Você está na página 1de 31

INTRODUÇÃO

A energia eléctrica pode ser considerada um dos pilares mais importante para o
desenvolvimento técnico, económico, político e social do mundo actual. É por meio dela que
temos acesso à iluminação, transporte colectivo, proteção térmica e higiene, além de permitir
o estabelecimento de infraestrutura e fixação da produção nas indústrias, centros de pesquisa e
meios de comunicação. Por fim, contribui ainda para a disseminação da informação e
aquisição do conhecimento (Naruto, 2017).

Para que esse desenvolvimento seja viável, é necessário que haja uma união entre a
evolução tecnológica e as políticas governamentais para que, assim, o fornecimento de
energia eléctrica seja alcançável ao maior número possível de pessoas. Logo, o sistema
eléctrico necessita ser o mais eficiente, seguro, confiável, estável e previsível a fim de reduzir
os impactos negativos e proliferar as oportunidades para a sociedade e para as gerações
futuras que serão directamente dependentes dessa evolução e do progresso energético vigente.

O sistema eléctrico consolidado mundialmente é caracterizado pelas parcelas de


geração, transmissão, distribuição e consumo. Entretanto, actualmente, podemos verificar
mudanças significativas nessa topologia devido ao ingresso e rápida expansão da geração
distribuída no mesmo. Quais são os impactos desse novo modelo no sistema eléctrico actual,
quais são os procedimentos necessários para a sua inserção e o que deve ser realizado agora e
planeado para o futuro com o objectivo de prevenir os impactos negativos e explorar os
benefícios ao sistema eléctrico e, principalmente, à população? Essas perguntas são básicas,
mas cruciais para que o momento de transição no qual estamos vivenciando seja utilizado de
forma consciente para permitir que todos os caminhos possíveis sejam analisados e
explorados nesse novo conceito do sistema eléctrico que não deve ser subestimado (Naruto,
2017).

Actualmente a dependência e o conforto que a energia eléctrica traz as casas,


empresas, parques, vias públicas, essa dependência e conforto traz um custo muito alto ao
planeta grande parte da energia eléctrica produzida em todo o planeta tem origem na queima
de combustível fósseis e na energia nuclear, apenas uma pequena parte tem origem em fontes
de energia renováveis, os recursos para geração de energia não renovável irão se esgotar um
dia, além de que a queima de combustíveis fosseis, polui a atmosfera e contribui para o
aquecimento global, o chamado efeito estufa (Woruby, 2018).

1
As fontes renováveis representam 20% da produção de electricidade, e no futuro
com investimento e desenvolvimento tecnológico no sector, toda a necessidade de
electricidade ou pelo menos a maior parte dela poderá ser suprida pelo abastecimento de
fontes de energias renováveis, as energias solar e eólica que actualmente são consideradas
alternativas e tem pouca participação na matriz energética mundial serão as principais fontes
de energia para o futuro, podendo a energia solar fotovoltaica ocupar o lugar mais importante
na geração de energia eléctrica (Woruby, 2018).

A energia solar fotovoltaica é considerada uma fonte de energia limpa e sustentável,


muitas pessoas ainda desconhecem outras formas de geração de energia, e quais os benefícios
dessa, a Agencia Nacional de Energia Eléctrica, (ANEEL), através da resolução normativa n°
482, incentiva e regulamenta a geração de fontes alternativas de consumo de energia, porem
essa resolução ainda é desconhecida por uma boa parcela da população, esse talvez seja o fato
de não haver um consumo maior.

A importância do consumo uma fonte renovável, como a energia solar permite a


geração de energia eléctrica em locais de difícil acesso, onde ainda não dispõe de rede de
energia eléctrica, o consumo de energia solar fotovoltaica, proporciona a toda a população e
ao meio ambiente muitas vantagens, e isso motiva o desenvolvimento tecnológico (Woruby,
2018).

A metodologia aplicada neste trabalho, será uma Revisão de Literatura, no qual será
realizada, consultas a livros, dissertações, artigos científicos seleccionados através de busca á
livros, sites de pesquisas, relacionados a energia Solar fotovoltaica. Desta forma, requer
através deste estudo ampliar, os conhecimentos sobre o aumento e produção de energia
eléctrica com recursos a energia solar fotovoltaica, sendo esta uma energia proveniente de
recursos renováveis.

2
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Um dos maiores desafios do futuro próximo é obter a quantidade de energia limpa


necessária para tentar conter os efeitos do aquecimento global, reduzir a dependência de
combustíveis fósseis e aliviar o impacto económico da subida dos preços do petróleo. Uma
das melhores formas de resolver os problemas anteriores é a utilização de recursos de energia
renovável. Neste sentido, os sistemas de energia solar fotovoltaica desempenham um papel
fundamental na geração de electricidade. (Bayod-Rújula et al, 2013) De facto, verifica-se um
dos maiores crescimentos de utilização desta tecnologia para geração de electricidade na área
das energias renováveis e é expectável que essa tendência expansionista se verifique nos
próximos anos (Solar Power Europe, 2015)

Não obstante grande parte da produção de energia eléctrica angolana advir de fontes
renováveis, devido ao aumento populacional e ao grande custo e complexidade da construção
de novas hidroeléctricas, a poluição causada pelas termoeléctricas, a crescente demanda por
energia eléctrica contraposta a manutenção da oferta, desequilibra a balança da oferta e
procura, e como sabemos, quando a procura é maior que a oferta a elevação dos preços é a
consequência.

Situações idênticas a estas mencionadas acima levantam o seguinte problema: Como


implementar o sistema de energia solar fotovoltaica como forma do aumento de produção de
energia eléctrica em Saurimo?

JUSTIFICATIVA

A busca por novas fontes alternativas de energia está cada vez mais presente nos dias
actuais, uma vez que as tecnologias convencionais de energia que utilizam os combustíveis
fósseis causam negativos impactos socioambientais ao liberarem quantidades de gases
poluídos no meio ambiente e, por consequência, contribuem para o aquecimento global e para
as mudanças climáticas.

O cenário angolano possui com maior índice hidroeléctricas como fonte principal de
energia alternativa. No entanto, com o crescente aumento populacional, industrial e agrícola,
o consumo de energia vem aumentando no país e, além disso, as frequentes estiagens
acarretam crises hídricas, que prejudicam a oferta de energia no país, bem como o consumidor
final. Um dos principais motivos é que em períodos de seca há diminuição dos reservatórios

3
nas usinas hidroeléctricas, responsáveis pela maior parte da produção de energia eléctrica no
país.

Com isso, a geração de energia eléctrica fica prejudicada e as concessionárias


precisam contratar energia mais cara, como as usinas termoeléctricas. Por consequência, os
consumidores finais recebem cobranças adicionais na conta de luz e o valor é repassado para
as companhias, a fim de se compensar os altos gastos nesses períodos.

Nesta perspectiva, faz-se necessária uma melhor diversificação da matriz energética


angolana, a fim de que as concessionárias de energia eléctrica possam oferecer um serviço
mais accessivo e de melhor qualidade à população.

