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Instituto de Educação Superior de Brasília

Orientação Profissional e Gestão de Carreira


Professora: Camila Costa Torres
Psicologia - 1/2023 - Matutino

RESUMO CRÍTICO DAS TEORIAS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

Sarah Gonçalves Brandi Portela – Matrícula: 21111120054


As teorias psicológicas de orientação profissional têm algumas características em
comum:
- Têm um foco no indivíduo, considerando suas características pessoais,
interesses, habilidades, valores e necessidades para ajudá-lo a fazer suas
escolhas de carreira;
- Levam em conta o contexto social em que o indivíduo está inserido,
reconhecendo a influência da família, cultura, ambiente escolar e social na
escolha de carreira;
- Consideram a escolha de carreira como um processo de desenvolvimento
que ocorre ao longo do tempo e envolve etapas e estágios;
- As teorias de orientação profissional enfatizam a importância da avaliação e
do autoconhecimento, utilizando métodos e técnicas de avaliação para ajudar
os indivíduos a identificar seus interesses, habilidades, traços de
personalidade e valores;
- Adotam uma abordagem holística, considerando múltiplos aspectos da vida
do indivíduo e buscando compreendê-lo de forma integral e integrada.
É importante notar que diferentes teorias podem ter ênfases diferentes e
abordagens específicas, mas todas têm em comum o objetivo de compreender o
indivíduo e auxiliá-lo em seu processo de escolha de carreira de maneira informada
e significativa.

Principais teorias psicológicas de orientação profissional:


1. Teoria do traço e do fator
2. Teoria do desenvolvimento emocional (Super)
3. Teoria tipológica (Holland)
4. Teorias psicodinâmicas
5. Abordagem sócio-histórica

1. Teoria do traço e do fator


A teoria do traço e do fator é uma abordagem na área da orientação profissional que
busca identificar e avaliar os traços de personalidade e características individuais
dos indivíduos como base para a escolha de carreira. Essa teoria parte do
pressuposto de que as pessoas têm traços de personalidade e características que
são inerentes a elas e que essas características influenciam diretamente as suas
escolhas profissionais.
Uma crítica importante à teoria do traço e do fator é que ela pode simplificar demais
a complexidade do processo de escolha de carreira. Ela pode não levar em
consideração outros fatores importantes, como o contexto social, as experiências de
vida, as influências culturais e as oportunidades disponíveis no mercado de trabalho.
Além disso, pode haver uma tendência determinista ao considerar que os traços de
personalidade e características individuais são fixos e estáveis, sem considerar a
possibilidade de mudanças e desenvolvimento ao longo do tempo. Outra crítica é
que a teoria do traço e do fator pode levar a estereotipação e categorização dos
indivíduos com base em traços de personalidade.
Além disso, a teoria do traço e do fator pode não ser adequada para lidar com a
diversidade e a complexidade das carreiras contemporâneas, que muitas vezes
exigem flexibilidade, adaptabilidade e habilidades multidimensionais. As escolhas de
carreira podem ser influenciadas por uma série de fatores dinâmicos e contextuais, e
a abordagem do traço e do fator pode não ser suficiente para compreender e auxiliar
os indivíduos nesse processo.

