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Segurança no Manuseamento e

Armazenamento de Produtos Químicos e


riscos biológicos numa ETAR

Formador: Dário Martins


Dias 14 e 15 de Setembro de 2023
Introdução Geral

1. Objetivos do Manual
Este manual deverá constituir-se como um instrumento privilegiado de apoio ao formando, que aborda e desenvolve
todos os conteúdos que serão integrados neste curso.
2. Benefícios e Condições de Utilização
O Manual poderá ser utilizado no decorrer da formação como um instrumento de consulta, assim como no período pós
formação para esclarecimento de dúvidas acerca dos temas abrangidos.
Este manual é para uso exclusivo no âmbito da presente formação. É proibido utilizar, copiar, divulgar, comunicar ou
permitir a utilização, cópia, divulgação ou comunicação por quaisquer terceiros do manual.
3. Introdução
As substâncias perigosas representam, em todos os setores um risco potencial para a saúde dos trabalhadores. O seu
efeito traduz-se em doenças profissionais tais como asma, dermatites, cancro, danos em fetos ou futuras gerações e
uma variedade de outros efeitos negativos na saúde e bem- estar dos trabalhadores.
Alguns agentes químicos causam danos graves na saúde humana: intoxicações, queimaduras, asfixia…
Na proteção da saúde humana de todos aqueles que utilizam agentes químicos perigosos não se pode deixar de
considerar os riscos inerentes à utilização de uma enorme gama destes agentes, como meio de produção de outros,
como produtos de consumo ou incluídos nos mais variados artigos de uso específico ou corrente.
Quando da sua utilização indiscriminada, podem advir efeitos nocivos, uns ainda mal determinados, outros com grau
de gravidade elevado. Dos cerca de 6 000 000 de produtos químicos que existem, no mercado europeu estão
registados cerca de 100 000 diferentes, dos quais 10 000 são comercializados em quantidades superiores a 10 toneladas
por ano e 20 000 são comercializados em quantidades compreendidas entre 1 e 10 toneladas. A utilização dos agentes
químicos na empresa, obriga ao conhecimento dos riscos, por parte do empregador, direção, técnico superior e
técnico de segurança no trabalho, médico do trabalho e trabalhadores.
Logo, a prevenção dos riscos de exposição aos agentes químicos perigosos deve, assim, constituir um objetivo de todos
na empresa.
Introdução Específica ETAR

 Ao redirecionar os efluentes urbanos para instalações capazes de


tratar as águas residuais, o Homem resolveu dois problemas graves:
proteger a saúde pública e o meio ambiente. As estações de
tratamento de água e de águas residuais (ETA e ETAR) concentram o
esgoto num local específico, em vez de dispersá-lo num grande
espaço, o que requer intervenção humana para operá-las. No
entanto, isso apresenta novas preocupações, como a exposição dos
trabalhadores a agentes biológicos patogénicos, insuficiência de
oxigénio atmosférico, gases ou vapores perigosos, contacto com
reagentes, aumento súbito do fluxo e inundações. Para proteger os
trabalhadores que lidam com o transporte e tratamento de águas
residuais, é necessário entender os fatores de risco para a saúde e
avaliar quais os agentes que estão presentes nos sistemas de
tratamento de águas residuais e que patologias estão associadas a
eles.
Legislação e normas relativas à prevenção
de riscos químicos e biológicos numa ETAR
Em Portugal, existem diversas legislações e normas que regulam a prevenção de riscos em ETAR (Estações de
Tratamento de Águas Residuais) em relação a perigos químicos. Algumas das principais são:
 Lei n.º 100/97, de 13 de Setembro, que aprova o regime jurídico dos acidentes de trabalho e das doenças
profissionais;
 Portaria n.º 1036/98, de 15 de Dezembro, que altera a lista de classificação dos agentes biológicos;
 Diretiva 2000/54/CE, de 18 de Setembro, relativa à proteção dos trabalhadores contra riscos ligados à
exposição a agentes biológicos durante o trabalho;
 Decreto Regulamentar n.º 6/2001, de 5 de Maio, que apresenta a lista das doenças profissionais;
 Portaria n.º 762/2002, de 1 de Julho, que estabelece um conjunto de prescrições para a segurança,
higiene e saúde dos trabalhadores no exercício das atividades de exploração dos sistemas públicos de
distribuição de água e dos sistemas públicos de drenagem de águas residuais, domésticas, industriais e
pluviais;
 Decreto-Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de Julho, procede à alteração dos capítulos 3.º e 4.º da lista de
doenças profissionais publicada em anexo ao Decreto Regulamentar n.º 6/2001, de 5 de Maio;
 Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, que aprova o Código do Trabalho;
 Portaria n.º 405/98, de 11 de Julho, que aprova a classificação dos agentes biológicos;
Legislação e normas relativas à prevenção
de riscos químicos e biológicos numa ETAR
 Decreto-Lei nº 147/2008: Estabelece o regime jurídico da prevenção e controlo integrados da poluição
(PCIP) e define as obrigações das empresas que possuem ETAR em relação à gestão de substâncias
perigosas;
 Decreto-Lei nº 81/2015: Estabelece o regime jurídico de prevenção e controlo das emissões de poluentes
para a atmosfera (PRTR) e define as obrigações das empresas que possuem ETAR em relação à gestão
de substâncias perigosas;
 Portaria nº 1451/2007: Estabelece os requisitos mínimos para a gestão de resíduos em ETAR, incluindo os
resíduos perigosos;
 Portaria nº 113/2015: Estabelece os requisitos técnicos e funcionais a que devem obedecer as ETAR e as
ETARI (Estações de Tratamento de Águas Residuais Industriais), incluindo a gestão de substâncias
perigosas;
 Norma EN 12255-1: Estabelece os requisitos mínimos para o projeto, construção, operação e
manutenção de ETAR, incluindo a gestão de substâncias perigosas.
Além disso, a legislação portuguesa segue as diretivas europeias relacionadas à gestão de substâncias
perigosas, como a diretiva SEVESO III e a diretiva REACH. É importante que as empresas que possuem ETAR
em Portugal estejam em conformidade com essas normas e legislações, a fim de garantir a segurança e a
saúde dos trabalhadores e a preservação do meio ambiente.
Agentes biológicos

