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13 Capítulo Hábitos Orais

Viviane Veroni Degan


Giovana Cherubini Venezian

Introdução
A sucção é uma função relacionada às necessidades nutricionais fundamentais para a vida. Inicia-se
antes do nascimento na vida intrauterina1,2. É acompanhada do reflexo de busca em que estímulos na região
perioral e bochechas do recém-nascido provocam rotação da cabeça em direção ao estímulo, enquanto a
boca abre. Ao encontrar a mama, dedo ou objeto como chupeta, a abocanha e inicia a sucção reflexa3. Após
o quarto mês de vida passa a ser de controle voluntário2.
Pode ser classificada como sucção nutritiva, que inclui aleitamento materno e ou de outros alimen-
tos4,5 e não nutritiva, quando se refere à sucção de chupeta e dedos 1,4,6.
A sucção nutritiva, realizada por meio do aleitamento materno, além de fornecer nutrientes essen-
ciais para o bebê está relacionada a diminuição da síndrome da morte súbita infantil, infecções respiratórias,
gastrointestinais, doenças alérgicas, bem como um menor risco de desenvolver obesidade, diabetes, doenças
cardiovasculares e hematológicas na vida futura7. Também favorece o posicionamento adequado dos lábios,
estimula a função mandibular, posiciona a língua corretamente contra o palato, estimulando o desenvolvi-
mento adequado do complexo craniofacial5.
Apesar de todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as taxas de adesão
e duração do aleitamento materno ainda estão longe das expectativas em todo o mundo7,8. Fato que pode
explicar o estabelecimento de hábitos de sucção1,8.
Deste modo, crianças com histórico de ausência ou pouco tempo de aleitamento materno, apre-
sentam maior prevalência de hábitos de sucção, risco para má oclusão e comprometimento das funções
orofaciais2,6,10,11.

Hábitos Orais
Os hábitos orais são definidos como ato neuromuscular com padrões de contração muscular
aprendidos, de natureza complexa e de caráter inconsciente, diretamente relacionado às funções do
sistema estomatognático2,12,13.
A etiologia dos hábitos de sucção pode ser classificada em fisiológica, emocional e de comporta-
mento aprendido, sendo difícil a caracterização isolada destes fatores14.
Podem atuar como fatores que prejudicam o crescimento e desenvolvimento ósseo, posições den-
tárias, função respiratória e fala, sendo portanto, um importante fator etiológico das más oclusões12,15. A
severidade das alterações pode estar diretamente relacionada à frequência, duração e intensidade do hábito,
além de fatores genéticos13,16.
Hábitos de sucção prolongados contribuem para maior risco de desenvolvimento de más oclu-
sões17. Provocam modificações na forma do arco dentário e da posição dos dentes devido à influência da
pressão exercida por tecidos moles como lábios, língua e bochechas. Esta pressão reduz a largura do arco ma-
xilar, principalmente se for exercida por mais de 6 horas por dia. A largura do arco reduzida leva à formação
de mordidas cruzada unilateral e posterior. Também restringe o desenvolvimento maxilar vertical, reduz a
sobremordida, favorecendo a formação da mordida aberta anterior3, além de aumentar a sobressaliência,
causar a vestibularização dos incisivos superiores, diastemas, impactação dentária, ausência de selamento
labial, língua com posicionamento rebaixado, protraída e com maior mobilidade de seu dorso5,6,18.

Gerenciamento de Hábitos orais


A amamentação prolongada é a primeira forma de se prevenir hábitos de sucção1,9,19.
O ato de sugar é extremamente prazeroso para o recém-nascido, desta forma é muito importante
não se deixar estabelecer a relação sucção/bem estar, ou seja, frente algum desconfo não oferecer algo para
a criança sugar, pois a sucção ficará associada a sensações de calor, bem estar, prazer, segurança e proteção,
que podem desencadear a instalação de hábitos orais1,14.

