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ALIMENTAÇÃO
Caetano Monteiro
Departamento de Engenharia Mecânica
ALIMENTAÇÃO
ÍNDICE
ALIMENTAÇÃO 1
0. Introdução 3
3 . Alimentadores 7
4. Conclusão 17
ALIMENTAÇÃO 30
2
0. Introdução
A obtenção de peças no estado sólido a partir do metal líquido arrasta fenómenos físicos e químicos que
afectam o próprio metal líquido, bem como as cavidades ou moldes onde vai ser vazado.
O metal no estado líquido está a uma temperatura muito superior à temperatura do ambiente e da
cavidade, a moldação. A sua passagem ao estado sólido só é conseguida porque o metal transfere calor
para a moldação, arrefecendo, e aquecendo a moldação. Podemos constatar que:
- O volume que o metal ocupa no estado líquido é diferente do que ocupará no estado sólido,
logo durante o arrefecimento dá-se uma variação do volume do metal.
- A cavidade que recebe o metal e dissipa o calor que o metal perde, também sofre variações de
volume.
- Além disso nem todos os metais solidificam da mesma forma.
Se o metal líquido fosse vazado na moldação apenas em quantidade suficiente para a encher, ao
solidificar surgiriam defeitos por falta de metal, devido à contracção na solidificação (figura 1).
3
Figura 2 - Superfícies de corte mostrando poros e rechupes no interior de peças.
Figura 3 - Peças com alimentadores. O simples uso de alimentadores não garante a sanidade da peça. É necessário
que a sua colocação e as suas dimensões sejam bem estudadas.
O primeiro metal que solidifica é o que entra em contacto com as paredes da cavidade, porque estão mais
frias. A falta de metal devida à contracção fica situada no interior da peça, constituindo vazios chamados
poros, rechupes ou fissuras (figura 2).
O objectivo do uso de alimentadores (figura 3) em fundição é assegurar o fornecimento de metal líquido
à peça, para compensar a contracção do metal durante a solidificação.
Para isso o fundidor deve assegurar:
- Que a solidificação da peça seja dirigida de forma a que não fiquem bolsas de metal líquido
isoladas na peça;
- Que o alimentador seja a última zona a solidificar;
- Que o alimentador tenha um volume capaz de fornecer a quantidade de metal suficiente para
compensar a contracção.
4
2. Solidificação das Ligas Metálicas
Tipos de Solidificação
As ligas metálicas não apresentam todas o mesmo tipo de solidificação. Em algumas ligas a solidificação
inicia-se junto à parede da cavidade e formam-se dendrites (cristais em forma de espinha ou ramo de
árvore) que crescem para o interior do metal, engrossando para os lados, de modo que se vai formando
uma camada solidificada compacta que cresce de forma progressiva e dirigida. Diz-se que solidificam em
camada fina (figura 4).
Noutras ligas a solidificação começa simultaneamente por todo o metal, tornando-se numa massa
espessa, e é difícil fazer passar o metal líquido para compensar a contracção. Diz-se que solidificam em
camada espessa (figura 5).
5
Figura 4 - Solidificação em camada fina:
a) Começa a formar-se uma camada sólida junto à
parede, quando o líquido entra na cavidade;
b) Os cristais que se formaram crescem para o interior
do líquido;
c) O crescimento cessa quando os cristais que crescem
de paredes opostas se encontram, e o metal deixa de
fluir;
d) No fim fica um rechupe na parte do metal que se
mantém líquido durante mais tempo.
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3 . Alimentadores
Tipos de Alimentadores
Podem usar-se dois tipos de alimentador distintos:
- Alimentador de Topo (figura 7a) situado numa cota
superior à da peça, e com a sua superfície superior
em contacto com a atmosfera.
- Alimentador Cego (figura 7b) situado totalmente
metido dentro da moldação, ao nível dos planos de
apartação.
Os alimentadores de topo podem ser cobertos por materiais
isolantes e até exotérmicos (capazes de reagir com o metal e
libertar calor), a fim de permanecerem líquidos mais tempo.