 Os agentes biológicos são seres microscópicos presentes em todos


os ambientes e coabitam diariamente com os seres vivos, sendo
essenciais à vida. Apenas uma pequena porção desses
microrganismos causam doenças no ser humano, principalmente
quando vencem as defesas do organismo e infetam os tecidos
saudáveis. A exposição a esses agentes patogénicos depende
das atividades desenvolvidas e do meio circundante, incluindo as
condições sanitárias e a predominância de determinados
microrganismos. Os efeitos nocivos para a saúde mais conhecidos
pela exposição a agentes biológicos estão associados a reações
alérgicas, infeções e reações tóxicas. A água residual urbana
contém microrganismos que variam de local para local, sendo
influenciados pelas condições de produção, drenagem e
tratamento.
Agentes biológicos

 A flora indígena ou população microbiana indígena é


constituída por muitos milhões de bactérias, parasitas e
fungos que vivem intimamente relacionados com o ser
humano, coexistindo assim de forma pacífica com o
hospedeiro. A aderência dos microrganismos ocorre de
duas maneiras diferentes: através de adesinas especiais ou
pela produção de um biofilme. É importante distinguir
infeção de colonização, sendo que a colonização refere-
se à presença de microrganismos no organismo sem que
haja qualquer lesão estrutural, funcional ou resposta imune
específica. A flora indígena traz benefícios à saúde, como
a estimulação precoce da imunidade, síntese de nutrientes
essenciais, metabolismo e neutralização de constituintes
dietéticos.
Agentes Químicos

Um agente químico perigoso é:


a) Qualquer agente químico classificado como substância ou mistura
perigosa de acordo com os critérios estabelecidos na legislação
aplicável sobre classificação, embalagem e rotulagem de
substâncias e misturas perigosas, esteja ou não a substância ou
mistura classificada nessa legislação, salvo tratando-se de
substâncias ou misturas que só preencham os critérios de
classificação como perigosas para o ambiente;
b) Qualquer agente químico que, embora não preencha os critérios
de classificação como perigoso nos termos da alínea anterior, possa
implicar riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores devido
às suas propriedades físico-químicas ou toxicológicas e à forma
como é utilizado ou se apresenta no local de trabalho, incluindo
qualquer agente químico sujeito a um valor limite de exposição
profissional estabelecido no Decreto-Lei n.º 24/2012, de 6 de
fevereiro.
Agentes Químicos

Os agentes químicos dividem-se em três classes de perigo:


 Perigo físico
Os agentes químicos suscetíveis de provocar acidentes poderão ser
explosivos, inflamáveis, comburentes, corrosivos;
 Perigo para a saúde
Os agentes químicos suscetíveis de causar efeitos adversos (doenças
profissionais, queimaduras, intoxicações, …) poderão ser tóxicos ou
muito tóxicos, corrosivos, sensibilizantes, irritantes, mutagénicos,
cancerígenos, tóxicos para a reprodução;
 Perigo para o ambiente
Relativamente ao ambiente, os agentes químicos poderão ser
tóxicos para o meio aquático e perigosos para a camada do ozono.
Agentes/substâncias químicas

 Uma estação de tratamento de águas residuais (ETAR) pode


apresentar diversos riscos químicos, como a exposição a
compostos orgânicos voláteis, ácidos e bases, gases tóxicos
e metais pesados. Além disso, também podem ocorrer riscos
de incêndio e explosão devido à presença de substâncias
inflamáveis. É importante que os trabalhadores da ETAR
estejam devidamente protegidos e sigam as medidas de
segurança adequadas para evitar acidentes e danos à
saúde.
 Agentes químicos são substâncias químicas utilizadas em
processos industriais, laboratoriais ou em outras atividades
que possam apresentar riscos à saúde humana ou ao meio
ambiente. Em Portugal, a gestão de agentes químicos é
regulamentada por legislação nacional e europeia, como o
Regulamento REACH (Registration, Evaluation, Authorization
and Restriction of Chemicals).
Agentes/substâncias químicas
Existem vários agentes químicos presentes numa ETAR. Alguns exemplos
incluem:
 Compostos orgânicos voláteis (COVs): Os COVs podem ser liberados
durante o processo de tratamento de águas residuais e podem incluir
substâncias como benzeno, tolueno e xilenos. Esses compostos podem
ser prejudiciais à saúde humana quando inalados em altas
concentrações.
 Ácidos e bases: O tratamento de águas residuais envolve o uso de
substâncias químicas para ajustar o pH. Ácidos como o ácido
clorídrico e bases como a soda cáustica são comumente utilizados.
Essas substâncias podem ser corrosivas e representar riscos para a
pele e os olhos.
 Gases tóxicos: Certos processos na ETAR podem gerar gases tóxicos,
como o sulfeto de hidrogénio (H2S). O H2S é altamente tóxico e pode
causar problemas respiratórios e até levar à morte em altas
concentrações.
 Metais pesados: As águas residuais podem conter metais pesados,
como chumbo, mercúrio e cádmio, provenientes de atividades
industriais. Esses metais podem ser prejudiciais à saúde humana e ao
meio ambiente quando não são adequadamente tratados.
 É importante ressaltar que estes são apenas exemplos de agentes
químicos presentes em uma ETAR. A lista completa pode variar
dependendo das características específicas de cada instalação.
Agentes/substâncias químicas
Substâncias químicas são compostos químicos que possuem propriedades físicas e
químicas específicas. Essas substâncias podem ser encontradas em diversas formas,
incluindo gases, líquidos e sólidos.
Algumas fontes que podem ser utilizadas para obter informações sobre substâncias
químicas em Portugal incluem:
 Agência Portuguesa do Ambiente (APA): A APA é responsável por monitorizar e
proteger o meio ambiente em Portugal. O site da APA contém informações
sobre substâncias químicas perigosas e sua regulamentação.
 Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT): A DGERT é
responsável por promover a formação profissional e o emprego em Portugal. O
site da DGERT contém informações sobre a segurança no trabalho e a gestão
de substâncias químicas.
 Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT): A ACT é responsável por
fiscalizar as condições de trabalho em Portugal. O site da ACT contém
informações sobre a gestão de substâncias químicas no ambiente de trabalho.
 Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA): O INSA é responsável por
promover a saúde pública em Portugal. O site do INSA contém informações
sobre os efeitos das substâncias químicas na saúde humana e o seu impacto no
meio ambiente.
Essas são apenas algumas das fontes que podem ser utilizadas para obter
informações sobre substâncias químicas em Portugal. É importante lembrar que as
informações sobre substâncias químicas devem ser obtidas de fontes confiáveis e
atualizadas.
Vias de transmissão

