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Intelectuais e política
no Maranhão:
Perfis sociais e posições no espaço
literário maranhense (1945 - 1964)
1ª Edição
São Luís - MA
Editora IFMA
2018
Instituto Federal do Maranhão
Francisco Roberto Brandão Ferreira
Reitor
Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva
Pró-reitora de Ensino
Natilene Mesquita Brito
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação
Fernando Antônio Carvalho de Lima
Pró-reitor de Extensão e Relações Institucionais
Washington Luis Ferreira Conceição
Pró-reitor de Administração
Carlos César Teixeira Ferreira
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional
Gedeon Silva Reis
Diretor da Editora IFMA
Pró-reitoria de Extensão
Fernando Antonio Carvalho de Lima
Técnicos Administrativos
Maria do Socorro Silva Lages
Luís Cláudio de Melo Brito Rocha
Bibliotecário/documentalista
Michelle Silva Pinto
Ciências Agrárias
Delineide Pereira Gomes
Regia Maria Reis Gualter
Ciências Biológicas
Douglas Rafael e Silva Barbosa
Ciências Humanas
Odaléia Alves da Costa
Ciências da Saúde
Carolina Abreu de Carvalho
Engenharias
Orlando Donato Rocha Filho
Antonio Ernandes Macedo Paiva
Apoio Técnico
Diego Deleon Mendonça Macedo
Luís Cláudio de Melo Brito Rocha
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................. 9
A constituição das variáveis........................................19
A economia do trabalho............................................. 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................191
FONTES...........................................................................204
SITES...............................................................................206
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tam o desenvolvimento deste trabalho: como se ca-
racterizam socialmente os agentes e quais os trunfos
e recursos acionados e investidos no momento de in-
gresso na carreira literária? Quais os usos desta atua- 9
ção literária no decorrer do processo de afirmação
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através da percepção das posições ocupadas pelos
agentes no bojo de uma estrutura social determina-
da, analisando- se a relação entre o volume dos ca-
11
pitais (recursos, competências, qualidades etc.) que
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experiências e contatos qualificados em outros esta-
dos e no exterior), fazendo a ponte entre as “regiões”
mais “centrais” e a “local” quanto à pauta cultural,
13
conseguindo ascender socialmente e usufruir eleva-
do reconhecimento intelectual chegando a ocupar
no da literatura.
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ao estabelecimento “vitorinista”, instaura-se, neste
período, a aliança política intitulada por “Oposições
Coligadas”, agrupando em torno de si diversos par-
15
tidos e “intelectuais” que atuariam, principalmente,
através da publicação de livros e jornais, reivindi-
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cias do trabalho de dominação – ou seja,
de fatores externos à lógica interna do
funcionamento desse mesmo capital -,
que tendem a encaixar os filhos dos ‘pa-
rentes pobres’ [da oligarquia] nos postos 17
que estavam sendo abertos e cujo acesso
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tura das posições diferenciadas estabelecidas entre
os agentes e instituições, competindo no interior de
um espaço de lutas em torno da literatura. A consti-
tuição deste terreno social e da configuração promo- 19
20
fis sociais. Como observa Charle, este método oferece
o risco ao pesquisador de incorrer em uma espécie
Instituto Federal do Maranhão
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dos agentes (escolaridade, profissão, cargos públicos
ocupados etc.) que compõem o universo em pauta,
no intuito de investigar sua multiposicionalidade, di-
21
mensões e princípios de hierarquização, analisados
a partir dos investimentos feitos no âmbito cultural,
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versão de um domínio para o outro”, portanto, se-
melhantemente ao cuidado empregado por Eliana
Reis aos diferentes recursos (herdados ou adquiri-
23
dos) que possuíam os agentes que analisara (REIS,
2001, 2007), e tratando-se de semelhantes contextos,
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para os limites deste trabalho tomaremos os agentes
privilegiando suas atuações enquanto escritores12.
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dessemelhantes entre os agentes. Assim, a partir de
suas múltiplas posições e lógicas de atuação, anali-
samos a correspondência entre a estrutura das rela-
27
ções objetivas (entre produtores e espaço de produ-
ção) e subjetivas, investigando os alcances – e limites
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cionam através da mediação de uma rede de relações
que ligam os diversos domínios e segmentos sociais.