Mamadeira
Na sucção realizada com a mamadeira a criança faz menor esforço muscular para a retirada do leite,
uma vez que o bico utilizado na mamadeira não favorece uma boa pega, e em geral, tem orifício maior para
que a saída do leite seja facilitada. Sendo assim, a musculatura orofacial não é exercitada de forma correta,
podendo interferir no crescimento craniofacial. O uso prolongado da mamadeira também pode trazer prejuí-
zo para as funções de respiração, mastigação, deglutição e fala1,2,13.
A mamadeira deve ser removida por volta de dezoito meses, porém observa-se comumente a perma-
nência de seu uso, inclusive quando a criança apresenta habilidade para se alimentar e usar copos. Caso a ma-
madeira seja utilizada, deverá possuir bico com orifício apropriado para a consistência do conteúdo oferecido,
sendo recomendável preservar o orifício original de fábrica16. Quando o orifício do bico está correto, o leite deve
apenas gotejar quando a mamadeira é virada para baixo. Orifícios aumentados fazem com que a criança passe a
controlar o fluxo do leite com o dorso de língua, contribuindo assim para maior mobilidade dorsal14.

Chupeta
A chupeta comumente consta nos itens de enxoval do bebê, é ofertada sem critérios e usada
para acalmar a criança15,20. A decisão de oferecer ou não chupeta é da família, porém profissionais da saúde
devem fornecer dados sobre os prós e contras da chupeta para que eles tomem uma decisão informada a
esse respeito21.
O uso da chupeta é citado na literatura como tendo benefícios e riscos3.
Como benefício de seu uso é apontado a prevenção da síndrome de morte súbita do lactente,
porque hipoteticamente a chupeta ajudaria a manter a língua numa posição anterior longe da vias aéreas,
aumenta os níveis de dióxido de carbono no sangue que atua como unidade respiratória e aumenta a cons-
ciência materna no monitoramento da criança, mesmo que provocado pela perda de chupeta3.
Apesar dos benefícios citados, o uso da chupeta, tanto a do tipo convencional quanto a chamada de
ortodôntica22, aumenta o risco de desenvolvimento de mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior,
sobressaliência, vestibularização de dentes incisivos superiores e lingualização dos inferiores, língua mais
baixa, lábios entreabertos, facilitando a respiração oral e prejudicando a fala2,3,6,23.
A chupeta pode ser usada como prevenção da sucção de dedos durante a fase reflexa. Desta forma,
pode-se estimular o reflexo de sucção tocando a região dos lábios, desencadeando os reflexos de busca, em
que a criança vai direcionar a cabeça, abrir a boca e abocanhar a chupeta. Quando iniciar a sucção, deve-se
puxar a chupeta para trás aumentando a resistência e fazendo com que a criança sugue com mais força che-
gando à exaustão. Quando parar de sugar, a chupeta deve ser retirada14.

Sucção de dedo
A sucção de dedo é uma forma de sucção não-nutritiva que pode se iniciar ainda na fase gesta-
cional. Tende a permanecer por mais tempo comparada a outros hábitos de sucção e apresentam maior
dificuldade para remoção1,24.
Pode ser responsável pelo desenvolvimento de más oclusões, como mordida aberta anterior, mor-
dida cruzada posterior e vestibularização de incisivos, além de traumas na mucosa e reabsorções radiculares,
afetando o crescimento craniofacial harmônico e provocando distúrbios miofuncionais5,22,24,25.
Os riscos associados à sucção de dedos dependem da frequência, duração do hábito e intensidade
das contrações musculares orofaciais associadas à redução da pressão intraoral produzida pela sucção, e
quantidade e posição em que os dedos são colocados na boca5,25.
Uma vez detectado a presença do hábito, este deve ser controlado o mais precocemente podendo-
-se usar a chupeta como recomendado acima. O uso de luvas adotados nos primeiros dias de vida pelas ma-
ternidades também contribuem para a interrupção do hábito, pois é mais fácil remover a sucção da chupeta
do que de dedo 26.

