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A CONTRIBUIÇÃO DE ROMANO GUARDINI PARA A TEOLOGIA ESPIRITUAL

CATÓLICA: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA CONTEMPLATIVA DA


MEDITAÇÃO
GARCIA, Ailton Fabricio Bacharelando em Teologia Católica no Centro Universitário
Internacional Uninter

SOBRENOME, Nome do Professor orientador convidado (o nome do professor Corretor


deve ser colocado após a primeira postagem e correção)

RESUMO

Este artigo científico tem como objetivo analisar a contribuição do teólogo Romano
Guardini para a Teologia Espiritual Católica, com ênfase na prática contemplativa da
meditação. A metodologia utilizada envolve uma revisão bibliográfica sistemática a
partir de obras do próprio Guardini e de outros autores que abordam sua influência
na teologia espiritual. A partir da análise crítica dos textos selecionados, buscamos
identificar as principais contribuições e limitações da abordagem de Guardini em
relação à meditação contemplativa.

O objetivo geral deste trabalho é compreender como a meditação contemplativa


pode ser uma prática espiritual significativa para a vivência da fé católica, sobretudo a
partir da perspectiva de Romano Guardini. Para tanto, apresentamos as
contribuições do teólogo para a compreensão teológica da meditação
contemplativa, especialmente sua ênfase na importância da experiência pessoal e na
relação entre contemplação e ação na vida cristã.

Espera-se, com este trabalho, contribuir para a reflexão sobre a importância da


espiritualidade na vida cristã e para o desenvolvimento da Teologia Espiritual
Católica. Além disso, este estudo pode fornecer subsídios para a prática da
meditação contemplativa no contexto da Igreja Católica, a partir de uma perspectiva
histórica e teológica. Concluímos que a meditação contemplativa pode ser uma
prática espiritual rica e significativa para a vida cristã, desde que vivenciada de forma
coerente com os princípios fundamentais da fé católica, como defendido por
Romano Guardini em suas obras.
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Palavras-chave: Romano Guardini, Teologia Espiritual Católica, meditação contemplativa,
espiritualidade, vida cristã.

1. Introdução

Cláudio de Oliveira Ribeiro destaca que "a teologia espiritual é um campo da


teologia que se ocupa com a dimensão mística e contemplativa da vida cristã,
considerando tanto sua dimensão pessoal quanto comunitária" (RIBEIRO, 2016, p.
13). Nesse sentido, a obra de Romano Guardini é reconhecida como uma das mais
importantes na história da teologia espiritual católica, tendo sido responsável por
resgatar a importância da contemplação e da meditação na vida religiosa. Guardini
defende que a meditação é uma prática que permite ao fiel um encontro profundo
com Deus, tornando possível a percepção da presença divina em todos os aspectos
da vida.
Diante desse cenário, este artigo científico se propõe a apresentar uma análise
sobre a contribuição de Romano Guardini para a teologia espiritual católica, com
ênfase na prática contemplativa da meditação. Para tanto, serão analisadas obras de
Guardini, bem como de outros autores que se debruçaram sobre sua produção
teológica, a fim de compreender como a meditação é compreendida e praticada na
tradição católica. O objetivo principal é, portanto, contribuir para a compreensão da
teologia espiritual católica, bem como para a promoção de práticas contemplativas
que possam beneficiar a vida espiritual dos fiéis.
Este artigo científico está dividido em três seções principais. Na primeira
seção, será feita uma revisão bibliográfica sobre a teologia espiritual católica e a obra
de Romano Guardini. Na segunda seção, serão apresentados os resultados da
pesquisa, com destaque para a compreensão de Guardini sobre a meditação
contemplativa. Na terceira seção, serão discutidas as implicações teológicas e
práticas da meditação contemplativa, bem como possíveis contribuições para a vida
espiritual dos fiéis. Ao final, serão apresentadas as conclusões e considerações finais.

2. Metodologia
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A metodologia utilizada neste artigo científico envolveu uma pesquisa
bibliográfica e documental a partir de obras de Romano Guardini e de outros autores que
abordam sua influência na Teologia Espiritual Católica. Foram selecionadas obras do
próprio Guardini e de outros autores que abordam sua contribuição para a compreensão
da meditação contemplativa e da espiritualidade na vida cristã. A pesquisa bibliográfica
foi realizada em fontes confiáveis, como bases de dados acadêmicas e bibliotecas virtuais.
Além disso, a pesquisa documental foi realizada a partir da análise de
documentos oficiais da Igreja Católica, como encíclicas, documentos do Concílio Vaticano
II e outros documentos relevantes para a compreensão da teologia espiritual. A análise
dos documentos foi feita com base em uma perspectiva histórica e teológica, buscando
identificar a relação entre a meditação contemplativa e a vivência da fé católica.
Com base na pesquisa bibliográfica e documental, foram identificadas as
principais contribuições e limitações da abordagem de Romano Guardini em relação à
meditação contemplativa e à espiritualidade na vida cristã. A metodologia utilizada
permitiu uma análise crítica e aprofundada das obras selecionadas, contribuindo para a
reflexão sobre a importância da espiritualidade na vida cristã e para o desenvolvimento
da Teologia Espiritual Católica.

3. Revisão bibliográfica/ Estado da arte

3.1. Revisão bibliográfica


O livro "O Senhor" de Romano Guardini é uma obra significativa na tradição
cristã e oferece uma profunda exploração da vida e da mensagem de Jesus Cristo.
Nesta obra, Guardini mergulha na figura do Senhor, apresentando uma reflexão
profunda e abrangente sobre a pessoa de Jesus e sua importância na vida espiritual
dos indivíduos.
Embora não possua informações específicas sobre o enfoque na meditação
dentro do livro, é possível inferir que a meditação e a contemplação da figura de
Jesus desempenham um papel fundamental na abordagem de Guardini. Através de
sua escrita, o autor busca convidar os leitores a uma experiência de encontro pessoal

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com o Senhor, incentivando a reflexão, a oração e a meditação sobre a vida e os
ensinamentos de Jesus. Exemplificando isto, vemos a fala de Guardini ao tocar na
temática da filiação divina:
“Ser nascido de Deus é também um ponto de partida que terá de ser
explicitado durante toda a vida. Somos filhos de Deus quando ‘nascemos da
água e do Espírito’; devemos assim, em primeiro lugar, tornarmo-nos filhos
de Deus. Mas talvez disséssemos melhor estas palavras: Enquanto crianças
de Deus, somos aqueles que nascemos do santo banho do batismo, mas
temos depois de nos tornar filhos, filhos do Pai. Foi -nos dado força para isso
(João 1, 2). Como podemos contribuir para isso? De várias maneiras:
assimilando a doutrina pela reflexão e pela meditação, combatendo os
nossos defeitos, para nos tornamos puros e virtuosos, ajudar o próximo,
realizar verdadeiramente o nosso trabalho e tudo o mais” (Guardini, 1964,
p.150)

Considerando a abordagem profunda e teológica de Guardini, o livro ofereça


insights valiosos para aqueles que desejam aprofundar sua prática de meditação
cristã. Ao refletir sobre a pessoa e a mensagem de Jesus, os leitores podem ser
inspirados a cultivar uma conexão mais íntima com Deus e a desenvolver uma vida de
oração contemplativa. É possível reconhecer nesta obra um potencial para ser uma
fonte enriquecedora para aqueles que buscam aprofundar sua compreensão da
meditação cristã e sua relação com a figura de Jesus Cristo.
Em outra obra intitulada "Formação Litúrgica" o referido autor nos apresenta
uma valiosa contribuição para aqueles que desejam explorar a relação entre a liturgia
e a prática da meditação. Guardini, neste livro, aborda a liturgia como um caminho
para aprofundar a experiência espiritual e estabelecer uma conexão mais profunda
com o sagrado.
No contexto da meditação, a liturgia pode desempenhar um papel significativo
ao oferecer um ambiente propício para a contemplação e o recolhimento interior. Ele
enfatiza a importância da interioridade e do envolvimento pessoal durante os ritos
litúrgicos, que são momentos de silêncio, oração e reflexão. Essa dimensão
contemplativa da liturgia se alinha com a prática da meditação, na qual o indivíduo
busca a quietude mental e o contato direto com sua própria essência e com o divino.