Além disso, recorremos à análise comparativa entre
os diferentes perfis sociais e da dinâmica de lutas sob 29
um plano “longitudinal e diacrônico” (REIS, 2007, p.
A ECONOMIA DO TRABALHO
Embora dividida em quatro capítulos, estes
atendem a um encadeamento orientado a partir do
plano mais geral das condições sociais que estrutu-
ram o espaço de atuação dos agentes, ao mais parti-
cular, em que se pode analisar melhor suas estraté-
gias de afirmação e as características dos diferentes
perfis sociais em relação às posições que ocupam
no espaço literário. Assim, podemos perceber com
maior clareza as condições sociais de consagração
de um conjunto de agentes que ingressaram na car-
reira literária entre os anos de 1945 e 1964.
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política: transição entre domínios, pretende demons-
trar o exercício literário como importante modalidade
de ação e consagração na arena política maranhense,
analisando a multidimensionalidade dos recursos in- 31
vestidos e dos princípios de legitimação que estrutu-
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espírito científico).
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Fonte: (HEINICH, 2008, adaptado). 35
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importância do discurso que lhe é con-
sagrado [...] O que conta, na realidade,
é a construção do objecto, e a eficácia
de um método de pensar nunca se ma-
nifesta tão bem como na sua capacida- 37
de de constituir objectos socialmente
insignificantes em objectos científicos
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ta-nos aqui analisar os agentes envolvidos nas lu-
tas simbólicas em torno da literatura no Maranhão,
investigando suas “armas utilizadas, as estratégias
39
postas em prática, levando em consideração não só
as relações de força entre as gerações e entre as clas-
ENVOLVIMENTO E DISTANCIAMENTO NA
RELAÇÃO COM O OBJETO
Mesmo atendendo ao princípio epistemológico
da primazia sobre o objeto analítico, há de se obser-
var que as delimitações do objeto empírico raramen-
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na relação entre pesquisador e objeto (ELIAS, 1999).
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ao fato de nos oferecer condições epistemológicas
a um progressivo “desencantamento” – por vezes
perturbador – de algumas representações típicas de
uma “tradição” nas ciências sociais sobre o papel do 43
CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO DE
DISPUTAS
Seguimos neste trabalho o princípio meto-
dológico de que para a compreensão das posições
e tomadas de posições de determinados agentes ou
grupos é necessário aplicarmos o modo de pensar
relacional, ou seja, compreendê-los a partir de sua
inserção em um espaço social de posições múltiplas,
situando “cada agente ou cada instituição em suas
relações objetivas com todos os outros” (BOURDIEU,
2005, p. 60). Outra observação presente, neste item,
diz respeito ao exame das “lutas de classificação
operadas pelos agentes sem abdicar dos instrumen-
tos analíticos que permitam explicar as estratégias e
lógicas de classificação de si e dos outros e suas re-
lações com as posições no espaço construído analiti-
camente” (REIS, 2007, p. 32).
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vocos de acepção da escrita destes agentes à espécie
de uma autocriação da produção literária, que, re-
produzindo a crítica feita por Bourdieu sobre uma
45
história da ciência tradicional, descreve o “processo
de perpetuação da [literatura] como uma espécie de
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investigação rigorosa dos “livros” e das “obras” em
superação de qualquer perspectiva de unicidade e
continuidade, enfatizando que “não é preciso reme-
ter o discurso à longínqua presença da origem; é pre- 47
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obra” (HEINICH, 2008, p. 32).
A ARTE E A SOCIEDADE
49
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ele: é esta relação que dá existência ao fenômeno,
conforme as
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A elaboração analítica do espaço literário aqui
realizada ampara-se nas abordagens desenvolvidas
pelos autores supracitados, de forma a substituir a
53
ênfase sobre as determinações entre posição social
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amálgama entre artefatos de uma história externa
e suas apropriações a partir dos conflitos internos –
que podem inclusive ter motivado a sua importação
– promove, como observa Reis “deslocamentos dos 55
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senvolvimento deste trabalho a percepção de Wolf
quanto ao papel social exercido por alguns agentes
que, pertencendo a “grupos voltados para a comuni-
dade”, dela se destacavam fazendo uma ponte entre 57
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pretes” e “negociadores” de realidades distintas.