Vale evidenciar que a utilização da energia vinda do sol tem ganhado mais força, no
que diz respeito à geração de energia eléctrica de forma sustentável. A principal forma de
utilização da energia solar para geração de energia eléctrica é através dos sistemas
fotovoltaicos. Esta importância se dá pelo facto de esses sistemas serem silenciosos, por não
emitirem poluentes ao meio ambiente, além de não prejudicarem o ecossistema. Outra grande
relevância em se utilizar os sistemas fotovoltaicos é a redução do custo de produção de
energia à economia com a conta de luz, além de uma possível não dependência do
fornecimento de energia eléctrica pela distribuidora de energia eléctrica - sistema OFF-Grid; o
consumidor também ganha em autonomia energética.

Angola possui muita disponibilidade de recurso energético solar. Por este motivo,
pensou-se na necessidade de se contribuir com o aumento da participação da fonte solar na
matriz energética angolana, por meio de análises do sector eléctrico angolano.

Neste sentido, fez-se uma reflexão sobre o quanto esses sistemas podem contribuir
com o meio ambiente, a fim de se melhorar a qualidade de vida das pessoas.

OBJECTIVO GERAL

Implementar o sistema de energia solar fotovoltaica como forma do aumento da


produção de energia eléctrica.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar o marco teóricos sobre a energia solar fotovoltaica com base na


literatura existente;

4
 Analisar a implementação da energia solar como forma do aumento da
produção de energia eléctrica em Saurimo;
 Propor medidas para implementação da energia solar fotovoltaica como forma
do aumento da energia eléctrica em Saurimo.

ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está subdividido em 3 (três) capítulos e estruturado da seguinte


forma:

Capítulo I – Fundamentação teórica. Apresentação da revisão da literatura,


buscando fundamentar as ideias, ampliando a visão teórica acerca da proposta, dando o
embasamento para a discussão do tema. Nela é demostrado conceitos em torno do sistema de
energia solar fotovoltaica.

Capítulo II – Neste capítulo será apresentado apenas a parte metodológica do corpo


do trabalho onde iremos demostrar de forma sintética os métodos usados para a elaboração
desta pesquisa.

Capítulo III – Resultados: dentro deste capitulo será apresentado o resultado final
do trabalho bem como serão apresentadas as conclusões do trabalho e as propostas de
sugestões.

5
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. FUNDAMENTO DE ENERGIA

Segundo as ideias de Goldemberg e Lucon (2007) citado por Gatti (2018), a energia,
o ar e a água são ingredientes essenciais à vida humana. Nas antigas sociedades o custo desses
ingredientes era praticamente zero e a energia era obtida da lenha das florestas, e utilizada
para aquecimento e atividades domésticas, como cozinhar. Com o passar do tempo, o
consumo de energia foi crescendo, o que fez com que outras fontes fossem necessárias.

Ao longo da Idade Média, as energias provindas dos cursos de água e dos ventos
foram utilizadas, mas em quantidades insuficientes para suprir as necessidades da população
que era crescente, principalmente nas cidades. Após a Revolução Industrial, foi preciso usar
mais carvão, petróleo e gás, que têm um custo elevado para a produção e transporte até os
centros consumidores.

A energia que move o mundo pode vir dos recursos naturais como o vento, água, sol,
resíduos sólidos e combustíveis fósseis, como petróleo e gás natural. Essas são as fontes
primárias de energia. De acordo com o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf),
elaborado em 2011, as fontes secundárias de energia são transformadas a partir das fontes de
energia primárias; por exemplo, energia elétrica, gasolina, gás, óleo, alcatrão, carvão mineral,
vapor, entre outros.

Eficiência está relacionada com a capacidade de ser produtivo utilizando o menor


número de recursos e tempo possíveis (Zylbersztajn, 2005) citado por Gatti (2018). Quando se
trata de eficiência energética, significa atender às necessidades da economia utilizando menos
energias primárias para dessa forma agredir menos a natureza. Segundo o PNEf (2011) citado
por Gatti (2018), Eficiência Energética (EE) é o conjunto de acções de diversas naturezas que
ao mesmo tempo conseguem reduzir o consumo e suprir as demandas da sociedade
relacionadas a serviços de energia como transportes e uso em processos.

1.2. FONTES DE ENERGIA

Segundo Birnfeld (2014), as fontes energéticas podem ser classificadas em relação a


sua renovabilidade, ou seja, se sua disponibilidade é limitada em função do esgotamento de
suas reservas ou se possuem formas de renovação.

6
De acordo com dados EIA (2017), o petróleo é a fonte de energia mais consumida no
mundo e pode ser encontrado na natureza impregnado em rochas sedimentares. Nos diferentes
pontos de ebulição das substâncias que estão no petróleo, ocorre a separação para converter
em outros produtos. Entre os produtos obtidos estão o gás, a gasolina, o querosene e as ceras.
Todos eles têm influência no desenvolvimento da vida humana e no progresso tecnológico e
económico.

Segundo Geller (2003) citado por Gatti (2018), o avanço tecnológico é o principal
factor que pode contribuir para o aumento da oferta de energias renováveis, para assim reduzir
os custos de produção, que ainda são, na maioria das fontes, superiores aos custos das fontes
de energia de origem fóssil. Nesse sentido, esforços em pesquisa e desenvolvimento (P&D)
tecnológico por parte dos sectores público e privado, em diversos países e por empresas
líderes na área, têm reduzido substancialmente os custos de todas as energias renováveis.
Porém, dentre as várias fontes de energia destacamos as seguintes:

1.2.1. Energia hidroeléctricas

Em Angola a hidroeletricidade responde pela maior parte da produção da energia


elétrica (EIA, 2017). O potencial hidráulico ocorre de maneira natural, aproveitando os
desníveis existentes na natureza ou pode ser por meio de construções de barragem ou desvio
dos rios de seus leitos naturais. A energia cinética gerada pelo movimento da água é levada
até as turbinas que a convertem em energia elétrica por meio dos geradores que produzem a
eletricidade. Após este processo, a água segue para o leito natural do rio (Gatti, 2018).

A energia hidrelétrica apresenta factores favoráveis como ser renovável e


principalmente para países que possuem um grande potencial hídrico, como no caso de
Angola, pode ser uma grande vantagem em relação aos outros países. Contudo, existem
alguns factores desfavoráveis relacionados à energia hidroelétrica, como o desmatamento de
uma grande área para a construção de usinas e alagamento de áreas para realizar os desvios do
rio de seu caminho original (Gatti, 2018).

1.2.2. Energia biomassa

A biomassa energética apresenta uma grande variedade de fontes, que variam desde
os resíduos agrícolas, industriais e urbanos até as culturas dedicadas. Para sua produção é
necessária uma grande quantidade de tecnologias para os processos de conversão, que
englobam desde combustão para obtenção da energia térmica até processos físico-químicos e
7
bioquímicos complexos para a obtenção de combustíveis líquidos e gasosos e outros produtos,
e que variam em escala partindo da micro até a larga escala, segundo o (Relatório da Matriz
Energética Nacional de 2030, 2007 citado por Gatti, 2018).