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Ao vivenciar a liturgia de forma ativa e consciente, os fiéis têm a oportunidade
de cultivar a presença mental e emocional no momento presente, abandonando as
preocupações do mundo exterior e entrando em um estado de concentração e
serenidade. Através dos ritos, símbolos e gestos litúrgicos, a liturgia cria um ambiente
propício para a meditação, convidando os participantes a mergulharem em uma
experiência profunda de conexão espiritual.
Além disso, Guardini destaca a importância da liturgia como uma prática que
vai além do momento ritual, influenciando a forma como os fiéis se relacionam com o
mundo e com os outros. Essa relação se estende à prática da meditação, na qual os
insights e as percepções adquiridas durante a contemplação podem ser aplicados no
cotidiano, promovendo uma maior consciência, compaixão e equilíbrio emocional nas
interações diárias.
“O que fica em pé, ora, oferta e atua no comportamento litúrgico não é ‘a
alma’, não é ‘a interioridade’, mas ‘a pessoa’. O ser humano por inteiro se
incumbe do agir litúrgico. A alma também, sim, mas na medida em que
anima o corpo. A interioridade, sim, mas na medida em que se manifesta no
corpo”. (GUARDINI, 2023, 59)

O livro "O Espírito da Liturgia", mais uma obra clássica bem conhecida de
Guardini, explora a importância da liturgia como uma fonte de espiritualidade
profunda. Embora não seja especificamente focado no tema da meditação, suas
reflexões e insights oferecem uma base sólida para compreender a relação entre a
liturgia e a prática da meditação.
O autor argumenta que a liturgia é mais do que apenas um conjunto de rituais
e cerimônias externas; é um encontro com o divino que desperta o espírito humano
para a presença transcendental. Nesse sentido, a liturgia pode ser vista como um
convite à meditação, à contemplação e ao mergulho interior. Nas palavras do autor,
vemos um sentido mais amplo e meditativo da liturgia:
“Nela Deus é cultuado através a unidade coletiva espiritual como tal, e esta,
por sua vez, se estrutura nesse culto. É importante compreender essa
essência objetiva da liturgia. (...) É precisamente na integração de seu ser no
seio de uma unidade mais alta que o crente encontrará a libertação e a

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formação interior. É o que decorre logicamente da natureza profunda do
homem, ao mesmo tempo individual.” (Guardini, 2014, p.11-12)

Ainda explora a importância do silêncio e da atenção plena durante a liturgia,


destacando como esses elementos fundamentais criam um espaço propício para a
meditação. Enfatiza a necessidade de os participantes estarem presentes de corpo e
alma, permitindo que a liturgia toque suas vidas de forma profunda e
transformadora. Ao descrever a liturgia como um "drama sagrado", Guardini destaca
como a participação ativa nos rituais e símbolos litúrgicos pode despertar uma
resposta emocional e espiritual nos indivíduos. Essa resposta, por sua vez, pode levar
à meditação, à reflexão e à busca de uma comunhão mais profunda com o divino.
Além disso, discute a importância da liturgia como uma prática comunitária,
enfatizando como a participação coletiva nos rituais pode fortalecer os laços de
comunhão e proporcionar um espaço compartilhado para a meditação em grupo. Ele
ressalta a importância de os fiéis se conectarem uns aos outros e compartilharem sua
jornada espiritual por meio da liturgia.
Embora "O Espírito da Liturgia" não se dedique exclusivamente à meditação, o
livro fornece um pano de fundo rico e profundo para entender a relação entre a
liturgia e a prática meditativa. Suas reflexões sobre o significado espiritual da liturgia
e a importância da participação consciente e engajada podem inspirar os leitores a
explorarem a meditação como um complemento poderoso à experiência litúrgica.
Por fim, tratando diretamente sobre a temática da oração, encontramos o
livro de Guardini “Introdução a vida de oração”. Tal livro é uma obra significativa que
explora o tema da oração e seu papel na vida espiritual. Nele oferece uma visão
abrangente e acessível sobre a importância e a prática da oração na vida cristã.
Através de uma abordagem clara e direta, Guardini guia o leitor em uma
jornada de descoberta da oração como um encontro íntimo com Deus. Ele explora
diferentes formas de oração, como a oração vocal, a meditação e a contemplação,
explicando suas características distintas e seus propósitos espirituais.
Uma das principais contribuições do livro é a ênfase na necessidade de uma
vida de oração autêntica e enraizada na realidade. Ele enfatiza que a oração não é
apenas uma atividade isolada, mas uma atitude contínua que permeia todas as
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dimensões da existência humana. Guardini destaca a importância de uma postura de
abertura e receptividade diante de Deus, permitindo que Ele transforme e conduza a
vida do indivíduo.
Outro aspecto valioso do livro é a atenção à importância da formação
espiritual na vida de oração. Discute a necessidade de cultivar uma disposição interior
adequada, a importância do silêncio e da atenção plena na oração, bem como a
necessidade de perseverança e paciência diante das dificuldades que podem surgir
ao longo do caminho espiritual.
"Orar é abrir-se. O que ocorre nesse ato é um ato divino: Deus sai ao
encontro do homem, manifesta-se a ele, fala-lhe. Na oração, o homem está
exposto, em todos os seus recantos mais secretos, à imediatidade de Deus.
Essa é a razão pela qual a oração é tão difícil, a razão pela qual o homem
muitas vezes foge dela. É difícil suportar tal proximidade." (Guardini, 2018, p.
58)

Para compreender toda esta dinâmica teológica e espiritual de Guardini, é


preciso compreendê-lo. Analisando a significância de Guardini, principalmente de
toda a sua teologia, temos a obra "Romano Guardini: Uma Teologia na
Contemporaneidade", escrita por Paulo Sérgio de Vasconcelos Borges que oferece
uma revisão bibliográfica abrangente e aprofundada sobre a teologia de Romano
Guardini, com ênfase na relevância de sua abordagem para a contemporaneidade.
Dentre os aspectos explorados nesse livro, destaca-se a ênfase dada à meditação
como uma prática fundamental na espiritualidade proposta por Guardini.
Borges analisa como Romano Guardini compreende e promove a prática da
meditação como um caminho para o encontro com o divino e o desenvolvimento da
vida espiritual. O autor examina as obras de Guardini, como "O Espírito da Liturgia" e
"Introdução à Vida de Oração", destacando a importância que Guardini atribui à
meditação como uma forma de interiorização, reflexão e contato íntimo com Deus.
Ao longo da obra, apresenta os principais conceitos e ensinamentos de
Guardini sobre a meditação, como a necessidade de silêncio interior, atenção plena e
abertura à presença divina. Além disso, Borges explora como a meditação, conforme

