Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
ENGENHARIA DE ALIMENTOS
CASTANHAL - PA
2023
1. INTRODUÇÃO
A pesquisa e estudo da secagem de alimentos representam um campo fundamental no
âmbito da engenharia de alimentos e da indústria alimentícia como um todo (Silva, 2018). A
compreensão dos processos de secagem não apenas assegura a preservação dos alimentos,
mas também desempenha um papel crucial na conservação de nutrientes, na prevenção de
deterioração e na extensão da vida útil dos produtos (Hall, 2020). Esses estudos são essenciais
para garantir a qualidade, segurança e disponibilidade de alimentos em diversas comunidades,
contribuindo diretamente para a segurança alimentar global.
Um aspecto central nesse campo é a determinação das curvas de secagem, que
consistem na relação entre a umidade do alimento, a temperatura e o tempo durante o
processo de secagem (Silva, 2018). Essas curvas fornecem informações valiosas para otimizar
e controlar os métodos de secagem, permitindo o desenvolvimento de técnicas mais eficientes
e econômicas. Compreender essas relações é fundamental para o projeto e operação de
secadores industriais, influenciando diretamente na qualidade final dos produtos.
Dentro desse contexto, o bagaço de cana-de-açúcar se destaca como um subproduto
importante na indústria açucareira e energética. Sua composição rica em fibras e açúcares o
torna um material de interesse para diversas aplicações na indústria alimentícia (Pandey,
2021). O estudo das propriedades do bagaço de cana-de-açúcar e os métodos ideais de
secagem são cruciais para explorar seu potencial como matéria-prima em diferentes
processos, incluindo a produção de ração animal, compostagem e bioenergia.
Além disso, ressalta-se a importância das aulas práticas no contexto acadêmico. As
experiências laboratoriais proporcionam aos estudantes a oportunidade de aplicar
conhecimentos teóricos em situações práticas, promovendo um aprendizado mais dinâmico e
significativo (kolb, 2014). Ressaltado por Nilson (2016), através dessas atividades, os alunos
desenvolvem habilidades técnicas, capacidade analítica e senso crítico, elementos
fundamentais para uma formação acadêmica completa e uma futura atuação profissional
sólida.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Realizar a secagem de bagaço de cana em secador de bandejas
2.2. Objetivos específicos
Construir as curvas de secagem para cada estufa, representando a variação de umidade
do produto em função do tempo e da velocidade de secagem em função da umidade do
produto
3. METODOLOGIA
3.1 Dimensionamento dos secadores e determinação das condições de secagens
As dimensões das estufas foram medidas utilizando réguas e fitas métricas (Figura 1),
seguindo as diretrizes do Quadro 1. Para determinar as condições de secagem, as estufas
foram ligadas até atingirem o equilíbrio no termostato (60°C). Posteriormente, um Termo-
Higro-Anemômetro (Figura 2) foi utilizado para medir a velocidade, temperatura e umidade
do ar na entrada e saída das estufas (Quadro 2).
Figura 1: Dimensionamento.
Fonte: Autores
Fonte: Autores
Figura 1: Determinação das condições iniciais
Fonte: Autores
Os bagaços de cana foram obtidos por meio de doação na feira local. Para padronizar a
área do bagaço, utilizaram-se facas, distribuindo-o de maneira uniforme em bandejas
previamente taradas, evitando sobreposições e registrando seu peso inicial.
Fonte: Autores
3.3 Secagem
A secagem foi conduzida a 60°C com 4 tempos de determinações de controle (T1= 15;
T2= 30; T3= 45; T4=135), em minutos. Os dados extraídos a cada tempo foram a
temperatura e umidade de saída do ar e o peso (amostra + bandeja) para cada estufa, dado
que não haveria mudanças nas características do ar de entrada. Posteriormente, os dados
(Tabela 1) foram usados para plotar as curvas de secagens em cada estufa.
Tabela 1: Dados para curva de secagem
ID estufa
T 0−T c
t cte = (2)
Vmédia
t decrescente=
1
m
ln ln
(
T c −T e
T f −T e )
(3)
Fonte: Roteiro
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados referente ao dimensionamento, encontram-se no Quadro 3. Foram
aferidas as dimensões de largura, altura, profundidade e distância entre bandejas, expressos
em metros.
4.1. Secagem
4.1.1. Estufa 1
Na Tabela 2, apresenta-se os dados necessários para plotar o gráfico da curva de
secagem da cana-de-açúcar.
Tabela 2: Resultado da umidade final do produto em relação ao tempo.
01 estufa
U g (água) no gágua
t (min) g sólido gagua/gsólido
(%) produto removido/h
0 51,7 43,93 47,03 0,93 0,00
15 29 49,37 41,59 1,19 12,34
30 40 37,06 53,90 0,69 18,53
45 34,4 19,49 71,47 0,27 14,62
Ṙ =
( 22, 84
m.k )
W
24 K
=
548 , 16
W
m −3
=2, 26 . 10
kg água
sc
kJ J 2
m .s
2358 , 5 2358 ,50 . 103
kg kg
A amostra da Estufa 1 foi submetida a 45 minutos de secagem à uma temperatura de
60°C em um secador de bandeja com circulação de ar. A taxa de secagem foi de 2,26 . 10-3
W/m.k.
