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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS


CURSO DE PSICOLOGIA

DANIEL VIANA FERREIRA


YUSKA ALVES PRIMO DE ARAUJO

A INSERÇÃO DO ADULTO JOVEM NO MERCADO DE TRABALHO EM


TERESINA - PI

TERESINA – PI
2024
DANIEL VIANA FERREIRA
YUSKA ALVES PRIMO DE ARAUJO

A INSERÇÃO DO ADULTO JOVEM NO MERCADO DE TRABALHO EM


TERESINA - PI

Projeto de Pesquisa encaminhado à disciplina de


Desenvolvimento na Idade Adulta e
Gerontologia do curso de Psicologia da
Universidade Estadual do Piauí – UESPI, como
requisito básico para a obtenção de nota, sob
orientação da Profa. Valquíria Pereira da Cunha.

TERESINA – PI
2024
1 TEMA
A inserção do adulto jovem no mercado de trabalho em Teresina – PI.

2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
- 5 participantes.
- Adultos jovens de 17 a 22 anos.
- Inseridos no mercado de trabalho, formal ou informal, de Teresina - PI.

3 OBJETIVOS
- Identificar o contexto de inserção do Adulto Jovem no mercado de trabalho em
Teresina;
- Compreender a experiência de trabalhar e estudar para o adulto/jovem;
- Relacionar as motivações do Adulto Jovem para a inserção no mercado de
trabalho;
- Avaliar satisfação do Adulto Jovem com o mercado de trabalho;
- Identificar a qualidade das relações interpessoais do Adulto Jovem com o grupo;
- Identificar como a inserção no Mercado de Trabalho impactou as relações
familiares;
- Avaliar a capacidade de administrar a remuneração/salário com as necessidades.

4 INTRODUÇÃO

A transição do adolescente para a fase adulta é um momento crítico no


desenvolvimento de qualquer indivíduo, no qual, espera-se já ter descoberto a própria
identidade e agora se prepara para se tornar um jovem adulto e ingressar no mercado de
trabalho (Papalia et al, 2013). Essa transição impacta sua trajetória profissional e
pessoal. Por isso, este projeto de pesquisa de campo, realizado por meio de um
questionário estruturado, tem como objetivo principal a análise da inserção do adulto
jovem no mercado de trabalho em Teresina - PI.

Nesse sentido, a pesquisa de campo com questionário estruturado, compõe-se como


um método de coleta de dados que utiliza perguntas pré-definidas para obter
informações sobre o tema (Gil, 2008). O questionário realizado com 5 pessoas, dentro
dos critérios de inclusão, contém 10 perguntas abertas sobre a temática, direcionadas
aos participantes, foram determinados critérios de inclusão que englobam adultos jovens
com idade entre 17 e 22 anos, que estejam inseridos no mercado de trabalho, seja ele
formal ou informal. Ademais, como objetivos da pesquisa, busca-se identificar o
contexto da inserção do adulto jovem no mercado de trabalho, compreender a
experiência de conciliação do trabalho e estudo, analisar as motivações desses jovens a
ingressarem no mercado de trabalho, avaliar a sua satisfação nesse novo ambiente,
investigar a qualidade das relações interpessoais, compreender o impacto da inserção
nas relações íntimas e avaliar a capacidade desses jovens em administrar sua
remuneração para suprir suas necessidades.

Portanto, a partir desses objetivos, busca-se oferecer uma análise aprofundada sobre
a dialética da inserção do adulto jovem no mercado de trabalho em Teresina, capital do
Piauí, contribuindo para uma melhor compreensão dos desafios e oportunidades
enfrentados por essa parte da população, que passa por esse momento crítico do
desenvolvimento psicossocial, cognitivo e físico.

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 QUEM SÃO OS ADULTOS JOVENS

Os jovens adultos, são os jovens entre 17 e 22 anos (Papalia, 2013), os quais,


dentre seus encargos, precisam definir sua identidade, como vão viver, que tipo de
trabalho farão, que tipo de relacionamentos sexuais e amorosos terão e quais valores
adotarão para a vida. Nesse sentido, pode-se dizer que eles são os adolescentes de antes,
mas agora passando pela transição entre a adolescência e a fase adulta, a qual requer a
tomada de decisões que impactam em toda a sua vida a partir daqui, visto que, ainda
apresentam características dos jovens, mas têm que começar a viver como adultos, o
que pode gerar insatisfação e frustração com salários, carreiras e ambientes de trabalho
que não cumpram as expectativas (Papalia et al., 2006).

Partindo desse ponto, para a maioria dos cientistas do desenvolvimento, muitos


jovens das sociedades industrializadas ocidentais, contexto em que se insere os
participantes dessa pesquisa, o fim da adolescência e o final da segunda década de vida
tornaram-se um período crítico do curso de vida, conhecido como início da vida adulta.

5.2 CONCILIAÇÃO DO TRABALHO E VIDA PESSOAL NO INÍCIO DA FASE


ADULTA

Tipicamente, os projetos de vida, nessa fase, incluem muitos aspectos relacionados


ao trabalho, tais como a satisfação profissional, sucesso e o reconhecimento. Mas
também, na dinâmica entre o trabalho e os relacionamentos íntimos, tanto familiares
como românticos. É nessa fase, que indivíduo consegue conciliar com mais facilidade,
os pensamentos e sentimentos contraditórios, pois segundo trabalhos de pesquisa a
partir da década de 1970, o pensamento maduro é mais rico e mais complexo do que
Piaget descreve, sendo caracterizado pela capacidade de lidar com inconsistência e
contradição, além da imperfeição e da maior tolerância. (Papalia et al, 2013).

Portanto, é nessa fase, que o adulto jovem, consegue conciliar o profissional e o


afetivo com mais facilidade do que antes, pois espera-se, dentro do desenvolvimento
normal, que o indivíduo tenha concebido inteligência emocional e raciocínio moral para
lidar com várias coisas, que podem ser vistas como contraditórias.

5.3 MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL

Segundo a Constituição de 1988, políticas para a juventude foram sendo


construídas e implementadas, para que a inclusão laboral do jovem não se fizesse de
forma perversa e demasiada antecipada no mercado de trabalho, configurando do
trabalho infantil. Nesse sentido, criou-se o programa de jovens aprendizes, na qual, a
partir dos 14 anos, até os 24, poder-se-ia começar a inserir o jovem no mercado de
trabalho, de forma gradual e mais leve do que um trabalho consolidado (Castro, 2019).
Além disso, existem os programas de estágios remunerados, que podem ser de nível
médio, abrangendo adolescentes a jovens adultos e de nível superior, englobando,
principalmente, adultos jovens que estão cursando ensino superior articulado no Art. 1º
da Lei nº11.788/2008 (BRASIL, 2008).

Partindo dessa lógica, a inserção do adulto jovem no mercado de trabalho


brasileiro poderia ser fácil, devido aos programas e políticas nacionais, no entanto, o
que se ver é, a cada vez mais crescente, parcela da população jovem que nem estuda,
nem trabalha e ainda vive na casa dos pais. Desde a década de 80, o termo “nem-nem” é
utilizado para caracterizar esses jovens que por várias razões, não estudam e não
trabalham (Serracant, 2014). No Brasil, segundo o IBGE (2022), estima-se que 9,6
milhões de jovens entre 15 e 29 anos nem trabalham nem estudam, totalizando 22,3%
deste grupo etário. Ainda segundo a agência, 61,2% dessa parcela eram pobres, com
renda per capita inferior a US$6,85 por dia, e 14,8% estavam na extrema pobreza, com
renda domiciliar per capita abaixo de US$2,15 por dia. Além disso, a maioria disse não
ter interesse em trabalhar, pois, tinham que cuidar de parentes, ou afazeres domésticos,
(desse percentual, a maioria eram mulheres); problemas com gravidez e outros estavam
estudando por conta própria. Já os que tinham interesse, responderam não ter trabalho
na região; que tinham que cuidar dos afazeres domésticos, mas queriam trabalhar; e
outros não conseguiram um trabalho adequado.

Por outro lado, ainda segundo o IBGE (2022), o número de pessoas no país que
trabalhavam de forma informal era de 39,6%, ou seja, a maior parte da população
ocupada no Brasil trabalha de forma formal. Devido a isso, os resultados da pesquisa,
provavelmente, devem representar essa estimativa.

Portanto, diante do exposto pode-se notar que, nessa fase crítica do


desenvolvimento humano, o Brasil tem aparatos políticos e programas que abarque a
inserção do jovem adulto no mercado de trabalho, mas, devido a desigualdade social,
nem todos têm acesso a eles, já que o acesso a educação necessária ainda é precário e
não abrange a todos, o que deixa uma parcela da população sem acesso a programa
como jovem aprendiz e estágio médio e superior, que exigem uma escolaridade mínima.

