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Práticas em

Parasitologia Clínica
Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Niara da Silva Medeiros

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

• Nematódeos;
• Trematódeos;
• Métodos para o Isolamento e Pesquisa de
Formas Evolutivas de Parasitas Intestinais.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Reconhecer as diferenças entre os diferentes gêneros de nematódeos e trematódeos;
• Conhecer o objetivo, os princípios e os procedimentos técnicos dos diferentes métodos de
concentração de parasitas nas fezes.
UNIDADE Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Nematódeos
Os parasitas da classe Nematoda (Nematódeos) apresentam formas evolutivas de ovos,
larvas e vermes adultos dioicos (macho e fêmea). Os vermes adultos possuem característica ci-
líndrica, alongada e de tamanho variado. Já os ovos, na grande maioria, possuem aspecto ar-
redondado ou ovalado, tamanho variado e características peculiares de acordo com a espécie.
A diferenciação entre os gêneros e as espécies dos nematódeos se dá por meio da
morfologia das suas formas evolutivas. A seguir, veremos as parasitoses causadas por
nematódeos de maior importância clínica e aspectos importantes que devem ser conside-
rados para a realização do seu diagnóstico.

É importante conhecer as formas evolutivas, as características morfológicas e os ci-


clos biológicos dos parasitas para que consigamos identificar de forma correta os
parasitas e ter segurança na liberação do diagnóstico do paciente.

Ascaridíase
A Ascaridíase, que também pode ser chamada de Ascaridose e Ascaríase, e é popular-
mente conhecida como lombriga ou bicha, é causada pelo parasita Ascaris lumbricoides.
É considerada a mais comum enteroparasitose causada por nematódeos. Sua contami-
nação se dá pela ingestão de ovos larvados, por meio de alimentos ou água contaminada.

Acesse o link a seguir e reveja detalhadamente o ciclo biológico do Ascaris lumbricoide.


Disponível em: https://bit.ly/3oCylF

Para o diagnóstico de Ascaridíase podemos observar a presença de larvas macho e


fêmea nas fezes (larvas macroscópicas que podem variar de 15 a 40cm de comprimento).
Essas larvas são identificadas por meio do método de tamisação, como vimos ante-
riormente nesta Disciplina.
A diferenciação das larvas macho e fêmea se dá por meio dos seguintes aspectos: a lar-
va fêmea é maior que o macho (em comprimento e espessura) e tem a cauda retilínea e a
larva macho possui a calda curvada ventralmente e é sempre menor que a fêmea (Figura 1).

Figura 1 – Vermes adultos de Ascaris lumbricoides.


(A) Larva fêmea. (B) Larva macho, mostrando a curvatura da calda
Fonte: Adaptado de cdc.gov

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A presença ou a ausência das larvas de Ascaris lumbricoides nas fezes não exclui a
análise microscópica. Esta etapa SEMPRE deve acontecer!

Na análise microscópica em indivíduos com Ascaridíase, vamos encontrar a presença


dos ovos de Ascaris lumbricoides.

Os ovos podem ser do tipo inférteis, férteis ou larvados, conforme mostra a Figura 2.
No entanto, não precisamos reportar no laudo o tipo de ovo encontrado, apenas relata-se
“Presença de ovos de Ascaris lumbricoides”.

Os métodos de concentração que podem ser utilizados para detectar estes ovos são
o método de Sedimentação espontânea, o método de Ritchie e o Método frasco coletor
com conservante.

Figura 2 – Ovos de Ascaris lumbricoides em sedimento fecal.


(A) Ovo infértil; (B) Ovo fértil; (C) Ovo larvado
Fonte: Adaptado de cdc.gov

Para ver maiores variações quanto à morfologia dos ovos de Ascaris lumbricoides encontrados
nas fezes, acesse o link e clique na galeria de imagens. Disponível em: https://bit.ly/38DZaUl

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina relendo o capítulo 27 – “Ascaríase”, do livro REY,


L. Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 262-8,
disponível em sua Biblioteca Virtual: https://bit.ly/38BVwu5

Ancilostomose
A Ancilostomose, popularmente conhecida como amarelão, pode ser causada pelos
parasitas Ancylostoma duodenale e Necator americanus.

A diferenciação desses parasitas é dada somente por meio das características das
larvas adultas que habitam o intestino delgado dos hospedeiros.

O Ancylostoma duodenale possui, na cavidade bucal, dois pares de dentes e o Necator


americanos possui um par de lâminas (Figura 3). Mas vale ressaltar que essas larvas não
são expelidas espontaneamente nas fezes, pois ficam fixadas na mucosa intestinal.

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UNIDADE Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Figura 3 – Larvas adultas de Anciolostomideos


Fonte: Adaptado de cdc.gov

(A) Ancylostoma duodenale (cavidade bucal com dois pares de dentes);


(B) Necator americanos (cavidade bucal com um par de laminas).

A forma evolutiva encontrada nas fezes para o diagnóstico de Ancilostomose é o


ovo. No entanto, não conseguimos diferenciar os ovos do Ancylostoma duodenale e do
Necator americanos, pois, microscopicamente, são idênticos (Figura 4).