59
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sigual distribuição do montante de capitais – sob
condições objetivas – e o seu peso relativo (BOUR-
DIEU, 2005), mensurado pelas propriedades sociais
dos agentes que constituem este espaço. Isto feito, 61
podemos analisar os condicionantes sociais para as
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monstram algumas condições sociais que estreitam
as relações entre a localização espacial na origem e
as possibilidades de ingresso na carreira intelectual.
63
Para uma compreensão mais geral das con-
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do com respeito ao nível médio, chegando a 88,8% e
culminando em 100% das instituições de nível supe-
rior situadas em São Luís.
65
Quadro 2: Concentração das instituições escolares
por graus de ensino.
862 810 9 2
Maranhão
(100) (93,9) (1,0) (0,2)
136 102 8 2
São Luís
(15,7) (12,5) (88,8) (100)
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Paraná 11 084 6 406 1 617 303
Curitiba 4 720 (42,5) 1 290 (20,1) 1 213 (75,0) 303 (100)
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil 1949. Rio de Janeiro: IBGE, v. 10, 1950.
Particulares
de ensino
Total
Municipais
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Estaduais
Federais
fundamental
65 65 11 1 1 9
Maranhão —
(100) (100) (16,9) (9,0) (9,0) (81,8)
68 Fonte: Anuário estatístico do Brasil 1941 / 1945. Rio de Janeiro: IBGE, v. 6, 1946.
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Fonte: repertórios biográficos e dados do IBGE. 69
70
Codó e Coelho Neto, respectivamente. Entre os anos
de 1927 e 1936, 6 nasceram em São Luís e 1 em cada
Instituto Federal do Maranhão
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Fonte: repertórios biográficos.
lectual maranhense.
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73
74
Instituto Federal do Maranhão
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Considerados a partir dos locais de obtenção
dos graus de escolaridade mais altos, os dados obti-
dos nos demonstram que o maior número de casos
identificados concentra-se em São Luís (12), distri- 75
buindo-se os demais por outros estados (9), no ex-
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rior, apontando para a necessidade de maiores in-
vestimentos deste tipo entre os egressos do “interior”
para que ingressassem na carreira literária.
Quadro 7: Locais de nascimento e de investimentos 77
escolares mais altos (%).
estados informados
escolares
5 3 2 10 20
São Luís -
(13,5) (8,1) (5,4) (27,0) (54,0)
7 2 6 1 1 17
“Interior”
(18,9) (5,4) (16,2) (2,7) (2,,7) (45,9)
4 3 2 1 10 20
São Luís
(10,8) (8,1) (5,4) (2,7) (27,0) (54,0
3 9 2 2 1 17
“Interior”
(8,1) (24,3) (5,4) (5,4) (2,7) (45,9)
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apresentar nos quadros apenas os cursos de maior
reconhecimento.
Quadro 10: Cursos de graduação entre os nascidos
em São Luís. 79
ESCOLARIDADE
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feitas por dois importantes estudos realizados sobre
os intelectuais brasileiros. Por um lado confirma-se
neste universo a observação feita por Miceli sobre a
81
relação que se estabelece entre a situação familiar
com relação ao pólo dominante no momento de in-
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trata-se de uma instituição vinculada à Arquidioce-
se Metropolitana de São Luís. Criada em 1955, teve
como primeiro presidente D. José de Medeiros Del-
83
gado e fora de grande importância para a fundação
da Universidade Católica, que abarcava as Faculda-
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pedagogia. Após concluir o mestrado em serviço so-
cial pela UFPR, especializou-se em dinâmicas de gru-
po pela Georgetown University de Washington. Tem
entre suas principais publicações projetos e ensaios 85
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Advogado 5 (13,5)
Médico 1 (2,7)
Bancário 1 (2,7)
Jornalista 19 (51,3)
Professor 5 (13,5)
87
Não Informados 6 (16,2)
Total 37 (100)
88
prevalece entre estes agentes a escolaridade em ní-
vel superior (36%), os demais possuem nível médio
Instituto Federal do Maranhão
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o jornalismo.