5.4 REALIDADE EM TERESINA - PI

Segundo o IBGE (2022), 27,8% dos jovens piauienses entre 15 e 29 anos, não
trabalham nem estudam, o índice representa a 11ª colocação no Brasil, e está 5,5 pontos
percentuais acima da média nacional. No entanto, segundo a agência, a maior parte dos
jovens piauienses de 15 a 29 anos, (33,1%) encontrava-se ocupada no mercado de
trabalho, mas sem frequentar à escola ou ensino superior, e ainda devido à inexperiência
no mercado de trabalho, esse grupo é mais vulnerável aos períodos de crise econômica,
como a enfrentada entre 2020 e 2023, com a pandemia de COVID-19, especialmente
entre os menos qualificados. Portanto, essa pesquisa de campo visa coletar dados e
analisar as características do mercado de trabalho entre os jovens adultos de Teresina –
PI, a fim de compreender a realidade dessa parcela da população nos dias atuais.

6 SÍNTESE DAS ENTREVISTAS

6.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PARTICIPANTES

De acordo com o gráfico acima, 1 participante da pesquisa de campo, ou 20%


dos entrevistados, tem 20 anos de idade, enquanto 3, ou 60%, tem 21 anos e por fim,
1, ou 20%, tem 22 anos. Nesse sentido, os participantes da pesquisa se encontram na
idade do adulto jovem, descrita por Papalia (2013), cumprindo os requisitos de
inclusão descritos na fundamentação teórica.

De acordo com o gráfico acima, 2 dos participantes da pesquisa de campo, ou


40% dos entrevistados, se autodeclaram como homens cis, enquanto, 3, ou 60%, se
autodeclaram como mulheres cis. Nesse sentido, a maior parte da amostra da
pesquisa é composta por mulheres, que mostra o aumento da participação da mulher
no mercado de trabalho, descrito pela pesquisa do IBGE (2022).
De acordo com o gráfico acima, 1 participante da pesquisa de campo, ou 20%
dos entrevistados, se autodeclara como sendo de cor preta, já 2, ou 40%, se
autodeclaram como sendo de cor parda, e 2 ou 40%, se autodeclaram como sendo de
cor branca. Os resultados comprovam os dados e estimativas do IBGE (2022), nos
quais mostra-se a ainda pequena participação da população preta no mercado de
trabalho, em contrapartida a maior participação da população branca e parda.
De acordo com o gráfico acima, 4 participantes da pesquisa de campo, ou 80%
dos entrevistados, trabalham de forma formal, enquanto apenas 1, ou 20%, trabalha
de forma informal. Nesse sentido, os dados da pesquisa comprovam a estimativa que
se esperava, já que, segundo o IBGE (2022), a maior parte da população trabalha
formalmente.

De acordo com a tabela acima, todos os entrevistados apresentam trabalhos


diferentes uns dos outros, representando a diversidade de áreas de atuação que o adulto
jovem pode atuar. Dentre elas, a maior parte (40%), são de estágios extracurriculares
remunerados, um de nível médio técnico e outro de nível superior. O que representa a
importância dos estágios remunerados, estabelecidos pelo Art. 1º da Lei nº11.788/2008
(BRASIL, 2008), para o adulto jovem, que ainda não trabalha de forma fixa, mas,
graças a esses programas, já consegue ter alguma experiência de trabalho.
De acordo com o gráfico acima, 5 participantes da pesquisa de campo, ou seja
100% dos entrevistados, trabalham e estudam ao mesmo tempo. De acordo com
Papalia (2013), isso é uma configuração comum para a maioria dos adultos jovens,
já que ainda estão em um período de transição da adolescência para a fase adulta, o
que requer ainda uma complementação da sua formação. Nesse sentido, as áreas de
estudo que essa parcela da população pode ingressar são muito diversas, indo do
profissionalizante ao superior, como vista na tabela abaixo.

6.2 SÍNTESE DAS ENTREVISTAS


De acordo com o gráfico acima, contrariando as expectativas iniciais, de que a
maioria não estaria satisfeita com o salário em relação à carga horária e às funções
exercidas, o que se ver é que, 4 dos 5 participantes, ou 80%, estão satisfeitos com o
salário. Esperava-se, de acordo com Papalia (2013), que por se tratar de uma fase de
busca de lugar no mundo, identidade e de lutar por seus sonhos, a maioria dos jovens
adultos não estaria satisfeito ganhando pouco. No entanto, de acordo com as entrevistas,
a maioria dos entrevistados respondeu que, mesmo ganhando pouco, visto que, são
empregos que pagam cerca de um salário mínimo ou menos, estão satisfeitos. Uma
hipótese que pode explicar isso é que, devido a carga horária reduzida dos empregos da
maioria, e as funções não tão complicadas, a remuneração é adequada. como pode ser
vista na declaração do participante S.: “Bom, atualmente eu gosto da minha carga
horária de trabalho, pra um estágio que recebe 990 reais e trabalha 4 horas por dia só
5 dias por semana tá muito bom, o salário é bem adequado a minha hora de trabalho e
consigo me manter sim.”
De acordo com o gráfico acima, a totalidade dos entrevistados respondeu que
não pretendem continuar o vínculo empregatício em que estão atualmente. Esperava-se
que esse resultado se apresentasse, visto que, de acordo com Papalia (2013), o início da
vida adulta é uma fase transitória, na qual a maioria das pessoas não ficará por muito
tempo em um emprego, visto que, é uma fase de experimentação. De acordo com os
resultados, todos os participantes responderam que estão no emprego atual apenas para
se manter enquanto estudam e pretendem buscar um novo trabalho que se encaixe
melhor na sua área de formação. Nesse sentido, pode-se observar isso na frase do
participante W.: “ [...] eu não tenho expectativa de crescimento no meu emprego, não.
Eu pretendo abandonar ele assim que possível, já que não é tecnicamente da minha
área, eu faço sim coisas de TI, mas eu sou assistente administrativo e não técnico de
TI.”
De acordo com o gráfico acima, 4 dos 5 entrevistados, ou 80%, responderam que
não há problema com a interação social no trabalho, a maioria respondeu relativamente
semelhante, destacando que não é difícil e é a melhor parte do momento de trabalho,
visto que, o ambiente de trabalho desses entrevistados não é tão tóxico e há presença de
amizades, que facilitam a interação. Apenas 1 pessoa, respondeu que acha difícil, e
também que é exaustivo, provavelmente, devido ao ambiente não saudável de trabalho e
o desgaste em que todos se encontram, não sobrando tempo e motivação para interação
social. Portanto, destaca-se aqui a importância dos vínculos afetivos para manter a
produtividade e o bem-estar no trabalho.

De acordo com a tabela acima, apenas o entrevistado G. consegue conciliar


todos os vínculos pessoais com o trabalho sem problemas. 80% dos entrevistados têm
problema de conciliar um ou mais vínculos pessoais com o trabalho. Nesse sentido, o
vínculo amoroso apresenta a menor taxa de conciliação com o trabalho, devido,
provavelmente, à falta de tempo para manter relacionamentos românticos. Em seguida,
a amizade e o estudo têm a mesma taxa de conciliação, visto que, manter amizades no
trabalho deve ser mais fácil do que manter relacionamentos amorosos, e é possível
conciliar o estudo no contraturno. E por último, o mais fácil de conciliar é a família,
provavelmente devido ao vínculo forte que se estabelece desde a infância e é difícil de
se quebrar mesmo sem muito tempo juntos.

De acordo com o gráfico acima, os dois sentimentos mais relatados em relação


ao trabalho são Raiva e Indisposição, os dois foram mencionados 5 vezes cada um.
Logo em seguida, com 3 menções, aparece a Tristeza. E em terceiro lugar, com 2
menções cada, está Monotonia e Estresse. Mesmo sendo negativos, são sentimentos
considerados comuns e que refletem a falta de expectativas em continuar no emprego
atual, visto que, mesmo considerando o salário adequado, a maior parte dos
entrevistados relata que não pretende continuar no emprego atual e não o considera
motivador. Nesse sentido, os relatos são compostos majoritariamente por sentimentos
negativos, com apenas uma menção de Alegria. Esse cenário destaca como as primeiras
experiências de trabalho representam um baque para o adulto jovem, que tem que
aprender a lidar com coisas que nunca encarou antes.

De acordo com a tabela acima, 3 pessoas, ou 60% dos entrevistados, se sentem


preparados para enfrentar o mercado de trabalho no futuro. Enquanto, 2 pessoas, ou
80%, não se sentem preparadas, destacando sentimentos como insegurança e ansiedade.
Diante do exposto, pode-se notar que a experiência do primeiro emprego é importante
para criar repertórios de enfrentamento de situações-problema no futuro, visto que,
agora que sabem o que esperar, a maioria consegue lidar com o fato de que terão que
enfrentar desafios ao longo de sua carreira profissional.