Os ovos podem ser detectados por meio dos métodos de Sedimentação espontânea,
Método de Ritchie, Método de Faust e por meio da coleta de amostras com conservantes.
E, além disso, quando solicitado, é importante realizar a quantificação por meio do método
de Kato-Katz, que deve ser em até 2 horas, pois os ovos degradam após esse tempo.

A quantificação é importante, pois reflete a gravidade da parasitose e, assim, auxilia


na conduta terapêutica.

Figura 4 – Ovos de Anciolostomideos (Ancylostoma duodenale e Necator americanos)


Fonte: Adaptado de cdc.gov e ufsc.gr

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Para relembrar as etapas do ciclo biológico e a morfologia das formas evolutivas encontra-
das na Ancilostomose, acesse o link a seguir. Disponível em: https://bit.ly/2K7KEdT

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina relendo o capítulo 26 - “Ancilostomíse”, do livro REY,


L. Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 250-61,
disponível em sua Biblioteca Virtual: https://bit.ly/2Kdr4Ny

Estrongiloidose
A Estrongiloidose ou Estrongiloidíase é causada pelo parasita Strongyloides stercoralis.
Assim como na Ancilostomose, esse parasita é transmitido ao homem por meio da pene-
tração da larva filarioide na pele.

O ciclo biológico é complexo e compreende o ciclo no hospedeiro e o ciclo de vida


livre. São 6 formas evolutivas que podemos encontrar desse parasita: larva filarioide, larva
rabditoide, macho e fêmea de vida livre, fêmea partenogenética e os ovos. Entretanto, a
forma evolutiva que visualizamos no exame parasitológico de fezes é a larva rabditoide e
raramente podemos encontrar a larva filarioide (Figura 5).

Para revisar o ciclo biológico completo do Strongyloides stercoralis, acesse o link a seguir.
Disponível em: https://bit.ly/3shzHrt

Figura 5 – Larvas de Strongyloides stercoralis observadas no sedimento fecal


Fonte: Adaptado de cdc.gov

(A) Larva rabditoide: vestíbulo bucal curto (seta verde), esôfago curto (seta ver-
melha), primórdio genital (seta azul). (B) Larva filarioide: vestíbulo bucal longo.

Para detectar as larvas rabditoides de Strongyloides stercoralis, podemos utilizar


algumas técnicas de concentração, como o método de sedimentação espontânea e o
método de Ritchie. Porém, existem métodos específicos de detecção dessas larvas, que
são os métodos de Rugai e Baermann-Moraes. Veremos, esses métodos detalhadamente
a seguir, nesta Unidade.

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Importante!
Os ovos de Strongyloides stercoralis não são encontrados nas fezes. Eles permanecem
retidos na mucosa intestinal e dão origem a larvas rabditoides que são liberadas nas
fezes (diagnóstico) ou são maturadas em larvas filarioides, ainda no intestino, causando
a autoinfecção.

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina relendo o capítulo 27 – “Estrongiloidíase”, do livro


REY, L. Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. p. 244-9,
disponível em sua Biblioteca Virtual: https://bit.ly/35vSqpC

Tricurose
A Tricurose ou Tricuríase é causada pelo nematódeo Trichuris trichiura. É uma
enteroparasitose ocasionada pela ingestão de ovos larvados por meio de água ou ali-
mentos contaminados.

As formas evolutivas que vamos encontrar nessa parasitose são as larvas macho e
fêmea e os ovos.

As larvas, que podem medir de 3 a 5cm, habitam, principalmente, a porção do ceco


do intestino grosso e, geralmente, são observadas em exames de imagem, como a co-
lonoscopia (Figura 6).

Figura 6 – Larvas de Trichuris trichiura


Fonte: Adaptado de cdc.gov

(A) Larva macho, note que a larva apresenta a boca na extremidade mais
afilada e a calda (extremidade mais espessa) curvada dorsalmente é caracte-
rístico de larva machos e as fêmeas apresentam a calda retilínea. (B) Larva
fêmea fixada na mucosa intestinal.

Os ovos de Trichuris trichiura (Figura 7) podem ser visualizados nas fezes e detec-
tados no exame parasitológico de fezes pelo método direto, método de sedimentação
espontânea, métodos de Ritchie e quantificado pelo método de Kato-katz.

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Figura 7 – Ovos de Trichuris trichiura no sedimento fecal
Fonte: cdc.gov

Para rever o ciclo biológico detalhadamente do Trihuris trichiura acesse o link a seguir.
Disponível em: https://bit.ly/38BrIxC

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina Parasitologia Básica relendo o capítulo 32 – “Tri-


curíase”, do livro REY, L. Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2010. p. 294-6, disponível em sua Biblioteca Virtual: https://bit.ly/39prM2H.

Enterobiose
A Enterobiose ou Enterobíase é causada pelo nematódeo Enterobius vermiculares.
A infecção se dá por meio da ingestão de ovos larvados.

Uma característica importante dessa parasitose é que as larvas macho e fêmea (Figura 8)
habitam a região cecal, no íleo e no cólon e a fêmea no período noturno migra para a região
perianal para realizar a postura dos ovos.