A via de transmissão, também conhecida como via de


contágio, é o caminho que um agente patogénico percorre
desde a fonte de infeção até ao indivíduo afetado pela
doença. Existem conceitos importantes para entender as
doenças infeciosas e suas vias de transmissão. Algumas dessas
definições incluem:
 Vetor: transportador ativo do microrganismo, geralmente
artrópodes como mosquitos e carraças. Esses animais
picam e ingerem o sangue de um animal infetado e,
posteriormente, transmitem o microrganismo para outro
animal saudável, como o mosquito Anopheles spp. na
malária, flebótomo na leishmaniose e mosquito Aedes spp.
na febre amarela.
 Reservatório: ser vivo em que o microrganismo
normalmente reside, permitindo sua manutenção e
amplificação na natureza. Exemplos incluem o homem na
malária, gato na toxoplasmose e gado ovino e caprino na
brucelose.
 Hospedeiro: termo usado para infeções por parasitas, que
pode ser definitivo (se abriga a forma adulta ou sexuada
do microrganismo, como o homem na malária e taeniase,
gato na toxoplasmose) ou intermediário (se abriga a forma
larvar ou quística, como o homem na cisticercose e
toxoplasmose, gado bovino na taeniase).
Vias de transmissão
Existem várias possíveis fontes de infeção e inúmeros agentes
patogénicos, portanto é possível distinguir diferentes vias de
transmissão. Existem duas vias principais de transmissão: a via
vertical e a via horizontal.
 A transmissão vertical ocorre de mães para filhos, como no
caso do HIV e HBV.
 Na transmissão horizontal, o agente biológico passa de um
indivíduo para outro através do contato direto ou indireto.
A via direta inclui interações orais (como a maioria das
infeções respiratórias), fecal-oral (como a ingestão de
alimentos ou líquidos contaminados com fezes) e
transmissão sexual. A via indireta ocorre através de um
vetor (como na malária) ou por zoonoses sem ou com
vetor.
 Zoonoses sem vetor são infeções de animais que
acidentalmente podem ser transmitidas ao homem, mas o
homem não é capaz de transmitir entre si, como a
brucelose.
 Zoonoses com vetor são infeções de animais em que os
próprios animais não conseguem transmitir diretamente
essa infeção uns aos outros e precisam de um vetor. O
homem só adquire essa doença se for acidentalmente
vítima desse mesmo vetor, como na febre da carraça.
Cadeia de transmissão de micro-
organismos
A cadeia de transmissão de micro-organismos ocorre
quando há um agente infecioso, um hospedeiro
suscetível e um meio de transmissão que permite a
passagem do agente infecioso do hospedeiro infetado
para o hospedeiro suscetível. Os meios de transmissão
podem incluir contato direto com fluidos corporais,
contato indireto com superfícies contaminadas,
gotículas respiratórias, alimentos ou água contaminados
e vetores como mosquitos ou carrapatos. É importante
praticar hábitos de higiene adequados e tomar medidas
preventivas para interromper a cadeia de transmissão
de micro-organismos.
Rotulagem

 Caso um agente químico seja considerado


perigoso, deverá ser acompanhado de
uma ficha de dados de segurança e
adequadamente rotulado para que os
trabalhadores tenham conhecimento dos
seus efeitos, antes de o manusear.
 A classificação e rotulagem de produtos
químicos estão a mudar. Na União
Europeia, os pictogramas com o fundo cor
de laranja estão a ser substituídos por novos
pictogramas de fundo branco.
Risco Químico

O que é o risco químico?


 As propriedades físico-químicas e toxicológicas são
características intrínsecas dos agentes químicos com perigo
potencial. O risco inerente a um agente químico, traduz-se na
possibilidade de que esse perigo potencial se concretize nas
condições de utilização ou de exposição. São utilizados
inúmeros agentes químicos perigosos no nosso dia-a-dia, dos
quais as tintas, os vernizas, os diluentes, os desinfetantes, os de
limpeza, são apenas alguns exemplos. É considerada uma
atividade que envolve agentes químicos, aquela onde são
utilizados ou se destinam a sê-lo, incluindo a produção, o
manuseamento, a armazenagem, o transporte ou a
eliminação e o tratamento, no decurso da qual esses agentes
sejam produzidos. Alguns destes agentes podem ser perigosos,
levando à ocorrência de acidentes de trabalho (projeções,
queimaduras, intoxicações agudas), ou mesmo a doenças
profissionais (saturnismo, asbestose, silicose).
Os agentes químicos como
contaminantes dos locais de
trabalho
Por contaminantes químicos, entendem-se todos os agentes
químicos presentes no local de trabalho, suscetíveis de
provocar efeitos adversos (doenças profissionais e acidentes
de trabalho) nos trabalhadores expostos.
Em qualquer atividade onde se utilize ou onde os
trabalhadores possam estar expostos a agentes químicos
perigosos, poderá haver risco para a saúde.
As principais vias de penetração no organismo humano são:
a) Via respiratória;
b) Via percutânea;
c) Via digestiva.
Avaliação dos riscos dos agentes
químicos
O empregador deve identificar os agentes químicos perigosos existentes nos
locais de trabalho e avaliar os seus riscos.
A avaliação dos riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores
resultante da presença destes agentes deve ter em conta:
a) As suas propriedades perigosas;
b) As informações relativas à segurança e a saúde constantes das fichas de
dados de segurança de acordo com a legislação aplicável sobre
classificação, embalagem e rotulagem das substâncias e misturas perigosas
e outras informações suplementares necessárias à avaliação do risco,
fornecidas pelo fabricante designadamente a avaliação específica dos
riscos para os utilizadores;
c) A natureza, o grau e a duração da exposição;
d) A presença simultânea de vários agentes químicos perigosos;
e) As condições de trabalho que impliquem a presença desses agentes,
incluindo a sua quantidade;
f) Os valores limite de exposição profissional estabelecidos nos anexos I, II e III
do Decreto-Lei n.º 24/2012, de 6 de fevereiro;
g) Os valores limite de exposição profissional a agentes cancerígenos ou
mutagénicos e ao amianto, estabelecidos em legislação especial;
h) O efeito das medidas de prevenção implementadas ou a implementar;
i) Os resultados disponíveis sobre a vigilância da saúde efetuada.
Armazenagem

