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Estudo de Acesso a

Mercado
Cachaça
2022

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Estudo de Acesso a Mercado Cachaça


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Augusto Souto Pestana Carlos Lima


Presidente – ApexBrasil Diretor Executivo / Revisão
IBRAC
Igor Isquierdo Celeste
Gerente de Inteligência de Mercado Thiago Mota
ApexBrasil Gerente Executivo / Revisão
IBRAC
Gustavo Ferreira Ribeiro
Coordenador de Acesso a Mercado / Revisão
ApexBrasil

Igor Gomes da Silva


Analista / Autor
ApexBrasil

Laudemir André Mueller


Analista / Revisão
ApexBrasil

Claudio José Anchieta de Carvalho


Analista / Apoio
ApexBrasil

© 2022 ApexBrasil
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. Ressalta-se que este conteúdo é
meramente informativo e a Agência não se responsabiliza pelas tomadas de decisão a partir dos dados ou de
eventuais erros e omissões da publicação. Deve-se ressaltar que a indicação das normas e dos respectivos
padrões visuais são meramente ilustrativos. As informações contidas neste texto foram consideradas confiáveis,
podendo incluir fontes de terceiros, devidamente indicadas. As informações fornecidas não substituem o
exercício de julgamento independente e de expertise por parte dos empresários, que devem buscar
assistência/aconselhamento adicional e especializado em relação às leis e normas estrangeiras, não se
configurando este documento qualquer espécie de assessoramento jurídico sobre a matéria.

A Gerência de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, responsável pelo desenvolvimento deste estudo, quer
saber sua opinião sobre ele. Se você tem comentários ou sugestões a fazer, por favor, envie e-mail para
apexbrasil@apexbrasil.com.br

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Estudo de Acesso a Mercado Cachaça


Sumário
Sobre o estudo 5

Produto e países selecionados 7

Dados de Exportação 9

Requisitos de Acesso a Mercado 10

Estados Unidos 11
Alemanha e França 19
Paraguai 23

Embalagem e Rotulagem 25

Estados Unidos 26

Alemanha e França 30

Paraguai 32

Fontes 33

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Abreviaturas e siglas

• ApexBrasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos


• CBP – Customs and Border Protection
• CFR – Code of Federal Regulations
• CMA - Crescimento Médio Anual
• CN – Combined Nomenclature
• COLA – Certificate of Label Approval/Exemption
• FDA – Food and Drug Administration
• FSMA – Food Safety Modernization Act
• GAGRO - Gerência de Agronegócio
• GCOM - Gerência de Competitividade
• GIM - Gerência de Inteligência de Mercado
• HTS - Harmonized Triff Schedule
• IBRAC – Instituto Brasileiro da Cachaça
• INAN – Instituto Nacional de Alimentación y Nutrición
• ITC - International Trade Center
• MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
• MECON – Ministério da Economia
• NMF – Nação-Mais-Favorecida
• PEIEX - Programa de Qualificação para a Exportação
• SAD – Single Administrative Document
• TEC - Tarifa Externa Comum
• TTB - Alcohol and Tobacco Trade Bureau
• UE – União Europeia

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Sobre o estudo
Introdução

O Estudo de Acesso a Mercado - Cachaça - é resultado do trabalho conjunto entre a


ApexBrasil e o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC). As informações contidas no estudo
refletem os esforços empreendidos, na ApexBrasil, pela Gerência de Inteligência de
Mercado (GIM), pelo Programa de Qualificação para a Exportação para o Agro (PEIEX Agro)
da Gerência de Competitividade e pela Gerência de Agronegócio da ApexBrasil, em sintonia
contínua com os esforços do IBRAC.

Os temas trabalhados nesta publicação envolvem informações sobre a Cachaça (SH 220840)
em mercados-alvo selecionados (Estados Unidos, Alemanha, França e Paraguai). Tem-se
como objetivo apoiar os exportadores, em especial, os iniciantes, no entendimento dos
requisitos de acesso a mercado, fundamentais no planejamento estratégico e preparação
para a exportação.

A produção do estudo de Cachaça contou com o apoio fundamental do Instituto Brasileiro


da Cachaça (IBRAC) que indicou, na prática, a realidade enfrentada pelo exportador de
Cachaça em relação às questões práticas de acesso a mercado, como, por exemplo:

• Qual é o imposto enfrentado pelo produto em determinado mercado?


• Quais exigências devem ser cumpridas para ter êxito na exportação?
• Quais certificados deve possuir?
• Quais outros requisitos de acesso são exigidos no mercado de destino?
• Quais são os requisitos específicos para embalagem e rotulagem no mercado de
destino?

Naturalmente, o intuito do estudo não é esgotar todas as informações relacionadas ao setor


de Cachaça, dada a constante dinâmica das questões de acesso a mercado, mas oferecer um
ponto de partida e seus respectivos desafios, apoiando produtores, empresários e técnicos
na preparação para exportação.

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Produto e países
selecionados
O código de produto (SH6 220840) contemplado neste estudo foi selecionado junto ao IBRAC,
tendo em vista a classificação do Sistema Harmonizado (SH) e observando-se as prioridades do
projeto setorial junto à ApexBrasil, conforme tabela abaixo:

Produto SH6

Rum e outras aguardentes provenientes


da destilação, após fermentação, de 220840
produtos da cana-de-açúcar

Apesar de o texto da posição tarifária não conter a palavra Cachaça, o termo é citado nas Notas
Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH) como exemplo de bebida que se enquadra nessa
posição. Segundo informações do IBRAC, a não existência de uma posição tarifária específica para
a Cachaça foi uma decisão do setor privado, quando das discussões no âmbito da Organização
Mundial de Aduanas (OMA) para a alteração do texto da posição tarifária, em resposta a um pleito
apresentado pelo Brasil. Essa decisão do setor privado foi para evitar que um eventual código
tarifário contendo a denominação Cachaça fizesse com que o destilado se tornasse genérico e
fosse usado por produtos de cana-de-açúcar de outros países, o que dificultaria o reconhecimento
internacional da Cachaça como uma Indicação Geográfica do Brasil.