Figura 8 – Larva adulta de Enterobius vermiculares. Observe que na extremidade


há a presença de asas cefálicas, característico desse parasita
Fonte: Adaptado de cdc.gov

O diagnóstico de Enterobiose é realizado por meio da pesquisa de ovos (Figura 9) na


região perianal pelo método de Graham que pode ser chamado também de fita gomada
ou fita adesiva.

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UNIDADE Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Veremos esse método detalhadamente a seguir, nesta Unidade. Dependendo da carga


parasitária do hospedeiro, eventualmente, podemos encontrar os ovos no exame parasi-
tológico de fezes, mas esse não é o método padrão para o diagnóstico de Enterobiose.

Figura 9 – Ovos de Enterobius vermiculares. Observe o formato de D, característico deste parasita


Fonte: Adaptado de cdc.gov

(A) Ovo sem coloração. (B) Ovo corado com corante lugol.

Veja detalhadamente o ciclo biológico do Enterobius vermiculares no link a seguir.


Disponível em: https://bit.ly/2MP2jrK

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina Parasitologia Básica relendo o capítulo 29 – “Ente-


robíase ou Oxiurose”, do livro Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2010. p. 276-9, disponível em sua Biblioteca Virtual: https://bit.ly/3i7kuoe

Filariose
Filariose ou filariose linfática, popularmente conhecida como elefantíase, é uma
parasitose que acomete os vasos linfáticos, causada, principalmente, pelo nematódeo
Wuchereria bancrofti.

Essa parasitose é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Culex quinquefasciatus,


que “injeta” na corrente sanguínea as larvas L3 (forma evolutiva de contaminação).

As larvas macho e fêmea habitam o sistema linfático que dão origem as microfilárias.
Essas microfilárias, ao anoitecer, migram para a corrente sanguínea, sendo essa a forma
evolutiva de diagnóstico.

Quando a Filariose é crônica (está presente por muito tempo), as microfilárias não
migram para a corrente sanguínea, não sendo observadas nos esfregaços sanguí-
neos. Nesses casos, o diagnóstico é feito por meio de testes imunológicos ou por
exames de imagem, como a ultrassonografia.

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O diagnóstico de Filariose é realizado por meio da pesquisa de microfilárias na cor-
rente sanguínea (Figura 10), em que é realizado um esfregaço e corado com corante
Giemsa (corante hematológico).

O ideal é realizar o exame entre 22h e 2h da manhã, já que a microfilária sai do sis-
tema linfático e migra para corrente sanguínea nesse período. Porém, esse método não
apresenta grande sensibilidade, sendo necessários outros exames, como os de imagem
ou testes imunológicos.

Figura 10 – Microfilárias de Wuchereria bancrofti em esfregaços sanguíneos


Fonte: Adaptado de cdc.gov

Para revisar o ciclo biológico da Filariose, acesso o link. Disponível em: https://bit.ly/3q6Vj7Y

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina Parasitologia Básica relendo o capítulo 30 – “Fila-


ríase Linfática”, Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
p. 280-7, disponível em sua Biblioteca Virtual em: https://bit.ly/3nELDA1

Oncocercose
A Oncocercose é causada pelo parasita Onchocerca volvulus, nematódeo perten-
cente ao grupo das filarias. Esse parasita tem como habitat o tecido subcutâneo e pode
migrar para a região ocular e, geralmente, apresenta-se de forma crônica.

Nesta parasitose, vamos encontrar os vermes adultos, macho e fêmea, que podem
medir até 50cm de comprimento e habitam o tecido subcutâneo, cutâneo e olhos, for-
mando espécies de novelos (nódulos fibrosos) (Figura 11).

Para relembrar do ciclo da Onchocerca volvulus, acesse o link.


Disponível em: https://bit.ly/2XvXiXl

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Figura 11 – Vermes adultos (corte transversal) de


Onchocerca volvulus no exame histopatológico de nódulo
Fonte: cdc.gov

A fecundação do macho e da fêmea dá origem as microfilárias (Figura 12). Essas


formas evolutivas são ativas, podem ser detectadas facilmente no tecido conjuntivo e na
tela subcutânea, e podem ser observadas a qualquer hora do dia.

Assim, o diagnóstico de Oncocercose é realizado por meio da identificação dos nódu-


los palpáveis que, geralmente, são indolores, e coleta de material biológico para biópsia,
precedida de exames de imagem como ecografia ou tomografia.

Figura 12 – Microfilárias do Onchocerca volvulus de nódulos de pele


Fonte: Adaptado de cdc.gov

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina Parasitologia Básica relendo o capítulo 31 –


“Oncocercíase”, Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2010. p. 289-3, disponível em sua Biblioteca Virtual em: https://bit.ly/38AboNy

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Trematódeos
Os Trematódeos são helmintos, organismos endoparasitas e com corpo não seg-
mentado. Uma característica importante é que esses parasitas são providos de ventosas
musculosas localizadas na cavidade bucal, que auxiliam na fixação no hospedeiro.