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compreendida por Guardini, influencia a relação do indivíduo com o mundo e com os
outros, promovendo uma vivência mais autêntica e transformadora.
Ao revisar e analisar as ideias de Romano Guardini sobre a meditação,
contribui para a compreensão da importância dessa prática na espiritualidade
contemporânea. Ele destaca como a meditação, de acordo com a abordagem de
Guardini, pode ser uma ferramenta valiosa para enfrentar os desafios da vida
moderna, cultivar uma vida espiritual mais profunda e desenvolver uma consciência
renovada diante do divino e do mundo.
“Ao enfatizar a importância do silêncio interior, da atenção plena e do
encontro pessoal com o divino, Guardini oferece uma abordagem que
convida os fiéis a se desconectar do ruído do mundo e a cultivar um espaço
interior para a presença de Deus. Sua visão da meditação contemplativa
como um caminho de união com o sagrado permite que os indivíduos se
reconectem com sua essência espiritual e encontrem um refúgio de
serenidade e inspiração em meio às demandas e distrações cotidianas.
Assim, a abordagem de Guardini sobre a meditação contemplativa não
apenas resgata uma prática ancestral da tradição espiritual católica, mas a
atualiza para dialogar com as inquietações e anseios da vida contemporânea.
Sua visão da meditação como um instrumento transformador oferece uma
resposta espiritual relevante para aqueles que buscam um caminho de
conexão mais profunda com o divino, de equilíbrio interior e de sentido em
meio às complexidades do mundo moderno" (BORGES, 2014, p. 112).

No tocante a meditação, porém alinhando sua prática aos processos do


mundo moderno e no seu cotidiano agitado, temos a obra "Contemplação num
mundo de ação" do renomado autor e monge trapista Thomas Merton. Nele o autor
explora a busca espiritual e a prática da contemplação em meio às demandas e
complexidades da vida ativa e engajada no mundo moderno.
A obra aborda a interação entre a vida contemplativa e a vida ativa,
procurando integrar a busca interior pela conexão com o divino com a realidade e as
responsabilidades diárias. Merton oferece reflexões profundas sobre a necessidade
de equilibrar o silêncio e a solidão contemplativa com o compromisso e ação no
mundo.

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Ao longo do livro, ele compartilha suas próprias experiências como monge e
eremita, destacando a importância de cultivar um espaço interior de silêncio e
quietude, mesmo em meio à agitação e às demandas externas. Também explora o
conceito de "contemplação ativa", enfatizando que a prática da contemplação não é
separada da vida cotidiana, mas deve informar e influenciar todas as nossas ações.
“Afastando qualquer ideia de instituição, ou mesmo de organização
religiosa, estou me referindo a uma dimensão especial de disciplina e de
experiência interior, a uma certa integridade e plenitude de
desenvolvimento pessoal, que não são compatíveis com uma existência
unicamente exteriorizada, alienada, de corre-corre. Isto não quer dizer que
sejam incompatíveis com a ação, o trabalho criativo, o amor dedicado. Pelo
contrário, tudo isto combina. Uma certa profundidade de experiência
disciplinada é basicamente para que a ação seja frutuosa.” (MERTON, 2019,
p. 212)

Merton também examina questões sociais e políticas, levantando a


importância de uma consciência espiritual para enfrentar os desafios e injustiças do
mundo. Ele destaca a necessidade de discernimento e discernimento moral em
nossas ações, buscando um equilíbrio entre a contemplação e a resposta ativa às
questões sociais.
"Contemplação num mundo de ação" é uma obra essencial para aqueles que
buscam um caminho espiritual autêntico e significativo em um contexto
contemporâneo. Merton oferece uma perspectiva única e inspiradora sobre como a
contemplação pode ser vivida e integrada em meio às exigências e responsabilidades
do mundo moderno, convidando o leitor a buscar uma vida de significado,
autenticidade e engajamento espiritual.
Outro livro de Merton, que se mostra um eficaz guia para compreensão do
valor da meditação em nossa contemporaneidade é “Direção espiritual e meditação”.
Ele reúne artigos que inicialmente foram publicados mensalmente numa revista
monástica. O livro é dividido em duas partes, num primeiro momento fala-se sobre a
direção espiritual e num segundo momento sobre a meditação. As palavras descritas
nesta obra não devem ser entendidas, simplesmente, como conteúdo acerca dessas
matérias, mas resultado da experiência pessoal desse grande homem, que marcou e

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marca gerações. Para o autor, especificamente falando de meditação, pode-se notar
que:
“Meditar é exercer o espírito em séria reflexão. É esse o sentido mais largo
que se possa dar a palavra ‘meditação’. O termo, então, não está confinado
ao âmbito das reflexões religiosas, mas implica atividades mentais e certa
absorção ou concentração que não permitem às nossas faculdades
vaguearem ao leu ou permanecerem preguiçosas e sem orientação.”
(MERTON, 2022, p. 95)

Henri Nouwen em seu livro o "Caminho do coração: A espiritualidade dos


padres e madres do deserto" nos conduz por um mergulho na rica tradição espiritual
dos Padres e Madres do Deserto, com ênfase na prática da meditação. Nouwen nos
apresenta a espiritualidade desses monges e monjas que buscaram a solidão e o
silêncio como caminho para a intimidade com Deus. Com citações diretas do livro, o
autor nos convida a refletir sobre a importância da meditação como um meio de
encontrar a paz interior e a conexão com o divino. Ele afirma: "Meditar é escutar o
coração que pulsa em nossa interioridade, é escutar as batidas do coração de Deus"
(Nouwen, 2016, p. 45). O autor nos orienta sobre os fundamentos da prática
meditativa, como a postura corporal adequada, a respiração consciente e o foco na
presença divina. Enfatiza a necessidade de dedicarmos tempo à meditação,
afirmando:
"Nossa busca por significado e propósito muitas vezes nos leva a explorar
diferentes caminhos espirituais. No entanto, em meio a tantas opções, é fácil
perder de vista a simplicidade e a essência da espiritualidade. O caminho do
coração, inspirado pelos padres e madres do deserto, nos chama a retornar à
fonte primordial de nossa fé. É um convite para desacelerar, escutar o
silêncio interior e encontrar a presença de Deus na quietude e na
contemplação. É um chamado para descobrir a verdadeira intimidade com o
divino e trilhar um caminho de autenticidade espiritual" (NOUWEN, 2016, p.
101).