Os países-alvo do estudo sobre Cachaça - Estados Unidos, Alemanha, França e Paraguai - foram
escolhidos através do chamado “Método de Priorização de Mercados”, desenvolvido pela GIM. O
método consiste na identificação de mercados internacionais que ofereçam as melhores
oportunidades para um determinado setor econômico. O exercício é efetuado por meio de
metodologia que engloba e cruza análises quantitativas (dados de fluxos de comércio, dados
macroeconômicos e dados setoriais) e qualitativas (que reflete a percepção de especialistas no
setor).

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Dados de Exportação

Alemanha e França

Estados Unidos

Paraguai

Em relação aos dados de comércio, segundo o ComexStat, as exportações da NCM 2208.40.00 “Rum e
outras aguardentes provenientes da destilação, após fermentação, de produtos da cana-de-açúcar” do
Brasil para o mundo, nos últimos 5 anos (2017-2021), alcançaram US$ 68,7 milhões, ou US$ 13,7 milhões,
em média, por ano. Em 2021, US$ 13,1 milhões foram exportados, valor 38% superior ao exportado em
2020. O aumento das exportações pode ser explicado, em parte, pelo aferrecimento do contexto imposto
pela pandemia da COVID-19. Em 2022, de janeiro a setembro, a tendência foi de nova alta, com US$ 14,4
milhões exportados (53,4% superior ao mesmo período do ano anterior).

Na avaliação por mercado-alvo, acompanhando o aumento mundial, as exportações para os EUA também
obtiveram ganhos em 2021, com US$ 3,4 milhões exportados, 56% superior em relação a 2020. O país
norte-americano continua sendo, em valor, o maior parceiro comercial brasileiro para o produto, com
US$ 26,4% de participação em 2021 e US$ 15,2 milhões importados, no acumulado, entre 2017 e 2021.
Alemanha e França ocuparam, respectivamente, em 2021, o segundo (US$ 1,9 milhão) e quinto (US$ 785
mil) lugares, em termos de valores, como importadores da Cachaça. Entre 2020 e 2021, o crescimento
das exportações para a Alemanha, em valor, foi de 41%. As exportações para a França, por outro lado,
apresentaram queda de quase 31%. Por fim, completando a lista dos países do estudo, o Paraguai foi o 3°
principal destino das exportações de Cachaça em 2021, com US$ 1,3 milhões importados, 28% superior
ao valor exportado em 2020.

As próximas seções do estudo têm como objetivo apresentar algumas das principais questões
relacionadas aos requisitos de acesso a mercado (tarifárias e não-tarifárias) nos países selecionados.

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Requisitos de Acesso a
Mercado
Análise dos países

Estados Unidos

Imposto de Importação

Em função das características singulares da Cachaça, observou-se a necessidade de utilização de


nomenclaturas mais estritas além do SH6, a fim de se esclarecer como o produto brasileiro se
enquadra nominalmente nos sistemas tarifários dos países de destino. Dessa maneira, foi
necessário o enquadramento de 8 dígitos tarifários em consonância com especificações de cada
sistema utilizado, a saber: o Harmonized Tariff Schedule (HTS) para os Estados Unidos, a
Combined Nomenclature (CN) Alemanha e França e a Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC)
para o Paraguai.

No caso dos Estados Unidos, considerando o HTS, foram identificados 4 códigos tarifários, cada
qual com seu imposto específico, em oito dígitos, no qual a Cachaça se enquadraria para fins de
importação, conforme abaixo:

Rum e outras bebidas espirituosas (spirits) obtidas pela


destilação de produtos fermentados da cana-de-açúcar :

Em recipientes com capacidade não superior a 4 litros


Imposto de importação:

Valor não superior a US$ 3 por litro


22084020 :

de prova1
23.7¢/pf. liter

Valor superior a US$ 3 por litro de


22084040 :
prova 0%

1. Proof liter: Um litro de líquido, a 60 graus Fahrenheit, que contém 50% em volume de álcool etílico com uma gravidade específica de 0,7939 a 60 graus Fahrenheit, tendo como referência a água a
60 graus Fahrenheit como unidade ou seu equivalente alcoólico. Fonte: United States CFR. Title 27. Chapter I. Subchapter A. Part 27.

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Em recipientes, cada um contendo mais de 4 litros

Valor não superior a US$ 0,69


22084060 :

centavos por litro de prova 23.7¢/pf.liter

Valor superior a US$ 0,69 centavos por


22084080 :

litro de prova 0%

Requisitos de Importação
Além do imposto de importação aplicado pelos Estados Unidos, outro ponto de relevância
quando falamos da exportação de Cachaça para aquele mercado se refere aos requisitos de
importação obrigatórios que devem ser cumpridos para que a operação de comercialização se
concretize com sucesso.

Temas como o sistema de “três de níveis” de importadores, as licenças de importação, o


certificado de aprovação de rótulo, a atuação de importantes autoridades como o Alcohol and
Tobacco Trade Bureau (TTB), e por último, mas não menos relevante, questões sobre rotulagem,
são imprescindíveis quando se quer conhecer com profundidade o mercado dos Estados Unidos.
A seguir são exploradas algumas dessas informações.

Sistema de “3 Níveis”

Estabelecendo-se como um aspecto importante para a exportação de Cachaça para os Estados


Unidos, mas não como um requisito obrigatório, deve-se considerar que a relação com o
importador ou parceiro comercial em solo norte-americano é fundamental para que se minimize
riscos no processo de negociação/importação do produto.