Os vermes adultos podem variar quanto à morfologia, (alongados ou achatados), po-


dem ser hermafroditas ou dioicos (quando se apresentam com sexos separados) e dão
origem a ovos, que é a forma evolutiva comum de ser utilizada no diagnóstico.

O ciclo biológico dos trematódeos é heteroxeno, ou seja, necessita de hospedeiro in-


termediário para completar o seu ciclo. Veremos os trematódeos de maior importância
clínica a seguir.

Esquistossomose
O trematódeo Schistossoma mansoni causa a Esquistossomose, parasitose que tem
como fonte de infecção a penetração da cercaria na pele do hospedeiro ao entrarem em
contato com a água de riachos, córregos e açudes, entre outros, contaminados.

Os vermes adultos, macho e fêmea (Figura 13) habitam o sistema porta intra-hepático
do hospedeiro, causando como principal sintoma a hepatoesplenomegalia.

Figura 13 – Larvas macho e fêmea de Schistosoma mansoni. Larva macho


mais claro e a fêmea mais escura habita o canal ginecóforo do macho
Fonte: cdc.gov

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UNIDADE Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Na Esquistossomose, a forma evolutiva encontrada no diagnóstico é o ovo (Figura 14).


Nessa parasitose, os ovos são detectados por meio dos métodos de sedimentação espontâ-
nea, método de Ritchie ou amostras preservadas e, além disso, é extremamente importan-
te quantificar os ovos por meio do método de Kato-katz, pois assim o médico pode estimar
a carga parasitária e a gravidade da doença, adequando o tratamento.

Figura 14 – Ovos de Schistosoma mansoni. Observe a presença


do esporão (espinho) característico deste parasita
Fonte: cdc.gov

Para explorar o ciclo biológico do Schistossoma mansoni, acesse o link.


Disponível em: https://bit.ly/2XApckM

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina Parasitologia Básica relendo os capítulos 16


– “Esquistossomíase mansônica: o Parasito” (p. 165-70), capítulo 17 – “Esquistossomíase
mansônica: a Doença” (p.171-82) e capítulo 18 – “Epidemiologia e Controle da Esquistos-
somíase nas Américas” (p. 183-4) Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010, disponível em sua Biblioteca Virtual em: https://bit.ly/3nzUMd3

Fasciolose
A parasitose causada pela Fasciola hepatica, chamada Fasciolose, é a mais impor-
tante zoonose. Nesta parasitose, o homem, acidentalmente, pode ingerir a metacercária
por meio de alimentos (hortaliças cultivadas em ambiente alagadiço, como o agrião) ou
água contaminados.

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O verme adulto (Figura 15) é hermafrodita e habita as vias biliares. Os ovos (Figura 16)
quando são liberados pelo verme adulto, entram em contato com as fezes por meio da bile
e são eliminados, sendo a forma evolutiva visualizada no diagnóstico.

Figura 15 – Verme adulto da Fasciola hepatica


Fonte: cdc.gov

Como o homem não é o hospedeiro usual de Fasciola hepatica, há liberação de pou-


cos ovos nas fezes, dificultando o diagnóstico. Por isso, a importância de três ou
mais coletas de amostra fecal, em dias alternados, para aumentar as chances de
encontrar os ovos nas fezes.

Figura 16 – Ovos de Fasciola hepatica no sedimento fecal,


com formato elíptico e um opérculo em uma das extremidades
Fonte: Adaptado de cdc.gov

Explore detalhadamente cada etapa do ciclo biológico da Fasciola hepatica no link a seguir.
Disponível em: https://bit.ly/38C6kbG

Revise os conceitos aprendidos na Disciplina Parasitologia Básica relendo o capítulo 19 –


“Fasciolíase”, Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2010. p. 195-200, disponível em sua Biblioteca Virtual em: https://bit.ly/3sjZmzB

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UNIDADE Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

1. Explique como podemos diferenciar os nematódeos dos trematódeos? Quais são os para-
sitas de maior importância clínica de cada classe?
2. Cite quais são as formas evolutivas encontradas no diagnóstico de Ascaridíase e Trichuríase;
3. Na ancilostomose, como conseguimos diferenciar o Necator americanus do Ancilostoma
duodenale?
4. Como é realizada a diferenciação das larvas rabditoide e filarioide? Quais parasitoses po-
demos encontrá-las?
5. Como é realizado o diagnóstico de filariose e Oncocercose? Quais formas evolutivas po-
demos encontrar?
6. Por que o diagnóstico de Fasciolose é dificultado nos seres humanos?

Métodos para o Isolamento e Pesquisa de


Formas Evolutivas de Parasitas Intestinais
Como já vimos, as formas evolutivas dos parasitas não são liberadas nas fezes cons-
tantemente e, ainda, a sua concentração pode variar. Isso está relacionado ao ciclo do
parasita, pois a liberação de ovos e cistos acontece de forma intermitente.

Contudo, precisamos de métodos de diagnóstico que aumentam a probabilidade de


encontrar esses parasitas quando estão em menor concentração nas fezes. Com isso, faz-
-se necessária a aplicação de métodos de concentração e isolamento de formas evolutivas.