O metal escoa-se para a peça sob acção da gravidade e da
pressão atmosférica.
Nos alimentadores cegos devem ser instalados machos muito porosos para estabelecer contacto com a
atmosfera com intenção de fazer uso da pressão atmosférica para auxiliar o fornecimento de metal
líquido à peça (figura 8).
7
O envolvimento dos alimentadores em materiais isolantes diminui a velocidade de arrefecimento do
metal neles contido, e torna-os mais eficazes. A forma mais usual de fazer a instalação de isolantes é sob
a forma de mangas que se instalam sobretudo nos alimentadores de topo, depois de pronta a moldação
(figura 9).
8
a b
c d
Figura 10 - Alimentadores:
a) Alimentador Cilíndrico Cego; b) Alimentador Circular Cego;
a) Alimentador Cilíndrico de Topo; c) Alimentador Cilíndrico Ovalado de Topo.
Já vimos que no interior das peças o metal se conserva líquido mais tempo. No entanto mesmo no interior
das peças há zonas que solidificam mais tarde que as outras porque têm mais dificuldade de evacuar o
calor (figura 11). são as chamadas zonas ou pontos quentes da peça. A determinação das zonas quentes é
de crucial importância e será tratado em seguida o método de o fazer, porque é nestes pontos que surgem
os defeitos de contracção do metal, ou seja, porosidades.
9
Depois de sabida a posição destes poros fica sabida qual a colocação que se deve dar aos alimentadores;
devem ter uma localização tal que possam fornecer metal líquido a estas zonas até à solidificação
completa delas.
A determinação das zonas quentes é às vezes muito fácil por simples observação da peça. No caso de
subsistirem dúvidas pode usar-se o método de Heuvers, inscrevendo círculos tangentes aos contornos da
secção da peça. Uma secção será tanto mais quente quanto maior for o diâmetro do círculo inscrito que se
obtiver (figura 12).
Analisando a forma da peça verifica-se que existem partes que podem ser alimentadas por outras partes
da mesma. Prevê-se a posição de vazamento, para se criarem condições que facilitem a alimentação.
Conduz-se o metal mais frio para as zonas que devem solidificar primeiro, provoca-se o aquecimento das
zonas que devem solidificar em último lugar fazendo passar por elas o metal que está a chegar à peça, e
vem ainda quente (figura 13).
A alimentação só é possível quando as linhas de início e de fim de solidificação não são paralelas em
duas faces opostas (figura 14). Os topos das peças , oferecendo uma área de evacuação de calor muito
grande provoca o aparecimento de frentes de solidificação de forma triangular.
Mais para o meio das peças perde-se o efeito das pontas e a solidificação é atrasada, formando-se frentes
de solidificação paralelas, que vêm dar origem ao aparecimento de rechupes no interior das peças.
A introdução dos alimentadores contraria este efeito, porque é uma fonte de calor que retarda a
solidificação numa das faces, e elimina mesmo parte da face de contacto com a moldação.
Figura 12 - As zonas mais quentes são as que permitem maior círculo inscrito.
10
a
O efeito da acção do alimentador estende-se à volta da zona onde for colocado, mas perde-se a partir de
uma certa distância. A distância a que se faz sentir o efeito do alimentador chama-se Raio de Acção do
alimentador.
Para aumentar o raio de acção e quebrar o paralelismo das frentes de arrefecimento pode recorrer-se a
arrefecedores, elementos metálicos inseridos na moldação, que provocam um arrefecimento mais rápido
na área onde são colocados, conseguindo um efeito semelhante ao das pontas da peça.
Ao estudar a localização do alimentador deve ter-se em atenção o seu raio de acção para garantir a
sanidade das peças.
11
Dimensionamento dos Alimentadores
Para se conseguir boa alimentação das peças devem considerar-se os pontos seguintes:
- Tipo de liga que constituirá a peça considerando:
- Forma de solidificação;
- Contracção volumétrica.