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Dessa maneira, é indispensável verificar se o importador possui as licenças necessárias para
importação/comercialização de mercadorias como aquelas voltadas para bebidas alcoólicas em
particular. Para os Estados Unidos, a relação com o importador pode ser explicada dentro do
chamado “Sistema de Três Níveis” (Three Tier System), conforme ilustração abaixo:

“3 Níveis”

Importer Wholesaler Retailer


(Importador) (Distribuidor) (Varejista)

Licença de Licença de Importador Relação direta com o


Importador + Licença de Venda consumidor final
“Atacadista”

De acordo com um estudo desenvolvido pelo IBRAC, o “Sistema de Três Níveis” refere-se aos
níveis de distribuição de bebidas alcoólicas existente nos Estados Unidos. Com base nesse
sistema, é estabelecido quais as licenças necessárias que cada potencial parceiro deve ter nos
Estados Unido e qual o seu escopo de atuação, considerando-se sua posição como importador,
distribuidor e/ou comerciante (varejista) de bebidas alcoólicas no país.

Baseado nesse sistema, distribuidores não podem importar bebidas alcoólicas diretamente.
Importadores, por sua vez, não podem vender diretamente para comerciantes. O sistema traz
mais responsabilidades para o importador, mas o exportador deve ter conhecimento deste
sistema para estar preparado para quaisquer eventualidades e, também, dependendo do seu
estágio de atuação no mercado, poder buscar o melhor parceiro. Por exemplo, uma empresa que
ainda não exporta para os Estados Unidos, deve focar, em princípio, na identificação de um
importador e, não, em um distribuidor ou varejista.

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Questionamentos como: “meu parceiro comercial, de acordo com sua categoria dentro do
sistema de 3 níveis, possui as licenças necessárias para importar meu produto?” – podem surgir
com considerável frequência. A seguir são destacadas as principais licenças para comercialização
de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos.

Licença Básica de Importador

Caso a categoria, dentro do sistema de “3 Níveis”, seja o importador, este deve possuir apenas
uma licença para introduzir bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, a chamada “Licença Básica de
Importador” (Federal Importers Basic Permit).

Para fins de aquisição da licença, o interessado em importar bebidas alcoólicas deve apresentar
ao TTB o chamado Pedido de Licença Básica de Importador, de acordo com o Federal Alcohol
Administration Act. O processo pode ser feito eletronicamente/online por meio da página
“Permissões Online” (Permits Online Help Center) ou enviando uma cópia física do formulário ao
TTB. Sem a licença básica, o interessado não poderá importar bebidas alcoólicas ao país. O site
oficial do TTB disponibiliza guias, manuais e vídeos que visam auxiliar o processo de aplicação e
aquisição de licenças.

Licença de Distribuidor (Wholesaler’s Basic Permit)


No entanto, caso o intuito seja a venda de bebidas alcoólicas no atacado, além da Licença de
Importador, há, também, a exigência da chamada Licença Básica de Distribuidor. Tal licença
também pode ser obtida por meio da página “Permissões Online” mencionada anteriormente.
Nesse sentido, caso o importador queira comercializar bebidas alcoólicas no atacado,
acumulando as funções de importador e distribuidor, ele deve possuir tanto a “Licença de
Importador” quanto a “Licença de Distribuidor”. Destaca-se que, na maioria dos casos, esses
papeis não se concentram em uma mesma empresa, sendo comum o arranjo separado de
importação e comercialização dentro dos Estados Unidos.

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Registro de Revendedores de Álcool

Além das licenças já mencionadas, caso a ideia seja revender bebidas alcoólicas, os interessados
devem se registrar como “Revendedores de Álcool” e preencher o formulário "Registro de
Revendedor de Álcool” (Alcohol Dealer Registration), antes de iniciarem suas atividades.

Como no caso anterior, também não é comum o acúmulo de funções de revendedor e


importador, ficando a cargo de outra empresa, o ato da revenda. O retailer (varejista) geralmente
é aquele que atuará como o revendedor de álcool ao consumidor final.

Certificado de Aprovação (COLA) e Permissão Básica


para importação de bebidas a granel (bulk)

Após o processo de emissão de licenças, importante aspecto a ser considerado é a adequação às


regras de rotulagem. O importador deve obter o chamado Certificado de Aprovação/Isenção de
Rótulo (Certificate of Label Approval/Exemption – COLA) para cada produto/rótulo que deseja
importar.

Para obter o COLA, o importador deve apresentar um Pedido de Certificação/Isenção de


Rótulo/Aprovação de Garrafa. O processo pode ser feito por meio eletrônico pelo sistema COLAs
Online ou mediante envio de cópia impressa do formulário ao TTB. O importador deve possuir
um COLA no momento da importação. Caso o documento não seja apresentado devidamente, a
importação do produto não poderá ser concretizada e medidas cabíveis poderão ser tomadas.

A página do COLAs Online possui, também, guias, manuais, vídeos e tutoriais que podem auxiliar
os interessados no processo de aplicação para um certificado de aprovação de rótulo.

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De acordo com o Código Federal dos Estados Unidos (CFR, na sigla em inglês) - Título 27, Capítulo
1, Subcapítulo A – Parte 27 e Parte 5 e Subparte B, § 5.21 (b) e 5.22 (a) - o certificado de
aprovação de rótulo é aquele que autoriza o engarrafamento, embalagem ou retirada de bebidas
alcoólicas, como a Cachaça, da custódia aduaneira. Dessa maneira, tais garrafas poderão ser
liberadas para fins de comercialização, desde que tenham rótulos idênticos às etiquetas afixadas
na capa do certificado, ou etiquetas com alterações autorizadas pelo certificado.

Ademais, de acordo com a Subparte B; § 5.23, existe também a possibilidade de isenção de


aprovação de um determinado rótulo, caso o produto não seja comercializado ou colocado à
venda, direta ou indiretamente, para o comércio interestadual ou estrangeiro (ex. para uso em
um concurso de bebidas).