O Exame Parasitológico de Fezes (EPF) tem como objetivo pesquisar formas evoluti-
vas de parasitas, ovos e larvas de helmintos, cistos e oocistos de protozoários.

Os trofozoítos somente serão detectados se a amostra for analisada em menos de


30 minutos, pois degradam com o passar do tempo. Existem variadas técnicas de
diagnóstico que podem ser utilizadas na rotina. Algumas técnicas possuem detecção
mais ampla das formas evolutivas (detecta variadas formas evolutivas), outras detectam
apenas uma ou poucas formas evolutivas.

O que veremos a seguir são as técnicas aplicadas no setor de parasitologia para o


diagnóstico de enteroparasitoses, que utilizam a amostra fecal para pesquisa das for-
mas evolutivas.

Veremos que cada técnica possui suas particularidades e cabe ao Biomédico verificar
a técnica mais adequada para aquele diagnóstico.

Não existe uma técnica que é 100% sensível e específica, capaz de detectar todas as
formas evolutivas em um único método. Existem variadas técnicas com princípios di-
ferentes e cada uma possui sua sensibilidade, especificidade e desvantagens. JUNTAS
SE COMPLEMENTAM!

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Como você viu anteriormente nesta Disciplina, existe o método direto, que pode ser
realizado como primeiro passo e não deve ser definitivo, pois as amostras são analisadas
sem processamento, e quando há baixa concentração de formas evolutivas, os parasitas
não são detectados neste método.

Para isso, precisamos de um método de concentração que aumenta as chances de


encontrar essas formas evolutivas.

Importante!
Os métodos de concentração são escolhidos de acordo com a forma evolutiva que
queremos encontrar (formas evolutivas microscópicas). Se queremos encontrar todas
as formas evolutivas (cistos, trofozoítos, ovos e larvas) precisamos de um método.
Porém, se queremos detectar apenas uma forma evolutiva, por exemplo, larvas, pre-
cisamos aplicar um método específico. A escolha do método vai depender do requeri-
mento médico e do critério adotado pelo biomédico. Fique atento(a): veremos todos
esses métodos!

Vale ressaltar que todos os métodos de concentração que veremos nesta Unidade
visam à pesquisa de formas evolutivas microscópicas, medidas em micrômetros (abre-
viados como μ ou μm) e, para isso, o resultado final das técnicas são lâminas de micros-
copia com a amostra que são lidas em microscópio óptico nas objetivas de aumento de
4X, 10X e 40X .

Técnicas de concentração por sedimentação:


sedimentação espontânea e/ou centrífugo- sedimentação
As técnicas mais comuns utilizadas na rotina dos Laboratórios de Parasitologia são
as técnicas que têm como princípio a sedimentação, que pode ser do tipo espontânea
ou por centrifugação.

Nessas técnicas podemos detectar todas as formas evolutivas (cistos, ovos e larvas
microscópicas), vamos conhecer essas técnicas nos itens, a seguir.

Método de Hoffman Pons e Janer (sedimentação espontânea)


A técnica comumente utilizada nos laboratórios é o Método de Hoffman, Pons e
Janer (HPJ) criada em 1934, conhecida como técnica de sedimentação espontânea ou
Método de Lutz.

Este método é amplamente utilizado, pois é uma técnica de baixo custo, fácil exe-
cução e utiliza poucos equipamentos. Além disso, detecta ovos e larvas de helmintos e
cistos de protozoários. Como desvantagem, esta técnica apresenta grande quantidade
de artefatos (detritos ou “sujeiras”) ao ler a lâmina no microscópio.

Então, agora veremos o passo a passo desse método (Figura 17).

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UNIDADE Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Dissolver de 2g a 5g de fezes frescas em um frasco borel ou


copo plástico, com aproximadamente 25ml de água filtrada.
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Homogeneizar a amostra com auxílio de uma espátula ou


2 bastão de vidro.

Após a homogeneização, filtrar em copo cônico a amostra com


3 gaze ou parasitofiltro e completar com água.

Deixar o filtrado em repouso por no mínimo 60 minutos e não


mais que 2 horas. Observação 1: sempre anotar o horário de
início da sedimentação para padronização.
4 Após esse tempo, inserir uma pipeta no copo cônico até o
fundo e coletar o sedimento. Observação 2: as formas evoluti-
vas sedimentam (mais densas), portanto, depositam-se no
fundo do copo cônico.

Colocar uma gota do sedimento coletado do copo cônico em


5 uma lâmina de microscopia. Acrescentar uma gota de solução
de lugol (corante).

Cobrir com uma lamínula. Realizar a leitura em microscópio


óptico nas objetivas de 10X e 40X.
6 Observação: ao colocar a lamínula, evitar formar bolhas de ar,
pois pode prejudicar a análise da lâmina

Figura 17 – Método de Hoffman, Pons e Janer (HPJ)


Fonte: Adaptado de SIQUEIRA-BATISTA et al, 2020

Importante!
É fundamental realizar a leitura de toda a lâmina, ao que chamamos de “varrer” a
lâmina, pois assim temos maior probabilidade de encontrar formas evolutivas que estão
em pequenas quantidades e, dependendo do caso, faz-se necessário realizar a leitura
em mais de uma lâmina (duplicata).