Além disso, os entrevistados relataram desafios para conciliar estudo e


trabalho, tais como, falta de tempo; considerar-se muito ligado ao trabalho; chegar
atrasado nas aulas por conta da carga horário de trabalho; não conseguir trabalhar bem
em grupo por não ter tempo para realizar as atividades de forma adiantada; trabalho não
ter relação com a área de estudo; rotina desgastante e cansativa ser um impedimento
para estudar quando chega em casa após jornada de trabalho e aulas; além dos desafios
psicológicos voltados para a motivação de estudar.
Segundo o gráfico acima, a maioria dos entrevistados respondeu que acredita
que seu trabalho pode ser automatizado (3 pessoas), acompanhada de outros
sentimentos e reflexões negativas a respeito dela, como medo (2), tristeza (1), desafio
(2), o que mostra o receio real pelo avanço das novas tecnologias como Inteligências
Artificiais (IA’s) que têm potencial para automatizar e tornar empregos atuais obsoletos,
como descreve o participante W. (Assistente Administrativo): “olha, eu acredito que
meu trabalho pode ser computadorizado sim, pelo menos boa parte dele (...)” e a
participante M. (Atendente de Telemarketing): “Acho que é uma área com os dias
contados, sem falar que as empresas vão amar não ter que pagar salário, não ter que
ficar lidando com gente que falta, fica doente, exige direitos.”

No entanto, o que se ver também é um ar de positividade por parte dos


participantes, já que, principalmente os ligados à tecnologia, apresentaram respostas
otimistas em relação às tecnologias. Visto que, 3 acreditam que a tecnologia é uma
facilitadora, 1 não encara como um problema, 1 fica alegre e 1 vê oportunidade de
crescimento dentro de sua área utilizando, por exemplo, IA’s como facilitadoras do
trabalho.

Portanto, a análise das entrevistas realizadas revelou um cenário significativo


sobre a realidade dos jovens adultos de Teresina - PI, em relação ao mercado de
trabalho, relações pessoais e estudo. Dessa forma, os dados coletados na identificação
evidenciam a diversidade dos participantes, destacando a maior presença de mulheres e
a predominância de trabalhos formais sobre os informais. Além disso, a pesquisa se
mostrou uma ferramenta importante para analisar a satisfação com o salário, a
motivação, as expectativas e sentimentos em relação ao trabalho, a conciliação entre
rotina de estudos, trabalho e vida particular. Dessa maneira, a busca por novas
oportunidades profissionais também se destacou, evidenciando a fase de transição e
experimentação, que é característica dessa fase da vida, portanto, essa pesquisa de
campo forneceu insights valiosos para criação de estratégias de apoio aos jovens adultos
em suas trajetórias profissionais e educacionais.

7 CONSIDERAÇÕES PESSOAIS

7.1 DANIEL VIANA FERREIRA:


A pesquisa realizada nos apresentou uma visão profunda e crítica acerca da
inserção do adulto jovem no mercado de trabalho na cidade de Teresina - PI, o que me
fez refletir sobre as políticas governamentais de auxílio a essa parcela da população na
busca pela estabilidade financeira, e também as percepções e experiências dos próprios
entrevistados, pois, a transição da adolescência para a fase adulta é um momento muito
delicado, um dos chamados pontos críticos do desenvolvimento, repleto de desafios e
oportunidades.
Uma das principais contribuições desta pesquisa foi enfocar a importância da
educação e das políticas públicas para a juventude emergente no mercado de trabalho.
Embora existam programas como o jovem aprendiz e estágios remunerados, existem
desafios a serem superados, como a desigualdade social e a falta de educação de
qualidade. Por isso, pesquisas como essas são importantes para mostrar a necessidade de
investimento na educação para garantir oportunidades iguais para todos.
Além disso, a pesquisa mostrou como é importante saber conciliar relações
interpessoais, trabalho e estudo para manter-se saudável, tanto fisicamente como
psicologicamente. Os resultados mostram que, embora a maioria esteja satisfeita com
seus salário e ambiente de trabalho, ainda existem desafios emocionais, como a falta de
tempo para estudos ou para manter relacionamentos pessoais.
Portanto, a experiência de realizar a pesquisa nos proporcionou uma forma nova
e interessante de aprendizado, por meio da prática, indo de encontro com a realidade e
comparando com a teoria vista na literatura. Ao analisar os dados tivemos vários
insights valiosos sobre como estratégias e programas são importantes para atender às
necessidades parte tão significativa da população, contribuindo para um
desenvolvimento mais equitativo da sociedade.

7.2 YUSKA ALVES PRIMO DE ARAUJO:


A experiência de realização da pesquisa de campo para mim foi de suma
importância dentro da minha trajetória acadêmica, tendo em vista a minha pretensão de
seguir na área da pesquisa. Aplicar a entrevista foi uma tarefa fácil e rotineira para mim,
sem grandes intercorrências, pois eu já havia entrevistado outros participantes em
disciplinas dos períodos anteriores, então já sabia como conduzir o processo, entretanto
é sempre instigante ouvir as diferentes respostas dadas às mesmas perguntas, isto
porque elas variam muito dependendo das vivências de cada indivíduo e é este contraste
é aos meus olhos ainda mais interessante quando os quantificamos durante a análise das
entrevistas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. 12ª
ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

GIL, Antônio Carlos. Metódos e técnicas de pesquisa social. Ed. 6. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008.

CASTRO, S. P.A.C.O programa jovem aprendiz e o desenvolvimento de jovens


brasileiros, 2019.Disponível em: < https://bdm.unb.br/handle/10483/26643 >. Acesso
em: 20 de fev. 2023.

BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de


estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho –
CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e
8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20
de dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provisória nº 2.164-41, de 24 de
agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: <
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm >.Acesso
em: 20 de fev. 2023.

Um em cada cinco brasileiros com 15 a 29 anos não estudava e nem estava ocupado
em 2022 | Agência de Notícias. Disponível em: <
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/
noticias/38542-um-em-cada-cinco-brasileiros-com-15-a-29-anos-nao-estudava-e-nem-
estava-ocupado-em-2022 >. Acesso em: 24 mar. 2024.
ANEXOS
Universidade Estadual do Piauí
Curso: Bacharelado em Psicologia
Dupla: Daniel Viana Ferreira e Yuska Alves Primo de Araujo

Pesquisa de campo: A inserção do adulto jovem no mercado de trabalho em


Teresina

Identificação: . idade: gênero: .


Trabalho formal ( ) qual .
Trabalho informal ( ) qual .
Estuda? ( ) Sim. Qual área? ( ) Não.

Questionário

1. Considerando seu emprego atual, você considera satisfatória a carga horária


exigida e o salário? Fale um pouco mais sobre suas expectativas em relação ao
seu emprego.

2. Como você lida com a necessidade de interagir de forma interpessoal com


outros?

3. Em um cenário futuro, você pretende seguir com esse vínculo empregatício ou


tem outras pretensões?

4. Como você caracterizaria a sua vida cotidiana tendo que conciliar a rotina de
trabalho, estudos e vínculos interpessoais, sejam familiares, amorosos e/ou de
amizade?

5. Cite alguns sentimentos despertados em você quando ler a seguinte frase:


“amanhã é segunda-feira e preciso chegar ao trabalho às 7 horas da manhã”.
6. Fale um pouco de como você administra seu salário para suprir suas
necessidades.

7. Quais desafios você enfrenta ao estudar e trabalhar? Você acredita que há


conexão significativa entre a sua área de formação e o seu trabalho? Discorra
a respeito.

8. Quais as suas expectativas sobre seu desenvolvimento profissional e


oportunidades de crescimento no seu trabalho atual? Você se sente preparado
para enfrentar os desafios futuros no mercado de trabalho?

9. Como você avaliaria o impacto das tecnologias atuais como inteligência


artificial no mercado de trabalho em que você está inserido? Você acredita que
essas tecnologias apresentam mais oportunidade ou desafios na sua carreira no
futuro?

10. Quais os principais desafios você enfrenta ao tentar ser proativo no ambiente
de trabalho? O que poderia contribuir para melhorar as condições de trabalho
e aumentar a produtividade?
Universidade Estadual do Piauí
Curso: Bacharelado em Psicologia
Dupla: Daniel Viana Ferreira e Yuska Alves Primo de Araujo

Pesquisa de campo: A inserção do adulto jovem no mercado de trabalho em


Teresina

Identificação: W. Idade: 22. Gênero: HOMEM CIS


Autodeclaração de cor: PARDA
Trabalho formal (X) qual: ASSISTENTE ADMINISTRATIVO
Trabalho informal ( ) qual .
Estuda? (X) Sim. Qual área? TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. ( ) Não.

Questionário

1. Considerando seu emprego atual, você considera satisfatória a carga horária


exigida e o salário? Fale um pouco mais sobre suas expectativas em relação ao
seu emprego.