- Localização das zonas a alimentar:
- Determinação de pontos quentes (método do círculo inscrito por exemplo);
- Determinação do raio de acção do alimentador.
Sabidos estes dados passa-se ao cálculo das dimensões dos alimentadores e do seu número. Este cálculo é
executado satisfazendo três regras simples, a saber:
lº Regra dos módulos
2º Regra do raio de acção
3º Regra da contracção volumétrica
Fixa as dimensões dos alimentadores atendendo à relação entre os tempos de solidificação da peça (ou
das partes em que a peça se possa dividir) e o do alimentador.
O tempo (t) necessário para que uma peça solidifique até uma espessura (E) está relacionado com a
mesma espessura pela relação:
2
E
t=
K
onde K varia com o material e o tipo de moldação, sendo constante para cada caso, e chama-se constante
de solidificação.
Definindo o módulo de uma peça, Mp, como o quociente entre o seu volume, Vp, e a superfície de
arrefecimento, Sp, ou seja:
Vp
Ma =
Sp
12
Resulta que o valor do módulo tem dimensões lineares e apresenta ordem de grandeza semelhante à
espessura da peça, pelo que pode esperar-se que o tempo necessário à solidificação completa de toda a
espessura seja também estabelecido por uma relação do mesmo tipo:
2 2
E Mp
t= =
K K1
Volume do Alimentador Va
Ma = =
Superfície de Arrefecimento do Alimentador Sa
O tempo de arrefecimento do alimentador deve ser maior que o tempo necessário à solidificação da peça:
ta > tp
2 2
Ma Mp
ta = > tp =
K1 K1
Ma > Mp
Quer isto dizer que o módulo do alimentador deve exceder o módulo da peça. A experiência indica é
possível obter peças sãs determinando o módulo do alimentador a partir do módulo da peça pela seguinte
relação:
Ma = K Mp
em que K pode assumir valores a variar entre 0,6 e 1,3, dependendo das condições de obtenção da peça.
Como exemplo são apresentadas em tabelas no Anexo B que indicam alguns valores de K a usar no caso
de algumas ligas metálicas.
A determinação do módulo de uma peça ou de uma parte de uma peça pode ser feita de forma
simplificada quando se pode dividir a peça em porções de forma geométrica simples. A figura 15
apresenta a determinação de módulos de algumas geometrias simples.
Sabidos os módulos a usar para o alimentador, falta determinar as dimensões deste.
A relação entre o diâmetro e a altura do alimentador é importante, devido à forma como se acumulam os
vazios no mesmo (figura 16). 0s poros, que devem ficar no alimentador, formam um cone que pode
penetrar na peça se a sua altura for muito pequena. Este fenómeno é mais grave nas peças que solidificam
em camada fina, porque tendem a formar um rechupe de grandes dimensões, muito alongado.
13
Figura 15 - Determinação dos módulos de solidificação de formas geométricas simples.
14
A experiência aconselha que se usem as seguintes relações entre a altura e o diâmetro dos alimentadores:
1º No caso de alimentadores normais em peças que solidificam em camada fina: Ha = 1,5 Da
2º No caso de alimentadores exotérmicos: Ha = Da
Da figura 15 ficamos a saber que o valor do módulo do alimentador cilíndrico se pode igualar a:
Ra Ha
Ma =
2 ( Ra + Ha )
Se substituirmos Ra por Da/2, Ha por l,5 Da (ou Da conforme o caso), obtemos as dimensões que o
alimentador deve ter para que a peça seja bem alimentada:
Da Da
1,5 Da Da
2 1,5 2 Da
Ma = = Da , no primeiro caso, ou Ma = = no segundo caso.
Da 8 Da 6
2 + 1,5 Da 2 + Da
2 2
O raio de acção de um alimentador pode definir-se como a zona que é afectada pela sua aplicação, e já
foi atrás mostrado como actua.
O raio de acção depende fortemente do tipo de material e da espessura da zona a alimentar.
