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Estado Romano e instituições escolares

Roman state and school instituitions


José Joaquim Pereira Melo
Doutor em História pela UNESP – Assis. Prof. do Depto. de
Fundamentos da Educação e do Programa de Pós-Gradu-
ação em Educação da UEM.
e-mail: jjpmelo@hotmail.com

Resumo
Objetivou-se com o presente trabalho fazer algumas reflexões acerca das instituições escolares romanas
durante a República e o Império. Nas pegadas dessas instituições, discutiu-se, primeiramente, o fenômeno
educativo nas esferas familiar e militar, para, em seguida, centralizar a discussão no papel assumido pela
“iniciativa privada” nesse processo, o qual se deu em três níveis: elementar, médio e superior que, influen-
ciados pela educação grega, tiveram a mesma estrutura, programas e métodos. Ainda marcando os seus
limites, o Estado esteve presente nos seus quadros formativos, quer para controlá-los quer para adaptá-los
às suas necessidades práticas e imediatas. Quando o Estado assumiu a educação como encargo público,
essa ação se configurou mais como uma estratégia propagandística do que uma política pública.
Palavras-chave
Instituições escolares. Ensino. Roma.

Abstract
The aim of this work was to make an analysis about the Roman school institutions during the Republic and
Empire period. Following the path of these institutions, the educational phenomenon in the family and
militar sphere was firstly discussed, for then, centralize the debate in the role of the “private institution” in
this process, that occurred in three levels: elementary, medium, higher; which, influenced by the Greek
education, had the same structure, programs and methods. The State, still marking its boundaries, was
involved in the formation scene, either to control or to adapt it to its practical and immediate needs. When
the State took control of the education as public charge it was more like a propagandist strategy than a
public policy.
Key words
School institutions. Teaching. Rome.

Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB.


Campo Grande-MS, n. 25, p. 219-231, jan./jun. 2008.
O apreço romano pela tradição eram o respeito e a assimilação dos costu-
mores maiorum, costumes dos antigos, mes ancestrais: os mores maiorum. O ins-
criou as condições para que a família, en- trumento de inserção nessa esfera até mes-
quanto célula-máter da sociedade, assumis- mo sagrada, ou seja, o marco que respon-
se papel essencial na formação de crianças dia por essa formação, de forte tonalidade
e jovens sob sua tutela. Mesmo quando, ética, era a família, conforme consideram
mais tarde, com o advento das “escolas pri- estudiosos do tema:
vadas”, ela continuou tendo espaço signifi- Todos los historiadores del derecho se
cativo nesse processo. conplacen en subrayar la sólida
Essa importância da família no fenô- constitución de la familia romana, la
autoridad soberana de que está investido
meno educativo, para o orador e político
el paterfamilias, el respeto de que es ob-
Cícero (106 a 43 a.C.), residia no fato de ser jeto la madre romana: en ninguna parte
ela “o princípio da cidade, o seminário da el papel de esta célula social aparece con
república” (Dos deveres I, XVII). tanta evidencia como en la educación. A
Como não podia ser diferente, a im- juicio de los romanos, la família es el meio
natural donde debe crecer y formarse el
portância do papel formativo da família
niño. (MARROU, 1988, p. 320)
evidenciou-se no sentido que foi dado ao
Na esfera do lar, o processo formati-
seu conceito de educação: a palavra latina
vo e os cerimoniais de passagem dos filhos
educatio, com a qual os romanos denomi-
das famílias aristocratas destacadas e im-
navam a educação, expressava um conteú-
portantes, desde os primeiros momentos,
do semelhante ao termo grego trophé, evi-
eram plenos de simbolismos: logo após o
dente quando se tem em conta a origem
nascimento, o menino era colocado aos pés
do verbo educo e um de seus significados:
do pai, que, ao tomá-lo nos braços e levan-
“alimentar”. Educatio era, pois, a “criação”
tá-lo, tollere, suscipere, indicava a sua procla-
física e moral que tornava a criança apta a
mação como seu filho. Esse reconhecimento
adentrar o mundo dos adultos.
por parte do pai tinha para o filho um valor
A partir de determinado momento, a
para além do simbólico, visto que o gesto
palavra educatio passou a ser acompanha-
da de outros termos, educatio et disciplina do pater famílias, filium tollere ou suscipere,
ou educatio puerilis, num indicativo de que não significava apenas o reconhecimento
a formação humana compunha-se de da legitimidade do filho, mas fazia dele o
suus heres e, por ele, o pai se comprometia
duas etapas: uma no lar e outra na escola.
a criá-lo, educá-lo e garantir-lhe os meios
A educação familiar de subsistência.
Aos oito dias do seu nascimento, a
A educação romana, na sua fase re- criança recebia o nome e, como presente, a
publicana (509 a 27 a.C), caracterizava-se bulla, uma espécie de pequena cápsula
basicamente pela paulatina iniciação no metálica, de dez a setenta e cinco cm de
modelo de vida tradicional, cujos princípios diâmetro, redonda ou lenticular, que guar-