W.: Atualmente, eu acho meu salário ok, eu só trabalho 6 horas por dia e recebo um
salário mínimo, então eu acho que tá condizente com a carga horária e as tarefas que eu
realizo, sim, mas eu não tenho expectativa de crescimento no meu emprego, não. Eu
pretendo abandonar ele assim que possível, já que não é tecnicamente da minha área, eu
faço sim coisas de TI, mas eu sou assistente administrativo e não técnico de TI.

2. Como você lida com a necessidade de interagir de forma interpessoal com


outros?

W.: no meu trabalho é muito difícil isso acontecer, eu não tenho contato com nenhuma
pessoa da minha idade. Na verdade, eu só tenho contato com duas pessoas durante
praticamente o dia todo, e eles são de mais idade avançada, mas não é algo que me faça
querer largar meu emprego, não quero largar ele por esse motivo, é por outros motivos,
mas esse com certeza ajuda a não querer continuar. Mas, acaba sendo bem chato, só que
eu já me acostumei. Já tô lá há mais de dois anos, então eu já sei como lidar com eles,
então não é um problema tão grande assim.

3. Em um cenário futuro, você pretende seguir com esse vínculo empregatício ou


tem outras pretensões?

W.: Eu não me vejo continuando trabalhando aqui, não, eu pretendo trocar de emprego
e trabalhar na área que eu estudo que é TI. Por mais que esteja aqui há dois anos, não
vejo perspectiva de crescimento e pretendo sair e procurar um estágio na área da minha
faculdade.

4. Como você caracterizaria a sua vida cotidiana tendo que conciliar a rotina de
trabalho, estudos e vínculos interpessoais, sejam familiares, amorosos e/ou de
amizade?

W.: Eu tenho bastante dificuldade para conciliar isso tudo com trabalho porque, meu
trabalho é muito longe, muito longe mesmo, mesmo sendo só 6 horas eu tenho um
tempo de deslocamento bem longo. Eu moro em Timon, quase saindo da cidade e
trabalho na zona leste de Teresina, então são uns 10 km todo dia, tenho que pegar 4
ônibus todo dia, é bem chato. Já em relação à família tudo OK, não tem nenhum
conflito muito grande sobre isso, Não tem um problema em relação a isso, mas acaba
me atrapalhando não sobre estudo sim, já que não tenho tempo de focar na minha
faculdade que é EAD, se fosse presencial ai era bem pior, não ia conseguir conciliar.

5. Cite alguns sentimentos despertados em você quando ler a seguinte frase:


“amanhã é segunda-feira e preciso chegar ao trabalho às 7 horas da manhã”.

W.: eu diria que tristeza e raiva. Porque por mais que não seja um trabalho ruim, a carga
horária é boa, não é difícil e tal, ainda me deixa triste e com raiva porque eu podia tá
num emprego da minha área e ganhando bem mais e com mais tempo pra mim . Eu
raramente sinto alegria indo para o trabalho, eu sinto mais é sentimentos negativos, não é que eu
não gosto do meu trabalho. Eu gosto dele, mas o tempo de deslocamento até ele é muito longo,
já eu pensei em trocar de emprego diversas vezes por conta disso, mas meu trabalho é bom.
Então eu não acabo fazendo isso, mas eu me sinto às vezes triste, às vezes desmotivado. Às
vezes eu sinto raiva e é isso.

6. Fale um pouco de como você administra seu salário para suprir suas
necessidades.

W.: Eu pago minhas despesas fixas e gasto o que sobra. Não acho meu salário baixo,
considerando a função que eu desempenho, mas também não considero o suficiente pra
mim, muitas vezes acabo fazendo dívidas desnecessárias, mas acabo dando um jeito de
pagar.

7. Quais desafios você enfrenta ao estudar e trabalhar? Você acredita que há


conexão significativa entre a sua área de formação e o seu trabalho? Discorra
a respeito.
W.: eu só formado em técnico em administração, pelo IFPI, então sim, há conexões
entre meu curso que me qualifica pra esse emprego e o emprego em si, mas meu curso
atual é tecnologia da informação, então não tem muito a ver, eu não atuo totalmente na
minha área, mas alguns assuntos intercalam levemente com a TI, por isso eu acho ok,
mas o maior desafio mesmo entre estudar e trabalhar é o conflito de horário, não tenho
tempo livre suficiente pra conciliar estudo e trabalho, não consigo me concertar o tanto
que deveria na faculdade.

8. Quais as suas expectativas sobre seu desenvolvimento profissional e


oportunidades de crescimento no seu trabalho atual? Você se sente preparado
para enfrentar os desafios futuros no mercado de trabalho?

W.: sinceramente, o meu trabalho não tem muitos desafios, o meu trabalho não tem
oportunidade de crescimento, eu às vezes me sinto preparado para enfrentar, mas
simplesmente não tem, é monótono e chato. Já os desafios do mercado de trabalho
externo eu não me sinto preparado, mas gostaria de sair do meu emprego atual e
procurar, mas o meu trabalho atual não me ajuda nisso.

9. Como você avaliaria o impacto das tecnologias atuais como inteligência


artificial no mercado de trabalho em que você está inserido? Você acredita que
essas tecnologias apresentam mais oportunidade ou desafios na sua carreira no
futuro?

W.: olha, eu acredito que meu trabalho pode ser computadorizado sim, pelo menos boa
parte dele, mas eu não ligo muito para isso não, como eu trabalho com TI, é algo que
pra mim é alegre inclusive, porque, me dá oportunidade de crescimento dentro da minha
própria área, mas se eu fosse continuar no meu trabalho atual acho que eu teria medo, já
que lançar nota, fazer relatório etc pode ser feito por uma IA tipo chat-gpt ou outros
mais avançados que surgirem que não precisem de alguém pra dá o prompt.

10. Quais os principais desafios você enfrenta ao tentar ser proativo no ambiente
de trabalho? O que poderia contribuir para melhorar as condições de trabalho
e aumentar a produtividade?

W.: o pior é que meus chefes são bem… é… suportivos. Se eu der uma ideia para ele,
de crescimento, que não precisa de um apoio financeiro muito alto eles me apoiam. Eu
já falei sobre esses temas com eles e eles disseram que podia assinar, já falei sobre
alguns métodos e eles disseram que sim, na verdade a minha maior dificuldade sou eu
mesmo, eu acabo sendo desmotivado, não só por pela empresa, mas por mim mesmo e
acabo não tendo tanta expectativa de crescimento no meu trabalho, ele não, não, não
tem muito para onde crescer na verdade, mas todas as áreas que eu consigo expandir eu
tenho uma coisa da empresa pra fazer.
Universidade Estadual do Piauí
Curso: Bacharelado em Psicologia
Dupla: Daniel Viana Ferreira e Yuska Alves Primo de Araujo

Pesquisa de campo: A inserção do adulto jovem no mercado de trabalho em


Teresina

Identificação: S. idade: 20. gênero: MULHER CIS


Autodeclaração de cor: PRETA
Trabalho formal (S) qual? ESTÁGIO EM AUXILIAR DE APOIO E INCLUSÃO -
TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Trabalho informal ( ) qual? .
Estuda? (X) Sim. Qual área? TÉCNICO EM ENFERMAGEM. ( ) Não.

Questionário

1. Considerando seu emprego atual, você considera satisfatória a carga horária


exigida e o salário? Fale um pouco mais sobre suas expectativas em relação ao
seu emprego.

S.: Bom, atualmente eu gosto da minha carga horária de trabalho, pra um estágio que
recebe 990 reais e trabalha 4 horas por dia só 5 dias por semana tá muito bom, o salário
é bem adequado a minha hora de trabalho e consigo me manter sim. Não é um salário
maravilhoso, mas é bom. Mas não pretendo continuar aqui não, já to quase acabando o
curso e não dá mais de renovar o contrato de estágio, então vou procurar outros meios
de me manter até conseguir um emprego na minha área de formação, então não tenho
muita perspectiva aqui não, é mais um meio de sobrevivência mesmo, pra pagar as
contas, e também, aqui eu sou praticamente uma babá de criança, não faço nada da
minha área realmente, isso é bem chato.

2. Como você lida com a necessidade de interagir de forma interpessoal com


outros?
S.: Com os colegas da minha área, ao clima é ótimo. A gente se entende, cada um faz
sua parte, se dá super de boa, e sempre rola uma mãozinha um pro outro quando é
necessário, ninguém sobe em cima de ninguém pra se favorecer. É aquela camaradagem
que faz o trabalho fluir, sabe? Mas, agora, tem uns de outras áreas que são meio
distantes e só fazem é fofocar. Esse pessoal às vezes deixam o clima meio pesado, mas
faz parte, né? A gente dá um jeito de lidar com isso sem deixar atrapalhar nossa área. E
tem a turma do mau humor, que sempre acordam com o pé esquerdo, mas até aí, quem
nunca teve um dia desses, né? Mas, tem uns que é todo dia, sinceramente viu.
Principalmente os que tão numa hierarquia maior que a gente. De qualquer forma, não
atrapalha o meu desempenho no trabalho, mesmo uns sempre querendo me prejudicar.
Vamos seguindo, lidando com as diferenças e focando no nosso trabalho da melhor
maneira possível.

