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EBOOK

PLANO
DE AULA
INOVADORA

PROF. DRA.

Janaína Mourão

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Janaína Mourão

Quem sou eu?


Me chamo Janaína Mourão, sou cristã,
mãe de João Felipe e Francisco, e esposa
do Moysés. Sou licenciada, mestre e
doutora em Geografia. Atuo como
formadora de professores desde 2010. Fui
professora de ensino fundamental, ensino
médio e universidade, além de ter
exercido diversos cargos de gestão. Em
2018, fui visiting scholar na Graduate
School Of Education da Universidade de
Stanford.

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Sou fundadora da
EducaEthos, uma
escola de formação de
professores destinada a
ensina-los a serem bem
sucedidos, dominarem
métodos ativos,
empreenderem e se
tornarem referências.
Para tanto, são
ofertados cursos
online, palestras,
mentorias e materiais
didáticos.

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Sumário
POR QUE PLANEJAR? 01

BACKWARD DESIGN 09

RESULTADOS ESPERADOS 19

COMO REDIGIR OBJETIVOS DE


APRENDIZAGEM 24

EVIDÊNCIAS DE
APRENDIZAGEM 29

PLANEJAMENTO DE AULA NA
PRÁTICA 54

O PLANO DE AULA 71

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Por que planejar?
01

O professor precisa ser um planejador


por três motivos principais:

Saber avaliar se os Preparar


Saber onde quer
alunos chegaram atividades ideais
que os alunos
onde quer que eles para conduzir os
cheguem
cheguem alunos

Primeiramente, o "O senhor pode me


professor ajudar? Diz Alice.
planejador precisa
– Claro. Responde o Gato.
saber onde quer
chegar, ou seja,
qual é o seu norte, – Para onde vai essa
o seu destino: estrada?

– Para aonde você quer ir?

– Eu não sei. Estou


perdida.

– Para quem não sabe para


aonde vai, qualquer
caminho serve."

Alice no país das maravilhas,

Lewis Carroll

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02

A lgo primordial na educação é a intencionalidade,


logo, não serve alcançar qualquer objetivo e sim aquele
que foi traçado inicialmente no planejamento.

O professor deve ter clareza de quais


são os conhecimentos essenciais a
serem adquiridos e, para tanto,
precisa visualizar a disciplina inteira
e não apenas aulas isoladas.

Além disso, o professor deve ser um avaliador. O


modo de avaliação na escola e universidades, de
forma geral, ainda acontece por meio da aplicação
de provas em momentos esporádicos do ano.
Contudo, não se percebe quão arbitrária essa
prática é e como, na verdade, ela indica
pouquíssimo sobre o desenvolvimento do aluno.

Acrescenta-se a isso o fato de que, por ser


esporádica, não permite ao aluno compreender e
recuperar suas dificuldades em tempo hábil.
Portanto, a avaliação deve ser um processo
contínuo e constante durante todas as aulas dos
professores.
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03 Investigue:
Por desconhecerem a história da educação
muitas pessoas criticam toda a educação
que existiu antes de nós. Inserem tudo no
bloco da "educação tradicional" e se
colocam na posição de inventar a roda.
Contudo, escolas ou academias de ensino
existem há mais de 2000 anos e muitas
delas performaram de modo excelente.
Sabemos disso estudando sobre seus
currículos e também pelos frutos
produzidos, isso quer dizer, mentes como:
Aristóteles, Cervantes, Dante, Camões e
tantos outros. Claro que havia problemas
de espécies distintas e escolas melhores do
que outras.

Leia essa citação sobre as escolas


greco-romanas:

"O estudo de um texto compreendia os exercícios seguintes:


ditado do trecho como exercício de ortografia; reprodução oral
e depois escrita; imitação e tradução dos versos em prosa e
reciprocamente; desenvolvimentos diversos da mesma ideia;
explicação das passagens difíceis; análise e decomposição de
palavras; enfim, composição, consistindo geralmente na
explicação de uma máxima ou no elogio de boa ação"
(RIBOULET, 2020, p.133)
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04

Percebe-se que a própria estrutura do trabalho, por ser


constantemente ativa, exigia do professor um olhar de
avaliador permanente. Os alunos não ficavam sentados,
ouvindo uma aula expositiva, eles realizavam atividades a
todo instante. Desse modo, o professor obtinha
evidências para avaliá-lo. O grande empecilho para a
avaliação permanente é o modelo passivo de ensino-
aprendizagem.

Talvez você tenha se espantado ao saber que se pode


falar em educação ativa em escolas de mais de 2 mil anos
atrás, mas essa é a verdade. Platão, em sua famosa
academia, comprova isso com o uso de diálogos como
método fundamental de ensino.

fonte: https://www.infoescola.com/educacao/academia-de-platao/

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05

O terceiro motivo para planejar é


permitir que os alunos alcancem os
objetivos estabelecidos. De nada
vale saber onde ir, saber como
avaliar, se não se sabe conduzir o
aluno até o local desejado. Para
isso, é fundamental que o professor
domine métodos, gestão da sala de
aula, manejo de recursos e que
conheça o aluno que possui.

Sabemos que em profissões como Arquitetura e


Publicidade, o foco sempre são os clientes, ou
seja, os profissionais buscam conhecer ao
máximo o seu público alvo. Contudo, nós
professores nem sempre damos esse enfoque.
Essa carência fica evidente no fato de que
estudamos muito pouco sobre o ser humano e
suas faculdades assim como sobre suas formas
de aprender. Além disso, vamos à sala de aula
movidos por uma expectativa de aluno que
gostaríamos de ter e o primeiro contato com a
realidade, gera insatisfações, medo e até
desânimo. Todavia, como bem defende Reuven
Feuerstein: "alunos não apenas são
modificáveis, mas também modificam a si
mesmos e seus ambientes estruturalmente"
(FEUERSTEIN, 2014,p.29). Acreditar que todo
aluno é capaz de aprender é um elemento
fundamental para todo professor.
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06

Precisamos conhecer bem


os nossos alunos para que
sejamos capazes de fazer
as adaptações necessárias
nos nossos planejamentos
de aula e personalizar ao
máximo a educação. Com
objetivos claros e nortes
bem estabelecidos, nosso
trabalho será identificar a
melhor trajetória para os
alunos que temos.

O planejamento é uma direção


coerente, materializada por meio
de determinadas ferramentas.

Sem ele, nem vale a pena começar


a caminhada.

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Um professor
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planejador é aquele
que:
Utiliza objetivos de aprendizagem e
1
critérios de sucesso.

