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Conforme explicarei ainda neste capítulo.
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excluir outros grupos e sujeitos que não são considerados parte daquele
mesmo regime. Neste sentido, Alvarez (2014) faz questão de situar que
os campos discursivos de ação se entrelaçam em redes, teias e/ou malhas
costuradas que, para além de interligar e cruzar ideias, discursos,
pessoas, grupos/instituições organizados, também “interconectam”
sujeitos e agrupamentos menos formalizados, como as manifestações
políticas nas ruas e como a mídia e internet... Desse modo, é possível
relacionar a ideia da autora com um dos legados fundamentais de
Deleuze, ao considerar que uma perspectiva rizomática revaloriza o
“entre”, o que acontece na multiplicidade dos encontros, no processo,
como nos indica Saidon (2002). E isso não ocorre de uma forma
organizada e previsível, por isso não me interessa conjecturar aqui
pontos de possíveis origens aos campos discursivos presentes nos
feminismos, tampouco suas saídas, pois o desafio está em permanecer
na instabilidade.
Acredito que olhar para as linhas de forças, para as “entre”
disputas e os diferentes elementos discursivos presentes em coletivos
virtuais denominados como Radfem e/ou feminismo radical, seja uma
forma de habitar a instabilidade e o fluxo plural dos campos de disputas,
agenciado e produzido historicamente. E que, talvez, um efeito desta
instabilidade, seja exatamente a tentativa de em determinados momentos
de disputas discursivas, organizar uma possível representação do sujeito
do feminismo e de modos de subjetivação em que diferentes sujeitos
sejam considerados mais próximos ou menos próximos deste ideal de
representação. Uma ficção identitária que pode nos indicar
“agenciamentos dominantes”. Para Saidon (2002, p. 40) “pensar en los
agenciamentos es pensar lo que se articula, lo heterogênio, lo diverso”, é
pensar em modos de subjetivação. Isso significa não essencializar, mas
em demonstrar como se vão agenciando matéria e forma, como em
determinados momentos históricos aquilo que compreendemos por
subjetividade irá depender dos modos como os sujeitos se agenciam, e
mais, como os agenciamentos são mutáveis e produzidos (SAIDON,
2002).
Tal como indica Saidon (2002, p. 41) a palavra “agenciamento” é
usada para combater a ideia das essências e “la idea de uma forma
preexistente que pueda dominar al caos. Assimismo, la idea de
agenciamento la vemos a ver funcionar a servicio de ir descartando los
dualismos, los binarismos, que se le presentan al piensamiento”. Quais
forças operam e se articulam como formas discursivas preexistentes?
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Teve muita importância para a sua época, mas muitas mulheres não se
identificavam com estas pautas.
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Interessante perceber a semelhança nos movimentos atuais das mulheres trans
sobre as expressões de gênero. A produção da categoria cisgênero é justamente
para contrapor a ideia da existência de expressões de gênero serem naturalmente
relacionadas ao sexo de nascimento, colocando em questão a compulsoriedade
da linearidade entre sexo e identidade de gênero. E isso diz respeito tanto a
pessoas cis quanto a pessoas trans.
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O Império Transsexual: A Fazenda do Macho (Tradução Livre).
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Gênero dói: Uma Análise Feminista da Política do Transgênero (Tradução
Livre).
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2.2.TRANSFEMINISMOS
Antes de morrer
Quero ver brotar
Do Papel mais árido,
O suave prazer
De ter um lugar
Pro som do meu hálito.
Depois de nascer
Desabrochará
A flor do meu nome?
O encanto de ver
Satisfeita cá
Essa minha fome?
Se dizem ‘jamais’.
Não posso esquecer
O que me conforta,
Meu canto fugaz.
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Encontro feminista latino-americano realizado na República Dominicana.
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