Cargos públicos / níveis N° de casos
Alto 6
Exerceram o
Jornalismo
Médio 7
Baixo 6 89
Não informados 6
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tico, econômico, notoriedade, etc.) as possibilidades
de reprodução de seu “prestígio” pelo granjeamento
de postos pouco valorizados na administração pú-
blica. Em outro sentido, possibilitou a ascensão de 91
instituições de consagração.
BACKGROUNDS, HANDCAPS
E PERFIS SOCIAIS
92
Entre os agentes que ingressaram na carreira
literária durante o período proposto encontram-se
Instituto Federal do Maranhão
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Presencia aos 16 anos a liderança de seus familiares
na atuação à frente das chamadas “Oposições Coli-
gadas”30, experimenta logo depois a retirada destes
familiares do cenário político, e, consequentemente,
93
das frações dirigentes. A proximidade destes agen-
34 Idem, p. 36.
35 Idem.
como Luso Torres, Manoel Sobrinho, Clodoaldo Car-
doso, Bacelar Portela e Nascimento Moraes). Lidera
o Comitê de Defesa da Ilha, de motivação ecológica.
O principal cargo público que ocupa é o de Auditor
Fiscal de Rendas da Secretaria da Fazenda do Estado
do Maranhão, cargo em que se aposentou.
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tos empresariais e escolares, a exemplo de João Mi-
guel Mohana (formado em medicina e psicologia, es-
pecializado em pediatria), Jamil Daud Murad Hiluy
(Comerciante, funcionário perito contador da firma
95
Chames Aboud & Cia e formado em teatro) e Maria
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Foi responsável, durante a década de 60, por impor-
tantes eventos em torno do teatro, cinema, música
e literatura no Maranhão. Ingressou na Academia
97
Maranhense de Letras em 1970, ocupando a Cadeira
de nº 3. Fundou, em 1975, o “movimento” Juventude
98
Instituto Federal do Maranhão
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rária das disputas faccionais, como atesta o comen-
tário feito por Josué Montello a esse respeito: “a sua
literatura nada tem de engajada ou comprometida.
É literatura mesmo, no sentido alto e nobre da obra 101
de arte. E obra de arte ajustada ao seu tempo”. “Ge-
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do Q.G. das “Oposições Coligadas”, você
sabe disso, não é? Aquele movimento
todo contra a posse de Eugênio Barros.
Aquele movimento foi todo feito em
nossa casa, sabia disso? Na Praça João 103
Lisboa, em frente à Igreja do Carmo38.
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Trazendo a lume esta relação entre as condi-
ções do capital de que dispunha a “família” no perío-
do em que estes agentes se lançam à carreira inte-
lectual, as possibilidades de herdá-lo e serem por ele 105
“herdados” e suas disposições para a atuação literá-
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ferendado principalmente pelos tios Lino Rodrigues
Machado e Marcelino Machado. O exercício literário
ocupa então o lugar de denegação do processo de
dilapidação do patrimônio familiar e a insegurança 107
material dela decorrente, sublimada em sua poesia.
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agentes analisados nas disputas em torno da afirma-
ção no espaço literário. Uma importante caracterís-
tica percebida neste universo social é a importância
conferida aos “movimentos” culturais como espaços 109
privilegiados de afirmação intelectual, através das
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co, por que não estar lá? Alguém que
é muito importante como jurista, por
que não estar? [...] na média, ou pre-
ponderantemente, uma das coisas que
eu acho que deve marcar a Academia, é
111
que eu acho que a Academia não é pon-
to de partida, não é da natureza dela.
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orientações e práticas dos agentes, bem como suas
possibilidades de inserção neste espaço através do
exercício de hierarquização e consagração de algu-
113
mas técnicas, escolas e problemáticas possíveis.
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Transitando os agentes por domínios diversos,
suas posições devem ser percebidas levando-se em
conta suas atuações tanto nas instituições estatais
quanto nas que se pretendem estritamente “literá- 115
rias” e independentes das relações de poder, assim
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síntese, o que se pretende é por em prática a com-
preensão de que a estrutura interna das obras é tam-
bém reflexo da estrutura do espaço social no qual o
117
próprio autor está situado.
