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21/12/2023, 12:52 Envio | Revista dos Tribunais

A necessidade de aperfeiçoamento do instituto da citação eletrônica: uma abordagem à luz do devido processo legal
sob a ótica do Direito Processual Civil contemporâneo

A NECESSIDADE DE APERFEIÇOAMENTO DO INSTITUTO DA CITAÇÃO ELETRÔNICA: UMA ABORDAGEM À LUZ DO DEVIDO PROCESSO
LEGAL SOB A ÓTICA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL CONTEMPORÂNEO
The need to improve the e-summons legal rules an approach in the light of due process from the perspective of contemporary Civil Procedural Law
Revista de Processo | vol. 334/2022 | p. 65 - 82 | Dez / 2022
DTR\2022\17302

Eduardo Metzker Fernandes


Mestrando em Direito Empresarial (Milton Campos/MG). Especialista em Direito Processual Civil (FDV/ES). Advogado. e.m.fernandes@hotmail.com

Elcio Nacur Rezende


Doutor em Direito pela PUC-Minas. Professor da Escola Superior Dom Helder Câmara e Professor da Faculdade Milton Campos. Procurador da Fazenda Nacional.
elcionrezende@yahoo.com

Área do Direito: Civil; Processual


Resumo: O artigo trata da citação por meio eletrônico no processo civil brasileiro. Apresenta a evolução do procedimento de citação eletrônica no ordenamento jurídico,
demonstrando a relevância do ato de citação para o desenvolvimento regular do processo. Aborda os riscos de a citação por meio eletrônico violar o princípio do devido processo
legal e a necessidade de se preservar a efetividade da prestação jurisdicional e o acesso à Justiça. Respaldado pelo método dedutivo, o artigo tem o objetivo de apresentar uma
análise crítica da legislação em vigor, concluindo que a nova modalidade de citação eletrônica por e-mail só deve ser utilizada após a criação de um banco de dados de endereços
eletrônicos pelo Poder Judiciário, e ainda assim, deve ser iniciada de forma gradual e cautelosa.

Palavras-chave: Direito Processual – Citação por meio eletrônico – Efetividade – Inovação – Segurança jurídica
Abstract: The article deals with the court summons by electronic communication in the Brazilian civil procedure. The evolution of the e-summons in the legal system is presented,
demonstrating the relevance of the court summons for the regular development of the proceeding. The risks that the court summons by electronic communication violates the
principle of due process and the need to preserve the effectiveness of the adjudication and access to justice are addressed. Supported by the deductive method, a critical analysis
of the current legislation is presented, concluding that the new modality of court summons by e-mail should only be used after the creation of a database of electronic addresses by
the Judiciary, and even then, it must be initiated gradually and carefully

Keywords: Procedural Law – Court summons by electronic communication – Effectiveness – Innovation – Legal certainty
Para citar este artigo: Fernandes, Eduardo Metzker; Rezende, Elcio Nacur. A necessidade de aperfeiçoamento do instituto da citaçãoeletrônica: uma abordagem à luz do devido
processo legal sob a ótica do Direito Processual Civil contemporâneo. Revista de Processo. vol. 334. ano 47. p. 65-82. São Paulo: Ed. RT, dezembro 2022. Disponível em: inserir
link consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA.
Sumário:

1.Introdução - 2.Citação: conceito, natureza jurídica e as suas modalidades - 3.A evolução legislativa do procedimento de citação por meio eletrônico no direito processual
brasileiro - 4.A citação por meio eletrônico sob a perspectiva da segurança jurídica - 5.Incertezas sobre o procedimento de citação eletrônica - 6.Conclusão - 7.Referências

1.Introdução
A citação é o ato pelo qual o réu é cientificado da existência de determinado processo e convocado para se defender. A sua importância para o desenvolvimento regular do
processo é patente, daí não se pode descuidar da necessidade de se garantir que a citação seja realizada de forma segura e previsível.
Seguindo o dinamismo do Direito e a orientação do Código de Processo Civil (CPC (LGL\2015\1656)) de 2015, há no direito brasileiro movimento crescente de implementação da
citação por meio eletrônico. Diante da relevância dessa novidade, seria de se esperar que o tema fosse positivado por meio de normas jurídicas precisas e específicas,
preservando o devido processo legal e garantindo segurança jurídica a todos os jurisdicionados.
O problema que ora se enfrenta consiste na aparente abstração e insuficiência das normas legais existentes sobre a citação por meio eletrônico no Brasil. Desse modo, as normas
jurídicas vigentes são suficientes para garantir a adequada implementação da citação por meio eletrônico?
A doutrina brasileira ainda é incipiente sobre o assunto. A maior parte dos estudos abordam os benefícios da citação eletrônica em relação à modernização e celeridade
processual, mas pouco se diz sobre a sua completude ante a necessidade de se garantir a regularidade do processo.
O tema central aqui abordado é a legislação vigente acerca do instituto da citação eletrônica no processo civil brasileiro, e o estudo tem como objetivo analisar a legislação atual
atinente à citação por meio eletrônico e verificar a necessidade de seu aperfeiçoamento para que o instituto seja utilizado sem violar o princípio do devido processo legal.
Dessa forma, justifica-se a pesquisa não apenas por se tratar de uma novidade na prática processual, mas, principalmente, porque a existência de lacunas na legislação sobre o
tema pode colocar em risco a regularidade do trâmite processual, a efetividade da prestação jurisdicional e o acesso à Justiça.
Para a devida exposição do tema problema, este artigo aborda a relevância do instituto da citação como garantia da regularidade do processo, a evolução legislativa da citação
eletrônica no processo civil brasileiro e a necessidade de se observar o devido processo legal para garantir segurança jurídica e evitar a ocorrência de nulidade processual por
defeito da citação eletrônica.
O método de pesquisa adotado foi o dedutivo na medida em que foram pesquisados a bibliografia atual mais consagrada e o entendimento jurisprudencial mais atualizado, tanto
no Brasil quanto no exterior, para que se conseguisse alcançar a finalidade proposta e resolver o problema aqui apresentado.
2.Citação: conceito, natureza jurídica e as suas modalidades
O conceito legal de citação pode ser extraído do artigo 238 do CPC (LGL\2015\1656) como sendo o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para
integrar a relação processual.