Uma forma expedita de determinar o raio de acção é recorrer ao auxílio de gráficos (Anexo B), que
mostram a variação do raio de acção com a espessura para cada material. Também se podem estabelecer
equações do tipo B = C E com:
B - raio de acção;
C - constante que depende do material usado e do tipo de moldação e do tipo de peça (Anexo B);
E - espessura da peça na zona a alimentar
Numa peça com zonas de diferentes espessuras sabe-se que as zonas de maior espessura alimentam as de
menor, e aquelas serão alimentadas pelo alimentador.
É necessário verificar se a zona de maior espessura tem raio de acção capaz de alimentar toda a zona de
menor espessura, e caso contrário colocar alimentadores nas zonas que poderiam ficar sem alimentação.
Deve determinar-se para cada caso o perímetro ou comprimento da zona a alimentar. O número de
alimentadores deve ser tal que a soma dos seus raios de acção seja capaz de cobrir todo o perímetro a
alimentar (Anexo B).
15
Regra da contracção Volumétrica
Em último lugar deve verificar-se se o volume do alimentador compensa a contracção volumétrica de
solidificação global da peça.
Sabendo o coeficiente (R) de contracção volumétrica (Tabela I), pode calcular-se a contracção da peça da
forma seguinte:
Vc = R Vp
Por outro lado nem todo o metal dos alimentadores se pode escoar para a peça. Algum fica solidificado
nas paredes do alimentador, pelo que se pode definir um rendimento (Q) para o alimentador, rendimento
esse que depende do material e da forma do alimentador. No caso de alimentadores sem camisas
exotérmicas ou isolantes apenas 1/6 do volume do alimentador é utilizado (Q≈6)
Va
Como ≥ Vc , então o volume do alimentador será: Va ≥ Q R Vc .
Q
Normalmente o volume do alimentador excede o necessário, e não haverá problemas. Caso contrário
basta aumentar ao volume do alimentador para respeitar esta regra, desde que as regras anteriores não
deixem de ser respeitadas pelo aumento de volume do alimentador.
TABELA I Exemplos de coeficientes de contracção volumétrica de solidificação R, para diferentes materiais.
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4. Conclusão
A definição do sistema de alimentação deve obedecer a uma planificação cuidada que tenha em
consideração os pontos seguintes:
- Tipo de solidificação da liga;
- Localização e distribuição das massividade da peça;
- A última zona a solidificar deve ser o alimentador;
- Capacidade do sistema fornecer metal à peça em quantidade suficiente para contrariar a
contracção;
- Garantir que todos os pontos da peça serão alimentados.
BIBLIOGRAFIA
1 - Apontamentos da disciplina de Tecnologia da Fundição.
2 - Metals Handbook, 9th Edition, Vol.: 15 Casting, American Society for Metals.
3 - Guia Prático - Utilização e Traçado de Peças em Liga de Cobre Instituto Nacional de Investigação
Industrial
4 - Foundry Tecnology - P.R. Beeley - Butterworths - 197 2
5 - Études de Moulage de Piéces Diverses - Exemples d'application des Méthodes C.I.I.F. de masselotage
e remplissage C.I.I.F.- 1982
6 - Applied Science in the Casting of Metals, K. Strauss, Birmingham 1970
17
ANEXO A - APLICAÇÃO DO MÉTODO DE CÁLCULO DE ALIMENTAÇÃO
18
ESTUDO DO VAZAMENTO DE UM PISTÃO
A.1 - A PEÇA
CONDIÇÕES DE RECEPÇÃO:
Ausência de defeitos aparentes sobre a superfície da peça maquinada.
FORMA DE FABRICO :
Moldação: Areia sílico-argilosa sintética, verde (índice AFS - 58), 1 peça por molde,
compactação mecânica.
Caixa de moldação: 500 x 500 x 200
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2 - ALIMENTAÇÃO DA PEÇA
ANÁLISE DA FORMA
A peça pode ser dividida em porções ou partes de forma geométrica simples como vem indicado na
figura A.2. Cada parte tem uma espessura própria, e contacta com a moldação de forma diferente.
