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Módulo de Acolhimento e Avaliação

Projeto Mais Médicos para o Brasil


31° Ciclo do PMMB

USO ABUSIVO DE ÁLCOOL


E OUTRAS DROGAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conceituar Substâncias Psicoativas
• Apresentar e discutir os tipos de uso e os critérios diagnósticos
• Apresentar a história natural: fatores de risco e de proteção
• Discutir a abordagem inicial e terapêutica, e o encaminhamento
• Apresentar a discutir a abordagem motivacional e as fases de motivação
• Discutir os conceitos e prevenção de recaída
• Discutir sobre o tabagismo
• Discutir sobre os problemas relacionados ao consumo abusivo de álcool.
Substâncias Psicoativas

• São substâncias naturais ou sintéticas que, ingeridas, provocam


alterações do SNC, modificando o comportamento, humor e cognição;
possuem propriedades reforçadoras e favorecem a autoadministração

• Podem induzir tolerância, abuso e dependência


Substâncias Psicoativas
• Provavelmente o uso de substâncias psicoativas como forma de aliviar o
sofrimento seja tão antigo quanto o próprio homem.

• Diversas culturas sancionam o uso de


substâncias psicoativas, em rituais religiosos
ou socialmente.

• Em determinados períodos da história


algumas delas ganham estímulo extra para
sua utilização.

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Substâncias Psicoa=vas

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Tipos de Uso

Experimental
• Uso eventual para experimentar seus efeitos, sem recorrência sistemática.
Recreacional ou Ocasional
• Uso intermitente em que há algum padrão de consumo, sem causar
problemas (físicos, emocionais, legais, familiares e sociais).
Abusivo
• Padrão de uso com consequências nocivas (critérios específicos).
Dependência
• Padrão abusivo com dependência (critérios específicos).
Critérios Diagnósticos

Uso Abusivo
Critérios Diagnósticos
Dependência
História Natural

v Nos estágios iniciais os indivíduos que irão desenvolver


transtornos são indistinguíveis, porém há fatores
identificáveis como de risco e como protetores.
Fatores de Risco para o uso de drogas
Fatores de proteção para o uso de drogas
Substâncias utilizadas
Classificadas de acordo com os efeitos farmacológicos no SNC

1. Depressoras da Atividade do SNC: álcool; soníferos ou hipnóticos;


ansiolíticos; opiáceos; inalantes ou solventes.

2. Estimulantes da Atividade do SNC : cocaína (e seus derivados


como crack e merla); anfetaminas; tabaco.

3. Perturbadoras da Atividade do SNC, Alucinógenas: mescalina (do


cacto mexicano); maconha ou THC (tetrahidrocanabinol); psilocibina (cogumelos);
lírio (trombeteira, zabumba ou saia branca); LSD; MDMA (ecstasy); anticolinérgicos.
Abordagem Inicial

Avaliação clínica
● Substâncias usadas ● História familiar
● Tratamentos anteriores ● Perfil psicossocial
● Comorbidades ● Exame `sico

Exames Complementares
● Álcool: TGO, TGP, GGT, Hemograma
● Injetáveis ou associadas a comportamento sexual: Anti HCV, Anti HIV, Anti HBs,
HBsAg e VDRL
Abordagem
Diagnóstico diferencial de sintomas de humor que se apresentam em um paciente com uso de SPA

Sintomas típicos da substância (intoxicação ou Sintomas provavelmente remitirão nos primeiros


abstinência) sem história psiquiátrica prévia. dias.

Sintomas resultantes diretamente dos efeitos


duradouros da substância, que iniciaram dentro de 4 Provável transtorno do humor introduzido por
semanas da última exposição, mais graves e substância.
arrastados que intoxicação ou abstinência.