Remoção de hábito de sucção


O papel do profissional da saúde se faz importante, pois aumenta o sucesso na remoção de hábi-
tos27. A remoção dos hábitos deve ser feita o mais precocemente possível. Quanto mais precoce a retirada
dos hábitos menor a possibilidade de surgirem distúrbios miofuncionais orofaciais, pois a adaptabilidade da
região orofacial diminui com o decorrer da idade12,14,28.
São descritos para remoção de hábitos orais diferentes abordagens e intervenções usando métodos
mecânicos e não mecânicos, que vão desde o uso de aparelhos ortodôntico/ortopédicos, aplicação de subs-
tâncias de sabor desagradável, técnicas de modificação de comportamento com uso de reforço positivo,
aconselhamento dos pais, uso de calendários e lembretes eletrônicos3,15,24,29.
Como métodos mecânicos, o uso de aparelhos ortodônticos/ortopédicos é descrito, mas deve-se
levar em consideração a dificuldade em falar e comer, bem como traumas na mucosa oral24,28.
Não é recomendada a interrupção brusca dos hábitos de sucção, pois estes podem migrar para ou-
tros hábitos como bruxismo, onicofagia e compulsão alimentar14,17.
O Método de Esclarecimento Modificado tem sido usado para remoção de hábitos prolongados de
sucção em crianças maiores de 4 anos de idade. Porém as mesmas orientações podem ser dadas a pais de
crianças menores. O método consiste de uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para coleta de
informações e sessões realizadas com a criança30–32.
Inicialmente são coletados dados referentes ao desenvolvimento global, de linguagem e especi-
ficamente em relação aos hábitos de sucção apresentados naquele momento como frequência, duração,
intensidade, atitude da criança com relação aos hábitos de sucção em locais públicos, comportamento dos
pais ou responsáveis em relação aos hábitos de sucção, atitudes atuais em relação à utilização dos hábitos de
sucção e tentativas anteriores para removê-los. É importante identificar como o hábito está inserido na rotina
da criança. O quadro 1 apresenta um modelo para a coleta destas informações.

Quadro 1: ANAMNESE HÁBITOS ORAIS

ANAMNESE DE HÁBITOS ORAIS

TIPO DE ALEITAMENTO AO NASCIMENTO


Aleitamento Natural exclusivamente ( ) não ( ) sim Até quando? _____________________
Aleitamento Natural e artificial ( ) não ( ) sim Até quando? _____________________
Artificial exclusivamente ( ) não ( ) sim Até quando? _____________________

MAMADEIRA
Usa atualmente? ( ) não ( ) sim Quantidade por dia: _____________________
Tipo de bico ( ) não ( ) sim ( ) Ortodôntico ( ) Comum
Orifício Aumentado ( ) não ( ) sim Com qual instrumento? _____________________

CHUPETA
Usa atualmente? ( ) não ( ) sim
Tipo de bico utilizado: _____ ortodôntico ( ) comum ( )
Tempo de uso durante o dia:_____horas.
Tempo de uso durante a noite:_____horas
Quais os horários mais prováveis para utilização?___________

SUCÇÃO DE DEDO
Usa atualmente ? ( ) não ( ) sim Qual (is) dedos suga? ______________________
Quais horários prováveis para utilização?____________
Tempo de uso durante o dia:_____horas.
Tempo de uso durante a noite:____horas.

OUTROS HÁBITOS
Quais? _______________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________


TENTATIVAS ANTERIORES PARA REMOÇÃO DOS HÁBITOS
Quando foram? ________________________________________________________________________________
Como foram? __________________________________________________________________________________
Quem decidiu remover? _________________________________________________________________________
Por que decidiram removê-los?____________________________________________________________________

ALIMENTAÇÃO ATUAL
Mastiga bem? ( ) não ( ) sim
Devolve pedaços de carne? ( ) não ( ) sim
Quais os alimentos que prefere? ______________________________________________________

SONO
Dorme bem? ( ) não ( ) sim
Ronca ( ) não ( ) sim

HISTÓRICO MÉDICO
Asma? ( ) não ( ) sim Rinite alérgica? ( ) não ( ) sim
Resfriados frequentes? ( ) não ( ) sim Sinusite? ( ) não ( ) sim
Otites? ( ) não ( ) sim
Diagnóstico de hipertrofia de amígdalas e/ou adenoide ( ) não ( ) sim
Qual (is)_______________