Assim:
Parte Forma de contactar com a moldação
A- Tem duas superfícies de contacto com a moldação e uma com o macho
que vai fazer o furo.
B- Esta parte da peça contacta com a moldação e com o macho.
C- Tem duas superfícies de contacto com a moldação.
D- Tem três superfícies de contacto com a moldação.
E- Tem três superfícies de contacto com a moldação.
R1 - Não contacta com a moldação. Só tem uma superfície de contacto com o
macho.
R2 - Só tem uma superfície de contacto com a moldação.
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3 - DETERMINAÇÃO DOS PONTOS QUENTES
As superfícies em contacto com os machos têm dificuldades em escoar o calor, logo devem solidificar
depois das que não contactam com os machos. O calor é libertado mais depressa quando a peça apresenta
uma superfície ampla de contacto com a areia da moldação.
As zonas de ligação entre as diferentes partes têm superfícies de contacto com a areia muito pequenas, e
portanto dificuldade de arrefecimento. Para saber aproximadamente a sequência de arrefecimento das
zonas da peça pode usar-se o método do círculo inscrito.
Mas entre as zonas B, E e D também há diferenças, devido ao contacto com o macho, ou contacto com
uma zona da moldação por diferentes zonas da peça.
Assim a primeira zona a solidificar deve ser a zona D, porque só tem contacto livre com a moldação. Em
seguida deve solidificar a zona E, que contacta com a moldação, mas tem uma superfície em contacto
com a mesma área com que contactam B e C. A zona B deve ter dificuldades em solidificar por estar em
contacto com o macho, e com a mesma área com que contactam B e E. É possível que as zonas A e C
solidifiquem antes dela.
Mas as zonas R1 e R2 são concerteza as últimas a solidificar, porque apresentam os maiores círculos
inscritos, e o contacto com a areia é pequeno. No caso da zona R1 só faz contacto com o macho, o que
ainda dificulta o caso.
De acordo com esta análise poderia dizer-se que se deve alimentar a zona R1 e também R2 se necessário.
Para se fazer um estudo mais rigoroso da sequência de arrefecimento deve procurar avaliar-se o módulo
de cada zona.
21
Método dos Módulos de Arrefecimento
Os Módulos de arrefecimento de uma peça podem ser calculados utilizando as fórmulas da figura 18, ou
a fórmula:
A
Mp ≈
P
sendo A a área da secção recta local da moldação, e P o perímetro de contacto dessa secção com a
moldação. O perímetro de contacto com a moldação, deve ser avaliado somando os comprimentos de
contacto da secção com a moldação e com os machos.
No Quadro A-1 indicam-se as áreas de cada secção e os perímetros de contacto para cada zona, obtidos a
partir dos dados da figura A.1.
A influência da existência de machos faz-se intervir no cálculo do valor do módulo com auxílio do ábaco
do anexo B-II. As zonas em contacto com o macho são as zonas "A" e "B", e o Quadro A-2 sintetiza os
dados e resultados da utilização do ábaco.
22
Para a relação d/e determinada o factor "ω" é aproximadamente igual à unidade, o que significa que neste
caso a influência do macho é desprezável.
MR1 = ω MC
23
Obtêm-se respectivamente os seguintes valores para a razão M1/M2 :
Tomando estes valores como valores do factor de correcção, chega-se a módulos de arrefecimento para
R1 iguais a:
24
Dimensões do alimentador pela regra dos Módulos:
Como o material é um ferro fundido nodular, deve tomar-se para valor do módulo do alimentador o valor
que se obtém da condição indicada no anexo B-III:
Ma > MP × 0,6
MaR1 > 1,0 × 0,6 = 0,6 e MaR2 > 0,93 × 0,6 = 0,56
Os diâmetros e as alturas de alimentadores cilíndricos para estas zonas seriam, no caso de se utilizarem
alimentadores normais :
8 8
DaR1 = M aR1 = 0,6 = 3,2 cm; H aR1 = 1,5 DaR1 = 4 ,8 cm
1,5 1,5
π π
VaR1 = ( DaR1)2 HaR1 = 3,22 4,8 = 38,6 cm3
4 4
25
Esta parte da peça é do tipo barra; Espessura da zona = 20 mm; Raio de acção = 215 mm;
Comprimento a alimentar = 245 mm (perímetro/2).