Por úlitimo, de acordo com o Título 27; Capítulo 1; Subcapítulo A, Parte 1; Subparte E, as bebidas
destiladas importadas a granel, ou seja, em contêineres com capacidade superior a 1 galão, o
equivalente a 3,785 litros, podem ser registradas para fins de engarrafamento ou removidas da
custódia aduaneira apenas se o ato for realizado por uma pessoa habilitada a vender ou dispor
de bebidas destiladas a granel de acordo com o Federal Alcohol Administration Act. Dessa
maneira, as bebidas destiladas não devem ser engarrafadas, salvo algumas exceções, a menos
que o proprietário possua uma permissão básica para fazê-lo.

Certificado de Envelhecimento e Certificado de Origem

Além do certificado de aprovação/isenção de rótulo, certificados de envelhecimento e origem


também poderão ser exigidos para determinadas bebidas alcoólicas importadas aos Estados
Unidos. Essa condição se aplica a produtos importados de países específicos, como Canadá,
França, Portugal, México, entre outros. Tais países, em comum acordo com o governo dos
Estados Unidos, solicitaram a exigência do certificado de envelhecimento e origem, para
produtos produzidos em seus territórios, no momento da importação. Os certificados
comprovam a autenticidade e localidade do produto enquanto distinto e singular do
determinado país.

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Ademais, segundo o CFR Título 27; Capítulo I; Subcapítulo A, Parte 5; Subparte E; § 5.74, a
declaração de envelhecimento para runs e destilados de agave é opcional. No entanto, segundo
o CFR Título 27; Capítulo I; Subcapítulo A, Parte 5; Subparte E; § 5.30 (c), caso o rótulo contenha
alguma declaração quanto ao tempo de envelhecimento da bebida, um certificado de
envelhecimento deverá ser apresentado.

A Cachaça, enquanto um tipo de “Rum” (para fins legais, nos Estados Unidos, a Cachaça é
considerada um tipo de rum), não será liberada da custódia aduaneira para fins de consumo, a
menos que esteja acompanhada pelo certificado de envelhecimento emitido por um funcionário
devidamente autorizado do país de origem, atestando as informações pertinentes da garrafa.
Cabe reiterar que, o certificado de envelhecimento será exigido apenas se alguma declaração de
tal tipo constar no rótulo.

A página do Certificado e Requisitos de Origem para Bebidas Alcoólicas Importadas (Certificate


of Age and Origin Requirements for Imported Alcohol Beverages) fornece uma lista abrangente
de requisitos envelhecimento e origem para bebidas destiladas, entre outros

Registro no FDA e Aviso Prévio


Assim como o TTB, a Food and Drug Administration (FDA - Administração de Alimentos e
Medicamentos, em português) e o Customs and Border Protection (CBP) são duas das principais
instituições envolvidas no processo de importação de bebidas alcoólicas nos EUA.

Segundo o Public Health Security and Bioterrorism Preparedness and Response Act of 2002 (the
Bioterrorism Act), todas as empresas interessadas em exportar alimentos ou bebidas aos Estados
Unidos, inclusive Cachaça, devem ser registradas junto à FDA, autoridade reguladora que tem
por objetivo a garantia da segurança e confiabilidade de alimentos em território estadunidense.
Ademais, conforme o Food Safety Modernization Act (FSMA), as empresas devem renovar seus
registros a cada dois anos. Atualmente, tendo em vista os diversos setores da pauta de
exportação brasileira, existem 2.713 empresas brasileiras registradas junto à FDA, incluindo
aquelas do setor de Cachaça.

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Além do processo de registro, todas as empresas devem enviar à FDA a chamada Notificação
Prévia (Prior Notice) de embarque para alimentos quando da exportação. O mecanismo de
notificação prévia consiste na comunicação antecipada de remessas de produtos alimentícios
antes da sua chegada aos portos de entrada nos Estados Unidos.

No tocante à Notificação Prévia, as seguintes informações deverão ser fornecidas à FDA:

▪ Nome, endereço comercial, telefone e e-mail do responsável pelo envio da


Notificação;
▪ Nome e endereço da empresa (se aplicável);
▪ Tipo de entrada e identificador da Customs and Border Protection - CBP (se o
identificador estiver disponível), os quais incluem: código de produto FDA;
nome comum do produto; quantidade estimada (do menor tamanho de pacote
ao maior contêiner); lote; entre outros.

Caso o exportador não faça o cadastro e não emita o aviso prévio com o tempo solicitado pelo
órgão, as mercadorias exportadas poderão ser recusadas pelos portos norte- americanos e/ou
serem apreendidas.

Inspeção – CBP (Customs and Border Protection)

O CBP é o órgão responsável pelo gerencialmento e controle de fronteiras nos Estados Unidos,

além de tomar as medidas cabíveis caso determinadas remessas não estejam de acordo com os
regulamentos requeridos. No caso da Cachaça, os produtos serão avaliados e precisam seguir as
exigências de rotulagem e embalagem, além de possuírem todos documentos necessários.

O desembaraço aduaneiro das mercadorias pode ser feito por despachante aduaneiro em solo
americano. É importante ressaltar que o exportador deve pedir informações ao importador
sobre outras regras do estado e localidade para o qual irá exportar a Cachaça, pois os
regulamentos podem variar entre estados.

