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Exercícios Penal IV – Crimes Contra a Dignidade Sexual

Assinale “V” para as afirmativas verdadeiras e “F” para as falsas, justificando a


escolha
1-) (F) Mévio praticou contra Tícia, mediante violência e/ou grave ameaça,
conjunção carnal e coito anal, além de a ter forçado a praticar nele sexo oral.
As condutas foram praticadas no mesmo contexto, em um período de pouco
mais de uma hora. Assim, Mévio praticou três crimes de estupro, em
continuidade delitiva:

Justificativa: O artigo 213 uniu, no mesmo dispositivo legal, a prática da conjunção


carnal e os atos libidinosos, assim, entende-se o estupro sendo um crime de múltiplas
condutas (misto alternativo), no sentido em que o agente ao cometer mais de uma ação
dentro de um mesmo contexto fática, não desnatura a unidade do crime, tornando
impossível a aplicação do art. 71 do CP. Entretanto, os atos libidinosos (sexo oral e anal)
praticados podem ser levantadas pela defesa para o aumento da pena-base, pois há uma
maior reprovabilidade social nas ações praticadas por Mévio.
HABEAS CORPUS Nº 396.186 - SP (2017/0085217-8) – RELATORA: Ministra
Maria Thereza de Assis Moura.

2-) ( V ) Mévio, de 20 anos de idade, praticou conjunção carnal com Tícia, de


12 anos. Da relação, que foi consentida, originou-se uma gravidez. Diante
disto, Mévio deve ser condenado da acusação quanto à prática do crime de
estupro de vulnerável.

Justificativa: Sim, o artigo 271-A informa expressamente que qualquer relação


sexual (ato libidinoso ou conjugação carnal) envolvendo um menor de 14 anos e um
maior de idade é tipificado como estupro de vunerável. Diante da gravidez resultante
desta relação, Mévio terá sua pena aumentada em ½ até 2/3 , conforme art. 234 -A,
inciso III.
3-) (F) João, pessoa imputável, decidiu ir a um show de música clássica. Os
responsáveis pela organização do evento musical anunciaram que apenas
seria admitida a entrada de pessoas maiores de 18 anos. No dia do
espetáculo, no interior do local da apresentação musical, João conheceu
Maria, pessoa que pela compleição física aparentava ter mais de 18 (dezoito)
anos. Por um longo período João e Maria conversavam, oportunidade em que
ambos ingeriram bebida alcoólica, a qual foi adquirida por Maria junto ao
"serviço de bar". Após o término do show, João e Maria se deslocaram até o
imóvel residencial do primeiro. Lá chegando, João e Maria mantiveram,
consensualmente, a conjunção carnal. Porém, após a prática do ato sexual,
Maria informou a João que possuía 13 (treze) anos de idade, tendo, inclusive,
mostrado documento hábil comprovando sua idade. Maria tentou
tranquilizar João informando que já possuía vida sexual ativa. Diante dos
fatos apresentados, é correto afirmar que João deve ser condenado pelo crime
de estupro de vulnerável.

Justificativa: João agiu sob erro sobre elemento constitutivo do crime (erro de tipo
incriminador), dessa forma, sendo inevitável, invencível ou escusável, afasta o dolo e a
culpa, tornando atípica a conduta. O artigo 20 do CP permite a punição a título de culpa
ao afastar o dolo, entretanto, não há estupro de vunerável culposo, dessa forma, João não
poderá ser condenado. Com relação a tentativa de Maria em acalmar João, ao informar
que já possuía vida sexual ativa, não terá efeito algum, pois o SS 5° do art. 217-A é
taxativo no que diz a aplicação da pena independente do consentimento da vítima ou do
fato de ela já ter mantido relações sexuais anteriormente.
4-) (F) Mévio, de 20 anos de idade, com o dolo de satisfazer a própria lascívia,
passa a mão superficialmente nas nádegas de Tícia, de 12 anos. Ao final do
processo em primeiro grau, Mévio é condenado pela prática do crime de
estupro de vulnerável, a uma pena de 12 anos de reclusão. Contudo, durante o
trâmite do recurso, entra em vigor a lei que tipifica a conduta de
importunação sexual. Com isso, deve ser a conduta de Mévio desclassificada
para a do artigo 215-A, do Código Penal, pois melhor se amolda à
reprovabilidade da conduta praticada.