Sintomas variáveis com intensidade variável em


qualquer momento da abstinência ou tratamento; Provável transtorno do humor preexistente.
sintomas persistentes após longa abstinência;
história familiar ou história prévia de episódio de
humor (antes do início do uso crônico de substância).
Abordagem Terapêutica
Intervenções Psicossociais:
• FRAMES
• Feedback: resumo das avaliações sobre a repercussão das
drogas
• Responsability: ênfase na responsabilidade pessoal do
paciente pela mudança
• Advice: recomendações claras para que mude hábitos
• Menu: apresentar opções para mudança
• Self-efficacy: empatia e reforço da autoeficácia

Família
• Abordar problemas familiares e incluir no Plano terapêutico
AbordagemTerapêutica
• Estratégias de redução de danos:
ü Substituir hábitos nocivos por outros menos nocivos ou de menor
potencial
• Estratégias de gerenciamento de casos:
ü Equipe multiprofissional
ü Prever abandonos e recidivas
ü Estar disponível
• Intervenções comunitárias:
ü Escolas, sala de espera, grupos de pacientes
• Grupos de auto-ajuda ● Alcoólicos Anônimos (AA)
• Narcóticos Anônimoas (NA)
Encaminhamento

• Suspeita de comorbidade psiquiátrica;


• Não melhora com tratamento inicial;
• Múltiplas tentativas prévias sem sucesso.
Estágios
Mo=vacionais
Estágios Motivacionais
• Pré-contemplação (“Eu não vou”) – Não considera
a possibilidade de mudar, nem se preocupa com a
questão. “Eu não quero parar de fumar”.

• Contemplação (“Eu poderia”) – Admite o problema,


é ambivalente e considera adotar mudanças eventualmente.
“Eu quero parar de fumar, mas não sei quando”.

• Preparação (“Eu vou / Eu posso”) – Inicia


algumas mudanças, planeja, cria condições para mudar, revisa tentativas passadas. “Eu tenho tentado
parar de fumar de um tempo para cá” ou “Eu tenho uma data e um esquema para começar nos
próximos 30 dias”.
• Ação (“Eu faço”) – Implementa mudanças ambientais e comportamentais, investe tempo e energia
na execução da mudança.“Eu tenho feito uso descontínuo do cigarro de um mês para cá, ficando
sem fumar pelo menos um dia inteiro durante este período”.
Abordagem
Abordagem
Tabagismo
Impacto na Saúde

● 1,1 bilhão de fumantes no mundo;


● 80% dos fumantes vivem em países de média e baixa renda;
● 50% dos fumantes morrem em decorrência dos efeitos do cigarro;
● 2019: 9 milhões de mortes pelo tabagismo = 237 milhões de anos
saudáveis de vida perdidos (disability adjusted life years, DALYs);
● Morte 10 anos antes;
Impacto na Saúde

● Relacionado a maioria das doenças crônicas


não transmissíveis, maior causa de óbitos no
Brasil
● Dano é dose dependente
● Não existem níveis seguros de consumo
● Estima-se em cerca de 500 milhões
anuais o gasto do SUS no
tratamento de doenças causadas
pelo tabagismo
Impacto na Saúde

Queda da prevalência de fumantes


adultos que acompanhou ações
governamentais de controle do
tabagismo, 1989-2010.

O gráfico demonstra a necessidade


de medidas rigorosas e
permanentes sobre os diversos
aspectos que o cigarro abrange
socioculturalmente.
Impacto na Saúde

● A nicotina é uma droga psicotrópica ou psicoativa.


● Cigarro e outras formas de tabaco, mascado ou inalado levam à
tolerância e dependência.
● Fumantes que não tragam também evoluem com tolerância e
dependência.
● Processo de dependência envolve fatores psicológicos e
comportamentais.
Impacto na Saúde

1 maço de cigarro = 20 cigarros.

Quantos maços fuma por dia? Há quantos anos?


Impacto na Saúde
Gelson fuma há 35 anos, 1 a 2 carteiras ao dia.
O primeiro cigarro é fumado a caminho do trabalho diariamente.
Mostrou-se motivado a parar de fumar.
Nunca experimentou parar, mas sabe que será difícil, pois sua mulher
engordou muito.
Relata ao médico que já come demais, pois é muito ansioso.
Ele buscou atendimento hoje porque está com tosse produtiva há 5 dias.
Ao ser questionado disse que tem fumado normalmente nesses dias.
Teste de Fargerström

● Avalia o grau de dependência à nicotina.