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Análise dos países

Alemanha e França

Imposto de Importação

Para Alemanha e França, enquanto países membros da União Europeia, a nomenclatura utilizada
para enquadramento também possui 08 dígitos de extensão, a chamada Nomenclatura
Combinada, sistema uníssono do bloco. As subposíções as quais se encontram a Cachaça, dentro
da NC, e suas respectivas alíquotas de importação são destacadas da seguinte maneira:

Rum e outras bebidas espirituosas (spirits) obtidas pela


destilação de produtos fermentados da cana-de-açúcar :

Imposto de importação:

22084031 valor > 7,9 € /l de álcool puro, em recipientes 0%


de capacidade <= 2l
:

valor <= 7,9 €/l de álcool puro, em recipientes 0.6 EUR/%vol/hl


22084039 :

de capacidade <= 2l + 3.2 EUR/100l

valor > 2 €/l de álcool puro, em recipientes de


22084091 :

capacidade > 2l
0%

valor <= 2 €/l de álcool puro, em recipientes


22084099 :

de capacidade > 2l
0.6 EUR/%vol/hl

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O quadro abaixo detalha os impostos de importação vinculados aos códigos tarifários
apresentados anteriormente. Observa-se que as principais diferenças para determinar o
respectivo imposto aplicado se dá de duas maneiras principais: valor de álcool puro da bebida e
capacidade de armazenamento do recipiente.

Código Tarifário Valor Capacidade do Recipiente Tarifa Cobrada

2208.40.31.00 > 7,9€/l de álcool puro de capacidade <= 2l 0,00%

2208.40.39.00 <= 7,9€/l de álcool puro de capacidade <= 2l 0.6 EUR/%vol/hl + 3.2 EUR/100l

2208.40.91.00 > 2€/l de álcool puro de capacidade > 2l 0,00%

2208.40.99.00 <= 2 €/l de álcool puro de capacidade > 2l 0.6 EUR/%vol/hl

Elaboração ApexBrasil. Fonte: Global Trade HelpDesk

Requisitos de Importação
Os requisitos gerais de importação para a União Europeia, ou seja, aqueles destinados para as
importações de modo integral e não só para a Cachaça, são estabelecidos por uma série de
documentos padrão que devem ser apresentados para execução da transação comercial,
confome abaixo:
o Fatura comercial: documento que chancela a transação comercial entre importador e
exportador com algumas das seguintes informações:
▪ informações das partes envolvidas (nome e endereço);
▪ descrição dos bens;
▪ quantidade de bens;
▪ valor unitário;
▪ meio de transporte da remessa;
▪ termos de pagamento.

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o Declaração de valor aduaneiro
o Documentos de frete
o Seguro do frete
o Packing list: documentos detalha informações dos itens importados:
▪ tipo de embalagem;
▪ número de embalagens;
▪ peso bruto, peso líquido e dimensões das embalagens.

Além dos documentos acima mencionados, um deles merece atenção especial. O denominado
Documento Administrativo Único (SAD, no acrônimo em inglês), adotado pelo Regulamento (UE)
n.° 952/2013 do Parlamento Europeu/Conselho Europeu e pelo Regulamento Delegado (UE) n.°
2.016/341 da Comissão Europeia. O SAD deve ser preenchido, pelo importador, em uma das
línguas oficiais da União Europeia. O SAD é o documento que serve de base para a entrada de
toda e qualquer mercadoria declarada ao bloco. Para fins de importação, geralmente são
necessárias três cópias do SAD. As principais informações que devem ser declaradas são:

o Identificação de dados das partes envolvidas na operação (importador, exportador,


representante, etc.);
o Tratamento aprovado sob encomenda (introdução em livre prática, introdução no
consumo, importação temporária, trânsito, etc.);
o Dados de identificação da mercadoria (código Taric, peso, unidades), localização e
embalagem;
o Informações referentes ao meio de transporte;
o Dados sobre país de origem, país de exportação e destino;
o Informações comerciais e financeiras (Incoterms, valor da fatura, moeda da fatura, taxa
de câmbio, seguro, etc.);
o Lista de documentos associado ao SAD (licenças de importação, certificados de fiscalização,
documento de origem, documento de transporte, fatura comercial, etc.);
o Declaração e forma de pagamento dos impostos de importação (direitos tarifários, IVA,
impostos especiais de consumo, etc).

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Controle de Contaminantes
Em adição aos requisitos gerais de importação para a União Europeia, alguns específicos também
merecem destaque, como o Regulamento (UE) n.° 315/93, que estabelece limites para
contaminantes em alimentos e bebidas na EU, conforme abaixo:

o Os alimentos e bebidas que contenham um contaminante em quantidade inaceitável do


ponto de vista da saúde pública e, em, a nível toxicológico, não serão colocados no
mercado da EU e serão rejeitados;
o Os níveis de contaminantes devem ser mantidos tão baixos quanto razoavelmente
possível, seguindo as boas práticas de trabalho recomendadas; e
o Níveis máximos podem ser definidos para certos contaminantes, a fim de proteger a
saúde pública.

Já o Regulamento (UE) n.° 1.881/2006 estabelece níveis máximos para certos contaminantes em
alimentos e bebidas a serem colocados no mercado da UE. Os produtos indicados nas várias
seções dos Anexos ao regulamento não devem, quando colocados no mercado, conter níveis de
contaminantes superiores aos especificados. A Seção 2 define os parâmetros para spirit drinks,
conforme abaixo:

o Os limites para várias micotoxinas em, por exemplo, amendoim, nozes, frutas secas
(incluindo videiras secas) e produtos derivados, cereais e produtos à base de cereais,
leite, fórmulas infantis, alimentos dietéticos destinados a bebês, especiarias, sucos de
frutas, produtos de café, vinho, spirit drinks (bebidas espirituosas), sidra, produtos de
maçã, alimentos processados à base de cereais para bebês e crianças pequenas e
alimentos para bebês.