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lho intelectual mais rentáveis e gratificantes, o que
equivale à tendência de aproximação/distanciamen-
to com o pólo mais dominante/dominado do estado
percebidas a partir dos gêneros aos quais mais se
119
dedicaram. Contudo, este e outros recursos não são
analisados descolados do contexto, em sentido am-
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ao longo de suas trajetórias, observa-se que aque-
les que iniciaram a carreira literária investindo em
gêneros relacionados à economia ou ao direito, ten-
deram a ocupar postos mais próximos do pólo do-
121
minante da administração pública (Procuradorias,
Promotor Público 1
Chefe do Contencioso da Caixa
1
Econômica Federal
Procurador Federal 1
122
Auditor Fiscal do Estado 1
Chefe da 3° Inspetoria Geral da
Instituto Federal do Maranhão
1
FUNAI
Direção de hospitais 1
Chefe de Gabinete (Município) 1
Reitoria da UFMA 1
Direção do IBAC 1
Membro do Conselho Nacional de
1
Direito Autoral
“Funcionário Público” (cargos
pouco expressivos dentro da
Baixo administração pública, como 8
Redator, Porteiro, Músico da
Banda Militar, etc.)
Não
9
Informados
Total 37
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outras vias no pólo “feminino” do Estado, ou mes-
mo vinculando-se a “movimentos” ou outros tipos
de instituições culturais. Destaca-se o número de es-
critores que ingressaram com a publicação de obras 123
n° de Não
Gênero Altos Médios Baixos
casos informados
Níveis dos cargos
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de coesão e diversificação social em que se encontra-
vam imersos estes “intelectuais” maranhenses. Em
grande parte descendente de famílias atuantes no
cenário político, algumas em processo de “desclas-
125
sificação” social, outras de ascensão e afirmação en-
18-25 2
26-30 3
31-35 3
36-40
41-45 1
46-50 2
51 ou + 6
Não Informados 2
Total 19
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Nível escolar n° de casos
Fundamental 2
Médio 4
127
Superior 5
Superior + pós 2
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elementos relativos a este lugar de “escritor puro” e
“solitário”45 por ele reivindicado e pelos demais ates-
tados, inserido em um espaço social cuja relativa au-
tonomia de suas leis específicas comprova-se apenas 129
sob a análise que opere uma antinomia entre teoria
e de ressentimento, ou da submissão
igualmente degradante aos gostos dos
dominantes, através do jornalismo, do
folhetim ou do teatro de bulevar. Crí-
tico obstinado do gosto burguês, opõe-
130
-se com o mesmo vigor à “escola bur-
guesa” dos “cavaleiros do bom senso”,
Instituto Federal do Maranhão
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Assim, observa Bourdieu que as obras literá-
rias seriam um
SOCIALIZAÇÃO, SOCIABILIDADES E
ESPAÇOS DE AFIRMAÇÃO LITERÁRIA
Além da importância que adquire a capital do
estado como principal centro de investimentos es-
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terária e faccionalmente. Além disso, servem-lhes os
jornais como importantes espaços de “sociabilida-
des e socialização, de tomadas de posição e criação
de vínculos variados, etc. de cristalização de lógicas 133
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vamos dizer, “acadêmica”, mas era
outro também que lia! O Almeida leu
uma vez o Thomas Mann, rapaz, José
e Seus Irmãos, ele lia aquilo e discutia
até com as prostitutas e conversava
com elas, sobre o que? Modigliane e so- 135
bretudo Jesus Cristo! [...] Nós passamos
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dicionais”, ou investindo contra os “vultos” estabele-
cidos exigindo sua substituição. Quanto ao primeiro
caso é exemplar a forma como se estrutura a AML e
o IHGM em sua relação com os Patronos, Fundado- 137
res de cadeiras e Ocupantes, cuja genealogia funcio-
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Quadro 24: “Movimentos” culturais*.