● Quanto mais pontos, maior a dependência.
● As respostas indicam em que âmbito pode haver mais desconforto ao
deixar de fumar, quais sintomas da abstinência podem ser mais
impactantes.
● Indica a necessidade ou não de apoio medicamentoso no tratamento
da dependência.
Avaliação da Dependência - Teste de Fargerström
Comportamento esperado do Profissional de Saúde
Recomendações – Abordagem Clínica
Avaliação da Motivação

● A MOTIVAÇÃO PARA A MUDANÇA É PREDITIVA DE BOAS TAXAS DE


CESSAÇÃO!
● PACIENTE PREPARADO PARA A MUDANÇA SE ENGAJA AO
TRATAMENTO!
● FIQUE ATENTO PARA ABORDAR OPORTUNAMENTE!
Motivação X Conduta
Tabela: Identificação do estágio de motivação e condutas decorrentes.
Aconselhamento Breve e Intensivo
● A abordagem breve consiste em: perguntar e avaliar, aconselhar e
preparar o fumante para que deixe de fumar;

● Todos os profissionais estão aptos a realizar a abordagem breve,


com estudo e treinamento;

● 5-10% de taxa de cessação ao ano.


Aconselhamento Breve e Intensivo
Perguntas que levam o paciente a refletir sobre questões fundamentais
relacionadas com o tabagismo e o sensibilizam para tentar parar de fumar:
Tratamento
• Terapia Cognitvo Comportamental
• Taxas de sucesso de cerca de 20% em um ano

• Intervenção em Grupo
• Objekvo de cada encontro é aprofundar as discussões relacionadas a temas
que ajudem a cessação e parklhar experiências
• Etapas:
ü Preparar o fumante para solucionar seus problemas
ü EsTmular habilidades para resisTr às tentações de fumar
ü Preparar para prevenir a recaída
ü Preparar para lidar com o estresse
Tratamento Farmacológico
• Indicações:
• > 20 cigarros ao dia;
• 1º cigarro fumado antes de 30 min depois do despertar e fumar mais de
10 cigarros por dia;
• Resultado do Teste de Fargeström maior ou igual a 5;
• Já tentou somente com abordagem cognitivo comportamental mas
não obteve êxito;
• Não possuir contraindicações ao fármaco.
Opções Farmacológicas
Fármacos efetivos no tratamento da dependência da nicotina.
Fármaco Posologia Comentários
Opções Farmacológicas
Fármacos efetivos no tratamento da dependência da nicotina.
Fármaco Posologia Comentários
Fármacos disponíveis na RENAME
Problemas relacionados ao
consumo de álcool
Problemas relacionados ao consumo de álcool
• O álcool é uma substância química produzida a partir da fermentação do açúcar
encontrado numa série de produtos de origem vegetal (cana-de-açúcar, frutas, arroz,
mandioca etc.)
• O álcool é a droga mais produzida, consumida e que causa mais dependência no mundo
• O álcool está relacionado a danos de saúde diretos aos usuários como trauma, câncer e
cirrose.
• É o principal transtorno mental nos diversos níveis assistenciais
• Aumento do consumo de álcool por mulheres - 2006: 27% e 2012: 38%;
• Experiência precoce: 22% antes dos 15 anos em 2012
• É o fator mais frequentemente associado a episódios de violência interpessoal e
acidentes de trânsito.
Vigitel 2021
Problemas relacionados ao consumo de álcool - Conceitos
• Transtorno por uso de álcool (TUA)
Nomenclatura atual para descrever os problemas associados ao consumo de álcool;

• Craving ou fissura
Desejo de experimentar os efeitos da droga; forte e subjetiva energia; irresistível
impulso para usar droga; pensamento obsessivo; alívio para os sintomas de
abstinência; incentivo para autoadministar a substância; expectativa de resultado
positivo.