Justificativa: Presente o dolo específico de satisfazer à lascívia, própria ou de


terceiro, a prática de ato libidinoso com menor de 14 anos configura o crime de
estupro de vulnerável (art. 217-A do CP), independentemente da ligeireza ou da
superficialidade da conduta, NÃO SENDO possível a desclassificação para o delito de
importunação sexual (art. 215-A do CP). STJ, tema repetitivo nº 1.12

5-) (F ) Paulo, diretor da sociedade empresária na qual Joana exercia a função


de secretária, determina que ela compareça à sua sala, pois tinha uma
solicitação para lhe fazer. Lá chegando, Paulo informa que estaria com a
demissão dela sobre a mesa, faltando apenas assinar. Ao saber
da informação, Joana se desespera, na medida em que o trabalho era
fundamental para o pagamento de suas despesas pessoais e de sua filha
pequena. Diante do choro de Joana, Paulo informa que poderia reverter a
demissão, caso ela aceitasse se relacionar sexualmente com ele, ali
mesmo. Joana, constrangida e indignada com a proposta feita por Paulo, sai
correndo da sala e procura a Delegacia da área. Diante dos fatos
apresentados, acerca da responsabilização penal de Paulo, pode-se afirmar
que ele deve ser condenado pelo crime de assédio sexual tentado.

Justificativa: O artigo 216-A tipifica o crime de assédio sexual. Ao contrário do que o


senso comum pensa, assédio não é qualquer ato libidinoso com o intuito de satisfazer
a lascividade de si, mas sim constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se da posição de superioridade hierárquica ou
ascendência inerente ao exercício do cargo. Tratando se de um crime formal, a
consumação se dá na conduta de produzir um resultado naturalístico (constranger), e não
a partir do resultado em si (obter a vantagem sexual).

6-) (V) Bianca é acordada de madrugada por ruídos provenientes do quarto


de sua filha de 12 anos de idade. Deslocando-se ao cômodo de onde
provinham os ruídos, surpreende a menor tendo relações sexuais com o
padrasto. Após assistir ao fato por alguns segundos, sem tomar qualquer
medida em relação ao que presenciava, a mãe retorna para sua cama. Diante
do caso narrado, é correto afirmar que Bianca responderá pelo crime de
estupro de vulnerável majorado.

Justificativa: A mãe irá responder pelo crime de estupro de vunerável majorado, pois, ao
garantidor legal, o CP, em seu artigo 13, SS 2°, alínea A, pune aquele omitente que devia e
podia agir para evitar o resultado. Ademais, será majorado a pena já que o agente em
questão do delito é padrasto, configurando o crime previsto no artigo 217-A c/c artigo
226, inciso II.

(F) Ilmar, de 20 anos de idade, namorado de Jorgina, de 13 anos de idade, vai


com ela ao cinema e, durante a projeção do filme, aproveitando-se da
escuridão e do fato de a sala estar quase vazia, pede-lhe que faça sexo oral
com ele, vindo ela a praticá-lo. Porém, o casal é surpreendido durante o ato
por um segurança do estabelecimento, que acionou a polícia. Diante do caso
narrado, Ilmar deverá responder somente pelo crime de estupro de vulnerável

Justificativa: Irá responder por ato obsceno em público (Art. 233) + estupro de
vunerável (Art. 217-A). Precisa rever a questão, pois é possível a consunção.

(F) Diana, mãe da jovem Efigênia, de 18 anos de idade, ganha da filha, como
presente de aniversário, um automóvel zero km, com pleno conhecimento de
que o dinheiro utilizado na compra do veículo foi obtido pela filha com seu
trabalho como prostituta. Diante do caso narrado, Diana praticou o crime de
rufianismo (artigo 230, do Código Penal).

Justificativa: Não há nexo causal entre o conhecimento da mãe e o presente dado pela
filha. Esta sendo maior de idade, pode praticar a prostituição sem configurar crime.
Rufianismo é a conduta de obter vantagem econômica da prostituta, ou seja, tirar dos
lucros dela a sua sustentação: recebendo comida, abrigo ou roupa.

(F) Gumercindo, num domingo de sol, em uma praia repleta de pessoas,


passa a usar seu aparelho telefônico celular para fotografar, discreta e
clandestinamente, algumas mulheres presentes no local, notadamente
aquelas que vestiam os menores biquínis, procurando, sobretudo, captar
imagens de suas nádegas. Diante do caso narrado, é correto afirmar que
Gumercindo deverá ser condenado pelo crime de importunação sexual.

Justificativa: Como Gumercindo tirou fotos de nádegas sem a divulgação ou


comercialização destas, não há configuração de crime.
De mera conduta: O tipo descreve apenas a conduta, da qual não ocorre nenhum
resultado naturalístico externo a ela. (EX : porte ilegal de arma de fogo.)

Formais: Também chamado de consumação antecipada, o tipo descreve uma conduta


que possibilita a produção de um resultado naturalístico, mas não exige a realização deste.
(EX : crime de peculato)

Materiais: O tipo descreve a conduta e o resultado naturalístico. Para consumar o delito é


necessário o resultado naturalístico.( EX : homicídio, furto, roubo.)

Permanentes: Aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo de acordo com


a vontade do criminoso, de modo que o agente tem o domínio sobre o momento de
consumação do crime ( EX: sequestro e cárcere privado )

De perigo: Consuma-se com a possibilidade de lesão ao bem jurídico

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