2 Combina objetivos simples e complexos.

3 Leva em conta resultados anteriores.

4 Considera atitudes e esforço.

5 Escuta os alunos.

6 Estabelece metas de alta expectativa.

Utiliza múltiplas estratégias para


7
alcançar seus objetivos.
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08

Para que você possa


atender todos esses
critérios e se tornar um
professor planejador, a
metodologia do
Planejamento Reverso é
a ideal.
Vamos conhecê-la.
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Backward
09
Design
O Backward Design, traduzido no português para
Planejamento Reverso, é organizado em três etapas:

A Compreensão ou
os Resultados
Esperados;

As Evidências
de
Aprendizagens;

Atividades ou
Experiências de
Aprendizagem.

A metodologia foi desenvolvida por Grant Wiggins(2019), que


almejava vencer aquilo que chamou de pecados do
planejamento, que são: planejamento com foco na atividade e
com foco na cobertura (ou material didático).
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10 Vamos compreender cada

Para um desses pecados:

pensar Imagine que você foi requisitado(a) a


ministrar a disciplina de Modelos
Econômicos e chegou na aula de
Fordismo. Diante do tema, você
automaticamente pensará na
atividade que pode aplicar para
ensiná-lo. Nesse exemplo, você
provavelmente pensaria no clássico
filme "Os Tempos Modernos" de
Charles Chaplin, que representa bem
as linhas de produção fordistas.
Talvez você pense em mais uns dois ou
três recursos e em todo o resto que
pode fazer durante a aula. Existe
grande chance de que você não
pense em avaliação, afinal, talvez a
prova bimestral ainda esteja longe.
Mas se você já entendeu que se deve
avaliar com frequência, talvez
considere que seja importante pensar
em uma avaliação. Mas você o fará
depois de preparar a aula.
Se você se identificou com essa forma
de preparar aulas, então você ainda
não aplica o planejamento reverso.
Essa é a forma de planejamento por
atividade.

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11 Agora imagine que você
tenha um livro didático
como referência e organiza
todas as suas aulas
pensando nos capítulos que
tem no livro. Ou seja, você
distribui as suas aulas de
acordo com a quantidade
de capítulos e com a ordem
deles. Este pode ser
denominado planejamento
por cobertura ou
planejamento por material
didático.

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No primeiro caso, o grande problema é que
você não pode preparar a aula com base em
um tema ou atividades. Você deve prepara-la
tendo em vista objetivos de aprendizagem. Além
disso, as evidências de aprendizagem devem
ser pensadas antes das atividades instrucionais.
E fazer isso exige experiência e prática, mas o
resultado é recompensador. As evidências não
vêm depois da definição das metodologias e
dos recursos, elas vêm antes.

Por isso a metodologia se chama


Planejamento Reverso

A última coisa que você prepara é a primeira


coisa que você aplica, ou seja, as atividades
da aula. Do mesmo modo, as primeiras coisas
em intenção, seus resultados esperados, são a
última coisa que você vai alcançar. Assim,
pode-se dizer que você começa pelo final e
faz o caminho reverso.
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No segundo pecado,
não há objetivos
definidos previamente,
mas sim um material que
referencia todo o
processo de ensino e
aprendizagem. O foco é
no insumo (input) e não
nos resultados (outputs).

Guias curriculares, livros didáticos e testes ajudam o


professor a responder a um subconjunto de expectativas.
No entanto, pela própria natureza eles não conseguem
ditar o currículo para uma turma específica, pois o que é
ensinado deve se conectar a PRONTIDÃO do aluno e aos
seus interesses, bem como ao contexto da comunidade
(DARLING-HAMMOND, p.148).
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É possível que o material não tenha um


roteiro ideal e exija uma velocidade que
não corresponda às condições de
acompanhamento dos alunos. Além disso, o
professor tende a focar mais no material
didático do que nos alunos.

(WIGGINS, 2019, P.16)


"Nós chamamos as duas versões do problema de
'pecados capitais' do planejamento instrucional típico
nas escolas: o ensino com foco na atividade e o ensino
com foco na cobertura. Nenhum dos casos fornece uma
resposta adequada às questões centrais para uma
aprendizagem efetiva: O que é importante aqui? Qual
é o objetivo? Como esta experiência me permitirá
cumprir minhas obrigações como aprendiz? Dito de
forma mais simples, em uma frase a ser considerada ao
longo deste livro: o problema em ambos os casos é que
não há grandes ideias explícitas que orientam o ensino
e nenhum plano para assegurar a aprendizagem."

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Vamos compreender
melhor as três etapas do

Planejamento Reverso:
A Definição dos Resultados Esperados.
PRIMEIRA: Ou seja, onde você quer que seu aluno
chegue - a linha de chegada.

Definição das Evidências de


Aprendizagem, isso quer dizer, como
A você vai avaliar e vai identificar se o
SEGUNDA: seu aluno chegou ou não aonde você
queria que ele chegasse.

A Definição das Experiências de


TERCEIRA: Aprendizagem - o que vai
acontecer na aula.
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Eu listei algumas perguntas essenciais para cada uma das
etapas para ficar ainda mais claro para você.
A etapa dos Resultados Esperados - também chamada de
Compreensão - se refere a compreensão que queremos que o
nosso aluno alcance e tem como pergunta fundamental:

"O que os alunos devem


compreender?"
Na segunda etapa, as Evidências de Aprendizagem, a
pergunta essencial é:

"Quais são as evidências que revelam


que eles compreenderam?"
Na etapa das Experiências de Aprendizagem:

"Que textos, atividades e


métodos melhor possibilitarão
essa compreensão?"

Fazendo dessa forma, o que você


alcança no seu planejamento?
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É o que os autores
chamam de Alinhamento
Construtivo. É um
alinhamento que constrói
o caminho para a
aprendizagem.

E está alinhado a quê?


Está alinhado aos
Objetivos de
Aprendizagem.

É um planejamento que
alinha os resultados
esperados, as avaliações
e as ações de ensino, de
uma forma estruturada.

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Nesse ebook vamos considerar uma fase
anterior e uma fase posterior às três etapas
do Planejamento Reverso, ou seja, uma fase
0 e 4 respectivamente.

Faremos desse modo para tornar mais


pedagógico e mais prático.

A etapa 0 é o planejamento da disciplina.


Nela, a ideia é que você veja a sua
disciplina inteira antes de planejar aula
por aula, ou seja, que você produza a sua
ementa e que você defina as
aprendizagens essenciais e conceitos
essenciais.

Na etapa 4 aprenderemos o que fazer


após a aula de modo que tenhamos
informações que nos permitam melhorar
ainda mais a nossa entrega.

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19 Resultados
Esperados
Na educação, os resultados esperados são
organizados na forma de objetivos de
aprendizagem. Para escrevermos os
objetivos, utilizaremos como referência a
Taxonomia de Bloom.