1.2.3. Energia Solar

A utilização da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes,


denominado de aquecimento solar passivo, decorre da absorção da radiação solar nas
edificações, reduzindo a necessidade de iluminação e aquecimento, segundo a ANEEL
(2013). O uso de coletores ou concentradores solares aumenta o aproveitamento térmico.

A conversão directa da energia solar em energia elétrica ocorre pelos efeitos da


radiação (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores,
gerando dois efeitos o termoelétrico e o fotovoltaico. O efeito termoelétrico caracteriza-se
pela diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, em condições específicas.
No efeito fotovoltaico, os fótons contidos na luz solar são convertidos em energia elétrica, por
meio da utilização de células solares, de acordo com a ANEEL (2013).

Porém, para o presente estudo com a temática em torno do aumento da produção de


energia eléctrica em Saurimo, temos como a fonte de energia a solar, sendo esta o foco da
nossa pesquisa que passaremos a desenvolver nos subtemas a seguir.

1.3. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA: CONCEITOS E


APLICAÇÕES

Este subtema será dividido em duas partes, a primeira será contextualizada os


conceitos sobre energia solar, enquanto que a segunda parte abrangerá conceitos e aplicações
da energia solar fotovoltaica.

1.3.1. Conceitos da energia solar

No centro do Sol ocorre uma intensa actividade nuclear a qual gera uma grande
quantidade de radiação. Esta radiação emite uma energia em forma de luz chamada de fótons
os quais não possuem massa física, porém carregam uma enorme energia e impulso. Os fótons
podem conter energia ultra ou infravioleta, enquanto alguns podem conter luz visível. Em sua
trajetória em direção à Terra, colidem-se, são desviados e até destruídos quando em contato a
qualquer coisa que absorva radiação (Boxwell, 2016).

8
Basicamente todas as energias aproveitadas pelos seres humanos têm suas origens
vindas do Sol, sendo nossa principal fonte de energia, emitindo-as em formas de luz e calor.
Essas energias são suficientes para suprir milhares de vezes as necessidades energéticas
mundiais, porém apenas uma parte é aproveitada (Robert Foster et al, 2009 citado por
Almeida, 2019).

1.3.2. Radiação solar

A radiação solar é o recurso natural energético mais importante, pois é responsável


por basicamente todos os processos naturais que ocorrem na Terra. O Sol fornece uma enorme
porção de energia e boa parte é armazenada nos oceanos que ajudam a manter a temperatura
em equilíbrio. Equilíbrio este que permite a estabilidade de diversos tipos de vida ao redor do
planeta (Robert Foster et al, 2009) citado por Almeida (2019). O termo radiação solar é usado de
forma genérica, quando for utilizada em energia por unidade de área quadrada, denomina-se
irradiação solar (Cresesb, 2014). Segundo (Villalva, 2015), existem quatro tipos de radiação:
a) As directas as quais correspondem a incidência directa dos raios solares em
linha reta.
b) As difusas que correspondem a incidência de raios solares que chegam
indirectamente no plano.
c) As refletidas que correspondem a incidência de raios solares no solo.
d) As globais as quais correspondem a soma das radiações difusas, directas e
refletidas.
1.3.3. Declinação solar

A intensidade de radiação a atingir a superfície do nosso planeta depende de uma


relação geométrica entre a Terra e o Sol. O ângulo de inclinação da Terra é de 23.45° o qual
mantem-se constante em toda sua trajetória ao redor do Sol. Este ângulo de inclinação é
responsável por intensidades diferentes de radiação no planeta durante o ano. Portanto antes
de ser instalado qualquer sistema fotovoltaico faz-se a necessidade de um estudo prévio no
local a fim de conhecer os níveis de irradiação solar ao longo de um ano e sua trajetória
durante o dia. (Robert Foster et al, 2009 citado por Almeida, 2019).

1.4. SISTEMA FOTOVOLTAICO

Os sistemas fotovoltaicos apresentam um custo benefício e uma solução viável para


fornecer eletricidade. Podem ser ligados à rede elétrica (On-grid) ou serem autônomos (Off-

9
grid), apresentando características e componentes diferentes (Robert Foster et al, 2009 citado
por Almeida, 2019).

A produção de energia elétrica pelo método convencional é centralizada e longe do


ponto de consumo, resultando em perdas ao longo do sistema de distribuição, o que leva a
uma elevação do preço de custo da distribuição e causa danos ao meio ambiente a as
empresas. Quando falamos em energia fotovoltaica, pensamos em energia sendo gerada
próxima ao ponto de consumo, permitindo ainda uma melhor diversificação das tecnologias
utilizadas para a produção de energia elétrica.

No início, esses sistemas que conexão à rede elétrica foi concebida apenas para
centrais fotovoltaicas, sistemas de grande porte, pois havia a crença de que esses sistemas
resolveriam problemas específicos da rede tradicional. No entanto, de acordo com o avanço
da eletrônica, foram concebidos sistemas de pequeno e médio porte, objetivando atender
sistemas domésticos, que hoje correspondem a mais da metade do mercado fotovoltaico
(Athanasia, 2000 citado por Almeida, 2019).

Os sistemas fotovoltaicos podem ser classificados em: sistemas isolados (OFF-RID)


e sistemas integrados à rede (ON GRID ou GRID-TIE), é importante considerar que sistemas
que não são integrados a rede possuem baterias que armazenam a energia gerada, não sendo
necessário nos sistemas integrados pois nesses casos a energia produzida excedente pode ser
transmitida para a rede e ser localizada em outros locais (Chuco, 2007 citado por Almeida,
2019).

1.5. SISTEMAS FOTOVOLTAICOS (ON GRID & OFF GRID)

Nos sistemas OFF-GRID, possuem toda a energia gerada guardada em baterias, o


que assegura que o sistema atenda a demanda mesmo em períodos em que a incidência solar
seja insuficiente, funcionando da seguinte forma: o sistema capta a luz solar a partir das
placas fotovoltaicas, produz energia elétrica a partir e corrente contínua, essa energia passa
por um controlador de carga responsável pela proteção das baterias contra descargas
profundas e excesso de carga, toda esta energia será armazenada em um banco de baterias e só
então, passa por inversor de frequência que a converte de corrente contínua para corrente
alternada e só então é utilizada para consumo (Ribeiro, 2012 citado por Júnior e Souza, 2018).

Os sistemas ON GRID, possuem características semelhantes ao do sistema OFF


GRID, a diferença básica é que a energia elétrica proveniente das placas fotovoltaicas passam

10
por um inversor grid-tie que realiza a conversão de corrente continua em corrente alternada,
sincronizando-a com a frequência da rede (60Hz) a partir de um oscilador interno e ao mesmo
tempo limita a tensão de saída para que não seja maior do que a da rede, e, então, utiliza-se
um relógio de luz bidirecional que medirá a energia da concessionária, utilizada em períodos
que a energia fotovoltaica for insuficiente para atender a demanda, bem como a energia solar
gerada em excesso pelo sistema, que será inserida na rede da concessionária distribuidora de
energia elétrica (Braga, 2008 citado por Júnior e Souza, 2018).