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Análise dos países

Paraguai

Imposto de Importação
Ao se analisar o Paraguai como mercado de destino da Cachaça, o imposto de importação
aplicado deve ser verificado à luz da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC), que, atualmente
possui alíquota zero para o trânsito da mercadoria entre os países do bloco, conforme ilustração
abaixo:
Imposto de
Rum e outras aguardentes importação:
provenientes da destilação,
22084000 :

0%
após fermentação, de produtos
de cana- de-açúcar

Requisitos de Importação

Legalização Consular
Além de requisitos gerais de importação aplicáveis intra-Mercosul, é importante observar o
procedimento de legalização consular (Arancel Consular) no Paraguai. Esse procedimento
determina que, para a exportação de bens para o país, todos os documentos de exportação
devem possui a legalização consular para que possam entrar em território paraguaio.
Atualmente, a legalização consular é legislada, no Paraguai, pela Lei n.° 4.033/2010, ratificada
pela Resolução n.° 03/16 da Direção Nacional de Aduanas. Os documentos a serem legalizados
são:

o Fatura Comercial;
o Conhecimento de embarque;
o Certificado de Origem;
o Manifesto de Carga. Realização Parceiro

Estudo de Acesso a Mercado Cachaça 23


Este procedimento determina que o exportador deve se dirigir ao consulado paraguaio no país
de origem para legalizar os mencionados documentos de exportação.

Registro de Estabelecimento e
Registro Sanitário

O importador paraguaio deve registrar seu estabelecimento para obter o chamado “Registro de
Estabelecimento” (RE), cujos requisitos legais e técnicos estão estabelecidos na resolução
Resolución S.G. N. 213/2019.

Obtido o referido registro, dá-se início aos procedimentos para a obtenção do chamado Registro
Sanitário de Produtos Alimentícios (RSPA), cujos requisitos legais e técnicos são detalhados na
Resolución S.G. N. 252/2018.

Outras informações pertinentes podem ser encontradas no site do Instituto Nacional de


Alimentación y Nutrición (INAN), entidade responsável, no Paraguai, pela segurança dos
alimentos e processamento dos registros acima citados.

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Embalagem & Rotulagem
Análise dos países

Estados Unidos

De acordo com o Código Federal dos Estados Unidos (Título 27, Capítulo 1, Subcapítulo A, Parte
16, Subparte C), o rótulo de bebidas alcoólicas deve conter um aviso obrigatório (padrão) sobre o
risco de consumo para as mulheres, durante a gravidez, em função de riscos ao feto; para
qualquer pessoa que vá dirigir ou operar maquinários; e para a saúde em geral. Esse aviso é
denominado Declaração de Advertência de Saúde de Bebidas Alcoólicas (Health Warning
Statement Requirements for Alcoholic Beverages). O aviso, em inglês, deve ser descrito conforme
abaixo:

o “GOVERNMENT WARNING: (1) According to the Surgeon General, women should


not drink alcoholic beverages during pregnancy because of the risk of birth
defects. (2) Consumption of alcoholic beverages impairs your ability to drive a car
or operate machinery and may cause health problems”.

Além do aviso acima mencionado, segundo o CFR Título 27; Capítulo I; Subcapítulo A; Parte 5;
Subparte E; § 5.63; Mandatory Label Information (Informações Obrigatórias), algumas
informações possuem caráter obrigatório de apresentação quando se trata de bebidas
destiladas, a saber:

o nome da marca;

o teor alcoólico;

o classe e tipo;

o nome e endereço do importador, conforme parágrafo § 5.67 or § 5.68, tendo em vista

cada caso aplicável;


o conteúdo líquido, de acordo com o parágrafo § 5.70.

o Declaração de idade, se aplicável, conforme o parágrafo § 5.74;

o país de origem.

Outras informações também podem constar no rótulo da garrafa, mas possuem caráter opcional
ou dependem do tipo de bebida que está sendo importada.
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No que tange aos padrões de engarrafamento e embalagem, nenhuma bebida destilada pode
ser comercializada, a não ser que siga os padrões estabelecido, conforme o CFR Título 27;
Capítulo I; Sucapítulo A, Parte 5; Labeling and Advertising of Distilled Spirits (Rotulagem e
Publicidade de Bebidas Destiladas) e também conforme CFR Título 27; Capítulo I; Subcapítulo
A; Parte 5; Subparte K; Standards of Fill and Authorized Container Sizes (Padrões de
Preenchimento e Tamanhos de Recipientes Autorizados).

Segundo o parágrafo § 5.203; Standards of fill (container sizes), o padrão volumétrico para
bebidas destiladas deve conter as seguintes quantidades, conforme ilustração abaixo:

Para recipientes que não sejam latas

50 100 200 375 500 700 720 750 900 1 1,75 1,8
ml ml ml ml ml* ml ml ml ml litro litro litro
* o padrão destacado era autorizado para engarrafamento apenas até 30 de junho de 1989.

Para latas de metal

50 100 200 355


ml ml ml ml

A legislação prevê que coberturas individuais, caixas ou outros recipientes da garrafa usados
para venda no varejo ou qualquer material escrito, impresso, gráfico ou outro material que
acompanhe a garrafa não deve conter qualquer declaração, design, representação gráfica ou
pictórica, proibida pelas legislações § 5.62 (eCFR :: 27 CFR 5.62 -- Packaging (cartons,
coverings, and cases).

No caso de caixas “opacas” seladas, caixas de papelão ou outros recipientes usados para
venda no varejo (exceto em contêineres de embarque), as mesmas devem conter todas as
informações obrigatórias do rótulo replicados. 5.62 (eCFR :: 27 CFR 5.62 -- Packaging (cartons,
coverings, and cases).

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Se uma cobertura individual, caixa, ou outro recipiente da garrafa utilizada para venda a
varejo (que não seja um contêiner de embarque) estiver concebida de forma que a garrafa
seja facilmente removível, poderá exibir qualquer informação que não esteja em conflito com
o rótulo da garrafa contida na mesma. 5.62 (eCFR :: 27 CFR 5.62 -- Packaging (cartons,
coverings, and cases).