O armazenamento seguro de produtos químicos é de extrema


importância de forma a evitar possíveis acidentes. Para isso são
necessárias instalações apropriadas, equipamento e hábitos de
trabalho adequados.
Para se promover um armazenamento seguro de produtos químicos são
necessários quatro elementos-chave:
 Manter um inventário dos produtos existentes no laboratório e
inventário dos produtos existentes no laboratório e no armazém;
 Os produtos devem estar todos devidamente etiquetados/rotulados;
 Separar os produtos químicos incompatíveis;
 Ter um ambiente adequado, incluindo ventilação, iluminação,
temperatura e adequada, arrumação em prateleiras e
equipamento.
Armazenagem de produtos químicos
na ETAR
O armazenamento e manuseamento de produtos químicos numa
estação de tratamento de águas residuais é de extrema importância
para garantir a segurança dos trabalhadores e a eficácia do
tratamento.
De acordo com a legislação portuguesa, nomeadamente o Decreto-Lei
n.º 82/2003, de 23 de abril, que estabelece o regime jurídico da
prevenção e controlo das emissões de poluentes para o ar, água e solo,
é necessário assegurar que os produtos químicos são armazenados em
locais adequados, com ventilação e iluminação adequadas, e que são
manuseados por pessoal devidamente formado e equipado com os
meios de proteção adequados.
Além disso, é importante garantir que os produtos químicos são
utilizados nas quantidades corretas e que são misturados de forma
adequada para evitar reações perigosas. A falta de cuidado no
armazenamento e manuseamento de produtos químicos pode resultar
em acidentes graves, danos ambientais e na saúde dos trabalhadores.
Por isso, é importante seguir as normas e procedimentos estabelecidos,
bem como promover uma cultura de segurança no local de trabalho.
Armazenagem de produtos químicos
na ETAR

 Os produtos químicos mais comuns utilizados em


estações de tratamento de águas residuais
incluem sulfato de alumínio, cloreto férrico, cloro
e dióxido de cloro. Esses produtos químicos
ajudam a remover partículas em suspensão,
matéria orgânica e microrganismos da água
residual.
Armazenagem
No armazenamento de produtos químicos perigosos, é
fundamental a separação. Assim, deve evitar-se qualquer
contacto entre:
 ácidos fortes;
 bases fortes;
 redutores fortes;
 produtos inflamáveis, compatíveis, ou não, com a água;
 produtos tóxicos não incluídos nos grupos anteriores.
Os produtos químicos com condições específicas de perigosidade
devem ser armazenadas de acordo com a sua especificidade. O
armazenamento de gases, por seu turno, deve fazer-se num local
isolado, sempre no exterior.
Armazenagem
O quadro resume o correto armazenamento de
substâncias perigosas:
Armazenagem
 Para melhor percebermos
como pode ser combinada,
ou não, a armazenagem de
produtos químicos
perigosos, atentemos no
seguinte quadro e respetiva
legenda:
Medição
O processo de medição é composto por duas etapas fundamentais:
 A avaliação da exposição profissional, em comparação com os valores-limite
de exposição;
 Medições periódicas para controlo da situação, a intervalos regulares.
Verificação se as condições de exposição se mantêm inalteradas.
 Após a identificação das fontes de exposição, para cada local de trabalho
deverá ser elaborada uma exaustiva lista com todas as substâncias químicas e
os sítios onde são utilizados.
Uma vez determinados os valores-limite, passa-se à avaliação dos fatores
relacionados com a atividade laboral propriamente dita:
 Tarefas desempenhadas pelo trabalhador;
 Técnicas de laboração;
 Procedimentos de produção;
 Disposição do local do trabalho;
 Medidas e procedimentos de segurança;
 Equipamentos de ventilação;
 Fontes de emissão potenciais e efetivas;
 Períodos de exposição e carga de trabalho.
Medição
Todas estas tarefas de avaliação são efetuadas em três fases:
 Estudo da situação:
 Avaliação inicial;
 Avaliações pontuais.
De forma a que seja possível efetuar uma correta comparação com os valores-limite de exposição, os dados referentes a
uma determinada exposição de um dado local terão que ser recolhido no tempo e espaço próprios.
É ainda muito importante ter em conta que, no estudo de qualquer ambiente poluente, é preciso considerar os seguintes
pontos:
 Número de fontes;
 Importância da produção relativamente à sua capacidade;
 Produção/emissão de cada fonte;
 Características de cada fonte;
 Difusão da contaminação na atmosfera através da circulação do ar;
 Tipo e eficiência da ventilação;
 Distância entre o trabalhador e a fonte;
 Hábitos pessoais e condições de higiene.
Caso a avaliação seja inconclusiva quanto à ultrapassagem do valor-limite, deverá proceder-se a uma análise mais
exaustiva. De qualquer modo, as medições devem cobrir um número suficientemente vasto de dias e de operações
específicas e ser divididas por grupos homogéneos de trabalhadores expostos, que executem no mesmo local tarefas
idênticas.
Estas são as unidades de medição mais comuns:
 Agentes sólidos (pós e fumos);
 Agentes líquidos (névoas e vapores).
Avaliação de riscos