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dava algumas substâncias especiais a que A partir dos sete anos, tinha início a
se atribuíam certas virtudes. intervenção específica do pai na educação
Esse primeiro presente paterno era do filho, enquanto a filha permanecia em
colocado no peito do menino, sobre a rou- companhia da mãe, participando dos tra-
pa, preso por uma corrente ou fio. O jovem balhos domésticos. Os pobres preparavam
somente era despojado da bulla por volta os filhos para o trabalho, enquanto os ricos
dos dezessete anos, juntamente com a toga ensinavam-lhes a leitura (caso isso já não
praetexta, a roupa de gala dos meninos, tivesse sido feito pela mãe), a escrita, o cál-
momento em que ele era revestido da toga culo, as leis das Doze Tábuas – que todo
virilis. Essa cerimônia de troca de indumen- romano devia conhecer –, os exercícios físi-
tária tinha o sentido de sinalizar a passa- cos e o manejo das armas, além do culto às
gem do jovem aristocrata da infância para virtudes morais e cívicas. A essa instrução
a adolescência, que deixava a vida domés- rudimentar eram, às vezes, acrescentadas
tica para entrar na vida pública. Também noções de geografia, de astronomia e de
era o momento em que deveria escolher agrimensura. Como Roma nunca abando-
sua futura carreira (REDONDO; LASPALAS, nou o ideal que consagrava o indivíduo ao
1997). Estado, em todas as suas atividades e fun-
Enquanto importante rito de passa- ções, nos seus passeios e visitas, o pai fazia-
gem, comemorava-se com grande festa, se acompanhar dos filhos, a fim de, por meio
conforme as exigências do momento consa- da própria vida, prepará-lo para a vida.
gradas pela tradição e o destaque da famí- Dessa maneira, cabia ao pai a intro-
lia de que o jovem fazia parte. dução gradual do filho na vida profissional
e pública. Ainda que, com o tempo, tivesse
Durante os primeiros sete anos da
havido a participação de mestres “profissio-
vida da criança, cabia à mãe a responsabi-
nais” na educação familiar, o verdadeiro
lidade por sua educação, o que envolvia
educador era sempre o pai.
os aspectos biológico, intelectual e moral.
A esse respeito, o historiador grego
Quando ela se encontrava impossibilitada,
Plutarco (45 a 125), lembrando o censor
por algum motivo, de exercer a sua função,
romano Catão (234 a 149 a.C), fala da in-
buscava-se, entre os parentes respeitados,
cansável dedicação paterna “en la recomen-
uma instrutora para ser a primeira mestra
dable obra de formar y ensayar a su hijo
(PEREIRA, 2002). O recurso ao serviço de
para la virtud” (Vidas pararelas, “Marco
uma ama-de-leite era vigente já durante a Catón”, 20,9).
República. No Baixo Império, com a genera- Rigorosamente, durante toda a vida,
lização do uso da língua grega, também mesmo depois de adultos e quando ha-
se tornou comum a contratação de aias e viam galgado os mais altos postos públicos,
pedagogos gregos para compartilharem os filhos ficavam submetidos ao pátrio po-
com os pais as tarefas próprias da educa- der. Considerando-se então essa organiza-
ção doméstica. ção familiar e jurídica, é compreensível a