4.1.2. Estufa 2
O diagrama esquemático abaixo contém informações sobre o dimensionamento do
secador de bandejas, além de demonstrar a configuração do fluxo operacional no que tange o
acontecimento da secagem do bagaço de cana-de-açúcar por convecção.
g g água
g (água)
t (min) t (°C) U (%) g sólido água/gsóli removido/
no produto
do h
0 54,1 40 90,96 54,576 0,667 0
15 56,1 45,5 -2,53 -1,37885 0,83 93,49
30 52,2 30,1 -2,53 -1,76847 0,431 0
45 53 38,6 -47,79 -29,34306 0,629 -45, 26
135 52 32.3 -216.16 -146.3403 0.4771 -168.37
Obs.: Tara da bandeja: 258,2 g; Peso inicial da amostra: 90,96 g. Fonte: Autores (2023).
Com base nos dados de t (min) e g água/ s sólido apresentando na Tabela 3, foi
possível plotar o gráfico da função polinomial de segunda ordem (Gráfico 2).
Gráfico 2: Acompanhamento da cinética de secagem bagaço de cana-de-açúcar em secadora de bandejas II, com
circulação de ar.
Apesar de o modelo polinomial de segundo grau ter sido ajustado aos dados da
cinética de secagem da palha de cana-de-açúcar, o valor de R² = 0.3357 sugere que este
modelo pode não ser o mais adequado para explicar completamente a variabilidade dos dados.
É importante considerar outras possíveis formulações de modelo ou técnicas de análise que
possam melhor capturar a natureza do processo de secagem da palha da cana-de-açúcar (Tele
et al., 2022). Experimentar modelos de ordens diferentes, técnicas de regularização ou até
mesmo explorar modelos não polinomiais podem ser opções para buscar um ajuste mais
adequado aos dados.
03 estufa
U g (água) no gágua
t (min) g sólido gagua/gsólido
(%) produto removido/h
0 37,8 56,40 34,30 1,64 0
15 22 17,30 39,22 0,44 4,325
30 30,1 7,10 22,00 0,32 3,55
45 40 0,50 22,39 0,02 0,38
135 13 32,30 27,21 1,19 72,675
04 estufa
U g (água) no gágua
t (min) g sólido gagua/gsólido
(%) produto removido/h
0 54,5 40,80 49,36 0,83 0
15 27,5 1,80 45,03 0,04 0,45
30 38,6 22,90 -15,14 -1,51 11,45
45 41.7 27,90 -90,83 -0,31 20,93
135 20,9 39,10 -179,30 -0,22 87,975
Para iniciar a coleta de dados necessários de obtenção das curvas e taxa de secagem,
foi realizado primeiramente o dimensionamento da Estufa 4 e em seguida foram anotados os
dados a Figura 7.
Dados:
Cálculo:
O uso dos secadores não é restrito apenas a secagem de grãos, podem ser empregados
na secagem de diversas culturas. Entretanto, a configuração do secador deve ser adequada ao
tipo de alimento e ao tamanho da instalação, uma vez que pode ser instalado em pequena ou
larga escala, atendendo desde a produção industrial quanto ao pequeno produtor. Entretanto,
não foi possível a realização dos cálculos da taxa de secagem da Estufa 4, pois obtivemos os
valores experimentais negativos visto que pode ter ocorrido erro experimental durante a
execução das pesagens durante o tempo.
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
XAVIER, Cinthia Sany França et al. Secagem e avaliação do bagaço de cana de açúcar como
adsorvente de corantes têxteis presentes em soluções aquosas. Matéria (Rio de Janeiro), v. 26, p.
e12937, 2021.
SILVA, Andréia Souto da. Avaliação da secagem do bagaço de cajá usando planejamento fatorial
composto central. 2008. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
TIZZIANI, Isaura Maria. Avaliação da secagem do bagaço de malte para aplicação como
biossorvente. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
TELES, Thaís Barbosa et al. Avaliação do processo de secagem de resíduo de malte. Brazilian
Journal of Development, v. 9, n. 2, p. 7698-7712, 2023.
Kolb, D.A. Experiential Learning: Experience as the Source of Learning and Development.
Pearson Education, 2014.
Nilson, L.B. Teaching at Its Best: A Research-Based Resource for College Instructors.
Jossey-Bass, 2016.
Pandey, A. et al. Sugarcane bagasse: A renewable and sustainable feedstock for various
bioproducts. Bioresource Technology, 2021, 321, 124485.
Silva, F.A. et al. Modeling of Drying Kinetics for Food Industry Applications. Food Science
Reviews, 2018, 5(2), 88-105.