O exercício de atividades que envolvam agentes químicos perigosos


só pode ser iniciada após a avaliação dos riscos e a consequente
aplicação das medidas de prevenção escolhidas. No que concerne
os produtos e substâncias perigosas que possam levar perigo para a
segurança e saúde dos trabalhadores, há que ter em consideração:
 As propriedades perigosas das substâncias dos vários tipos:
cancerígenas, tóxicas, irritantes, sensibilizantes, etc...;
 As informações referentes à segurança e saúde presentes nas
fichas de segurança, redigidas de acordo com a legislação em
vigor.
A avaliação de riscos de exposição de agentes químicos no local de
trabalho deve:
 Identificar as atividades que impliquem a exposição a vários
agentes químicos perigosos;
 Aceder aos riscos resultantes da presença simultânea desses
agentes;
 Identificar as atividades que impliquem a exposição a esses
agentes.
Prevenção
As medidas de prevenção têm como objetivo garantir a proteção dos
trabalhadores face aos riscos para a segurança e saúde, resultantes dos efeitos
provenientes do armazenamento de substâncias e produtos químicos. Estas
ditas medidas passam por:
 Organizar programas de sensibilização e formação;
 Conceber processos de trabalho e de controlo técnico apropriados;
 Identificar alternativas aos processos de trabalho;
 Utilizar métodos de trabalho que garantam a segurança durante o
manuseamento, armazenagem e transporte de substâncias e preparações
perigosas dos resíduos provenientes;
 Reduzir a quantidade de agentes químicos e substâncias perigosas nos
locais de trabalho;
 Reduzir ao mínimo possível o tempo de exposição e o número de
trabalhadores expostos;
 Usar equipamentos e materiais adequados que permitam evitar ou reduzir
ao mínimo a libertação de substâncias perigosas;
 Conceber um Plano de Emergência em função dos riscos de acidente;
 Empregar medidas organizativas e de proteção coletiva na fonte do risco;
 Adotar medidas de proteção individual, incluindo a utilização de
Equipamentos de Proteção Individual, quando não é viável implementar
medidas de proteção coletiva por outros meios.
Controlo
Depois de efetuada a medição, de avaliados os riscos e de colocadas em
práticas as medidas de prevenção, há que pôr mãos à obra e aplicar uma
série de medidas de controlo de todo esse processo, de modo a que o
armazenamento de produtos perigosos ocorra sem acidentes nem incidentes.
Essas medidas podem ser:
 Vigiar a saúde dos trabalhadores expostos e suscetíveis de contrair
doenças;
 Monitorizar os parâmetros biológicos e efetuar o rastreio dos efeitos
precoces e reversíveis;
 Informar os trabalhadores acerca dos riscos ligados à exposição a
determinada substância, bem como do resultado das avaliações
efetuadas;
 Assegurar formação contínua em práticas e procedimentos de segurança;
 Aproveitar a informação constante nas fichas de dados de segurança para
a preparação das instruções;
 Identificar e, se possível, adotar, alternativas aos processos de trabalho;
 Usar métodos de trabalho adequados, em particular disposições que
assegurem a segurança durante o manuseamento, armazenagem e
transporte de substâncias e preparações perigosas e dos resíduos que as
contenham;
 Manter registos de dados e conservar arquivos atualizados sobre os níveis
de exposição a agentes químicos perigosos, bem como os resultados da
vigilância da saúde de cada trabalhador;
 Identificar e catalogar os produtos e substâncias perigosas armazenadas.
Medidas de prevenção e de proteção dos
riscos dos agentes químicos
É da responsabilidade dos empregadores reduzir ao mínimo os riscos, mediante:
a) Prevenção técnica
 A conceção e organização dos métodos de trabalho e dos controlos
técnicos e equipamentos adequados, para evitar ou reduzir ao mínimo
o risco de exposição aos agentes químicos perigosos;
 A utilização de processos de manutenção que garantam a proteção
da saúde dos trabalhadores;
 A redução ao mínimo do número de trabalhadores expostos ou
suscetíveis de estarem expostos;
 A redução ao mínimo da duração e do grau de exposição;
 A adoção de medidas de higiene adequadas;
 A redução da quantidade de agentes químicos presentes, ao mínimo
necessário à execução do trabalho em questão;
 A utilização de processos de trabalho adequados, nomeadamente,
disposições que assegurem a segurança durante o manuseamento, a
armazenagem e o transporte dos agentes químicos perigosos e dos
resíduos que os contenham;
 A adoção de medidas de proteção individual, se não for possível evitar
a exposição por outros meios.
Medidas de prevenção e de proteção
dos riscos dos agentes químicos
O empregador deve ainda dispor de um plano de ação com
as medidas adequadas a aplicar em situação de:
 Acidente;
 Incidente;
 Emergência;
… resultantes da presença de agentes químicos perigosos no
local de trabalho.
Este plano de ação deve também incluir meios adequados
de primeiros socorros
Medidas de prevenção e de proteção
dos riscos dos agentes químicos
b) Prevenção médica Vigilância da saúde
 Exames de saúde de admissão, periódicos e ocasionais:
 Exames de admissão – determinar a avaliação do estado de
saúde do trabalhador e algum tipo de sensibilidade alérgica;
 Exames periódicos – dependentes do agente químico, das
características da exposição, da atividade profissional e do
próprio trabalhador (idade, sexo, gravidez, …);
 Exames ocasionais – sempre que o médico o entenda, na
sequência do aparecimento de um problema na saúde do
trabalhador.

 Procedimentos individuais de saúde:


 Registo da história clínica e profissional;
 Avaliação individual do estado de saúde;
 Vigilância biológica;
 Rastreio de efeitos precoces e reversíveis.
Medidas de prevenção e de proteção
dos riscos dos agentes químicos
Os registos relativos à vigilância da saúde dos
trabalhadores devem:
 Constar de registo individual de exposição, à qual
o trabalhador deve ter acesso;
 Ser arquivados e mantidos atualizados; Ser
entregues ao trabalhador aquando da cessação
do contrato de trabalho;
 Ser enviados ao organismo competente do
ministério responsável pela área da saúde, caso a
empresa cesse a atividade.
Medidas de prevenção e de proteção
dos riscos dos agentes químicos
c) Formação e informação dos trabalhadores
Aos trabalhadores deve ser assegurada formação e informação adequadas sobre:
 Identificação dos perigos inerentes aos agentes químicos;
 Resultados obtidos na avaliação dos riscos;
 Valores limite de exposição profissional e outras disposições legislativas aplicáveis;
 Fichas de dados de segurança;
 Precauções a tomar para evitar aos riscos existentes;
 Normas de higiene – proibição de comer, beber ou fumar no local de trabalho;
 Utilização dos equipamentos de proteção individual;
 Medidas de atuação em caso de incidentes.
Na forma de:
 Instruções escritas – procedimentos de boas práticas, nomeadamente atuação
em caso de acidentes ou incidentes graves;
 Afixação de cartazes;
 Formação em sala
Consequências da exposição a agentes químicos
 O efeito produzido no organismo como consequência da entrada do agente químico
depende da quantidade absorvida pelo organismo durante um determinado intervalo
de tempo e manifesta-se através de alterações na saúde, associadas a doenças
profissionais.
Exemplos
Cuidados ao manusear produtos
químicos
 Nunca pipetar com a boca;
 Nunca ingerir, inalar ou tocar com as mãos num produto químico;
 Nunca deixar frascos contendo solventes voláteis e inflamáveis (acetona,
álcool, éter,…) próximos de chamas;
 Nunca deixar frascos contendo solventes voláteis e inflamáveis expostos ao
sol;
 Evitar a abertura simultânea de vários frascos do mesmo produto;
 Identificar claramente todos os recipientes, de acordo com as normas de
rotulagem
 Nunca utilizar uma embalagem/recipiente sobre a qual tenha dúvidas sobre
o seu conteúdo.
 Assegurar-se que os reagentes armazenados a baixa temperatura atingem
a temperatura ambiente antes de serem abertos.
 Verificar se os cilindros que contenham gases sob pressão estão
devidamente presos com correntes ou cintas;
 Efetuar sempre a adição lenta de qualquer reagente e nunca de uma vez
apenas. Observar o que acontece quando se adiciona uma pequena
quantidade inicial de reagente e aguardar alguns segundos antes de
adicionar mais reagente. Algumas reações levam algum tempo a iniciar;
Cuidados ao manusear produtos
químicos
 Ao preparar soluções aquosas diluídas de um ácido, colocar o ácido
concentrado sobre a água, nunca o contrário; adicionar sempre
lentamente soluções concentradas sobre soluções mais diluídas, ou sobre
a água, para evitar reações violentas;
 Nunca aquecer um tubo de ensaio, apontando a extremidade aberta
para um colega ou para si próprio;
 Se puder ocorrer libertação de gases e/ou vapores tóxicos a experiência
deve ser obrigatoriamente efetuada numa câmara de exaustão (hote);
 Os reagentes e equipamentos após utilização devem ser arrumados e
colocados no devido lugar;
 Não armazenar substâncias oxidantes próximas de líquidos voláteis e
inflamáveis;
 Não aquecer líquidos inflamáveis com chama direta;
 Em caso de derrame de produto químico, deve-se lavar o local
imediatamente; podem igualmente ser utilizados kits para absorção do
derrame.
Avaliação de riscos e classificação dos agentes biológicos
em função do risco infecioso
 A avaliação de riscos é essencial para gerir os perigos e riscos relacionados com a Segurança e
Saúde no Trabalho. Esta avaliação ajuda a identificar os agentes biológicos que podem causar
risco, a possibilidade da sua disseminação e o tempo de exposição dos trabalhadores. Com base
nessa avaliação, podem ser formuladas orientações para aplicar medidas de proteção contra
agentes biológicos perigosos. Para proteger os trabalhadores, é fundamental avaliar os riscos de
exposição, que são determinados pelas características dos agentes envolvidos na atividade e pela
adequação das instalações, equipamentos e práticas de trabalho.
 De acordo com o Decreto-lei n.º 84/97, de 16 de Abril, os agentes biológicos que podem causar
doenças no ser humano são classificados em grupos de 1 a 4, dependendo do nível de risco
infecioso que apresentam.
Identificação e
avaliação dos
riscos
As características dos agentes biológicos, a sua virulência,
forma de entrada no organismo e a sua interação com as
defesas do indivíduo são determinantes no aparecimento
de uma doença.
A identificação dos riscos deve ser efetuada considerando
os seguintes parâmetros, sem carácter cumulativo:
1. Natureza e grupos dos agentes biológicos, de acordo
com o seu risco infecioso;
2. Tempo de exposição dos trabalhadores a esse agente;
3. Quantidade do agente no material que se manipula;
4. Nas atividades que impliquem a exposição a várias
categorias de agentes biológicos, a avaliação dos
riscos deve ser feita com base no perigo resultante da
presença de todos esses agentes;
5. Vias de entrada no organismo;
6. As informações técnicas existentes sobre doenças
relacionadas com a natureza do trabalho;
7. Os potenciais efeitos alérgicos ou tóxicos resultantes
do trabalho.
Magnitude do risco
 Determinando o nível de exposição, a valoração realiza-se normalmente por comparação com
critérios de referência. (por exemplo para os agentes químicos, os valores limite de exposição VLE, OS
Threshold Limit Values, TLV e os Índices biológicos de exposição IBE).
 O critério de valoração estabelece-se partir dos resultados obtidos pelos estudos que relacionam os
níveis de exposição com os efeitos produzidos. Normalmente expressam-se em concentrações,
quantidades máximas permitidas de contaminante. A valoração da exposição em relação a este
critérios permite estimar o risco que para a saúde do trabalhador representa essa mesma exposição.
 No caso dos agentes biológicos, o nível máximo tolerável será aquele a partir do qual se manifestam
os efeitos tóxicos, alergénicos ou infeciosos. Não obstante não existirem estudos suficientes que
relacionem os níveis de exposição com os efeitos produzidos, não se estabelecerão limites de
exposição toleráveis.
 A valoração do risco pode ser efetuada utilizando como linha orientadora a Informação Técnica
006/2013 da DGS (Gestão do Risco Biológico e a Notificação de acordo com o Decreto-Lei n.º 84/97,
de 16 de Abril), a qual relaciona a probabilidade de ocorrência e a estimativa da gravidade do dano.
Magnitude do risco
O resultado da aplicação da grelha
de avaliação permitirá hierarquizar os
níveis de risco e adotar as respetivas
medidas de controlo e proteção.
Agentes biológicos Grupo 1

 Os agentes biológicos do Grupo 1 são aqueles com


baixa probabilidade de causar doenças no ser
humano e que não representam risco de
propagação na comunidade. Não há uma lista
estabelecida para esses agentes, mas alguns
exemplos podem incluir cepas de bactérias não
patogénicas ou amostras de vírus inativos.
Agentes biológicos Grupo 2

 Os agentes biológicos do Grupo 2 são aqueles que


podem causar doenças no ser humano e
representam um perigo para os trabalhadores, mas
com baixa probabilidade de propagação na
comunidade. Alguns exemplos de agentes biológicos
do Grupo 2 incluem a bactéria Escherichia coli, o vírus
da hepatite B e o bacilo da difteria.
Agentes biológicos Grupo 3

 Os agentes biológicos do Grupo 3 são aqueles que


podem causar doenças graves no ser humano e
representam um risco grave para os trabalhadores,
com possibilidade de propagação na comunidade,
mesmo com meios eficazes de profilaxia ou
tratamento. Alguns exemplos de agentes biológicos
do Grupo 3 incluem o bacilo da tuberculose, o vírus
da febre amarela e o vírus da raiva.
Agentes biológicos Grupo 4

 Os agentes biológicos do Grupo 4 são aqueles que


podem causar doenças graves no ser humano e
representam um risco grave para os trabalhadores,
com alta probabilidade de propagação na
comunidade e sem meios eficazes de profilaxia ou
tratamento. Alguns exemplos de agentes biológicos
do Grupo 4 incluem o vírus Ébola, o vírus Marburg e o
vírus Nipah.
Medidas de controlo
Efetuada a avaliação de riscos, importa estabelecer as medidas de controlo a aplicar.
 Medidas estruturais – As medidas de controlo devem considerar meios de prevenção
tanto na fase de conceção das instalações e da utilização de dispositivos,
nomeadamente, equipamentos e instrumentos que deverão ser usados para contenção
dos materiais perigosos na origem, como durante a fase de laboração.
Medidas de confinamento
 As medidas de confinamento dependem do grupo de risco e podem
dividir-se em 4 níveis.
Classificação de agentes
químicos
 Em Portugal, os agentes químicos são classificados de
acordo com as normas da União Europeia, que divide
as substâncias em diferentes classes de perigo com
base nas suas propriedades físicas e químicas. Essas
classes incluem substâncias explosivas, inflamáveis,
tóxicas, corrosivas, entre outras. A classificação é
importante para garantir a segurança das pessoas e
do meio ambiente durante o manuseio, transporte e
armazenamento dessas substâncias. As informações
sobre a classificação de substâncias químicas podem
ser encontradas na legislação europeia REACH
(Registration, Evaluation, Authorization and Restriction
of Chemicals) e CLP (Classification, Labelling and
Packaging).
Medidas preventivas
e de redução dos
riscos da exposição