1.5.1. Módulos fotovoltaicos

Os módulos fotovoltaicos funcionam como a unidade básica de um sistema


fotovoltaico, sendo compostos de células fotovoltaicas conectadas em arranjos, os quais
produzem tensões e correntes apropriadas para a utilização da energia elétrica, e assim
possibilitando gerar energia em qualquer local do planeta por meio da energia radiação solar.
Por este factor, esta tecnologia é utilizada como solução face à crise energética que o planeta
atravessa (Cresesb, 2014) citado por Almeida (2019).

O funcionamento dos módulos fotovoltaicos dá-se através do efeito fotovoltaico, um


fenômeno descoberto no ano de 1839 por um físico francês, chamado Edmond Becquerel, que
percebeu a produção de correntes elétricas em certos tipos de materiais, quando expostos a luz
solar (Boxwell, 2016). O termo foto refere-se à luz e o voltaico a voltagem. Este termo
descreve o processo de produzir uma corrente elétrica através da energia da radiação solar. O
referente fenômeno pode ocorrer em materiais sólidos, líquidos e gasosos. Entretanto é nos
materiais sólidos, especialmente em semicondutores que foram encontradas eficiências de
conversão aceitáveis (Robert Foster et al, 2009 citado por Almeida, 2019).

1.5.2. Características eléctricas do módulo fotovoltaico

Segundo Almeida (2019), as principais características de um módulo fotovoltaico são


corrente, tensão e potência nominal. A potência do módulo é dada em (Watt pico), e seu valor
é determinado sob as condições padrão de teste (STC, Standard Test Conditions). Essas
condições padrão de teste (ou condições de referência) são definidas para os valores de 1000
W/m² de irradiância, 25ºC de temperatura da célula e AM = 1,5 para a massa de ar. A máxima
potência é atingida quando se obtém a corrente de máxima potência e a tensão de máxima
potência.

11
Existem pelo menos três abordagens quanto ao circuito elétrico equivalente das
células solares: o modelo empírico (ideal), o modelo de um diodo, e o de dois diodos. Entre
eles, o mais aceito, é o de um diodo, também conhecido como modelo real.

1.5.3. Factores que influenciam o desempenho dos módulos

Quando expostos à luz solar, os módulos fotovoltaicos geram energia eléctrica em


corrente contínua. O desempenho desses depende da temperatura de operação da célula
fotovoltaica e do nível de irradiação solar a que os módulos estão sujeitos.

1.5.4. Diodos de Protecção

Em algumas situações os módulos podem receber sombras que causam o


aquecimento do material semicondutor. Isso acontece quando, ao invés de gerar, o módulo
recebe corrente. Esses locais são chamados de pontos-quentes (hot-spots), e danificam o
módulo permanentemente. Um exemplo disso se dá quando uma folha cai sobre o módulo, de
forma a cobrir uma célula, esta estará inversamente polarizada e passará a agir como uma
carga, convertendo eletricidade em calor (Almeida, 2019).

Outro diodo utilizado para proteção é o diodo de bloqueio. Esses são utilizados nas
fileiras de módulos em série para evitar que um módulo sombreado transforme a fileira inteira
em uma carga. Em alguns sistemas autorregulados, os diodos são utilizados para evitar que a
bateria se descarregue sobre o painel fotovoltaico. Nos sistemas que utilizam controladores
não é necessário, sendo até desencorajado o seu uso, pois o diodo provoca uma queda de
tensão, que em sistemas menores pode ser significativa (Almeida, 2019).

1.5.5. Arranjo de módulos

Os módulos fotovoltaicos podem ser associados em série e/ou em paralelo, para se


obter os níveis de corrente e tensão desejados (Almeida, 2019).

Na conexão em série, o terminal positivo de um dispositivo fotovoltaico é conectado


ao terminal negativo do outro dispositivo, e assim por diante. Para dispositivos idênticos e
submetidos à mesma irradiância, quando a ligação é em série, as tensões são somadas e a
corrente elétrica não é afetada.

12
1.6. INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Como foi visto até o momento, os painéis fotovoltaicos são capazes de fornecer
corrente apenas na forma de corrente contínua. Em algumas aplicações é possível aproveitar
esta corrente mas em muitos casos é necessário converter esta corrente em uma fonte de
corrente alternada (Dazcal, 2008 citado por Almeida, 2019).

O aparelho responsável pela transformação de corrente contínua para corrente


alternada é chamado de inversor. O inversor é capaz de transformar uma fonte de tensão de
12Vcc em uma fonte de 110 Vca,, 220 Vca com frequências de 50 ou 60 Hz, ou outras
combinações que possam ser interessantes para o sistema.

Esta conversão, no entanto, acarreta perdas elétricas da ordem dos 25 aos 9%, ou
seja, os inversores possuem eficiências que variam entre 75 e 91%. Isto se deve ao facto de
que o consumo do circuito inversor aumenta proporcionalmente com o aumento da potência
que está controlando. A forma de onda na saída dos inversores eram, inicialmente, quadradas,
mas actualmente encontram-se inversores que produzem formas de ondas aproximadamente
senoidais (Dazcal, 2008 citado por Almeida, 2019).

No caso de sistemas fotovoltaicos conectados a rede elétrica, os inversores são


conhecidos como grid-tie, cujo diferencial é o maior controle sobre a tensão, fase e
frequência.
De acordo com o modo de operação, os inversores grid-tie podem ser classificados
em dois tipos: controlados/chaveados pela rede e autocontrolados.

1.6.1. Inversores controlados pela rede

Esses inversores são constituídos basicamente de uma ponte de tiristores. O inversor


controlado pela rede utiliza a frequência e tensão da rede para chavear os tiristores. Se houver
queda de energia na rede, o inversor desliga-se automaticamente, ou seja, esse tipo de inversor
não funciona de modo autônomo. Durante o seu funcionamento são gerados pulsos de
corrente de onda quadrada, por isso este tipo de inversor também é chamado de inversor de
onda quadrada (Goetze, 2017).

As diferenças da forma de onda senoidal da rede elétrica provocam grandes


distorções harmônicas na tensão de saída, além do elevado consumo de potência reativa.

13
Devido a isso são utilizados filtros e dispositivos para limitar os harmônicos. Para isolar a
rede, é utilizado um transformador principal.

Essa tecnologia ainda é aplicada em equipamentos utilizados em sistemas de grande


potência. Para os sistemas menores, com potências até 5 kW, existem poucos fabricantes
desse tipo de inversor (Goetze, 2017).