3. Em um cenário futuro, você pretende seguir com esse vínculo empregatício ou


tem outras pretensões?

S.: No futuro, eu me imagino trabalhando na minha área mesmo, sabe? como técnica em
enfermagem, ganhando o piso salarial nacional da enfermagem, meu sonho. Não tenho
planos de ficar nesse emprego por muito tempo, não, mas quero aproveitar a experiência
e aprender enquanto estiver aqui. Eu tenho objetivos maiores e vou alcançá-los com
muito esforço. Quero muito evoluir na minha carreira, seguir pro superior, buscar
especializações ou novas oportunidades em outros locais, mas o importante mesmo é
continuar crescendo e buscando desafios que me motivem a continuar crescendo. Não
vejo a hora de conquistar meus objetivos na minha área. Mas, por enquanto, estou
focado em fazer um bom trabalho aqui e aprender a lidar com gente, principalmente,
minha área precisa muito.

4. Como você caracterizaria a sua vida cotidiana tendo que conciliar a rotina de
trabalho, estudos e vínculos interpessoais, sejam familiares, amorosos e/ou de
amizade?

S.: Cara, é uma luta diária, viu? conciliar tudo isso, mas a gente se vira, né? Consigo dar
conta de todas as tarefas, mas quando o dia chega ao fim, tô acabada, muito cansada,
mas como é só 4h por dia, só pela manhã, não atrapalha tanto meus estudos, mas
consome muito do meu tempo, essas 4h eu podia tá estudando, fazendo algum bico etc,
mas tô lá no estágio cuidado de criança dos outros, é bem chato. Tem horas que parece
que o tempo não passa e a gente mal consegue respirar, sabe? Mas faz parte dos corre
corre da vida. Às vezes é difícil equilibrar trabalho, estudos, vida pessoal, família,
amigos, só vejo o pessoal no curso e agora que vai acabar nem isso mais, ne? Mas sabe
o bom? Mesmo com todo esse cansaço, quando olho tudo que consegui realizar, dá um
orgulho, orgulho suado (risos). No fundo, sei que vale a pena e que estou construindo o
meu caminho. E quando chega o momento de descansar, eu aproveito cada segundo
para recarregar as energias.

5. Cite alguns sentimentos despertados em você quando ler a seguinte frase:


“amanhã é segunda-feira e preciso chegar ao trabalho às 7 horas da manhã”.

S.: "Só queria dormir mais", "que tristeza eu estou tão indisposta", é basicamente isso
mesmo, acordo cedo, trabalho, cozinho, estudo, vou pro curso, ajudo em casa e não
sobra quase tempo pra mim, um divertimento, sabe? Tipo, cansaço e indisposta mesmo
que me define esses tempos. Eu sinto que tenho que cumprir com o meu dever pois
tenho conta pra pagar, não posso faltar. Que exaustivo.

6. Fale um pouco de como você administra seu salário para suprir suas
necessidades.

S.: olha, o salário pra minha carga horária é bom, mas ainda é pouco né? (risos), não é
nem um salário mínimo, não daria pra pagar um aluguel, ainda bem que moro com
minha vó, mas o que eu ganho só dá pra pagar o curso e outras coisas necessárias, não
daria pra viver confortavelmente se fosse só ele, não, é isso. Eu tenho que pagar a
mensalidade do curso, uma ou outra coisa que falta, compras e contas de casa não me
preocupam muito no momento, mas só porque não moro sozinha mesmo, eu entendo a
realidade de que não consegue se manter só com isso, porque pra mim já tá ruim,
imagine.

7. Quais desafios você enfrenta ao estudar e trabalhar? Você acredita que há


conexão significativa entre a sua área de formação e o seu trabalho? Discorra
a respeito.

S.: É complicado isso, porque, meu trabalho não tem nada a ver com o meu curso de
fato, e isso meio que me frustra, porque não consigo aplicar o que aprendi diretamente
no meu trabalho. Às vezes bate aquela sensação ruim de que podia estar fazendo algo
mais alinhado com o que me dediquei tanto no curso, é muito frustrante ai, não gosto
nem um pouco desse estágio na verdade, meu deus. É difícil sentir essa falta de conexão
com o que sei e o que me cobram aqui. Mas olha, tento ver o lado bom também, né.
Mesmo que não seja o que imaginei no começo do curso quando entrei na faculdade, o
trabalho me ensina algumas coisas que vou levar pra vida, tipo como lidar com gente
fofoqueira, não se importar com intrometidos e etc. No final, acho que é mais uma
questão de se adaptar e encontrar formas de fazer o melhor que puder dentro do
possível. Quem sabe no futuro as coisas se alinhem, né?

8. Quais as suas expectativas sobre seu desenvolvimento profissional e


oportunidades de crescimento no seu trabalho atual? Você se sente preparado
para enfrentar os desafios futuros no mercado de trabalho?

S.: Minha maior prioridade no momento é concluir meu contrato, que já tá acabando e
não pode mais renovar, deu o tempo máximo, sinceramente eu continuaria só pelo
dinheiro mesmo, odeio o estágio, mas já que não dá mais eu vou é buscar outro. Não
tenho grandes expectativas em relação ao meu trabalho atual, na verdade zero
expectativas, e estou ansiosa para dar esse próximo passo. Tô focando em estudar pra
concursos, especialmente para técnico em enfermagem, né, que é minha área. Quero
muito investir nessa área, eu amo muito, é uma transição muito forte e tô assustada pro
que vai vim, meio que me acostumei aqui, já sei como funciona aqui e tal, mas estou
determinada com meus objetivos e estou confiante de que, com dedicação conseguirei
encontrar uma oportunidade que esteja alinhada com minhas expectativas.
9. Como você avaliaria o impacto das tecnologias atuais como inteligência
artificial no mercado de trabalho em que você está inserido? Você acredita que
essas tecnologias apresentam mais oportunidade ou desafios na sua carreira no
futuro?

S.: No meu trabalho atual, na verdade, eu acho que a tecnologia não é algo comum, não.
Porque, lidar com crianças especiais demanda mais um trabalho manual mesmo, e muita
criatividade. E aqui na escola não temos acesso a ferramentas tecnológicas no ambiente
de trabalho pra ajudar, é bem arcaico mesmo aqui. Não acho que vai ser um problema
aqui agora, pelo menos nos próximos anos, não. Mas mesmo que seja um medo que
muita gente tem, em alguns aspectos, eu vejo a tecnologia como facilitadora, como uma
oportunidade pra desenvolver soluções, principalmente para os deficientes, seria muito
bom algum equipamento pra ajudar eles a ter mais independência e não depender tanto
de nós. Mas, como não tem, a falta de tecnologia é um desafio que me motiva a pensar
para oferecer o melhor cuidado possível pra as crianças. Claro que seria ótimo ter mais
recursos tecnológicos para facilitar, mas aprendi a lidar com tudo sem ela, tanto que
aqui é uma confusão por causa de celular, o pessoal de cargo mais alto faz um alvoroço,
pode nem triscar, então eu vejo que não vai afetar muito aqui né, pelo rumo das coisas
aqui. Agora, na enfermagem em si eu não sei como afetaria, já que é uma profissão de
muito contato e empatia com o paciente né, eu mesma não ia gostar de ser furada por
uma máquina fria que nem sente nada, prefiro uma pessoa mesmo, mas quem sabe né?
Vai que o povo gosta, ai pode nos ameaçar sim, eu acho.

10. Quais os principais desafios você enfrenta ao tentar ser proativo no ambiente
de trabalho? O que poderia contribuir para melhorar as condições de trabalho
e aumentar a produtividade?

S.: Meu maior desafio atualmente, eu acho que, deixa eu ver, é me manter dentro da
norma de ensino aqui da escola, é tudo muito tradicional, não tem espaço pra pensar
diferente, eles te esmagam se não seguir as normas. As regras são rígidas e dizem que
todos devem seguir, mas tem uns que tão acima né, podem tudo e quem que tem juízo
que cumpre né, e isso limita em certos aspectos. Eu gostaria de poder mudar essa
dinâmica no meu ambiente de trabalho, sabe? Na minha opinião, a flexibilidade e a
capacidade de… de levar em conta os alunos como diferentes uns dos outros seria
fundamental pra promover um ambiente de aprendizado mais inclusivo, mas eles
querem todo mundo igual como robôs, até nós que somos cuidadores. Pra mim, quando
as regras são muito rígidas, fica difícil trabalhar e atender às demandas dos nossos
alunos deficientes. Gostaria de ter mais espaço pra criatividade. Acredito que isso
poderia tornar o ambiente de trabalho mais estimulante, sabe? Assim tá chato de mais.
Universidade Estadual do Piauí
Curso: Bacharelado em Psicologia
Dupla: Daniel Viana Ferreira e Yuska Alves Primo de Araujo

Pesquisa de campo: A inserção do adulto jovem no mercado de trabalho em


Teresina

Identificação: M. J. idade: 21 gênero: MULHER CIS


Trabalho formal ( ) qual .
Trabalho informal ( X ) qual CUIDADORA DE IDOSOS
Estuda? ( X ) Sim. Qual área? NUTRIÇÃO ( ) Não.