Ao longo do livro, Nouwen mostra como a meditação pode ser uma porta
para a transformação espiritual e um caminho para a descoberta de nossa verdadeira
identidade. O livro oferece uma abordagem perspicaz e inspiradora sobre a

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meditação como um meio de se conectar com o divino e buscar uma vida espiritual
mais profunda no contexto da espiritualidade dos Padres e Madres do Deserto. Na
obra "História da Filosofia Antiga, vol. 2", Giovanni Reale apresenta um panorama da
filosofia antiga, destacando a importância da contemplação e da busca pela verdade
para os filósofos gregos e romanos.
Claudio de Oliveira Ribeiro, em "Mística e Espiritualidade: Contribuições para
uma Teologia Espiritual", apresenta uma profunda reflexão sobre a dimensão mística
da vida cristã e sua relevância para a espiritualidade contemporânea. Ele destaca a
importância de uma abordagem integral da espiritualidade, que transcende o mero
cumprimento de rituais e práticas religiosas, e busca integrar a experiência mística à
vida cotidiana.
O autor ressalta que a mística não é reservada apenas a uma elite espiritual,
mas é uma chamada universal para todos os cristãos. Ribeiro explora a ideia de que a
espiritualidade verdadeira se manifesta no contexto da vida cotidiana, permeando
todas as dimensões da existência, desde as atividades mais simples até os momentos
de tomada de decisões significativas. Ele desafia os leitores a enxergarem a
espiritualidade como um caminho de transformação interior que se reflete nas
relações interpessoais, nas escolhas éticas e na busca pela justiça social.
Ao longo do livro, Ribeiro oferece uma análise aprofundada de textos e
ensinamentos de místicos cristãos ao longo da história, buscando elucidar a natureza
da experiência mística e sua aplicação prática na vida diária. Sua obra estimula os
leitores a cultivarem uma espiritualidade mais profunda e autêntica, que transcende
as limitações de uma prática religiosa meramente superficial, e os convida a
mergulharem nas profundezas do relacionamento com Deus em todos os aspectos
da vida.
“A espiritualidade autêntica se revela na vida cotidiana, na simplicidade dos
gestos e na busca constante pela união com o Divino. [...] Essa perspectiva
nos desafia a viver uma espiritualidade integral, onde a mística se entrelaça
com nossa realidade diária, transformando nossas relações, escolhas e visão
de mundo." (RIBEIRO, 2016, p. 44)

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Assim, além de esclarecer os principais elementos da espiritualidade católica e
observar como esta é vivenciada na contemporaneidade, esta obra lhe oferece a
oportunidade de conhecer suas várias expressões em diferentes contextos
socioculturais e de compreender a fundo sua relação com o Deus Trindade – Pai, Filho
e Espírito Santo.
Outro autor que traz uma perspectiva histórica da Teologia Espiritual católica –
e com ela, pontos importantes sobre a meditação e a contemplação – é Luiz Balsan,
no livro “Teologia Espiritual”.
O livro ressalta que, embora tenha sido criada no início do século XX – sendo
uma das disciplinas teológicas mais recentes nos estudos católicos – a Teologia
Espiritual investiga aspectos fundamentais para que possamos refletir criticamente
sobre a espiritualidade nas nossas vidas.
O autor reforça que a espiritualidade é um dos grandes temas da atualidade,
gerando grande interesse na sociedade contemporânea, recebendo assim atenção
nos mais diferentes campos nos quais se desenvolve a vida humana. Saindo da
esfera religiosa, esta passa a ser estudada na Academia, apropriada por grupos de
negócios, pelos meios de comunicação social.
A obra buscou integrar história e reflexão teológica, para fazer o leitor refletir
claramente sobre a importância da espiritualidade.
“[...] a Teologia Espiritual toma por base os princípios da revelação e,
baseando-se neles, deduz o que seja a plenitude da vida espiritual e define o
modo como alcançá-la. O ponto de referência de toda reflexão, portanto, é a
revelação e a tarefa do teólogo e entendê-la e aplica-la a realidade concreta
das pessoas para que possam, a partir disto, viver sua vida de fé.” (BALSAN,
2019, p.24)

Finalizando, temos em Ariovaldo Ramos de Souza, na sua obra


"Espiritualidade Transformadora: Aprendendo a viver com alegria e propósito", uma
reflexão sobre a relação entre espiritualidade e transformação social, apresentando a
meditação e outras práticas contemplativas como instrumentos para a construção de
uma sociedade mais justa e solidária.

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Ele defende a ideia de que a espiritualidade autêntica não se restringe apenas
à busca individual pela transcendência, mas deve estar intrinsecamente ligada ao
engajamento ativo na busca por justiça e solidariedade.
Ramos de Souza destaca a meditação e outras práticas contemplativas como
instrumentos que podem fortalecer o compromisso social e promover uma mudança
significativa na sociedade. Enfatiza a necessidade de uma espiritualidade que
transcenda as limitações do individualismo e se manifeste no cuidado pelos mais
vulneráveis e na luta por uma sociedade mais igualitária.
Ao abordar a relação entre espiritualidade e transformação social, o autor
desafia os leitores a repensarem sua compreensão da espiritualidade e a colocarem
em prática uma espiritualidade que seja transformadora e impactante, capaz de gerar
mudanças concretas e significativas no mundo ao nosso redor.
Esta obra oferece uma perspectiva instigante sobre a relação entre
espiritualidade e transformação social, encorajando os leitores a unir sua busca
interior por significado e transcendência com uma prática ativa de justiça e
solidariedade na construção de um mundo melhor.
"A espiritualidade transformadora é a espiritualidade da vida, a
espiritualidade da encarnação. É a espiritualidade que se faz presente nas
ações cotidianas, nas relações interpessoais, nas escolhas políticas, nas lutas
por justiça e direitos humanos. É a espiritualidade que se conecta com as
dores e as esperanças da humanidade, que abraça a causa do próximo, que
busca construir um mundo mais justo e solidário. Não se trata de uma
espiritualidade desencarnada, que se isola da realidade e busca apenas a
própria satisfação espiritual, mas de uma espiritualidade que transcende o
eu e se compromete com o nós." (Souza, 2018, p. 82)

3.2. A Contribuição de Romano Guardini para a Teologia Espiritual Católica: Um


Estudo sobre a Prática Contemplativa da Meditação

A teologia espiritual católica é um campo vasto e diversificado, que busca


compreender e aprofundar a dimensão espiritual da vida cristã. Entre os diversos
teólogos e pensadores católicos que contribuíram para esse campo, Romano
Guardini se destaca como uma figura de importância significativa. Ele foi um teólogo

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e filósofo alemão que se dedicou intensamente ao estudo da espiritualidade e da
relação entre Deus e o ser humano.
Ao longo de sua obra, Guardini explorou a prática contemplativa da meditação
como um caminho para aprofundar a intimidade com Deus e fortalecer a vida
espiritual. Em seu livro "O Senhor", ele destaca a importância da meditação como um
meio de encontro com Deus, afirmando que "A meditação é a escola do encontro
com Deus" (GUARDINI, 2013, p. 45). Guardini enfatiza a necessidade de cultivar o
silêncio interior e a atenção plena como fundamentos para a prática contemplativa
da meditação. Segundo ele:
"A meditação é um mergulho na própria alma, é um silêncio interior que nos
permite ouvir a voz de Deus. Por meio dela, encontramos um refúgio de paz
em meio à agitação do mundo e abrimos espaço para a presença divina em
nosso ser. Na quietude da meditação, nossos pensamentos se aquietam e
nos tornamos receptivos à sabedoria e à orientação que vêm de cima. É
nesse encontro profundo e íntimo que encontramos fortaleza e
discernimento para enfrentar os desafios da vida. A meditação nos conecta
com o divino, revela-nos verdades profundas e desperta em nós uma
consciência renovada. É um convite para transcendermos o efêmero e nos
sintonizarmos com a essência eterna do Criador" (Guardini, 2013, p. 72).