Nome n° de casos
Centro Cultural Gonçalves Dias 9
Grupo Movelaria 5
139
Grupo Ilha 3
Afluente 3
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primeira vez como bolsista do Governo italiano. Re-
gressou a São Luís na segunda metade da década de
40 e a partir de então promoveu diversas atividades
literárias e das artes plásticas. Muda-se para o RJ em
141
1949, continuando a publicar em jornais na colabo-
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liberdade e “dependente das fraudes eleitorais para
permanecer no poder” (CRUZ, 2003, p. 44). Como ob-
serva Igor Grill, estas “etiquetas” acionadas nas dis-
putas intelectuais e políticas no Maranhão 143
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de diversos autores na carreira literária54. A exem-
plo destes: Manoel Lopes e sua obra “Voz no Silên-
cio” em 1953 e José Sarney com “canção inicial”, em
1954, através da revista “Sacy”55 organizada por Lago 145
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considerados, justifica-se o percentual elevado dos
agentes que ocuparam tais funções administrativas,
buscando através do granjeamento das instâncias
“culturais” do estado, condições de sobrevivência,
147
física e principalmente literária, que um contexto
como o maranhense, sem uma relativa autonomia
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vas posições ocupadas pelos agentes. Assim, Nauro
Machado salienta as relações pessoais com o ho-
menageado, lembrando os elogios que dele recebia
149
como “grande poeta”, além de protetor dos ataques
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“consagrados” internacionalmente na literatura, con-
jugando a esta característica a tentativa de asseme-
lhação entre suas “biografias”, não sendo, portanto,
fortuitas as eleições, para seu trabalho de auto-repre- 151
59 Idem.
Nauro Machado não participou de qualquer
“movimento” cultural e insere-se no perfil dos que
ocupam os cargos públicos mais baixos, caracteriza-
do principalmente pelo baixo grau de escolaridade;
não teve experiências nacionais ou internacionais
que poderiam ser utilizadas como trunfos (formação
superior em outros estados, convívio com persona-
gens expoentes do “modernismo”, exílio, etc.) – mes-
mo não se tratando de formação superior, a breve
passagem de um semestre pelo colégio Mallet Soares,
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Mas a verdade é que de alguns anos
para cá, sobretudo a partir do gover-
no da minha querida amiga, senadora
Roseana Sarney Murad, ganhei o reco-
nhecimento oficial dos meus conterrâ-
153
neos, sendo até mesmo nome de praça
e tema da Escola de Samba Turma do
Editora IFMA
dos grandes críticos norte americanos
que consideram o Edgar Alain Poe de
“segundo time” da literatura, você sa-
bia disso, sabia? Enquanto os france-
ses reputam Edgar Alain Poe como um
155
grande mestre, que foi influenciador,
em parte, do movimento simbolista
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(através do qual publica seu primeiro livro, “Um
pouco acima do Chão” - 1949), Grupo Afluente, Mo-
velaria Guanabara, e liderou junto a Lucy Teixeira o
Movimento Anti-quentismo, todos estes no contexto 157
maranhense. Em 1962 ingressa no Centro Popular
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esperanças da vida do homem brasilei-
ro. É o Brasil mesmo, em versos ‘sujos’ e,
portanto, sinceros (In: GULLAR, 2004).
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sente e para o futuro. Colocou-os em
poemas.[...]
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sar de haver vivido fora de São Luís, desde os vinte
e um anos de idade, nunca haja saído daquela casa
com quitanda e com quintal”; o que jamais migrou
para o “centro” (Nauro Machado), reclama uma poe- 163
sia voltada pra “fora”, resignada pelo enraizamento
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domínios sociais, identificaram o exercício literário
como importante modalidade de ação e consagração
na arena política maranhense (GRILL, 2008; GRILL
& REIS, 2008; ALMEIDA, 2008). Igualmente apontam 165
para o entrelaçamento dos repertórios de atuação
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– destes “intelectuais” ao serviço público e ao se-
tor editorial em expansão, a ele vinculado – Cargos
ocupados junto ao SIOGE, Secretarias e Fundações
vinculadas à “cultura”. Isto implica na ênfase sobre 167
duas concepções adotadas ao longo deste trabalho e
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outros estados ou países. Importante ressaltar que
os agentes que atuaram politicamente nos momen-
tos “críticos” destes rearranjos passaram a referir-se
constantemente àqueles feitos, reatualizando-os e
169
revalidando sua importância e o caráter “excepcio-
nal” de suas atuações enquanto “intelectuais”.