• Binge
Consumo de álcool em quantidade suficiente para atingir alcoolemia de 0,08g/dL
(aprox. 5 doses para homens e 4 doses para mulheres) em 2 horas;
Rastreamento do TUA

Instrumentos de rastreamento foram desenvolvidos para simplificar o


diagnóstico de Transtorno do Uso de Álcool:

● CAGE
● AUDIT
Rastreamento do TUA - CAGE
Detecta o uso nocivo e dependência de álcool (CID10).
Sensibilidade 43-94% e especificidade 70-97%, para duas ou mais respostas positivas.
Aplicar na primeira entrevista para definição de intervenção breve.

(C) Alguma vez você sentiu que deveria diminuir (cutdown) a quantidade de bebida ou
parar de beber?
(A) As pessoas o aborrecem (annoyed) porque criticam o seu modo de beber?
(G) Você se sente culpado (guilty)/ chateado consigo mesmo pela maneira como
costuma beber?
(E) Você costuma beber pela manhã (eye-opener) para diminuir o nervosismo ou a
ressaca?
Rastreamento do TUA - AUDIT
Alcohol Use Disorder Indentification Test
Desenvolvido pela OMS para avaliação do uso problemático/consumo de risco nos últimos
12 meses, TUA leve, TUA moderado a grave: identifica indivíduos de alto risco.
Aplicar na segunda entrevista para definir padrão de consumo e pactuar intervenções,
caso necessárias.

“Agora vou fazer algumas perguntas sobre seu consumo de álcool ao longo dos últimos 12
meses”
Explique o que você quer dizer com “consumo excessivo de álcool”, usando exemplos
locais como cerveja, vinho, destilados, etc. Marque as respostas relativas à quantidade em
termos de “dose padrão”.
Marque a pontuação de cada resposta no quadrinho correspondente e somente ao final.
Intervenção Conforme AUDIT
Diretrizes diagnósticas na identificação de pacientes com TUA

1. Consumo de álcool em quantidade ou tempo maiores do que o pretendido;


2. Desejo persistente ou esforços mal sucedidos para reduzir e controlar o uso de
álcool;
3. Tempo gasto em obtenção ou utilização de álcool, bem como na recuperação de seus
efeitos;
4. Fissura ou forte desejo pelo álcool;
5. Fracasso em desempenhar papéis sociais por conta do uso recorrente de álcool;
6. Uso continuado de álcool, apesar dos problemas sociais e interpessoais;
Diretrizes diagnósticas na identificação de pacientes com TUA

7. Abandono ou redução de akvidades sociais e profissionais;


8. Uso de álcool em situações em que isso representa perigo para a integridade `sica;
9. Manter uso de álcool apesar da consciência de ter problema `sico ou psicológico
causado pela substância;
10. Tolerância (quankdades gradakvamente maiores para obter intoxicação ou redução
do efeito em uso de quankdade de álcool usual);
11. Absknência (síndrome de absknência do álcool ou o paciente consome substância
estritamente relacionadas para aliviar ou evitar sintomas de absknência)
Classificação do TUA
TUA Leve (2-3 critérios)
Contexto em que o consumo de álcool traz prejuízo e
consequências negativas à vida do paciente em uma fase Classificação Pontos
inicial.
Leve 2-3

TUA Moderado (4-5 critérios) e Grave (>6 critérios) Moderado 4-5

Conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e Grave >6


cognitivos no qual o uso de bebida alcoólica tem prioridade
muito maior do que outros comportamentos que eram
priorizados.
Conduta para problemas relacionados ao álcool
Exame clínico completo
• Observar sinais e sintomas de desnutrição, problemas gastrointestinais, doenças do
fígado, pancreatite, neuropatias periféricas, problemas cardiovasculares, prejuízos
cerebrais, imunológicos, anemias, osteoporose e câncer.

