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SUMÁRIO

1. FLUIDEZ DOS AÇOS.......................................................................................2


1.1 Conceito de fluidez e sua importância........................................................2
1.2 Determinação da fluidez...............................................................................2
1.3 Efeito da composição química dos aços sobre a fluidez..........................4
1.4 Fluidez e temperatura de vazamento...........................................................5
1.5 Fluidez de aços e desoxidação....................................................................6
1.6 Desoxidação visando máxima fluidez.........................................................10
1.7 Desoxidação visando máxima fluidez em aços de alto cromo.................15
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...........................................................................16
ARTIGOS TÉCNICOS...........................................................................................17
1. FLUIDEZ DOS AÇOS

Neste capítulo são discutidos o conceito de fluidez e os efeitos da


composição química, da temperatura de vazamento e do processo de
desoxidação dos aços.

1.1 Conceito de fluidez e sua importância

A fluidez é um termo utilizado a longo tempo, apesar de não haver ainda


uma definição aceita dessa característica. Sob o ponto de vista de fundição a
fluidez é a capacidade que um metal possui de fluir livremente num molde e
fornecer uma perfeita reprodução do modelo.
Do ponto de vista físico a fluidez, que é o inverso da viscosidade, é uma
propriedade fundamental de um líquido. A capacidade de um metal preencher os
detalhes de um molde depende de uma série de fatores, sendo a fluidez apenas
um deles. Por essa razão, diferentes autores têm utilizados diferentes termos para
definir essa capacidade dos metais líquidos, dentre outros: “running quality”
(qualidade de corrimento), “running capacity” (capacidade de corrimento),
“runnability” (escoabilidade) e “castability” (fundibilidade).
Do ponto de vista do fundidor, a fluidez de um metal ou liga é de suma
importância. A prática mostra que uma das formas de aumentar a fluidez, visando
conseguir melhor preenchimento de detalhes, é a elevação da temperatura de
vazamento. Porém, este acréscimo de temperatura é bastante indesejável, pois
acarreta problemas como: maior tendência à absorção de gases pelo metal
líquido, maior tendência à reação entre o metal, o refratário do forno e o material
do molde, maior consumo de energia, pior qualidade superficial da peça fundida,
maior tendência ao desenvolvimento de trincas de solidificação e estrutura
grosseira da peça fundida.

1.2 Determinação da fluidez

Quando um metal líquido é vazado, ele flui através da cavidade do molde,


como resultado de sua pressão hidrostática. Inúmeros fatores opõem-se a esse
fluxo, entre eles a natureza do molde, as características do metal, a temperatura e
a técnica de vazamento. Portevin e Sebastian propuseram a seguinte formulação
matemática para exprimir a fluidez do metal em termos de distância percorrida em
uma cavidade de secção constante:

, (1)

onde:

I = distância percorrida pelo metal;


 e  = fatores dependentes da natureza do molde e metal;
Cp = calor específico do metal líquido;
 = densidade do metal líquido;
Tv = temperatura de vazamento;
Ts = temperatura de solidificação do metal;
Tm = temperatura do molde;
Cs = calor latente de solidificação do metal.

A correlação entre os resultados obtidos e a formulação matemática mostra


grande dispersão. Na realidade, as variáveis de importância têm efeito marcante
sobre a distância percorrida por um metal em um canal, podendo-se agrupá-las
em três categorias principais:
i) variáveis inerentes ao metal: composição temperatura de vazamento e
presença de filmes e partículas de óxidos;
ii) variáveis do molde: formato e área da secção transversal do canal,
material de moldagem, rugosidade superficial e disposição do sistema de
alimentação;
iii) elemento humano: influi na maneira como o metal é vazado no molde,
durante ensaios e durante a prática.
Diversos ensaios já foram propostos para avaliar a fluidez de metais
líquidos. Seu desenvolvimento tem sido no sentido de eliminar as variáveis
ocasionais, a fim de se obter resultados reprodutíveis. A maior parte dos métodos
empregados encontra-se dentro de uma das seguintes categorias: em espiral, em
molde com canal reto, em molde com canal em U, vazamento através de válvula
calibrada e viscosímetro de amortecimento. A viscosidade do aço líquido, por
exemplo, pode ser determinada em um viscosímetro, onde os resultados são
baseados no decréscimo de amortecimento de vibração torcional de um cadinho
contendo metal líquido.
Uma vez padronizado o tipo de ensaio e eliminadas as causas de
dispersões, podem ser corretamente determinados os principais fatores que
influem sobre a fluidez de metais e ligas. Evans classificou, em ordem de
importância, os seguintes fatores relacionados com as propriedades físicas de um
metal: tensão superficial, temperatura de solidificação, viscosidade, calor
específico, intervalo de solidificação, morfologia de cristalização, condutibilidade
térmica e presença de óxidos. Estes fatores podem ser englobados em três
grupos: constituição das ligas, temperatura de vazamento e processo de
desoxidação; abordados individualmente a seguir.

