quimiocinas, de acordo com
A figura 7 apresenta a sequência de eventos que
o leucócito presente será expresso um
envolvem a migração dos leucócitos pelas células
determinado receptor de quimiocina;
endoteliais no local em que há a infecção.

Figura 7 – Sequencia de eventos na migração dos leucócitos para os locais de infecção. (De Abbas; Lichtman, 2009).

Imunidade adquirida
Como mencionado anteriormente, a imunidade imunológica, notamos que o sistema imune é capaz
adquirida atua de maneira mais eficaz no controle a de responder de maneira mais eficaz a exposições
infecções e agressões ao organismo, já que possui repetidas ao mesmo patógeno/antígeno.
mecanismos mais precisos de controle do organismo,
como especificidade e memória. Esse mecanismo se traduz através da resposta
imunológica primária, em que linfócitos maduros
Quando analisamos a especificidade da resposta preexistentes interagem com o patógeno/antígeno
imunológica, notamos que as células do sistema ou até mesmo com o epítopo (fragmento de
imune, ao interagirem previamente com um antígeno). Com isso, de acordo com a teoria da
determinado patógeno/antígeno, isso resultará seleção clonal, já comentada, estes linfócitos são
em uma resposta mais acentuada e mais eficaz a capazes de produzirem receptores específicos para
novas exposições a um mesmo patógeno/antígeno. estes patógenos/antígenos e consequentemente
De modo semelhante, ao analisarmos a memória

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e Imunodepressivas

conseguirem responder com mais eficácia às novas


Linfócitos
exposições, o que é denominado de resposta
imunológica secundária (figura 8). Os linfócitos são um tipo de células brancas do
sangue que fazem parte dos leucócitos, exercendo
papel fundamental na defesa do organismo contra
agentes invasores, como patógenos e corpos
estranhos. Existe em média 1 trilhão (1012) de
linfócitos no corpo humano, sendo que este número
se altera muito durante quadros patológicos.

Desta forma, alterações nos números normais


de linfócitos são utilizadas como um indicador para
doenças. Um exemplo são as imunodeficiências, que
são responsáveis pela diminuição nos números de
linfócitos no sangue, enquanto infecções ou alergias
levam a um aumento no número de linfócitos.
Figura 8 – Especificidade e memória na imunidade adquirida
representada pelas respostas imunológicas primária e secundária. Existem diversos tipos de linfócitos, e embora tais
(De Abbas; Lichtman, 2009).
células apresentem funções diferentes a sua origem
se dá na mesma célula-tronco hematopoiética na
medula óssea (figura 9).

Figura 9 – Amadurecimento dos linfócitos. (De Abbas; Lichtman, 2009).

Linfócitos maduros são encontrados por todo o corpo, no sangue e no sistema linfático, e, em grande
parte, concentrados em regiões especializadas do sistema imune como linfonodos, timo, baço e placa de
Peyer.

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Os linfócitos são classificados de acordo com os fragmentos deste antígeno sinalizando para outras
o seu tamanho e com a sua granulosidade. As células do sistema imune.
células Natural Killer (NK) são células que possuem
tamanho grande e com alta granulosidade. Estas O MHC de classe II apresentam os antígenos de
células são responsáveis pela resposta imune inata células T CD4+ (auxiliares ou helpers).
e não expressam receptores antigênicos. Outros
dois linfócitos que possuem tamanho pequeno são Entre os linfócitos T, os linfócitos T CD4+ são
denominados de linfócitos B ou células B, e linfócitos denominados de auxiliares ou helpers por auxiliarem
T ou células T. os linfócitos B na produção de anticorpos e as células
fagocitárias a “ingerirem” os microrganismos. Por
Os linfócitos B atuam na imunidade humoral. sua vez, os linfócitos T CD8+ são denominados de
Estes linfócitos possuem a capacidade de produzirem citotóxicos ou citolíticos por serem responsáveis pela
anticorpos que se inserem nas suas membranas apoptose das células que apresentam patógenos
e atuam como receptores no reconhecimento de intracelulares.
antígenos, iniciando o processo de ativação das
células. As células T exercem múltiplos papéis na imunidade
e nas doenças, dependendo do seu fenótipo após a
Já os linfócitos T atuam na imunidade celular. sua diferenciação. Diferentemente do receptor da
Estes linfócitos são capazes de reconhecer epítopos célula B (BCR, sigla em inglês), o receptor da célula
(pequenos fragmentos de antígenos) que são T (TCR, sigla em inglês) não reconhece diretamente
ligados a moléculas de apresentação especializada, partículas estranhas ou patógenos, sendo necessário
denominadas de moléculas de histocompatibilidade que haja a apresentação destes pelo MHC. Este
principal (MHC, sigla em inglês), na superfície de reconhecimento depende das células T.
células denominadas de células apresentadoras de
antígenos (APC, sigla em inglês). Em humanos, as Além disso, os receptores de antígenos das células
proteínas MHC são denominadas de antígenos B possuem a capacidade de reconhecimento de uma
leucocíticos humanos (HLA). grande variedade de macromoléculas (proteínas,
polissacarídeos, lipídios e ácidos nucleicos), bem
São conhecidas duas classes de MHC: MHC de como pequenas substâncias químicas que estejam
classe I e MHC de classe II. O MHC de classe I está inertes ou associadas à superfície celular.
presente na superfície de todas as células nucleadas
reconhecendo peptídios presentes na membrana da Já os receptores das células T só conseguem
própria célula e patógenos intracelulares como vírus. reconhecer fragmentos de antígenos proteicos e que
Neste caso, as células que apresentarem os antígenos sejam apresentados por proteínas especializadas
através deste complexo sofrerão o processo de nas células do hospedeiro, ou seja, deve haver a
apoptose, morte celular. apresentação destes pelo MHC.

O MHC de classe II é geralmente encontrado Captura e apresentação dos


na superfície das células apresentadoras de antígenos aos linfócitos
antígenos e interagem com antígenos de patógenos
Para que haja o início da resposta imunológica
extracelulares. Desta maneira, os antígenos são
adquirida é necessário que os receptores
capturados por células que apresentam MHC de classe
antigênicos dos linfócitos reconheçam os antígenos.
II e posteriormente são expostos na sua membrana
Como podemos notar, há diferenças entre este

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reconhecimento quando analisamos as ações dos Esta ativação faz com que as células dendríticas
linfócitos B e os linfócitos T. expressem receptores de superfície específicos para
citocinas quimioatrativas, as quimiocinas, resultando
O reconhecimento de antígenos pelos linfócitos B na migração das células dendríticas para os linfonodos
desencadeia a resposta imune humoral através da através dos vasos linfáticos e, posteriormente,
formação de anticorpos. Por sua vez, o reconhecimento ativando os linfócitos T, ativação que ocorre pela
de antígenos pelos linfócitios T desencadeia a apresentação dos fragmentos de antígenos pelas
resposta imune celular, assim como há a produção de moléculas de MHC. Diferentes tipos de células
citocinas pró-inflamatórias como o fator de necrose apresentadoras de antígenos desempenham funções
tumoral alfa (TNF-α) e a interleucina-1 (IL-1). distintas nas respostas imunológicas dependentes de
linfócitos T. Grande parte das respostas imunológicas
Nos epitélios, assim como nos órgãos linfoides
por células T é desencadeada pelas células dendríticas.
periféricos e em menor quantidade em outros órgãos,
Além destas células, há a ativação dos linfócitos
há a presença de células apresentadoras de antígenos
T pelos macrófagos que realizam a fagocitose dos
profissionais (APCs), células estas como as células
microrganismos, apresentando os seus antígenos
dendríticas, expressam receptores de membrana que
para as células T efetoras, que, por sua vez, sinalizam
interagem com os microrganismos, realizando a sua
para os macrófagos destruírem o microrganismo.Já
fagocitose (figura 10).
no processo de resposta imune humoral, os linfócitos
B ingerem os antígenos proteicos, que posteriormente
serão apresentados para os linfócitos T CD4+ e que
culminará no desenvolvimento da resposta imune
humoral. As células apresentadoras de antígenos
são responsáveis tanto pela ativação dos linfócitos T
CD4+, quanto T CD8+, para o desencadeamento da
resposta imune celular. Essa diferença de sinalização
ocorre de acordo com o tipo de patógeno que dá
início à resposta imunológica. Quando a resposta
imunológica celular é iniciada contra bactérias, por
exemplo, a resposta do sistema imune resulta na
ativação de linfócitos T CD4+. Em contrapartida,
a infecção de células por vírus gera a ativação de
Figura 10 – Processo de englobamento de bactérias por linfócitos T CD8+, estes são responsáveis por ativar
fagocitose em células do sistema imunológico. (De Zanuto; os mecanismos de apoptose celular, “destruindo” a
Lorenzeti; Lima; Carnevali Jr., 2009).
célula infectada. O reconhecimento dos antígenos
pelos linfócitos B ocorre de maneira mais simples que
Adicionalmente tais microrganismos estimulam
para os linfócitos T. Os linfócitos B reconhecem uma
a imunidade inata através da ligação com os
grande variedade de antígenos que inclui proteínas,
receptores Toll-like (TLRs) em células dendríticas e
polissacarídeos, lipídios, substâncias químicas de
em macrófagos residentes nos tecidos, o que por sua
pequeno tamanho. Antígenos estes que podem estar
vez resulta na liberação de citocinas pró-inflamatórias
presentes na superfície dos patógenos ou podem ser
TNF-α e IL-1. Esta série de eventos resulta na
solúveis. Este reconhecimento ocorre pela liberação
ativação das células dendríticas que até então eram
de anticorpos na corrente sanguínea e nos líquidos
consideradas “imaturas” por não serem capazes de
das mucosas que se ligam aos antígenos, levando à
ativarem os linfócitos T.
sua neutralização e eliminação.