Pontes de Miranda afirma que “citação é chamamento com a cognição do objeto da causa pelo citado, para que possa defender-se, segundo o conceito da nota 1”.1 Na chamada
nota 1, Pontes de Miranda apresenta o conceito de citação a partir da sua análise etimológica:
“A citação, de acordo com o seu étimo, citare, que vem de ciere, é meter em movimento, incitar, como o seu correspondente grego, de que nos veio ‘cinema’. Nela há algo de
excitação. O que se tem por fito é mostrar-se o que se passa, para que o citado atue: pode ser que nada faça, pode ser que negue o que se lhe recitou. De qualquer modo, falar-
se de ‘chamar a juízo o réu, ou o interessado’ e de citar ‘a fim de se defender’ (art. 213) está certo.2
Para Araken de Assis:
“Estruturalmente a citação engloba tanto o chamamento a juízo (in jus vocatio), quanto a comunicação do conteúdo da pretensão (editio actionis). Em outras épocas, a legislação
processual brasileira já separou os dois atos, convocando o réu para comparecer em juízo, e, na audiência designada para tal fim, conhecer o conteúdo da pretensão do autor
(v.g., art. 514 do CPC (LGL\2015\1656)/RS, Lei 65/1908-RS). Em termos, é o regime vigente do direito italiano. O elemento da ciência decorre do art. 250, II. A aglutinação das
duas funções no mesmo ato imprimiu notável simplicidade e economia ao ato processual”.3
O art. 239 do CPC (LGL\2015\1656) assegura expressamente que a citação é ato indispensável para a validade do processo, exceto nas hipóteses de indeferimento da petição
inicial ou de improcedência liminar do pedido.
A citação, portanto, é ato revestido da maior relevância para o processo, pois serve para dar ciência ao réu da existência da ação e para lhe oferecer a oportunidade de se
defender. Por essa natureza, a citação deve ser cercada de todo o cuidado, evitando a surpresa da parte e a imposição de prejuízo processual ilegítimo, daí porque o paradigma
que sempre inspirou o instituto foi o da realização segura da citação e o da sua anulação quando existente defeito que compromete o exercício pleno da defesa.
Não há distorções acentuadas na doutrina com relação à importância da citação válida para o desenvolvimento regular do processo. Acerca da citação, José Roberto dos ­Santos
Bedaque diz que:
“Trata-se de um dos atos mais importantes do processo, pois dele dependem a plenitude da defesa e a efetividade do contraditório. Se o procedimento desenvolver-se sem
citação válida, o réu será considerado terceiro, com todas as consequências daí decorrentes, em especial no que se refere à coisa julgada.”4
No mesmo sentido, Fredie Didier Jr. afirma que a citação é uma condição de eficácia do processo em relação ao réu e um requisito de validade dos atos processuais que lhe
seguirem.5 Em razão disso, a citação é exigida em todos os tipos de processos e procedimentos, seja nas ações de conhecimento, na execução por título extrajudicial, no
procedimento comum e no especial, na jurisdição contenciosa ou voluntária.6