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ausência do Estado romano em matéria carreira política. O segundo momento era
educacional. A liberdade de ensino era com- dedicado à prestação de serviço como oficial
pleta e nada se sobrepunha ao poder da do Estado Maior, tribunus militum. A fase
família na formação das novas gerações. final da formação era realizada com o
A conclusão da etapa doméstica da assessoramento de algum alto persona-
educação ocorria entre os 16 e 17 anos e gem, ou do seu próprio pai, cujos passos o
era marcada por um cerimonial em que o jovem aristocrata devia seguir e a quem
adolescente, conforme já mencionado, des- devia prestar respeito e veneração.
pojando-se da túnica com uma franja co- A condição de soldado foi uma neces-
lorida, toga praetexta, e das insígnias que sidade criada pela produção da vida: era pre-
simbolizavam a infância, envolvia-se com ciso conquistar novas terras cultiváveis, tendo
outra, completamente branca, a toga civilis, em vista que os recursos eram insuficientes
com a qual fazia sua apresentação no foro. para atender à população, que crescia dia
Era este um sinal de seu reconhecimento após dia. À medida que seus domínios se
como cidadão e de integração à vida pú- expandiam, fazia-se necessário defendê-los
blica. Isso não significava que a sua for- de possíveis invasores – daí o espírito de
mação havia terminado, pois antes de dar sacrifício, a disciplina, a audácia e a energia
início ao serviço militar, o jovem deveria serem qualidades ensinadas no exército.
dedicar-se por um ano ao tirocinium fori, a Assim sendo, a educação, como
“aprendizagem da vida pública”. Salvo ex- qualquer outro aspecto da vida, era, em
ceção, o pai já não participava diretamente geral, controlada pelas necessidades práti-
e recomendava o filho a algum ancião no- cas mais imediatas. Tudo era uma questão
tável, próximo da família (PEREIRA, 2002), de sobrevivência, pois a utilidade constituía
que gozasse de experiência e das honras o fim principal dos atos do cidadão. A vida
que a idade proporcionava. Findo o ano lhe fora concedida para que fosse colocada
do tirocinium fori propriamente dito, sem a serviço da pátria e da sociedade, não para
que isso afetasse a continuidade da “apren- ser desfrutada com prazeres improcedentes
dizagem da vida pública”, o jovem enga- (VIEIRA, 1984).
java-se no exército. À medida que a influência da paidéia
grega foi se efetivando na educação roma-
A educação militar na, a educação informal foi perdendo ter-
reno para a educação escolar.
A aprendizagem prática da vida mi-
litar era gradativa: num primeiro momento, A educação escolar
o jovem prestava serviço como soldado
sem distinção, quando aprendia a obedecer, Importa lembrar que a escola, em
podendo até mesmo obter algum ferimento Roma, nasceu com um caráter particular e
glorioso ou realizar alguma façanha herói- por longo tempo permaneceu na esfera do
ca, o que somaria pontos para uma futura privado e livre, como instituição subsidiária

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da ação educadora da família que seguiu nos saca de la ignorancia; la segunda, la
assumindo plenamente – agora também del gramático, nos provee de conocimientos;
la tercera, la del rétor, nos proporciona las
por meio da escola – sua função educado- armas de la elocuencia. La mayoría se
ra. Em todo o caso, no período republicano, contenta con beber hasta éste límite. Yo
a educação era privada e livre. A esse respei- he apurado además otras copas en Atenas:
to Cícero fez algumas considerações: Poesia, henchida de límpida transparencia;
la de la música, llena de dulzura; la de la
Considerai agora, além disso, de que
Dialéctica, un tanto austera; y, sobre todo,
modo se procurou assegurar aos cidadãos
la de la Filosofia universal, rebosante
uma vida pura e honesta na sociedade,
siempre de inagotoble néctar. (Flórida, 20,
vida que é sua primeira causa, e o que
1-4)
os indivíduos da República devem esperar
das instituições e das leis. Pelo que se Mesmo destacando a importância
refere ao primeiro de educação das crian- desses profissionais do ensino no processo
ças de condição assíduos dos gregos, e formativo, o escritor latino lembra que, a
ponto em que o nosso hospede Políbio
acusa as nossas instituições de negligência,
exemplo da enklyklios paidéia grega, havia
não se quis que se fixasse pelas leis, nem necessidade da dedicação pessoal no cul-
que fosse público o ensino, nem que para tivo dos conteúdos mais complexos, durante
todos fosse o mesmo. (Da República, IV, 3). toda a vida.
Os estudos literários e científicos, a
enkyklios paidéa, eram constituídos por três Escola elementar
níveis: elementar, médio e superior. Influen-
A primeira escola elementar – o
ciados pela educação grega, tinham a mes-
ludus, a schola – de que se tem notícia em
ma estrutura, os mesmos programas e os
Roma, apareceu por volta de 449 a. C, des-
mesmos métodos da Hélade.
tinada a alunos dos 7 aos 12 anos. Era
Respondem por essas escolas três
atendida pelo pimus magister, ludimagister
categorias de educadores “profissionais”: o
ou litterator, um similar do gramatista grego.
mestre elementar, o gramático e o retórico.
Os professores responsáveis por essas es-
Elucidativa, nesse sentido, foi a ca-
colas podiam ser antigos escravos, velhos
racterização feita por Apuleio (século II), para
demonstrar a efetividade e a contribuição soldados ou ainda indivíduos que haviam
perdido todas as suas propriedades. Eles
desses ‘profissionais’ no processo formativo.
alugavam um pequeno ambiente chama-
Se cita a menudo la frase que pronunció
un sabio a propósito de un banquete: “La
do pergula para instalar a sua “loja de ins-
primera copa es para aplacar la sed; la trução”. Semelhantemente a outros “negó-
segunda, para la alegria; la tercera, para cios”, essas lojas eram instaladas no Foro,
el placer; la cuarta, para la locura”. En cam- entre tantas outras tendas de “mercadorias”
bio, inviertiendo los términos, la copa de ali existentes. Com essa localização, era co-
las Musas, cuantas más veces se apura y
más puro es su vino, tanto más ayuda a
mum que todos os ruídos da rua chegassem
la sabiduría del alma. La primera copa, la até elas. As suas precárias instalações com-
que nos brinda el maestro de escuela, punham-se de alguns bancos para os