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cipalmente com relação à formação em direito ou
acrescida de pós- graduação, e o nível dos postos que
ocuparam na administração pública. O quadro abai-
xo demonstra a relação entre a posse de títulos es- 171
Superior 5 3 1
Médio 1 3
Fundamental 2 1
N.I. 3 2 3
Total 10 10 8
Odontologia 1
Serviço Social 1
Medicina 1
Total
172 Fonte: repertórios biográficos.
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poder político “local” e apontando para a necessida-
de de se investigar outras formas de recrutamento e
recursos sociais exigidos para o ingresso na carreira
173
política eletiva no universo social que analisamos69.
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durante as décadas de 70 e 80, destaca-se como um
dos mais importantes espaços para as publicações dos
escritores “locais”, conforme se atesta na observação
feita por Arlete Nogueira da Cruz Machado:
175
Editora IFMA
Porém, encontram-se os “intelectuais” aqui
analisados situados em posições duplamente domi-
nadas, pois, se por um lado o domínio literário en-
177
contra-se subordinado a princípios de funcionamen-
CARGOS PÚBLICOS
A ocupação de cargos públicos se apresenta
como um dado preponderante na trajetória destes
agentes. Ao todo 28 dos 37 casos analisados exerce-
ram algum tipo de atividade na administração públi-
ca, ou seja, 75,6%.
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graus de escolaridade também mais baixos, mesmo
o único com formação superior possui o título de
graduação menos valorizado socialmente entre os ti-
pos identificados nesta pesquisa. Assim, distribuem- 179
CARGOS ELETIVOS
Em se tratando da ocupação de cargos eletivos
180
assim se distribuem os casos, considerados a partir
do exercício dos seus primeiros mandatos e os pos-
Instituto Federal do Maranhão
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deputação federal à presidência da República (José
Sarney). A segunda se refere à perspectiva de análi-
se adotada e ao processo de constituição do univer-
so empírico. Note-se que os recursos acionados, as
181
estratégias e os diferentes tipos de coalizões (BOIS-
182
outras instituições de consagração literária.
Instituto Federal do Maranhão
Quadro 30: Ocupantes de cargos eletivos.
Cargos Inst. de
Nome Cargos públicos
eletivos consagração
Antenor Prefeito Promotor Público AML; IHGM
Mourão Municipal de Grajaú e da
Bogéa de Grajaú; Capital; membro da
Deputado Procuradoria Geral
Federal do Estado; membro
e Presidente
do Conselho
Penintenciário do
Estado; membro do
Conselho Estadual
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de Cultura. Durante
o Estado Novo, foi
chefe da Divisão
de Imprensa do
Departamento
183
Estadual de Imprensa
e Propaganda, e
Pública
José Suplente de Diretor da Secretaria AML; IHGM
Sarney Deputado do Tribunal de
Costa Federal Justiça do Maranhão
(1954),
184 assumindo o
mandato em
Instituto Federal do Maranhão
1955, depois
reeleito em
1958 e 1962.
