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DEPENDÊNCIA E ABUSO DE

DROGAS
DSM V ( Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais
((Associação Americana de
Psiquiatria)

Desordens comportamentais
induzidas por drogas
( fármacos)
RISCOS DE SE TORNAR
DEPENDENTE
Droga Uso na Vida Dependência Risco
Nicotina 75.6% 24.1% 31.9%
Cocaina 16.2% 2.7% 16.7%
Heroina 1.5% 0.4% 23.1%
Álcool 91.5% 14.1% 15.4%
Maconha 46.3% 4.2% 9.1%
Risco de dependência

Nicotina 31,9%
Heroína 23,1
Cocaína 16,7
Álcool 15,4
Maconha 9,1

O’BRIEN, 2001
CONCEITOS E TEORIAS SOBRE
TOLERÂNCIA
Tolerância

♦ Diminuição da resposta a uma dose


de determinada substância que
ocorre com o uso continuado da
mesma
Tipos de Tolerância
♦ Inata : insensibilidade
pré-existente ( ex: filhos de
alcoólatras)
♦ Adquirida :
♦ Farmacocinética
♦ Farmacodinâmica ( funcional )
♦ Cruzada
♦ Comportamental
Tolerância

Uso prolongado Interrupção do uso

neuroadaptação

Síndrome de abstinência
Neuroadaptação/Síndrome
de abstinência
♦ Estado fisiológico alterado, que resulta
de adaptações no organismo
produzidas pela administração repetida
da droga.

♦ Manifesta-se pelo aparecimento da


síndrome de abstinência quando se
interrompe abruptamente o uso da
droga.
Neuroadaptações
relacionadas à tolerância

♦ Subsensibilidade funcional

❑ alterações na expressão gênica


❑ remodelamento sináptico
CONCEITOS E TEORIAS
SOBRE DEPENDÊNCIA
Dependência
Um conjunto de sintomas cognitivos,
comportamentais e fisiológicos que
indicam que o indivíduo perdeu o
controle do uso da droga e continua a
usar a substância apesar das
conseqüências adversas deste uso
(ICD-10)
Farmacodependência
- fenômeno complexo e multifatorial

Abdordagem sob diferentes aspectos


- Social
- Cultural
- Econômico
- Biológico
- interação da substância com o organismo
Padrões de Uso

▪ Uso ocasional

▪ Uso abusivo

▪ Uso compulsivo ( dependência )


Diagnóstico de dependência
(DSM-V, 2013)
1. Tolerância
2. Abstinência
3. Uso freqüente de quantidades maiores ou por
períodos mais prolongados do que o pretendido
4. Incapacidade de controlar o desejo
5. Muito tempo é consumido em conseguir, usar ou
recuperar-se do uso
6. Abandono ou redução de atividades sociais,
ocupacionais ou recreativas devido ao uso
Diagnóstico de dependência
(DSM-V, 2013)

7- uso em situações de exposição a risco


8- restrição do repertório de vida em função do uso
9 -uso mantido apesar do reconhecimento de
problemas físicos
10-continuar o uso apesar de apresentar problemas
sociais ou interpessoais.
11- Fissura
Gravidade

♦ Dependência leve : 2 ou 3 itens por um


período de um ano.

♦ Dependência moderada : 4 ou 5 .

♦ Dependência grave : > 6


Teoria do reforço negativo
♦ Primeiras teorias para explicar a
dependência

∙ foco nas conseqüências aversivas


do uso das drogas
Teoria do reforço negativo

Tolerância
Uso prolongado Interrupção do uso

neuroadaptações

X
Síndrome de abstinência

Recaída/manutenção do uso
HIPÓTESE

manutenção do uso da droga para


evitar a síndrome de abstinência
Limitações da teoria do reforço
negativo
♦ Início do uso ocorre na ausência de
síndrome de abstinência
♦ Muitos fármacos produzem síndrome de
abstinência e não causam dependência
♦ Síndrome de abstinência é limitada
♦ Tratamento da síndrome de abstinência
pouco eficaz para o tratamento da
dependência
♦ Síndrome de abstinência é diferente para
cada droga
Teoria do reforço positivo
♦ Wise & Bozarth (1987)

∙ Todas as drogas que produzem


dependência tem em comum a
propriedade de produzir efeito
prazeroso

Wise & Bozarth, Psychol. Rev., v.94, p.469-92, 1987


Teoria do reforço positivo
∙ Drogas atuam como reforçadores
positivos

∙ Uso da droga se dá devido ao efeito


que ela produz e não para o alívio da
abstinência
Paradigma da
auto-administração
seringa Intravenosa
de infusão

