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Introdução
A sucção é uma função relacionada às necessidades nutricionais fundamentais para a vida. Inicia-se
antes do nascimento na vida intrauterina1,2. É acompanhada do reflexo de busca em que estímulos na região
perioral e bochechas do recém-nascido provocam rotação da cabeça em direção ao estímulo, enquanto a
boca abre. Ao encontrar a mama, dedo ou objeto como chupeta, a abocanha e inicia a sucção reflexa3. Após
o quarto mês de vida passa a ser de controle voluntário2.
Pode ser classificada como sucção nutritiva, que inclui aleitamento materno e ou de outros alimen-
tos4,5 e não nutritiva, quando se refere à sucção de chupeta e dedos 1,4,6.
A sucção nutritiva, realizada por meio do aleitamento materno, além de fornecer nutrientes essen-
ciais para o bebê está relacionada a diminuição da síndrome da morte súbita infantil, infecções respiratórias,
gastrointestinais, doenças alérgicas, bem como um menor risco de desenvolver obesidade, diabetes, doenças
cardiovasculares e hematológicas na vida futura7. Também favorece o posicionamento adequado dos lábios,
estimula a função mandibular, posiciona a língua corretamente contra o palato, estimulando o desenvolvi-
mento adequado do complexo craniofacial5.
Apesar de todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as taxas de adesão
e duração do aleitamento materno ainda estão longe das expectativas em todo o mundo7,8. Fato que pode
explicar o estabelecimento de hábitos de sucção1,8.
Deste modo, crianças com histórico de ausência ou pouco tempo de aleitamento materno, apre-
sentam maior prevalência de hábitos de sucção, risco para má oclusão e comprometimento das funções
orofaciais2,6,10,11.
Hábitos Orais
Os hábitos orais são definidos como ato neuromuscular com padrões de contração muscular
aprendidos, de natureza complexa e de caráter inconsciente, diretamente relacionado às funções do
sistema estomatognático2,12,13.
A etiologia dos hábitos de sucção pode ser classificada em fisiológica, emocional e de comporta-
mento aprendido, sendo difícil a caracterização isolada destes fatores14.
Podem atuar como fatores que prejudicam o crescimento e desenvolvimento ósseo, posições den-
tárias, função respiratória e fala, sendo portanto, um importante fator etiológico das más oclusões12,15. A
severidade das alterações pode estar diretamente relacionada à frequência, duração e intensidade do hábito,
além de fatores genéticos13,16.
Hábitos de sucção prolongados contribuem para maior risco de desenvolvimento de más oclu-
sões17. Provocam modificações na forma do arco dentário e da posição dos dentes devido à influência da
pressão exercida por tecidos moles como lábios, língua e bochechas. Esta pressão reduz a largura do arco ma-
xilar, principalmente se for exercida por mais de 6 horas por dia. A largura do arco reduzida leva à formação
de mordidas cruzada unilateral e posterior. Também restringe o desenvolvimento maxilar vertical, reduz a
sobremordida, favorecendo a formação da mordida aberta anterior3, além de aumentar a sobressaliência,
causar a vestibularização dos incisivos superiores, diastemas, impactação dentária, ausência de selamento
labial, língua com posicionamento rebaixado, protraída e com maior mobilidade de seu dorso5,6,18.
Mamadeira
Na sucção realizada com a mamadeira a criança faz menor esforço muscular para a retirada do leite,
uma vez que o bico utilizado na mamadeira não favorece uma boa pega, e em geral, tem orifício maior para
que a saída do leite seja facilitada. Sendo assim, a musculatura orofacial não é exercitada de forma correta,
podendo interferir no crescimento craniofacial. O uso prolongado da mamadeira também pode trazer prejuí-
zo para as funções de respiração, mastigação, deglutição e fala1,2,13.
A mamadeira deve ser removida por volta de dezoito meses, porém observa-se comumente a perma-
nência de seu uso, inclusive quando a criança apresenta habilidade para se alimentar e usar copos. Caso a ma-
madeira seja utilizada, deverá possuir bico com orifício apropriado para a consistência do conteúdo oferecido,
sendo recomendável preservar o orifício original de fábrica16. Quando o orifício do bico está correto, o leite deve
apenas gotejar quando a mamadeira é virada para baixo. Orifícios aumentados fazem com que a criança passe a
controlar o fluxo do leite com o dorso de língua, contribuindo assim para maior mobilidade dorsal14.