 Considerando os riscos
biológicos identificados no
Grupo 2, que não podem ser
eliminados ou substituídos
devido à natureza da
atividade e da matéria-prima
envolvida no processo, as
medidas propostas visam
minimizar o risco de exposição
aos agentes biológicos. Para
isso, são necessárias medidas
de proteção coletivas e
individuais.
Medidas de proteção
coletivas
As medidas coletivas incluem:
 a formação dos trabalhadores sobre os riscos e medidas de
prevenção (distribuição rotineira de prospetos informativos e de
ajudas visuais);
 a implementação de medidas de engenharia, passíveis de
minimização do risco de exposição. Por exemplo: através da
substituição de rega por aspersão, por rega por gota a gota,
quando é utilizada água de processo na rega, ou através da
substituição de manípulos de abertura das torneiras com a mão, por
sistemas de abertura com os membros inferiores;
 a limpeza industrial do fardamento;
 a colocação de sinalização nos locais identificados como mais
críticos;
 a disponibilização de cacifos;
 a promoção da higiene pessoal;
 a limpeza regular das instalações com recurso a soluções
desinfetantes e detergentes antibacterianos;
Medidas de proteção
coletivas
 a ventilação adequada do ambiente de trabalho para evitar a
acumulação de substâncias tóxicas ou contaminantes no ar;
 o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados,
como máscaras, óculos de proteção e luvas;
 o uso de barreiras físicas, como paredes, para isolar áreas
contaminadas;
 a implementação de procedimentos de limpeza e
descontaminação regular do ambiente de trabalho;
 o monitoramento regular da qualidade do ar e da presença de
substâncias tóxicas ou contaminantes;
 a implementação de protocolos para lidar com emergências, como
vazamentos ou derramamentos de substâncias perigosas.
 o controle de roedores e insetos (controle de pragas);
 a vacinação sempre que possível (designadamente contra a
Hepatite, Tétano e Gripe);
 a vigilância médica anual e o estabelecimento de canais de
informação com as autoridades de saúde;
Medidas de proteção
coletivas
 evitar a utilização de frascos de vidro, para a realização das colheitas;
 a melhoria das instalações sanitárias e de vestiário;
 evitar comer nos locais onde existe possibilidade de contaminação por
agentes biológicos e, se não for de todo possível, garantir a sua anterior
desinfeção;
 não fumar nas instalações;
 a utilização de máscaras adequada para acesso às instalações com
maior incidência de agentes biológicos no ar ambiente;
 a continuação da realização de ações de monitorização da presença
de agentes biológicos;
 a intensificação da “fiscalização” no terreno do cumprimento de boas
práticas;
 o estabelecimento de canais de informação com as autoridades de
saúde ao nível do conhecimento da ocorrência de surtos
epidemiológicos na comunidade;
 a melhoria da fluência de informação interna no seio da empresa,
designadamente entre os Serviços de Medicina no Trabalho, os Serviços
de Higiene e Segurança no Trabalho, os Recursos Humanos e as Chefias
dos Departamentos.
Medidas de proteção
individuais
Algumas medidas de proteção individual que podem ser recomendadas
incluem:
 o uso de botas impermeáveis e vestuário de trabalho;
 luvas descartáveis;
 gel desinfetante para as mãos;
 colírio para lavagem ocular;
 antisséptico para feridas;
 Repelente;
 chapéu para proteção contra a radiação solar e impermeáveis para a
chuva.
É importante que os médicos do trabalho e de família trabalhem em
conjunto para garantir que todas as patologias dos trabalhadores sejam
conhecidas e tratadas adequadamente. Além disso, é recomendável que a
empresa crie um histórico de doenças por agentes biológicos ou químicos,
com a obrigatoriedade de avaliação pelo médico do trabalho para
qualquer pessoa exposta a esses agentes que tenha estado de baixa médica
por mais de dois dias. Por fim, é importante restringir o acesso às instalações
de saneamento apenas aos trabalhadores da empresa.
Notificações obrigatórias
Agentes biológicos
De acordo com a legislação em vigor, todas as atividades cujos trabalhadores estão, ou
possam estar, expostos a agentes biológicos durante o período laboral, são de notificação
obrigatória à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT). Deve ainda ser notificada a
Direção Geral de Saúde, nos termos do Artigo 5.º do Decreto- Lei n.º 84/97 de 16 de Abril.
Da referida notificação deve constar:
 A identificação da empresa;
 O resultado da avaliação dos riscos biológicos com indicação do método utilizado para o
efeito e com a especificação do número de trabalhadores eventualmente expostos;
 A análise da possibilidade de propagação dos agentes causadores de risco na
comunidade;
 A avaliação da experiência e treino dos trabalhadores em cada atividade, e a formação
ministrada aos mesmos;
 As medidas preventivas e de proteção adotadas e/ou previstas;
 A identificação da habilitação e qualificação do médico e do responsável pelos serviços de
segurança, higiene e saúde no local de trabalho.
Se for identificada a presença de agentes biológicos do Grupo 3 ou 4, terá também que ser
apresentado um plano de emergência relativo à proteção dos trabalhadores contra à
exposição a tais agentes.
Caracterização das Atmosferas
Potencialmente Explosivas
 A proteção contra explosões é um tema de grande importância no
âmbito da segurança no trabalho, pois pode causar danos graves nas
pessoas, instalações e meio ambiente. A comunidade mundial tem
trabalhado para encontrar medidas eficazes de prevenção e proteção
contra incidentes provenientes de atmosferas potencialmente
explosivas. Existem diversos diplomas legais, internacionais, europeus e
nacionais, assim como normativos, referenciais técnicos e documentos
científicos que indicam a necessidade da entidade empregadora
avaliar corretamente as instalações que manuseiem substâncias
inflamáveis.
 Em Portugal, foram transpostas para a legislação nacional as Diretivas
ATEX: a Diretiva 1999/92/CE, de 16 de dezembro, relativa às prescrições
mínimas para a proteção da segurança e da saúde dos trabalhadores
suscetíveis de exposição a riscos associados a atmosferas explosivas. Foi
também transposta a Diretiva 94/9/CE, de 23 de março, referente aos