"Na educação, decidir e definir os objetivos de


aprendizagem significa estruturar, de forma consciente, o
processo educacional de modo a oportunizar mudanças de
pensamentos, ações e condutas. Essa estruturação é
resultado de um processo de planejamento que está
diretamente relacionado à escolha do conteúdo, de
procedimentos, de atividades, de recursos disponíveis, de
estratégias, de instrumentos de avaliação e da metodologia
a ser adotada por um determinado período de tempo"
(FERRAZ, 2010,p.421)

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20

BENJAMIN
BLOOM

Benjamin Bloom foi convidado a definir


níveis de objetivos educacionais e assim
produziu uma taxonomia organizada em seis
níveis, três inferiores e três superiores - na
forma de uma pirâmide.

AVALIAÇÃO
SÍNTESE

NÍVEIS ANÁLISE
SUPERIORES

NÍVEIS
INFERIORES
APLICAÇÃO

COMPREENSÃO

CONHECIMENTO
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Essa nomenclatura foi


revisada e chegou a uma
versão final com os
seguintes níveis:

CRIAR
AVALIAR

NÍVEIS ANALISAR
SUPERIORES

NÍVEIS
INFERIORES
APLICAR

ENTENDER

RELEMBRAR
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22

De baixo para cima, há uma gradação de complexidade


e abstração, ou seja, o nível do aplicar é mais complexo
que o nível do relembrar, assim como o nível do avaliar é
mais complexo e abstrato que o nível do entender, e
assim por diante. Cada nível da pirâmide é base para
outros níveis. Cada nível posterior só pode ser alcançado
se for adquirido o anterior.

É importante destacar um elemento fundamental sobre os primeiros


níveis: relembrar e entender. Vemos que existe uma diferença entre
lembrar de algo e compreender o que esse algo significa. Essa é a
diferença de obter uma informação, ou seja, saber de um fato e
alcançar uma compreensão. Ao lembrarmos de um fato que ouvimos e
lemos, não necessariamente somos capazes de explicá-lo.

"Um fato, por si só, não pode estimular a imaginação. Ele simplesmente
é. Assenta-se ali como uma pedra" (ESOLEN, 2017, p.19).

Quando se trata de educar,


nada pode simplesmente se
assentar, é preciso provocar a
curiosidade e o interesse, e
estimular a imaginação.
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23 A grande falta cometida
pela educação dos últimos
séculos, é que esta parava
no nível do relembrar, sem
alcançar o imaginário e
consequentemente, o
entendimento. Assim se
solidificou o que muitos
chamaram de educação
"decoreba".

Como explica Mortimer


Adler (2010, p.33):

"Estar bem informado é pré-


requisito para ser esclarecido.
Porém, a questão é não se
contentar em estar bem
informado".

Quando um aluno recebe


uma informação de forma
passiva, não busca explicá-
la e não recebe dela
nenhuma transformação -
não houve aprendizado.
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COMO REDIGIR OBJETIVOS


DE APRENDIZAGEM:
Para redigirmos objetivos de aprendizagem com base nos
níveis da Taxonomia de Bloom, precisamos destrinchar cada
um deles em verbos, conforme imagem abaixo:

Habilidades de baixa ordem cognitiva Habilidades de alta ordem cognitiva


Lembrar Entender Aplicar Analisar Avaliar Criar

Reconhecer Interpretar Executar Diferenciar Checar Gerar


Identificar Clarificar Cumprir Discriminar Coordenar Hipotetizar
Parafrasear Distinguir Detectar
Recordar Representar Implementar Focar Monitorar Planejar
Recuperar Traduzir Usar Selecionar Testar Projetar

Exemplificar Organizar Criticar Produzir


Ilustrar Encontrar Julgar Construir
Fundamentar coerência
Integrar
Classificar Esboçar
Categorizar Analisar
Subordinar Escrutinar

Sintetizar Atribuir
Resumir Desconstruir
Generalizar

Inferir
Concluir
Extrapolar
Interpolar
Predizer

Comparar
Constatar
Mapear
Parear

Explicar
Construir
modelos
Fonte: Tabela adaptada de Anderson e Krathwohl, 2001
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Para compreender melhor cada nível da


Taxonomia de Bloom, leia o quadro a seguir:

1
Lembrar: Relacionado a conhecer e reproduzir ideias e conteúdos.
Reconhecer requer distinguir e selecionar uma determinada informação e
reproduzir ou recordar está mais relacionado à busca por uma informação
relevante memorizada. Representado pelos seguintes verbis no gerúndio:
reconhecendo e reproduzindo.

2
Entender: Relacionado a estabelecer uma conexão entre o novo e o
conhecimento previamente adquirido. A informação é entendida quando o
aprendiz consegue reproduzi-la com suas “próprias palavras”. Representado
pelos seguintes verbos no gerúndio: interpretando, exemplificando,
classificando, resumindo, inferindo, comparando e explicando.

3
Aplicar: Relacionado a executar ou usar um procedimento numa situação
específica e pode também abordar a aplicação de um conhecimento numa
situação nova. Representando pelos seguintes verbos no gerúndio:
executando e implementando.

4
Analisar: Relacionado a dividir a informação em partes relevantes e
irrelevantes, importantes e menos importantes e entender a inter-relação
existente entre as partes. Representado pelos seguintes verbos no gerúndio:
diferenciando, organizando, atribuindo e concluindo.

5 Avaliar: Relacionado a realizar julgamentos baseados em critérios e


padrões qualitativos e quantitativos ou de eficiência e eficácia.
Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: checando e criticando.

6
Criar: Significa colocar elementos junto com o objetivo de criar uma nova visão, uma
nova solução, estrutura ou modelo utilizando conhecimentos e habilidades previamente
adquiridos. Envolve o desenvolvimento de ideias novas e originais, produtos e métodos
por meio da percepção da interdisciplinaridade e da interdependência de conceitos. Fonte:
Ana Paula
Representado pelos seguintes verbos no gerúndio: generalizando, planejando e Ferraz
produzindo. (2010)
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Com esses verbos de


referência, chegou o momento
de redigir os objetivos. Para
tanto, você se valerá da
seguinte estrutura, conforme
orientado por Ana Paula
Ferraz(2010):

Verbo no infinitivo(como)
+
Dimensão do
Conhecimento a ser
adquirida(o que)

Os verbos se referem ao
nível cognitivo que se
almeja alcançar. Por isso,
devem vir acompanhados
do conhecimento que se
espera que os alunos
adquiram.

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27 1

Identificar as vantagens
EXEMPLOS e desvantagens do uso
de avaliação formativa e
somativa

Explicar a relação entre os


termos "aprendizagem" e
"ativa"

Redigir objetivos de
aprendizagem tendo como
referência a Taxonomia de
Bloom

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28

Percebam que o primeiro objetivo se


encontra no nível do relembrar, o segundo
do compreender e o terceiro do aplicar.

Agora leia os
objetivos de
aprendizagem
elencados no nosso
programa de curso e
verifique em que
nível cada um está.