1.6.2. Inversores autorregulados

Nesse tipo de inversor são utilizados dispositivos semicondutores que podem ser
ligados e desligados, em um circuito em ponte. De acordo com o nível de tensão e
desempenho do sistema, os componentes eletrônicos utilizados são o MOSFET, transistor
bipolar, GTO e IGBT (Goetze, 2017).

1.6.3. Factor de dimensionamento do inversor

A razão entre a potência nominal do inversor (9Ne4*) e a potência nominal ou de


pico do gerador fotovoltaico (9NX*) é definida como factor de dimensionamento do inversor
(FDI) (Goetze, 2017).

O valor FDI, por exemplo, de 0,8 indica que a capacidade do inversor equivale a
80% da potência nominal ou de pico do gerador fotovoltaico.

1.7. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO

O dimensionamento de um sistema fotovoltaico completo requer conhecimentos


técnicos específicos, necessitando assim de pessoal técnico qualificado (Goetze, 2017).

Como visto no capítulo anterior, o dimensionamento dos componentes do sistema


de microgeração fotovoltaica é baseado em três factores específicos: irradiância, temperatura
ambiente e potência a ser atendida. Com base nessas informações busca-se a otimização dos
módulos fotovoltaicos e do inversor de frequência a partir de suas características elétricas e
das condições do ambiente.

1.7.1. Local de instalação

Pode ser observado que o local apresenta características predominantemente rurais,


com pequenas edificações e área verde predominante. As perdas na captação da energia
proveniente do sol nesses ambientes tendem a serem menores, uma vez que em sistemas

14
instalados em ambiente urbano é mais provável a existência sombreamento, inclusive
sombreamento parcial, e interferência de superfícies reflexivas próximas.

1.7.2. Avaliação do recurso solar

Para encontrar os dados de irradiância e temperatura para o local da instalação é


utilizado o programa de computador RADIASOL2. Este programa incorpora dados de
irradiação e de temperatura em base mensal obtidos no Atlas Solarimétrico e do programa
SWERA (Solar and Wind Energy Resources Assessment). O usuário define o ângulo de
inclinação, ângulo de orientação azimutal e o coeficiente de reflexão (albedo) para que o
programa sintetize dados horários de irradiação. A melhor orientação é voltada para a linha do
equador e a inclinação dos painéis de maior produção é aquela onde a luz incide o mais
perpendicular possível ao plano dos módulos fotovoltaicos, o que equivale aproximadamente
ao valor da latitude do local.

1.7.3. Dimensionamento dos módulos fotovoltaicos

Para dimensionar o gerador fotovoltaico primeiramente verifica-se os modelos


comercializados actualmente. Os critérios estabelecidos na escolha do módulo são: potência,
eficiência e preço, onde o maior custo benefício é obtido pelo modelo fabricado pela Yingli
Solar. Certificados e garantia também são factores decisivos na escolha. Os painéis
fotovoltaicos da Yingli possuem o selo do INMETRO e PROCEL, além de certificados para
as principais normas europeias e americanas. A garantia apresentada pelo fabricante é de 10
anos para defeitos de fabricação e 25 anos de produção mínima de energia.

1.7.4. Escolha do Painel

A escolha do painel solar é determinada a partir da sua capacidade de geração em


Ah. Deve-se seguir, então, as orientação descritas abaixo, para que a capacidade de geração
do arranjo seja calculada de maneira satisfatória:

a) Calcular o valor da potência exigida por cada equipamento, em W;


b) Multiplicar a potência de cada aparelho e/ou dispositivo de utilização média
diária para obter o valor da potência em Wh/dia;
c) Calcular o valor total da potência, em watts-hora/dia, somando o valor obtido
em (ii);

15
d) Dividir o valor da potência total de (iii) pela tensão do sistema para obter,
então, a corrente necessária ao módulo, em Ah/dia;
e) Dividir a corrente obtida em (iv), em Ah/dia, pela menor média mensal de
isolação diária para chegar, finalmente, ao valor da corrente necessária ao módulo, em Ah;
f) Com o valor em Ah (v) escolhe-se o painel que iguala ou supera este valor no
catálogo de preferência.
1.8. TIPOS DE SISTEMA FOTOVOLTAICO
Segundo Goetze (2017), um sistema fotovoltaico pode ser classificado em três
categorias:
 Sistema Isolado (ou autônomo);
 Sistema Híbrido;
 Sistema Conectado à rede de distribuição.

Os sistemas isolados, ou autônomos, são aqueles que produzem eletricidade


independentemente de outras fontes de energia. Estes podem alimentar cargas de corrente
contínua e/ou de corrente alternada, dependendo da aplicação desejada. Neste tipo de
operação, pode ser necessário o uso de baterias, e os elementos que irão compor o sistema
podem variar de acordo com as necessidades exigidas. Na Figura 26 é apresentado um
diagrama que representa a operação de um sistema isolado alimentando cargas CC e CA.

Os sistemas híbridos são os sistemas isolados operando em conjunto com outros


geradores, como os eólicos, a diesel, a gás, a gasolina, etc. Em algumas situações, essa união
pode ser mais vantajosa e econômica do que um sistema fotovoltaico operando de forma
autônoma, já que acarreta na redução da potência instalada de painéis solares, diminuindo
assim, os custos totais.

1.9. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A geração distribuída (GD) é a geração e armazenamento de energia elétrica em


pequena escala, mais próximo ao centro de carga, com opção de interagir, ou seja, comprar ou
vender com a rede, e, em alguns casos, considerando a máxima eficiência energética (Olade,
2011 citado por Goetze, 2017).

Denomina-se GD como um tipo de geração elétrica que se diferencia da realizada


pela geração centralizada por ocorrer em locais em que não seria instalada uma usina geradora

16
convencional, contribuindo assim para aumentar a distribuição geográfica da geração de
energia elétrica em determinada região.

Esse cenário, portanto, torna o investimento na geração distribuída cada vez mais
atrativo e inúmeras vantagens para o setor elétrico são obtidas com esse método de geração de
energia. A seguir são listadas as principais delas segundo Goetze (2017):

a) A GD é economicamente atraente na medida em que reduz os custos, adia


investimentos em subestações de transformação e em capacidade adicional para transmissão,
além de reduzir perdas nas linhas de transmissão e distribuição, perdas reativas de potência e
estabilidade na tensão elétrica;
b) a diversidade de investimentos privados gerados pela GD, tende a ampliar o
número de agentes geradores e participantes do setor elétrico, distribuídos regionalmente;
c) atendimento mais rápido ao crescimento da demanda (ou à demanda reprimida)
por ter um tempo de implantação inferior ao de acréscimos à geração centralizada e reforços
das respectivas redes de transmissão e distribuição;
d) diminuição da dependência do parque gerador despachado centralizadamente,
mantendo reservas próximas aos centros de carga;
e) agilização no atendimento ao crescimento da demanda, inserindo menor prazo
e menor complexidade no licenciamento e na liberação para implantação dos projectos;
f) aumento da estabilidade do sistema elétrico, pela existência de reservas de
geração distribuída;
g) redução das perdas na transmissão e dos respectivos custos, e adiamento no
investimento para reforçar o sistema de transmissão;
h) o uso de unidades de menor capacidade propicia o equilíbrio na busca de
melhores taxas variáveis de crescimento de demanda, contribuindo na redução de risco
associados a erros de planejamento e oscilações de preços ao sistema elétrico;
i) contribuição para a abertura do mercado energético, com a criação de
regulamentação jurídica própria, que podem representar uma grande oportunidade comercial.