1.3 Efeito da composição química dos aços sobre a fluidez

A distância percorrida pelo metal líquido numa cavidade é afetada pela


maneira como a liga se solidifica. Ligas com grande intervalo de solidificação
formam dendritas ramificadas que bloqueiam o fluxo de líquido, por formar uma
rede no interior da cavidade. Nas ligas de menor intervalo de solidificação é
formado, junto às paredes do molde, um filme sólido que não perturba de forma
tão pronunciada a fluidez.
Nos aços, o fundidor tem poucas possibilidades de modificar a composição
química, pois a mesma é fixada sob a forma de características mecânicas a
serem obtidas. Todavia, segundo Mal, o carbono tem pouca influência sobre a
fluidez, diminuindo dos aços extra-doces (0,08%C) até o até aços de médio
carbono (0,3%C) e voltando a se elevar para aços de alto teor de carbono
(>0,6%C), conforme ilustrado pelo gráfico da figura 1.1.
Em aços de baixa liga, os elementos como o manganês, silício, níquel e
cobre, têm influência benéfica sobre a fluidez; sendo que esta influência é maior
para menores temperaturas de vazamento. O cromo praticamente não influi na
fluidez, enquanto o vanádio causa ligeira diminuição da mesma. Mais importante
é o efeito do alumínio, não como elemento de liga, mas por sua capacidade de
formar filmes de óxidos e inclusões suspensas.
Figura 1.1. Influência do teor de carbono sobre a fluidez de aços contendo 0,73%
de manganês e 0,36% de silício.

Kasatkin e co-autores estabeleceram valores quantitativos para o efeito da


variação de alguns elementos em aços de baixa liga. Considerando um aço com
0,25%C, 3,3 a 4,3%Ni, 0,4 a 1,0%Mo, 0 a 1,3%Cu, 0,1 a 0,2%V e 0 a 1,2% Cr; a
variação destes elementos. Os autores deste trabalho observaram que a variação
dentro desses limites resulta nas seguintes modificações na fluidez do aço,
expressa em termos de comprimento de espiral: o níquel produz uma variação
positiva de 14%, enquanto que molibdênio, cromo e cobre produzem variações
negativas de 8, 16 e 6%, respectivamente. Apesar da discrepância entre o
trabalho e Kasatkin e outros autores, a variação de fluidez resultante da
modificação de composição química dos aços pode ser considerada pequena em
comparação com aquela resultante da modificação na temperatura de vazamento
e presença de óxidos em suspensão.

1.4 Fluidez e temperatura de vazamento

A temperatura possui influência marcante sobre a fluidez dos metais


líquidos e a equação (1), apresentada no item 1.2, indica que seu efeito é direto.
No caso dos ferros fundidos, o efeito favorável da temperatura pode ser
observado tanto de forma direta como indireta pela ação autodesoxidante da
temperatura elevada. À medida que a temperatura aumenta, o carbono passa a
ter efeito primordial como desoxidante, eliminando partículas de óxido em
suspensão e aumentando continuamente a fluidez dos ferros fundidos. No caso
dos aços, ao contrário, o aumento da temperatura não se reflete diretamente em
aumento proporcional de fluidez. As reações físico-químicas existentes alteram a
formação de óxidos e podem modificar fundamentalmente a fluidez dos aços.

