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05/04/2022

HISTÓRIA DA PSICOLOGIA
Profa. Erika Gelenske
erikagelenske.psi@gmail.com

Objetivo 1 Identificar as contribuições teóricas da Escola Funcionalista

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Ao contrário do Estruturalismo, que considerava a mente como


algo rígido e padronizado, sob essas influências, o interesse do
FUNCIONALISMO se voltou ao movimento da mente e a relação
dela com o mundo à sua volta.

Para iniciarmos os comentários a respeito do


Funcionalismo, que foi a escola que sucedeu o
Estruturalismo, precisamos entender o seu
contexto histórico e as pessoas e as teses que
a influenciaram.

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O foco dado pelo Funcionalismo às diferenças


individuais, que contradiziam a Psicologia
titcheriana, era consequência da percepção da
Teoria darwiniana em relação à diferença entre
membros da mesma espécie.

Foi um naturalista, geólogo e biólogo


britânico, célebre por seus avanços sobre
evolução nas ciências biológicas.
Darwin estabeleceu um argumento agora
amplamente aceito e considerado um
conceito fundamental no meio científico,
e propôs a teoria evolucionista, na qual
são propostos mecanismos baseados na
seleção natural, para explicar a origem, a
transformação e a perpetuação das
espécies ao longo do tempo.
CHARLES ROBERT DARWIN A Origem das Espécies, 1859.
(1809 – 1882)

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Com a Teoria da evolução, o posto ocupado pelo ser humano,


cujas diferenças do aparelho psíquico dos animais e seres
humanos eram consideradas, até aquele momento, diferentes,
modificou-se.
A Teoria da evolução coloca todos os seres vivos do planeta em
uma mesma régua de evolução. O impacto disso não só para a
Psicologia, como para todas as outras formas de saber foi
significativa.
Nesse momento nasceu a Psicologia animal, na busca de uma
melhor compreensão do ser humano.

Francis Galton foi o primeiro membro


dessa nova ciência a trazer os conceitos de
evolução para o campo da Psicologia, por
meio da herança mental e das diferenças
individuais.
foi antropólogo, meteorologista,
matemático e estatístico inglês.

FRANCIS GALTON
(1822—1911)

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Foi através da Teoria da herança mental, que Galton


fundou a Eugenia, a ciência que lida com a forma de
aprimorar de maneira artificial as qualidades das
espécies. Essa tese surgiu após perceber que pessoas
brilhantes tendiam a nascer em famílias que já tinham
pessoas proeminentes. Inclusive, era de seu interesse
formar casais com um perfil bem específico, no intuito de
gerar outras pessoas geniais e termos uma sociedade
“melhorada”.

No entanto, foi indiretamente que Francis Galton


deu outra contribuição à Psicologia. Para formatar
seus estudos sobre Eugenia, foi preciso se
especializar em Estatística. Dessa maneira, além de
ter trazido a questão da hereditariedade para a
Psicologia, o tratamento estatístico ainda hoje é
bastante valorizado nos meios científicos.

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Outro ponto muito importante para a Psicologia foi a questão dos


testes mentais, com o desenvolvimento de testes específicos.
Diz-se que ele criou os testes mentais, embora o termo venha de
James McKeen Cattell, um discípulo seu americano e ex-aluno de
Wilhelm Wundt.
Galton começou supondo que a inteligência podia ser medida em
termos das capacidades sensoriais da pessoa, ou seja, quanto
maior a inteligência tanto maior o nível de discriminação sensorial.

WILLIAM JAMES – (1842- 1910)


Um dos fatores que fizeram do Funcionalismo mais uma forma
de pensamento, que um sistema estruturado, foi o
posicionamento de James frente a vida de pesquisador de
Psicologia e em relação à própria Psicologia. Primeiramente,
James não se dedicou à Psicologia por toda sua vida, nem
grande parte dela, mas, apenas, a um período específico. Além
disso, não demonstrou qualquer interesse em defender uma
bandeira ou se associar a outras pessoas.
Filósofo e Psicólogo
Principal obra:
Os princípios da psicologia, 1890.
Laboratório em Harvard

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No entanto, os seus pensamentos e sua obra Princípios da Psicologia era o


que faltava para muitos outros pesquisadores americanos se agarrarem e
desenvolverem essa linha de pensamento, em detrimento à Psicologia
estrutural, de Titchener, e ao Voluntarismo de Wundt, que insistiam na busca
de tornar a Psicologia em uma ciência pura, descompromissada com a
praticidade e o pragmatismo, tão valorizados pelos americanos já na época.

Em seus estudos, o objeto da Psicologia se manteve: a consciência.


No entanto, o foco foram os fenômenos, que tratava da
experiência imediata; e as condições, que tinha relação como
corpo e sua capacidade de apreender o ambiente. Dentre tantas
diferenças em relação a Wundt e Titchener, uma das mais
importantes foi a de considerar melhor a subjetividade humana e
de não acreditar nos elementos básicos da consciência.