2. Teoria do desenvolvimento emocional (Super)


Essa teoria busca compreender como as emoções e os sentimentos influenciam a
escolha de carreira das pessoas. Ela parte do pressuposto de que as emoções têm
um papel central na tomada de decisão vocacional e que o desenvolvimento
emocional ao longo do tempo afeta diretamente as escolhas profissionais.
Uma crítica importante à teoria do desenvolvimento emocional de Super é que ela
pode não considerar adequadamente outros fatores importantes na escolha de
carreira, como os aspectos cognitivos, sociais e contextuais. Embora as emoções
tenham um papel relevante na tomada de decisão vocacional, é necessário
considerar que a escolha de carreira é um processo complexo e multifacetado, que
envolve uma série de elementos interconectados.
Outra crítica é que a teoria do desenvolvimento emocional de Super pode não levar
em consideração a diversidade e a complexidade das experiências individuais. As
emoções e os sentimentos podem ser influenciados por uma série de fatores, como
a cultura, a classe social, a raça, o gênero, a orientação sexual e a identidade de
gênero, entre outros. Portanto, é importante considerar a interseccionalidade desses
fatores na compreensão do desenvolvimento emocional e sua relação com a
escolha de carreira.
Além disso, a teoria do desenvolvimento emocional de Super pode ser criticada por
sua abordagem deterministicamente linear, que sugere uma sequência previsível de
estágios de desenvolvimento emocional ao longo da vida. No entanto, a realidade é
que o desenvolvimento emocional é um processo dinâmico e individual, e as
emoções podem variar em intensidade e direção ao longo do tempo, influenciadas
por uma série de circunstâncias e eventos.

3. Teoria tipológica (Holland)


Se baseia na identificação de tipos de personalidade e na correspondência desses
tipos com os ambientes de trabalho. Essa teoria propõe que as pessoas possuem
seis tipos de personalidade básicos, e afirma que a correspondência entre o tipo de
personalidade e o ambiente de trabalho é um fator determinante na escolha de
carreira.
Os seis tipos de personalidade segundo Holland são:
- Realista (R): Pessoas que têm interesse e habilidades em atividades práticas
e concretas, como trabalhar com as mãos, lidar com equipamentos e
ferramentas, e realizar tarefas físicas. São orientados para a ação e valorizam
a força física e a habilidade manual.
- Investigativo (I): Pessoas que têm interesse e habilidades em atividades
intelectuais, analíticas e científicas. São curiosos, gostam de investigar,
analisar e resolver problemas complexos. Valorizam a observação, a
pesquisa e o conhecimento.
- Artístico (A): Pessoas que têm interesse e habilidades em atividades criativas
e expressivas, como artes visuais, música, dança, teatro, escrita, entre
outros. São imaginativos, sensíveis e valorizam a originalidade e a expressão
pessoal.
- Social (S): Pessoas que têm interesse e habilidades em atividades que
envolvem o cuidado e o serviço a outras pessoas, como trabalhar em equipe,
ajudar, ensinar, aconselhar, entre outros. São empáticos, sociáveis e
valorizam as relações interpessoais.
- Empreendedor (E): Pessoas que têm interesse e habilidades em atividades
que envolvem liderança, persuasão, negociação e o mundo dos negócios.
São ambiciosos, competitivos e valorizam a oportunidade de assumir riscos e
obter resultados.
- Convencional (C): Pessoas que têm interesse e habilidades em atividades
que envolvem organização, planejamento, administração e detalhes. São
organizados, metódicos e valorizam a precisão e a eficiência.
Essa teoria pode ser simplista e limitada na compreensão da complexidade do
processo de escolha de carreira. Essa abordagem tende a categorizar as pessoas
em tipos fixos e estereotipados, sem considerar a diversidade e a individualidade
das experiências e características pessoais. Além disso, pode haver uma tendência
a generalizar e a assumir que a correspondência entre o tipo de personalidade e o
ambiente de trabalho é o único fator relevante na escolha de carreira,
desconsiderando outros aspectos importantes, como os interesses, os valores, as
habilidades e as oportunidades de trabalho disponíveis.
Além disso, a teoria tipológica de Holland pode ser criticada por sua falta de
consideração aos fatores sociais, culturais e contextuais na escolha de carreira. A
cultura, o contexto social e as oportunidades de trabalho disponíveis podem
influenciar significativamente as escolhas profissionais das pessoas, e a teoria
tipológica pode não levar em conta esses aspectos em sua abordagem.