aparelhos e sistemas de proteção destinados à utilização em atmosferas
potencialmente explosivas. No entanto, ainda não foi produzida
documentação técnica sobre os procedimentos visando a avaliação
de risco para atmosferas explosivas.
Enquadramento Legal e Normativo
Legislação europeia
 Em 1989, a Comunidade Europeia emitiu a Diretiva Quadro (Diretiva
89/391/CEE) para promover a segurança e saúde no trabalho. Esta diretiva
exige que os empregadores adotem medidas de prevenção de riscos
profissionais, informação e formação dos trabalhadores. Além disso, eles
devem realizar uma avaliação de riscos para planear ações preventivas. Um
dos riscos mais relevantes é o incêndio e explosões, que são tratados com
atenção especial pela Comunidade Europeia. Em 1992, foi publicada a
Diretiva ATEX para lidar com esses riscos.
 A Diretiva 1999/92/CE, de 16 de dezembro, estabelece as medidas de
segurança a serem aplicadas pelo empregador em locais de trabalho com
atmosferas explosivas. Essa diretiva exige a adoção de medidas de
prevenção e proteção dos trabalhadores em áreas onde essas atmosferas
são detetadas. Os locais devem ser classificados com base na frequência e
duração das atmosferas explosivas para selecionar os equipamentos
adequados que garantam um nível de proteção adequado. Os
empregadores têm um prazo máximo de três anos para se adaptarem
completamente às prescrições dessa diretiva.
Enquadramento Legal e Normativo
Legislação nacional
 Em Portugal, todas as Diretivas Europeias mencionadas foram
transpostas para a legislação nacional. A primeira a ser transposta
foi a Diretiva Quadro (Diretiva 89/391/CEE), que agora está
regulamentada pela Lei n.º 102/2009 de 10 de setembro. Essa lei
define as obrigações gerais do empregador em relação à
promoção e prevenção da segurança e saúde no trabalho.
 Em 1996, Portugal transpôs para a legislação interna a 1ª Diretiva
ATEX, que estabelece as regras de segurança e saúde para
aparelhos e sistemas de proteção utilizados em atmosferas
potencialmente explosivas. O Decreto-Lei n.º 112/96, de 5 de
agosto, regulamenta essa diretiva e foi acompanhado pela
Portaria n.º 341/97, de 21 de maio.
 Já em 2003, a 2ª Diretiva ATEX foi transposta para a legislação
portuguesa através do Decreto-Lei n.º 236/2003, de 30 de
setembro.
Enquadramento Legal e Normativo
Portugal harmonizou, igualmente várias normas europeias que são relevantes, ao abrigo das
Diretivas ATEX. Essas normas estão relacionadas com a prevenção de explosões, proteção
contra incêndios e a classificação de áreas perigosas onde podem surgir substâncias
inflamáveis.
Algumas das normas mais relevantes são:
 EN 1127-1:2007: Esta norma especifica métodos para identificar e avaliar situações
perigosas que possam levar a explosões em atmosferas explosivas.
 NFPA 820:2008: Esta norma estabelece os requisitos de proteção contra incêndios em
instalações de tratamento de águas residuais e de recolha.
 EN 60079-0: Esta norma estabelece regras gerais para o uso de equipamentos elétricos em
atmosferas explosivas.
 IEC 60079-10:2002: Esta norma classifica os locais perigosos onde podem ocorrer gases,
vapores ou névoas inflamáveis, sendo utilizada como referência na seleção e instalação
adequada de equipamentos nessas áreas.
 IEC 61241-10:2004: Esta norma classifica os locais perigosos onde podem ocorrer poeiras
ou camadas de poeiras inflamáveis, sendo utilizada como referência na seleção e
instalação adequada de equipamentos nessas áreas.
É importante identificar e classificar as áreas onde podem ocorrer atmosferas explosivas de
poeira e camadas de poeira combustível, a fim de avaliar adequadamente as fontes de
ignição nessas áreas. Nem todas as fontes de libertação de poeira necessariamente criam
uma atmosfera explosiva. O procedimento para identificar e classificar as áreas é o seguinte:
1. Determinar se o material é combustível e avaliar suas características, como granulometria,
teor de umidade, temperatura mínima de ignição e resistividade elétrica da camada.
2. Identificar locais onde pode haver contenção de poeira ou fontes de libertação de
poeira, incluindo a possibilidade de formação de camadas de poeira.
3. Determinar a probabilidade de que a poeira seja lançada dessas fontes e, assim, o risco
de atmosferas explosivas de poeira em diferentes partes da instalação.
Conclusão
São considerados materiais nocivos aqueles que durante a fabricação, transporte,
armazenamento, manuseio ou uso, possam afetar a saúde das pessoas que entrarem em
contato. Muitos acidentes ocorrem devido ao uso incorreto dos produtos. Em escala
industrial ou comercial, as consequências são ainda mais graves. Para se proteger é
imprescindível ficar alerta a todos os procedimentos de segurança.
A seguir foram listadas algumas dicas de como manusear qualquer produto químico de
forma mais segura:
 Leia atentamente as instruções de uso no rótulo de produto;
 Não reutilize embalagens que armazenaram produtos químicos;
 Jamais guarde os produtos líquidos em cima dos sólidos;
 Armazene os produtos em recipientes bem fechados e em local fresco e seco;
 Para ter acesso aos produtos e necessário ter recebido orientações sobre os mesmos;
 Se houver vazamento de produto no local, limpe imediatamente;
 Feche as embalagens após o uso.
Outro cuidado muito importante que deve ser tomado é ao armazenar os químicos,
necessário fazê-lo sempre de acordo com as instruções dos fabricantes, como por
exemplo, longe de calor, em local arejado, respeitando o limite de armazenamento e
outros. É significativo, ainda, fechar bem as embalagens depois de abertas para evitar
evaporação. Uma boa ideia é designar um responsável pelo armazenamento, alguém
que possa pegar e guardar os produtos. Marcar o local de armazenamento como sendo
proibido para pessoas não autorizadas, também é uma sugestão interessante.
É preciso, também, possuir sempre os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), esses
devem fazer parte da rotina de todos os funcionários que lidam com produtos químicos.
Luvas, máscaras e óculos de proteção figuram o rol de equipamentos imprescindíveis,
resta comprovado que diminuem consideravelmente o risco de contato com o químico e
de intoxicação pela respiração do produto.

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