No entanto, o sistema também apresenta alguns pontos que geram bastante discussão
no setor elétricos, a seguir são citadas as principais:

a) A concessionária a qual vai se conectar um produtor independente pode ser


apenas transportadora e não compradora da energia que lhe é entregue por aquele produtor
para um cliente remoto;

17
b) Maior complexidade no planejamento e na operação do sistema elétrico;
c) Maior complexidade nos procedimentos e na realização de manutenções,
inclusive nas medidas de segurança a serem tomadas e na coordenação das atividades;
d) Possível diminuição do fator de utilização das instalações das concessionárias
de distribuição, o que pode aumentar o preço médio de fornecimento das mesmas;
e) Remuneração de investimentos de concessionárias, decorrentes ou afetados
pela interconexão.
1.10. VIABILIDADE ECONÓMICA

Para determinar a viabilidade económica do projecto é calculado tempo de retorno


do investimento, onde são comparados os valores de investimentos e a economia gerada ao
longo do tempo. Como resultado verifica-se se o projecto apresenta lucro ao investidor e em
quanto tempo esse lucro é obtido.

No projecto proposto são considerados os custos do inversor e dos módulos em


comparação com a economia na factura de energia elétrica junto à distribuidora. Também é
estimado um custo de instalação do sistema como disjuntores, caixa de distribuição, cabos,
entre outros.

De acordo com a relação de geração e consumo do sistema fotovoltaico, constatou-


se que a energia solar gerada irá suprir 100% do consumo da residência. Dessa forma, o custo
mensal de energia da residência será referente à tarifa de disponibilidade cobrada pela
distribuidora de acordo com o tipo de conexão.

A vida útil de um sistema fotovoltaico conectado à rede é estimado entre trinta e


quarenta anos. O modelo de painel fotovoltaico escolhido no projecto deve ter garantia de
vinte e cinco anos para produção de pelo menos 80% da potência nominal e o inversor tem
garantia de três anos sendo o tempo de vida útil estimado em 10 anos, podendo chegar a 15 ou
mais, dependendo das condições do ambiente.

18
CAPÍTULO II – MÉTODOS E TÉCNICAS

Tipo de Pesquisa
O tipo de pesquisa mais adequado para o trabalho foi pesquisa exploratória.
Rodrigues (2007) apud Cavalcante (2018), dá o seguinte conceito para pesquisa exploratória:
“Seu objectivo é a caracterização inicial do problema, de sua classificação e de sua definição.
Constitui o primeiro estágio de toda pesquisa científica”.

Portanto, pesquisa exploratória será o tipo mais adequado ao trabalho que se


embasou em fazer uma vasta revisão bibliográfica sobre o sistema de energia solar
fotovoltaica bem como a sua implementação. Nesse contexto, foi feito uma revisão
bibliográfica para explicações e detalhamento do objecto em estudo através de livros, artigos,
papers, monografias, normas técnicas, legislações, bem como apresentações da internet.

Tipos de Métodos

De acordo com Lakatos e Marconi (2007), “método é o conjunto das actividades


sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objectivo –
conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e
auxiliando as decisões do cientista”.

Indutivo: usou-se este método, por ser responsável pela generalização, isto é,
partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral (Freitas e Prodanov,
2013). Assim sendo o método indutivo permitirá por meio da análise do Município de
Saurimo sobre o aumento da produção de energia eléctrica, os resultados obtidos se considere
para os demais Municípios da Província bem como do País.

Análise síntese: uma vez que para a construção do Iº capítulo, bem como para a
estruturação do presente trabalho houve toda uma necessidade de se recorrer a consulta de
livros, artigos científicos, trabalhos já realizados e outros materiais bibliográficos e que o seu
conteúdo não precisa ser lançado na totalidade para este estudo, seleccionou-se e sintetizou-se
apenas aqueles que pareceu ser mais valioso para a pesquisa e este processo é típico da análise
síntese, justificando-se assim o recurso a este método.

Etapas da Pesquisa

Para a elaboração desta pesquisa foi necessário delimitar o tema, aumento da


produção de energia eléctrica em Saurimo.

19
Feito isso foi elaborado uma revisão de literatura através da busca na internet por
artigos, livros e projectos conceituados artigos a fim de se inteirar do que se tem a respeito do
aumento de energia eléctrica. Para isso procurou-se palavras chaves como energia eléctrica,
fontes de energia, energia solar, energia solar térmica, produção de energia e outras.

20
CAPÍTULO III – RESULTADOS

3.1 – Caracterização do Município de Saurimo

Saurimo é uma cidade e município de Angola, sendo a capital da Província da Lunda


Sul. Tem cerca de 423.548 habitantes de acordo com os últimos dados do senso populacional
de 2014. Ocupa uma área de 24.900 km².

É a norte limitado pelos municípios de Lucapa e Cambulo, a este pela República


Democrática do Congo, a sul pelo município do Dala, e a oeste pelos municípios de Cacolo e
Lubalo. É constituído pelas comunas de Saurimo, Mona Quimbundo e Sombo.

Situado na região Centro-Leste de Angola, tem uma altitude de 1081 m ao nível do


mar.

3.2 – Situação Actual da Energia Eléctrica em Saurimo

A capacidade de fornecimento de energia eléctrica em Saurimo, capital da Lunda


Sul, aumentou de 15 para 19,5 megawatts em 2018, com a entrada em funcionamento de uma
nova central térmica situada no bairro Txicumina, segundo o Jornal de Angola “Edição
Novembro” em 2018. O anúncio foi feito pelo director provincial da energia e águas, António
Piedade, que sublinhou que a população da região beneficia até então de energia através de
três centrais térmicas e da barragem hidroelétrica do Chicapa, situada a cerca de 20
quilómetros de Saurimo e 12 as Sociedade Mineira de Catoca.

Ainda no ano de 2018 segundo o director António Piedade estava em curso a


construção de mais duas centrais térmicas em Saurimo para fornecer 19,6 e 20 megawatts de
energia na cidade.

Verifica-se uma grande vontade do Executivo em aumentar a capacidade de energia


a nível do município de Saurimo de modo a satisfazer as necessidades da população, porém,
vários esforços são empreendidos de modo que se alcance estes objectivos, mas, tem se
notado nos últimos tempos no país inteiro a escassez de combustível, não estando de fora
Saurimo, uma vez que para o fornecimento de energia depende maioritariamente de centrais
térmicas e de um tempo a parte notou-se a escassez de combustível nas centrais termo-
eléctricas do Nhama e Txicumina, condicionando assim o fornecimento de energia eléctrica,
logo, sugerimos nós que para o aumento da produção de energia eléctrica no município de
21
Saurimo, seria viável optarmos os sistemas de energia solar fotovoltaico sendo esta também
uma energia gerada de fontes renováveis, de baixo custo de investimento bem como de
manutenção.

