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Auditoria Externa X Auditoria Interna

DEFINIÇÃO

Auditoria Externa
A Auditoria Externa consiste no exame das demonstrações financeiras feitas com o
propósito de expressar uma opinião sobre a propriedade com que as mesmas
apresentam, a situação patrimonial e financeira da empresa e o resultado das operações
no período do exame.
Sendo exercida por Contadores Independentes ou equivalentes (Empresas de
Auditoria), sua atividade é regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários através
da instrução número 216 de junho de 1.994.

Auditoria Interna
A Auditoria Interna é definida segundo o Instituto de Auditores Internos de New York
como a “atividade de avaliação independente dentro da organização, para a revisão de
contabilidade, finanças e outras operações, como base para servir à administração. É um
controle administrativo, que mede e avalia e verifica a eficiência de outros controles”. A
função da auditoria interna é assessorar a administração no desempenho eficiente de
suas funções, fornecendo-lhe análises, avaliações, recomendações e comentários sobre
as atividades auditadas.
A definição acima demonstra que a atividade do auditor interno, apesar de voltada
para administração da empresa, é muito mais abrangente que a atividade do auditor
externo, mesmo este podendo prestar outros serviços a seus clientes, até como forma de
agregar valor a sua atividade, sua função primordial é expressar uma opinião sobre as
demonstrações financeiras.
A atividade de Auditoria Interna é exercida por funcionários da empresa, sendo que a
formação acadêmica destes funcionários é diversa, desde que atendam as necessidades
da empresa.
Os auditores internos são “regulamentados” pelo regime interno da empresa onde
trabalham.

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Auditoria Externa X Auditoria Interna

Objetivos:

A auditoria é a técnica contábil utilizada para avaliar essas informações,


constituindo, assim, complemento indispensável para que a contabilidade atinja
plenamente a sua finalidade. A auditoria compreende o exame de documentos, livros e
registros, inspeções e confirmações, internas e externas, relacionados com o controle do
patrimônio, objetivando mensurar a exatidão desses registros e das demonstrações
contábeis dele decorrentes. Os exames são efetuados de acordo com as normas de
auditoria usualmente aceitas e incluem os procedimentos que os auditores julgarem
necessários, em cada circunstância, para obter elementos de convicção, com o objetivo
de comprovar se os registros contábeis foram executados de acordo com os princípios de
contabilidade geralmente aceitos e se as demonstrações contábeis dele decorrentes
refletem adequadamente a situação econômico financeira do patrimônio, os resultados do
período administrativo examinado e outras situações neles demonstrado.
Muito embora os auditores internos se prestem a melhorar a confiabilidade das
informações contábeis e dos sistemas de controle interno, os relatórios e processos por
eles emitidos têm sua utilidade limitada à administração interna da companhia, uma vez
que não dispõem de característica fundamental da independência. Como muitas
companhias têm necessidade de um relatório e de um parecer de auditoria devido a
interesses externos, tais como acionistas credores ou legislação, nada mais correto do
que a obtenção de um relatório e parecer externo de pessoal independente e não
influenciável pela administração da companhia.
Dentro das limitações de seu objetivo, o auditor deve estar atento à possibilidade
de irregularidades, bem como procurar dar sugestões de melhoria dos controles internos
e de planejamento fiscal adequado com possíveis economias de impostos.
A auditoria deixou de ser, para as entidades, e especialmente para empresas da
atualidade, apenas mais um instrumento criado pela administração para aumentar seus
controles sobre o pessoal administrativo. Atualmente é meio indispensável de
confirmação da eficiência dos controles e fator de maior tranqüilidade para a
administração e de maior garantia para os investidores, bem como para o próprio fisco,
que tem na auditoria o colaborador eficiente e insuspeito, que contribui indiretamente para
melhor aplicação das leis fiscais.