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alunos e de uma cadeira para o professor. A escola média
O deficitário material didático era constituí- O ensino secundário latino teve iní-
do por algumas esferas, alguns cubos e cio tardiamente e pode ser explicado pela
poucos mapas. Com o recurso da vara, o
influência grega que veio a sofrer, a qual
professor obrigava seus alunos a repetirem
fundava seu processo educativo na explica-
interminavelmente lições referentes ao tex-
ção de grandes poetas, particularmente
to das Doze Tábuas.
Homero e Hesíodo. No caso de Roma, não
A condição de professor, em relação
havia uma literatura nacional para dar res-
a qualquer outra que recebia salário, situa-
paldo à educação, como na Grécia. Com a
va-se num plano de inferioridade e sofria o
importância que isso assumiu, pode-se até
menosprezo do cidadão romano. Além dis-
pensar que a poesia latina resultou dessa
so, a insignificância do salário obrigava o
exigência, ou seja, ela surgiu para substituir
educador a ampliar a sua jornada de tra-
o material grego utilizado, bem como para
balho com outras atividades, como a de
responder a uma exigência do nacionalis-
copista, por exemplo.
mo romano, provavelmente insatisfeito
Outro complicador do seu ofício, pelo
com um conteúdo educativo exclusivamen-
menos no princípio, era a falta de autoriza-
te grego (MARROU, 1998).
ção legal para a cobrança do serviço, mes-
Importa lembrar que nem todos os
mo quando se tratava de presentes oferta-
jovens participavam desse modelo de ensi-
dos pelos alunos. Mesmo que, com o tempo,
no, pelo fato de o caráter aristotélico da so-
os presentes se convertessem em salário
ciedade romana fazer do saber privilégio
fixo, recebido das famílias dos alunos, as
dos setores dominantes. Essa característica
leis não se modificaram e continuaram igno-
tornou a escola secundária menos difundi-
rando a existência desse pagamento. Assim,
até o final do Império, não era possível recla- da que a escola elementar.
mar juridicamente contra pais que se negas- Em face desse perfil, as escolas se-
sem a pagar os ensinamentos recebidos cundárias eram freqüentadas por jovens
aristocratas, com idade entre 11 e 16 anos,
pelos seus filhos. O quadro foi um pouco
diferente em relação aos professores do que ficavam a cargo do grammaticus ou
ensino médio e aos do ensino superior. litteratus, cuja respeitabilidade e remunera-
Enquanto as dimensões do Império ção eram maiores que a do ludimagister.
Romano ainda eram pequenas, os setores Cabia a esses “profissionais” do ensi-
no a formação de seus discípulos, a qual
dominantes contentavam-se com essa edu-
compreendia o estudo da gramática e da
cação deficitária; porém, à medida que o
comércio e as guerras avançaram e os ro- literatura, bem como da exposição, análise
manos foram tendo contato com outros e comentários dos autores privilegiados. A
povos, criaram-se novas necessidades e esse ensino eram agregados os da música,
aquela instrução precária deixou de aten- geometria, astronomia e a oratória.
der aos seus interesses. No ensino literário, destaque era dado

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aos seus aspectos gramaticais e filológicos, populares. Também não há dúvida de que
a partir de obras gregas e latinas, por meio o clima geral dessas escolas refletia os in-
da lectio (leitura), da enarratio (exposição, teresses ideológicos de seus idealizadores/
explicação), da emendatio (correção) e do teóricos.
judicium (avaliação) (CAMBI, 1999), confor- Ademais, o ensino tradicional da re-
me fora consagrado desde a sua fundação, tórica, pela sua relação direta com a língua
portanto, deveriam ser preservados para grega que exigia estudos longos e detalha-
garantir a efetividade da tradição. dos, ia ao encontro dos setores conserva-
dores da sociedade romana. A proibição do
A escola superior ensino retórico latino tinha, para eles, o sen-
tido de preservar para seus filhos os bené-
O ensino superior, na sua forma pre- ficos da prestigiada arte do falar, que ago-
dominante, a retórica, de orientação latina, ra estava sendo posta ao alcance de jo-
surgiu em Roma, no século I da era cristã. vens ambiciosos dos segmentos populares
A primeira escola de retóricos latinos (MARROU, 1998).
remonta ao ano de 93. No ano seguinte à Essa modalidade de escola estava
sua fundação, foi fechada por um édito sob a responsabilidade do rhetor, que tinha
censório, acusada de ser uma inovação con- a incumbência do ensino da retórica e da
trária aos mores maiorum. O espírito que dialética, e de outros “profissionais” versa-
animava a nova escola inquietava setores dos em direito e Filosofia.
conservadores romanos. Afinal, idealiza- A respeitabilidade social e as condi-
dores/teóricos desse modelo de ensino “mo- ções econômicas de “profissionais” desse
derno” mostravam-se opostos à retórica porte era variada, importando lembrar que
clássica das escolas gregas, e mesmo quan- nunca foi expressiva, salvo exceções, como
do nela buscavam inspiração, posiciona- foi o caso do mestre da retórica Quintiliano
vam-se contra a acumulação de regras, o (35-95).
que resultava no estabelecimento de rela- Ao ensino da gramática e da retórica
ções entre ensino, prática e vida. agregava-se o da história, cujos objetivos
Exemplo disso pode ser tirado do eram o estudo dos modelos de estilo, assim
fato de temas tradicionais, como a decla- como a memorização de uma gama de
mação, serem constituídos de conteúdos da exempla destinadas a favorecer a memória
vida cotidiana de Roma: questões relativas do orador.
ao direito marítimo e sucessório e, particu- Especificamente, o Direito e a Filosofia
larmente, debates que versavam sobre a constituíam-se especialidades, e requeriam,
vida política daquele momento histórico. sobretudo a Filosofia, uma vocação parti-
Não resta dúvida de que nem todos cular.
os temas abordados diziam respeito à atua- A orientação dada à oratória, no
lidade romana de então, ou de que todas sentido de buscar um setor da vida prática,
as questões discutidas eram favoráveis aos o exercício do direito, expresso u a