Avaliação laboratorial sugestiva de abuso de álcool:


• Alterações hepáticas: TGO/AST e TGP/ALT com relação 1,5:1 a 2:1; bilirrubinas,
diminuição da atividade da protrombina.
• Alterações hematológicas: anemia, trombocitopenia, elevação do volume
corpuscular médico (VCM) indicando macrocitose sem anemia
Conduta para problemas relacionados ao álcool
Intervenção Breve

Estratégia básica para alcançar bons resultados antes que o paciente tenha
desenvolvido TUA moderado a grave e demais problemas associados.

• Estruturada, focal e objetiva;


• Desenvolvida de 5 a 45 minutos;
• Raramente ultrapassa 5 encontros;
• Pode ser aplicada por diversos profissionais;
• Centrada no paciente com o objetivo de desenvolver autonomia, atribuindo-lhes a
capacidade de assumir a iniciativa e a responsabilidade por suas escolhas.
Intervenção Breve
Exemplos de aconselhamento uFlizados na intervenção breve:
Intoxicação aguda por álcool
ALCOOLEMIA (mg%) QUADRO CLÍNICO CONDUTA
30 Euforia, excitação, alteração leve da atenção. Ambiente calmo e monitoramento dos
sinais vitais.

50 Incoordenação motora discreta, alteração do humor, da Ambiente calmo e monitoramento dos


personalidade e do comportamento. sinais vitais.

100 Ataxia, piora do humor, piora dos reflexos sensitivos, Monitoramento dos sinais vitais, cuidados
redução da concentração. para mantenção de via aérea livre,
observar risco de broncoaspiração de
vômitos.

200 Piora da ataxia, náuseas e vômitos. Internação, cuidados para mantenção de


via aérea livre, observar risco de
broncoaspiração, aplicar tiamina IM.

300 Disartria, amnésia, hipotermia, anestesia. Internação, cuidados gerais para


manutenção da vida, aplicar tiamina IM.

400 Coma, morte (bloqueio respiratório central). Emergência, cuidados intensivos para a
manutenção da vida, diretrizes de
tratamento do coma.
Intoxicação aguda por álcool - Manejo
• Sem perda de consciência:
ü Não há evidência de medicações que aceleram o metabolismo do álcool;
ü Glicose hipertônica só tem indicação se paciente está em hipoglicemia;
ü Tiamina 100-300mg EV em quem receber soro glicosado, para reduzir risco de
encefalopatia de Wernicke.
ü Haldol 5mg VO ou IM se agitação psicomotora e agressividade: cuidado!
Risco de redução do limiar convulsivo.
ü Não prescrever benzodiazepínicos pela potencialização dos efeitos depressores do álcool.

• Com perda da consciência/coma alcoólico:


ü Internação hospitalar devido a risco de broncoaspiração.
ü Hidratação, avaliação da glicemia, risco de encefalopatia de Wernicke.
Síndrome de Abstinência Alcoólica
A. Deve haver evidência clara de interrupção ou redução do uso de álcool, após uso
repetido, usualmente prolongado e/ou em altas doses.
B. Três dos sinais devem estar presentes:

Tremores na língua, pálpebras ou nas Alucinações visuais, táteis ou auditivas


mãos estendidas transitórias

Náusea, ânsia de vômito ou vômito Insônia

Sudorese Mal estar ou fraqueza

Taquicardia ou hipertensão Cefaleia

Agitação psicomotora Convulsões tipo grande mal


Avaliação do paciente

A aplicação da escala CIWAR-Ar


(Clinical Institute Withdrawal
Assessment from Alcohol-
revised)orienta sobre o manejo
adequado do paciente
Síndrome de Abstinência Alcoólica
Se o delirium está presente, o diagnóstico deve ser estado de abstinência alcoólica com
delirium (delirium tremens) (F10.4). Sem e com convulsões (F10.40 e 41).