Será facilmente alimentada por um alimentador colocado na sua parte superior.
26
Sétima: Zona R1 - Módulo = 1,00
Esta parte é do tipo barra; Espessura média da zona = 20 mm; Raio de acção = 210 mm
Comprimento a alimentar = 245 mm
A alimentação desta zona deve ser feita através da zona A que receberá o metal líquido depois de
R1, e cujo módulo respeita a condição MA > 0,6 MP.
O número de alimentadores suficiente para esta zona é 2 e o seu módulo mínimo será MR2 = 0,6
como foi visto na secção anterior e serão colocados sobre a zona A.
Volume da peça (ver figura A.2 )- A peça pode ser considerada como a soma de um conjunto de cilindros
ocos, pelo que se pode usar a fórmula:
(
VP = ∑ π De2 − Di2 H ) donde : VP = 4210 cm3 = 4,21 dm3
O conjunto dos alimentadores tem de ser capaz de compensar a contracção deste volume de metal, ou
seja:
e em que:
R é o valor do coeficiente de contracção volumétrica deste material (ver anexo B VI);
Q é o valor do rendimento do alimentador, Q ≈ 6
Admitindo que se usariam alimentadores com o módulo mínimo anteriormente determinado (38.6 cm3),
seriam necessários N alimentadores, tais que:
VC
N= = 32 ,7 ; => N = 33
VA
27
Este número serve para informar que o número de alimentadores previsto pela regra do raio de acção
e/ou o volume dos mesmos previsto pela regra dos módulos é insuficiente para fornecer metal líquido à
peça. Pode-se modificar ambos os parâmetros:
desde que seja respeitada a condição que relaciona os módulos da peça e do alimentador.
O processo de determinação das dimensões e colocação dos alimentadores torna-se iterativo até que seja
encontrada uma solução que satisfaça todas as regras. Por exemplo, partindo das dimensões determinadas
para o alimentador de dimensões mínimas que respeita a 1ra regra, e substituindo os alimentadores
cilíndricos por um anel de espessura Da e altura Ha vem:
No entanto a necessidade de garantir o apoio do macho sobre a moldação impede a utilização desta
solução. Pode-se substituir este alimentador por dois alimentadores que apenas utilizem por exemplo 3/5
do perímetro, mantendo todas as outras dimensões, ficando os 2/5 restantes para apoio do macho. Neste
caso fica:
Aumentando a altura e a espessura dos alimentadores de um factor de 1,2 , por exemplo , já se consegue
fazer a alimentação da peça, mantendo as restantes condições:
28
Figura A.7 - Disposição da peça na moldação com os alimentadores
29
ANEXO B - TABELAS E GRÁFICOS PARA DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE
ALIMENTAÇÃO
30
ANEXO B-I: - FACTOR DE CORRECÇÃO PARA LIGAÇÕES COM ELEMENTOS PLANOS
31
ANEXO B-II: - COEFICIENTE DE FORMA PARA MACHOS SOBREAQUECIDOS
32
ANEXO B.III - TABELAS DE DETERMINAÇÃO DOS MÓDUL0S E DIÂMETROS DOS
ALIMENTADORES, EM FUNÇÃ0 DO MÓDULO DA PEÇA E DO TIPO DE LIGA
Primeiro Grupo - Aço vazado com 0,15 a 0,40 % de carbono, cobre comercial (mais de 98% de Cu),
Bronzes de Alumínio, Bronzes de Al-Fe-Ni-Mn, Latões 60/40, Latões de alta resistência,
Bronzes de Mn e Ligas de alumínio silício modificado (solidificação em camada fina).
