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A Influência de Darwin sobre a Psicologia A obra de Darwin no final do século XIX foi uma

importante força plasmadora da psicologia moderna. A teoria da evolução fez surgir a


estimulante possibilidade de uma continuidade no funcionamento mental entre os homens e
os animais inferiores. Embora amplamente anatômicas, as provas sugeriam com vigor haver
continuidades no desenvolvi mento do comportamento e dos processos mentais. Se a mente
humana tinha evoluído a

partir de mentes mais primitivas, existiriam semelhanças no funcionamento mental dos


homens e dos animais. A separação entre animais e homens proposta dois séculos antes por
Descartes estava assim exposta a um sério questionamento, e o estudo do comportamento
animal podia agora ser considerado vital para uma compreensão do comportamento humano.
Os cientistas voltaram—se para a pesquisa do funcionamento mental animal, introduzindo um
novo objeto no laboratório de psicologia. Esse novo campo da psicologia animal iria ter amplas
implicações. A teoria evolutiva também provocou uma mudança no objeto de estudo e no
objetivo da psicologia. O foco dos estruturalistas era a análise do conteúdo consciente. A obra
de Darwin inspirou alguns psicólogos, em especial norte-americanos, a levar em conta as
possíveis funções da consciência. Isso parecia a muitos investigadores mais importante do que
a deter minação dos elementos da consciência. Assim, à medida que a psicologia ia se voltando
mais e mais para o modo de funcionamento do organismo em sua adaptação ao ambiente, a
pesquisa detalhada de elementos mentais começava a perder o seu atrativo. A teoria de
Darwin também influenciou a psicologia ao ampliar a metodologia que a nova ciência podia
legitimamente usar. Os métodos empregados no laboratório de Wundt em Leipzig derivavam
primariamente da fisiologia, em especial dos métodos psicofísicos de 130 Fechner. Os métodos
de Darwin, que produziam resultados aplicáveis tanto ao homem como aos animais, em nada
se pareciam com técnicas de base fisiológica. Seus dados advinham de uma variedade de
fontes, incluindo a geologia, a arqueologia, a demografia, observações de animais selvagens e
domésticos, e pesquisas sobre a criação de animais. A sua teoria era apoiada por informações
vindas de todos esses campos. Ali estavam provas tangíveis e impressionantes de que os
cientistas poderiam estudar a natureza humana com outras técnicas além da introspecção
experimental. Seguindo o exemplo de Darwin, os psicólogos que tinham sido influenciados
pela teoria da evolução e por sua ênfase nas funções da consciência tornaram-se mais
ecléticos no tocante a métodos de pesqui sa. Como resultado, ampliaram-se os tipos de dados
reunidos pelos psicólogos. Outro efeito da teoria da evolução na psicologia foi o foco mais
insistente nas diferenças individuais. O fato da variação entre membros da mesma espécie era
evidente para Darwin em conseqüência de sua observação, durante a viagem no Beagle, de
inlímeras espécies e formas. A evolução não poderia ocorrer se toda geração fosse idêntica à
dos seus pais. Portanto, a variação era um importante pilar da teoria evolutiva. Enquanto os
psicólogos estruturais continuavam a buscar leis gerais que abrangessem todas as mentes, os
psicólogos influenciados pelas idéias de Darwin começaram a procurar os modos pelos quais as
mentes individuais diferiam, e técnicas para medir essas diferenças. A psicologia dos
estruturalistas tinha pouco espaço para a consideração da mente dos animais ou das
diferenças individuais. Cabia aos cientistas de tendência funcionalista a exploração desses
problemas. Como resultado, a forma e a natureza da nova psicologia começaram a mudar.

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