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Respostas imunes mediadas pelas células T

As respostas imunes das células T têm como objetivo responder a infecções geradas por microrganismos
intracelulares. Duas situações distintas podem ocasionar em infecção intracelular da célula do hospedeiro
por patógenos. No primeiro caso, microrganismos que são fagocitados por APCs apresentam resistência
às atividades microbicidas dos fagócitos, com isso conseguem sobreviver e se multiplicar dentro da célula
do hospedeiro, utilizando os nutrientes desta célula. Em outra situação, patógenos virais podem se ligar a
receptores presentes na superfície da membrana das células, sendo transportados para o citoplasma destas
células, e se multiplicar, assim como o DNA viral pode se associar ao DNA da célula hospedeira produzindo
proteínas virais na célula infectada.

Para que os linfócitos T possam responder a patógenos presentes nas células do hospedeiro é
necessária a interação destes linfócitos com outras células, como, por exemplo, os fagócitos, com a célula
do hospedeiro infectada ou com os linfócitos B. E a especificidade das células T em responder apenas
aos patógenos se deve pela
apresentação dos antígenos pelas
moléculas de MHC. As respostas
das células T são mediadas
pela interação entre diferentes
receptores de membrana.

A figura 11 representa estas


interações, em que o receptor
da célula T (TCR) reconhece os
antígenos apresentados pelas
moléculas de MHC, correceptores
das células CD4 ou CD8,
reconhecem as moléculas de
MHC, moléculas de adesão atuam
reforçando a ligação dos linfócitos
T com as células apresentadoras
de antígenos e, receptores
dos coestimuladores atuam
no reconhecimento de sinais
secundários gerados pelas células
apresentadoras de antígenos.

Figura 11 – Ligantes e receptores envolvidos na ativação dos linfócitos T. (De Abbas;


Lichtman, 2009).

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A resposta imunológica desencadeada pela Foi exposto anteriormente que a resposta


ativação das células T ocorre pela produção de dois imunológica desencadeada pela ativação das células
sinais. O primeiro sinal ou sinal inicial se dá através da T ocorre pela produção de dois sinais. O primeiro
interação do receptor dos linfócitos T com o antígeno sinal é produzido pela interação do receptor dos
presente na molécula de MHC e com a interação linfócitos T com o antígeno presente na molécula
do correceptor CD4/CD8 com a molécula de MHC de MHC e com a interação do correceptor CD4/
propriamente dita. CD8 com a molécula de MHC. O segundo sinal, por
sua vez, é desencadeado pelo reconhecimento de
A diferenciação entre a ativação de linfócito T coestimuladores presentes na membrana das células
CD4+ ou linfócito T CD8+ se dá pela isoforma da apresentadoras de antígenos.
molécula de MHC que é expressa para a apresentação
do antígeno. Caso ocorra a expressão de moléculas O termo coestimulador faz alusão ao estímulo
de MHC da classe I, representa que o antígeno está produzido para os linfócitos T em conjunto com
presente colonizando as células do hospedeiro. Desta a estimulação decorrente do antígeno (primeiro
forma, os linfócitos T CD8+ irão atuar gerando a sinal). Os coestimuladores dos linfócitos T são duas
apoptose desta célula. Em contrapartida, a expressão proteínas denominadas de B7-1 (CD80) e B7-2
de moléculas de MHC da classe II representa que (CD86) que são expressas na membrana das células
patógenos extracelulares foram englobados pelas apresentadoras de antígenos. O reconhecimento
células apresentadoras de antígenos e que estas das proteínas B7 é feito pelo receptor CD28 que é
moléculas de MHC estão apresentando epítopos deste expresso na membrana dos linfócitos T.
antígeno, para que os linfócitos T CD4+ possam agir
como moléculas auxiliares na produção de citocinas Sem a interação das proteínas CD28-B7 a resposta
e no desencadeamento da resposta imunológica imunológica mediada pelos linfócitos T é ineficaz,
adquirida. desencadeando uma condição denominada de
anergia, ou falta de reação, é a inativação funcional
Moléculas de adesão que estão presentes nas dos linfócitos T, desencadeada pela ausência do
membranas dos linfócitos T atuam no reconhecimento segundo sinal (coestimulação), mesmo que haja o
de ligantes presentes na membrana das células reconhecimento do antígeno (primeiro sinal).
apresentadoras de antígenos e, consequentemente,
na estabilização dos linfócitos T com as APCs. Isso A anergia é tida também como um mecanismo
garante que o limiar de sinalização seja alcançado de controle dos linfócitos T para a apresentação
para o desenvolvimento da resposta imunológica de antígenos próprios pelas moléculas da MHC.
adquirida. As moléculas de adesão são proteínas Isso ocorre pela expressão de moléculas de CTLA-4
heterodiméricas (que apresentam duas cadeias) (CD152) ao invez de CD38, desta forma a interação
denominadas de integrinas. A principal integrina dos entre CTLA-4 / B7 gera a inibição do linfócito T para
linfócitos T responsável pela ligação dos linfócitos que não haja uma resposta autoimune.
T com células apresentadoras de antígenos é
denominada de antígeno-1 associado à função Além da ligação CD28-B7, outra forma de
dos leucócitos (LFA-1). Por sua vez, o seu coestimulação ocorre pela interação do ligante CD40
ligante na membrana das células apresentadoras de (CD40L) expresso na membrana dos linfócitos T,
antígenos é denominado de molécula de adesão com a molécula de CD40 expressa na membrana das
intercelular-1 (ICAM-1). células apresentadoras de antígenos. Tal interação é
responsável por aumentar a expressão de proteínas
B7 nas células apresentadoras de antígenos e

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secretarem citocinas como a interleucina-12 (IL-12), morte dos linfócitos T CD4+, mas não dos linfócitos T
atuando na diferenciação dos linfócitos T. CD8+, tornando a ação destes ineficiente.

Para que haja a ativação dos linfócitos T CD8+ Respostas imunes mediadas pelas células B
são necessários o reconhecimento dos antígenos
associados ao MHC de classe I, além da coestimulação As células B ou linfócitos B são responsáveis pela
e/ou a interação dos linfócitos T CD4+. Esse conjunto resposta imunológica humoral, ou seja, responde a
de eventos é responsável pelo desencadeamento microrganismos e toxinas extracelulares, resposta
da apoptose da célula infectada do hospedeiro por esta que é mediada por anticorpos produzidos por
células apresentadoras de antígenos, sobretudo por estes linfócitos.
células dendríticas.
O mecanismo de resposta imune mediada
Isso pode ocasionar a apresentação cruzada do pelos linfócitos B se inicia através da expressão
antígeno pelas células apresentadoras de antígenos, de duas classes de anticorpos denominadas de
desta forma, uma mesma APC pode apresentar o imunoglobulinas (Ig) que se inserem na membrana
antígeno através de moléculas de MHC de classe I e dos linfócitos B virgens. Estes anticorpos são a IgM e
MHC de classe II resultando na ativação concomitante a IgD, e atuam como receptores para os antígenos.
de linfócitos T CD4+ e linfócitos T CD8+.
Após a ativação dos linfócitos B, pela ligação dos
A ativação dos linfócitos T CD4+ expressam antígenos às imunoglobulinas IgM e IgD, presentes
citocinas e proteínas de membrana que auxiliam na membrana destes linfócitos, ocorre o processo
na ativação dos linfócitos T CD8+. Desta forma as de expansão clonal, resultando na proliferação
respostas imunológicas mediadas pelos linfócitos T de linfócitos específicos para antígenos e na
CD8+ são dependentes dos linfócitos T CD4+. Esse diferenciação destas células em células efetoras
fator se correlaciona quando analisamos os efeitos do que atuam na secreção ativa de anticorpos contra
vírus da imunodeficiência humana (HIV), que atua na antígenos (figura 12)

Figura 12 – Fases das respostas imunes mediadas pelas células B. (De Abbas; Lichtman, 2009).