Método de Ritchie (centrifugo sedimentação pela formalina-éter)


O Método de Ritchie, criado em 1948, consiste na sedimentação por centrifugação
e, para a execução desse método, são utilizados dois solventes, a formalina e o éter ou
acetato de etila.

Esse método tem como vantagem a detecção de ovos e larvas de helmintos e cistos
de protozoários. Além disso, a lâmina para a leitura em microscópio tem aparência lím-
pida, com a presença mínima de artefatos.

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Nesse método, é utilizada a diferença da gravidade dos detritos fecais e das for-
mas evolutivas.
O éter ou o acetato de etila auxiliam na limpeza da amostra e a formalina é utilizada
para fixação, ou seja, para conservação das formas evolutivas durante o processamento.
Como resultado, vamos ter o sedimento composto pelas formas evolutivas e o sobre-
nadante acomodam os detritos fecais que são mais leves.
Como vantagem de utilizar esse método podemos destacar a utilização de pequena
quantidade de amostra fecal, e a visualização tanto de cistos de protozoários, como de
ovos e larvas de helmintos e, como desvantagens, a utilização de reagentes químicos e
equipamentos como a centrífuga e, ainda, o tempo de execução é longo e detalhado.
Existem inúmeras variações na metodologia da sedimentação por centrifugação e
cabe ao Laboratório verificar o mais apropriado para a sua rotina e validar a técnica
antes de utilizar para o diagnóstico.
A seguir, veremos os passos de execução desse método:
1. A amostra fecal fresca deve ser homogeneizada em água ou salina e filtrada em
gaze ou parasitofiltro para um tubo de centrífuga;
2. Centrifugar o tubo por 10 minutos a 1500 rpm. Descartar o sobrenadante por
inversão. O sedimento ficará no fundo do tubo;
3. Acrescente água ou salina ao sedimento, homogeneíze e centrifugue novamente;
4. Repita os passos 2 e 3 até que o sobrenadante esteja claro;
5. Acrescente 9ml de formalina (10%) ao sedimento, homogeneíze bem e deixe
em repouso por 5 minutos;
6. Acrescente 3ml de Acetato de etila ou éter, feche o tubo e agite vigorosamente
por inversão por pelo menos 30 segundos;
7. Centrifugue o tubo por 10 minutos a 1500rpm. Formará 4 camadas no tubo,
do fungo ao topo: 1. sedimento, 2. camada de formalina, 3. tampão de detritos
fecais, 4. camada de acetato de etila ou éter (Figura 18);
8. Verter o tubo, colher o sedimento, colocar uma gota em lâmina de microsco-
pia, com uma gota de solução de lugol e ler em microscópio óptico no aumento
de 10X e 40X.

Camada de acetato de etila ou éter


Tampão de detritos fecais

Camada de formalina

Sedimento
Figura 18 – Camadas visualizadas no tubo de centrífuga após
última centrifugação no Método de Ritchie

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UNIDADE Exame Parasitológico de Fezes (EPF)

Método frasco coletor com conservante


O método de frasco coletor com conservante tem como princípio a preservação da
amostra fecal, utilizando, geralmente, a Formalina (10%) como conservante (frasco de
coleta de amostra fecal com formalina).

Esse método é amplamente utilizado na rotina laboratorial, e existem várias marcas


no Mercado com o mesmo sistema. Facilita a coleta do material fecal por parte do pa-
ciente, a amostra tem durabilidade maior, não há necessidade de conservar a amostra
em geladeira até a chegada ao Laboratório e, além disso, a formalina auxilia na preser-
vação das formas evolutivas.

A grande desvantagem desse método é o custo, quando comparado a outros méto-


dos. Além disso, quando o paciente faz a coleta nesse tipo de frasco, a análise macroscó-
pica da amostra fica impossibilitada, não conseguindo identificar a presença de sangue
e muco, consistência e cor, por exemplo.

A utilização do frasco coletor com conservante é vantajoso, pois nele já está o sistema
em menor proporção de uma sedimentação espontânea e, ainda, aumenta a biossegu-
rança ao analista, pois não há contato direto com a amostra.

Então, o frasco consiste em um coletor (cesto) que coleta o volume de amostra neces-
sário, o líquido preservativo (formalina), filtro cônico (filtra a amostra), tampa afunilada
(faz a função do copo cônico na sedimentação espontânea) e um cap de vedação (tampa
por onde vai pingar a amostra sedimentada) (Figura 19).

Esse frasco é colocado na posição inversa, por no mínimo 60 minutos, e, depois,


coloca-se uma gota em uma lâmina para microscópio, uma gota de solução de lugol e
lamínula. Realiza-se a leitura em microscopia óptica nos aumentos de 10X e 40X.

A B Capa de Vedação Removível

Tampa Afuniladora

Filtro Cônico

Líquido Preservativo
Coletor para Volume
Padronizado de Amostra

Figura 19 – Exemplo do frasco coletor com conservante.