SOCIALIZAÇÃO
Faz amigos? ( ) não ( ) sim
É tímido? ( ) não ( ) sim
Que tipo de brincadeiras gosta? _______________________________________________________

DESENVOLVIMENTO MOTOR:
DESENVOLVIMENTO DE FALA E LINGUAGEM:
ROTINA DA CRIANÇA:

Após entrevista inicial são feitos esclarecimentos aos pais, sobre as possíveis alterações que os hábi-
tos de sucção podem determinar e as sequelas decorrentes da manutenção dos hábitos de sucção. Podem ser
usadas fotografias e figuras de livros sobre as possíveis alterações clínicas que os hábitos de sucção de chupeta
e mamadeira podem causar nas crianças. Os pais são orientados a não interferirem na decisão da criança, não
castigarem, nem usarem de chantagens e reforçar positivamente quando a criança apresentar o comportamen-
to desejado, ou seja, quando ela não estiver apresentando o hábito, podendo-se fazer elogios. Deve-se inicial-
mente priorizar a diminuição da frequência evitando a remoção brusca. É importante iniciar pela remoção do
hábito menos dependente em caso de associação de hábitos como chupeta e mamadeira30,33.
A criança também deve receber informações, adaptadas para a sua idade, sobre os danos determi-
nados pelos hábitos, principalmente se foram detectadas alterações oclusais e miofuncionais. Pode-se usar ca-
lendários que receberão marcações quando a criança não estiver fazendo uso do hábito, obedecendo o critério
de reforço positivo. Os calendários podem ser modificados acrescentando tipos de hábitos, abordando mama-
deira, chupeta e dedo e posteriormente períodos diurno e noturno33. O abandono do hábito antes de dormir
é o último a ser abordado. Nesta fase pode-se estabelecer um tempo para ficar sem o hábito até adormecer.
Iniciando por alguns segundos e ir aumentando o tempo até a criança conseguir adormecer sem ele30,33.
Durante o período de remoção do hábito é fundamental conversar com os pais para esclarecer dú-
vidas e deixá-los mais seguros, este fator aumenta o sucesso da remoção17,30.
Uma vez que o hábito é eliminado, pode haver correção espontânea34,35 ou diminuição da mordida
aberta anterior. A autocorreção da mordida aberta anterior acontece devido à retroclinação dos incisivos
superiores, provocada pela pressão dos lábios, porém ocorre na dentição decídua e mediante ausência de
distúrbios miofuncionais, principalmente a respiração oral ou mista 27. Neste caso, há necessidade de corre-
ção ortopédica/ortodôntica e terapia miofuncional orofacial12,28.
É importante ressaltar que a remoção de hábitos pode necessitar de uma abordagem interdiscipli-
nar, considerando as implicações emocionais 29.
Abaixo observa-se um caso clínico em que se observa correção da mordida aberta anterior 60 e
180 dias após a remoção dos hábitos de chupeta e mamadeira em criança de quatro anos de idade. Após a
remoção dos hábitos a criança foi submetida à Terapia Miofuncional Orofacial e observam-se modificações
positivas na musculatura da face.

Figura 1. Fotografias de face frontais. (A) Antes da remoção de hábitos de chupeta e mamadeira. (B) 60 dias
após a remoção dos hábitos e Terapia Miofuncional Orofacial. (C) 180 dias após as intervenções

Figura 2. Fotografias laterais da face. (A) Antes da remoção de hábitos de chupeta e mamadeira. (B) 60 dias
após a remoção dos hábitos e Terapia Miofuncional Orofacial. (C) 180 dias após as intervenções.
Figura 3. Fotografias frontais da oclusão. (A) Antes da remoção de hábitos de chupeta e mamadeira. (B) 60
dias após a remoção dos hábitos e Terapia Miofuncional Orofacial. (C) 180 dias após as intervenções.