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A produção de anticorpos ocorre após a Por outro lado, antígenos não proteicos estimulam
estimulação dos linfócitos B pelos antígenos nos a produção de anticorpos pelos linfócitos B sem
órgãos linfoides periféricos, linfonodos, baço e tecido que haja a necessidade da ativação dos linfócitos
linfoide associado à mucosa. Após serem produzidos T. A resposta imunológica mediada pelos anticorpos
os anticorpos são direcionados para a corrente desencadeia um processo chamado de opsonização
sanguínea, atuando em qualquer região do corpo e fagocitose. A opsonização é caracterizada pela
que haja uma infecção e nas regiões das mucosas, ligação de anticorpos IgG1 e IgG3 no microrganismo,
prevenindo a infecção por microrganismos. formando-se uma região Fc, região esta que possui
afinidade com receptores FcγR1 (CD64) presentes
Os mecanismos de ação dos anticorpos nas membranas dos neutrófilos e macrófagos. Em
secretados pelos linfócitos B são classificados como resposta a esta ligação, ocorre a fagocitose do
dependentes dos linfócitos T ou independentes microrganismo opsonizado formando uma vesícula
dos linfócitos T, representando ou não a necessidade denominada de fagossoma, que se funde com os
da sinalização dos linfócitos T CD4+. lisossomos para a destruição do microrganismo.

Os linfócitos B respondem a uma grande variedade A ativação dos neutrófilos e macrófagos produzem
de antígenos que incluem proteínas, polissacarídeos, grandes quantidades de espécies reativas de
lipídios e outras substâncias químicas. Antígenos oxigênio, óxido nítrico e enzimas proteolíticas em
proteicos são apresentados pelas APC através das seus lisossomos que são responsáveis pela destruição
moléculas de MHC. Esta apresentação ativa os dos microrganismos ingeridos por fagocitose.
linfócitos T CD4+ que são responsáveis por ativarem
os linfócitos B. A opsonização e fagocitose são os principais
mecanismos de defesa contra bactérias encapsuladas,
Se não houver a ativação dos linfócitos T CD4+ como por exemplo, os pneumococos (Streptococcus
para os antígenos proteicos, a produção de anticorpos pneumoniae) que é uma bactéria gram-positiva,
pelos linfócitos B pode se tornar inexistente. Esse que pertence ao gênero Streptococcus (formato de
mecanismo de ativação da resposta imunológica cocos), sendo a principal causa de pneumonia e
pelos linfócitos B é caracterizado como dependente meningite em adultos.
dos linfócitos T.

Entretanto, existem microrganismos que são demasiadamente grandes para serem fagocitados como os
helmintos, neste caso anticorpos IgE são responsáveis pela opsonização dos helmintos ativando receptores
FcεRI presentes em eosinófilos, liberando os seus grânulos que contêm proteínas tóxicas para os helmintos.

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A figura 13 ilustra os diferentes processos de opsonização e eliminação de microrganismos.

Figura 13 – Opsonização e eliminação de microrganismos. A) Opsonização do microrganismo por anticorpo IgG, ligação destes com
os macrófagos que faram a sua fagocitose e destruição através da produção de espécies reativas de oxigênio, óxido nítrico e enzimas
proteolíticas; B) Opsonização do microrganismo (helminto) por anticorpo IgE, ligação e ativação de eosinófilos que faram a liberação
de grânulos contendo proteínas toxicas para os helmintos e consequentemente a sua eliminação (De Abbas; Lichtman, 2009).

Respostas inflamatórias É interessante notar que o exercício físico,


dependendo da intensidade, duração e tipo, é
A inflamação ocorre como uma resposta do responsável por gerar microlesões nas fibras
sistema imunológico celular ou humoral após algum musculares, com isso são desencadeados processos
tipo de lesão, em que o organismo tenta restaurar a inflamatórios para a recuperação destas fibras, para
homeostasia. que ocorra a adaptação ao treinamento.

Na resposta inflamatória aguda ocorre uma série Por sua vez, a resposta inflamatória crônica ocorre
de eventos que envolvem a liberação de substâncias de acordo com a natureza das células inflamatórias
como água, íons e proteínas dos compartimentos que aparecem nos tecidos, podendo ocorrer em
vasculares, ativação de células endoteliais, interação situações em que a resposta inflamatória aguda se
entre leucócitos e o endotélio vascular, ativação torna excessiva ou prolongada, gerando danos aos
de macrófagos teciduais, ativação de proteínas do tecidos e órgãos.
sistema do complemento, liberação de proteases
e radicais livres pelos fagócitos, eventos estes Inflamação aguda
que auxiliam na resposta à lesão. Essa lesão pode
ser decorrente de traumas físicos ou químicos, As respostas inflamatórias agudas são definidas
organismos infecciosos ou outros fatores que gerem como uma série de eventos dos tecidos que
danos nos tecidos. podem ocorrer dentro das primeiras horas após
a lesão. Normalmente em processos infecciosos

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que desencadeia a inflamação ocorrem dentro das


Inflamação crônica
primeiras horas ou dias e, em seguida há a diminuição
da inflamação, a menos que o agente infeccioso A inflamação crônica é definida morfologicamente
não seja eliminado facilmente como, por exemplo, pela presença de linfócitos, macrófagos e células do
pneumonia bacteriana, meningite bacterianas plasma nos tecidos. Em muitos casos, a resposta
ocasionadas por pneumococos que não podem ser inflamatória crônica pode persistir por longos
eliminados por fagocitose. períodos (meses ou anos). Apresentando a atividade
persistente do sistema imune inato e adaptativo,
Quando ocorre a lesão tecidual, a resposta
patologias como artrite reumatoide ou granulomatose
inflamatória busca a regeneração da área lesada,
de Wegener (doença autoimune que gera vasculite,
através da substituição das células danificadas ou
que é inflamação dos vasos sanguíneos, e que afeta
destruídas. Durante este processo, a inflamação pode
os rins e pulmões) são exemplos de inflamação
acionar mecanismos de apoptose celular.
crônica.

Exemplos deste mecanismo ocorrem quando há


Na inflamação crônica, macrófagos nas áreas
lesões hepáticas agudas por substâncias químicas
de lesão atuam na produção de citocinas pró-
ou virais, em que o processo inflamatório regenera
inflamatórias que ativam fibroblastos para a formação
as células hepáticas. Ou quando ocorre isquemia nos
de colágeno, além de ativarem outros macrófagos e
cardiomiócitos, resultando em inflamação aguda e
linfócitos aumentando o processo inflamatório.
acúmulo de leucócitos polimorfonucleados, resultando
na formação de tecido fibroso na área da lesão. A inflamação crônica é iniciada por respostas
vasculares que envolvem o aparecimento de moléculas
Entretanto, a capacidade regenerativa do
de adesão na parede dos vasos (VCAM-1), gerando
miocárdio é limitada e se a formação de tecido
a adesão de linfócitos e de células mononucleares
fibroso não for suficiente, o resultado clínico pode
(monócitos), resultando na migração para o espaço
ser fatal, devido à ruptura cardíaca e ao enchimento
extracelular. No espaço extracelular, os monócitos
da cavidade pericárdica com sangue.
irão se diferenciar formando macrófagos.

As ações concêntricas e excêntricas envolvidas


Os linfócitos e os macrófagos nos espaços
na realização de diferentes exercícios físicos,
extracelulares são responsáveis pela secreção
principalmente durante o trabalho de força, promovem
de fatores com TGF-β que atuam na ativação dos
a ruptura dos sarcômero e eventualmente danos na
fibroblastos responsáveis pela produção de colágeno,
membrana celular, com isso há a mobilização dos
resultando na reparação do dano tecidual. Além
neutrófilos e macrófagos, promovendo a secreção de
disso, os linfócitos e os macrófagos são responsáveis
citocina IL-6 e do fator de crescimento transformador
por intensificarem a inflamação.
beta (TGF-β). Estes são expressos no músculo
esquelético em resposta ao dano celular estimulando Células do plasma presentes no espaço
a proliferação de células satélites e sua diferenciação. extracelular são responsáveis pela liberação de
diversos anticorpos Ig.
As células satélites exercem importante papel
na regeneração da fibra muscular e na hipertrofia Um importante fator desencadeador da inflamação
muscular, sendo importantes para o desenvolvimento crônica é a obesidade. Indivíduos obesos apresentam
da adaptação ao treinamento. maior atividade do fenótipo M1 dos macrófagos. Este é
responsável por gerar os efeitos clássicos da ativação

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do macrófago, ou seja, maior perfil pró-inflamatório, • Fator de crescimento transformador


enquanto indivíduos eutróficos apresentam fenótipo beta (TGF-β, sigla em inglês).
M2, que desencadeia respostas alternativas dos
macrófagos, apresentando perfil anti-inflamatório. Por sua vez quando a inflamação é resultante
de um microrganismo patogênico, fagócitos
A expressão do fenótipo M2 cursa com maior presentes no tecido são estimulados por receptores
expressão de citocinas anti-inflamatórias como IL-4, de reconhecimento de padrão, como por exemplo,
IL-13 e IL-10, enquanto a expressão do fenótipo M1 os receptores Toll-like, ativando uma cascata de
resulta na maior expressão de quimiocinas, citocinas sinalização intracelular, culminando na ativação de
como TNF-α, IL-6 e IL-1β que são pró-inflamatórias e NF-κB, e que resulta na transcrição de uma série de
na maior produção de óxido nítrico, responsável por genes pró-inflamatórios.
gerar danos nas células.
Contudo, não apenas a resposta imunológica
Desencadeamento do processo inata através da interação de um patógeno com

inflamatório os receptores Toll-like pode desencadear respostas


inflamatórias. Bactérias podem ser reconhecidas e
Se a inflamação for decorrente de um dano opsonizadas por imunoglobulinas, desencadeando
que ocorreu em tecido por um trauma direto, processos inflamatórios. Substâncias alergênicas,
consequentemente haverá dano na microcirculação por exemplo, podem se ligar com IgE, iniciando a
local e extravasamento de leucócitos através das degranulação de mastócitos, liberando histamina (um
paredes vasculares, bem como de plasma e de potente mediador solúvel de processos inflamatórios),
proteínas para o tecido. dando início a um processo inflamatório agudo.

