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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO - UFERSA

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA


Engenharia Bioquímica (2023).

PROJETO DE UM FERMENTADOR UTILIZANDO DADOS


EXPERIMENTAIS OBTIDOS A PARTIR DA DISSERTAÇÃO
REFERENTE A VIABILIDADE TÉCNICA E ECONOMICA DA
PRODUÇÃO DE ETANOL A PARTIR DO SUCO DE CAJU POR
Saccharomyces cerevisiae FLOCULANTE
Laís Tamires Oliveira Morais1, Nadson Naelyson Alves de Holanda 2, Silas Fernandes Nascimento³.

1. INTRODUÇÃO

A fermentação alcoólica é a transformação de açúcares em álcool etílico (etanol) e gás


carbônico (CO2) pela a ação de um determinado grupo de organismos unicelulares
denominados leveduras. Os mais importantes e usados na produção de etanol são os do gênero
Saccharomyces [1].
A Saccharomyces é um fungo unicelular, eucarioto de produção rápida é um
organismo amplamnete utilizado que possibilitou aos estudiodos compreender melhor os
processos moleculares, celulares e bioquímicos.
As leveduras devem ser tolerantes a grandes variações de temperatura a níveis de
acidez (pH) e a altas concentrações alcoólicas. Elas podem crescer na presença ou ausência de
oxigênio e em um ciclo normal de fermentação, usam oxigênio do processo até que ele seja
todo consumido [1].
Após a adição do fermento, existem três fases da fermentação:
 Fase incial, naqual os organismos vão se adaptando ao novo ambiente e
começarão a crescer;
 “Fermentação principal” ou “fase tumultuosa”, fase na qual o fermento tende a
se aglomerar;
 Fase final, é a estacionária, a taxa de crescimento das leveduras é reduzida.
No processo de fermentação alcoólica de açúcares, os principais produtos, álcool
etílico e gás carbônico são produzidos em proporções equimolares conforme a equação de
Gay- Lussac [4].

Eq.1

Devido a grande a grande impostância da fermentação para as indústrias uma da área


de estudo que têm grande importância é a cinética das reações. A cinética estuda a velocidade
com que as reações ocorrem e quais fatores influênciam na reação.

2. RESUMO

O projeto em questão foi desenvolvido utilizando-se os dados obtidos na dissertação de


doutorado referente Viabilidade Técnica e Econômica da Produção de Etanol a Partir do Suco
de Caju Por Saccharomyces Floculante. O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um
bioprocesso tecnicamente e economicamente viável para a produção de etanol a partir do suco
de caju, utilizando levedura Saccharomyces cerevisiae (CCA08) [4]. O trabalho em questão
utilizou quatro concentrações iniciais de célula aplicadas a cinco temperaturas e a seis tipos de
velicidades de agitações, com o intuito de observar quais parâmetros têm o melhor rendimento
para o processo fermentativo.

3. LEVANTAMENTO DOS DADOS CINÉTICOS


1
Com base no trabalho usado como refêrencia escolhemos os dados que apresentou o
melhor rendimento fermentativo que foi utilizando a concentração inicial de célula de 5g/L a
temperatura de 34°C sob agitação de 150 rpm. Com os dados extraidos do trabalho segue
abaixo Tabela 1 com os dados experimentais e Tabela 2 com os dados téoricos calculados a
partir da Lei de velocidade de Monod (Eq.2).

µ𝑚á𝑥∗𝑆
µ𝑋 = Eq.2
𝐾𝑠+𝑆

Tabela 1: Dados experimentais


Dados Experimentais
Tempo (h) S (g/L) X (g/L) P (g/L) ln (X/X0)
0 102 5 0 0
2 73 6,8 21 0,3075
4 33 7,48 38 0,4028
6 9 7,75 52 0,4383
8 0 7,7 52,5 0,4318
10 0 8,5 52,64 0,5306
Fonte: AUTORES, 2023.

Com os dados utilizados da Tabela 1, plotamos o gráfico 1 mostrando o comportamento


do crescimento das células, formação de produto e consumo de substrato, assim como
plotamos também o gráfico 2 mostrando o número de células viáveis ln X/X0 em função do
tempo (h), onde obtemos o µmáx que corresponde ao valor do coeficiente angular da reta.

Gráfico 1- Crescimento de célula, consumo de substrato e formação de produto.