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29 Evidências de
Aprendizagem
A segunda etapa do planejamento reverso
são as evidências de aprendizagem, ou
seja, as avaliações. Avaliação é um
processo de análise do progresso de
alguém tendo como referência um ou mais
objetivos. Além do monitoramento do
desenvolvimento, o papel da avaliação é
registrar o sucesso alcançado em
momentos específicos. A avaliação também
deve servir ao professor, para que reveja
sua própria prática.

No entanto, a palavra “avaliação” nem


sempre tem uma conotação positiva,
principalmente porque está associada à
noção de julgamento (por conta das
provas e testes).

Mas avaliar é julgar?

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30

Dicionário:
A origem da palavra “avaliação”,
traduzida da palavra inglesa assessment,
do antigo francês assesser, com base no
latim assidere, tem o significado de
“sentar junto”.

A avaliação deve ser um processo contínuo e


constante durante o ensino e aprendizagem. O
professor precisa ter consciência de que há outras
maneiras de avaliar se realmente os alunos
alcançaram sucesso em relação aos objetivos de
aprendizagem, que não as provas e testes.

Jussara Hoffmann, autora de livros como “Avaliação:

mito e desafio” (2012, p.13), diz que “avaliar não é

julgar, mas acompanhar um percurso de vida da

criança, durante o qual ocorrem mudanças em

múltiplas dimensões, com intenção de favorecer o

máximo possível seu desenvolvimento”. A avaliação é,

portanto, um processo que se materializa na forma de

determinados instrumentos e ações e que acompanha

a jornada de aprendizagem do estudante.

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31

A AVALIAÇÃO, DE
FORMA SINTÉTICA
ALCANÇA OS
SEGUINTES
PROPÓSITOS:
Avaliação como medida normativa Medir as performances dos alunos

Avaliação como juízo de valor Concluir se um aluno é bom ou mau

Interpretar as informações, permitindo


Avaliação como auxiliar à atribuir uma classificação, reconhecer
tomada de decisões um exame, declarar um êxito, decidir
uma orientação

Avaliação como comunicação Fornecer aos alunos, pais e outros


entre os atores da educação professores informações sobre o nível
e o trabalho dos alunos
Avaliação como verificação de
Verificar se um objetivo foi atingido
congruência com o objetivo

Avaliação como Elucidar o aluno sobre as melhorias


acompanhamento da que ele deve introduzir na sua
aprendizagem aprendizagem
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Denominam-se
32 evidências de
aprendizagem as
atividades avaliativas
que permitem ao
professor verificar
quanto dos objetivos de
aprendizagem foram
alcançados pelos alunos.
Essas evidências se
dividem em somativas e
formativas.

AVALIAÇÃO
SOMATIVA

A avaliação somativa é uma espécie de

diagnóstico do desempenho do aluno, ou

seja, da aprendizagem obtida em um

determinado período de tempo.

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33
Mais conhecida como prova ou exame, essa avaliação

pode acontecer a cada fim de apostila, a cada mês ou

bimestre/trimestre, e utiliza uma nota ou conceito como

métrica de referência.

A nota/conceito é repassada ao aluno e aos familiares,

quando se trata da educação básica. Além disso, é

requisito para uma diplomação.

Em síntese:

- É APRESENTADA EM NÚMEROS,
CONCEITOS OU PONTUAÇÃO

- VERIFICA O QUE FOI


APRENDIDO ATÉ O MOMENTO DA
PROVA

- HIERARQUIZA O APRENDIZADO
ENTRE OS ALUNOS

- NÃO TORNA O ENVOLVIMENTO


DO ALUNO NECESSÁRIO, APÓS
CONCLUSÃO DAS TAREFAS

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34
AVALIAÇÃO
FORMATIVA
A avaliação formativa se caracteriza por múltiplos caminhos que
visam à formação do aluno. Diferente do que muitos pensam, ela
tem critérios claros. As evidências de aprendizagem, em
avaliação formativa, revelam os diferentes pontos de partida
dos estudantes e tem como função a regulação da
aprendizagem. Esse modelo de avaliação pode ser
compreendido como o registro e acompanhamento de um
caminho.
Para a avaliação formativa, os professores precisam conversar
com os alunos e dar feedbacks, de modo a auxiliá-los no
aperfeiçoamento de suas práticas e entendimentos.

Culturalmente, esse tipo de avaliação é


integrada a uma pontuação, agregada à
avaliação somativa. Contudo, não há essa
necessidade.
Os exemplos são inúmeros e é impossível
esgotá-los, mas podemos citar as listas de
exercícios, leitura em voz alta, projetos, teatro,
redação, jogos e debates.

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35

As avaliações formativas podem envolver métodos


informais, como observação e questionamento oral,
ou o uso formativo de medidas mais formais, como
testes tradicionais, portfólios ou avaliações de
desempenho (DARLING-HAMMOND, 2019, p.237).

A avaliação diagnóstica é parte da avaliação


formativa, e tem como objetivo saber qual é a base
que os alunos possuem sobre determinado tema, de
modo que sejam capazes de acompanhar, ou não, o
que será ensinado em seguida. Também estão
inseridas as práticas de autoavaliação, que
possibilitam aos alunos uma reflexão guiada e
efetiva.

Em 1987, o Grupo de Reforma da Avaliação,


patrocinada pela Associação de Pesquisa
Educacional Britânica, encarregou dois de seus
membros para investigar o uso da avaliação
formativa em diferentes salas de aula. Os resultados
evidenciaram que a avaliação formativa é uma
prática que gera resultados positivos e melhora o
desempenho dentro e fora da sala de aula.
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SOMATIVA FORMATIVA
Avaliação da aprendizagem Avaliação para aprendizagem

Verifica o que foi aprendido até Verifica o aprendizado para


o momento decidir o que será feito em
seguida
Elaborada para aqueles que não estão
diretamente envolvidos no processo de
Elaborada para auxiliar o
ensino-aprendizagem diário
professor e o aluno
(pais/responsáveis/escola/
estado etc.)

Apresentada em um Usada em conversas


relatório formal sobre a aprendizagem

Resume informações sobre o progresso Específica da tarefa ou da situação de


do aluno em direção às expectativas de aprendizagem. Feedback descritivo é
aprendizagem da unidade ou do dado aos alunos de forma escrita ou
bimestre/trimestre. É expressa em oral, em vez de números, pontuação em
números, pontuação e notas e notas
Frequentemente usada para comparar o Normalmente focada no progresso em
aprendizado entre alunos ou com comparação à última melhor avaliação
“padrão para uma série” do aluno, e visa ao progresso em
direção a um padrão

É preciso envolver o aluno, uma vez que


Não é necessário envolver o aluno
este é a pessoa responsável por
depois que as tarefas são completas
aperfeiçoar o seu aprendizado
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Uma outra forma de compreender as evidências de


aprendizagem é organizá-las em formatos de aplicação, isso
quer dizer, no grande grupo, pequeno grupo ou
individualmente.

Essa é uma divisão organizada por mim, porque acredito


que torna muito claro e prático para o professor.