Por este motivo, o evento inicial causado por um Com o desencadeamento do processo inflamatório
dano tecidual é a coagulação do sangue no local do inicial, há a migração de diferentes tipos de células
dano vascular, momento este em que há a liberação para o local, células estas como: células endoteliais,
de fibrinogênio, fibronectina e trombospondina pelas células dendríticas e fibroblastos intersticiais que
plaquetas, que permite a agregação homotípica, bem liberam eicosanoides e citocinas pró-inflamatórias,
como a aderência ao colágeno. resultando na amplificação da resposta inflamatória
e na migração leucocitária.
Tais mecanismos atuam não apenas na formação
de uma espécie de “tampão” temporário, mas também Há neste momento a formação de espécies
dá início a uma cascata de sinalização que resulta reativas de oxigênio e de diversas proteases que
no desencadeamento de processos inflamatórios atuam na destruição de possíveis agentes infecciosos
através da liberação de aminas vasoativas, proteases e de células danificadas no local da inflamação. Em
lisossômicas e da formação de eicosanoides. condições normais o desencadeamento de processos
inflamatórios se desenvolve de forma coordenada a
Plaquetas direcionadas para a região atuam no fim de promover a reparação tecidual. Entretanto, o
processo de cicatrização pela liberação de fatores de dano aos tecidos normais pode ocorrer de maneira
crescimento como: indesejada durante este período.

• Fator de crescimento derivado das


plaquetas (PDGF, sigla em inglês); e

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Citocinas inflamatórias liberação de histamina pelos monócitos, pela ativação


leucocitária (quimiotaxia, adesão e degranulação).
As citocinas presentes durante processos
No lúpus eritematoso sistêmico, há a ativação
inflamatórios são em grande parte derivadas dos
exacerbada das proteínas do complemento, a ativação
macrófagos e fibroblastos. Diversas de citocinas
subsequente de neutrófilos e de células endoteliais,
estão presentes durante processos inflamatórios,
com predisposição a vasculopatia leuco-oclusiva. A
mas a IL-1 e o TNF-α podem ser considerados de
ativação sistêmica das proteínas do complemento
maior importância, por apresentarem atividade
e das células endoteliais pode promover danos
pleiotrópicas e por serem responsáveis por
microvasculares, e pode desencadear doenças
aumentarem a expressão de moléculas de adesão
renais (glomerulonefrite), intestinal (enterite), nos
nas células endoteliais.
pulmões (hipoxemia aguda secundária ao sequestro
A IL-1 e o TNF-α atuam aumentando a expressão leucocitário) e cerebral (microinfarto com inflamação).
de enzimas que degradam a matriz extracelular,
como as colagenases e as estromelisinas, além de Eicosanoides
serem capazes de estimular a síntese de mediadores
inflamatórios como as prostaglandinas E2 (PGE2) Durante os processos inflamatórios, além da
pelos fibroblastos. liberação de citocinas e da ativação de proteínas do
complemento, há a liberação de eicosanoides, que
Entretanto, a IL-1 e o TNF-α representam são moléculas derivadas dos lipídios presentes na
somente uma pequena parcela da resposta aguda membrana celular.
das citocinas. A IL-6 induz reações inflamatórias de
fase aguda. A ação destes mediadores inflamatórios ocorre de
maneira local, por apresentarem meia-vida curta, que
O fator estimulador de colônia granulócito- varia de segundos a minutos, sendo sucessivamente
macrófago (GM-CSF) que pode ampliar as respostas produzidos durante a liberação de ácido araquidônico.
específicas para antígenos, além de aumentar a
formação de células mieloides pela medula óssea. Durante a síntese dos eicosanoides, a enzima
fosfolipase citosólica A2 (cPLA2) é considerada enzima-
As quimiocinas (citocinas quimiotaticas) atuam no chave na formação destes mediadores inflamatórios,
recrutamento de células específicas para o local da podendo posteriormente ter interação com as
inflamação, além de, através da ativação de proteína cicloxigenases para a síntese de prostaglandinas, ou
G, poderem ativar as funções efetoras dos neutrófilos. com a 5-lipoxigenase para a síntese de leucotrienos.

Sistema do complemento A formação de prostaglandinas é mediada pela


cicloxigenase (COX-2), atuando em neurônios
O sistema do complemento é constituído por duas sensitivos periféricos e em regiões centrais da
vias que unem a imunidade inata e a imunidade medula e do cérebro, evocando a sensação de dor e
adquirida. Processo este que pode envolver a ativação a hiperalgia.
de IgG e IgM, como proteínas do complemento.
A síntese de prostaglandinas está aumentada na
De maneira geral as proteínas do complemento C3 maioria dos processos inflamatórios agudos, como
participam da regulação da expressão da IL-1β e do por exemplo na artrite e em doenças inflamatórias
TNF-α. Proteínas C5a são responsáveis por induzir a do intestino.

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Anatomia e Fisiologia da Resposta Imunilógica / Interações Neuroimunoendócrinas , e Doenças Inflamatórias
e Imunodepressivas

A PGE2 medeia a resposta à febre central, age de organismo responder a doenças de maneira aguda,
maneira sinérgica com a bradicinina e a histamina e aumenta a chance de desenvolvimento de doenças
para aumentar a permeabilidade vascular e o edema. relacionadas com a obesidade, tais como cardiopatias
Os níveis de PG, que normalmente se mantêm baixos e diabetes mellitus.
em condições normais, elevam-se rapidamente
durante processos inflamatórios agudos, sendo Embora as intervenções farmacológicas sejam
potencializados com a migração leucocitária e eficazes na supressão da inflamação e no controle
decorrente do aumento de citocinas pró-inflamatórias. dos sintomas, não corrigem problemas metabólicos
desencadeados pelas doenças inflamatórias.
Outro mediador inflamatório formado são os
leucotrienos, sua importância depende do órgão-alvo Neste sentido o exercício físico tem sido proposto
de uma resposta inflamatória. como uma importante ferramenta não farmacológica
para evitar a perda de massa muscular, aumentar a
Isso se torna claro quando utilizados antagonistas utilização de gordura diminuindo os estoques lipídicos
para leucotrienos se mostra eficaz na asma, mas isso do organismo, e consequentemente favorecendo o
não ocorre na artrite reumatoide. metabolismo energético.

A síntese de leucotrienos ocorre primariamente Em doenças nas quais há o desencadeamento


por células do sistema imunológico como neutrófilos, exacerbado de processos inflamatórios, como na
macrófagos e mastócitos. Leucotrienos (LTC4, LTD4 e esclerose sistêmica e no lúpus eritematoso sistêmico,
LTE4) atuam na reação lenta da anafilaxia, causando poucos estudos clínicos analisam os efeitos sobre o
contrações vagarosas dos músculos lisos, facilitam metabolismo, a composição corporal e suas funções.
a transdução de plasma das vênulas pós-capilares
e estimulam as moléculas de adesão celulares e a O sistema imunológico nestas doenças gera, em
broncoconstrição. paralelo, dano articular que muitas vezes é ignorado
por ser clinicamente “silencioso”, sem dores e sem
Histamina sintomas, e mesmo com tratamentos adequados,
muitos pacientes desenvolvem fraqueza muscular
Entre as principais características do e disfunção articular e consequente perda da
desenvolvimento de processos inflamatórios alérgicos independência.
está a ativação de mastócitos com consequente
liberação de histamina, uma amina vasoativa Tem sido amplamente proposto que o exercício
produzida por basófilos e mastócitos que atua no físico possa atuar de maneira benéfica sobre tais
aumento exacerbado da exsudação capilar, bem parâmetros, melhorando a função articular, bem
como acentua o rolamento leucocitário e sua adesão, como a qualidade de vida destes pacientes.
além de induzir fendas na cobertura de células
endoteliais, aumentando a capacidade de promover Em pacientes com artrite inflamatória há uma
o extravasamento de leucócitos. grande perda de massa muscular. Até meados dos
anos 1970, a recomendação geral era de repouso para

Exercício e doenças inflamatórias pacientes que possuíam esta doença. Entretanto, de


lá para cá muitos estudos têm sido feitos, a exemplo
A inflamação crônica afeta a composição corporal dos estudos clássicos conduzidos por Kendall (1958)
e o metabolismo energético, acarretando proteólise e por Bland e Lipson (1964), que mostram que o
e lipogênese, bem como reduz a capacidade do exercício físico pode ser utilizado com segurança

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e Imunodepressivas

para fornecer sinais anabólicos necessários para o Uma característica da IL-6 é o fato de poder ser
músculo esquelético, e que o treinamento de força secretada por diferentes células, tanto em condições
pode melhorar a função muscular. inflamatórias quando em condições não inflamatórias.