1.5 Fluidez de aços e desoxidação

Há cerca de 60 anos atrás, grande parte das peças de aço moldadas eram
provenientes de metal produzido em fornos com revestimento ácido (à base de
sílica), onde o aço era desoxidado principalmente pelo silício, sendo dada pouca
atenção à fluidez. Quando o alumínio passou a ser utilizado mais intensamente,
foi verificado que os aços assim desoxidados apresentavam baixa fluidez. No
instante em que o aço líquido recebe a adição de um desoxidante, são formadas
partículas de óxidos suspensas no metal líquido, correspondentes à natureza do
desoxidante utilizado. A composição e propriedades destas partículas guardam
estreita relação com a seqüência de desoxidação utilizada. Essas partículas,
denominadas de inclusões endógenas, não separadas facilmente do metal
líquido, podendo alterar as características físicas do aço líquido.
O método clássico do ensaio de fluidez consiste no vazamento do aço
líquido num molde com canal estreito. Os resultados experimentais obtidos pela
desoxidação do aço com magnésio, alumínio e silício foram descritos por Ershov
e Bychev. Em cada um desses casos o produto da desoxidação é constituído,
respectivamente, de inclusões de magnésia (MgO), de alumina (Al 2O3) e de sílica
(SiO2). Os resultados experimentais mostram redução de fluidez medida pelo
decréscimo da distância percorrida pelo metal, de até 9%. O efeito mais intenso é
o de inclusões de MgO, seguido pelo de inclusões de Al2O3, tendo as inclusões de
SiO2 menor influência. Na figura 1.2 são apresentados os resultados obtidos,
podendo ser observado que o decréscimo de fluidez é maior para maiores
quantidades de inclusões. A diminuição da fluidez está associada à presença de
partículas sólidas constituídas pelas inclusões de óxidos. O efeito mais marcante
verificado com as inclusões de MgO e Al 2O3 está relacionado com sua maior
tendência à orientação. A sílica, apesar de estar no estado sólido a 1600ºC, não
possui estrutura cristalina definida, consistindo basicamente de um líquido
superresfriado, o qual tem menor efeito sobre a fluidez.

Figura 1.2. Efeito da quantidade e tipo de inclusão sobre o decréscimo de fluidez


no ferro a 1600ºC. A fluidez está relacionada com a distância percorrida pelo
metal em um tubo de quartzo.

Pesquisas realizadas por Lilleqvist mostram que aços contendo teores de


manganês mais elevados possuem maior fluidez do que aços com baixos teores
deste elemento, conforme pode ser verificado na figura 1.3. Na realidade, quando
a relação Mn/Si é alta, as inclusões formadas são constituídas de silicato de
manganês líquido, enquanto que para baixas relações Mn/Si as inclusões
formadas são constituídas de sílica sólida. Seguindo o raciocínio lógico, aços
contendo inclusões líquidas têm melhor fluidez do que aços contendo inclusões
sólidas.
Ershov e Gavilin pesquisaram a variação da viscosidade do aço líquido por
meio de um dispositivo que mede o amortecimento de vibrações torcionais. De
acordo com esses autores, o erro na medida da viscosidade não excede 5%. Por
meio desse ensaio foi determinada a variação da viscosidade de um aço limpo
resultante da introdução de partículas sólidas de magnésia, zircônia, alumina e
sílica. Os resultados experimentais são mostrados nas figuras 1.4 e 1.5.
Figura 1.3. Efeito do teor de manganês sobre a fluidez do aço baixo carbono
contendo 0,30%Si.

Figura 1.4. Efeito do tipo de inclusão sobre a viscosidade de aços para


rolamentos. A quantidade de inclusões é considerada constante, de 0,01%.

O acréscimo de temperatura naturalmente resulta num decréscimo de


viscosidade. Na figura 1.4 pode-se observar que é necessário um
superaquecimento de no mínimo 80ºC para neutralizar o efeito das inclusões de
SiO2, que, segundo o ensaio utilizado, têm menor efeito sobre a viscosidade. No
caso de partículas de MgO, que possuem efeito mais marcante sobre a fluidez, há
necessidade de superaquecer o aço em aproximadamente 200ºC para neutralizar
o efeito das inclusões. A diferença de comportamento entre as inclusões está
relacionada com sua forma, quantidade, tamanho e estrutura cristalina, as quais
podem influenciar as forças de atrito interno em líquidos heterogêneos.

Figura 1.5. Efeito da quantidade de inclusões sobre a viscosidade de aços para


rolamentos a 1600ºC.