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Para Humberto Theodoro Jr., “tão importante é a citação, como elemento instaurador do indispensável contraditório no processo, que sem ela todo o procedimento se contamina
de irreparável nulidade, que impede a sentença de fazer coisa julgada.”7 A citação, assim, é elemento indispensável para dar ciência e convocar o demandado para integrar uma
relação jurídico-processual válida.
O artigo 246 do CPC (LGL\2015\1656) traz o rol com as cinco modalidades de citação previstas atualmente no processo civil brasileiro: meio eletrônico, correio, oficial de justiça,
escrivão ou chefe de secretaria e edital.
Com a informatização dos atos processuais, a citação por meio eletrônico recebeu tratamento representativo e passou a ser preferencial em relação às outras modalidades. De
acordo com a lei processual vigente, o procedimento previsto para a citação por meio eletrônico é realizado com o envio da citação aos endereços eletrônicos indicados pelo
citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamentação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ou através dos sistemas de processo em autos eletrônicos, nos
casos das empresas públicas e privadas.
A citação por correio é realizada por meio da elaboração e expedição de mandado pelos correios, com carta de aviso de recebimento, e deve conter o endereço do juízo e do
cartório, o prazo para a resposta do demandado, as cópias da petição inicial e do despacho do juiz que determinou a citação.
O procedimento de citação por oficial de justiça deve ser utilizado quando não for possível realizar a citação eletrônica ou pelo correio. Nessas hipóteses, quando determinado
pelo juízo, cabe ao oficial de justiça encontrar o réu para efetuar a citação entregando-lhe o mandado e a contrafé. Havendo suspeita de ocultação do citando, o oficial de justiça
pode intimar qualquer familiar ou vizinho de que voltará no dia seguinte a fim de efetuar a citação na hora que designar (citação por hora certa). Dessa forma, a citação será
realizada mesmo na ausência do citando.
A citação pelo escrivão ou o chefe de secretaria acontece quando o citando comparece ao cartório.
Não sendo possível a realização da citação do réu por nenhuma dessas modalidades (eletrônica, correio, oficial de justiça, escrivão ou chefe de secretaria), e constatando-se que
o citando é incerto ou desconhecido, ou quando ignorado ou inacessível o lugar em que se encontre, pode-se promover a citação por edital. Para não violar o devido processo
legal, a citação por edital deve ser utilizada excepcionalmente e determinada apenas nos casos previstos em lei, pois trata-se de citação ficta, isto é, aquela em que apenas se
presume que o réu teve conhecimento do ato.
3.A evolução legislativa do procedimento de citação por meio eletrônico no direito processual brasileiro
Dispondo sobre a informatização do processo judicial, comunicação de atos e transmissão de peças processuais, a Lei 11.419/2006 (LGL\2006\2382), conhecida como Lei do
Processo Eletrônico, inaugurou importante alteração do paradigma do meio físico para o digital no direito processual brasileiro.
O artigo 6º disciplinou que, além das intimações, as citações também seriam realizadas por meio eletrônico, em portal próprio (isto é, em sistema eletrônico de processo judicial), e
o artigo 5º estabeleceu a necessidade de a parte ou o interessado realizarem um credenciamento prévio para a efetivação da citação eletrônica. Assim, com a nova sistemática de
tramitação do processo judicial por meio eletrônico, a Lei 11.419/2006 (LGL\2006\2382) introduziu no ordenamento jurídico brasileiro uma nova modalidade de citação: a citação
por meio eletrônico, ou citação eletrônica.
Apesar do progresso gradativo em relação à informatização e à tramitação dos processos em meio virtual, não se viu, de imediato, o mesmo avanço em relação ao ato da citação.
Nessa perspectiva, o CPC de 2015, que tem como um dos seus objetivos a facilitação do acesso à justiça, procurou simplificar o trâmite processual (procedimento) para garantir
celeridade sem afetar o predicado da correta prestação jurisdicional. O tratamento mais abrangente dos atos eletrônicos e a preocupação com a privacidade das partes em
processos eletrônicos mostram que o legislador do CPC de 2015 desejou expandir a informatização nos processos judiciais.
Inicialmente, para viabilizar a prática da citação eletrônica, verificou-se indispensável que pessoas jurídicas de direito público e privado se cadastrassem nos Tribunais que atuam.
Assim, o CPC de 2015 inovou a disciplina da citação eletrônica ao estabelecer que a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as entidades da administração indireta
(art. 246, § 2º), as empresas públicas e privadas (art. 246, § 1º), excetuando-se as enquadradas como microempresa e empresa de pequeno porte, e o Ministério Público, a
Defensoria Pública e a Advocacia Pública são “obrigados” a manter cadastro (credenciamento) nos Tribunais para o recebimento de citação e intimação eletrônica, nos termos do
art. 2º, da Lei 11.419/2006 (LGL\2006\2382).8 Como afirma Fredie Didier Jr., o CPC de 2015 “impôs o dever de as pessoas jurídicas procederem ao cadastro perante os Tribunais,
ressalvadas as microempresas e as empresas de pequeno porte.”9
O artigo 196 do CPC delegou ao CNJ a atribuição de regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico. Também coube ao CNJ a missão de
velar pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários,
respeitadas as normas fundamentais do novo Código.
Em vista disso, a citação por meio eletrônico era realizada através dos sistemas de processo eletrônico dos Tribunais.