Espessuras e massividades elevadas. Desenhos Ma > 1,3Mp Ma > 0,87Mp
complexos Grau de Qualidade elevado, estanquicidade,
A Da > 7Mp D > 5,3Mp
raios X e gamagrafia. Vazadas em nascente
Ha = 1,5Da Ha = Da
Espessuras mais delgadas e uniformes, sem massividades Ma > l,lMp Ma > 0,74Mp
sensíveis. Estanquicidade a baixa pressão (1-10kg/cm2).
B Da > 5,9Mp Da > 4,5Mp
Ausência de defeitos por inspecção visual. Solidificação
direccional favorável, vazadas em queda. Ha = 1,5Da Ha = Da
Segundo Grupo - Ferros Fundidos Cinzentos (solidificação em camada espessa)
Ceq < 4 - Todas as espessuras. Grandes massividades. Ma > 0,8Mp Ma > 0,55Mp
Machos sobre-aquecidos. Desenho e solidificação
A Da > 4,5Mp D > 3,3Mp
desfavorável. Grau de qualidade elevado: ausência de
micro-rechupes; Estanquicidade a pressões médias Ha = 1,25Da Ha = Da
(10 a 40 kg/cm2)
B Ceq > 4 - Espessuras médias ~ 20 a 60 mm. Ma > 0,6Mp Ma > 0,4Mp
Massividades ligeiras. Desenho e solidificação pouco Da > 3,4Mp D > 2,4Mp
favorável. Grau de qualidade médio: Inspecção ocular;
estanquicidade a baixa pressão (l a 10 kg/cm2). Ha = 1,25Da Ha = Da
C Ceq > 4,1 - Espessuras reduzidas (< 15mm) e uniformes. Não
Desenho e solidificação favoráveis. Sem exigências de necessitam de
estanquicidade. Mera inspecção ocular. Alimentadores
Terceiro Grupo - Bronzes de Sn, Bronzes Sn/Zn; Latões ao Chumbo, Alumínio Comercial (solidificação
em camada espessa)
A Espessuras médias e pequenas. Desenho sem grandes Ma > 1,2Mp Ma > 0,8Mp
massividades nem grandes variações de espessura. Da > 6,7Mp D > 4,8Mp
Estanquicidade a baixa pressão (1 a 10 kg/cm2).
Ausência de defeitos inspecção ocular. Solidificação Ha = 1,25Da Ha = Da
dirigida e vazamento favorável.
33
ANEXO B.IV - DIMENSÕES DE ALIMENTADORES
34
ALIMENTADORES ATMOSFÉRICOS
TIPO R H e d B A h
Normal 0,47 D 1,2 D 0,5 D 0,3 D 0,2 D 0,06 D 0,35 D
TIPO R1 H Ø d B b c r
Normal 0,47 D 0,43 D 0,65 D 0,3 D 0,1 D 0,1 D 0,35 D 0,3 D
35
ANEXO B.V - RAIOS DE ACÇÃO
36
ANEXO B.VI - VALORES DA CONTRACÇÃO VOLUMÉTRICA DE SOLIDIFICAÇÃO, R,
PARA ALGUMAS LIGAS METÁLICAS
SOBREAQUECIMENTO SOBREAQUECIMENTO
LIGA 50°C 150°C
Ligas de Cobre:
Bronze corrente 4 4,5
Latão ordinário 6 6,5
Latão de alta resistência 7 7,5
Bronzes de Alumínio e Cupro 5 5,5
Níquel
Ligas de Magnésio 5 6
Ligas de Alumínio:
Al Si12 4,5 5
Al Si10, Al Si7, Al Si5 6,5a7 7a8
Al Cu8, Al Cu4 6,5a7 7a8
Al Mg3, Al Mg6 8 8,5a9
Aços:
%C = 0,8 6 7
%C = 0,3 5 6
Ferros Fundidos:
Cinzento Lamelar 5 6
Cinzento Nodular 6a8 8a10
Branco 4 6
37