Nas garrafas devem constar a declaração de conteúdo líquido, que devem estar de acordo
com o previsto no Net Contents eCFR :: 27 CFR 19.517 -- Statements required on labels under
an exemption from label approval.

A “Classe” e o “Tipo” da bebida destilada devem estar no rótulo em conformidade com o


regulamento The standards of identity (eCFR :: 27 CFR 5.141 -- The standards of identity in
general.) No caso da Cachaça, após o reconhecimento da bebida em 2013, como um produto
distinto e exclusivo do Brasil, no rótulo dos produtos basta constar apenas “Cachaça”.

Outro ponto muito importante que deve constar no rótulo de bebidas alcoólicas é a
quantidade de álcool na bebida, como declaração obrigatória. O teor de álcool para bebidas
destiladas deve ser indicado em porcentagem de álcool por volume, conforme opções da
ilustração a seguir:

(A). “Alcohol ____ percent by volume”.

(B). “____ percent alcohol by volume”.

(C) “Alcohol by volume ____ percent”.

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Nos Estados Unidos, como apontado anteriomente, a Cachaça está enquadrada na classe do
“Rum”, classe essa que possui um teor alcoólico mínimo de 40%. Considerando que o teor
alcoólico mínimo da Cachaça é de 38%, é aconselhável que a Cachaça seja exportada com, no
mínimo 40%. Caso contrário, deverá ser incluído no rótulo a expressão “dilluted Cachaça”
(Cachaça diluída). Uma tolerância de 0.3%, para mais ou para menos, é permitida para fins de
teor alcoólico, tendo em vista a quantidade informada na garrafa.

Como mencionado anteriomente, são opcionais para as Cachaças envelhecidas, de acordo com o
Statements of age and percentage (eCFR :: 27 CFR 5.74 -- Statements of age, storage, and
percentage.), a indicação do tempo de envelhecimento no rótulo, conforme mensagem abaixo:

o Statements of age for rum, brandy, and agave spirits. A statement of age on
labels of rums, brandies, and agave spirits is optional, except that, in the case of
brandy (other than immature brandies, fruit brandies, marc brandy, pomace
brandy, Pisco brandy, and grappa brandy, which are not customarily stored in oak
barrels) not stored in oak barrels for a period of at least 2 years, a statement of age
must appear on the label. Any statement of age authorized or required under this
paragraph must appear substantially as follows: “____ years old,” with the blank to
be filled in with the age of the youngest distilled spirits in the product.

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Análise dos países

Alemanha e França

As bebidas destiladas comercializadas na União Europeia devem cumprir os requisitos de


apresentação e rotulagem estabelecidos no Regulamento (UE) n.° 1.169/2011 salvo disposição
em contrário no novo Regulamento (UE) n.° 2019/787 sobre “spirit drinks” ou “bebidas
espirituosas”. Na União Europeia, nenhuma bebida destilada pode ser comercializada, a não ser
que siga os padrões de embalagem e engarrafamento contidos na normativa. Dessa maneira, as
seguintes informações devem constar na embalagem:

o Nome do alimento ou bebida;


o Quantidade líquida (deve ser expressa em unidades de volume no caso de produtos
líquidos);
o Condições de armazenamento ou de uso;
o País de Origem;
o Instruções de uso;
o Teor alcoólico;
o Marcação do lote.

Os padrões métricos de preenchimento para bebidas destiladas engarrafadas variam conforme


abaixo:

100 200 350 500 700 1 1,5 1,75 2


ml ml ml ml ml litro litro litro litros

Dentre as informações necessárias para o produto estar de acordo com as regras do bloco, está
a exigência de apresentação do teor alcoólico por volume, caso a bebida tenha teor alcoólico
superior a 1,2%. Segundo o Regulamento (UE) n.° 1.169/2011- Anexo XII - Título Alcoométrico - ,
o valor indicado do teor alcoólico não deve ter mais de uma casa decimal e deve ser seguido
pelo símbolo “%vol”. Além disso, ele pode ser precedido pela palavra “álcool” ou pela
abreviatura “alc”, tendo em vista o idioma do país de destino.

De acordo com essa regulamentação, bebidas alcoólicas destiladas com teor alcoólico superior a
1,2 % podem ter uma variação de 0,3% (para mais ou para menos), em relação ao valor expresso
no rótulo e o resultado análise utilizado para a determinação do título alcoométrico.

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O mesmo regulamento isenta as bebidas alcoólicas com mais de 1,2% de teor alcoólico de terem
uma declaração nutricional. Ou seja, segundo o regulamento Europeu, bebidas alcoólicas não
necessitariam de uma declaração nutricional obrigatória (lista obrigatória de ingredientes).

A princípio, a regulação vigente ainda continua sendo a de dispensa da declaração nutricional


para bebidas alcoólicas com mais de 1,2% de volume alcoólico. Porém, é necessário ressaltar que
estão em discussões no Parlamento Europeu regras de declaração nutricional para as bebidas
alcoólicas.

O referido regulamento europeu estabelece, ainda, que não é obrigatório indicar uma data de
durabilidade mínima no caso de bebidas que contenham mais de 10% de ABV (Álcool por
volume). Esse regulamento se aplica para vinhos e bebidas destiladas.

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Análise dos países

Paraguai

Os países membros do Mercosul aplicam regras padronizadas de rotulagem de alimentos e


bebidas. O Regulamento MERCOSUR/GMC/RES. n. 26/2003 (Reglamento Técnico MERCOSUR
para Rotulación de Alimentos Envasados) se aplica a todos os alimentos embalados
comercializados nos estados membros do Mercosul, qualquer que seja sua procedência,
embalados na ausência do cliente e prontos para serem oferecidos ao consumidor final.