A abordagem de Guardini em relação à meditação vai além de uma prática


individual e introspectiva. Ele enfatiza que a meditação também tem um aspecto
comunitário, uma vez que a busca por uma vida espiritual mais profunda não deve ser
vivida isoladamente. Guardini acredita que a meditação em comunidade pode
fortalecer os laços entre os fiéis e criar um ambiente propício para o crescimento
espiritual coletivo.
Além disso, ressalta que a meditação não se restringe apenas a momentos
específicos de recolhimento, mas pode ser uma atitude constante e permeante em
todas as atividades diárias. Ele encoraja os fiéis a cultivarem uma postura de atenção
e presença, buscando encontrar Deus em cada momento e em cada encontro com o
próximo. A meditação, nesse sentido, é vista como um caminho para viver de forma
mais consciente, conectada e alinhada com a vontade divina.

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Assim, a visão de Guardini sobre a meditação como um mergulho na alma e um
encontro com Deus reflete sua compreensão da espiritualidade como uma jornada
dinâmica e transformadora. Por meio da meditação, os fiéis são convidados a
explorar as profundezas de si mesmos e a se abrir para a presença e a orientação
divina, buscando um relacionamento mais íntimo e significativo com o Sagrado.
A meditação tem sua importância como um meio de conexão profunda com
Deus e de transformação pessoal. É o caminho para o coração, o lugar onde Deus
habita e onde podemos encontrar nossa verdadeira identidade.
Para compreender a contribuição de Romano Guardini no contexto da
teologia espiritual católica, é relevante situar suas ideias dentro do panorama mais
amplo da tradição filosófica e teológica. O ator de meditar tem sido relevante ao
espírito ocidental, desde a filosofia antiga, passando pelos primeiros mestres da
espiritualidade cristã até o momento, porém com nuances diferentes ao longo dos
séculos.
Na filosofia antiga, a meditação era vista como um meio de busca pela
sabedoria e pela verdade. Filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles praticavam a
meditação como uma forma de reflexão profunda e contemplação das questões
filosóficas fundamentais. Já na tradição cristã primitiva, a meditação era associada à
busca de Deus e à experiência mística. Os primeiros mestres espirituais, como os
Padres do Deserto, enfatizavam a importância da meditação como um caminho para
a união com Deus e o crescimento espiritual.
Ao longo dos séculos, a meditação assumiu diferentes formas e significados na
tradição cristã. Desde as práticas contemplativas dos monges medievais até a
popularização da Lectio Divina na Idade Média, a meditação era vista como uma
forma de interiorização e comunhão com o divino. Guardini, em seu contexto
contemporâneo, trouxe uma abordagem renovada à meditação, enfatizando a
importância da meditação como um meio de encontro pessoal com Deus em meio à
agitação do mundo moderno.
O mundo contemporâneo apresenta, no entanto, uma visão dicotômica da
meditação. Enquanto reconhece sua importância, a dinâmica sociedade da conexão
atual atua, em grande parte, como uma força contrária a meditação.

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“Em primeiro lugar toda a questão do mundo, do mundo secular, tornou-se
extremamente ambígua. Torna-se ainda mais ambígua quando é situada em
oposição a outra entidade, o mundo do sagrado. A velha dualidade tempo
eternidade, matéria-espírito, natural-sobrenatural e assim por diante (que
tem sentido num determinado contexto, muito limitado) é subitamente
transposta para um contexto inteiramente diferente em que cria apenas
confusão. Esta confusão é certamente um problema. Quer seja ‘o mundo’
um problema ou não, uma ideia confusa do que o mundo possivelmente é
tornar-se definitivamente um problema. É sobre esta confusão que quero
falar. Quero deixar bem claro que não estou falando como autor de A
montanha dos sete patamares que foi lido, ao que parece, por muitas
pessoas, mas como autor de ensaios e poemas mais recentes que foram
lidos, creio eu, por muito poucos. Esta não é a voz oficial do silêncio trapista,
o monge de capuz levantado e de costas para a câmera, meditando à beira
das águas de um lago artificial. Este não é o moderno Jerônimo, petulante e
incanonizável que nunca se refez do fato de ter conseguido renunciar à
cerveja. [Bebo cerveja sempre que posso. Gosto de cerveja e, por isso
mesmo, amo o mundo.]” (MERTON, 2019, p. 197)

Contudo, conforme mencionamos acima – reforçado pelo sentimento


expresso por Merton, quanto a questão do ‘mundo contemporâneo’ – há uma
dicotomia de sentidos em relação a meditação na atualidade. Se a agitação da
sociedade digital fere os princípios necessários para uma meditação, uma
contemplação verdadeiramente profunda, outras correntes de pensamento
destacam a prática meditativa como uma forma de desenvolvimento espiritual e de
busca por uma conexão mais profunda com o divino.
"A meditação nos convida a silenciar as vozes do mundo exterior e a entrar
em contato com nossa essência divina. É um convite para adentrar a
profundidade do nosso ser e encontrar uma conexão íntima com o sagrado.
Por meio da meditação, somos convidados a deixar de lado as distrações e
as preocupações cotidianas, permitindo-nos mergulhar em um estado de
quietude e introspecção. Nesse espaço de serenidade, abrimos as portas
para a presença divina, permitindo que a sabedoria interior se revele e nos
guie. A meditação nos oferece um momento sagrado de encontro conosco
mesmos e com o divino, onde encontramos paz, clareza e renovação"
(ROSA, 2015, p. 72).

16
Isto, esta carência de proximidade e intimidade com Deus, entretanto, não é
algo de novo. Há relevante importância da mística e da espiritualidade na busca por
uma relação mais profunda com Deus.
"A meditação contemplativa, como prática central da espiritualidade mística,
é um convite para mergulharmos na experiência direta e pessoal de Deus,
transcendendo as limitações do intelecto e entrando em comunhão
profunda com o divino. Nesse estado de contemplação, somos convidados a
deixar de lado as construções mentais e os conceitos prévios, abrindo-nos
para a presença viva e pulsante do Mistério Divino. É um encontro além das
palavras, onde as barreiras entre o eu e o divino se dissolvem, permitindo-
nos experimentar a unidade e a plenitude da existência" (RIBEIRO, 2016, p.
85).

Dentro desse contexto, a obra de Romano Guardini se destaca como uma


contribuição significativa para a teologia espiritual católica.
"A abordagem de Guardini sobre a meditação contemplativa oferece um
diálogo entre a tradição espiritual católica e as necessidades e desafios da
vida contemporânea. Por meio de suas reflexões, Guardini busca trazer a
prática milenar da meditação para um contexto relevante e significativo,
buscando atender às demandas espirituais e emocionais dos indivíduos na
sociedade atual. Sua compreensão da meditação como um caminho de
encontro com Deus e de aprofundamento da vida espiritual ressoa com a
busca por significado, paz e autenticidade experimentada por muitos neste
mundo acelerado e fragmentado." (BORGES, 2014, p. 112).