SAA Nível I
Trata-se da SAA leve e moderada.
Ocorre nas primeiras 24 horas após a última dose.
90% dos pacientes e cursa com:
agitação ansiedade tremores finos de alteração do sono sudorese em surtos
extremidades

alteração do apetite alteração do alteração do humor Alteração da aumento da


relacionamento sensopercepção frequência cardíaca,
interpessoal pulso e temperatura
Síndrome de Abstinência Alcoólica - SAA Nível I
Encefalopatia de Wernicke
Alteração do Confusão mental Oftalmo
equilíbrio/marcha plegia/nistagmo

Se não tratada leva à morte em 20% dos casos.


Síndrome de Abstinência Alcoólica - Nível I
Manejo

• Escores <18 permitem a desintoxicação domiciliar ou ambulatorial, dependendo dos


recursos clínicos, psíquicos, sociais e do local.
• O paciente e sua família devem ser orientados sobre a doença e da necessidade de
buscarem uma sala de emergência caso haja agravamento clínico.
Síndrome de Abstinência Alcoólica - SAA Nível I
Manejo
● Dieta livre.
● Hidratação.
● Profilaxia da encefalopatia de Wernicke: Tiamina 300 mg IM ao dia por 7 dias.
○ Após, prescrever Tiamina 300 mg VO/dia por mais 2 semanas.
● Benzodiazepínico é sintomático: preferir os de meia vida longa - Diazepam 20 a 40
mg/dia VO, com retirada gradual com início em 7 dias.
● Se hepatopatia grave, preferir Lorazepam, por ter menos efeitos hepatotóxicos,
4 a 8 mg/dia VO, com retirada gradual em 7 dias.
Síndrome de Abstinência Alcoólica - Nível II e III
É grave. Deve ser manejado em nível secundário ou terciário

Cerca de 5% dos pacientes evoluem do estágio I para o II.


Ocorre após +-48 horas da última dose.
Os sinais autonômicos são mais intensos.
Tremores generalizados Alucinações auditivas Alucinações visuais Desorientação tempo
espacial

3% dos pacientes do estágio II chegam ao Delirium Tremens (DM) após 72 horas da


última dose. Muito grave!
Síndrome de Abstinência Alcoólica - Nível II e III
O DM piora ao entardecer (sundowning).
Riscos com sequelas e morte entre aqueles que não recebem tratamento.
10% - 15% destes apresentam convulsões do tipo grande mal.
É psicose orgânica reversível, duração de 2 a 10 dias, cursa com:
despersonalização humor intensamente apatia agressividade
disfórico

Deve-se fazer diagnóstico diferencial com traumatismo craniano e doenças


epileptiformes.
Síndrome de Abstinência Alcoólica - O que NÃO fazer!
Conduta inadequada Motivo
Administrar glicose indiscriminadamente. Risco de precipitação de síndrome de Wernicke. A
glicose só deve ser aplicada parenteralmente após a
administração de tiamina, se houver constatação de
hipoglicemia grave e se não for possível a reposição
por via oral.

Usar rotineiramente fenitoína EV. Não parece ser eficaz no controle de crises convulsivas
da síndrome de privação do álcool.

Administrar clorpromazina e outros neurolépticos de Reduzem o limiar dpara convulsões; o haloperidol,


baixa sedativos de baixa potência para controle da pelo menor risco, é a opção mais adequada.
agitação.

Contenção inadequada e indiscriminada. Risco de lesões físicas e constrangimento


desnecessário aos pacientes.
Tratamento farmacológico do TUA
As medicações eficazes que podem ser usadas no tratamento para abstinência alcoólica
mas não estão disponíveis no RENAME.

• Naltrexone: quando pode fazer a diminuição progressiva do uso de álcool.