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Em relação ao método de estudo, W. James aceitava a


introspecção, mesmo sabendo de suas limitações e acrescentou
outra forma de avaliação: método comparativo. De acordo com
ele, considerando os termos da Teoria da evolução, não se poderia
desperdiçar informações oriundas de animais, crianças, doentes e
afins. Ou seja, tudo o que a Psicologia de Wundt e Titchener
negava.

Com esse cenário desenhado, William James tratou com


maior cuidado dos assuntos de muita importância
atualmente: emoções e hábitos. Em relação às emoções,
James, concomitantemente a Carl Lange, buscou comprovar
que elas sucediam as expressões corporais. Até este
momento, a comunidade científica acreditava que os estados
emocionais causavam as reações corporais.
Tais descobertas levaram à criação da Teoria James-Lange,
pois ambos os estudos abordavam a mesma temática e
apresentaram resultados muito parecidos.

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Para ele, James, as emoções são consequências, e não


causas, das reações fisiológicas associadas a ela: “O senso
comum diz, nós perdemos algo, ficamos tristes e
choramos; nós encontramos um urso, nos assustamos e
corremos; somos insultados por um rival, ficamos bravos
e atacamos. A hipótese a ser defendida aqui é que essa
sequência está incorreta... que nós nos sentimos tristes
porque choramos, bravos porque atacamos, e com medo
porque trememos”.

No segundo quesito, descobriu que o hábito é o resultado da


repetição de atos e que os torna mais fáceis quanto mais esse
hábito seja repetido. Além disto, correlacionou o hábito às
funções do sistema nervoso e de como esses hábitos, em um
sentido coletivo, distinguem as sociedades e as culturas.

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O grande papel de James para a Psicologia, além de seus


estudos, foi a influência gerada em outros estudiosos
proeminentes, que desenvolveram o Funcionalismo como
sistema de pensamento. Além da própria quebra de
paradigmas.

Em relação aos estudiosos e estudos mais importantes, temos


John Dewey, James Rowland Angell, Harvey Carr, que
representavam a Universidade de Chicago, assim como Robert
Sessions Woodworth, James McKeen Cattell e E. Thornideke foram
os que desenvolveram a mentalidade funcionalista na
Universidade de Colúmbia. Essas duas instituições de ensino
foram os dois grandes pólos do Funcionalismo.

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PANORAMA FUNCIONALISTA
Com as influências citadas, além de outras, que compuseram o
período, o que se pode perceber é que o perfil Naturalista de se
enxergar a História se fez presente – Zeitgeist.
Ou seja, o projeto Funcionalista só despontou nos Estados Unidos,
especificamente, porque o espírito da época, nesse país, se
apresentou de maneira única e propícia para uma crítica tão dura
à concepção de ciência pura dada à Psicologia por Wundt e
Titchener.

Além desses fatores relatados, esse movimento aconteceu nos


Estados Unidos porque essa nação era o maior baluarte do
anúncio dos novos tempos que viriam. Toda uma concepção de
sociedade estava caindo em declínio. Toda a nobreza europeia
estava caindo frente ao capitalismo; o poder da Igreja já não era
mais o mesmo, pois até a tese fundamentalista da criação já
estava sendo duramente confrontada pela Teoria da evolução, de
Darwin; sem contar o fato dos Estados Unidos, nessa época, ser
um país jovem, com dimensões continentais e que borbulhava de
energia, pragmatismo e se encontrava em ascensão para se tornar
a potência que conhecemos hoje.

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PROPOSIÇÕES DO FUNCIONALISMO
A respeito de suas proposições, uma de suas maiores contribuições foi a
concepção de consciência. Para essa escola, essa tem a missão de aperfeiçoar
as capacidades de adaptação do organismo. Assim, a meta da Psicologia é
estudar o modo pelo qual a mente ajuda esse ajustamento do organismo ao
seu ambiente.

TRÊS PRESSUPOSTOS QUE EMBASARIAM


TODO O MOVIMENTO FUNCIONALISTA
(SCHULTZ E SCHULTZ, 1981):
1. a Psicologia funcional é a Psicologia das operações mentais, contrastando
com a Psicologia dos elementos mentais; e a tarefa do funcionalismo é a
descobrir como opera um processo mental;
2. a Psicologia funcional é a Psicologia das utilidades fundamentais da
consciência. O pensamento funcionalista se ocupa em estudar os
processos mentais não como eventos isolados e independentes, mas
como parte ativa e permanente da atividade biológica e como parte de
um movimento mais amplo de evolução orgânica
3. a Psicologia funcional é a Psicologia das relações psicofísicas, voltada para
o relacionamento total do organismo com o seu ambiente, incluindo
todas as funções mente-corpo, inclusive o estudo do comportamento não
consciente ou habitual.