Avaliar o grupo
grande: ou seja, a
sala toda;

Avaliar o grupo Avaliar um aluno


pequeno: individualmente
2 a 6 alunos

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Uma coisa muito importante é que quando falamos de Avaliação


do Grupo Grande, esta tende a ser informal, visto que você não
obterá detalhes do conhecimento dos alunos se dirigindo a turma
toda.

Quando falamos de Avaliação do Pequeno Grupo, nos referimos a


uma avaliação formal, com critérios claros e bem estabelecidos e
com a possibilidade de identificação de dados reais, plausíveis.
Isto é possível porque com menos alunos somos capazes de obter
dados objetivos sobre cada um dos estudantes e não apenas ter
uma ideia geral da turma.

Pode ser realizada quando os alunos produzem produtos, como:


protótipo, relatório de um experimento, texto, poema, pôster,
cartilha, etc. O produto deve atender a critérios claros.

Por fim, a Avaliação do Indivíduo também é uma avaliação formal,


precisa e efetiva. Claro que sua precisão depende da qualidade
do método escolhido e da ausência das "pegadinhas", que só
atrapalham. As pegadinhas são totalmente desnecessárias além de
não ser essa a educação que acreditamos e que devemos
valorizar.

Nesse tipo de avaliação se incluem as avaliações somativas, os


trabalhos individuais, as listas de exercícios, as práticas de
autoavaliação e outras.

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39

Todas as avaliações citadas, terão sua precisão e efetividade


alcançadas quando alinhadas aos objetivos de
aprendizagem. Sem esse alinhamento, de nada vale avaliar.

O processo de avaliação (...) é o momento de Objetivos de


pensar nas estratégias a utilizar, de definir os
objetivos específicos da ação avaliadora, de aprendizagem e a
selecionar os instrumentos a utilizar, de fixar os avaliação são pares
critérios a seguir, de montar o possível dialéticos inseparáveis e
calendário, etc. Definitivamente, antecipar devem ser colocados
intencionalmente em que vai consistir e como em relação durante
queremos que seja realizada uma atuação
avaliadora determinada (CASTILHO
todo o processo
ARREDONDO, 2009, p.211) avaliativo.

OS OBJETIVOS REVELAM A INTENCIONALIDADE DO PROFESSOR E A


AVALIAÇÃO INFORMA SOBRE O DESENVOLVIMENTO E
CONSECUÇÃO DOS OBJETIVOS, ALÉM DE ALIMENTAR O
PLANEJAMENTO DE AULAS FUTURAS, POSSIBILITANDO SABER O QUE
OS ALUNOS ESTÃO APRENDENDO.

É o elo entre o ensino e a


aprendizagem.
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40

Para realizar o alinhamento, basta usar a própria


Taxonomia de Bloom como referência, ou melhor dizendo,
a dimensão do conhecimento disposta em cada um dos
objetivos de aprendizagem redigidos.

Tomando o exemplo anterior: "Identificar as vantagens e


desvantagens do uso de avaliação formativa e somativa",
poderiam ser utilizadas evidências de aprendizagem como
a produção de um quadro estruturado com os critérios
vantagens e desvantagens ou a produção de um mapa
conceitual, por exemplo. Para o objetivo "Redigir objetivos
de aprendizagem tendo como referência a Taxonomia de
Bloom", os alunos devem fazer o que o próprio objetivo
requer, redigir

Para que o professor seja capaz de verificar o sucesso do


aluno no que concerne aos objetivos, as evidências devem
revelá-lo, ou seja, devem fornecer as informações
necessárias.

Também acho que é muito importante


diferenciarmos a avaliação da seguinte forma:

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AVALIAÇÕES DA, PARA E
41
COMO APRENDIZAGEM
Nessa classificação, as avaliações formativas e somativas
ganham uma perspectiva diferente e evidenciam um fator
fundamental:
A avaliação é importante para a prática do professor (ao
menos os humildes).

Avaliação da Aprendizagem
Nada mais é do que a avaliação da aprendizagem dos alunos
após um determinado período. Busca responder: o que os alunos
aprenderam em relação aos que eles deveriam ter aprendido ao
longo desse tempo? Esse modelo é equivalente a avaliação
somativa.

Avaliação para aprendizagem


Esse modelo se equivale a avaliação formativa, pois tem como
propósito avaliar para que a aprendizagem dos alunos de fato
ocorra. Como um técnico de futebol que está sempre junto dos
jogadores, o professor não pode se eximir do
acompanhamento. Esta subdivisão nos recorda que a
avaliação serve para promover a aprendizagem, ou seja, não é
um artigo de luxo ou um simples instrumento de classificação -
é condição sine qua non para a aquisição de conhecimento.

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42
Avaliação como aprendizagem
Esse nível de avaliação é, na verdade, autoavaliativo e serve para o aluno e
para o professor.

Os estudantes precisam receber feedbacks que os incentivem a participar da


análise de seu próprio aprendizado. Além disso, eles devem sentir-se seguros,
em um ambiente favorável, para que conquistem a parcela de
responsabilidade que lhes cabe no processo de avaliação. A avaliação como
aprendizagem trata-se justamente dessa condição de aprender com a auto
reflexão.

Os alunos devem ser estimulados e ensinados pelos professores a realizarem


esse monitoramento e, para tanto, deve ser reservado um tempo para isso ao
longo das aulas. Seja em todas as aulas ou ao final de unidades, o importante é
que a autoavaliação aconteça.

Quanto mais o aluno desenvolve sua capacidade autoavaliativa, mais aprende,


posto que aprende a aprender, ou seja, a conduzir sua própria aprendizagem
de forma autônoma.

Grande parte dos alunos não se desenvolvem em seus estudos porque não
sabem estudar sozinhos, ler bem um livro, fazer um bom resumo ou interpretar
múltiplas fontes de informações.

Para os docentes, o objetivo da avaliação como aprendizagem é a reflexão


sobre a própria prática e conduta, assim como sobre o que pode ser feito para
que os alunos alcancem melhores resultados. O professor deve ter humildade
suficiente para reconhecer que mal entendidos ou resultados ineficientes
podem ser oriundos de uma instrução insatisfatória.

Ao contrário do que acontece na educação, a avaliação como aprendizagem


deve ser o foco primordial, conforme representação nas pirâmides a seguir.
Quanto mais largo o nível, maior deve ser o enfoque.

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43

EDUCAÇÃO VIGENTE: EDUCAÇÃO COMO DEVE SER:

COMO DA

PARA PARA

DA COMO

FIQUE LIGADO com a Taxonomia de Bloom

Para definir as evidências de aprendizagem você deve completar a


seguinte sentença: "eu sei que os alunos compreenderam quando eles
são capazes de…"

Sempre se pergunte se as suas evidências de aprendizagem estão no


mesmo nível de conhecimento dos seus objetivos. Ou seja, não peça
para o aluno criar um protótipo, se o seu objetivo é saber se ele se
lembra de um conceito. Assim como não se deve pedir que o aluno
analise uma informação, se o objetivo requer que ele crie algo autoral.