Chupeta
A chupeta comumente consta nos itens de enxoval do bebê, é ofertada sem critérios e usada
para acalmar a criança15,20. A decisão de oferecer ou não chupeta é da família, porém profissionais da saúde
devem fornecer dados sobre os prós e contras da chupeta para que eles tomem uma decisão informada a
esse respeito21.
O uso da chupeta é citado na literatura como tendo benefícios e riscos3.
Como benefício de seu uso é apontado a prevenção da síndrome de morte súbita do lactente,
porque hipoteticamente a chupeta ajudaria a manter a língua numa posição anterior longe da vias aéreas,
aumenta os níveis de dióxido de carbono no sangue que atua como unidade respiratória e aumenta a cons-
ciência materna no monitoramento da criança, mesmo que provocado pela perda de chupeta3.
Apesar dos benefícios citados, o uso da chupeta, tanto a do tipo convencional quanto a chamada de
ortodôntica22, aumenta o risco de desenvolvimento de mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior,
sobressaliência, vestibularização de dentes incisivos superiores e lingualização dos inferiores, língua mais
baixa, lábios entreabertos, facilitando a respiração oral e prejudicando a fala2,3,6,23.
A chupeta pode ser usada como prevenção da sucção de dedos durante a fase reflexa. Desta forma,
pode-se estimular o reflexo de sucção tocando a região dos lábios, desencadeando os reflexos de busca, em
que a criança vai direcionar a cabeça, abrir a boca e abocanhar a chupeta. Quando iniciar a sucção, deve-se
puxar a chupeta para trás aumentando a resistência e fazendo com que a criança sugue com mais força che-
gando à exaustão. Quando parar de sugar, a chupeta deve ser retirada14.
Sucção de dedo
A sucção de dedo é uma forma de sucção não-nutritiva que pode se iniciar ainda na fase gesta-
cional. Tende a permanecer por mais tempo comparada a outros hábitos de sucção e apresentam maior
dificuldade para remoção1,24.
Pode ser responsável pelo desenvolvimento de más oclusões, como mordida aberta anterior, mor-
dida cruzada posterior e vestibularização de incisivos, além de traumas na mucosa e reabsorções radiculares,
afetando o crescimento craniofacial harmônico e provocando distúrbios miofuncionais5,22,24,25.
Os riscos associados à sucção de dedos dependem da frequência, duração do hábito e intensidade
das contrações musculares orofaciais associadas à redução da pressão intraoral produzida pela sucção, e
quantidade e posição em que os dedos são colocados na boca5,25.
Uma vez detectado a presença do hábito, este deve ser controlado o mais precocemente podendo-
-se usar a chupeta como recomendado acima. O uso de luvas adotados nos primeiros dias de vida pelas ma-
ternidades também contribuem para a interrupção do hábito, pois é mais fácil remover a sucção da chupeta
do que de dedo 26.
MAMADEIRA
Usa atualmente? ( ) não ( ) sim Quantidade por dia: _____________________
Tipo de bico ( ) não ( ) sim ( ) Ortodôntico ( ) Comum
Orifício Aumentado ( ) não ( ) sim Com qual instrumento? _____________________
CHUPETA
Usa atualmente? ( ) não ( ) sim
Tipo de bico utilizado: _____ ortodôntico ( ) comum ( )
Tempo de uso durante o dia:_____horas.
Tempo de uso durante a noite:_____horas
Quais os horários mais prováveis para utilização?___________
SUCÇÃO DE DEDO
Usa atualmente ? ( ) não ( ) sim Qual (is) dedos suga? ______________________
Quais horários prováveis para utilização?____________
Tempo de uso durante o dia:_____horas.
Tempo de uso durante a noite:____horas.