Questionário

1. Considerando seu emprego atual, você considera satisfatória a carga horária


exigida e o salário? Fale um pouco mais sobre suas expectativas em relação ao
seu emprego.

MJ.: Ah o Trabalho tem uma carga horária boa que me ajuda a continuar estudando e
pagando a faculdade, eu trabalho no período da tarde só, dá 6h por dia, no horário que
reveza as cuidadoras que são efetivas, eu meio que fico no meio, acho que é essa minha
expectativa, poder me manter, mas continuar estudando, sabe? Não é muito pensando
bem, acho que pelo trabalho que é deveria ser algo mais certinho, mais certinho, tipo,
carteira assinada e tal, igual das moças que ficam de noite e de manhã. Mas tá bom,
acho que não tenho do que reclamar, não é algo que eu me veja fazendo pra sempre
também.

2. Como você lida com a necessidade de interagir de forma interpessoal com


outros?
MJ.: Ah melhor parte, a interação é o melhor pra mim, eu gosto muito de gente, de
conversa, mas assim, meu trabalho eu cuido de uma pessoa só, idosa, então a interação é
mais com a família, quem contrata e eles são bem tranquilos, na verdade nem aparecem
muito. Com ela é bom, ela é bem amorosa e querida comigo, mas eu sinto que tenho que
gostar mesmo de trocas com as pessoas, afinal a carreira que eu quero mesmo seguir
pede muito esse contato mais.... pessoal, enfim.

3. Em um cenário futuro, você pretende seguir com esse vínculo empregatício ou


tem outras pretensões?
MJ.: De jeito nenhum, é pra ser passageiro mesmo. Não me imagino aqui mais muito
tempo, sou grata, claro. Mas só até acabar a faculdade. Tenho outras ideias de futuro.

4. Como você caracterizaria a sua vida cotidiana tendo que conciliar a rotina de
trabalho, estudos e vínculos interpessoais, sejam familiares, amorosos e/ou de
amizade?
MJ.: Acho que essa é a pior pergunta pra mim, a mais difícil de responder. Quando
comecei a faculdade só pensava nisso, quando vi que tava puxado para minha família
pagar vi que tinha que trabalhar pra ajudar, mas eu já ajudava e ajudo também no
comércio da família de manhã, com as redes sociais também, então acaba que não é
trabalho lá porque eu não ganho diretamente mas eles contam comigo, fui ficando meio
cansada no período da noite, daí ia pra faculdade meio morta, não queria sair depois
com o pessoal, de final de semana eu trabalho também chego em casa e só quero
dormir. Mas nada impossível, só ficou um pouco mais puxado, aí quero estudar mais a
noite de manhã tenho que estudar improvisado na loja isso às vezes me estressa, toda
hora chega alguém e meio que atrapalha o que tô fazendo, nesse sentido às vezes sinto
que sou até um pouco grossa. Mas mantenho meus amigos, principalmente os do ensino
médio, só não tenho muito ânimo pra sair sabe, tipo festas essas coisas eu não vou.
Preciso estudar, é muito minha prioridade. Minha relação com meus pais é boa, mas
acho que eles priorizam muito o comércio então dão uma cobrada em relação a isso às
vezes e eu fico meio... aaa.. meio irritada. No sentido amoroso fica no abandono, toda
vez me arrependo, entro no tinder e tal e depois fico remoendo porque fui procurar
"sarna pra me coçar" (risos), me atrapalho inteira, melhor não até!

5. Cite alguns sentimentos despertados em você quando ler a seguinte frase:


“amanhã é segunda-feira e preciso chegar ao trabalho às 7 horas da manhã”.
MJ.: Normal, igual todo mundo, eu fico pensando meu Deus mais uma semana, mas
vamo né, fazer o que, sei lá, acho que desde a escola tem que acordar cedo então eu fico
chateada no final do domingo mas normal. De sábado e domingo eu trabalho à tarde
também, folgo às vezes no domingo, mas não muda muito.

6. Fale um pouco de como você administra seu salário para suprir suas
necessidades.
MJ.: Vish, nem tem o que administrar, vai inteiro na mensalidade, o pouco que sobra eu
uso tipo, pra comprar algo, sair com as meninas, mas é o pouco mesmo. Meus pais
muitas vezes dão uma ajuda quando quero comprar algo mais caro, tipo celular
notebook tal. Roupa eles que me ajudam também, acho que é meu salário indireto pela
ajuda no comércio (risos), mas aí não tem muito que administrar, administrar pra mim é
gastar o menos possível só com o que tô precisando muito, sempre entendi isso assim.
7. Quais desafios você enfrenta ao estudar e trabalhar? Você acredita que há
conexão significativa entre a sua área de formação e o seu trabalho? Discorra
a respeito.
MJ.: Acho que acabei falando um pouco já, né? Mas enfim, mais especificamente é esse
ter que estudar no trabalho é ruim, porque você tá o tempo todo com a cabeça ligada no
que tá acontecendo em volta, tipo com a mulher que eu sou cuidadora, eu tenho que
estar atenta totalmente a rotina dela, ao que ela vai fazer ajudar a ir no banheiro em
tudo, dá pra ir estudando nas brechas mas eu vejo diferença dos colegas que não
trabalham. Em semana de prova eu odeio ir trabalhar, fico super irritada, afinal minha
cabeça fica em mil lugares e aí acho que vou mal nas provas que não vou dar conta,
com certeza não tenho sido A melhor aluna da sala, mas eu acho que se eu ficasse
menos na loja de manhã já ia me ajudar bem nessa questão. Lembrei também que às
vezes eu saio atrasada do trabalho, porque às vezes acontece alguma coisa, a moça da
noite atrasa, enfim, várias coisas, aí eu já chego atrasada na faculdade, perco começo de
aula isso é ruim, as vezes nos trabalhos em grupo parece que eu sou a mais cobrada,
porque todo mundo tem mais tempo e tal e eu deixo mais pra cima da hora. Eita, tá
surgindo vários aqui, acho que ficou até meio longo, mas é isso, desafios tem. Mas é
aquilo... bom, quanto a ser na minha área acho que não tudo mas ajuda, eu consigo
acompanhar algumas coisas, tipo na rotina da alimentação da senhora, ela tem diabetes
também, outras questões crônicas, então fico meio que acompanhando, a família deixa
até eu dar alguns pitacos e tal, me deixam bem livre, acho que de algum jeito é
aprendizado, mas não sei se tem uma conexão tão significativa assim, afinal minha
função lá é bem outra. Não sei se respondi tão bem.

8. Quais as suas expectativas sobre seu desenvolvimento profissional e


oportunidades de crescimento no seu trabalho atual? Você se sente preparado
para enfrentar os desafios futuros no mercado de trabalho?
MJ.: Nenhuma. Não vejo vontade em continuar e nem acho que daria nem nada, então
nem me apego nisso. Acho que não tem muita ligação com o que eu quero, eu sei que é
bem difícil o mercado pra nutri recém formada isso me deixa bem nervosa, não conheço
muitas outras nutris que já vivem disso, me dá um baita medo sair da faculdade e não
conseguir trabalhar na área, acho que por isso tô bem ansiosa pros estágios acho que
assim vou entender melhor, conhecer mais gente também que tá na área, mas acho que
pro currículo pode até ser bom meu trabalho atual sabe? Tipo descrever isso que eu falei
antes, não sei. Penso na possibilidade de entrar em alguma empresa, não sei, mas meu
sonho mesmo é poder atender consultório, acho que é isso. Dá medo? Dá, mas vamos
ver. Acho que eu me classificaria mais como despreparada nesse momento, não sei
muito bem como que tá o cenário, só de pesquisar na Internet e tal, sei lá, meio
insegura, parece que na faculdade ninguém fala muito sobre isso nem tem nada
preparando muito a gente, pode ser que nós estágios mude, né? Não sei!
9. Como você avaliaria o impacto das tecnologias atuais como inteligência
artificial no mercado de trabalho em que você está inserido? Você acredita que
essas tecnologias apresentam mais oportunidade ou desafios na sua carreira no
futuro?
MJ.: Nossa! Desafios com certeza, desafios e desafios, tipo, você joga lá e de repente
tem um cardápio montado, a nutrição não é só isso, a gente sabe, mas fica parecendo
que é, aí eu penso que muita gente que precisa tenta dar um jeito sozinho sem estender
realmente como pode se beneficiar e aí vai pela Internet e boa. Até empresas tal, fico
com medo de começarem a usar. Ora, não ter que contratar o profissional, acho que
ajuda só na parte de divulgar da gente talvez poder atender gente que está mais longe,
mas eu acho bem grave os vídeos por aí que fazem parecer ainda mais que Nutrição é
tipo como emagrecer rápido, umas coisas malucas, até de companheiras de profissão,
sei lá... mas a gente precisa pra ter visibilidade né, então é pensar em conteúdos mais
sérios e tal, isso acho que ajuda, até a desmistificar o que a gente faz e a nossa
importância em espaços tão diferentes.