100

80
X, S e P (g/L)

60

40

20

0
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (h)

Crescimento celular Consumo de substrato Formação de produto

Fonte: AUTORES, 2023.

2
Gráfico 2- ln X/X0 x tempo (h).
ln(x/x0) vs tempo
0.5
0.45 y = 0.1113x
R² = 0.8984
0.4
0.35
ln(x/x0) 0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0 1 2 3 4 5
tempo t (h)

Fonte: AUTORES, 2023.

Com os dados experimentais da Tabela 1, calculamos o rendimento celular (YX/S)


equação 3, rendimento em subtrato (YP/X) equação 4, rendimento em produto (YP/S) equação
5, calculou-se a produtividade em produto PP equação 6, produtividade em célula PX equação
7 e o rendimento equação 8 e com o valor de µmáx o tempo de geração, em batelada tG
equação 9 .
𝑑𝑋 𝑋𝐹−𝑋0
𝑌 𝑋/𝑆 = = Eq.3
−𝑑𝑆 𝑆0−𝑆𝑓

𝑑𝑃 𝑃𝐹−𝑃0
𝑌 𝑃/𝑋 = −𝑑𝑋 = 𝑋0−𝑋𝑓 Eq.4

𝑑𝑃 𝑃𝐹−𝑃0
𝑌 𝑃/𝑆 = −𝑑𝑆 = 𝑆0−𝑆𝑓
Eq.5

1 𝑥
𝑡𝑏 = 𝑢𝑚á𝑥 . ln(𝑥0) Eq.6.1

1 𝑆0−𝑆
𝑡𝑏 = 𝑢𝑚á𝑥 . ln (1 + 𝑢𝑚á𝑥 𝑥0 ) Eq.6.2
( +𝑚𝑠).
𝑌𝑥 𝑠 𝑢𝑚á𝑥

1 𝑃−𝑃0
𝑡𝑏 = 𝑢𝑚á𝑥 . ln (1 + 𝑥0 ) Eq.6.3
(𝑢𝑚á𝑥.𝑌𝑝 𝑠+𝑚𝑠).
𝑢𝑚á𝑥

𝑃𝑚á𝑥−𝑃
𝑃𝑃 = 𝑡
Eq.7.1

3
𝑋𝑚á𝑥−𝑋
𝑃𝑋 = Eq.7.2
𝑡

𝑃
𝑌 𝑟𝑒𝑎𝑙
𝑆
ɳ(%) = 𝑃 ∗ 100 Eq.8
𝑌 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
𝑆

ln(2)
𝑡𝑏 = µ𝑚á𝑥 Eq.9

De acordo com as equações acima segue abaixo a Tabela 3 com os resultados dos
cálculos reslizados.

Tabela 2: Parâmetros dos dados experimentais


Parâmetros Experimentais
µmáx 0,1113 h-¹
𝒀x⁄s 0,0343 gX/gS
𝒀p⁄x 15,0400 gP/gX
𝒀p⁄s 0,5161 gP/gS
𝝁p 1,6740 h-1
𝝁s 3,2436 h-1
ɳ 99,02 %
𝑡G (h) 6,23 h
Fonte: AUTORES, 2023.

Calculou-se também, o tempo de batelada dos dados experimentais para a concentração


celular (X) equação (6.1), a concentração de substrato (S) equação (6.2), a concentração de
produto (P) equação (6.3) e o tempo de geração em batelada 𝑡G equação (9), obteve-se os dados
da Tabela 03.

Tabela 3: Cálculo do tempo de batelada dos dados experimentais

Tempo de Batelada Experimental


X 4,7675 h
S 4,6866 h
P 4,6440 h
𝑡G (h) 6,23
Fonte: AUTORES, 2023.

4. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS E O TIPO DE


CONDUÇÃO DA FERMENTAÇÃO

Baseando-se aos dados experimentais, pode-se obter resultados teóricos para o presente
trabalho. Assim, tomou-se como referência o tempo (t) e os valores iniciais da concentração de
substratos (S), concentração celular (X) e concentração de produto (P). Por meio das equações
(10), (11) e (12) respetivamente, obteve-se os novos valores para S, X e P. Tomando a equação
(13) para se obter valores da Função objetivo (Tabela 04).