OUTROS HÁBITOS
Quais? _______________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________
TENTATIVAS ANTERIORES PARA REMOÇÃO DOS HÁBITOS
Quando foram? ________________________________________________________________________________
Como foram? __________________________________________________________________________________
Quem decidiu remover? _________________________________________________________________________
Por que decidiram removê-los?____________________________________________________________________
ALIMENTAÇÃO ATUAL
Mastiga bem? ( ) não ( ) sim
Devolve pedaços de carne? ( ) não ( ) sim
Quais os alimentos que prefere? ______________________________________________________
SONO
Dorme bem? ( ) não ( ) sim
Ronca ( ) não ( ) sim
HISTÓRICO MÉDICO
Asma? ( ) não ( ) sim Rinite alérgica? ( ) não ( ) sim
Resfriados frequentes? ( ) não ( ) sim Sinusite? ( ) não ( ) sim
Otites? ( ) não ( ) sim
Diagnóstico de hipertrofia de amígdalas e/ou adenoide ( ) não ( ) sim
Qual (is)_______________
SOCIALIZAÇÃO
Faz amigos? ( ) não ( ) sim
É tímido? ( ) não ( ) sim
Que tipo de brincadeiras gosta? _______________________________________________________
DESENVOLVIMENTO MOTOR:
DESENVOLVIMENTO DE FALA E LINGUAGEM:
ROTINA DA CRIANÇA:
Após entrevista inicial são feitos esclarecimentos aos pais, sobre as possíveis alterações que os hábi-
tos de sucção podem determinar e as sequelas decorrentes da manutenção dos hábitos de sucção. Podem ser
usadas fotografias e figuras de livros sobre as possíveis alterações clínicas que os hábitos de sucção de chupeta
e mamadeira podem causar nas crianças. Os pais são orientados a não interferirem na decisão da criança, não
castigarem, nem usarem de chantagens e reforçar positivamente quando a criança apresentar o comportamen-
to desejado, ou seja, quando ela não estiver apresentando o hábito, podendo-se fazer elogios. Deve-se inicial-
mente priorizar a diminuição da frequência evitando a remoção brusca. É importante iniciar pela remoção do
hábito menos dependente em caso de associação de hábitos como chupeta e mamadeira30,33.
A criança também deve receber informações, adaptadas para a sua idade, sobre os danos determi-
nados pelos hábitos, principalmente se foram detectadas alterações oclusais e miofuncionais. Pode-se usar ca-
lendários que receberão marcações quando a criança não estiver fazendo uso do hábito, obedecendo o critério
de reforço positivo. Os calendários podem ser modificados acrescentando tipos de hábitos, abordando mama-
deira, chupeta e dedo e posteriormente períodos diurno e noturno33. O abandono do hábito antes de dormir
é o último a ser abordado. Nesta fase pode-se estabelecer um tempo para ficar sem o hábito até adormecer.
Iniciando por alguns segundos e ir aumentando o tempo até a criança conseguir adormecer sem ele30,33.
Durante o período de remoção do hábito é fundamental conversar com os pais para esclarecer dú-
vidas e deixá-los mais seguros, este fator aumenta o sucesso da remoção17,30.
Uma vez que o hábito é eliminado, pode haver correção espontânea34,35 ou diminuição da mordida
aberta anterior. A autocorreção da mordida aberta anterior acontece devido à retroclinação dos incisivos
superiores, provocada pela pressão dos lábios, porém ocorre na dentição decídua e mediante ausência de
distúrbios miofuncionais, principalmente a respiração oral ou mista 27. Neste caso, há necessidade de corre-
ção ortopédica/ortodôntica e terapia miofuncional orofacial12,28.
É importante ressaltar que a remoção de hábitos pode necessitar de uma abordagem interdiscipli-
nar, considerando as implicações emocionais 29.
Abaixo observa-se um caso clínico em que se observa correção da mordida aberta anterior 60 e
180 dias após a remoção dos hábitos de chupeta e mamadeira em criança de quatro anos de idade. Após a
remoção dos hábitos a criança foi submetida à Terapia Miofuncional Orofacial e observam-se modificações
positivas na musculatura da face.
Figura 1. Fotografias de face frontais. (A) Antes da remoção de hábitos de chupeta e mamadeira. (B) 60 dias
após a remoção dos hábitos e Terapia Miofuncional Orofacial. (C) 180 dias após as intervenções
Figura 2. Fotografias laterais da face. (A) Antes da remoção de hábitos de chupeta e mamadeira. (B) 60 dias
após a remoção dos hábitos e Terapia Miofuncional Orofacial. (C) 180 dias após as intervenções.