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originalidade romana. Nesse caso, o fim da breza, motivadas, ao que parece, pelo re-
formação retórica era preparar para a carrei- ceio de que os colégios pudessem albergar
ra do foro e para altos cargos na estrutura uma oposição aristocrática.
administrativa do Estado Romano (RE- Não há dúvida de que estes colégios
DONDO; LASPALAS, 1997), vocação que de jovens tiveram um papel político, mes-
trouxe consigo uma alta especialização dos mo que isso tenha ocorrido apenas na esfe-
“profissionais” dessa área do conhecimento. ra das cidades.
Em decorrência da sua origem itálica,
Collegia Iuvenum os collegia iuvenum ofereciam atividades
de ordem religiosa. Muitos deles consa-
gravam seus cultos a uma divindade, a
Com o novo perfil assumido pelo Im-
Hércules, em especial (MARROU, 1998).
pério (27 a.C. a 476 d.C), coube a Augusto Não é de estranhar que seus cultos, procis-
(23 a.C a 14 d.C) dar à efebia grega a sua sões, sacrifícios e banquetes rituais tivessem
equivalente romana, os collegia iuvenum,
um caráter de festa e de acontecimento
colégios juvenis, cujos palcos principais fo-
profano, porém, a atividade fundamental
ram muitas cidades do ocidente do Império,
destas escolas, a exemplo da efebia grega,
o que significa uma demonstração do esfor-
era a desportiva. Não eram jogos de está-
ço despendido para a restauração dos valo-
dio, mas de circo e anfiteatro.
res patrióticos, já desgastados entre os
Durante o Império, o caráter parami-
romanos.
litar, ou pré-militar, dos collegia iuvenum foi
Ao que tudo indica, a preocupação
modificado: eles passaram a ser, antes de
de Augusto era a juventude dos setores
tudo, clubes aristocráticos (ABBAGNANO;
senatorial e eqüestre, a qual deveria ser
VISALBERGHI, 1969), onde a juventude se
novamente despertada para o gosto pela
iniciava na vida social e nos desportos tidos
preparação militar, pelos exercícios físicos
como elegantes e próprios para a nobreza.
e, em especial, pela equitação, atividades
Essa nova orientação dos collegia iuvenum
aparentemente deixadas de lado no perío-
não se aplicou a outras instituições que
do de Cícero. Colocam-se “em destaque as
surgiram a partir do século II, nas regiões
qualidades físicas, e a educação é, antes
ao longo do Reno e do Danúbio e na África.
de tudo, utilitária. Nesse sentido, os exercícios
não têm como fim a beleza do corpo, mas
O Estado e a política escolar
formar o soldado” (VIEIRA, 1984, p. 104).
O seu alunado era composto de jo- A expansão do sistema educacional
vens oriundos das melhores famílias do trouxe consigo a necessidade de adoção,
Império, objeto dos favores dos imperado- por parte do Estado romano, de uma polí-
res de origem aristocrática. Com o tempo, tica de intervenção e patronato nas escolas.
mudanças de conteúdo foram efetuadas Ao contrário do que acontecia nas cidades
pelos soberanos não procedentes da no- helenísticas, não existia em Roma um órgão

