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Sarah Gonçalves Brandi Portela

Matrícula: 21111120054

Resenha crítica à luz da Psicologia da Saúde


Filme: Um golpe do Destino

Um filme do gênero drama que conta a história de Jack Mckee, um médico cirurgião bastante
experiente, mas que não demonstra nenhuma empatia pelos pacientes e que usa um humor
ácido com frequência. Segundo ele, “Cirurgia é julgamento e para julgar, você precisa estar
desapegado. Você entra, conserta e sai.”. Ele não acredita que os pacientes sedados possam
ouvir o que se passa durante a sedação e faz piadas com as inseguranças dos pacientes .
O enredo se desenvolve quando o Dr. Jack, que já vem tossindo a algum tempo, busca
atendimento quando chega a tossir sangue. Após consultar um médico amigo, ele busca
tratamento no mesmo hospital em que trabalha. A médica otorrinolaringologista que o atende
se chama Leslie e lhe dá um atendimento tão frio quanto o dele com seus pacientes. Ela não
olha no seu rosto quando ele chega e age da forma mais prática possível, sem ao menos
explicar o que está fazendo quando lhe aplica um anestésico para observar sua garganta com
um periscópio. Sem rodeios, ela afirma que ele tem um nódulo (tumor). Mark fica
completamente desnorteado. No dia seguinte, Jack comparece ao hospital com sua esposa
para fazer a biópsia e, a pesar de se identificar como cirurgião do hospital, não recebe
nenhum tratamento diferenciado. É obrigado a aguardar bastante tempo, a preencher vários
formulários e ficar em um quarto compartilhado. No caminho para o centro cirúrgico, deitado
na maca, se sente invisível e observa seus colegas conversarem sobre casos clínicos. Para
completar seu martírio, ainda fizeram um enema nele sem necessidade e ele não conseguiu se
comunicar para se defender. Dra. Leslie aparece após o procedimento e informa sem rodeios
que o tumor é maligno e que o melhor tratamento possível é a radioterapia, pois um
procedimento cirúrgico poderia deixá-lo sem voz.
Durante seu tratamento semanal que dura 6 semanas, ele continua tendo que lidar com a
frieza dos procedimentos e protocolos médicos, como um paciente qualquer, o que lhe causa
bastante irritação. Ele inclusive recebe uma tatuagem em seu pescoço para sinalizar o local
exato da radioterapia, sem prévia autorização e explicações. Seus colegas de equipe sugerem
que ele se afaste temporariamente do serviço, pois ele poderia ter que começar a cancelar
suas consultas e cirurgias e isso iria prejudicar as estatísticas do hospital, mas ele se recusa.
Ele acaba conhecendo uma paciente chamada June que tem um tumor cerebral e também está
em tratamento após Jack perguntar como ela parece tão calma, ela explica que já está em
tratamento a algum tempo, mas que no início se recusou a aceitar o diagnóstico e aderir ao
tratamento. Em uma conversa com ela, ele afirma que o sistema é uma droga e que as
seguradoras decidem quais exames os pacientes podem fazer ou não, o que atrapalha o
correto diagnóstico, assim como aconteceu com June, que deveria ter feito uma ressonância,
mas que essa provavelmente foi negada por custar cerca de mil dólares. Após conhecer June,
o comportamento de Jack começa a mudar dentro do hospital. Primeiro ele repreende seus
médicos residentes por chamar um paciente de terminal, pedindo que o chame pelo nome. A
amizade entre Jack e June cresce e quando uma amiga de June que estava em tratamento
morre, ela desabafa sobre coisas que nunca fez e que possivelmente nunca fará. Jack começa
a ter contato com o sofrimento não apenas de June, mas de outros pacientes também, o que
faz com que ele vá se tornando mais humano em seus atendimentos como médico..
Jack informa à Dra. Leslie que não será mais seu paciente, pois ela não tem ideia de como ele
se sente e diz que ela deveria mudar seu estilo, pois hoje é ele quem está doente, mas algum
dia poderá ser ela a paciente, e que nesse dia, ela estará tão afetada quanto ele está no
momento. Ele pega seu prontuário e pede para que um colega opere a sua laringe. Aproveita a
conversa para dizer que se sente envergonhado por ter sido grosseiro com ele no passado.
Jack procura outro colega de profissão para dizer que não vai testemunhar a seu favor em um
caso que um paciente está movendo contra ele, pois o paciente está em sofrimento e o médico
alterou os registros.
June morre no leito do hospital e Jack conversa com ela mesmo assim. Diz que será operado
no dia seguinte e que gostaria muito que ela estivesse lá para dar-lhe suporte.
Seus colegas o tratam com bastante respeito durante a cirurgia, inclusive prestando todos os
esclarecimentos acerca dos procedimentos que serão feitos. Eles até colocam sua música
favorita para tocar e a instrumentadora que sempre se recusa a cantar, canta para ele. A
cirurgia corre bem, exceto pelo fato de não conseguirem salvar todas as cordas vocais, sendo
necessário esperar para ver se Jack terá voz novamente. Jack deixa o hospital com uma
traqueostomia e se comunicando por meio de um apito e escrevendo em uma lousa.
Jack faz as pazes com sua esposa e volta a trabalhar já com voz. Seu atendimento é muito
mais atencioso, ele escuta seus pacientes e lhes dá respostas mais sensíveis, inclusive
conversando com eles enquanto estão sedados e até lhes fazendo carinho. Ele pede aos
residentes que coloquem o avental de pacientes e lhes dá uma boa lição, dizendo que eles
precisam aprender que cada paciente tem um nome, que eles se sentem assustados,
constrangidos e vulneráveis por estarem doentes. Jack diz saber que suas palavras não seriam
suficientes para convencê-los, pois ele mesmo demorou para aprender essa lição, então os
residentes ficarão 72 horas como pacientes internados do hospital.
O filme termina com uma carta que June escreveu para Jack, onde ela fala que para se
reaproximar de sua esposa, ele deve “abaixar a guarda”.

O filme tece muitas críticas aos protocolos hospitalares, das seguradoras, e dos profissionais
de saúde, que tornam a experiência de quem está doente ainda pior e é muito relevante ao
mostrar a desconstrução da onipotência do médico e a possibilidade de implementação de
novos protocolos de atendimento mais humanos e respeitosos, o que tende a gerar maior bem
estar, sensação de acolhimento e que pode resultar em uma maior taxa de adesão ao
tratamento.

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