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Harvey A. Carr (1873-1954) teve como mérito trabalhar a Psicologia funcional no seu
auge, onde não se ocupava mais de fazer qualquer representação ao Estruturalismo.
Seu fator colaborativo para a Psicologia, como campo do saber, foi sua definição do
objeto de estudo: atividade mental.
Segundo ele, as atividades mentais são os processos de memória, da percepção, do
sentimento, da imaginação, do julgamento e da vontade. Em outras palavras, eram
estas as características funcionais de nossa mente.

Esses pensamentos, assim como outros, traduziram-se na Psicologia dinâmica, cujo


objetivo foi o das motivações voltadas para a mudança. Por sua vez Cattell, que
falaremos a seguir, em seu programa de pós-graduação, na Universidade de
Columbia, teve também eminentes alunos entre os quais devemos destacar Edward
Thorndike que igualmente ofereceu enormes contribuições, assim como Watson,
para o desenvolvimento do Comportamentalismo, contribuindo também para a
Psicologia da educação e para a testagem psicológica.
Além de todas essas contribuições, Thorndike foi um eminente funcionalista
considerando-se sua preocupação em estudar como os indivíduos se adaptavam ao
meio e aplicando tais conhecimentos à melhoria da qualidade de vida do ser
humano.

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EDWARD LEE THORNDIKE (1874- 1949)

Utilizando a Psicologia comparada, desenvolvida por William James,


Thorndike aprimorou os estudos que eram feitos com animais até então
desenvolvendo procedimentos experimentais para estudar o
comportamento animal. Um dos clássicos experimentos utilizados por
Thorndike foi a utilização de caixas-problemas para estudar a
aprendizagem em gatos.

A CAIXA PROBLEMA DE THORNDIKE

No início, o gato exibia comportamentos aleatórios, como empurrar, farejar e


arranhar com as patas, tentando alcançar a comida. Por fim, acabava executando o
comportamento correto, destravando a porta. Na primeira tentativa, esse
comportamento ocorria sem querer. Nas tentativas subsequentes, os
comportamentos aleatórios mostravam-se menos frequentes, até que
aprendizagem fosse completa. Então, o gato passava a demonstrar o
comportamento apropriado assim que era colocado dentro caixa.

A fim de registrar os dados, Thorndike adotava medições quantitativas de


aprendizagem. Uma das técnicas consistia em registrar o número de
comportamentos incorretos, ou seja, das ações que não resultavam na abertura da
caixa. Outra técnica adotada consistia em registrar o tempo decorrido do instante
em que o gato era colocado na caixa até o momento em que ele conseguia sair.

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Através da utilização desse aparato experimental, Thorndike desenvolveu a


Teoria da aprendizagem por ensaio e erro, visto que os gatos estabeleciam
conexões entre os estímulos presentes na gaiola, e as tentativas bem-
sucedidas de sair da mesma para conseguir o alimento que se encontrava do
lado de fora. Por conta do estudo de tais conexões, a teoria desenvolvida por
E. Thorndike é também denominada Conexionismo. A partir dos seus estudos
com gaiolas, Thorndike enunciou dois princípios gerais da aprendizagem:

1. Lei do efeito – comportamentos seguidos de consequências apetitivas


(agradáveis) tendem a ser fortalecidos, sendo repetidos; enquanto
comportamentos seguidos de consequências aversivas (desagradáveis)
tentem a ser modificados ou eliminados do repertório comportamental do
sujeito. A lei do efeito pode ser facilmente observada em nosso cotidiano,
pois realmente alteramos nossos comportamentos em função das
consequências que eles apresentam. Guarde bem essa lei, enunciada por
Thorndike, pois ela servirá de base para o Behaviorismo radical desenvolvido
por Skinner.

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2. Lei do Exercício – a conexão entre um estímulo e a reação ao


mesmo é fortalecido pela prática, especialmente quando se trata
de aprendizagens motoras. Novamente, esta lei enunciada por
Thorndike pode ser facilmente observada em nosso cotidiano o
que levou outros psicólogos, como Skinner, a reconhecer os
experimentos de Thorndike como sendo um dos primeiros estudos
sistemáticos sobre a influência das consequências no
comportamento do sujeito.

Embora tenha iniciado suas pesquisas experimentais com animais, Thorndike


a estendeu aos seres humanos aplicando-as principalmente à Psicologia da
educação, criando também uma série de testes de aptidão para crianças, em
idade escolar, o que em muito contribuiu para desenvolver o movimento da
testagem psicológica.
É o principal representante do Associacionismo e sua importância está em ter
sido o formulador de uma primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. O
termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá
por um processo de associação das ideias — das mais simples às mais
complexas. Assim, para aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria
primeiro aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele
conteúdo.

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