É uma busca por uma espiritualidade transformadora. A meditação


contemplativa, conforme apresentada por Guardini, é uma ferramenta poderosa para
a transformação pessoal e a busca por uma espiritualidade autêntica. "A meditação
nos conduz a um encontro profundo e pessoal com Deus, permitindo que sua
presença transforme nossa vida e nos capacite a viver com propósito e alegria"
(SOUZA, 2015, p. 64).
Para compreendermos melhor a importância que o autor estudado neste
artigo traz à Teologia Espiritual Católica, vejamos como tal se situação ao longo do
tempo.
17
3.2.1. A Tradição da Teologia Espiritual Católica
A teologia espiritual católica tem suas raízes profundamente entrelaçadas com
a vida e os ensinamentos dos padres e madres do deserto dos primeiros séculos do
cristianismo. Esses homens e mulheres ascéticos, que se retiraram para o deserto em
busca de uma comunhão mais íntima com Deus, desempenharam um papel
fundamental no desenvolvimento da espiritualidade cristã.
Os padres e madres do deserto foram pioneiros na busca pela compreensão
da experiência humana de Deus. Através de uma vida de renúncia, contemplação e
oração incessante, eles exploraram os caminhos da comunhão divina e da purificação
interior. Suas experiências e ensinamentos foram transmitidos oralmente e por
escrito, e suas palavras ressoam até hoje nas tradições da teologia espiritual católica.
“Os Padres e Madres do Deserto, que viveram no Egito durante os séculos IV
e V, podem oferecer uma perspectiva muito importante em nossa vivência
como ministros. Eles eram cristãos que buscavam uma nova forma de
martírio. Assim que as perseguições cessaram, já não era possível testificar
Cristo ao segui-lo como testemunha de sangue. No entanto, o cessar das
perseguições não significa um mundo que aceitava as ideias de Cristo e
alterava seus caminhos; o mundo continuava a preferir a escuridão à luz [Jo
3, 19]” ( NOUWEN, 2014, p. 13-14)

Esses mestres do deserto enfatizavam a necessidade do silêncio, da solidão e


da ascese como meios de se aprofundar na experiência de Deus. Através de práticas
como a meditação, a oração contínua e a vigilância interior, eles buscavam purificar a
mente e o coração, a fim de permitir uma união mais profunda com o divino.
Além disso, os padres e madres do deserto desenvolveram um rico
vocabulário espiritual que ainda influencia a teologia espiritual católica. Termos como
hesíquia (silêncio interior), nepsis (vigilância) e theosis (união com Deus) são
exemplos da linguagem e conceitos que foram desenvolvidos por esses mestres
ascéticos e que continuam a moldar a compreensão da vida espiritual.
Dessa forma, os padres e madres do deserto dos primeiros séculos do
cristianismo desempenham um papel crucial na história da teologia espiritual
católica. Suas experiências e ensinamentos forneceram os fundamentos para o
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desenvolvimento posterior da tradição espiritual e influenciaram profundamente o
entendimento da busca pela comunhão com Deus e a purificação da alma. Através de
suas vidas exemplares e ensinamentos sábios, eles continuam a inspirar e guiar os
fiéis em sua jornada espiritual até os dias de hoje.
Após o período dos padres e madres do deserto, a teologia espiritual católica
também foi enriquecida pela influência da Idade Média e da Modernidade. Durante a
Idade Média, especialmente com a ascensão dos mosteiros beneditinos, agostinianos
e cistercienses, houve uma continuidade do legado dos mestres ascéticos do deserto.
Na Idade Média, destacaram-se teólogos e místicos como Santo Agostinho,
São Bernardo de Claraval e São Tomás de Aquino, que trouxeram uma abordagem
mais sistemática e intelectual para a teologia espiritual católica. Suas obras
exploraram a natureza da alma, a busca pela união com Deus e o papel da graça
divina na transformação espiritual. Através de escritos como "Confissões" de Santo
Agostinho e "Escada do Paraíso" de São João Clímaco, aprofundaram-se as reflexões
sobre a experiência da alma em busca da santidade.
Com a chegada da Modernidade, houve um enfoque crescente na
subjetividade individual e na experiência pessoal na teologia espiritual católica.
Místicos como Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz trouxeram uma abordagem
mais introspectiva e intimista da espiritualidade, enfatizando a união extática com
Deus e a jornada da alma rumo à perfeição. Suas obras, como "Castelo Interior" de
Santa Teresa de Ávila e "Noite Escura" de São João da Cruz, são consideradas
tesouros da literatura mística e continuam a influenciar profundamente a teologia
espiritual católica até os dias de hoje.
Na era moderna, a teologia espiritual católica se expandiu para abranger
diversas correntes e movimentos espirituais. Teólogos e espiritualistas como São Luís
Maria Grignion de Montfort, Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Faustina
Kowalska trouxeram uma abordagem mais acessível e prática da espiritualidade,
destacando a importância da devoção mariana, da confiança na misericórdia divina e
do abandono filial a Deus.
Nesse contexto, a teologia espiritual católica continua a se desenvolver,
buscando dialogar com as necessidades e desafios da vida contemporânea. Através

19
de ensinamentos e práticas como a Lectio Divina, a oração contemplativa e a busca
pela santidade no cotidiano, a teologia espiritual católica oferece orientação e
sustento espiritual para os fiéis em sua busca por uma maior intimidade com Deus,
independente da época em que se encontram.
“A história nos mostra que a espiritualidade cristã é profundamente
encarnada. Os grandes mestres sempre dialogaram com o seu tempo,
demonstraram sensibilidade diante dos problemas e desafios e, acima de
tudo, souberam, com base em sua experiência de fé, propor formas de vida
que ajudaram a humanidade a se reencontrar e reinventar sua história.”
(BALSAN, 2019, p. 167)

Na contemporaneidade, a teologia espiritual católica continua a evoluir e se


adaptar às necessidades dos fiéis em um mundo em constante mudança. Para este
estudo, dentre tantos mestres da espiritualidade contemporânea queremos destacar
a figura de Romano Guardini, cujas contribuições para a teologia espiritual têm
ressonância significativa nos dias atuais.
A abordagem de Guardini na teologia espiritual contemporânea destaca-se por
sua ênfase na busca por uma experiência autêntica e pessoal de Deus. Ele enfatiza a
importância da meditação como uma prática central para aprofundar a intimidade
com o divino e fortalecer a vida espiritual. Guardini vê a meditação como um meio de
encontro profundo e transformador com Deus, permitindo que os fiéis encontrem
um refúgio de paz e discernimento em meio às complexidades e agitações do mundo
moderno.
Além disso, a teologia espiritual na contemporaneidade, influenciada por
Guardini, busca resgatar a dimensão contemplativa e mística da fé cristã, destacando
a importância do silêncio interior, da escuta atenta e da prática da presença de Deus
no cotidiano. Essa abordagem enfatiza a necessidade de uma espiritualidade vivida
de forma integrada, que transcende os aspectos meramente intelectuais e se
manifesta em uma profunda experiência de encontro com o divino.
Romano Guardini também traz à teologia espiritual contemporânea uma
preocupação com a relação entre espiritualidade e ação social. Ele enfatiza que a
autêntica vida espiritual não se limita ao recolhimento interior, mas se expressa no