Figura 4. Fotografias laterais da oclusão. (A) Antes da remoção de hábitos de chupeta e mamadeira. (B) 60
dias após a remoção dos hábitos e Terapia Miofuncional Orofacial. (C) 180 dias após as intervenções.

Bruxismo
Bruxismo é uma atividade repetitiva da musculatura mastigatória caracterizada pelo apertamento ou
ranger de dentes e/ou por segurar ou empurrar a mandíbula. O bruxismo apresenta duas manifestações circadia-
nas distintas: ocorrência durante o sono (Bruxismo do sono) ou enquanto está acordado (Bruxismo em vigília) 36,37.
Este hábito oral está associado a danos no sistema estomatognático, como dor orofacial e desgaste dental 36.
O bruxismo do sono integra a Classificação Internacional de Distúrbios do sono apresentada e atua-
lizada pela American Academy of Sleep Medicine, em 201438.
A maior parte dos estudos científicos publicados sobre bruxismo aborda o bruxismo do sono. A
prevalência de bruxismo relatada na literatura em crianças é altamente variável estando entre 3,5 e 40,6%,
segundo uma revisão sistemática39, sendo que no Brasil foram identificadas as frequências mais altas (34,7 –
40%)40,41. A faixa etária de maior prevalência do bruxismo infantil varia muito entre os estudos39-43, e alguns
autores sugerem uma diminuição do bruxismo infantil com a idade39,42,43.
Em crianças, a prevalência de bruxismo do sono parece não apresentar diferença entre sexo29,31,32,
ou um leve predomínio no sexo masculino41.
Atualmente, a etiologia do bruxismo do sono é considerada multifatorial e ainda a ser totalmente
esclarecida, envolvendo processos fisiológicos multissistêmicos complexos. Acredita-se que o bruxismo seja
principalmente controlado por mecanismos centrais (patofisiológicos e psicológicos) e não por fatores peri-
féricos (morfológicos)44.
De acordo com sua etiologia, o bruxismo tem sido classificado como: bruxismo primário ou idio-
pático do sono, quando não há uma causa identificável, ou qualquer problema sócio-psicológico, ou médico
associado; e bruxismo secundário do sono, que está relacionado a condições identificáveis37.
Em crianças, assim como em adultos, alguns fatores foram relatados como associados à presença de
bruxismo, embora sua relação ainda não esteja totalmente compreendida: parassonias (enurese, falar e andar
durante o sono); presença de outros distúrbios do sono (distúrbios respiratórios como ronco e apneia obstrutiva
do sono, insônia, epilepsia relacionada ao sono e movimentos periódicos de membros); condições médicas e
psicológicas (hipertrofia de tonsilas e adenoides, alergias, transtornos de hiperatividade e déficit de atenção, ce-
faleias, disfunções temporomandibulares e dores orofaciais, ansiedade e problemas neurológicos); uso de me-
dicamentos (metilfenidato, inibidores seletivos da receptação de serotonina e/ou norepinefrina e antipsicóti-
cos); e presença de hábitos orais concomitantes (morder objetos, onicofagia e apertamento dental em vigília)45.
São ainda considerados como fatores de risco para o desenvolvimento do bruxismo, alterações
emocionais41, fatores psicossociais, como altos níveis de responsabilidade, neuroticismo e estresse46, e fumo
passivo (crianças expostas frequentemente a fumaça de cigarros)47.
A genética também parece ser um fator relacionado ao bruxismo, no entanto pesquisas ainda pre-
cisam ser realizadas para esclarecimento desta condição48.
A relação entre fatores oclusais e atividade de bruxismo tem sido relatada na literatura, mas ainda
permanece controversa46. Atualmente, o conceito de hipervigilância oclusal tem sido considerado como um
fator relacionado ao bruxismo em vigília. A hipervigilância oclusal pode ser explicada pela hipótese de hiper-
vigilância generalizada, segundo a qual a hipervigilância é um “hábito perceptual” que envolve amplificação
subjetiva de uma variedade de sensações aversivas, e não apenas dolorosas. Pode-se hipotetizar que indiví-
duos que são hipervigilantes oclusais são perturbados pela interferência oclusal e aumentam a atividade dos
músculos mastigatórios49. Portanto o efeito das alterações oclusais pode estar relacionado à forma como o
indivíduo reage a elas, tornando a relação entre bruxismo e alterações oclusais complexa49.
Considerando ainda as relações oclusais, as crianças e adolescentes portadores de má oclusão de
classe II dentária parecem apresentar mais chance de relatarem bruxismo do sono50. O perfil retrognático
pode ser visto como um fator de predisposição para distúrbios respiratórios do sono45, o que pode contribuir
para o aparecimento do bruxismo.
Estímulos durante o sono, como luzes acesas e barulhos enquanto a criança dorme, também foram
fatores associados à presença de bruxismo do sono51. Uma possível explicação para isso pode estar relacionada
à hipótese de que os eventos de bruxismo ocorrem principalmente nas fases leves do sono e associados à micro-
despertares, tanto em adultos quanto em crianças, assim a presença de estímulos externos ou mesmo altera-
ções respiratórias que aumentem a frequência de microdespertares podem favorecer os eventos de bruxismo52.
Existem várias maneiras de avaliar a atividade do bruxismo, sendo os questionários, o exame clínico
e as observações do desgaste dos dentes amplamente utilizados. O uso de equipamentos portáteis de grava-
ção eletromiográfica dos músculos mastigatórios tem sido proposto, sendo um método mais objetivo e direto
para avaliar o bruxismo. Entretanto, a polissonografia em um laboratório do sono é atualmente considerada
como o método mais específico e preciso para avaliar a atividade do bruxismo do sono53.
A forma mais utilizada atualmente em crianças é o uso de questionários associado ao exame clínico
para avaliação dos sinais e sintomas do bruxismo. Questionários foram propostos, sendo as questões comu-
mente mais utilizadas para detecção de sintomas do bruxismo53 e adaptadas para avaliação do hábito nas
crianças atráves dos responsáveis:

• Alguém já ouviu ou observou a criança ranger ou apertar os dentes à noite?


• Pela manhã a criança relata dor ou cansaço na face?
• A criança relata desconforto ou dor nos dentes ao acordar?
• A criança relata dores de cabeça nas têmporas ao acordar?
• A criança mantém os dentes encostados ou aperta os dentes durante o dia?
• A criança range os dentes durante o dia?

A coleta de informações sobre período, frequência, duração e flutuação dos sintomas pode con-
tribuir para melhorar o diagnóstico através dos questionários. Entretanto, deve sempre ser considerada a
natureza subjetiva da resposta dos questionários. Além disso, é importante ressaltar que cerca de 80% dos
episódios de bruxismo, como o apertamento dental, não são acompanhados por ruído, consequentemente,
uma grande porcentagem de adultos e crianças são considerados não conscientes de sua atividade de bruxis-
mo, o que torna o autorrelato sozinho para avaliar a presença ou a ausência de bruxismo pouco confiável53.
As avaliações clínicas são consideradas mais confiáveis do que aquelas que consistem em apenas
uso de questões subjetivas. O diagnóstico clínico do bruxismo está principalmente relacionado a desgaste dos
dentes, mobilidade dentária, endentação em língua e bochechas, hipertrofia dos músculos mastigatórios e
ainda dor na articulação temporomandibular e nos músculos mastigatórios53.
A Academia Americana de Medicina do Sono54 publicou, em 2005, critérios clínicos para diagnóstico
do bruxismo:
1) O paciente relata ou é consciente de ruídos de ranger ou apertar os dentes durante o sono.
2) Apresentar um ou mais dos seguintes sinais ou sintomas:
• Desgaste anormal dos dentes;
• Desconforto na musculatura mastigatória, fadiga ou dor e rigidez ou travamento mandibular
ao acordar;
• Hipertrofia do músculo masseter no apertamento dental voluntário máximo.
3) A atividade muscular mastigatória não pode ser explicada por outro distúrbio do sono, por distúr-
bios neurológicos ou médicos ou por uso de medicação ou de outras substâncias.
Na avaliação clínica deve ainda ser considerado que a presença de desgaste dentário não é um indica-
dor de bruxismo ativo, visto que o bruxismo pode ter ocorrido meses ou anos antes da consulta do paciente55.