4. Teorias psicodinâmicas
São baseadas nas teorias de Sigmund Freud e seus seguidores e têm sido
aplicadas na área da orientação profissional, embora sejam menos populares do
que outras abordagens. Essas teorias enfatizam a importância do inconsciente e do
desenvolvimento da personalidade na escolha de carreira.
Uma crítica é que as teorias psicodinâmicas podem ser complexas e difíceis de
aplicar na prática da orientação profissional. A análise dos conflitos inconscientes,
dos mecanismos de defesa e dos estágios de desenvolvimento da personalidade
pode exigir um profundo conhecimento da teoria psicodinâmica e habilidades
avançadas de avaliação psicológica, o que pode ser impraticável em muitos
contextos de orientação profissional.
Outra crítica é que as teorias psicodinâmicas podem ser excessivamente focadas no
passado e nas experiências de vida anteriores, em detrimento do presente e do
futuro. Enquanto as teorias psicodinâmicas destacam a importância das
experiências da infância na formação da personalidade e na escolha de carreira,
algumas críticas argumentam que as circunstâncias atuais e as aspirações futuras
dos indivíduos também devem ser consideradas na orientação profissional.
Além disso, as teorias psicodinâmicas podem ser subjetivas e interpretativas,
baseando-se na interpretação do terapeuta ou orientador profissional em relação
aos processos inconscientes e dinâmicos do indivíduo. Isso pode levar a diferentes
interpretações e resultados variados, o que pode afetar a consistência e a validade
das intervenções baseadas nessas teorias.
As teorias psicodinâmicas podem ainda não se adequar a todos os indivíduos,
especialmente aqueles que têm crenças culturais ou religiosas diferentes, ou que
preferem uma abordagem mais pragmática e orientada para soluções na orientação
profissional.
5. Abordagem sócio-histórica
A abordagem sócio-histórica também é conhecida como abordagem sociocultural. É
baseada nas teorias de Vygotsky e destaca a importância do contexto social e
histórico na formação da identidade e na escolha de carreira. Essa abordagem
enfatiza a interação entre o indivíduo e seu ambiente social, incluindo sua cultura,
história, valores, normas e estruturas sociais.
Uma crítica à abordagem sócio-histórica é que ela pode ser complexa e difícil de
aplicar na prática da orientação profissional. A compreensão detalhada dos
contextos sociais e históricos dos indivíduos pode exigir uma análise aprofundada
do ambiente social e cultural, bem como uma apreciação das influências históricas e
políticas em sua vida, o que pode ser desafiador para os orientadores profissionais
em termos de tempo e recursos disponíveis.
Outra crítica é que a abordagem sócio-histórica pode não se aplicar igualmente a
todos os indivíduos, especialmente àqueles que não têm um contexto social ou
histórico claro, como imigrantes recentes, pessoas sem uma rede social estável ou
aqueles que estão em situações de marginalização social. Além disso, pode ser
difícil identificar e compreender plenamente as influências sociais e históricas que
afetam a escolha de carreira dos indivíduos, uma vez que essas influências podem
ser sutis, complexas e subjetivas.

Conclusão
Em conclusão, embora cada uma das abordagens discutidas possa ter sua utilidade
na prática da orientação profissional em determinadas situações e contextos, é
fundamental reconhecer suas limitações e não utilizá-las de forma isolada. A
escolha de carreira é um processo complexo e multifacetado, influenciado por
diversos fatores, tais como traços de personalidade, experiências emocionais,
interesses e contexto social e histórico. É necessário adotar uma abordagem mais
abrangente e integrada, considerando a diversidade e complexidade das
experiências individuais dos clientes, e combinando diferentes abordagens e
técnicas apropriadas às suas necessidades e características.
É importante também estar ciente dos desafios práticos e de validade associados a
cada abordagem, e adaptá-las de forma adequada aos diferentes indivíduos e
contextos em que são aplicadas. Ao fazer isso, os profissionais de orientação
profissional podem fornecer um suporte mais completo e eficaz aos seus clientes na
tomada de decisão vocacional.

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