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compromisso com a justiça, a solidariedade e a transformação social. Guardini
destaca que a meditação e outras práticas contemplativas podem ser instrumentos
poderosos para despertar uma consciência renovada, inspirando os fiéis a se
engajarem ativamente na construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Dessa forma, a teologia espiritual na contemporaneidade, influenciada pelo
pensamento de Romano Guardini, busca oferecer respostas espirituais relevantes
para os desafios e anseios da vida moderna. Ela convida os fiéis a mergulhar em uma
experiência direta e pessoal de Deus, a cultivar a interioridade, a buscar a
transformação interior e a se engajar na construção de um mundo mais justo e
compassivo. Nessa abordagem, a teologia espiritual católica encontra uma forma de
se renovar e responder às necessidades espirituais dos indivíduos, oferecendo um
caminho de profundidade, significado e conexão com o divino na
contemporaneidade. "Minha compreensão da meditação contemplativa está
enraizada na longa tradição espiritual da Igreja, que valoriza a busca pela união com
Deus por meio da contemplação silenciosa" (GUARDINI, 2013, p. 91).

3.2.3 A Contribuição de Romano Guardini na Teologia Espiritual Católica


Romano Guardini trouxe uma perspectiva única para a teologia espiritual
católica, especialmente em relação à prática contemplativa da meditação. Em seu
livro "O Senhor", ele destaca a importância de uma abordagem pessoal e autêntica
na meditação, afirmando: "A meditação não é apenas um exercício intelectual, mas
uma busca sincera e pessoal por uma experiência profunda de comunhão com Deus"
(GUARDINI, 2013, p. 112).
Uma das contribuições mais marcantes de Guardini é sua compreensão da
meditação como um processo que envolve a totalidade do ser. Ele destaca que a
meditação autêntica requer o engajamento de mente, corpo e espírito, buscando
uma conexão íntima e transformadora com Deus. Para Guardini, a meditação vai além
da recitação de orações ou do estudo de textos religiosos, exigindo um compromisso
interior e um desejo sincero de encontrar a presença divina.
Outro aspecto crucial da contribuição é a importância que ele atribui ao
silêncio e ao recolhimento na meditação. Ele acredita que é no silêncio interior que

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podemos ouvir a voz de Deus e estabelecer uma profunda comunhão com Ele. Ao
desligar as distrações externas e voltar-se para o nosso interior, criamos um espaço
sagrado onde podemos encontrar descanso e renovação espiritual. Tal ação é
também levada pelo autor à celebração liturgia – local comum de encontro e
expressão da fé católica. Nela, segundo Guardini, encontra-se a possibilidade,
também, de uma interiorização para o encontro com o Senhor, sem nos perdermos
do que e de quem somos.
“Ora, é certo que há atitudes religiosas que enfatizam o ‘espiritual’, a
‘interioridade’, como a oração silenciosa, em que o homem aspira
tacitamente a Deus, fica diante dele ou permanece apenas aberto e à espera.
Por outro lado, a liturgia, do princípio ao fim, dispõe todo o ser humano
como portador de suas ações e de sua atitude. Ela será perfeita se não levar
o orante a perder sua corporalidade – nesse sentido último – cada vez mais
humano. Quer dizer que no ato litúrgico, sua corporalidade se internaliza, se
espiritualiza cada vez mais; e que sua alma expressa sempre mais
plenamente, se encarna.” (GUARDINI, 2023, p. 70)

Guardini também enfatiza a postura de humildade e abertura diante de Deus


na meditação. Ele nos lembra que não somos os protagonistas nesse processo, mas
sim receptores da graça divina. Reconhecer nossa dependência de Deus e render-nos
a Ele em humildade permite que Ele nos transforme e nos conduza mais
profundamente em Sua presença.
Guardini ainda ressalta que a meditação não deve ser um fim em si mesma,
mas um meio para alcançar um objetivo maior: a transformação espiritual e a união
com Deus. Ele nos encoraja a levar a experiência da meditação para além do
momento de silêncio, aplicando-a em nossas vidas cotidianas e buscando viver de
forma mais consciente e alinhada com a vontade divina em todas as áreas de nossa
existência. A abordagem pessoal e profunda de Guardini na meditação continua a
inspirar e enriquecer a teologia espiritual católica.
Paulo Sérgio de Vasconcelos Borges reconhece a relevância das contribuições de
Guardini, afirmando: "Guardini traz uma visão contemporânea e relevante para a
teologia espiritual, apresentando a meditação contemplativa como um recurso
valioso para os fiéis católicos em sua jornada espiritual" (BORGES, 2014, p. 83).

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3.2.4. Diálogo com Outras Correntes Espirituais
A abordagem de Romano Guardini na prática contemplativa da meditação
também pode ser contextualizada em diálogo com outras correntes espirituais.
Alexandre Gonçalves da Rosa destaca a importância desse diálogo, afirmando:
"A meditação contemplativa, conforme apresentada por Guardini, encontra
ressonância em outras tradições espirituais, como o budismo e o hinduísmo,
que também valorizam a busca pela conexão profunda com o divino por
meio da contemplação e do silêncio interior" (ROSA, 2015, p. 108).

Guardini reconhecia que há uma riqueza espiritual a ser explorada no encontro


com outras tradições religiosas. Ele acreditava que o diálogo com o budismo,
hinduísmo e outras correntes espirituais poderia oferecer diferentes perspectivas
sobre a meditação contemplativa, enriquecendo assim a compreensão e a prática
dessa disciplina espiritual.
O diálogo com outras correntes espirituais permitiu a Guardini aprender com
suas práticas e abordagens únicas. Ele via nesses encontros uma oportunidade de
ampliar seu conhecimento e aprofundar sua experiência espiritual, reconhecendo
que cada tradição tem suas próprias contribuições valiosas para oferecer.
Nisto aproxima-se da visão de Merton, que via a meditação como uma parte
intrínseca do humano. Apesar de fazer sérios apontamentos sobre o ato de meditar.
“Uma boa meditação não nos dá, necessariamente, uma percepção
absolutamente da verdade espiritual que buscamos. Pelo contrário, a
medida que progredimos na vida interior, nossas compreensões das coisas
divinas, na oração mental, tende a se tonar um tanto indefinida, pois nossa
mente se acha na presença de mistérios demasiadamente vastos para a
compreensão humana.” (MERTON, 2022, p. 120)

Ainda em relação a esse diálogo, ele também levou Guardini a encontrar


pontos de convergência entre diferentes tradições religiosas. Ele acreditava que,
apesar das diferenças superficiais, havia um cerne espiritual comum que conectava
todas as pessoas em sua busca por transcendência e união com o divino. O diálogo
inter-religioso, para Guardini, foi uma maneira de descobrir e celebrar essa unidade
espiritual subjacente.

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Ribeiro (2016), ao abordar a relação entre mística e espiritualidade, destaca a
importância de um diálogo inter-religioso na compreensão da meditação
contemplativa. Ele afirma: "A meditação contemplativa transcende as fronteiras
religiosas e pode ser uma prática compartilhada por pessoas de diferentes tradições
espirituais, pois é um meio de encontro direto com o mistério divino" (RIBEIRO, 2016,
p. 121).