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44

COMO INSERIR AS EVIDÊNCIAS DE


APRENDIZAGEM NAS SUAS AULAS?

Quando se fala em avaliação, muitos professores


entendem que esta se resume a uma prova marcada
com antecedência. Contudo, para o bom funcionamento
do Planejamento reverso e do alinhamento construtivo,
ela não pode ser entendida desta forma. Todas as
práticas realizadas em sala de aula podem ser
entendidas como oportunidades de avaliar.

A avaliação pode ser discreta,


quando aplicada sem
interromper o fluxo da aula e de
modo que os alunos nem
percebam que estão sendo
avaliados, ou intrusiva,
ocorrendo após interrupção da
atividade que está sendo
realizada e com os alunos
cientes de que a avaliação está
acontecendo.

Sabendo disso, o planejamento da sua aula precisa


abarcar essas evidências. Com os objetivos redigidos e
as evidências de aprendizagem definidas, você está
pronto para a terceira etapa do planejamento reverso:
as atividades instrucionais.

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ATIVIDADES
INSTRUCIONAIS
A terceira etapa do planejamento
reverso nada mais é do que o desenho
de tudo o que acontecerá na aula, ou
seja, o roteiro. Denominamos de
atividades instrucionais, toda a ação
que visa a instrução do aluno. Além
disso, devem ser descritos os recursos
e materiais necessários. Se você se
identificou com essa forma de
preparar aulas, então você ainda não
aplica o planejamento reverso. Essa é
a forma de planejamento por
atividade.

O que o professor-planejador deve fazer nesse estágio,


acima de tudo, é não cair na tentação de recorrer a
técnicas cômodas e familiares. A essência do
planejamento reverso consiste em fazer essa pergunta
atentamente: dados os resultados desejados e os
desempenhos almejados, que tipos de abordagens,
recursos e experiências de ensino e de aprendizagem
são exigidas para alcançar esses objetivos? Ou seja, as
perguntas cruciais para o terceiro estágio são as
seguintes: de que os aprendizes precisam, dados os
resultados desejados? Qual é o melhor uso do tempo
gasto dentro e fora da sala de aula, considerando os
objetivos de aprendizagem? (WIGGINS, 2019, p.328).

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46

U
ma boa referência para decidir o que fazer
em cada parte da aula é a Matriz
OPERAAO. Essa é uma matriz que nos
permite entender melhor o que devemos
considerar para preparar uma aula.

PRENDER EQUIPAR
Como atrair e manter o interesse Como preparar os alunos para as
dos alunos? performances esperadas?

P E
REPENSAR E
ONDE
REVISAR
Para onde vamos? O R Como ajudar os
Por quê? O que se
espera?

PERAAO alunos a repensarem

ORGANIZAR
O e revisarem?

Como organizar e
o a AVALIAR
Como os alunos se
sequenciar o autoavaliam e
aprendizado? a refletem sobre seu
aprendizado?
ADAPTAR
Como atender a necessidades,
interesses e estilos variados?

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47
O “O”, significa “onde”, ou seja: Para

O
onde nós vamos? Por que nós vamos
para lá? Nessa etapa você apresenta
os objetivos, a rotina do dia. Você
permite aos alunos fazerem parte do
caminho, compreendendo a
intenção. É a mesma ideia de ler a
sinopse de um filme antes de
assisti-lo ou o sumário de um livro.
Com essa prática você situa o
estudante.

p
O “P” se refere a “prender”: como
atrair e manter o interesse dos
nossos alunos naquilo que está
sendo ensinado? Uma das formas de
fazer isso é utilizar aquilo que
chamamos de ganchos, que nada
mais são do que formas de colocar o
aluno em estado de vigilância,
motivado e interessado naquilo que
você está ensinando. É "(...) um
curto momento introdutório, que
captura tudo que há de interessante
e envolvente na matéria e coloca
isso bem diante da classe" (LEMOV,
2016, p.93)

Para saber mais!


Você pode utilizar os seguintes recursos como ganchos:

1. História rápida e envolvente


2. Analogias com algo presente na vida dos alunos
3. Mídias como imagens, música ou vídeos
4. Desafios que instiguem os alunos
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48
O “E” vem de “equipar”: Como
preparar os nossos alunos para as

e
performances esperadas? O que nós
vamos fornecer para eles em sala de
aula? Quais as experiências que
permitirão a eles alcançarem aquilo
que nós queremos que eles
alcancem?

É nesse momento que podem ser


inseridas as metodologias ativas,
desde que haja justificativas
pedagógicas para ela. O objetivo
nunca pode ser apenas ser criativo,
inovador ou divertido.

O “R” de “repensar e revisar”, se refere


a como agir para ajudar os alunos a
repensarem e revisarem tudo aquilo

r
que viram, para que possam realmente
consolidar as aprendizagens.

A avaliação formativa deve estar


presente a todo momento em sua aula.
Lembre-se: um bom professor é um bom
avaliador. Como um treinador de
basquete que a todo tempo verifica os
movimentos, as jogadas e fornece
melhores estratégias.

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49
O A”“ vem de “avaliar”: Como os

a
alunos de autoavaliam e refletem
sobre o seu próprio aprendizado?
Essa metanálise, ou seja, a prática
da autoavaliação é fundamental em
diversos aspectos da vida e deve ser
praticada em sala de aula.

A autoavaliação é uma chave na


educação, infelizmente muito pouco
utilizada pelos professores. Os
alunos que não refletem sobre o que
aprenderam, sobre as dúvidas que
ainda possuem e não conseguem
identificar o próprio progresso em
termos dos objetivos, dificilmente
alcançarão a tão propagada e
defendida autonomia.

O segundo “A”, de “adaptar”, se refere


as seguintes perguntas: Como atender
as necessidades, interesses e estilos

a
variados que os alunos têm?

A adaptação nos lembra que, ainda que


tenhamos todo um planejamento, cada
turma é uma turma e adaptações serão
necessárias. Não adianta o docente
adotar o planejamento reverso para não
cair nos pecados capitais e ficar preso
ao planejamento sem respeitar o tempo
e as condições dos alunos que estão
junto dele.

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50
Por fim, a matriz tem o “O” de
“organizar”: Como organizar e

o
sequenciar o aprendizado da forma
mais coerente para que os alunos
alcancem o resultado?

Este elemento nos lembra que há


sequências que são mais poderosas
que outras. Isso se deve ao fato de
que determinados conteúdos ou
habilidades são primárias e a outras
e que, quando não alcançadas
previamente, dificultam o
desenvolvimento do aluno. Alguns
conhecimentos são bases para
outros e isso não pode ser
desconsiderado. Além disso, sabe-se
que partir do concreto para o
abstrato é uma forma apropriada de
condução da aprendizagem, pois o
primeiro prepara para o segundo.