3.3 - Implementação do sistema fotovoltaico

Neste item, serão apresentadas as etapas que serão utilizadas para a implementação
de um sistema fotovoltaico. Para termos de organização estrutural do trabalho e de uma
melhor compreensão do leitor, será representado também na figura em anexo um diagrama
explicativo contendo todas as etapas utilizadas na fase de implementação junto com as
respectivas acções a ser feitas.

3.4. Aplicação da energia solar fotovoltaica

Neste item, serão apresentadas as etapas que serão utilizadas para a implementação
de um sistema fotovoltaico. Será representado na figura abaixo um diagrama explicativo
contendo todas as etapas que serão utilizadas nesta implementação junto com as respectivas
acções que deverão ser feitas.

3.4.1. Espaço disponível e características do local

O espaço disponível, será analisado primeiramente pela ferramenta Google Earth, a


qual nos permitirá um conhecimento preliminar do local, apresentando uma visão panorâmica
com as eventuais dimensões. No entanto, será necessária uma análise minuciosa, a fim de
obter mais detalhes e evitar erros no dimensionamento e nos cálculos do custo do sistema
fotovoltaico. Esta análise também possibilitará constatar se o local escolhido, apresenta uma
viabilidade técnica para a implementação do sistema ou se será necessária a procura por um
novo. Esta análise tem como finalidade constatar (Villalva, 2015):

a) Dados sobre o sombreamento no local durante o dia.


b) A presença de locais adequados para a instalação dos componentes elétricos do
sistema.
c) O estado dos equipamentos e instalação elétrica do local.
d) A proximidade de redes de ligação elétrica.
e) Características do terreno (solo, acesso, necessidade de nivelamento...).

22
3.4.2. Descrição
O local escolhido para implantação do sistema fotovoltaico deve prever a própria
cobertura do empreendimento, apresentando uma área livre e de grande extensão de acordo a
dimensão do projecto.

3.4.3. Análise Técnica

A análise técnica deve ser feita pela empresa responsável e encarregada a executar
o projecto bem acompanhado com a equipa técnica do Ministério e do Governo Local a qual
deve prestar e fornecer satisfações de um bom serviço técnico a fim de verificar as condições
do empreendimento para a implementação do sistema fotovoltaico proposto. Ao fim da
análise, pode-se concluir que o empreendimento apresentava instalações elétricas em bons
estados com proximidade da rede de distribuição o que facilita sua conexão com à rede
elétrica, poupando-a de custos adicionais no investimento. No entanto o empreendimento
precisa apresenta um local adequado para a instalação do sistema, uma vez que sua cobertura,
único local possível, não pode estar exposto a sombreamento.

3.4.4. Sistemas de compensação de energia

A geração distribuída, regula-se mediante ao sistema de compensação de energia


elétrica também conhecido como o net metering, o qual possibilita que os excedentes de
energia gerados sejam injetados na rede elétrica. Estes excedentes serão contabilizados por
um medidor bidirecional instalado pela companhia de energia elétrica após a implementação
do sistema. Em caso de excedentes, o proprietário da unidade geradora receberá créditos em
energia (kWh) possibilitando-o efetuar abatimentos nas próximas faturas de energia elétrica
para um período de até 60 meses (ANEEL, 2016).

3.5. Equipamentos utilizados na instalação de um sistema fotovoltaico

Existem dois tipos de sistemas de geração de energia solar: um conectado à rede


eléctrica em sistema de compensação; outro autônomo, que utiliza um banco de baterias.
Conheça aqui as principais diferenças entre os dois tipos de sistema.

3.5.1. Painel fotovoltaico

O principal componente de um sistema de energia solar é o painel fotovoltaico. A


maior parte dos painéis são constituídos por células de silício, um material semicondutor.

23
Essas células, por sua vez, possuem duas camadas carregadas, uma positiva e a outra negativa
que geram a corrente eléctrica.

Os painéis fotovoltaicos possuem garantia de operação de 25 anos, garantindo nesse


período no mínimo 80% da sua potência, mas sua vida útil é ainda bem maior.

São parâmetros para escolher o painel fotovoltaico policristalino:

 Eficiência: Os mais eficientes variam entre 16 e 17%;


 Prefira painéis com variação de potência positiva, principalmente, com tolerância de 0
a +5W;
 Busque produtos com coeficientes de temperatura entre 0,35 até 0,42% por °C,
 Procure marcas que tenham garantia de 80% da potência por pelo menos 25 anos.

O painel solar é considerado o ponto chave do gerador fotovoltaico. Eles podem ser
monocristalinos ou policristalinos.

 Monocristalino: confere maior eficiência ao sistema, numa faixa de 12 a 17%,


e opera mesmo que em baixa luminosidade (por exemplo, em dias nublados). A sua
fabricação é feita a partir de um único cristal em formato de tubo. Esse material é fatiado em
lâminas, que são transformadas em células solares.
 Policristalino: possuem preços mais baixos. Sua produção consiste na
fundição de diferentes cristais, por isso seu desempenho, em relação aos monocristalinos, é
ligeiramente menor. Sua principal característica é a menor geração de resíduos, uma vez que
as células em quadrados se encaixam perfeitamente e o material não apresenta perdas entres
os espaços.

3.5.2. Inversor solar

A corrente eléctrica produzida por um painel fotovoltaico não corresponde ao padrão


de corrente que alimenta os imóveis e os aparelhos eléctricos. Isto é, os painéis geram
corrente contínua, enquanto os aparelhos eléctricos recebem a corrente alternada. Para fazer
esta transformação, tem-se o inversor solar.

São parâmetros para escolher o inversor solar:

 Equipamentos possuem vida útil de no mínimo 15 anos;


 Eficiência maior 96%;
 Capacidade de ser monitorado remotamente.

24
3.5.3. Medidor Bidirecional

O relógio de luz, ou medidor de energia eléctrica, também deve ser trocado por um
relógio bidirecional. O equipamento é responsável por contabilizar a electricidade injetada
pelas centrais e por medir a energia solar produzida pelos painéis e injetada para a
distribuidora quando há excesso de produção.

3.5.4. Suportes de fixação

De alumínio ou aço inoxidável, os suportes de fixação de painéis de energia solar são


produzidos em diversos modelos a serem selecionados de acordo com as características do
local da instalação.

Os materiais devem ser de alta qualidade, ter protecção contra corrosão e ser
resistentes a ventos fortes. A vida útil indicada para estes suportes é de 10 anos, mas o
equipamento tende a durar cerca de 30 anos.