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– “magistratura” – especial, responsável DO; LASPALAS, 1997). A imunidade fiscal
pela supervisão ou inspeção dos estabele- que Caracala concedeu aos estudantes
cimentos de ensino. desencadeou uma situação de abusos, a
Os incentivos fiscais adotados por qual, por sua vez, deu origem ao severo
César (100-44 a.C.) ou por Augusto foram regulamento de 370. Segundo essa peça
direcionados aos mestres estrangeiros, num jurídica, os jovens das províncias que fos-
esforço para atrair docentes gregos para sem estudar em Roma deveriam obter uma
Roma. autorização prévia da autoridade compe-
Não obstante, foi Vespasiano (9-79) tente da sua região, com a qual eram recen-
quem elaborou uma verdadeira política de seados na capital. Entre as exigências, cons-
isenção fiscal que beneficiou os mestres do tava a obrigatoriedade de comparecer pe-
ensino secundário e superior. Iniciativas se- riodicamente no gabinete da autoridade
melhantes foram tomadas por outros impe- responsável por essa migração. Sujeito a
radores, mas a prática se consolidou ape- uma severa vigilância, o estudante podia
nas com o Código de Constantino. Entretan- ser expulso da capital, caso seu comporta-
to, como outras profissões tidas igualmente mento não fosse compatível com as normas
como de utilidade pública também foram estabelecidas.
beneficiadas, após esse período foram sen- O limite máximo de idade para per-
do criadas medidas para restringir a esfera manecer estudando em Roma era até os
de abrangência dessa política. Antonino vinte anos. Essa restrição parece contraditó-
(86-161) normatizou a questão, estabele- ria quando se tem em conta que, no Baixo
cendo números para os quadros públicos, Império, o curso de retórica exigia longos
embora as cidades tivessem a prerrogativa anos de estudos e o de direito dificilmente
de deliberar sobre os seus beneficiários. seria concluído antes dos vinte e cinco anos.
el emperador distingue tres categorías de Outro aspecto da política educacio-
importancia creciente que el jurisconsulto nal dos imperadores refere-se às cátedras
Modestino identifica con las metrópolis de oficiais. O primeiro a pôr essa política em
provincia, las sedes de un distrito judicial y,
prática foi Vespasiano, criando as cátedras
en último término, las ciudades ordinarias.
Según las categorías respectivas se admiten oficiais de retórica latina e grega, subvencio-
10, siete o cinco médicos; cinco, cuatro o nadas pelo fisco imperial, mas apenas para
tres retóricos y el mismo número de Roma, e não para o restante do Império.
gramáticos. (MARROU, 1998, p. 411) Vespasiano foi imitado por Marco
A política de isenção fiscal foi deixan- Aurélio (121-180), em Atenas, onde foi cria-
do de ser adotada quando, depois da era da, a expensas das arcas imperiais, uma
Caracala (188-218), foi estendida aos alu- cátedra de retórica e quatro de filosofia,
nos. Entre os que deixaram de ser beneficia- correspondentes às quatro linhas filosófi-
dos estavam os mestres primários, os do cas: platônica, aristotélica, epicurista e
ensino técnico, os de direito fora de Roma estóica. Segundo Henri Marrou, a remune-
e, em alguns casos, os filósofos (REDON- ração dos mestres ocorria de acordo com a

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importância da sua área de atuação: “Los O mesmo pode ser dito das cátedras
filósofos recebían anualmente una oficiais, que eram criadas pelo Imperador
remuneración de 60000 sextercios; el em sua condição de mecenas, e não en-
retórico 40000” (MARROU, 1998, p. 412). quanto responsável pelo bem público. As-
Existem indicativos de que a dinastia sim, a criação das primeiras cátedras esta-
antonina adotou uma política em benefício tais pode ser relacionada ao conjunto de
dos jovens. Destacam-se as instituições ali- ações que conferem a Vespasiano o cará-
mentares fundadas por Trajano (53-117), as ter de um mecenas, protetor das artes e das
quais eram mantidas pelos tributos de letras. Adriano (76-138) não fugiu à regra:
beneficiários de um sistema de crédito suas iniciativas não indicam preocupação
imobiliário e cujo objetivo era promover a com a reforma do ensino, mas sim, a de
educação de um certo número de crianças, conceder, enquanto mecenas, pensões a
sem distinção de sexo. Acrescente-se a isso retóricos célebres e favores aos grupos
a preocupação em reagir, no plano eco- epicuristas de Atenas.
nômico e demográfico, à decadência Na época do literato Plínio, o Moço
romana. (61-112) (GUILLEMIN, 1946), inúmeras ci-
dades mantinham escolas públicas, gramá-
De imperadores mecenas ao estado ticos e retóricos como titulares das cátedras
interventor públicas. Esse quadro não foi uma caracterís-
tica apenas do Ocidente latino, mas era co-
Apesar das iniciativas já menciona- mum também no mundo grego, conforme
das, não se observa, por parte dos impera- se pode constatar na cidade de Atenas, onde
dores, uma disposição para que a educa- Antonino, antecipando-se a Marco Aurélio,
ção fosse assumida pelo Estado. O Alto criou uma cátedra pública de eloqüência.
Império não conheceu uma educação es- Apesar desse aspecto mecenático ou buro-
tatal. Mais do que uma política destinada crático estatal que cercou a organização do
ao bom funcionamento de um serviço pú- sistema educacional em Roma, pode-se di-
blico, as iniciativas dos imperadores, quase zer que, à medida que a preocupação edu-
como um mecenato, eram propagandísti- cacional do mundo helenístico disseminou-
cas, representavam formas de autopro- se no Império Romano, ela se caracterizou
moção. Posteriormente, o Estado passou a como uma tendência geral. Esse clima favo-
necessitar de maneira especial da ciência rável à educação ampliou-se a ponto de
dos administradores e, ao se integrarem parecer cada vez mais necessário que toda
jurisconsultos ao Conselho do Imperador, cidade importante mantivesse uma escola
revelava-se, de maneira clara, qual era o pública. No século IV, esse tipo de escola,
perfil de especialistas necessário à burocra- então mantido com maior ou menor regu-
cia estatal (PONCE, 1991). Por extensão, co- laridade pelo orçamento público, surgiu pra-
loca-se a necessidade de uma ação nesse ticamente em todos os lugares: era a
sentido. schola publica ou municipalis.