Equipamento
de
programação

Catéte
r

barr
a
Preferência condicionada por lugar
♦ drogas que mantêm a
auto-administração e induzem
preferência condicionada por lugar :
anfetaminas, barbitúticos, cocaína,
codeína, etanol, fentanil, heroína, metadona,
metanfetamina, metilfenidato, morfina,
nicotina, PCP e Δ9− THC
validade preditiva: todas as drogas
que induzem auto-administração e
preferência condicionada por lugar
em animais são auto-administradas
por humanos.
MECANISMO DE AÇÃO

♦ morfina: receptores opióides μ


♦ Δ9THC: receptores canabinóides CB1
♦ cocaína: inibe a recaptação de
catecolaminas - DA/5HT
♦ álcool: potencializa GABA/bloqueia
receptores glutamato - NMDA
♦ nicotina: receptores nicotínicos
colinérgicos
Mecanismo neural do efeito
reforçador?
os efeitos reforçadores das drogas são
devido a sua ação sobre sistemas
neurotransmissores endógenos
envolvidos no controle do
comportamento induzido por
reforçadores naturais.
AÇÃO REFORÇADORA POSITIVA

Mecanismos:
♦ ativação do sistema
dopaminérgico mesolímbico
Todas as drogas que induzem dependência
aumentam a liberação de dopamina
no núcleo acumbens( sistema
mesolimbico)

Di Chiara et al., Neuropharmacology, v.47; p.227-241, 2004.


Peptíd
eos
opióide
s opiódes

+
- G
GA etanol
BA
L
canabinóides nicotina U
+
-
D DA
A
Cocaína
+ Núcleo acumbens
Área tegmentar ventral
anfetamina
Por que nem todos se tornam
dependentes?
Farmacodependência
- fenômeno complexo e multifatorial

Abdordagem sob diferentes aspectos:


- Social
- Cultural
- Econômico
- Biológico
- interação da substância com o organismo
uso ocasional

ambiente
indíviduo

droga

DEPENDÊNCIA
(uso compulsivo)
VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM

DROGA

♦ disponibilidade
♦ custo
♦ potência e grau de pureza
♦ via de administração
♦ farmacocinética
VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM

indivíduo
♦ fatores hereditários: tolerância
inata, velocidade do
desenvolvimento de tolerância
♦ transtornos psiquiátricos
♦ experiência/expectativa anterior
♦ propensão para “comportamento
de risco”
VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM

AMBIENTE
♦ atitudes da comunidade:
ambiente social, contexto de
época
♦ disponibilidade de outros
reforçadores (prazer e recreação)
♦ estresse
RECAIDA
TRATAMENTO DA
DEPENDÊNCIA
RECAIDA
♦ A recaída pode acontecer após longos períodos de
interrupção do uso da substância.
♦ A reinstalação refere-se à recuperação da resposta
aprendida quando o sujeito é exposto de forma não
contingente ao estímulo incondicionado, após a
extinção da resposta condicionada.

♦ Estudos em animais : retorno da procura da droga


quando o animal é exposto à mesma, em situações de
dicas a ela associadas ou a situação de estresse.
TRATAMENTO
Terapia Comportamental
• Contingency management ( Gerenciamento cognitivo
de conduta )
• Terapia cognitiva.

Medicamentos

Combinação de ambos
TRATAMENTO
INDIVIDUALIZADO
Opióides : metadona e naltrexona.

Nicotina : gomas, spray, patches e bupropiona

Álcool : dissulfiram, acamprosato, naltrexona e


topiramato ( off label )
Bibliografia
Di CHIARA, G. et al. Dopamine and drug addiction: the nucleus accumbens shell
connection. Neuropharmacology, v.47, -. 227-241, 2004

NESTLER, E. J.; AGHAJANIAN, G. K. Molecular and cellular basis of


addiction. Science, v. 278, p. 58-63, 1997.
O’BRIEN, C.P. Drug addiction and drug abuse. In: HARDMAN, J.G.; LIMBIRD,
L.E. (Eds.). Goodman and Gilman’s the pharmacological basis of therapeutics.
10th ed. New York: Pergamon, 2001. p.621-642.

PLANETA, C.S.; DELUCIA, R. Farmacodependência. In: Farmacologia Integrada.


Eds. DeLucia, R. ; Oliveira-Filho, R.M. Revinter, Rio de Janeiro, 2004. p.277 – 288.

ROBINSON, T. E.; BERRIDGE, K. C. The neural basis of drug craving:


an incentive-sensitization theory of addiction. Brain Res. Brain Res. Rev., v. 18,
n. 3, p. 247-291, 1993.

WISE, R.A.; BOZARTH, M.A. A psychomotor stimulant theory of addiction.


Psychol. Rev., v.94, p.469-92, 1987.

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