3.5.5. Baterias

Em sistemas autônomos (Off Grid) ainda são necessárias as baterias. Elas


armazenam a energia produzida durante o dia e que será utilizada durante à noite. Os
equipamentos mais comumente utilizadas possuem vida útil de 4 a 12 anos, dependendo da
temperatura ambiente e do tipo de bateria utilizada.

Existem baterias específicas para o armazenamento de energia solar, que são


chamadas de baterias estacionárias, que, ao invés de baterias automotivas, são projetadas para
aguentar ciclos mais profundos de descarga e são feitas para durarem mais tempo.

3.5.6. Controlador de Carga

Também em sistemas autônomos são necessários os controladores de carga para


controlar a voltagem de entrada no sistema, evitando sobrecargas e protegendo a bateria.
Normalmente, possuem garantia de dois anos.

3.5.7. Monitoramento da produção de energia via WiFi

Para atestar a qualidade dos materiais, evitar falhas e fazer a manutenção preditiva,
os sistemas completos de energia solar contam com o monitoramento da produção por meio
de um software, podendo transmitir as informações via celular. Com um aplicativo é possível

25
verificar em tempo real e remotamente o quanto de energia está sendo produzida, entre outros
parâmetros.

A solução oferece:

 Acesso remoto aos dados de produção de energia solar por dispositivos conectados à
internet;
 Envio de alertas em tempo real em caso de falha;
 Interface de fácil entendimento.

26
CONCLUSÃO

Conclui-se que os autores consultados e a metodologia aplicada permitiram o alcance


dos objectivos ora pretendido.

No que diz respeito a análise do ponto de vista de implementação do aumento de


energia eléctrica com recurso ao sistema de energia solar fotovoltaico, vê-se ainda muito
baixo tendo em conta a paralização do projecto a nível local, projecto este que visa a produção
de energia solar de modo a aumentar o fornecimento de energia eléctrica no município de
Saurimo.

Conclui-se também que uma vez com crescimento acelerado das nossas populações bem
como a expansão das nossas cidades, de modos que possamos atender a estas dinâmicas
populacionais, no que diz respeito ao fornecimento de energia eléctrica, o recurso as energias
renováveis assegura uma grande vantagem para os Estados, sendo os recursos não renováveis
insusceptíveis de recuperação. Porém, sendo a energia solar uma energia com recursos
renováveis, de investimento não muito avultado e de baixo custo de manutenção, seria uma
mais valia optar nela como forma de aumentar a produção de energia eléctrica no município
de Saurimo.

Para inversão do actual quadro uma das propostas passa pela implementação de uma
central fotovoltaica que permitirá a produção de energia eléctrica solar como forma e meio
eficiente para minimizar a incapacidade na produção e fornecimento de energia as nossas
populações de modos a não dependermos unicamente das centrais térmicas do Txicumina e do
Nhama.

27
RECOMENDAÇÕES

 Recomenda-se ao Governo Provincial que crie condições financeiras que


estimulam e asseguram a implementação do sistema de energia solar fotovoltaico nos vários
municípios da nossa Província;
 A direcção provincial da energia que criem condições humanas, técnicas e
materiais de modos que a implementação deste projecto de energia solar seja feito de forma
eficiente e sem muitas margens de erros;
 Ainda a direcção provincial da energia recomenda-se que se seleciona um lugar
específico e propício de acordo as normal estabelecidas internacionalmente para a
implementação de projecto desta natureza;
 Recomenda-se também que na implementação do projecto os materiais a serem
usados para a construção da central fotovoltaica sejam os mais modernos de modo a
atenderem as dificuldades actuais;
 Que os técnicos contratados sejam altamente qualificados e capacitados de
maneira a evitar muitas margens de erro no processo de execução;
 Que após a implementação do projecto, realiza-se periodicamente manutenções
preventivas de modos a prevenir avarias inesperadas.
 Optar por equipamentos fotovoltaicos de qualidade e por empresas de
confiança no mercado é um dos requisitos para garantir a melhor instalação e eficiência na
geração de energia fotovoltaica. Por isso, é importante estar atento às marcas dos
equipamentos fotovoltaicos e escolher uma empresa especializada e que trabalhe com
fornecedores de confiança para instalação do sistema fotovoltaico.

28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida, F.F.M. (2019). Estudo para implantação de um Sistema de energia fotovoltaica em


Um empreendimento comercial. Porto: ISEP.

ANEEL - Agência nacional de energia elétrica. (2013). Atlas de energia elétrica do Brasil:
Brasília. Atlas.

Aneel. (2016). Caderno de micro e minigeração distribuída: sistema de compensação de


energia elétrica. Agência nacional de energia elétrica. 2ª Edição. Brasília.
Bayod-Rújula, et al. (2013). "Sizing criteria of hybrid photovoltaic-wind systems with battery
storage and self-consumption considering interaction with the grid". Solar Energy.

Birnfeld, A. (2014). Estudo sobre as opções tecnológicas em energia renovável para aplicação
na região oeste de santa catarina. Monografia (Especialização) - Curso de Gestão
Estratégica de Negócios, Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc,
Videira.

Boxwell, m. (2016). Solar electricity handbook. A simple, practical guide to solar energy –
Designing and installing solar pv systems. 10ª edição, greenstream publishing.
Coventry.

Cresesb, C. P., João, A. G & António. (2014). manual de engenharia para sistemas
fotovoltaicos. cepel. Rio de Janeiro.

Energy Information Administration - EIA. (2017). (Estados Unidos). Department Of Energy


Organization. Annual Energy Outlook. Disponível em:
<https://www.eia.gov/outlooks/aeo/pdf/0383.pdf>.

Gatti, A. (2018). Energias renováveis na matriz energética: comparação brasil e estados


unidos. Santa Catarina: Florianópolis.

Goetze, F. (2017). Projeto de microgeração fotovoltaica residencial: estudo de Caso. Porto


Alegre: U.F.R.G.L

Júnior, A.C & Souza, I.M. (2018). Células fotovoltaicas: O futuro da energia alternativa.
Goianésia/go: FEG

Naruto, D.T. (2017). Vantagens e desvantagens da geração distribuída e estudo de caso de um


sistema solar fotovoltaico conectado à rede eléctrica. Rio de Janeiro: UFRJ.

29
Santos, G. R. (2015). Financiamento público da pesquisa em energias renováveis no brasil: a
contribuição dos fundos setoriais de inovação tecnológica. Rio de Janeiro: IPEA.

Solar Power Europe. (2015). "Renewable Self-Consumption - Cheap and clean power at your
doorstep."http://www.solarpowereurope.org/fileadmin/user_upload/documents/
Policy_Papers/Position_Paper_self-consumption.

Villalva, Marcelo. (2015). Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicações. 2ª edição. Érica.
São paulo.

Villalva, Marcelo. (2015). Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicações. 2ª Edição. Érica.
São Paulo.

Woruby, M.S. (2018). Sistema de energia solar residencial. Ponta Grossa: Unopar.

30
ANEXOS

Figura 1 - Etapas e acções para implementação de um sistema fotovoltaico.

Fonte: Adaptado pelos Autores

31

Você também pode gostar