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Independência

Para a auditoria ser eficiente e merecer confiança, precisa ser executada por
alguém que seja suficientemente independente das pessoas cujo trabalho está sob seu
exame, de forma que ele não seja impressionado pela posição dessas pessoas, que não
simpatize com seus pontos de vista, ou seja, intimidado por seu poder, a ponto de
influenciar sua própria certeza de que seus procedimentos ou conclusões possam ser, de
qualquer forma, afetados.
Os auditores internos são empregados da empresa, cujos registros e
procedimentos examinam. Eles devem sua fidelidade principalmente à empresa. Seus
trabalhos, suas remunerações e suas oportunidades para as promoções são todos
controlados pela mesma administração que controla e supervisiona o departamento de
contabilidade sob exame. Isto não quer dizer, que os auditores internos não possuam
independência. A independência é tanto um estado de espírito quanto uma questão de
separação organizacional. O alto grau de independência, tanto em organização como em
atitude, é perfeitamente possível em um departamento de auditoria interna.
Se o departamento de auditoria interna é organizado separadamente da
contabilidade e do departamento de tesouraria, se o chefe do departamento relata
diretamente à diretoria ou a um alto funcionário - que detém uma função pelo menos
equivalente à dos chefes desses dois departamentos - se os empregados dentro do
departamento de auditoria interna são auditores competentes - sem receio de que um
relatório crítico resultará em prejuízo - os exames executados por tais departamentos
podem ter um grau elevado de independência. Eles carecem, entretanto, do grau de
independência final, que é a independência em relação à administração. Apesar da
competência e habilidade profissional de seus membros e de sua independência
organizacional dentro da empresa, o departamento de auditoria interna não pode, em
virtude de sua própria natureza, ser completamente independente da administração, cujos
registros examina.

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Uma empresa de auditores independentes é uma organização inteiramente


independente da empresa que ela examina. Como organização de profissionais liberais,
ela se reserva o direito de dirigir e controlar seus próprios empregados, sem interferência
das empresas, suas clientes. Uma vez contratado o trabalho para exame, o auditor
independente é livre para usar os métodos mais convenientes, e aumentar ou reduzir, a
seu próprio critério, o volume e a natureza do trabalho que executa. Além disso, no
relatório que apresenta, ao concluir seu exame, ele pode também se expressar sem
recear outras conseqüências, a não ser a perda do cliente. Isto lhe dá considerável
independência com relação àqueles cujos relatórios e atos estão sob seu exame, posição
essa de menor subordinação que aquela do auditor interno.
Existem dois outro fatores que contribuem para ampliar a independência do auditor
externo. Em primeiro lugar, o Código de Ética de suas Organizações Profissionais, as
exigências da C.V.M. (Comissão de Valores Mobiliários) e outros órgãos governamentais
similares - que fazem uso dos resultados de alguns de seus exames - assim como as
exigências de outras entidades, tais como Bancos - que igualmente examinam e confiam
nos seus relatórios - são tais que qualquer desvio nos padrões de independência pode
custar-lhe a posição profissional e a perda de seus clientes. Em segundo lugar, o parecer
que ele fornece a seus clientes, com respeito à fidelidade de suas demonstrações
contábeis, é freqüentemente reproduzido pelos cliente e transmitido a outras partes
interessadas. Essas terceiras pessoas podem, assim, confiar no parecer do auditor para
tomarem decisões em relação à empresa examinada.
Se o auditor independente não executar seus exames com o devido cuidado
profissional e independência, pode causar prejuízos a terceiros. Os tribunais têm decidido
que o auditor independente pode ser responsabilizado por tais prejuízos. Cada um desses
fatores é um importante estímulo para a independência.
Deve ser salientado que a diferença na independência desfrutada pelos dois tipos
de auditores, independente e interno, é apenas de grau. Os auditores internos podem
alcançar alto grau de independência; não podem, porém, atingir completa independência.
Os auditores Independentes, como está implícito em seu nome, podem alcançar esse
grau final de independência, embora possam sacrificá-la por indevida subserviência a
seus clientes.

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Profundidade

O auditor interno e o auditor externo realizam testes de procedimentos, variando a


profundidade e extensão de acordo com os objetivos a serem atingidos. Entretanto, o
auditor interno realiza um trabalho mais aprofundado do que o auditor externo, motivado
por duas razões:

(a) O custo do trabalho do auditor externo é mais alto do que o do auditor


interno e não há necessidade do auditor externo ser tão minucioso, pois os
objetivos dos trabalhos são distintos;

(b) A extensão e o enfoque do trabalho do auditor externo podem ser reduzidos


de acordo com os trabalhos realizados pela auditoria interna, desde que esta
última tenha pessoal qualificado e independente.