É nesse momento que podem ser


inseridas as metodologias ativas,
desde que haja justificativas
pedagógicas para ela. O objetivo
nunca pode ser apenas ser criativo,
inovador ou divertido.

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51

Vale ressaltar que a


matriz OPERAAO, não é
uma sequência a ser
seguida:
"Para usar uma analogia com a narração de contos, uma
história precisa de trama, personagens e cenário. Esses são
elementos da história, assim como OPERAAO resume os
elementos do planejamento. Mas como estes podem ser
formados em um todo mais estimulante e eficaz? Há
inúmeros possíveis inícios, meios e fins. Assim como o
narrador de histórias começa com fragmentos do diálogo
ou descrição de um personagem, e trabalha em direção à
trama (ou vice-versa), o planejamento, também, emerge
com o tempo, seguindo vários caminhos e sequências"
( WIGGINS, 2019, p.336).

Assim como nas avaliações, nesta etapa o


professor também pode definir quais atividades
serão realizadas individualmente, em pequenos
grupos ou no grande grupo.

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52

Para que essa terceira etapa seja bem sucedida é


muito importante que o professor saiba ser um bom
gestor de sala de aula e um bom mediador. O melhor
planejamento de aula não funcionará nas mãos de um
professor pouco habilidoso na arte de ensinar.

Sabemos que, de algum modo, todos ensinam e


aprendem, mas como ensina Lee Shulman:

"O que está embutido em todo ser humano é a capacidade de aprender. Essa

capacidade de aprender a linguagem, os números, as abstrações são, até

onde eu sei, capacidades que nenhuma outra espécie tem. Assim, de fato,

nossa espécie foi planejada para aprender, o que significa que ela foi

planejada para ser ensinada, de onde decorre que ela também foi planejada

para ensinar. Nesse sentido, trata-se de algo tão natural que não deveríamos

nos surpreender se as pessoas ao redor do mundo pensam que qualquer um

pode ensinar, porque qualquer um pode ensinar – de fato, todos podem – e

isso é algo que devemos apreciar. Nós deveríamos amar o fato de que o que

estamos fazendo enquanto profissão é aquilo que todo ser humano faz

instintivamente. Entretanto, não deveríamos nos surpreender que, ao passo

que aquilo que precisa ser ensinado se torna mais complicado, mais crítico e

mais importante para a sobrevivência e desabrochar da vida, a habilidade de

ensinar torna-se igualmente mais complicada e isso não é algo que se

aprende na noite para o dia" ( FREIRE, 2019, p.8).

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53

Portanto, o sucesso de um planejamento no currículo


em ação, ou seja, no momento em que a aula
acontece, depende também da experiência do
professor. Contudo, certamente o planejamento torna
muito mais fácil e possível o trabalho do docente, de
modo que este não haja por sorte, mas com
intencionalidade.

Vale a pena ressaltar que o trabalho do


professor não é despejar milhares de
fatos e informações, mas sim conduzir o
aluno de um local a outro, previamente
estabelecido. Os conteúdos são
fundamentais, mas não são um fim em si
mesmos.

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54

PLANEJAMENTO DE
AULA NA PRÁTICA
Essa é a etapa em que você vai efetivamente preencher o plano
de aula e, para isso, vamos explicar o uso do template
estruturado nos moldes do Planejamento Reverso. Antes, contudo,
você precisa saber que nenhum objetivo de aprendizagem pode
ser redigido sem que antes você tenha a visão do macro, ou
seja, do planejamento da disciplina. Doug Lemov menciona a
importância do planejamento da unidade e defende que não
fazer isso, é uma das falhas mais perigosas e nocivas:

Planejamento de unidade significa


metodicamente perguntar-se como a aula de
hoje é construída sobre a de ontem e como
ela prepara para a de amanhã, e como essas
três aulas se encaixam em uma sequência
maior de objetivos que levam ao domínio da
matéria ( LEMOV, 2016, p.77)

Portanto, antes de definir os objetivos de aprendizagem de uma


aula, você precisa pensar na disciplina como um todo, seja ela anual
ou semestral.

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55
Pense no planejamento de aula como o planejamento
de um livro com seus diversos capítulos. Dentro de cada
capítulo há muitos tópicos. Utilizando essa correlação, o
livro é a sua disciplina; os capítulos, os seus módulos; e
os tópicos, as suas aulas. Como todo livro, as disciplinas
também possuem uma narrativa.

DISCIPLINA

UNIDADES/ MÓDULOS

AULAS
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56

Os livros defendem uma tese, indicam a solução de um problema ou


formatam uma proposta prática para alguma coisa. Uma disciplina
também tem um elemento macro. O aluno deve perceber, ao final
da disciplina de Anatomia, que tudo o levou a reconhecer a
perfeição do corpo humano e como todas as coisas que o
constituem se conectam em prol de um objetivo: a manutenção da
vida. O mesmo deve acontecer na disciplina de estatística. Os
alunos devem entender para que servem todos aqueles instrumentos
e métodos e reconhecer qual foi o sentido de estudá-los, podemos
dizer: que a coleta de dados e informações, quanto mais precisas,
mais nos possibilitam obter conhecimentos e testar hipóteses que
podem tornar mais eficientes os processos, produtos e serviços.

Mas isso não fica muito evidente na educação básica, posto que as
disciplinas se chamam Geografia, Matemática, Português, por anos
a fio. Nesse caso, você precisa pensar nesse alcance macro por
ano. Qual é a compreensão essencial a ser alcançada no 6º ano,
por exemplo? Os alunos não podem e não devem sair de um ano
inteiro junto com você sem saber qual pedra eles acrescentaram no
castelo da matemática.

Cada conceito e ideia apresentado deve se conectar e contribuir


para uma sólida compreensão da disciplina, ano após ano, em um
crescendo de complexidade e abstração. O conhecimento é uma
caminhada que deve soar ao estudante, progressiva. Isso quer dizer,
ele precisa perceber que a cada ano cresce mais, compreende
mais e se torna mais capaz.
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57
Para alcançar essa ideia maior, é
fundamental que você estude todos
os currículos macros que existem e
chegue nessa “essência” em
concordância com a coordenação.
Mas antes de falarmos sobre eles,
vamos dar um passo atrás e definir
o que é currículo.

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58

De acordo com Linda Darling-


Hammond(2019, p.144)

Definimos currículo como as experiências


de aprendizagem e as metas que o
professor elabora para suas aulas – tanto
em termos de planejamento quanto de
ensino – levando em consideração as
características dos alunos e do contexto
de ensino.