Conforme Leonardo Greco afirma:
“Ao criar essa nova modalidade de citação, o legislador adotou o sistema da autocomunicação (arts. 5º e 6º da Lei n. 11.419/2006 (LGL\2006\2382)), segundo o qual o destinatário
da citação é considerado citado no momento em que acessa o sítio eletrônico do tribunal e nele toma conhecimento da citação.
Entretanto, esse sistema de autocomunicação está vinculado a outro requisito, que é o cadastro prévio do destinatário da citação a esse serviço de comunicação processual por
meio eletrônico. Assim, é necessário, primeiramente, que o usuário desse serviço – seja ele parte ou advogado – faça o seu cadastro, de acordo com os artigos 2º e 5º da Lei n.
11.419/2006 (LGL\2006\2382).”10
Em 26 de agosto de 2021, foi promulgada a Lei 14.195/2021 (LGL\2021\11633), conhecida como Lei da Liberdade Econômica, que implementou relevantes alterações nas regras
relativas ao instituto da citação. A Lei da Liberdade Econômica incluiu o inciso VII ao artigo 77 do CPC (LGL\2015\1656), atribuindo às partes o dever de “informar e manter
atualizados seus dados cadastrais perante os órgãos do Poder Judiciário e, no caso do § 6º do art. 246 deste Código, da Administração Tributária, para recebimento de citações e
intimações”. Na mesma diretriz, a denominada Lei da Liberdade Econômica alterou o artigo 246 do CPC (LGL\2015\1656), que passou a ter a seguinte redação:
“A citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, no prazo de até 2 (dois) dias úteis, contado da decisão que a determinar, por meio dos endereços eletrônicos indicados
pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça.”11
Como se percebe, foi introduzido no ordenamento jurídico uma nova modalidade de citação por meio eletrônico. Surgiu, assim, a previsão legal de se remeter a citação eletrônica
diretamente ao endereço eletrônico informado pelo citando em bancos de dados do Poder Judiciário. A partir daí, o meio eletrônico passou a ser considerado, por lei, a forma
preferencial de se promover a citação.
Não se deve confundir a citação eletrônica atualmente prevista no § 1º do artigo 246 do CPC (LGL\2015\1656), que já existia no nosso ordenamento jurídico desde a promulgação
do CPC de 2015, com essa nova forma de citação trazida pela Lei da Liberdade Econômica. A primeira é aquela enviada pelos sistemas de autos eletrônicos dos Tribunais às
pessoas jurídicas cadastradas, e esta última se dá pelo simples envio de correio eletrônico (e-mail) ao citando.
Outra diferença se apresenta no fato de que, na citação eletrônica das pessoas jurídicas pelos sistemas dos Tribunais, considera-se realizado o ato processual no momento de
sua leitura pela parte ou após a fluência do prazo de dez dias corridos (artigo 5º da Lei 11.419/06 (LGL\2006\2382)), quando se presume a ciência do citando. Já na nova forma de
citação por meio eletrônico, enviada por e-mail, não há espaço para citação tácita, pois o citando deve confirmar o recebimento da citação e, se não confirmar, o ato será realizado
por outra modalidade.
Diante da ausência de confirmação do recebimento da citação eletrônica em até três dias úteis, a citação deverá ser realizada pelas outras modalidades previstas: correio, oficial
de justiça, escrivão ou chefe de secretaria ou por edital (artigo 246, § 1º-A do CPC (LGL\2015\1656)). Nesse caso, depois de citado, na primeira oportunidade, o réu deve
apresentar justa causa para a ausência de confirmação do recebimento da citação enviada eletronicamente, sob pena de ser enquadrado em ato atentatório à dignidade da
justiça, passível de multa de até 5% (cinco por cento) do valor da causa (artigo 246, §§ 1º-B e 1º-C, do CPC (LGL\2015\1656)).
De acordo com o artigo 246, § 4º do CPC (LGL\2015\1656), a nova citação eletrônica deve vir acompanhada das orientações para realização da confirmação de recebimento e de
código identificador que permitirá a sua identificação na página eletrônica do órgão judicial citante.
A norma vigente relativa às citações eletrônicas prescreve, ainda, que as microempresas e empresas de pequeno porte só serão citadas pelo outro meio eletrônico (acesso ao
sistema de processo em autos eletrônicos) “quando não possuírem endereço eletrônico cadastrado no sistema integrado da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da
Legalização de Empresas e Negócios (Redesim)”.12 Ou seja, as microempresas e as empresas de pequeno porte também devem ser citadas preferencialmente por e-mail
(artigo 246, § 5º do CPC (LGL\2015\1656)).
Nesse aspecto, o § 6º estabelece o dever de compartilhamento do “cadastro com o órgão do Poder Judiciário, incluído o endereço eletrônico constante do sistema integrado da
Redesim”.
Ainda, vale menção ao fato de que o novo regramento das citações eletrônicas não explicitou quais ferramentas tecnológicas podem ser utilizadas para a prática do ato processual
(aplicativos de mensagens, redes sociais, SMS), o que deve ficar a cargo da regulamentação do CNJ. Inclusive, porque a Resolução 354, de 19 de dezembro de 2020, do CNJ
estabelece no artigo 9º, parágrafo único, que aquele que requerer a citação ou a intimação deverá fornecer “os dados necessários para comunicação eletrônica por aplicativos de
mensagens, redes sociais e correspondência eletrônica (e-mail), salvo impossibilidade de fazê-lo”.13
Pontua-se, por fim, que as alterações promovidas pela Lei da Liberdade Econômica no instituto da citação eletrônica foram alvo de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
perante o Supremo Tribunal Federal (STF), a ADI 7005, proposta pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