Levantamento de Fraudes

Auditoria Externa

O auditor externo deve examinar as demonstrações contábeis de acordo com as


normas de auditoria geralmente aceitas; portanto, não é seu objetivo principal detectar
irregularidades (roubos, erros propositais etc.), mas essas podem vir a seu conhecimento
durante a execução do serviço de auditoria. Se o auditor externo fosse dirigir seu trabalho
no sentido de detectar irregularidades, o preço de seu serviço seria muito alto; mesmo
assim, ele não poderia assegurar-se de que todas as irregularidades foram descobertas,
devido ao fato de que é muito difícil detectar irregularidades não registradas (como, por
exemplo, o contador da empresa recebe uma comissão por fora e a nota fiscal de compra
sai pelo valor correto), roubos em conluio etc.

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Auditoria Externa X Auditoria Interna
Auditoria Interna

A prevenção e a descoberta de fraudes devem repousar, principalmente, sobre a


confiança inspirada por um sistema contábil adequado e um controle interno apropriado,
que constituam uma proteção, para a organização, contra as fraquezas humanas e
também causem um efeito desencorajador sobre os empregados
Rotinas de verificação e revisão são características de um bom controle interno,
que reduzem a possibilidade de que erros ou tentativas fraudulentas permaneçam
encobertas por muito tempo e permitem à administração possuir maior confiança na
adequação dos dados.
Cabe a auditoria interna, testar os controles internos e identificar os possíveis erros
e deficiências existentes e apontar soluções.

Regulamentação da Profissão

Auditoria Externa

A Lei 6.385 de 07/12/1976 regulamentou em termos modernos o mercado de


valores mobiliários e criou a Comissão de Valores Mobiliários.
No artigo primeiro, ela delimita seus objetivos que, entre outros, disciplina a
atividade de auditoria das companhias abertas. No artigo seguinte, elenca os valores
mobiliários sujeitos a ela. No artigo quinto, institui a CVM, entidade autárquica, com
competência para, entre outras, de fiscalizar e inspecionar as companhias abertas, dando
prioridade àquelas que não apresentarem lucro em balanço ou às que deixarem de pagar
o dividendo mínimo obrigatório (percebe-se aqui a preocupação de proteger os
investidores minoritários) e o artigo 26, estipula que somente as empresas de auditoria
contábil ou auditores contábeis independentes, registrados na CVM, poderão auditar as
Cias abertas e, no parágrafo segundo, adverte que a empresas de auditoria contábil ou
auditores contábeis independentes respondem civilmente, pelos prejuízos que causarem
a terceiros em virtude de culpa ou dolo no exercício das funções previstas no artigo.

Instrução CVM número 216 de 29/07/1994

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A instrução 216/94 é a última instrução da CVM sobre a regulamentação dos
serviços da auditoria. O auditor independente (auditor externo) está sujeito a registro na
CVM.
Pelo artigo segundo, só contadores ou sociedades civis de contadores
devidamente registrados no CRC podem pleitear registro de auditor independente na
CVM, que tem duas categorias: auditor independente pessoa física e o auditor
independente pessoa jurídica.
Em seu artigo 29, determina os deveres e responsabilidades dos auditores
independentes conforme segue:
“São deveres do auditor independente no exercício de suas atividades no âmbito
do mercado de valores mobiliários:
I - verificar se as informações e análises apresentadas no relatório da
administração estão em consonância com as demonstrações contábeis auditadas e
informar à Comissão de Valores Mobiliários - CVM caso não estejam;
II - elaborar relatório circunstanciado, a ser endereçado à administração da
entidade auditada, contendo observações a respeito das deficiências ou da ineficácia dos
controles internos e procedimentos contábeis da entidade auditada;
III - comunicar à Comissão de Valores Mobiliários - CVM circunstâncias que
possam configurar atos praticados pelos administradores em desacordo com as
disposições legais e regulamentares aplicáveis às atividades da entidade auditada e/ou
relativas à sua condição de entidade integrante do mercado de valores mobiliários, atos
estes que tenham, ou possam vir a ter reflexos sobre as demonstrações contábeis
auditadas e eventuais impactos nas operações da entidade.” (...)