Figura 3. Fotografias frontais da oclusão. (A) Antes da remoção de hábitos de chupeta e mamadeira. (B) 60
dias após a remoção dos hábitos e Terapia Miofuncional Orofacial. (C) 180 dias após as intervenções.
Figura 4. Fotografias laterais da oclusão. (A) Antes da remoção de hábitos de chupeta e mamadeira. (B) 60
dias após a remoção dos hábitos e Terapia Miofuncional Orofacial. (C) 180 dias após as intervenções.
Bruxismo
Bruxismo é uma atividade repetitiva da musculatura mastigatória caracterizada pelo apertamento ou
ranger de dentes e/ou por segurar ou empurrar a mandíbula. O bruxismo apresenta duas manifestações circadia-
nas distintas: ocorrência durante o sono (Bruxismo do sono) ou enquanto está acordado (Bruxismo em vigília) 36,37.
Este hábito oral está associado a danos no sistema estomatognático, como dor orofacial e desgaste dental 36.
O bruxismo do sono integra a Classificação Internacional de Distúrbios do sono apresentada e atua-
lizada pela American Academy of Sleep Medicine, em 201438.
A maior parte dos estudos científicos publicados sobre bruxismo aborda o bruxismo do sono. A
prevalência de bruxismo relatada na literatura em crianças é altamente variável estando entre 3,5 e 40,6%,
segundo uma revisão sistemática39, sendo que no Brasil foram identificadas as frequências mais altas (34,7 –
40%)40,41. A faixa etária de maior prevalência do bruxismo infantil varia muito entre os estudos39-43, e alguns
autores sugerem uma diminuição do bruxismo infantil com a idade39,42,43.
Em crianças, a prevalência de bruxismo do sono parece não apresentar diferença entre sexo29,31,32,
ou um leve predomínio no sexo masculino41.
Atualmente, a etiologia do bruxismo do sono é considerada multifatorial e ainda a ser totalmente
esclarecida, envolvendo processos fisiológicos multissistêmicos complexos. Acredita-se que o bruxismo seja
principalmente controlado por mecanismos centrais (patofisiológicos e psicológicos) e não por fatores peri-
féricos (morfológicos)44.
De acordo com sua etiologia, o bruxismo tem sido classificado como: bruxismo primário ou idio-
pático do sono, quando não há uma causa identificável, ou qualquer problema sócio-psicológico, ou médico
associado; e bruxismo secundário do sono, que está relacionado a condições identificáveis37.
Em crianças, assim como em adultos, alguns fatores foram relatados como associados à presença de
bruxismo, embora sua relação ainda não esteja totalmente compreendida: parassonias (enurese, falar e andar
durante o sono); presença de outros distúrbios do sono (distúrbios respiratórios como ronco e apneia obstrutiva
do sono, insônia, epilepsia relacionada ao sono e movimentos periódicos de membros); condições médicas e
psicológicas (hipertrofia de tonsilas e adenoides, alergias, transtornos de hiperatividade e déficit de atenção, ce-
faleias, disfunções temporomandibulares e dores orofaciais, ansiedade e problemas neurológicos); uso de me-
dicamentos (metilfenidato, inibidores seletivos da receptação de serotonina e/ou norepinefrina e antipsicóti-
cos); e presença de hábitos orais concomitantes (morder objetos, onicofagia e apertamento dental em vigília)45.
São ainda considerados como fatores de risco para o desenvolvimento do bruxismo, alterações
emocionais41, fatores psicossociais, como altos níveis de responsabilidade, neuroticismo e estresse46, e fumo
passivo (crianças expostas frequentemente a fumaça de cigarros)47.
A genética também parece ser um fator relacionado ao bruxismo, no entanto pesquisas ainda pre-
cisam ser realizadas para esclarecimento desta condição48.