2
𝜇𝑚á𝑥⋅𝑆𝑡 𝑆𝑡⋅ℎ
𝑆𝑡 + ℎ = 𝑆𝑡 − ( (𝐾𝑠+𝑆𝑡) ) ⋅ 𝑥 Eq .12
𝑌
𝑠

𝜇𝑚á𝑥⋅𝑆𝑡
𝑋𝑡 + ℎ = 𝑋𝑡 + ( (𝐾𝑠+𝑆𝑡) ) ⋅ 𝑋𝑡 ⋅ ℎ Eq .11

𝜇𝑚á𝑥⋅𝑆𝑡 𝑝
𝑃𝑡 + ℎ = 𝑃𝑡 + ( (𝐾𝑠+𝑆𝑡) ) ⋅ 𝑌 𝑠 ⋅ 𝑋𝑡 ⋅ ℎ Eq . 12

𝐹𝑢𝑛çã𝑜 𝑂𝑏𝑗𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 = Σ(𝑆𝑖𝐸𝑥𝑝 − 𝑆𝑖𝑇𝑒𝑜)2 + (𝑋𝑖𝐸𝑥𝑝 − 𝑋𝑖𝑇𝑒𝑜)2 + (𝑃𝑖𝐸𝑥𝑝 − 𝑃𝑖𝑇𝑒𝑜)2 Eq .13

Tabela 4: Dados teóticos


Tempo (h) S (g/L) X (g/L) P (g/L)
0 102 5 0
2 68,17 6,25 18,04
4 34,01 7,50 36,25
6 8,04 8,46 50,10
8 -0,66 8,78 54,73
10 0,15 8,75 54,3
F.O. 50,98
Fonte: AUTORES, 2023.

Dessa forma, com os dados resultante experimentais e teóricos (Tabela 01 e 04


respetivamente) possibilita plotar o gráfico em função do tempo para a concentração de
substrato (S), concentração celular (X) e concentração de produto (P).

Gráfico 03: Concentração de substrato (S) vs. tempo (h)

Substrato
120

100

80
S (g.L-¹)

60
Experimental
40
Modelo Teórico
20

0
0 2 4 6 8 10 12
-20
tempo (h)

Fonte: AUTORES, 2023.

3
Gráfico 04: Concentração celular (X) vs. tempo (h)

Célula
10
9
8
7
X (g.L-¹)

6
5
4 Experimental
3 Modelo Teórico
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12
tempo (h)

Fonte: AUTORES, 2023.

Gráfico 05: Concentração de produto (P) vs. tempo (h)

Produto
60

50

40
P (g.L-¹)

30
Experimental
20 Modelo Teórico

10

0
0 2 4 6 8 10 12
tempo (h)

Fonte: AUTORES, 2023.

A partir dos gráficos obtidos, pode-se observar, que os dados teóricos tem uma proximidade
aceitável comparado com os dados experimentais, assim, pode-se ter confiabilidade nos
resultados obtidos através dos cálculos.
Com o valor da Função Objetivo, foi possível obter o valor de Ks por meio da ferramenta
“solver” acoplada ao Excel, a qual, a mesma foi aplicada para obtenção dos valores de μmáx,
Yx/s e Yp/x. Os valores Pp e Px foram obtidos das equações 6 e 5 respectivamente, obteve-se
os dados da Tabela 05.

4
Tabela 5: Parâmetros dos dados teóricos
Parâmetros Teóricos
µmáx 0,2385 h-¹
Ks 93,28 gX/gS
𝒀x⁄s 0,0368 gP/gX
𝒀p⁄x 14,47 gP/gS
𝝁p 3,4529 h-1
𝝁s 6,4764 h-1
Fonte: AUTORES, 2023.

Com os dados teóricos, calculou-se o tempo de batelada para a concentração celular (X), a
concentração de substrato (S) e a concentração de produto (P), junto com o tempo de geração
(𝑡G), resultando na Tabela 06.

Tabela 06: Cálculo do tempo de batelada dos dados teóricos


Tempo de Batelada Teórico
X 2,3466 h
S 2,2640 h
P 1,3354 h
𝑡G (h) 2,91
Fonte: AUTORES, 2023.

5. CÁLCULO DAS DIMENSÕES DO FERMENTADOR

Utilizou-se os dados do material de base de estudado, um fermentador de 1L com o intuito de


calcular a nova agitação requerida pelo impelidor empregado em um fermentador de 14L. Para a
fermentação, utilizaram-se 750 mL de suco de caju como meio de cultura para o crescimento de
Saccharomyces cerevisiae.