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Em sua petição inicial, o PSDB sustenta que as alterações “padecem de graves inconstitucionalidades, porque imputam às partes ônus que são próprios do Poder Judiciário,
abrem enorme margem para crimes eletrônicos, e violam o devido processo legal.”14
Em fevereiro de 2022 os autos foram remetidos à conclusão com o parecer do Procurador-Geral da República assinalando que “também são materialmente constitucionais as
normas que estabeleceram a citação eletrônica como o meio preferencial de chamamento do réu ao processo.”15
4.A citação por meio eletrônico sob a perspectiva da segurança jurídica
Não obstante as inegáveis vantagens do uso de novas tecnologias no processo, não se pode descuidar da preservação da segurança jurídica. A modernização do procedimento
de citação eletrônica deve estar em consonância com a necessidade de garantia do devido processo legal e contraditório, preservando a efetividade da prestação jurisdicional e o
acesso à Justiça. Afinal, a preservação dessas garantias é essencial para evitar a ocorrência de nulidade processual por defeito da citação. Evidentemente, o processo eletrônico
e a citação eletrônica não podem comprometer a segurança jurídica.
O princípio da segurança jurídica tem vasta aplicação no mundo jurídico, mas deve ser compreendido aqui na sua vertente ligada à garantia processual constitucional de
efetividade da tutela jurisdicional.