Farrel e Hilty, com auxílio de um arranjo simulando transferência de metal


líquido no processo de lingotamento contínuo, estudaram o efeito de diferentes
desoxidantes sobre a fluidez dos aços, relacionada com a taxa de vazão de metal
através de um orifício calibrado. Foi pesquisado o efeito da desoxidação por
alumínio, silício, silício mais manganês, cério, titânio e zircônio, e os resultados
experimentais são mostrados na figura 1.6. A diminuição da fluidez está
associada com o depósito das partículas de óxido formadas no orifício, resultando
em um estreitamento da passagem. Somente as partículas de óxido refratário
podem acumular no orifício, bloqueando a passagem do líquido. A desoxidação
por silício e manganês, na proporção preconizada pelos autores, resulta na
formação de silicato de manganês, líquidas na temperatura de fusão do aço, não
sendo observado decréscimo de fluidez para o aço assim desoxidado. No caso
dos demais desoxidantes utilizados, as partículas de óxido formadas se
encontram no estado sólido na temperatura de fusão do aço, ocorrendo uma
diminuição da fluidez.

Figura 1.6. Efeito da desoxidação sobre a quantidade de aço vazado através de


uma válvula calibrada. Composição: 0,4%C, 0,28% Si e 0,81%Mn.

Embora os efeitos relativos das inclusões sejam diferentes para os diversos


estudos realizados, os resultados experimentais mostram que as partículas
sólidas exercem influência deletéria sobre a fluidez dos aços.

1.6 Desoxidação visando máxima fluidez

Independentemente da técnica de ensaio, os resultados experimentais e a


prática industrial mostram que inclusões sólidas de óxidos prejudicam fortemente
a fluidez de metais. Para minimizar esse efeito há necessidade de aumentar
substancialmente a temperatura de vazamento, o que traz inúmeras
desvantagens.
As inclusões sólidas na temperatura de fusão do aço surgem quando são
utilizados como desoxidantes o alumínio, silício, zircônio, titânio, magnésio e
metais de terras raras (“mish-metal”). Para não haver decréscimo de fluidez, o
produto da desoxidação deverá ser líquido. Isso pode ser obtido por meio da
desoxidação feita pela combinação de manganês e silício, de acordo com as
proporções mostradas na figura 1.7. No entanto, considerando o teor de
manganês presente na maior parte dos aços, a quantidade de silício a ser
adicionada não seria suficiente para uma desoxidação satisfatória. Como
conseqüência, o aço tem a tendência a desenvolver porosidades durante a
solidificação, o que é inadmissível em peças fundidas. Há, portanto, a
necessidade de emprego de um elemento com maior poder de desoxidação,
neste caso o alumínio.
A desoxidação por alumínio leva à formação de inclusões refratárias que
prejudicam a fluidez. Este problema pode ser minimizado pela eliminação das
inclusões de alumina e/ou modificação da morfologia das mesmas.

Figura 1.7. Diagrama de equilíbrio Si-Mn-O no ferro líquido a 1600ºC, com curvas
de isoatividade de oxigênio.

A separação das inclusões no aço é feita por decantação, e a velocidade


de ascensão é dada pela Lei de Stokes:

, (2)
onde:

V = velocidade de ascensão das inclusões;


g = aceleração da gravidade;
r = raio da inclusão;
l = densidade do aço líquido;
s = densidade da inclusão;
 = viscosidade do aço líquido.

A equação (2) ressalta que o fator mais importante para o cálculo da


velocidade de ascensão de uma partícula é o raio da inclusão. As dimensões de
alumina possuem dimensão reduzida, o que faz com que sua velocidade de
decantação seja muito pequena. Como conseqüência, há necessidade de
prolongado tempo de repouso do metal líquido após a adição de alumínio, o que é
impraticável.
Uma das formas de acelerar a remoção de partículas é a insuflação de
argônio no interior do aço líquido, cuja influência sobre a fluidez do aço é
mostrada na figura 1.8. A técnica de borbulhamento consiste na insuflação de
argônio com reduzida vazão, por meio de plugue poroso.

Figura 1.8. Efeito do borbulhamento por argônio sobre a fluidez de aço contendo
12,5%Cr, 0,5%Mn e 0,5%Si.
Outra solução é a modificação da morfologia das inclusões de alumina.
Resultados experimentais mostram que a adição de cálcio em aços previamente
desoxidados por alumínio, transforma as inclusões de alumina em aluminato de
cálcio. No diagrama da figura 1.9 pode-se observar que é necessário um teor
mínimo de cálcio para que as inclusões resultantes da combinação da
desoxidação por cálcio e alumínio sejam líquidas a 1600ºC. Os resultados
experimentais mostrados na figura 1.10 confirmam essa hipótese.