O volume do fermentador cilíndrico, V, pode ser definido em termos do diâmetro do tanque


(DT) e da altura do líquido que ocupa o reator (HL), como sendo:

𝑫𝟐 𝑻
𝑽=𝝅⋅ 𝟒
⋅ 𝑯𝑳 Eq .14

Usando a altura do líquido (HL) sendo 3,5 cm, temos:

Tabela 07: Dimensões do Fermentador Projetado .


Volume útil do Tanque 1L
Diâmetro Tanque (Dt) 9,5 cm
Altura Tanque (Ht) 15 cm
Altura do Líquido (Hl) 3,5 cm
Diâmetro do impelidor (Di) 4,2 cm
Fonte: PINHEIRO, 2015.

5
6. CÁLCULO DA POTÊNCIA DE AGITAÇÃO E ESCOLHA DO TIPO DE
IMPELIDOR

O fermentador consiste em um vaso de aproximadamente 1 litro de volume útil, que


contém uma base de controle que possibilita controlar algumas variáveis do processo como
temperatura, pH, agitação, aeração, vazão de nutrientes e adição de antiespumantes.
Para sistemas sem aeração no qual o meio de cultura pode ser considerado como um
fluido Newtoniano, a potência requerida (P) para homogeneizar o meio pode ser escrita em
função da velocidade de agitação (N), das características do impelidor (geometria e diâmetro -
Di) e da densidade do fluido (ρ). A equação que relaciona essas variáveis pode ser escrita em
termos do número de potência (Np) é apresentada como Equação 15:
𝑃
𝑁𝑝 = 𝜌⋅𝑁3 ⋅𝐷 5 Eq .15
𝑖

Onde o número de potência (NP) é um fator de proporcionalidade baseado no tipo de


impelidor utilizado, mantendo-se geralmente constante em diferentes escalas quando o mesmo
tipo de fermentador é utilizado (Junker, 2004). Isolando o termo de potência, obtém se a
Equação 16:
𝑃 = 𝑁𝑝. 𝑝. 𝑁 3 . 𝐷𝑖 3
Eq .16

Calculou-se o valor da potência consumida pelo motor para diferentes intensidades de


agitação do processo de acordo com a tabela 8. O resultado pode ser observado no gráfico 6,
no qual se verifica um crescimento linear do consumo da potência em função da agitação.

Tabela 08: Potência


N (rpm) Potência (W)
80 7
150 8
300 10
490 14
650 18
800 22
Fonte: AUTORES, 2023.

Gráfico 06: Potência requerida pelo rotor da turbina do reator de 1L.


25

20
Potência (W)

15

10

0
0 200 400 600 800 1000
Agitação (rpm)

Fonte: AUTORES, 2023.


6
Figura 01- Impelidor do tipo Rushton com 6 pás planas

Fonte: Adaptado pelo autor de MENEGUITE E BRANDÃO (2019).

7. CÁLCULO DO SISTEMA DE AERAÇÃO

A fermentação alcoólica é um processo anaeróbico que ocorre com a transformação de


açucares, em etanol e CO2, catalisado por enzimas. Logo não há presença de um sistema de
aeração. Pois a presença de oxigênio faz com o microrganismo metabolize uma toxina a qual
torna-se prejudicial para ele.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SILVA, J. S.; JESUS, J. C.; COUTO, S. M. Noções sobre fermentação e produção de álcool na fazenda.
[Viçosa], 2007. 31 p.

[2] COTOIA, Alicia. Saccharomyces cerevisiae, 2020. Acesso em 16/09/2023. Disponível


em: https://biologydictionary.net/saccharomyces-cerevisiae/

[3] Monteiro, R. F. G. Saccharomyces cerevisiae – O modelo. Departamento de microbiologia – ICB/USP.


Acesso em 16/09/2023. Disponível em: https://microbiologia.icb.usp.br/cultura-e-extensao/textos-de-
divulgacao/micologia/genetica-e-biologia-molecular-de-fungos/saccharomyces-cerevisiae-o-modelo/

[4] PINHEIRO, A. D. T. Viabilidade Técnica e Econômica da Produção de Etanol a Partir do Suco de Caju por
Saccharomyces cerevisiae Floculante. Departamento de Engenharia Química/UFC, Fortaleza,2015.

[5] JUNKER, B.H. Scale-up methodologies for Escherichia coli and yeast fermentation processes. J. Biosci.
Bioeng., 97, 347–364, 200

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