(A) Frasco fechado. (B) Composição interna do frasco

Método quantitativo: Kato e Katz


Os métodos utilizados para detecção de parasitas nas fezes, usualmente, são qualitativos,
ou seja, somente expressam a presença ou a ausência das formas evolutivas. Porém, o méto-
do de Kato-Katz, foi desenvolvido para que consigamos quantificar essas formas evolutivas.

Então, você deve estar pensando: Por que os outros métodos não são quantitativos?
Ou ainda, quando preciso utilizar métodos qualitativos ou quantitativos?

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Primeiro, na grande maioria dos métodos, não trabalhamos com a quantidade de
amostra exata, e sim aproximada, e por isso não podemos atribuir uma quantificação
por grama de fezes. No método de Kato-Katz, colocamos uma quantidade conhecida de
amostra fecal e, por isso, conseguimos estimar a quantidade de ovos por grama de fezes.
Segundo, existem algumas parasitoses em que a carga parasitária (quantidade de para-
sitas) reflete a gravidade da doença. É o caso, por exemplo, da Esquistossomose, causada
pelo Schistossoma mansoni e, por isso, é fundamental quantificarmos os ovos liberados
nas fezes. Porém, essa técnica pode ser utilizada para quantificar qualquer ovo de helminto.

No método de Kato-Katz, não é possível visualizar cistos de protozoários, visualiza-


mos somente ovos de helmintos.

Esse método sempre é aplicado posterior a um método qualitativo, por exemplo,


a Sedimentação espontânea. Tem como desvantagem o uso de aparatos e reagentes
específicos como papel-celofane, tela fina, e a solução de verde malaquita em glicerina.
Além disso, a visualização da amostra no microscópio é dificultada pela quantidade
de amostra e a gota se torna extremamente densa. Veremos o passo a passo desse mé-
todo a seguir, na Figura 20.

Colocar a amostra fecal em um papel


higiênico. Cobrir com a tela específica
1 e friccionar para “peneirar” a amostra.
Observação: esta técnica não poderá
ser realizada em amostras líquidas.

Colocar a amostra que passou pela


tela em uma placa perfurada com
volume conhecido sobre uma lâmina
2 de microscopia.
Após preencher todo o orifício, retirar
a placa perfurada.

Após retirar a placa perfurada,


colocar sobre a amostra o papel
celofane impregnado com solução
3 verde malaquita.
Inverter a lâmina contra um papel
higiênico e comprimir até que a
amostra se espalhe.

Deixar em repouso de 1 a 2 horas e


4 analisar em microscópio óptico nas
objetivas de 10X e 40X.

Figura 20 – Método de Kato-Katz


Fonte: Adaptado de SIQUEIRA-BATISTA, 2020

No método de Kato-katz, quando se quer quantificar ovos de Ancilostomídeos, as lâ-


minas devem ser lidas em até 2 horas, pois esses ovos degradam depois desse tempo.
Os demais ovos de helmintos podem permanecer por anos fixados nas lâminas.

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Método de Graham (fita adesiva)


O método de Graham, também conhecido como teste da “fita adesiva” ou ainda “fita
gomada”, tem como princípio a busca de ovos na região perianal.
Geralmente, essa técnica é utilizada para o diagnóstico de Enterobiose, já que a fêmea
do Enterobius vermiculares deposita os ovos na região perianal no período noturno. Even-
tualmente, essa técnica pode ser utilizada para a pesquisa de ovos de Taenia sp também.
Esse método utiliza uma fita adesiva com a porção aderente voltada para a pele
(região perianal). A fita é exposta por toda a região e colada em uma lâmina de micros-
copia para ser lida em microscópio óptico nas objetivas de 10X e 40X (Figura 21), a fim
de visualizar os ovos de Enterobius vermiculares (Figura 22).
Nessa técnica, não há necessidade de utilizar a solução de lugol ou outro corante:

Figura 21 – Método de Graham


Fonte: REY, 2010
(A) Parte adesiva voltada para cima. (B) Aplicação da fita adesiva sobre a
pele da região perianal. (C) fita adesiva.

Figura 22 – Ovos de Enterobius vermiculares visualizados pelo Método de Graham


Fonte: Wikimedia Commons

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A visualização dos ovos de Enterobius vermuculares, pelo método de Graham, é o
diagnóstico definitivo de Enterobiose. No entanto, eventualmente, podemos encon-
trar as larvas fêmeas presentes na análise.

Técnicas para o isolamento e pesquisa de larvas de helmintos


Alguns métodos foram desenvolvidos especialmente para favorecer o diagnóstico de
larvas de helmintos: são os métodos de Rugai e Baermann-Moraes.

Esses métodos possuem maior sensibilidade especialmente para o diagnóstico de


Estrongiloidíase, na qual o diagnóstico é feito pela pesquisa de larvas microscópicas
nas fezes, que podem ser do tipo rabditoide (principalmente) ou, eventualmente, larvas
filarioides, como vimos anteriormente (Figura 23).

Figura 23 – Larva rabditoide de Strongyloides sp, visualizada


no diagnóstico de Estrongiloidíase
Fonte: ufsc.br

Método de Rugai
É um método criado para detecção e concentração de larvas de Strongyloides
stercoralis. Seu princípio é sedimentação espontânea por termo-hidrotropismo.