Figura 1.9. Diagrama de fase CaO-Al2O3.

Figura 1.10. Modificação de inclusões de alumina pela adição de cálcio.


A adição de quantidade conveniente de cálcio na forma de Ca-Si
restabelece a fluidez do aço pela transformação de inclusões de alumina em
aluminato de cálcio, que são maiores e tendem a flotar com maior velocidade.
Além disso, estas inclusões são líquidas na temperatura de fusão do aço, não
perturbando a fluidez. Estas observações podem ser comprovadas pelos
resultados experimentais apresentados no gráfico da figura 1.11. Novamente, o
restabelecimento da fluidez do aço está relacionado com uma mínima quantidade
de cálcio, que é função da quantidade de alumínio existente.

Figura 1.11. Efeito do teor de cálcio sobre a fluidez de um aço contendo 0,05%Al.

A quantidade de cálcio a ser adicionada no aço desoxidado pelo alumínio


depende da forma de adição de cálcio e da técnica utilizada. Uma das formas de
adição mais utilizadas é como liga Ca-Si ou Ca-Si-Mn. Nas ligas à base de silício
o cálcio tem baixa tensão de vapor, o que melhora seu rendimento. O Ca-Si ou
Ca-Si-Mn deve ser adicionado progressivamente durante o vazamento em panela.
A prática demonstra que no caso dos aços comuns é suficiente a adição de Ca-Si
na faixa entre 0,15 a 0,40% (em peso), para a obtenção de máxima fluidez. A
quantidade correta depende do estado de oxidação do aço e do teor residual de
alumínio.
1.7 Desoxidação visando máxima fluidez em aços de alto cromo

Os aços inoxidáveis e refratários, em função do alto teor de cromo, têm a


tendência a apresentar baixa fluidez. De fato, o elevado teor de cromo leva à
formação de inclusões de cromita, com temperatura de fusão em torno de
2265ºC. Na desoxidação de aços inoxidáveis, a utilização de grandes
quantidades de alumínio pode resultar na formação de inclusões complexas, de
difícil eliminação ou modificação. A técnica correta consiste na utilização de
pequenas quantidades de alumínio e complementação com cálcio.
Em princípio, a utilização apenas do cálcio como desoxidante deveria ser
satisfatória. No entanto, o cálcio apresenta baixa solubilidade na grande maioria
dos aços inoxidáveis, com exceção dos austeníticos, com elevado teor de níquel.
O níquel aumenta a solubilidade do cálcio no aço líquido; sendo possível
desoxidar aços inoxidáveis austeníticos por meio da adição de apenas Ca-Si ou
Ca-Si-Mn. Resultados experimentais mostram que a adição de Ca-Si em aços
inoxidáveis austeníticos elaborados em fornos de indução é acompanhada de
sensível acréscimo de fluidez, como demonstrado pelo gráfico da figura 1.12.
Observa-se que a máxima fluidez é obtida com adições entre 0,6 e 0,8% de Ca-
Si. Neste caso, a adição de Ca-Si não costuma diminuir a quantidade das
inclusões; o que permite concluir que o aumento da fluidez está associado à
modificação da morfologia das inclusões.

Figura 1.12. Efeito da desoxidação por Ca-Si sobre a fluidez de aço AISI-HH,
contendo 26%Cr e 12%Ni.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

FINARDI, J.; GUEDES, L. C. Fluidez de aços e ferros fundidos. Efeito da


composição, temperatura de vazamento e desoxidação. Metalurgia. ABM, v.40,
n.316, 1984. p.151-156.

FINARDI, J. Refino e desoxidação de aço destinado a peças fundidas. In:


Congresso Nacional de Fundição. ABIFA, São Paulo, 1993. p.247-259.

TROJAN, P. K. Inclusion forming reactions. In: ASM Handbook. Materials Park,


Ohio: ASM International, 1992. v.15, p.88-97.
ARTIGOS TÉCNICOS
(DESOXIDAÇÃO E DEFEITOS EM PEÇAS DE AÇO FUNDIDO)

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