Abordagem do bruxismo infantil


Nenhuma terapia atualmente é considerada totalmente eficaz no tratamento do bruxismo do sono
em crianças. Um ponto importante na abordagem de crianças com bruxismo é a avaliação da presença de ou-
tras condições relacionadas ao bruxismo, como a presença de apneia obstrutiva do sono, uso de medicações
e alterações emocionais, que quando presentes, a abordagem destas condições pode promover a melhora
do bruxismo45 .
As terapias para o bruxismo visam controlar e/ou prevenir suas consequências sobre as estruturas
orofaciais, sendo consideradas multidisciplinares. Intervenções irreversíveis visando o equilíbrio oclusal não
são suportadas pela literatura científica56.
As terapias conservadoras são as mais indicadas e abrangem modificações comportamentais, biofee-
dback, higiene do sono e aconselhamento familiar sobre hábitos do sono. Nos casos mais severos dispositivos
oclusais temporários podem ser utilizados45, observando a necessidade de adaptação ao crescimento da criança.
Tem sido sugerido o uso do biofeedback para manejo do bruxismo56-58. Como o bruxismo parece ser
principalmente controlado por mecanismos centrais (patofisiológicos e psicológicos) e não por fatores peri-
féricos (morfológicos)44, o biofeedback é uma terapia indicada como abordagem “central”57. Esta proposta
parte do princípio de que as pessoas que rangem ou apertam os dentes podem “desaprender” este com-
portamento quando um estímulo os faz conscientes de suas atividades. Esta técnica tem sido aplicada para
o bruxismo durante a vigília, bem como para o bruxismo do sono. Enquanto acordados, os pacientes podem
ser treinados para controlar suas atividades musculares através de feedback auditivo ou visual, normalmente
associada à eletromiografia de superfície. Para o bruxismo do sono tem sido utilizado estímulo auditivo, elé-
trico, vibratório e até mesmo gustativo. Entretanto, ainda existem dúvidas se este é realmente um tratamento
efetivo para o bruxismo noturno, especialmente a longo prazo, considerando principalmente as possíveis
consequências das excitações frequentes durante a noite e o prejuízo na qualidade de sono. Portanto, esta
técnica precisa ainda ser mais estudada, tanto para adultos quanto para crianças, para que possa ser aplicada
com segurança no tratamento de pacientes com bruxismo do sono5658.
Outra abordagem comportamental descrita na literatura para o gerenciamento do bruxismo inclui
o automonitoramento. A conscientização sobre o hábito de bruxismo diurno e a orientação para manter os
dentes desocluídos parece auxiliar no tratamento59.
O conhecimento e aplicação das orientações relacionadas à higiene do sono podem ajudar na me-
lhora da qualidade do sono e consequentemente nas condições associadas56. Embora não existam evidências
cientificas que comprovam seu benefício60, como o bruxismo parece ocorrer principalmente nos estágios
mais leves do sono, promover uma melhor qualidade de sono, que significa um maior tempo nos estágios
mais profundos e com menos despertares ou microdespertares, pode contribuir para diminuição do bruxis-
mo. Estas orientações incluem: manter horários relativamente constantes para dormir e acordar; manter
uma rotina antes de dormir, com atividades calmas que visem o relaxamento; prestar atenção ao ambiente
de dormir (local silencioso e escuro); evitar comidas e bebidas com cafeína; não usar o quarto de dormir para
estudar ou assistir à televisão; praticar atividade física todos os dias (exercícios físicos devem ser feitos, no
máximo, de seis a quatro horas antes de ir para a cama)56,60.
A abordagem do bruxismo deve ser individualizada, baseada nas consequências e nos fatores as-
sociados ao problema. Além disso, as intervenções multidisciplinares com participação de fonoaudiólogos,
dentistas, médicos, psicólogos e fisioterapeutas são, muitas vezes, indicadas.

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