Segundo J. J. Gomes Canotilho,16 a segurança jurídica deve ser entendida como “um elemento constitutivo do Estado de Direito, já que o homem necessita da segurança,
estabilidade para assim poder conduzir, planificar de forma autônoma e responsável a sua vida.”

De acordo com Fredie Didier Jr.:17


“O princípio da segurança jurídica e o princípio da confiança são, pois, facetas que se complementam semanticamente: a segurança é a faceta geral da confiança; a confiança, a
face particular da segurança. Trata-se de relação recíproca estrutural entre os conceitos, que se faz, ainda mais, evidente ao se considerar que o conceito contemporâneo de
interesse público não pode estar dissociado do de interesse privado.”
Os princípios constitucionais do processo, como o do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa são elementos jurídicos que garantem os valores da Constituição
da República. Para Cassio Scarpinella Bueno18:
“Eles ocupam-se especificamente com a conformação do próprio processo, assim entendido o método de exercício da função jurisdicional. São eles que fornecem as diretrizes
mínimas, embora fundamentais, de como deve se dar o próprio comportamento do Estado-juiz. Eles prescrevem, destarte, o ‘modo de ser’ (mais precisamente, de ‘dever-ser’) do
processo na perspectiva constitucional.

Sobre a gravidade do vício causado pela ausência de citação, José Roberto dos Santos Bedaque19 afirma o seguinte:
“Convém, desde logo, fixar entendimento a respeito da natureza do vício causado pela falta de citação. Trata-se, indiscutivelmente, de ato essencial à regularidade do
procedimento, pois viabiliza o contraditório. Mas, ainda que o réu não citado permaneça ausente, processo existiu. Há nulidade absoluta, que deve ser reconhecida de ofício.
Apenas isso.”
Em se tratando de alteração legislativa que introduziu novidades no procedimento de ato tão relevante para o processo, era de se esperar certa apreensão por parte dos
operadores do direito sobre a segurança jurídica.
O procedimento previsto para o ato da citação eletrônica e as ferramentas tecnológicas utilizadas para tanto devem propiciar segurança e previsibilidade para o citando, assim
como garantir convicção ao Poder Judiciário de que o réu foi efetivamente cientificado do ato. Caso contrário, a implementação da citação eletrônica vai causar prejuízos
processuais graves, deixando de proporcionar efetividade processual e segurança jurídica:
“A necessidade de maiores estudos sobre a citação eletrônica é evidente. O aperfeiçoamento do ato citatório, com adequação dele às novas ferramentas tecnológicas de
comunicações, é medida que se impõe, mas isso não pode ser realizado de forma afoita, com desprezo do contraditório, notadamente se levado em consideração que a citação é
um dos atos mais importantes do processo.
À doutrina, à jurisprudência e ao Conselho Nacional de Justiça caberá, então, o aperfeiçoamento da citação eletrônica, de modo que os princípios da celeridade, da economia
processual, da efetividade e do contraditório sejam devidamente preservados e equacionados. O processo civil moderno jamais deve se afastar da evolução tecnológica, mas as
garantias e princípios constitucionais processuais deverão ser sempre balizadores das modificações legislativas.”20
A implementação da citação por meio eletrônico, portanto, deve estar em estrita consonância com o princípio da segurança jurídica, sob pena de comprometer a validade do ato,
culminando com a nulidade do processo.
Mathew R. Schreck demonstra que não é apenas no direito brasileiro que existe preocupação em relação à prática dos atos processuais por meio eletrônico:
“Despite advantages to service of process by e-mail, there are several problems with permitting service in this manner. First, there are technological problems with e-mail. The main
technological problem is confirming that a defendant received notice of the claim against him. Second, the language of Rule 4 does not authorize service of process by email. Third,
and most importantly, service of process by e-mail conflicts with procedural due process requirements in most circumstances.”21
Fica claro, assim, que a implementação da nova modalidade de citação eletrônica deve ser realizada com a cautela necessária para evitar violação ao princípio da segurança
jurídica, o que pode prejudicar a concretização de um dos maiores benefícios da implementação da citação por meio eletrônico: a efetividade processual.
Apesar dos avanços legislativos acerca da citação eletrônica, há ainda imprecisões e incertezas que precisam ser resolvidas para evitar a ocorrência de nulidades.
5.Incertezas sobre o procedimento de citação eletrônica
Um dos grandes dilemas da citação por meio eletrônico é saber se, com a alteração do CPC (LGL\2015\1656) por meio da Lei de Liberdade Econômica, a citação por e-mail já
estaria apta a ser utilizada.
A citação eletrônica das pessoas jurídicas, que exige o cadastro prévio de um representante e é realizada com o envio de uma comunicação pelos sistemas eletrônicos dos
Tribunais, já está sendo utilizada nos últimos anos de acordo com a regulamentação própria de cada Tribunal. O mesmo não acontece com a citação eletrônica disciplinada no
caput do artigo 246 do CPC (LGL\2015\1656), aqui denominada de citação eletrônica por e-mail.
O dispositivo legal (artigo 246 do CPC (LGL\2015\1656)) é claro ao dispor que a citação eletrônica por e-mail deve ser remetida ao endereço eletrônico indicado pelo citando no
banco de dados do Poder Judiciário, conforme regulamento do CNJ. Ainda não se tem notícia de que o CNJ disponibilizou qualquer plataforma para armazenamento dos
endereços eletrônicos dos citandos como prevê o artigo 246 do CPC (LGL\2015\1656). É verdade que, desde 2016, o CNJ vem desenvolvendo uma plataforma unificada para o
recebimento de citações e intimações eletrônicas (Resolução CNJ 234/16 (LGL\2016\83158)), mas isso não se confunde com o banco de dados do Poder Judiciário previsto no
dispositivo supracitado.
Essa é uma dificuldade importante para a prática do ato da citação eletrônica, sugerindo a conclusão de que essa modalidade de citação só deve ser utilizada após a criação de
um banco de dados de endereço eletrônico pelo CNJ.
Nesse ponto, a legislação deixa brecha para algumas incertezas: As pessoas serão coagidas a fornecerem os seus endereços eletrônicos? Quem exercerá essa fiscalização? O
que acontece com quem não se cadastrar na plataforma a ser desenvolvida pelo CNJ?
Até que a plataforma do CNJ seja colocada em funcionamento, o cenário que se pode cogitar é aquele no qual a citação eletrônica seria remetida ao endereço eletrônico do réu
indicado na petição inicial pelo autor, sem qualquer garantia de que o ato será efetivamente recepcionado por ele.
É inevitável a constatação de que o ato da citação eletrônica por e-mail está suscetível a falhas e fraudes que colocam o réu em posição de extrema fragilidade processual. Até
aqui, não se vislumbra a existência de meios de controle efetivo para garantir que a confirmação do recebimento da citação por e-mail é válida, ou seja, que o e-mail indicado pelo
autor de fato pertence ao réu e que o réu foi quem efetivamente recebeu e confirmou a citação:
“Da forma como posta, além de incongruente em vários aspectos, a legislação deixa uma série de dúvidas a respeito de sua interpretação e aplicabilidade: qual a razão de ser e o
espaço que sobrou para a citação através do “cadastro em sistema de processo em autos eletrônicos”?, qual a forma adequada de citação de microempresas e empresas de
pequeno porte?, tornou-se vedada a citação por meio eletrônico da Fazenda Pública?; mas, o principal deles, sem dúvida, está na indagação a respeito do quanto a citação por e-
mail é capaz de assegurar a plena ciência do réu a respeito da demanda em face de si proposta.”22
É notória a incidência da tentativa de aplicação de golpes cibernéticos por meio de e-mails falsos em que os golpistas simulam uma mensagem de um Órgão Público. Não é
razoável, nessa perspectiva, exigir que os citandos tenham a destreza necessária para distinguir o e-mail citatório daqueles tantos outros fraudulentos. Não são poucos os casos
em que as mensagens eletrônicas são direcionadas diretamente à caixa de spam (lixo eletrônico), sendo certa, também, a realidade de que algumas pessoas utilizam mais de um
endereço eletrônico e a de que os endereços eletrônicos são substituídos por outros, situação em que o titular pode deixar de promover a retificação de seu cadastro.
A doutrina estadunidense identifica essas fragilidades nas comunicações processuais por e-mail e aponta algumas das dificuldades mencionadas anteriormente:
“Other scholars counter that, although it is now technologically possible to confirm that an e-mail has been delivered and opened, that confirmation does not demonstrate that the
defendant in fact read the e-mail. Although the concerns espoused by the Ninth Circuits in Rio Properties may no longer be valid in the context of e-mail service of process, some
scholars remain skeptical of employing e-mail service of process domestically. In support of their contention that e-mail service of process remains problematic, these scholars
emphasize that individuals often maintain multiple e-mail accounts, inboxes have limited storage capacities, and there is no way to confirm whether an attachment has been read.”23