228 José Joaquim Pereira MELO. Estado Romano e instituições escolares


Apesar da expansão do ensino pú- de sua remuneração.
blico em Roma, nem todas as escolas che- con cargo al presupuesto municipal debían
garam à condição de oficiais, pois conti- abonarse 24 anonas a los retóricos, 12 a
nuou a vigorar o ensino privado. Como o los gramáticos, latinos o griegos, en la ca-
pital de Téveris estas cifras se elevan a 30
modelo de ensino era baseado na livre con- y 20 (para el gramático latino; su colega
corrência, muitos professores, mesmo go- griego, en el supuesto de que hubiera
zando de notoriedade, viveram uma situa- alguien capaz de remplazarle, debía
ção econômica precária. conformarse con 12 anonas). (MARROU,
Desde Antonino, os imperadores vi- 1998, p. 418)
nham intervindo mais constantemente na Essa p olítica de intervenção teve seu
educação, objetivando despertar nas autori- ponto alto com a constituição de 27 de fe-
dades municipais o interesse por abrir escolas vereiro de 425, por meio da qual Teodósio
públicas em suas cidades, bem como fixar o II (401-450) fundou uma universidade es-
valor dos honorários docentes (GAL, 1968). tadual em Constantinopla, monopolizando
Não obstante, essa intervenção so- também o ensino superior.
mente se efetivou no Baixo Império, com Os cursos deveriam ser oferecidos
Juliano (332-363). Esse imperador, ao que nos recintos dispostos em êxedras, ao nor-
parece, sabia exatamente o que pretendia: te da praça do Capitólio, sendo que aos
preocupado em impedir que os cristãos mestres era vedado ministrar aulas parti-
assumissem o ensino do Império, tomou a culares. O corpo docente tinha a seguinte
decisão de nomear professores. A partir composição: “tres retóricos y 10 gramáticos
desse momento, o imperador passou a in- para atender la enseñanza de las letras la-
tervir na educação de modo oficial e regu- tinas; cinco retóricos y 10 gramáticos para
lar, tornando o ensino, pela primeira vez na las letras griegas y, en materia de estudios
história da humanidade, um encargo do superiores, un profesor de filosofía y dos de
Estado (PONCE, 1991). derecho” (MARROU,1998, p. 419).
Um decreto de Juliano determinava Com Teodósio e Valentiano (425-
que o exercício da docência só era possível 455), o monopólio do ensino chegou ao
por meio da aprovação prévia do conselho extremo de proibir qualquer iniciativa que
municipal, devidamente referendada pelo não fosse a estatal.
Imperador. Dessa forma, ele assumiu a super- Segundo Anibal Ponce (1991), oficia-
visão do ensino em todo o Império. Leis da- lizando-se a tutela estatal do ensino, de for-
tadas de 376 determinavam que as grandes ma que o imperador escolhia cuidadosa-
cidades selecionassem os melhores retóricos mente professores do mesmo modo que
e gramáticos para a educação dos jovens. escolhia seus oficiais, não tardou a aparecer
Ao que parece, com essas medidas, o Impe- a comparação do ensino com o exército: o
rador não tinha por objetivo restringir o direito quadro de professores era um regimento
das demais cidades de escolher seus mestres, que defendia, como o militar, os interesses
mas sim, fixar, entre outros aspectos, o valor do Estado, ou seja, caminhava na mesma