○ mecanismo de ação: antagonista opióide, diminuem o ímpeto pelo uso de álcool.
○ dose: 50-100mg/dia, por 3 a 4 meses.
• Dissulfiram: quando deve entrar em abstinência imediatamente.
○ mecanismo de ação: inibe a aldeído-desidrogenase e, quando usada em
associação com ao álcool aumenta os níveis de acetaldeído, provocando efeito
antabuse - reações desagradáveis, como palpitação, rubor, náusea e vômito.
○ dose: 250mg/dia.
• Acamprosato: para reduzir sintomas de abstinência.
○ mecanismo de ação: coagonista de receptores de glutamato, não tem efeito no
humor, na concentração, na atenção e no desempenho psicomotor.
Tratamento farmacológico do TUA
Papel coadjuvante na abordagem terapêutica.

Objetivo:
• Alcançar a abstinência sem desenvolver a SAA;
• Contribuir na manutenção da abstinência;
• Contribuir na prevenção de recaídas.

Considerar o tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno Ansioso


Misto ou Transtorno Depressivo Moderado e Grave:
• Inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS).
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Especial de Saúde Indígena. Departamento de Atenção à Saúde Indígena.
Atenção psicossocial aos povos indígenas: tecendo redes para promoção do bem viver. Brasília: Ministério da Saúde,
2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde.
Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais:
Rename 2020 [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.
DUNCAN, B. B. et al. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. Porto Alegre:
Artmed, 2022. 2424p.

GUSSO, G.; LOPES, J. M.C.; DIAS, L. C., organizadores. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: Princípios,
Formação e Prática. Porto Alegre: ARTMED, 2019, 2388 p.

MARQUES, A. C. P. R.; RIBEIRO, M. Abuso e Dependência do Álcool. Associação Brasileira de Psiquiatria. 2022.
Disponível em: http://projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/002.pdf

ALARCON, S. Drogas Psicoativas: classificação e bulário das principais drogas de abuso. In: ALARCON, S., and JORGE,
MAS., comps. Álcool e outras drogas: diálogos sobre um mal-estar contemporâneo [online]. Rio de Janeiro: Editora
FIOCRUZ, 2012, pp. 103-129. ISBN: 978-85-7541-539-9.
OBRIGADO(A)!
COORDENAÇÃO GERAL
FRANCISCO DE ASSIS ROCHA NEVES
NILSON MASSAKAZU ANDO

POLO SÃO PAULO


COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
GUSTAVO EMANUEL FARIAS GONÇALVES
MARIANA TOMASI SCARDUA

SUBCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
MARIZÉLIA GOIS MONTEIRO
DANIEL DE MEDEIROS GONZAGA

APOIO INSTITUCIONAL DO MEC


MÁRCIA CRISTINA NÉSPOLI ANDO
JONAS NERIS FILHO
POLO SALVADOR
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
MARINA ABREU CORRADI CRUZ
SUBCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
CLARISSA SANTOS LAGES
APOIO INTITUCIONAL DO MEC
JOÃO PEREIRA DE LIMA NETO

POLO BELO HORIZONTE


COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
CAMILA ZAMBAN DE MIRANDA
FRANTCHESCA FRIPP DOS SANTOS
SUBCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
JULIANA MACHADO DE CARVALHO
AUGUSTO CEZAR DAL CHIAVÓN
APOIO INTITUCIONAL DO MEC
LILIAN PATRÍCIA SILVA DE SOUZA
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
CAMILO SOBREIRA DE SANTANA
SECRETÁRIA DE ENSINO SUPERIOR
DENISE PIRES DE CARVALHO
DIRETORA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
GISELE VIANA PIRES
COORDENADOR GERAL DE EXPANSÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
FRANCISCO DE ASSIS ROCHA NEVES
REFERÊNCIAS CENTRAIS DO MEC/PMMB
ANA LUÍSA DOS SANTOS AZEVEDO
ANA LUIZA FEITOZA NEVES SANTOS COSTA
GABRIELA CARVALHO DA ROCHA
HUMBERTO BATISTA BORGES DA SILVEIRA
LEONARDO SOUSA ARAÚJO
LUCAS DE SOUZA PORFIRIO
MAÉZIA MARIA MEDEIROS COSTA MIGUEL
TATIANA RIBEIRO

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