A utilização de água morna (40 a 42°C) favorece a migração das larvas para o fundo
do copo cônico. O método compreende colocar cerca de 5g de amostra fecal fresca em
uma gaze (dobrada em 4x).

Essa gaze forma-se uma espécie de “trouxinha” e se coloca em contato com a água
morna (não submergir). Deixa-se em repouso por no mínimo 30 minutos. Depois desse
tempo, retira-se a gaze com a amostra e se coleta o sedimento com uma pipeta.

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Em uma lâmina de microscopia, coloca-se uma gota de sedimento, uma gota de


solução de lugol, lamínula e se realiza a leitura em microscopia óptica nos aumentos de
10X e 40X (Figura 24).

Figura 24 – Método de Rugai


Fonte: Adaptado de REY, 2010

Método de Baermann-Moraes
O método de Baermann-Moraes, é muito parecido com o Método de Rugai e também
foi desenvolvido para a pesquisa de larvas (microscópicas) de Strongyloides stercolaris.
Tem como princípio o termo-hidrotropismo positivo, o que significa: termo (quente),
hidro (água), tropismo (afinidade, movimento), positivo (migração da larva).
Nesse método, podemos citar como vantagem a especificidade de detecção de larvas
microscópicas vivas e poucos artefatos na lâmina final. Como desvantagem é a utiliza-
ção de utensílios específicos, ocupa espaço e não é indicado para a detecção de outras
formas evolutivas.
Quer aprender como se faz esse método? Então, veja os passos a seguir (Figura 25):

Com auxílio de uma espátula, colocar


1 entre 8g a 10g de fezes frescas em
uma gaze dobrada em 4 partes.

Encher o funil com a mangueira


acoplada e pinçada com água a 45°C.
Depois, depositar a gaze com a
2 amostra sobre a água. Observação: a
gaze não pode ficar submersa na
água. Deve apenas encostar. Deixar
em repouso por 1 hora.

Após repouso, se a amostra continha


larvas, elas migraram para o final
da mangueira.
3 Coletar até 7ml de sedimento por
meio da mangueira. Colocar em
um tubo e centrifugar por 1minuto
a 1000rpm.

Após centrifugação, colocar o


sedimento em uma lâmina de
28 microscópio, com uma gota de
4 solução de lugol e realizar a leitura
Após repouso, se a amostra continha
larvas, elas migraram para o final
da mangueira.
3 Coletar até 7ml de sedimento por
meio da mangueira. Colocar em
um tubo e centrifugar por 1minuto
a 1000rpm.

Após centrifugação, colocar o


sedimento em uma lâmina de
microscópio, com uma gota de
4 solução de lugol e realizar a leitura
em microscópio óptico nas objetivas
de 10X e 40X.

Figura 25 – Método de Baermann-Moraes


Fonte: Adaptado de SIQUEIRA-BATISTA et al., 2020

• Qual a técnica mais utilizada na rotina laboratorial de parasitologia? E quais formas evolu-
tivas podemos visualizar nesta técnica?
• Quais são os reagentes que são utilizados na técnica de Ritchie? Quais são as camadas no
tubo resultantes no final da técnica?
• Para que o método de Kato-katz seja quantitativo o que é preciso? Explique os passos que
se devemos seguir nesta técnica;
• Explique a necessidade de uma técnica específica para o diagnóstico de Enterobiose;
• Porque são necessárias técnicas específicas para larvas de Strongyloides stercoralis?

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Parasitologia: Fundamentos e práticas clínicas
Faça a leitura dos capítulos 39, 42, 53, 56, 59, 60, 62, 78 e 87 deste livro. O livro
está disponível em sua biblioteca virtual.
SIQUEIRA-BATISTA R. et al. Parasitologia: fundamentos e prática clínica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.
https://bit.ly/3oE79X0

Leitura
Ascaridíase
https://bit.ly/2Xyhrfh
Ancilostomose
https://bit.ly/3nyqiIB
Estrongiloidíase
https://bit.ly/3sjisWU
Trichuríase
https://bit.ly/3nEYAK9
Enterobiose
https://bit.ly/3oGYbIk
Filariose
https://bit.ly/3qerySN
Oncocercose
https://bit.ly/3i6Pk03
Esquistossomose
https://bit.ly/35y403u
Fasciolose
https://bit.ly/2MPhJw8

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Referências
DE CARLI, G. A. Parasitologia clínica: seleção de métodos e técnicas de laboratório
para o diagnóstico das parasitoses humanas. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2010.

FREITAS, E. O.; GONÇALVES, T. O. F. Imunologia, parasitologia e hematologia


aplicadas à biotecnologia. São Paulo: Érica/Saraiva, 2015.

REY, L. Bases da Parasitologia médica. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

SIQUEIRA-BATISTA, R. et al. Parasitologia: fundamentos e prática clínica. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2020.

ZEIBIG, E. Parasitologia Clínica – Uma abordagem clínico laboratorial. 2.ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2014.

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