O rótulo deve conter:


• a denominação de venda do alimento;
• a lista de ingredientes;
• conteúdo líquido;
• identificação da origem;
• identificação do lote;
• prazo de validade, preparo;
• instruções de uso, quando aplicável.

A informação do rótulo deverá ser feita no idioma do país de destino da exportação, nesse caso
o espanhol. O texto deve ser legível e apresentar visibilidade adequada. A apresentação do
rótulo em espanhol não exclui o uso de outros idiomas.

Não há necessidade de data de validade para bebidas alcoólicas que contenham 10% (v/v) ou
mais de álcool.

Segundo o Regulamento MERCOSUR/GMC/RES. n. 46/2003, as bebidas alcoólicas estão isentas


de informar o rótulo nutricional na embalagem.

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Fontes
Fontes
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2. ComexStat. Ministério da Economia. http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home
3. Harmonized Tariff Schedule. U.S International Trade Comission. https://hts.usitc.gov/current
4. Alcohol and Tobacco Tax and Trade Bureau. TTB Regulated Industries. https://www.ttb.gov/
5. Federal Alcohol Administration Act. General. Provisions. https://www.ttb.gov/trade-practices/f
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6. Federal Basic Permit. TTB. https://www.ttb.gov/itd/importing-bottled-alcohol-beverages-into-the
-united-states
7. Permits Online Help Center. TTB. https://www.ttb.gov/ponl/permits-online-help
8. Permits Online Tutorial. https://www.ttb.gov/ponl/ponl-tutorial-part-1-wh-imp-page-1
9. Submitting Wholesaler/Importer Application. TTB. https://www.ttb.gov/wholesaler/permit-
application
10. Alcohol Dealer Registration. TTB. https://www.ttb.gov/images/pdfs/forms/f56305d.pdf
11. Certification/Exemption of Label/Bottle Approval (COLA). TTB. https://www.ttb.gov/alfd/certificat
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12. Application for and Certification/Exemption of Label/Bottle Approval. TTB. https://www.ttb.go
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13. COLAs Online Customer Page. TTB. https://www.ttb.gov/labeling/colas
14. Code Of Federal Regulations. Título 27. National Archives. https://www.ecfr.gov/current/title-
27/chapter-I/subchapter-A/part-27
15. Code Of Federal Regulations. Título 27/Parte 13. National Archives. https://www.ecfr.gov/curren
t/title-27/chapter-I/subchapter-A/part-13
16. Code Of Federal Regulations. Título 27/Parte 27. National Archives. https://www.ecfr.gov/curre
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17. Certificate of Age and Origin Requirements for Imported Alcohol Beverages. Countries. TTB
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18. Certificate of Age and Origin Requirements for Imported Alcohol Beverages. TTB.
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20. U.S Customs and Border Protection (CBP). https://www.cbp.gov/
21. Public Health Security and Bioterrorism Preparedness and Response Act of 2002.
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22. Food Safety Modernization Act. FDA. https://www.fda.gov/food/guidance-regulation-food-and-
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Fontes
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Delegated Regulation (EU) 2015/2446. EUR Lex. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/A
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31. Regulamento n. 315/93. Estabelece procedimentos comunitários para os contaminantes presentes
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32. Regulamento n. 1.881/2006. Fixa os teores máximos de certos contaminantes presentes nos
géneros alimentícios. EUR Lex. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=CELEX%3A32
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comercio-exterior/pt-br/assuntos/camex/estrategia-comercial/tarifas/tarifa-externa-comum
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del-arancel-consular
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departamento de registros e determina o alcance das funções das respectivas divisões. Aduana
Paraguay.
https://www.aduana.gov.py/uploads/archivos/Resoluci_n%20DNA%20N_%2003.2016.pdf
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del Registro a Establecimientos de Alimentos, Bebidas y Aditivos Destinados al Consumo Humano.
INAN. https://drive.google.com/file/d/1bj_g1-EYRD1rgjJIwhr4z-CZmmy2G0UT/view
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https://drive.google.com/file/d/19WZBq7ORWLwtOQin_rigfZ_ikpAiYGbr/view
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50. Code of Federal Regulations (CFR). Capítulo 1. Subcapítulo A. Parte 5. Subparte I. Parágrafo § 5.
141. National Archives. (eCFR :: 27 CFR 5.141 -- The standards of identity in general.)
51. Code of Federal Regulations (CFR). Capítulo 1. Subcapítulo A. Parte 5. Subparte E. Parágrafo § 5.
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géneros alimentícios. EUR Lex. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=CELEX%3
A32011R1169 Regulamento n. 2.019/787 relativo à definição, designação, apresentação e
rotulagem das bebidas espirituosas, à utilização das denominações das bebidas espirituosas na
apresentação e rotulagem de outros géneros alimentícios e à proteção das indicações
geográficas das bebidas espirituosas, à utilização de álcool etílico e de destilados de origem
agrícola na produção de bebidas alcoólicas, e que revoga o Regulamento (CE) n.o 110/2008. EUR
Lex. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=CELEX%3A32019R0787
54. Diretiva n. 2.007/45. Que estabelece as regras relativas às quantidades nominais dos produtos pré-
embalados. EUR Lex. https://eur-lex.europa.eu/legal-content/pt/TXT/?uri=CELEX%3A32007L0
045
55. Alcoholic strength by volume '% vol' (until 2014). EUR Lex. https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/EN/TXT/?uri=legissum:l32005
56. Regulamento MERCOSUR/GMC/RES. n. 26/2003. Regulamento Técnico Mercosul para Rotulagem
de Alimentos Embalados. https://normas.mercosur.int/public/normativas/962
57. Regulamento MERCOSUR/GMC/RES. n. 46/2003. Regulamento Técnico Mercosul sobre Rotulagem
Nutricional de Alimentos Embalados. Inmetro. http://www.inmetro.gov.br/barreirastecni
cas/PDF/GMC_RES_2003-046.pdf

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