Além disso, trabalhos de Minor et al. (1989) A IL-6 é secretada por:


mostram melhora da capacidade aeróbia destes
• Células endoteliais;
pacientes após a execução de exercícios aeróbios,
• Fibroblastos;
sem exacerbação dos sintomas articulares.
• Queratinócitos;
Desta forma o exercício físico, se feito com cuidados, • Osteoblastos;
pode ser utilizado como um importante aliado na • Miócitos;
diminuição do catabolismo muscular, na melhora
• Adipócitos;
da capacidade aeróbia e, consequentemente, na
• Células β-pancreáticas;
melhora das funções metabólicas destes pacientes.
• Células tumorais; e
Interleucina-6 (IL-6) • Células do sistema imunológico

A interleucina-6 (IL-6) exerce papel central Entre as suas ações estão:


na regulação da inflamação, hematopoiese e nas • Aumento da regulação de proteínas
respostas imunológicas. Diversos estudos têm de fase aguda hepáticas;
mostrado o papel essencial da IL-6 em processos
• Aumento e diferenciação de Linfócitos B;
metabólicos, sendo a IL-6 considerada uma citocina
• Ativação dos Linfócitos T;
pleitrópica.
• Estimulação da hematopoese;
Esta importante citocina pode ser secretada tanto • Diferenciação dos macrófagos
pelo tecido adiposo, quanto pelo músculo esquelético, e das células dendríticas;
sendo neste caso denominada de miocina. Em • Recrutamento de leucócitos;
ambos os casos a IL-6 exerce uma ampla ação
• Atua com efeitos tanto anti-inflamatórios,
sobre diversos tecidos corporais, como os próprios
quando pró-inflamatórios
músculos esqueléticos e os adipócitos, bem como
sobre o tecido cerebral e hepático. A este último ponto, se deve pela possibilidade
de secreção da IL-6 tanto pelas células do músculo
Quando secretada pelos adipócitos a IL-6 apresenta esquelético, quanto pelas células do tecido adiposo.
um pronunciado perfil pró-inflamatório. Por sua vez,
quando secretada pelo músculo esquelético, a IL-6 A IL-6 como uma adipocina
apresenta um importante perfil anti-inflamatório.
A IL-6 é constituída por uma única cadeia de 185 O tecido adiposo contribui com cerca de 10 a 35%
aminoácidos que forma um feixe de quatro α-hélices. da IL-6 presente no plasma. Estímulos inflamatórios
A principal sinalização desencadeada pela ativação são responsáveis por aumentar a expressão de TNF-α
da IL-6 com o seu receptor se dá através da ativação e a própria IL-6.
da via JAK / STAT (Janus cinase / transdutor de sinal
A obesidade é caracterizada por um grande
e transdutor de transcrição) e da proteína MAPK
aumento nos depósitos de tecido adiposo. Isso se
(proteína cinase ativada por mitogeno).
correlaciona com a elevação nos níveis de IL-6 e
outros marcadores pró-inflamatórios como o TNF-α

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e a IL-1, juntamente com a infiltração de macrófagos mais elevada também em indivíduos sedentários ou
no tecido adiposo. Desta forma, a obesidade é inativos do que em indivíduos treinados.
considerada um quadro inflamatório crônico.
A região promotora do gene da IL-6 contém sítios
Soma-se a este fator a resistência a ação da de ligação para o fator nuclear kappa B (NF-κB) e para
insulina decorrente de tal processo inflamatório, proteínas de choque térmico (HSP) que contribuem
e que pode levar ao desenvolvimento de diversas para a transcrição do gene da IL-6. O NF-κB é um
doenças, como diabetes mellitus do tipo 2. fator de transcrição redox que pode ser ativado por
espécies reativas de oxigênio e pelas concentrações
A IL-6 como uma miocina de cálcio intracelular.

Durante a realização de exercício físico, há um Já em relação às HSPs, estas são influenciadas


elevado aumento nas concentrações plasmáticas de por baixa disponibilidade de glicose, baixo
IL-6, fato este que é dependente da intensidade, conteúdo de glicogênio, catecolaminas (adrenalina
duração e do número de unidades motoras recrutadas e noradrenalina), aumento nas concentrações
durante o exercício físico. Em exercícios físicos intracelulares de cálcio, hipertermia e isquemia e
intensos, as concentrações plasmáticas de IL-6 podem reperfusão, mostrando novamente a correlação entre
aumentar cerca de 100 vezes. Exercícios realizados exercícios de alta intensidade e a secreção de IL-6.
de maneira excêntrica podem resultar em um menor
pico e uma diminuição mais lenta das concentrações Ações centrais da IL-6
plasmáticas de IL-6 pós-exercício físico.
Um importante aspecto que deve ser considerado
Embora tenha sido mostrado que o recrutamento a respeito das funções metabólicas da IL-6 é através
de maiores unidades motoras possa influenciar na de suas ações sobre o sistema nervoso central
concentração de IL-6 plasmática, cerca de 50% da regulando o gasto de energia, e o consumo alimentar.
variação da concentração plasmática desta citocina
é decorrente do tempo de duração do exercício A IL-6 está ligada à diminuição da atividade da
físico, sendo que este aumento se torna mais AMPK e da acetil-CoA carboxilase (ACC), ativando
pronunciado se a intensidade do exercício físico a via da PI3-K e Akt com subsequente ativação da
também for elevada. mTOR, aumentando a fosforilação das proteínas
p70S6K e 4EBP1, sendo responsável pelo controle da
Adicionalmente a isto é bem estabelecido que o ingestão de nutrientes no hipotálamo.
exercício físico é capaz de aumentar a expressão
de receptores de IL-6 no músculo esquelético, IL-6 e insulina
aumento este que perdura por várias horas
após o término do exercício físico, o que sugere A interferência da IL-6 no metabolismo
um mecanismo de sensibilidade pós-exercício a dependente de insulina tem sido abordada por
IL-6 durante o período em que as concentrações vários pesquisadores ao longo dos últimos anos e foi
plasmáticas de IL-6 estão em declínio. recentemente discutida em trabalhos realizados por
Mooney (2007) e Pedersen et al. (2007), em que se
Durante a adaptação ao treinamento, os níveis discute que a IL-6 exerce efeitos adversos sobre a
plasmáticos basais de IL-6 tendem a declinar, ação da insulina no fígado e no tecido adiposo.
mostrando assim que esta citocina se apresenta

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A IL-6 reduz a síntese de glicogênio hepático de Devido à proximidade das células epiteliais com o
maneira insulino-dependente, e reduz a absorção meio externo e a sua exposição a antígenos o sistema
de glicose em adipócitos pela ativação da proteína imunológico das mucosas é regulado para responder
SOCS-3 (supressor de sinalização de citocinas-3) a exposição a tais antígenos. As células caliciformes
e pela diminuição da regulação da transcrição do presentes nos epitélios são responsáveis pela síntese
substrato do receptor de insulina 1 (IRS-1) e pelo de uma proteína denominada de mucina 2 (MUC2),
transportador de glicose (GLUT-4). que se dissolve em água formando o muco presente
nos epitélios. O muco além de atuar como uma
Entretanto, mais estudos são necessários para barreira física e biológica é responsável por manter
maiores e melhores explicações a cerca destas ações. concentrações adequadas de antígenos.

Sistema imunológico das Além das células epiteliais atuarem como uma
mucosas barreira física, em órgãos como os pulmões, intestino
e trato gênito urinário, eles exercem papel ativo
A fonte mais importante de estimulação do sistema na imunidade inata e adaptativa pela presença de
imunológico é o ambiente externo que compreende células com macrófagos, células dendriticas, células
a microbiota das mucosas, microrganismos polimorfonucleadas e linfócitos, além da microbiota
potencialmente patogênicos, antígenos presentes presente no lúmem.
nos alimentos e alérgenos. Todos estes estão
largamente presentes nas membranas das mucosas. As células epiteliais são responsáveis por secretar
Esta enorme variedade de microrganismos resulta uma série de citocinas pró-inflamatórias como: IL-
em uma distribuição estratégica de células envolvidas 1α, IL-1β, IL-15, TNF-α e IL-6, além de citocinas
na captação, processamento e apresentação de anti-inflamatórias como TGF-β e IL-10, sendo que
antígenos, na produção de anticorpos, na secreção a secreção destes depende da interação das células
de citocinas e nas células mediadoras da imunidade. epiteliais com patógenos ou produtos tóxicos.