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marcha e em busca dos mesmo objetivos. posições imperiais previam, além de esco-
À medida que os exércitos romanos ocupa- las voltadas para a preparação dos altos
vam um novo território, os professores insta- escalões, escolas especiais destinadas a
lavam suas escolas perto das tendas dos uma categoria de funcionários mais modes-
soldados. Do mesmo modo que o profes- tos, os “escrivães” (taquígrafos), cujo status
sor seguia as pegadas do general vitorioso, cresceu paulatinamente.
o general acompanhava as pegadas dos Importa considerar que, nesse mo-
comerciantes. mento, a prodigiosa influência grega na
Assim, ao estabelecer a comparação formação do cidadão romano, com toda a
entre professores e capitães, o Estado dire- riqueza e complexidade de suas exigências
cionava a ação dos primeiros, colocando- formativas, já havia sido abandonada; to-
os a serviço dos setores dominantes roma- davia, os seus reflexos ainda se faziam pre-
nos, quer para docilizar os inimigos externos sentes, pois não se negava o ideal de uma
do Império conquistador, quer para desar- formação total e harmoniosa. Os critérios
ticular, internamente, movimentos rebeldes para se considerar uma educação como
(PONCE, 1991) que pudessem comprome- sendo de qualidade e os métodos educacio-
ter ainda mais a segurança e a ordem do nais aproximavam-se cada vez mais da-
Império nesse processo de transformação. quilo que caracterizava a educação do
Dessa forma, consagra-se a convoca- “escriba”, com a valorização e o predomínio,
ção da educação para resolver os proble- mais do que no passado, da mnemotecnia,
mas que se colocavam na sociedade. O dos exercícios mecânicos e da disciplina
interesse do poder público romano pela coercitiva (REDONDO; LASPALAS, 1997).
educação pode ser entendido, em certa Apesar disso, o ideal clássico conseguiu
medida, como parte do processo de buro- sobreviver o suficiente para deslumbrar os
cratização que marcou o desenvolvimento bárbaros invasores, haja vista a preocupa-
do Império. Promovia-se uma educação ção que demonstravam os reis bárbaros
para a formação de “funcionários”, os quais com a promoção da cultura clássica, o que
deveriam atender às demandas do Império se cristalizou na educação refinada que
burocratizado, principalmente em termos de davam a seus filhos.
conquista, expansão do império e desen- Muito provavelmente, o que restou
volvimento do comércio. Nesse quadro de da estrutura educativa escolar, estatal e
necessidades, o ensino progressivamente “municipal” do Império Romano pode ser
perdeu a sua preocupação com um cursus incluído entre os fatores que tornaram pos-
honorum de magistratura, direcionando-se, sível, no Ocidente, a formação dos chama-
por conseguinte, para uma formação con- dos reinos bárbaros. Com a derrocada final
dizente com a possibilidade de se fazer car- do Império, liquidou-se também toda a tra-
reira na burocracia imperial. dição da educação laica. A educação so-
Em decorrência da necessidade de mente sobreviveu com a força do exercício
formar funcionários para o Estado, as dis- de universalização da mensagem cristã.

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Referências
ABBAGNANO, Nicola; VISALBERGHI, Aldo. Historia de la pedagogia. México: Fondo de Cultura
Económica, 1969.
APULEYO. Florida. Madrid, Gredos, 1980.
CAMBI, Franco. História da pedagogia. São Paulo: UNESP, 1999.
CÍCERO, Marco Túlio. Da República. São Paulo: Abril Cultural, 1980. Coleção Os Pensadores.
FONTÁN, Antonio. Artes ad humanitatem. Ideales del hombre y de la cultura en tiempos de
Cicerón. Pamplona: Publicaciones del Estudio General de Navarra, 1957.
GAL, Roger. História de la educación. Buenos Aires: Editorial Paidos, 1968. 19.
GUILLEMIN, Anne-Marie. La culture de Pline le Jeune. Paris, 1946.
MARROU, Henri–Irénée. Historia de la educación en la Antiguedad. Buenos Aires: Eudeba,
1970.
PEREIRA, Maria Helena Rocha. Estudos de História da cultura clássica. Cultura romana. v. II.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbendian, 2002.
PLUTARCO ‘Marco Catón’. Vidas paralelas. Barcelona: Vegana, 1962.
PONCE, Anibal. Educação e luta de classe. São Paul: Cortez Editora, 1991.
REDONDO, Emilio, LASPALAS, Javier. Historia de la educación: Edad Antigua. Madrid: Dykinson,
1997.
VIEIRA, Mara Rodrigues. Educação na Roma antiga. Calíope. Presença clássica, Rio de Janeiro:
UFRJ, v. 1, p. 103-9, jul./dez., 1984.

Recebido em 18 de abril de 2008.


Aprovado para publicação em 26 de maio de 2008.

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