10. Quais os principais desafios você enfrenta ao tentar ser proativo no ambiente
de trabalho? O que poderia contribuir para melhorar as condições de trabalho
e aumentar a produtividade?
MJ.: Não sei se entendi muito bem, mas acho que onde eu tô isso não é bem uma
preocupação, não sei se entra, porque não é empresa né. Minha preocupação e o que eu
tenho que fazer é cuidar e acompanhar o melhor que eu posso a idosa. A família me
deixa bem livre, como eu falei eles cobram bastante principalmente em deixar as coisas
curtinhas pro próximo turno, os remédios, ficar atenta, mas nunca tive problemas com
isso. Igual eu falei né, sobre as questões crônicas que ela tem e alimentação já cheguei a
conversar e eles super levaram a sério, são bem abertos assim, não sei como seria estar
em um lugar com metas e tal, então não sei dizer ao certo. Não sei se respondi essa tão
bem, mas acho que é isso, sabe?
Universidade Estadual do Piauí
Curso: Bacharelado em Psicologia
Dupla: Daniel Viana Ferreira e Yuska Alves Primo de Araujo

Pesquisa de campo: A inserção do adulto jovem no mercado de trabalho em


Teresina

Identificação: M. idade: 21 gênero: MULHER CIS


Trabalho formal ( X ) qual ATENDENTE DE TELEMARKETING
Trabalho informal ( ) qual .
Estuda? ( X ) Sim. Qual área? LETRAS INGLÊS ( ) Não.

Questionário

1. Considerando seu emprego atual, você considera satisfatória a carga horária


exigida e o salário? Fale um pouco mais sobre suas expectativas em relação ao
seu emprego.
M.: Agora eu tô trabalhando como atendente de telemarketing, na parte lá de cobrança
de operadora de telefonia, comecei recebendo ligação da Oi, fazia de tudo, mas era mais
o povo reclamando, queria que fizesse milagre, agora que mudei, fui tipo promovida,
mas nem sei se encaro assim, mas agora eu que ligo e fico cobrando, parcelando, dando
desconto. Pessoal fica com ódio, às vezes desce o pau, mas eu não tenho culpa, não sou
eu que ligo, é tipo a máquina que liga sem parar, tem vezes que liga pra cobrar a mesma
pessoa 5x no dia, pior ainda é quando o número não é mais da pessoa que tá devendo, aí
é chato, mas não tem muito o que fazer, escuto e fico quieta, mas tem outras vezes que a
pessoa fica até feliz quando recebe ligação, os descontos são bons e eu até tento deixar
bem suave. Trabalho 6 horas e 20 por dia, entro oito horas e saio três e vinte da tarde,
parece até que não é muito, tem muita gente que fala que é pouco tempo pra ganhar um
salário, mas só sabe como é quem tá lá fazendo o que a gente faz, é um inferno, agora já
tô mais acostumada, mas foi bem complicado ficar sendo cobrada e ouvindo muita
besteira de cliente sem ter como responder, vendo por esse lado de ter tanta exigência,
tanta meta, eu acho que ganho pouco, são seis dias por semana, às vezes trabalho sábado
e domingo também, não tem escolha, se sua escala é domingo, vai e pronto, se é feriado,
trabalha também, uma vez fiquei ligando pra cobrar o povo dia 24 de dezembro, foi
pesado, me disseram que eu era desocupada e que não era dia de ligar assim, quem me
dera estar em casa também, né?! Por isso acho que ganho pouco, a empresa riquíssima,
faz tudo errado, mas quem leva a culpa e a pior parte é sempre quem tá na ponta, o
cliente nem quer saber se a antena caiu, quer que eu faça voltar o sinal o celular dele na
hora, aí o supervisor depois vem e diz que o cliente deu nota baixa pro atendimento, que
eu preciso me esforçar mais, mas como? Vou lá levantar a antena sozinha? Por isso
acho que não tem dinheiro que pague, quanto mais um salário, a saúde mental da pessoa
acaba. Quando eu entrei não tinha muita expectativa, sabia que era o emprego pra quem
tava desesperado e não tinha experiência, sem falar que o horário era uma único que
dava pra conciliar com a universidade, eu tava precisando do dinheiro e fui, mas
chegando lá vi que era pior do que imaginava.

2. Como você lida com a necessidade de interagir de forma interpessoal com


outros?
M.: Sempre fui mais retraída, não curto falar no telefone, mas por mais difícil que seja,
ainda prefiro atender telefone porque quem tá do outro lado da linha não vê, acho que ia
ficar ainda mais nervosa se fosse ao vivo. Procuro me concentrar em cumprir as seis
horas e vinte e sair de lá, fico exausta de tanta interação, de verdade.

3. Em um cenário futuro, você pretende seguir com esse vínculo empregatício ou


tem outras pretensões?
M.: Nunca. Primeira oportunidade eu penso em sair, isso não é vida, é um trabalho
cruel. Quero fazer outras coisas, fazer algo que me ajude financeiramente, mas que não
tire tanto a minha paz, planejo trabalhar com aquilo que eu estudo, ou então algo pelo
menos parecido e mais tranquilo, sem tanta meta pra cumprir.

4. Como você caracterizaria a sua vida cotidiana tendo que conciliar a rotina de
trabalho, estudos e vínculos interpessoais, sejam familiares, amorosos e/ou de
amizade?
M.: Faço tudo mal feito, fico tão concentrada em não errar no trabalho pra não ser
chamada atenção que todo o resto fica de lado, nem lembro, até na universidade tá ruim,
nem consigo prestar atenção porque lembro das cobranças que vou ter que dar um jeito
no dia seguinte, pensando nos clientes zangados. Qual é o tempo que eu vou ter pra
pensar em sair, me divertir? Primeiro que não sobra dinheiro, segundo que não tenho
ânimo e tudo me estressa, quanto menos gente eu ver melhor. Acho que não tô
conseguindo conciliar pelo visto.

5. Cite alguns sentimentos despertados em você quando ler a seguinte frase:


“amanhã é segunda-feira e preciso chegar ao trabalho às 7 horas da manhã”.
M.: Já me sobe uma raiva, fico estressada de ter que me submeter a isso. Primeiro que
pra chegar 7 horas tenho que levantar 5h, pra isso tenho que dormir com as galinhas,
assim, meu domingo é nada, fico é de luto desde a hora que acordo. Isso quando eu não
vou é trabalhar no domingo mesmo.
6. Fale um pouco de como você administra seu salário para suprir suas
necessidades.
M.: Procuro economizar em tudo, sou muito focada, na minha cabeça quanto mais eu
juntar, mais rápido eu posso me demitir, mas às vezes é difícil, tenho gasto com
transporte, alimentação, ajudar em casa, então eu sacrifico o lazer na maioria dos meses.
Mas pelo menos não tenho que pagar faculdade, isso aí preciso colocar a mão na
consciência e achar bom.

7. Quais desafios você enfrenta ao estudar e trabalhar? Você acredita que há


conexão significativa entre a sua área de formação e o seu trabalho? Discorra
a respeito.
M.: Não tem muito a ver, são áreas que não conversam tanto. Eu fico é cansada só de
pensar em chegar em casa e estudar, porque quando eu saio do trabalho já vou logo pra
universidade, imagina se quando eu chegar mais de dez horas eu vou estudar… capaz…
mas preciso, né?! Tem vezes que me obrigo a revisar o mais urgente pelo menos. Mas
uma coisa é verdade, esse emprego me ajuda a enfrentar um grande desafio que é a
parte de me comunicar e aí já ajuda na universidade, não vai dar pra ser professora sem
saber essa parte direito, aí sou grata, mesmo sofrendo horrores, já me ajudou, sinto que
melhorei um pouco.

8. Quais as suas expectativas sobre seu desenvolvimento profissional e


oportunidades de crescimento no seu trabalho atual? Você se sente preparado
para enfrentar os desafios futuros no mercado de trabalho?
M.: Rapaz, eu fico tão concentrada em trabalhar ok pra não ser tão percebida que já
consegui evoluir, se é que ir pra área de cobrança é evolução, mas enfim, lá tem mais
bônus quando a gente consegue fazer o povo pagar e negociar, na área que eu tava antes
não tinha isso, então eu até poderia evoluir mais, mas não dá pra ser mais que isso e
acho que nem quero; vou querer ser supervisora? Deus me livre, aí eu ia me matar,
imagina ter que cuidar de mais 100 coitados que nem eu e ficar cobrando deles?
Impossível pra mim. Sobre essa parte de desafios futuros é que eu falei na pergunta de
antes, é meio que desafio essa parte de comunicar, mas aprendi algumas coisas, fico o
dia todo falando no telefone, então me sinto mais preparada pra futuramente seguir no
mercado de trabalho, mas na minha área.