Desta maneira o sistema imunológico das A síntese destas citocinas pelas células epiteliais
mucosas atua como uma primeira linha de defesa apresenta uma importante correlação entre os
do organismo. Isso se observa, por exemplo, em processos inflamatórios decorrentes nesta região e
relação ao trato intestinal, que apresenta maiores a regulação da ativação e da expansão de linfócitos
quantidades de macrófagos e células T do que T, na regulação local dos linfócitos B e na produção
em qualquer outro tecido. Consequentemente, de anticorpos e na regulação funcional da barreira
mecanismos da imunidade inata e adaptativa estão per se.
presentes no sistema imunológico das mucosas,
atuando com grande importância contra infecções Outro aspecto funcional da barreira epitelial é
geradas por microrganismos presentes no ambiente. representado pela interação entre o epitélio e os
componentes adaptativos dos tecidos linfoides
Sistema imunológico inato das associados as mucosas (MALT), com a habilidade

mucosas de transportar macromoléculas especialmente


imunoglobulinas.
O epitélio associado aos tecidos linfoides das
As funções da barreira do epitélio associadas à
mucosas (MALT, sigla em inglês) dos pulmões,
imunidade inata são, pelo menos em parte, mediadas
intestino e do trato gênito urinário apresentam claras
pela interação com a microbiota presente no lúmen.
respostas da imunidade inata e adaptativa.

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Isto se torna claro pela presença de receptores de competentes presentes nas mucosas a fim de gerar
reconhecimento de padrão que estão presentes uma resposta imunológica eficiente.
nestas regiões e que interagem com produtos desta
microbiota. O tecido linfoide associado ao intestino (GALT,
sigla em inglês) consiste em vários em vários sítios
Os principais receptores de reconhecimento de incluindo as placas de Peyers, placas colônicas, o
padrão e que atuam através do desencadeamento apêndice e os folículos linfoides isolados.
da imunidade inata nestas regiões são os receptores
Toll-like (TLR). No trato respiratório, os principais tecidos
presentes na resposta a antígenos são as tonsilas
Células epiteliais do trato respiratório, genital palatinas e as adenoides, que juntas formam uma
e gastrointestinal expressam diferentes tipos de barreira física do tecido linfoide denominada de anéis
receptores Toll-like que se associam com patógenos de Waldeyers, bem como tecido linfoide associado à
de acordo com o tipo de sinal gerado, como, por nasofaringe (NALT, sigla em inglês).
exemplo:
Através da interação com células apresentadoras
• TLR2, peptideoglicano das
de antígenos presentes nos tecidos linfoides
bactérias gram-positivas;
associados às mucosas, as células T e B reconhecem
• TLR3, dupla fita de um RNA viral; os antígenos, gerando respostas imunológicas mais
• TLR4, lipopolissacarídeo (LPS) de eficientes.
bactérias gram-negativas;
• TLR5, flagelinas das bactérias;
Imunodeficiência
• TLR6, modificações CpG de DNA Imunodeficiência primária
Essas moléculas são inicialmente classificadas A imunodeficiência primária é resultado de
como: patógenos associados com padrão molecular defeitos intrínsecos nas células do sistema imune,
(PAMP, sigla em inglês). A ativação dos TLR desencadeando ausência ou falha da função
desencadeia a sinalização de uma cascata inflamatória normal de um ou mais elementos do sistema
em resposta ao microrganismo. imunológico, sendo determinado em grande parte
por alterações genéticas.
Sistema imunológico
adquirido das mucosas Doenças específicas do sistema imunológico
deficiente envolvem anormalidades do linfócito
Além da presença de células do sistema imune T ou linfócito B. Por outro lado, doenças não
inato, o sistema imunológico das mucosas é específicas do sistema imunológico deficiente
constituído também por mecanismos bem controlados envolvem anormalidades de elementos como
da imunidade adquirida. sistema do complemento ou fagócitos. Doenças do
sistema imunológico deficiente causam aumento da
A evolução do tecido linfoide presente no trato suscetibilidade à infecção. As infecções presentes em
respiratório e gastrointestinal ocorreu de forma a pacientes com imunodeficiência são classificadas, de
facilitar a captação, processamento e apresentação um modo geral, em duas categorias:
de antígenos para células imunologicamente 1. Pacientes com defeitos nas imunoglobulinas,
proteínas do complemento ou fagócitos são

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mais suscetíveis a infecções por bactérias 2. O HIV-1 apresenta diversos subtipos


encapsuladas, como a Haemophilus que são designados da letra A até K,
influenzae (bactéria causadora de meningite estando presente em diferentes regiões
e septicemias), Streptococcus pneumoniae do mundo. Cerca de 90% das pessoas
(bactéria causadora de pneumonia e infectadas com HIV-1 vivem em países
meningite) e Staphylococcus aureus em desenvolvimento, sendo que 80% das
(causadora de gastroenterite quando infecções ocorrem através da relação sexual.
presente em alimentos contaminados,
foliculite, endocardite, osteomielite e O primeiro caso descrito de AIDS (síndrome da
pneumonia). Estas são chamadas de imunodeficiência adquirida) foi em 1981, desde
infecções piogênicas pela produção de pus. então mais de 25 milhões de pessoas já morreram
após o contágio. A Organização Mundial da Saúde
2. Pacientes com defeitos nas respostas
(OMS) estima que aproximadamente 40 milhões de
dos linfócitos T são suscetíveis a
pessoas em todo o mundo vivem infectadas com
microrganismos oportunistas que podem
o HIV, sendo que a cada ano ocorrem cerca de 5
se desenvolver de forma letal. Pessoas
milhões de novos casos de infecção e cerca de 3
normais poderiam rapidamente desenvolver
milhões de indivíduos morrem.
resistência a estes microrganismos.

O retrovírus do HIV infecta células do sistema


Indivíduos com defeitos nas funções dos linfócitos
imunológico, principalmente os linfócitos T CD4+,
B sofrem de infecções piogênicas recorrentes, como
gerando a destruição progressiva destas células.
pneumonia, otite média e sinusite. Já indivíduos com
Com isso, ocorrem deficiências nas sinalizações e nas
defeitos nas funções dos linfócitos T são suscetíveis
respostas imunológicas, facilitando a infecção por
a infecções oportunistas.
microrganismos oportunistas.
Doenças causadas por imunodeficiência são
caracterizadas por uma excessiva suscetibilidade a
Interaçõesneuroimunoendócrinas
infecções. Contraditoriamente, muitas síndromes
Em condições de estresse são ativados diversos
de imunodeficiência são caracterizadas por doenças
fatores que são responsáveis pela manutenção
autoimunes, que podem ter ou não a excessiva
da homeostase e que envolvem vias neurais,
formação de anticorpos imunoglobulina E (IgE).
imunológicas e endócrinas. A presença de receptores
hormonais, e o contato anatômico entre os sistemas
Imunodeficiência secundária linfático e nervoso revelam a existência de vias de
comunicação entre os sistemas imunológico, nervoso
A síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV)
e endócrino.
é a principal causa de imunodeficiência secundária
do mundo. O HIV é um retrovírus transmitido por
As relações fisiológicas entre as interações
relação sexual, contato com sangue contaminado
neuroimunoendócrinas têm sido amplamente
(através de transfusão sanguínea ou por feridas
estudas, sendo amplamente comprovado que em
expostas) e durante o nascimento, em que o feto
condições de estresse o sistema imunológico sofre
tem o contato com o sangue materno. Existem duas
influências do sistema neural e do sistema endócrino.
principais formas do HIV, o HIV-1 e o HIV-2:
1. O HIV-2 está presente na região oeste da A partir deste pressuposto, o exercício físico tem
África e aparenta ser menos patogênica; sido amplamente estudado como fator modulador

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do sistema neuroimunoendócrino. A realização do imunológico, e por sua vez, moléculas secretadas


exercício em diferentes intensidades promove a pelo sistema imunológico modulam resposta no
secreção de uma série de hormônios de estresse, sistema nervoso central, alterando a secreção de
incluindo adrenalina, noradrenalina e cortisol, que neurotransmissores e posteriormente a síntese e
são responsáveis por modular o sistema imunológico. secreção de hormônios por glândulas específicas.

Exercícios intensos são responsáveis por aumentar Em condições normais, tais mecanismos de
de maneira exponencial a secreção de catecolaminas controle bidirecionais de sinalização existentes
(adrenalina e noradrenalina). A expressão de entre os sistemas neural, endócrino e imunológico
receptores β-adrenérgicos em linfócitos T, B e NK, são controlados por alças de feedback negativo,
em macrófagos e neutrófilos fornecem a base para buscando-se assim a homeostase do organismo. Já
a influência do sistema endócrino sobre o sistema perturbações destes sistemas podem acarretar o
imunológico. desenvolvimento de doenças.