Ao promover o diálogo com outras correntes espirituais, Guardini demonstrou


uma abertura e uma atitude de respeito em relação aos outros. Ele buscava criar um
espaço de compreensão mútua e colaboração, onde diferentes tradições religiosas
pudessem se encontrar, compartilhar suas experiências espirituais e buscar uma
compreensão mais profunda da presença divina em suas vidas.
Nesse sentido, a contribuição de Romano Guardini na teologia espiritual
católica abre possibilidades de diálogo e enriquecimento mútuo com outras tradições
espirituais, permitindo uma compreensão mais ampla e abrangente da meditação
contemplativa.

3.2.5. O Desafio da Espiritualidade Contemporânea


No contexto da espiritualidade contemporânea, a prática meditativa tem sido
cada vez mais valorizada como uma resposta aos desafios e demandas da vida
moderna. Ariovaldo Ramos de Souza destaca a importância da espiritualidade
transformadora no mundo atual, afirmando: "A meditação contemplativa, como
proposta por Guardini, é uma forma de espiritualidade que nos capacita a enfrentar
os desafios do mundo contemporâneo com serenidade, alegria e propósito" (SOUZA,
2015, p. 91).
Hoje muitas pessoas estão em busca de um equilíbrio interior, de um refúgio
da agitação e do estresse da vida moderna. A espiritualidade católica, assim como
outras tradições religiosas, enfrenta o desafio de se adaptar a esse contexto e
oferecer práticas que sejam significativas e relevantes para as necessidades atuais. A
abordagem de Romano Guardini na meditação contemplativa pode ajudar nesse
sentido.

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Guardini propõe uma forma de meditação que vai além de uma mera técnica,
mas busca uma conexão profunda com Deus e uma transformação interior. Essa
abordagem ressoa com a busca contemporânea por uma espiritualidade mais
autêntica e personalizada, que vá além de rituais vazios e responda às aspirações
mais profundas do ser humano.
“"Orar não significa dirigir a Deus um monólogo, mas entrar num diálogo
com Ele. Não somos apenas aquele que reza, mas também aquele que é
rezado. Deus nos chama, entra em nosso coração e nos concede a graça de
ouvir Sua voz. A oração é um encontro de amor, onde nos abrimos para
receber o amor de Deus e responder a Ele com amor e confiança."
(GUARDINI, 2018, p. 70)

A prática da meditação contemplativa, conforme apresentada pelo teólogo,


oferece às pessoas um espaço de silêncio e recolhimento onde elas podem encontrar
paz interior, clareza mental e um senso renovado de propósito e significado. Em um
mundo repleto de distrações e ruídos, essa prática pode ser um refúgio e uma fonte
de fortalecimento espiritual.
Além disso, no tocante a meditação contemplativa, também incentiva a
integração da fé com a vida diária. Ressalta a importância de levar a experiência
meditativa para além do momento de silêncio, aplicando-a nas situações cotidianas e
buscando viver de forma mais consciente, compassiva e em sintonia com a vontade
de Deus.
Assim, a contribuição de Romano Guardini na prática contemplativa da
meditação pode auxiliar a espiritualidade católica na contemporaneidade,
oferecendo uma abordagem relevante que atende aos anseios e desafios espirituais
da sociedade atual. Sua visão profunda e sua compreensão da importância da
conexão pessoal com Deus podem inspirar e guiar aqueles que buscam um caminho
de crescimento espiritual e transformação interior nos tempos modernos.
Em suma, o contexto da teologia espiritual católica é marcado por uma rica
tradição, influenciada por diversas correntes e autores ao longo dos séculos. Romano
Guardini se destaca como um pensador que trouxe contribuições significativas,
especialmente na prática contemplativa da meditação. Sua abordagem, dialogando

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com outras tradições espirituais e respondendo aos desafios da espiritualidade
contemporânea, oferece insights e orientações valiosas para aqueles que buscam
uma vivência mais profunda da fé católica por meio da meditação contemplativa. No
próximo capítulo, aprofundaremos a compreensão da prática contemplativa da
meditação, explorando suas bases teológicas e suas dimensões espirituais, à luz das
contribuições de Romano Guardini.

4. Considerações finais
Este artigo buscou apresentar a contribuição de Romano Guardini para a
Teologia Espiritual Católica, em especial a prática contemplativa da meditação. A
partir da revisão bibliográfica, foi possível compreender a importância do
pensamento de Guardini para a renovação da espiritualidade católica no século XX,
com sua abordagem integral que valoriza a dimensão litúrgica, bíblica, pessoal e
social da fé.
Destacou-se a centralidade da meditação na espiritualidade de Guardini, que a
concebe como um caminho de encontro pessoal com Deus e uma forma de
integração entre a fé e a vida cotidiana. Nesse sentido, a prática meditativa pode
ajudar os fiéis a cultivar a interioridade, a escuta da Palavra de Deus e o
discernimento da vontade divina.
Ao analisar as obras de Guardini, juntamente com a de outros autores, foi
possível perceber a atualidade e relevância de sua reflexão para a vida espiritual
contemporânea. A meditação é uma prática que pode ajudar a superar os desafios e
as angústias da vida moderna, que muitas vezes nos afastam do encontro com Deus
e com nós mesmos.
A contribuição de Romano Guardini para a Teologia Espiritual Católica, em
especial a prática contemplativa da meditação, pode ser uma inspiração para todos
aqueles que buscam uma espiritualidade mais profunda e autêntica. Sua abordagem
integral, que valoriza a dimensão humana e divina da fé, pode ajudar a superar as
dicotomias e fragmentações que muitas vezes marcam a vida religiosa e a
redescobrir a riqueza da tradição cristã.

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Portanto, tanto para o estudante de Teologia, quanto para os que buscam uma
vida de fé mais próxima de Deus, alicerçada na experiência humana, ler e por em prática
aquilo que este grande teólogo propôs tende a ser não apenas algo a mais mas, sim, um
meio de compreender o que se acredita, rezar com o que se compreendeu e viver
plenamente uma vida no Senhor.

Referências
BALSAN, Luiz. Teologia Espiritual. Curitiba: InterSaberes, 2019.
BORGES, Paulo Sérgio de Vasconcelos. Romano Guardini: Uma Teologia na
Contemporaneidade. São Paulo: Paulinas, 2014.
GUARDINI, Romano. O Senhor. São Paulo: Ecclesiae, 2013.
O Espírito da Liturgia. São Paulo: Cultor de Livros, 2018
Formação Litúrgica. Curitiba: Editora Carpintaria, 2023
Introdução a vida de oração. São Paulo: Cultor de Livros, 2018
MERTON, Thomas. Contemplação num mundo de Ação. Petrópolis: Vozes, 2019.
Direção Espiritual e Meditação. Petrópolis: Vozes, 2022.
NOUWEN, H. J. M. Caminho do coração: A espiritualidade dos padres e madres do
deserto. Petrópolis, RJ: Editora Vozes. 2016
RIBEIRO, Claudio de Oliveira. Mística e Espiritualidade: Contribuições para uma Teologia
Espiritual. São Paulo: Paulus, 2016.
SOUZA, Ariovaldo Ramos de. Espiritualidade Transformadora: Aprendendo a viver com
alegria e propósito. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2015.

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