9. Como você avaliaria o impacto das tecnologias atuais como inteligência


artificial no mercado de trabalho em que você está inserido? Você acredita que
essas tecnologias apresentam mais oportunidade ou desafios na sua carreira no
futuro?
M.: Assim, se falar de telemarketing, é bem na cara que vai acabar. Pra que vão me
pagar se tem um robô que pode fazer tudo? Se tem um formulário online que já parcela,
emite boleto e faz tudo sem ter que conversar com ninguém. Acho que é uma área com
os dias contados, sem falar que as empresas vão amar não ter que pagar salário, não ter
que ficar lidando com gente que falta, fica doente, exige direitos. Fico triste, é uma área
ruim, mas ainda salva muita gente de não ter nada. Agora pra licenciatura, acho que a
tecnologia ajuda, mas nunca vai conseguir substituir um professor de verdade ali,
tirando dúvida, ajudando, pegando na mão, ainda não inventaram uma máquina tão
paciente, não tem algoritmo pra isso.
10. Quais os principais desafios você enfrenta ao tentar ser proativo no ambiente
de trabalho? O que poderia contribuir para melhorar as condições de trabalho
e aumentar a produtividade?
M.: Um desafio pra ser proativo é ter que lidar com o cliente, às vezes ele não coopera,
quer coisas impossíveis, quer que a gente faça milagre e faça rápido, mas não dá, então
isso atrasa meu dia e o dele, porque ele me prende na linha, eu não faço o milagre, ele
liga de novo e isso desconta meu salário. Acho que iria ajudar se as pessoas se
colocassem no lugar do atendente, eu sou funcionária, não a dona, faço o que me
mandam, não vai adiantar soltar os cachorros em mim, tem isso e também tem a parte
da empresa, se eles oferecessem um ambiente mais saudável, as pessoas seriam mais
produtivas, não iam ficar tão fissuradas em bater meta por meta, iam até atender melhor
os clientes e isso seria positivo pra todo mundo.
Universidade Estadual do Piauí
Curso: Bacharelado em Psicologia
Dupla: Daniel Viana Ferreira e Yuska Alves Primo de Araujo

Pesquisa de campo: A inserção do adulto jovem no mercado de trabalho em


Teresina

Identificação: G. idade: 21 gênero: HOMEM CIS


Trabalho formal ( X ) qual ESTAGIÁRIO EM FÓRUM
Trabalho informal ( ) qual .
Estuda? ( X ) Sim. Qual área? ADVOCACIA ( ) Não.

Questionário

1- Considerando seu emprego atual, você considera satisfatória a carga horária


exigida e o salário? Fale um pouco mais sobre suas expectativas em relação ao seu
emprego.
G.: Considerando o meu emprego atual, eu considero satisfatória a carga horária. São
cinco horas por dia, os cinco dias da semana. O salário é bom, porque ele paga o
combustível. E minhas expectativas em relação ao meu emprego é ganhar mais
experiência para quando eu tiver um emprego fixo nessa área, eu já ter bastante
experiência.

2- Como você lida com a necessidade de interagir de forma interpessoal com


outros?
G.: Eu acho tranquilo, principalmente porque muitos advogados vão com dúvidas sobre
os processos e a gente é instruído a não instruir. Então a gente só pega o processo que
ele tem, ouve todas as dúvidas dele e depois analisa com calma. Então, como é algo
comum, a gente pega um pouco de experiência com o público.

3- Em um cenário futuro, você pretende seguir com esse vínculo empregatício ou


tem outras pretensões?
G.: Nesse vínculo empregatício, não. Porque eu sou estagiário, então o contrato tem
uma data limite. Então, eu pretendo um vínculo empregatício fixo, que seja na mesma
área ou em alguma outra comarca na mesma função, que seria a função de assessor de
magistrado. Ou a área da promotoria, assessoria de promotor. Vamos ver.

4- Como você caracterizaria a sua vida cotidiana tendo que conciliar a rotina de
trabalho, estudos e vínculos interpessoais, sejam familiares, amorosos e/ou de
amizade?
G.: Eu acho que a vida cotidiana ela é maleável, mesmo com várias funções. Você
consegue arrumar algumas janelas para fazer algumas atividades de lazer, quais sejam
os estudos, os vínculos ou familiares ou amorosos, ou algumas amizades. É claro que
fica mais apertado e mais difícil, porque você tem que colocar bem de manhã ou bem
tarde essas atividades, porque enquanto você está em um estágio de manhã, você tem a
faculdade à noite, você tem a academia. Então, fica mais difícil sim, mas é maleável. É
fazível, mas é muito difícil e desgastante.

5- Cite alguns sentimentos despertados em você quando ler a seguinte frase:


“amanhã é segunda-feira e preciso chegar ao trabalho às 7 horas da manhã”.
G.: Angústia, ansiedade, medo, predisposição a estar cansado psicologicamente e
preguiça

6- Fale um pouco de como você administra seu salário para suprir suas
necessidades.
G: É... eu sei quanto eu ganho, então o meu cartão de crédito tem que estar nisso todo
mês, então é só gastar o quanto eu ganho. É claro que isso é uma utopia, que às vezes
não funciona, às vezes passa, mas a gente tem que colocar esse limite, tentar seguir. Às
vezes não dá certo, às vezes dá, e assim a gente vai.

7- Quais desafios você enfrenta ao estudar e trabalhar? Você acredita que há


conexão significativa entre a sua área de formação e o seu trabalho? Discorra a
respeito.
G.: Ah essa sete se relaciona bastante com a... as anteriores. Eu acho que os desafios são
os horários, mas, no meu caso, os desafios são mais psicológicos, porque eu acho que eu
não tenho uma disciplina boa para estudar, então, eu acho que... os meus desafios são
esses, são psicológicos, de ter essa disciplina para sentar e estudar. Eu acredito que a
conexão entre o meu trabalho, minha área de formação e meu trabalho é total, porque eu
trabalho com o que eu estudo, né? Eu sou assessor, estagiário no Fórum, e, então, minha
faculdade de Direito conversa totalmente com o meu trabalho.

8- Quais as suas expectativas sobre seu desenvolvimento profissional e


oportunidades de crescimento no seu trabalho atual? Você se sente preparado para
enfrentar os desafios futuros no mercado de trabalho?
G.: Minhas expectativas, como eu falei anteriormente, é sempre ficar mais preparado
ainda e mais em contato com a matéria que eu trabalho e cada vez mais ter esse assunto
como algo natural, algo que eu não precise pesquisar tanto para saber, algo que esteja
bem fresco na cabeça. E eu me sinto preparado para enfrentar os desafios futuros. É
claro que não neste momento, mas eu me sinto preparado para me preparar para o
futuro. Isso é para uma prova, que seja para a OAB. Então, eu acho que eu estou
preparado.

9- Como você avaliaria o impacto das tecnologias atuais como inteligência artificial
no mercado de trabalho em que você está inserido? Você acredita que essas
tecnologias apresentam mais oportunidade ou desafios na sua carreira no futuro?
G.: Ainda é algo que não é muito usado no meu trabalho, mas que poderia sim ser muito
usado, porque é um trabalho que provavelmente está com os dias contados, pensando
nessa parte da tecnologia, porque hoje você já tem um programa que consegue fazer
uma sentença inteira para você, sem nem ler o processo. Então, eu acho que ela vai
apresentar mais desafios no futuro do que oportunidades, porque se isso evoluir
bastante, a gente pode ter bastante desemprego. Não desemprego, porque é uma área
muito aberta, mas no ramo que eu estou principalmente, eu acho que pode ser que sejam
desafios, porque o juiz, a partir do tempo, não vai precisar mais de assessor, porque o
aplicativo consegue fazer uma sentença inteira. Então, pra que o juiz vai precisar de
assessor? Ele só precisa ler a sentença e assinar.

10- Quais os principais desafios você enfrenta ao tentar ser proativo no ambiente
de trabalho? O que poderia contribuir para melhorar as condições de trabalho e
aumentar a produtividade?
G.: É sobre saber mais assuntos, porque tem várias áreas, né. Então, tem direito civil,
direito penal, direito não sei o quê. E tem que saber disso e do isso. Então, pra ser mais
proativo saber mais sobre uma área que eu não pego tantos casos. E assim quando
viesse, que vem, eu estaria mais preparado pra atuar em alguma outra área. E auxiliar
ainda mais. O que eu poderia fazer é justamente estudar mais sobre essas outras áreas e
aumentar a produtividade.

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