Receptores β-adrenérgicos em linfócitos estão O aumento e a diminuição da atividade do sistema


ligados à sinalização do AMP cíclico (AMPc) pela imunológico resultam na ineficiência da resposta
ativação de proteínas G. A atividade deste segundo imunológica e no aumento da suscetibilidade a ao
mensageiro intracelular (AMPc) tem sido associada desenvolvimento de doenças.
com redução da atividade das células NK.
Fatores imunes, incluindo: células imunológicas e
As concentrações plasmáticas de cortisol aumentam citocinas afetam o sistema nervoso central em nível
em exercícios prolongados e de alta intensidade. Foi molecular e celular. As alterações no sistema nervoso
demonstrado que a administração intravenosa de central resultam em diferentes efeitos, dependendo
corticosteroide em seres humanos causa diminuição se a expressão destes fatores ocorrer de forma local
nos níveis de linfócitos, monócitos, eosinófilos e ou sistêmica.
neutrófilos, com pico após 4 horas da administração,
sendo sugerido que após a realização de exercício Células do sistema nervoso central, como glia,
intenso há redução nos níveis de linfócitos. neurônios e macrófagos, são capazes de produzir
citocinas que têm sido relacionadas tanto com
Em conjunto, a formação de espécies reativas a sobrevivência quanto com a morte de células
de oxigênio pela realização do exercício físico são neuronais.
responsáveis por alterar os níveis de linfócitos
mediadas pela apoptose celular Acredita-se que doenças como Alzheimer,
esclerose múltipla e derrame, além de complicações
Em contrapartida é proposto que o exercício físico, neurológicas da AIDS, estejam relacionadas com
quando realizado com intensidade moderada, possa a morte neuronal mediada por citocinas pró-
gerar melhora da atividade imunológica, cursando inflamatórios.
com menor risco de infecções, justificado em parte
por melhor atividade das células NK. Já as citocinas produzidas em tecidos periféricos
durante processos inflamatórios são capazes
Uma comunicação bidirecional existente entre os de exercerem sinalizações no sistema nervoso
sistemas neural, endócrino e imunológico através central, por serem lançadas na corrente sanguínea
da produção e secreção de neurotransmissores e atuarem através da sinalização endócrina (em
e hormônios regulam a atividade do sistema células alvos distantes). Adicionalmente a isso,

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as citocinas são responsáveis por desencadearem A noradrenalina e o neuropeptídio Y (NPY),


uma série de sintomas que caracterizam o sintetizados e secretados juntos pelos terminais
comportamento de doenças, sintomas estes que nervosos regulam o sistema imunológico de maneira
incluem: local. Não obstante, quando estes neuropeptídios são
lançados na corrente sanguínea da medula adrenal,
• Diminuição da locomoção;
eles regulam o sistema imune de forma sistêmica.
• Depressão cognitiva (da
memória e do humor); Estudos realizados por Sanders (2006) indicam
• Diminuição do apetite; que a noradrenalina modula a imunidade adquirida
e a produção de anticorpos. Já em estudos
• Diminuição de interação social; e
realizados por Straub et al. (2000) mostram que
• Diminuição do comportamento sexual. a noradrenalina e o NPY juntos inibem a secreção
de IL-6 pelos macrófagos. Por sua vez, trabalhos
Citocinas sintetizadas perifericamente podem realizados por Maestroni (2006) e Kin et al. (2006)
acessar e estimular o sistema nervoso central por relatam a regulação do sistema imune pelo sistema
diferentes mecanismos. Elas conseguem atravessar a nervoso simpático.
barreira hematoencefálica podendo ser transportadas
ativamente. Adicionalmente a isto, as citocinas O sistema nervoso parassimpático regula as
podem desencadear a ativação da sinalização pelo respostas do sistema imunológico através da
nervo vago, através da ligação com receptores em sinalização vagal. O neurotransmissor parassimpático
paragânglios. primário é a acetilcolina, que se liga em receptores
nicotínicos e muscarínicos.
Adicionalmente a isto, as citocinas podem
desencadear a ativação da sinalização pelo nervo Durante processos inflamatórios, a liberação
vago, através da ligação com receptores em de IL-1 pelas células do sistema imune ativa a
paragânglios, além de poderem ativar segundos via aferente do nervo vagal, que rapidamente
mensageiros como: óxido nítrico e prostaglandinas ativa regiões parassimpáticas do cérebro. Este é
pela ligação com receptores em células endotélio um primeiro mecanismo da resposta inflamatória
cerebral. que leva à liberação de acetilcolina por nervos
vagais eferentes como um mecanismo de feedback
Regulação do sistema imune pelo negativo da inflamação.
sistema nervoso central
Trabalhos realizados por Watkins et al. (2002)
O sistema nervoso central é capaz de se comunicar e por Tracey (2002) mostram que, ao se cortar a
com o sistema imune através de vias neuronais e sinalização dos nervos vagos, impede-se o controle
hormonais. De modo geral, a sinalização neural do sistema imune pelo cérebro e a ativação de regiões
regula o sistema imune através da inervação dos do tronco cerebral e parassimpático, impedindo o
órgãos imunes, regulando a sua resposta de forma controle vagal da inflamação.
local, já os hormônios regulam o sistema imunológico
de maneira sistêmica. Locais em que ocorre a inflamação do sistema
nervoso periférico liberam neurotransmissores a partir
A relação neural do sistema nervoso central com de sensores nervosos periféricos, sendo responsáveis
o sistema imunológico é feita através de inervação por aumentarem a inflamação. Estes neuropeptídios
simpática e parassimpática. incluem o hormônio liberador de corticotrofina

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Anatomia e Fisiologia da Resposta Imunilógica / Interações Neuroimunoendócrinas , e Doenças Inflamatórias
e Imunodepressivas

(CRH), substância P, e o peptídio regulador do gene O eixo hipotálamo-hipófise-gônadas está envolvido


da calcitonina (CGRP, sigla em inglês). na regulação do sistema imunológico. Estrógenos
em baixas concentrações modulam positivamente
Já neuropeptídios secretados de maneira central o sistema imunológico, enquanto a testosterona e a
exercem diferentes efeitos e tendem a ser anti- progesterona são imunossupressores.
inflamatórios. Por exemplo, o hormônio estimulador
de alfa melanócito (α-MSH), um peptídio constituído Trabalhos de Cutolo et al. (2004) têm mostrado
de 13 aminoácidos, exerce ações anti-inflamatórias, que em doenças como lúpus e artrite reumatoide
sendo secretado pela hipófise, pelos núcleos há um aumento nas concentrações relativas de
paraventricular e arqueado do hipotálamo e pelos estrógenos para andrógenos.
nervos periféricos.
Tais respostas hormonais relacionadas ao sistema
Opioides sintéticos (morfina) e endógenos imunológico podem em parte explicar por que a
(endorfina e encefalina) são moléculas que exercem incidência de doenças autoimunes como: artrite
ação anti-inflamatória, podendo estimular o eixo reumatoide e lúpus são de 2 a 10 vezes maiores em
hipotálamo-hipófise-adrenal e a liberação de mulheres do que em homens.
glicocorticoides.
Por sua vez, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
Vias hormonais de regulação (HHA) é o principal regulador do sistema imunológico

da função imunológica através da produção adrenal de glicocorticoides.

O eixo HHA consiste no núcleo paraventricular do


Adicionalmente ao controle neural da inflamação,
hipotálamo (PVN), na adeno-hipófise localizada na
os hormônios desempenham importante papel de
base do cérebro e na glândula adrenal.
regulação do sistema imunológico. O hormônio
prolactina secretado pela glândula hipofisária se liga
O hormônio estimulador de corticotrofo (CRH)
em receptores de prolactina em células imunológicas,
é secretado pelo PVN na região do sistema
estimulando a função imunológica.
porta hipotálamo-hipofisário, estimulando a
região anterior da hipófise a secretar o hormônio
De Bellis et al. (2005) relatam em seu trabalho
adrenocorticotrófico (ACTH) na circulação sistêmica.
a relação da hiperprolactinemia com doenças
Com isso, após a ligação do ACTH com o seu receptor
autoimunes. O hormônio do crescimento (GH),
na glândula adrenal, há a estimulação da síntese de
também secretado pela glândula hipófise, é
glicocorticoides.
um importante estimulador da função imune,
aumentando a proliferação de linfócitos T e
O eixo HHA é regulado por uma série de fatores,
linfócitos B e a produção de anticorpos. A grelina,
desde neurotransmissores até hormônios e citocinas.
um hormônio predominantemente produzido pelas
A secreção do CRH é positivamente regulada pelos
células do estômago após estímulo gerado entre o
sistemas serotoninérgico, colinérgico e histaminérgico,
eixo cérebro-estômago, tem mostrado exercer papel
mas é negativamente regulada pela sua própria
anti-inflamatório.
secreção, pela secreção do ACTH e pela secreção de
glicocorticoides (alças de feedback negativo), além de
A leptina por sua vez exerce ação pró-inflamatória,
neuropeptídios e neurotransmissores como: o ácido
e sua síntese pelo adipócito sinaliza para o hipotálamo
gama-aminobutírico (GABA) e o peptídio opioide.
através de uma alça de feedback negativo.