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A regulamentação a ser editada pelo CNJ, assim, tem a árdua tarefa de verificar a identidade da pessoa que preencherá o cadastro no banco de dados e a correlação entre ela e o
endereço eletrônico indicado. Ainda que assim seja feito, como ficará a situação processual do réu na hipótese de a citação ser direcionada ao lixo eletrônico ou de ele não estar
mais utilizando o e-mail cadastrado? A legislação não responde.
Há quem poderia defender que esses dilemas ficariam enfraquecidos diante da possibilidade de o réu apresentar justa causa à não confirmação do recebimento do e-mail. No
entanto, é ilusória a ideia de que essa oportunidade conferida pela lei validaria as incertezas e imprecisões que ainda pairam sobre o instituto da citação eletrônica, pois a justa
causa não isenta o réu de sanções decorrentes da não confirmação do recebimento da citação eletrônica por e-mail.
Como visto, se o réu não apresentar justificativa, ou se ela for rejeitada, o CPC (LGL\2015\1656) prevê a aplicação de multa de até 5% sobre o valor da causa e qualifica o ato
omissivo como atentatório à dignidade da justiça (artigo 246, § 1º-C). E mesmo que assim não fosse, ou seja, mesmo que a justa causa isentasse o réu de todas as
consequências da não confirmação do recebimento do e-mail citatório, ainda assim não se poderia superar as imprecisões e incertezas legais apontadas. Visto que o legislador
optou por atribuir conceito indeterminado à justa causa, não cuidando de delimitar o seu alcance a determinadas situações. Isso contribui para a amplificação das dúvidas e
incertezas, colocando em risco, mais uma vez, a manutenção da segurança jurídica. Afinal de contas, o que constituiria justa causa? A pessoa que não utiliza ou acessa o seu e-
mail com frequência será obrigada a passar a fazê-lo? E se não fizer, essa realidade se enquadraria no conceito de justa causa? O e-mail citatório direcionado automaticamente
ao lixo eletrônico é hipótese de justa causa?
Acredita-se, por isso, que a realização de citação por e-mail antes da implementação regulada do banco de dados do Poder Judiciário acarretaria insegurança jurídica e risco de
ocorrência de falhas e fraudes. Em vista disso, entende-se que a citação eletrônica por e-mail só deve ser utilizada depois da criação pelo CNJ de um banco de dados de
endereços eletrônicos seguro e confiável. Ainda assim, é recomendável que a citação eletrônica por e-mail seja introduzida na prática forense com parcimônia, priorizando
situações em que seja possível obter a ciência inequívoca do réu sobre a existência da ação.
A importância de se implementar a prática da citação eletrônica de forma gradual é bem retratada na doutrina peruana:
“A fin de que las notificaciones electrónicas pueden aplicarse en la Administración de Justicia, se debe seguir una serie de etapas, siendo la primera, la implementación de un
programa piloto en las principales sedes del Poder Judicial. En esta primera etapa de implementación de las notificaciones electrónicas, se debe determinar que aquellos litigantes
que soliciten se les notifique por correo electrónico, se les notificará por dicha vía y además por cédula. El inicio del cómputo de plazo, así como los efectos jurídicos de la
notificación, se determinaría solo teniendo en cuenta la notificación por cédula, por lo tanto, la notificación realizada por correo electrónico, si bien llegaría con mucha mayor
rapidez, tendría un carácter meramente informativo.
Esta etapa tendría como objetivo principal sensibilizar a los litigantes, abogados y auxiliares jurisdiccionales en el uso de las nuevas tecnologías, siendo al inicio, una forma
opcional y voluntaria de notificación; otro de los objetivos sería analizar en la práctica las ventajas e inconvenientes del sistema de notificación por correo electrónico.”24
Em poucas palavras, as inúmeras incertezas que pairam sobre o instituto da citação eletrônica no Brasil podem afetar a segurança jurídica e comprometer o desenvolvimento
regular do processo.
6.Conclusão
Considerando a característica dinâmica do Direito e o valor que o instituto da citação compreende no âmbito do processo, é essencial que o legislador esteja atento à evolução da
sociedade e das relações sociais, especialmente aquelas relativas à comunicação dos atos processuais para compatibilizá-los à realidade. Assim, a citação por meio eletrônico
representa um avanço do direito processual brasileiro, pois está alinhada ao movimento consolidado de informatização do processo, que propicia celeridade e economia
processual.
Nada obstante, essa inovação processual deve ser analisada com o necessário cuidado em relação ao princípio da segurança jurídica. A implementação da citação eletrônica
deve ser feita para conferir efetividade à prestação jurisdicional sem violar o devido processo legal nem dificultar o acesso à Justiça. Caso contrário, a citação por meio eletrônico
acabaria gerando nulidade processual por defeito da citação, o que iria na contramão do objetivo da sua implementação.
A citação eletrônica prevista no § 1º do artigo 246 do CPC (LGL\2015\1656) já vem sendo utilizada no Brasil com as pessoas jurídicas cadastradas nos sistemas de autos
eletrônicos dos Tribunais. A Lei 14.195/21 (LGL\2021\11633), contudo, introduziu no ordenamento jurídico a citação eletrônica por e-mail (artigo 246, caput, do CPC
(LGL\2015\1656)), cujo ato citatório é remetido diretamente ao endereço eletrônico informado pelo citando em bancos de dados do Poder Judiciário.
O próprio fato de o legislador atribuir ao CNJ a regulamentação do banco de dados do Poder Judiciário mostra que as normas jurídicas precisam ser complementadas e
aperfeiçoadas.
Diante da ausência de normas mais específicas e completas sobre o instituto da citação eletrônica por e-mail, ainda há inúmeras incertezas sobre a prática desse ato processual.
Essas incertezas que decorrem de uma legislação deficiente podem vulnerar o princípio da segurança jurídica e atrapalhar o desenvolvimento regular dos processos caso a
citação eletrônica seja implementada de forma açodada.
Conclui-se, assim, que a citação eletrônica por e-mail só deve ser colocada em prática depois da criação de um banco de dados de endereços eletrônicos confiável e seguro pelo
Poder Judiciário. E mesmo quando essa etapa estiver superada, ou seja, quando o banco de dados estiver criado, ainda assim restarão lacunas na legislação que devem ser
preenchidas, como é o caso do conceito indeterminado de justa causa do artigo 246, § 1º-C, do CPC (LGL\2015\1656).
E para propiciar mais previsibilidade e segurança jurídica, a legislação deve conter um conceito determinado para justa causa e regulamentar de forma mais específica os
aspectos que envolvem o procedimento de citação eletrônica, diante das novidades implementadas pelo uso de novas tecnologias na comunicação dos atos processuais.
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1 .MIRANDA, Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil: arts. 154 a 281. Rio de Janeiro: Forense, 1996. Tomo III. p. 200.