A relação entre fatores oclusais e atividade de bruxismo tem sido relatada na literatura, mas ainda
permanece controversa46. Atualmente, o conceito de hipervigilância oclusal tem sido considerado como um
fator relacionado ao bruxismo em vigília. A hipervigilância oclusal pode ser explicada pela hipótese de hiper-
vigilância generalizada, segundo a qual a hipervigilância é um “hábito perceptual” que envolve amplificação
subjetiva de uma variedade de sensações aversivas, e não apenas dolorosas. Pode-se hipotetizar que indiví-
duos que são hipervigilantes oclusais são perturbados pela interferência oclusal e aumentam a atividade dos
músculos mastigatórios49. Portanto o efeito das alterações oclusais pode estar relacionado à forma como o
indivíduo reage a elas, tornando a relação entre bruxismo e alterações oclusais complexa49.
Considerando ainda as relações oclusais, as crianças e adolescentes portadores de má oclusão de
classe II dentária parecem apresentar mais chance de relatarem bruxismo do sono50. O perfil retrognático
pode ser visto como um fator de predisposição para distúrbios respiratórios do sono45, o que pode contribuir
para o aparecimento do bruxismo.
Estímulos durante o sono, como luzes acesas e barulhos enquanto a criança dorme, também foram
fatores associados à presença de bruxismo do sono51. Uma possível explicação para isso pode estar relacionada
à hipótese de que os eventos de bruxismo ocorrem principalmente nas fases leves do sono e associados à micro-
despertares, tanto em adultos quanto em crianças, assim a presença de estímulos externos ou mesmo altera-
ções respiratórias que aumentem a frequência de microdespertares podem favorecer os eventos de bruxismo52.
Existem várias maneiras de avaliar a atividade do bruxismo, sendo os questionários, o exame clínico
e as observações do desgaste dos dentes amplamente utilizados. O uso de equipamentos portáteis de grava-
ção eletromiográfica dos músculos mastigatórios tem sido proposto, sendo um método mais objetivo e direto
para avaliar o bruxismo. Entretanto, a polissonografia em um laboratório do sono é atualmente considerada
como o método mais específico e preciso para avaliar a atividade do bruxismo do sono53.
A forma mais utilizada atualmente em crianças é o uso de questionários associado ao exame clínico
para avaliação dos sinais e sintomas do bruxismo. Questionários foram propostos, sendo as questões comu-
mente mais utilizadas para detecção de sintomas do bruxismo53 e adaptadas para avaliação do hábito nas
crianças atráves dos responsáveis:
A coleta de informações sobre período, frequência, duração e flutuação dos sintomas pode con-
tribuir para melhorar o diagnóstico através dos questionários. Entretanto, deve sempre ser considerada a
natureza subjetiva da resposta dos questionários. Além disso, é importante ressaltar que cerca de 80% dos
episódios de bruxismo, como o apertamento dental, não são acompanhados por ruído, consequentemente,
uma grande porcentagem de adultos e crianças são considerados não conscientes de sua atividade de bruxis-
mo, o que torna o autorrelato sozinho para avaliar a presença ou a ausência de bruxismo pouco confiável53.
As avaliações clínicas são consideradas mais confiáveis do que aquelas que consistem em apenas
uso de questões subjetivas. O diagnóstico clínico do bruxismo está principalmente relacionado a desgaste dos
dentes, mobilidade dentária, endentação em língua e bochechas, hipertrofia dos músculos mastigatórios e
ainda dor na articulação temporomandibular e nos músculos mastigatórios53.
A Academia Americana de Medicina do Sono54 publicou, em 2005, critérios clínicos para diagnóstico
do bruxismo:
1) O paciente relata ou é consciente de ruídos de ranger ou apertar os dentes durante o sono.
2) Apresentar um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas:
• Desgaste anormal dos dentes;
• Desconforto na musculatura mastigatória, fadiga ou dor e rigidez ou travamento mandibular
ao acordar;
• Hipertrofia do músculo masseter no apertamento dental voluntário máximo.
3) A atividade muscular mastigatória não pode ser explicada por outro distúrbio do sono, por distúr-
bios neurológicos ou médicos ou por uso de medicação ou de outras substâncias.
Na avaliação clínica deve ainda ser considerado que a presença de desgaste dentário não é um indica-
dor de bruxismo ativo, visto que o bruxismo pode ter ocorrido meses ou anos antes da consulta do paciente55.
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