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Anatomia e Fisiologia da Resposta Imunilógica / Interações Neuroimunoendócrinas , e Doenças Inflamatórias
e Imunodepressivas

Efeitos dos glicocorticoides dos glicocorticoides são responsáveis por modular


positivamente a expressão de genes inflamatórios,
no sistema imunológico enquanto doses farmacológicas dos glicocorticoides
suprimem totalmente a resposta inflamatória. Uma
Pesquisas têm buscado investigar os efeitos dos
variedade de genes e funções de células imunológicas
glicocorticoides sobre diversos aspectos do sistema
é regulada pelos glicocorticoides, como por exemplo:
imunológico. As ações dos glicocorticoides nas
a expressão de genes de citocinas, de moléculas de
células são exercidas pela ativação do seu receptor
adesão e mediadores inflamatórios.
intracelular com posterior modulação da transcrição
gênica. Dois tipos de receptores são ativados pelos
glicocorticoides:
Glicocorticoides e citocinas
1. O receptor tipo I de alta afinidade, o receptor De maneira geral, a expressão de genes de
de mineralocorticoide (MR, sigla em inglês); e citocinas pró-inflamatórias é inibida pela ação dos
2. O receptor tipo II de baixa afinidade, glicocorticoides, citocinas estas como:
o receptor de glicocorticoide • IL-1;
(GR, sigla em inglês).
• IL-2;
A ligação dos glicocorticoides preferencialmente
• IL-5;
pelo MR ocorre em baixas concentrações, já em
concentrações elevadas dos glicocorticoides ocorre a • IL-6;
ligação destes com os GR. Tem sido sugerido que a
• IL-8;
ativação dos MR exerce uma possível capacidade de
manutenção da homeostase cerebral, ao passo que o • IL-11;
GR exerce papel ativo na recuperação de distúrbios.
• IL-12;
Entretanto, em se tratando de células do sistema • TNF-α (Fator de Necrose Tumoral alfa);
imunológico, os GR são os receptores primários dos
glicocorticoides. Os glicocorticoides são moléculas • IFN-γ (Interferon gama); e
hidrofóbicas que podem atravessar a membrana das
• • GM-CSF (fator estimulador de
células através de difusão passiva, bem como por
colônia granulócito-macrófago).
transporte ativo.
Já citocinas anti-inflamatórias como, por exemplo,
Os GR estão localizados no citoplasma das células a IL-4 e IL-10, têm um aumento na expressão dos
associadas a proteínas como: proteína de choque seus genes.
térmico 90 (HSP 90, sigla em inglês) e imunofilinas.
Com a ligação do glicocorticoide com o seu receptor, Entretanto, tais respostas ocorrem de forma
há a dissociação do dímero da HSP 90, e subsequente tecido e dose-dependente. Doses farmacológicas
translocação do complexo hormônio-receptor para o de glicocorticoides geram aumento da expressão
núcleo da célula que se ligará a regiões específicas de IL-10, enquanto doses fisiológicas diminuem a
do DNA, desencadeando a transcrição gênica. expressão de IL-10. A expressão de IL-4 é induzida
por concentrações fisiológicas de glicocorticoides nos
Quando comparadas doses farmacológicas em linfonodos e no baço, mas a sua expressão diminui
relação a doses fisiológicas dos glicocorticoides, elas em altos níveis de dexametasona.
exibem respostas muito diferentes. Doses fisiológicas

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Anatomia e Fisiologia da Resposta Imunilógica / Interações Neuroimunoendócrinas , e Doenças Inflamatórias
e Imunodepressivas

Glicocorticoides e moléculas de Diversos trabalhos relatam que o exercício


físico induz uma mudança na subclasse de células
adesão mononucleadas do sangue e que o aumento nas
concentrações de linfócitos está relacionado com
As proteínas envolvidas com a migração leucocitária
o recrutamento de subpopulações de linfócitos de
em regiões em que ocorrem processos inflamatórios
compartimentos vasculares.
sofrem diminuição na sua atividade e expressão pela
ação dos glicocorticoides. Estas moléculas são: a
Durante o exercício físico, a relação dos linfócitos
molécula de adesão intracelular 1 (ICAM-1, sigla em
T CD4+/CD8+ diminui, mostrando o aumento nas
inglês), molécula de adesão de leucócitos endotelial
concentrações de linfócitos T CD8 em relação aos
1 (ELAM-1), molécula de adesão vascular 1 (VCAM-
linfócitos T CD4. Estudos realizados por Tvede et
1), E-selectina, L-selectina, neutrófilo quimioatrativo
al. (1989) mostram proliferação e distribuição de
indutor de citocina (CINC), eotaxina e a proteína
diferentes populações de células mononucleadas no
quimioatrativa de monócito (MCP-1, MCP-2 e MCP-3).
sangue após exercício realizado em cicloergômetro a
75% do VO2máx.
Glicocorticoides e
mediadores inflamatórios Células NK e exercício físico
Os glicocorticoides atuam inibindo mediadores Tem sido mostrado que há uma modulação e
inflamatórios como as prostaglandinas e o óxido nítrico recrutamento destas células no sangue de acordo com
(NO). A ação dos glicocorticoides nas prostaglandinas o tipo de exercícios e com diferentes intensidades.
ocorre através da inibição da expressão das enzimas Em exercícios de moderada intensidade não há
fosfolipase A2 (PLA2) e ciclo-oxigenase tipo 2 (COX- modificação da atividade destas células, enquanto
2), além de inibir a liberação de ácido araquidônico. em exercícios de alta intensidade ocorre uma redução
na sua atividade.
Já a inibição dos glicocorticoides sobre a síntese de
óxido nítrico ocorre pela inibição das enzimas óxido Após exercício físico intenso de longa duração as
nítrico sintase (NOS) e óxido nítrico induzível (iNOS). concentrações e a atividade de células NK diminuem
por um período que dura em torno de 2 a 4 horas
Exercício físico e sistema imune após o exercício físico.

O estresse induzido no organismo pelas condições Trabalhos de Pedersen et al. (1990) sugerem que
fisiológicas do exercício provoca muitas reações a diminuição de células NK após o exercício decorra
no sistema imunológico, e consequentemente tem pelo aumento das prostaglandinas. Corroborando
estimulado uma série de pesquisas que buscam com o trabalho de Droller et al. (1978) que mostra
analisar as interações entre o exercício físico e os que a atividade das células NK diminui em parte com
sistemas imunológico, endócrino e neural. a presença das PGE1, PGE2 e PGD2.

As respostas de subpopulações de leucócitos no De maneira geral, tanto em exercícios de moderada


sangue em resposta a uma sessão de exercício físico quando de alta intensidade, a atividade das células NK
agudo são altamente influenciadas. As concentrações sofre um aumento durante e imediatamente após o
de neutrófilos aumentam durante e após o exercício exercício, sendo que em exercícios de alta intensidade
físico, enquanto as concentrações de linfócitos há uma queda abaixo dos valores basais da atividade
aumentam durante o exercício físico, mas diminuem das células NK após o exercício e que dura de 2 a
após a realização de exercícios físicos prolongados.

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Anatomia e Fisiologia da Resposta Imunilógica / Interações Neuroimunoendócrinas , e Doenças Inflamatórias
e Imunodepressivas

4 horas. Este período de tempo é denominado de Segundo McCarthy e Dale (1988), um dos pontos
“janela imunológica”. mais importantes do exercício físico sobre o sistema
imunológico é a formação de neutrófilos após a
Sistema imunológico das realização de exercício físico agudo.
mucosas e exercício físico
O exercício físico atua como um gatilho sobre uma
O sistema imunológico das mucosas é considerado série de alterações nas populações de neutrófilos
por muitos imunologistas como a primeira barreira de de diferentes formas. As respostas dos neutrófilos a
proteção contra microrganismos oportunistas. infecções incluem aderência, quimiotaxia, fagocitose,
atividade oxidativa e degranulação.
Nas mucosas há a produção de anticorpos IgA,
estes representando de 10 a 15% do total de De modo geral, o exercício físico moderado aumenta
imunoglobulinas presentes no sangue. Os níveis as funções dos neutrófilos, incluindo quimiotaxia,
de IgA estão diretamente correlacionados com a fagocitose e atividade oxidativa. Já os exercícios de
incidência de infecções do trato aéreo superior. alta intensidade e longa duração reduzem as funções
dos neutrófilos, com exceção da quimiotaxia e da
Trabalhos de Tomasi et al. (1982) mostram menor degranulação, que não são afetadas.
concentração de IgA salivar em esquiadores cross-
country após competição, resultado este que se
correlaciona com trabalhos realizados por MacKinnon
et al. (1994), que mostraram redução de 70% das
concentrações salivares de IgA após a realização
de um protocolo intenso e de longa duração em
cicloergômetro.

Também há redução nas concentrações de IgA


salivar em nadadores após competição, maratonistas
e após a realização de protocolo incremental em
esteira. Já em exercícios submáximos, trabalhos têm
mostrado que não há alteração nas concentrações
salivares de IgA. É importante ressaltar que não há
redução na porcentagem total de células B decorrente
da realização de exercício físico, sugerindo que a
supressão da secreção de imunoglobulinas não é
decorrente da redução de células B.

Neutrófilos e exercício físico


Os neutrófilos representam cerca de 50 a 60%
dos leucócitos presentes no sangue. Estas células
exercem importante papel de defesa no organismo
através da imunidade inata, e estão envolvidas com
várias condições inflamatórias.

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