2 .MIRANDA, Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil: arts. 154 a 281. Rio de Janeiro: Forense, 1996. Tomo III. p. 199.

3 .ASSIS, Araken de. Processo civil brasileiro: parte geral: institutos fundamentais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. v. 2. p. 1121.

4 .BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do processo e técnica processual. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 451.

5 .DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 17. ed. Salvador: Jus Podivm, 2015. p. 607.

6 .GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: teoria geral do processo de conhecimento (1ª parte). 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. v. 1. p. 198.

7 .THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 296.

8 .CARVALHO FILHO, Antônio; SAMPAIO JÚNIOR, Herval. Os Juízes e o novo CPC. Salvador: JusPodivm, 2017. p. 135.

9 .DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil. 18. ed. Salvador: JusPodivm, 2016. v. 1. p. 630.

10 .GRECO, Leonardo. Instituições de processo civil. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. v. 1. p. 298.

11 .BRASIL. Código de Processo Civil de 2015. Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm]. Acesso em: 27.05.2022.

12 .BRASIL. Código de Processo Civil de 2015. Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm]. Acesso em: 27.05.2022.

13 .BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução 354, de 19 de dezembro de 2020 que dispõe sobre o cumprimento digital de ato processual e de ordem judicial e dá outras
providências. Diário Eletrônico do Conselho Nacional de Justiça, Brasília, n. 366, 19 nov. 2020. Disponível em: [https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3579]. Acesso em: 28.05.2022.

14 .BRASIL. Supremo Tribunal Federal, Petição Inicial processo ADI 7005, Ação Direta de Inconstitucionalidade, rel. Min. Roberto Barroso, 23.09.2021. Brasília: Supremo Tribunal
Federal, 2021. Disponível em: [https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6264587]. Acesso em: 02.05.2022.

15 .BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Parecer da Procuradoria Geral da República processo ADI 7005, Ação Direta de Inconstitucionalidade, rel. Min. Roberto Barroso,
25.02.2022. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 2022. Disponível em: [https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6264587]. Acesso em: 02.05.2022.

16 .CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição: Lisboa, 2002. p. 256.

17 .DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil. 17. ed. Salvador: JusPodivm, 2017. v. 1. p. 155.

18 .BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016. p. 43.

19 .BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do processo e técnica processual. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 463.

20 .HERTEL, Daniel Roberto: Citação Eletrônica no Código de Processo Civil Brasileiro. Revista dos Tribunais, Brasil, v. 325/2022, p. 465-475, mar. 2022. Disponível em:
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21 .“Apesar das vantagens da utilização do e-mail, existem vários problemas em permitir o serviço desta forma. Primeiro, há problemas tecnológicos com o e-mail. O principal
problema tecnológico é confirmar que o réu recebeu a notificação da ação contra ele. Em segundo lugar, a linguagem da Lei não autoriza a citação por e-mail. Terceiro, e mais
importante, a citação por e-mail entra em conflito com os requisitos do devido processo legal na maioria das circunstâncias.” (Tradução nossa). SCHRECK, Matthew R. Preventing
“You’ve Got Mail”™ From Meaning “You’ve Been Served”: How Service Of Process By E-Mail Does Not Meet Constitutional Procedure Due Process Requirements, 38 J. Marshall
L. Rev. 1121, 2005. p. 1134.

22 .LIPPMANN, Rafael Knorr. O novo conceito de citação por meio eletrônico da Lei 14.195/2021: um passo para frente, dois para trás. Revista dos Tribunais, v. 1035/2022,
p. 287-302, jan. 2022. Disponível em: [www.revistadostribunais.com.br/maf/app/resultList/document?
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23 .“Outros estudiosos argumentam que, embora agora seja tecnologicamente possível confirmar que um e-mail foi entregue e aberto, essa confirmação não demonstra que o réu
de fato leu o e-mail. Embora as preocupações defendidas pelo Nono Circuito em Propriedades do Rio possam não ser mais válidas no contexto do serviço de processo por e-mail,
alguns estudiosos permanecem céticos em empregar o serviço de processo por e-mail internamente. Em apoio à sua alegação de que o serviço de processo de e-mail continua
problemático, esses estudiosos enfatizam que os indivíduos geralmente mantêm várias contas de e-mail, as caixas de entrada têm capacidade de armazenamento limitada e não
há como confirmar se um anexo foi lido.” (Tradução nossa). CLAIRE M. Specht. Text Message Service of Process - No LOL Matter: Does Text Message Service of Process
Comport with Due Process?, 53 B.C. L. Rev. 1929 (2012), [https://lawdigitalcommons.bc.edu/bclr/vol53/iss5/8], p. 1950-1951.

24 .“Para que as notificações eletrônicas sejam aplicadas na Administração da Justiça, uma série de etapas deve ser seguida, sendo a primeira a implantação de um programa
piloto nos principais poderes do Judiciário. Nesta primeira fase de implementação das notificações eletrônicas, os litigantes que desejarem ser notificados por correio eletrônico,
devem ser notificados por esse meio e também pelo meio tradicional. O início do cálculo do prazo, bem como os efeitos jurídicos da notificação, seriam determinados apenas
levando em consideração a notificação tradicional, portanto, a notificação feita por e-mail, embora chegasse muito mais rapidamente, seria meramente informativa. O principal
objetivo desta etapa seria sensibilizar litigantes, advogados e assistentes judiciais no uso das novas tecnologias, sendo inicialmente uma forma de notificação facultativa e
voluntária. Outro objetivo seria analisar na prática as vantagens e desvantagens do sistema de notificação por e-mail” (Tradução nossa). DUEÑAS, Pedro Álvarez. Notificación por
correo Electrónico en el Perú. Revista de Derecho YACHAQ, n. 7, Peru, 34-53, p. 50-51, jul. 2021. Disponível em: [https://revistas.unsaac.edu.pe/index.php/ry/article/view/740].
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