Governador
do Estado;
Senador;
Presidente
da República;
Senador
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que, sob a liderança de Genésio Rego, aglutinava-se
em torno da URM - União Republicana Maranhense;
a “marcelinista”, liderada por Marcelino Machado,
cujo principal veículo deintervenção era o jornal “O 185
combate”, de sua propriedade, e principal oposição
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século XX e com semelhantes formas de intervenção
dos intelectuais que atuaram em estados mais “cen-
trais” – principalmente os de MG, SP, RJ e PE -, em
relação ao contexto maranhense e com pretensões 187
nacionais , sendo o ajustamento da condição de “in-
72
Editora IFMA
sendo sempre contemporâneo ao docu-
mento oficial que a está registrando e
descrevendo, o que faz com que usu-
frua uma atualidade de caráter perene,
que permeia os diversos pronuncia-
189
mentos do governo provincial em dife-
rentes décadas, percebe-se que assina-
190
Instituto Federal do Maranhão
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Editora IFMA
lógicas de funcionamento de uma estrutura de rela-
ções sociais específica, tomando-se as condições de
ingresso na carreira literária em um dado período
(1945-1964) e os mecanismos de seleção que subja- 191
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os grandes feitos dos seus familiares, com ênfase so-
bre as características intelectuais dos seus ascenden-
tes, outros, membros de uma “nova classe superior”
(MILLS, 1968), investiram na aquisição de títulos de 193
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tégias de ativação, apropriação e transmissão de va-
lores, ícones e símbolos que conferem sentido à idéia
de continuidade” (GRILL, 2005, p. 525) nas disputas
em torno da afirmação intelectual, mantendo nosso
foco sobre o espaço social constituído por agentes 195
Editora IFMA
BACHELARD, Gaston. A formação do espírito cientí-
fico: contribuição para uma psicanálise do conheci-
mento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
197
Editora IFMA
no Rio Grande do Sul (1920-1960). Rio de Janeiro: Re-
vista Estudos Históricos, n° 32, 2003, p. 125-144.
Editora IFMA
lização brasileira, 1965.
69-292).
Editora IFMA
tro anual da ANPOCS, 2009.
FONTES
Antologia da AML, 1908-1958. AML: São Luís, 2008.
Editora IFMA
MOHANA, João. A grande música no Maranhão.
SECMA: São Luís, 1995. MORAES, Jomar. Perfis Aca-
dêmicos. Edições AML, 1993.
205
SITES
http://www.academiamaranhense.org.br
http://www.guesaerrante.com.br
http://www.ibge.gov.br
Editora IFMA
206
Instituto Federal do Maranhão
ANEXO I - JORNAIS CIRCULANTES NO
MARANHÃO NO PERÍODO DE 1945 A 1964
Título Localização Proprietário
Diário Oficial
do Estado do São Luís Jornal oficial do estado
Maranhão
Foram seus diretores Nery
de Medeiros (1914-1915); J.
O Imparcial São Luís Pires (1926-1944); Diários
Associados (a partir de
1945)
A Tarde São Luís Antonio Lobo
Diário de São
São Luís J. Pires & Cia
Editora IFMA
Luíz
Órgão da Sociedade
O Trabalho Caxias União Artística Operária
Eleitoral Caxiense
Cidade de Elizabeto Barbosa de
Pinheiro
Pinheiro Carvalho
207
O Combate São Luís Lino Machado
Euclides Barbosa (1932-
Azevedo
Diário Popular São Luís J. Pires
Êxito Codó
Órgão da Agremiação
Horizonte São Luís
Literária João Lisboa
Celso Bastos (1950); Luís
Jornal de Bolso São Luís
Rocha (1968-1970)
Jornal do Povo São Luís José Neiva de Souza
Órgão de divulgação da
Satélite São Luis Classe Satelista. Diretor,
Edgar Pantoja
Martins de Araújo e
União São Luís
Cláudio Ramos
Órgão do Grêmio Liceísta.
Folha Estudantil São Luís Diretor, Aucindo O.
Braúna
Jornal Pequeno São Luís José Ribamar Bogéa
O Monitor Codó
Novidades São Luís Antonio Afonso de Freitas
Industrial São Luís Ozandy Teixeira
Informação
São Luís
Agrícola
Órgão do Grêmio
Cultural Recreativo
Nosso Sentir São Luís Desembargador Joaqum
Santos. Diretor, Luís
Augusto Rêgo
O Popular Coroatá
Resistência São Luís Reginaldo Telles
Boletim
Arari
Paroquial
Correio da
Editora IFMA
São Luís
Semana
Jornal do Dia São Luís Senador Clodomir Millet
Reação São Luís Ney Milhomem
Troféu São Luís Dejar Martins
Fundado, mantido e 209
dirigido pela União
Alvorada São Luís
Gráfica Ateniense, do
Notícias Arari
Órgão oficial do Centro
O Liceu São Luís
Liceísta
Diário da
São Luís Deputado Newton Belo
Manhã
O Governo São Luís
Correio do Zuzu Nahuz; Amaral
São Luís
Nordeste Raposo