Além disso, esta mesma instrução, em seu artigo 31, trata das penalidades
administrativas a que os auditores independentes estão sujeitos a saber:
“ O Auditor Independente - Pessoa Física, o Auditor Independente - Pessoa
Jurídica e os seus responsáveis técnicos poderão ser advertidos, multados, ou ter o seu
registro na Comissão de Valores Mobiliários - CVM suspenso ou cancelado, sem prejuízo
de outras sanções legais cabíveis, quando:
a) atuarem em desacordo com as normas legais e regulamentares que disciplinam
o mercado de valores mobiliários;
b) realizarem auditoria inepta ou fraudulenta, falsearem dados ou números ou
sonegarem informações que sejam de seu dever revelar;

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c) utilizarem, em benefício próprio ou de terceiros, informações a que tenham tido
acesso em decorrência do exercício da atividade de auditoria. ”
Auditoria Interna

A CVM não regulamenta a auditoria interna, pois tal atividade está no âmbito da
liberdade de decisão concedida pela constituição às pessoas. (Ninguém é obrigado a
fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei).
Assim, os auditores internos são “regulamentados” pelo regime interno da empresa
onde trabalham. Geralmente em empresas organizadas, essas regulamentações são
encontradas nas normas de cada Organização.

Formação Profissional

Auditoria Externa

Para exercer a profissão de Auditor Independente, é exigido pela CVM a formação


superior em Ciências Contábeis, mas para o bom desempenho de suas atividades é
necessário que ele possua outros conhecimentos que complementem sua formação
acadêmica, como:

 Comunicações;
 Informática;
 Sistemas e Métodos;
 Economia;
 Métodos quantitativos;
 Aspecto Legais de negócios;
 Processo administrativo e atividades gerenciais;
 Práticas internacionais de negócios;
 Tecnologia de Produção;
 Automatização e robotização;
 Práticas comerciais e de negócios;
 Ciências do comportamento;

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 Fatores motivacionais;

Geralmente as empresas de auditoria externa possuem um plano de carreira que é


seguido para todos os funcionários. Cada funcionário fica dentro de uma faixa por um
determinado tempo. Durante esse tempo, o seu desempenho é avaliado e estando de
acordo com as pretensões exigidas pela empresa, ele será promovido a próxima faixa.
Caso contrário o funcionário é demitido, pois não interessa a empresa manter um
funcionário que não esteja agradando.

Sigilo Profissional

Cumpre ressaltar que durante a execução do serviço de auditoria, o auditor tem


acesso a muitas informações confidenciais da empresa (salários, sistema de apuração de
custos, sistema de produção, política de vendas etc.). Como qualquer outro profissional, o
auditor deve manter sigilo destas informações, mesmo dentro da própria empresa.
Como medida de sigilo profissional, o auditor não deve permitir que terceiros tenham
acesso aos seus papéis de trabalho sobre a empresa.

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Quadro Comparativo

Auditoria Interna Auditoria Externa

A auditoria é realizada por um A auditoria é realizada através da


funcionário da empresa contratação de um profissional independente
O objetivo principal é atender as O objetivo principal é atender as
necessidades da administração necessidades de terceiros no que diz
respeito à fidedignidade das informações
financeiras
A revisão das operações e do controle A revisão das operações e do controle
interno é principalmente realizada para interno é principalmente realizada para
desenvolver aperfeiçoamento e para determinar a extensão do exame e a
induzir ao cumprimento de políticas e fidedignidade das demonstrações financeiras
normas, sem estar restrito aos assuntos
financeiros
O trabalho é subdividido em relação às O trabalho é subdividido em relação às
áreas operacionais e às linhas de principais contas do balanço patrimonial e da
responsabilidade administrativa demonstração de resultado
O auditor diretamente se preocupa com O auditor incidentalmente se preocupa com a
a intercepção e prevenção de fraude intercepção e prevenção de fraude, a não ser
que haja possibilidade de substancialmente
afetar as demonstrações financeiras
O auditor deve ser independente em O auditor deve ser independente em relação
relação às pessoas cujo trabalho ele à administração, de fato e de atitude mental
examina, porém subordinado às
necessidades e desejos da alta
administração
A revisão das atividades da empresa é O exame das informações comprobatórias
contínua das demonstrações financeiras é periódica,
geralmente anual

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