Sendo assim, verifica-se que a autora


considera tanto as experiências que
ocorrerão dentro da sala de aula, que é
basicamente o planejamento da aula,
como também as metas elaboradas pelo
professor. E como dissemos, as metas
das aulas devem estar relacionadas a
objetivos maiores.
Linda Darling-Hammond também
menciona que é preciso considerar as
características dos alunos e o contexto
de ensino. Isso se torna importante,
porque ainda que seja fundamental ir
para a sala de aula munido de uma
intencionalidade muito bem construída,
o que acontecerá durante a aula é algo
que não se pode prever por completo. A
sensibilidade de adaptar e rever o plano
para que a aprendizagem
verdadeiramente ocorra, é função
primordial do professor.

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59

O currículo não é estático, e não pode ser.


Caso contrário, estaríamos certamente
caindo nos pecados capitais expostos por
Wiggins(2019)

O currículo possui algumas


dimensões, são elas:

Currículo
formal

Currículo na
Currículo
prática/ em
Oculto
ação

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60

O currículo formal se refere aos tópicos e conceitos que


serão ensinados. O currículo na prática se refere às
atividades, materiais e tarefas desenvolvidas pelo
professor, assim como as interações que ocorrerão na aula.
O currículo oculto trata de todos os objetivos intrínsecos a
formação integral de um ser humano, assim como todas as
coisas que são definidas antes do momento da aula e que,
portanto, são invisíveis aos alunos. Basicamente tudo o que,
somente quando nos tornamos professores, descobrimos
que existe.

Dicionário:
"O termo currículo deriva da palavra latina curriculum (cuja raiz é a mesma
de cursus e currere. Na Roma Antiga falava-se do cursus honorum, a somo das
“honras” que o cidadão ia acumulando à medida que desempenhava
sucessivos cargos eletivos e judiciais, desde o posto de vereador ao cargo
de cônsul. O termo era utilizado para significar a carreira e, por extensão,
determinava a ordenação e a representação de seu percurso. Esse conceito,
em nosso idioma, bifurca-se e assume dos sentidos: por um lado, refere-se ao
percurso ou decorrer da vida profissional e a seus êxitos (ou seja, é aquilo a
que denominamos curriculum vitae, expressão utilizada pela primeira vez por
Cícero). Por outro lado, o currículo também tem o sentido de constituir a
carreira do estudante e, de maneira mais concreta, os conteúdos deste
percurso, sobretudo sua organização, aquilo que o aluno deverá aprender e
superar e em que ordem deverá fazê-lo." (SACRISTAN, 2013, p.16)

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A palavra currículo é utilizada de muitas maneiras


e com múltiplos sentidos. O importante é saber que
não se trata apenas de um guia formal sobre algo,
mas também se trata das decisões e adaptações
necessárias.

Conforme Gimeno Sacristan(2013), na


citação anterior, o currículo também
envolve aquilo que o aluno deverá
superar e em que ordem deverá fazê-lo,
pois a ordem é um fator fundamental,
muitas vezes negligenciado.

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A compreensão de que o currículo é dinâmico é


condição fundamental para a prática docente. Sabendo
disso, vamos agora falar dos currículos macros onde
devem ser ancorados os objetivos de aprendizagem que
serão alinhados às evidências de aprendizagem e
atividades instrucionais.

É muito importante que o professor saiba quais conteúdos


são base para os próximos conteúdos e que ensine-os na
ordem adequada. A perda dessa ideia de base que
sustenta compreensões mais complexas, tem sido muito
prejudicial para o aprendizado. O

A BNCC, Base Nacional Curricular Comum, é inspirada no


Common Core State Standards, uma espécie de base
curricular comum dos Estados Unidos. Ela regula as
aprendizagens em toda a educação básica, a partir de
habilidades e 10 competências consideradas como gerais.

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Guias curriculares, livros didáticos e testes

ajudam o professor a responder a um

subconjunto de expectativas. No entanto,

pela própria natureza, eles não conseguem

ditar o currículo para uma turma específica,

pois o que é ensinado deve se conectar à

prontidão do aluno e aos seus interesses,

bem como ao contexto da comunidade

(DARLING-HAMMOND, 2019, p. 149)

As escolas devem adequar os seus currículos ao que está


proposto no documento. Tanto gestores quanto professores têm
suas funções elencadas para a garantia dessa tarefa. Portanto,
ela é um documento que deve ser lido pelos professores.
Contudo, vale ressaltar que não necessariamente os conteúdos
estão dispostos da maneira adequada e o dever do professor é
verificar isso e fazer adaptações. A base nacional não pode
engessar o trabalho do professor.

Além da base, as escolas possuem seus Projetos Políticos


Pedagógicos que também devem ser consultados.

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No que concerne ao ensino


superior, os professores podem
consultar os editais do último
ENADE da área em questão e
também os planos de ensino
desenvolvidos anteriormente.
Nos dois casos, educação básica
ou ensino superior, os professores
podem pesquisar modelos
aplicados no Brasil e no mundo.

Vale ressaltar que a prática


dará ao professor uma visão
mais clara e mais efetiva de qual
deve ser a narrativa da
disciplina. Mas é muito
importante que ele a enxergue
como um todo, antes de
preparar aula por aula. Para
tanto, propomos o seguinte
modelo:

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Disciplina: Insira o nome da sua disciplina

Ementa da disciplina: Descreva sucitamente a disciplina.

Resultados Esperados (unidades): Deve ser referenciado nos currículos


macros e responder a pergunta: "vão aprender à"

Avaliações somativas: Quais são os modelos de avaliação somativa


utilizadas na sua instituição

Unidade 1 Unidade 2 Unidade 3 Unidade 4


Unidade
ou módulo
x aulas

Insira os
Conceitos
temas
essenciais
selecionados

Insira os objetivos
de aprendizagem
Objetivos de
respondendo à
aprendizagem
pergunta: "serão
capazes de"
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Na primeira parte deve ser escrito o


nome da disciplina. Na segunda
linha, redija um breve texto, a
ementa, que deverá apresentar aos
alunos, como será a jornada.
Pense que é como o texto da
contracapa de um livro. Eu prefiro
escrever a ementa ao final, depois
de preparar tudo o que virá.

Nos resultados esperados você deve


inserir os seus objetivos macros de
aprendizagem, que são os objetivos
essenciais da disciplina como um
todo. Alguns serão alcançados após
a primeira unidade, outros, após
três unidades. Não há problema. A
ideia é que os alunos tenham
clareza de quais conhecimentos vão
adquirir. Os objetivos de
aprendizagem de cada aula serão
definidos posteriormente e serão
como pequenas etapas para se
alcançar a etapa maior que foi
definida na área dos "resultados
esperados". Imagine como uma
corrida de longa distância que
possui diversos pequenos marcos.
Esses pequenos marcos são os
objetivos das aulas.

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Vamos ver se fica mais claro através de um exemplo:


Resultado Esperado: Descrever os movimentos do planeta e sua relação
com a circulação geral da atmosfera

Objetivo de aprendizagem da aula 1: Descrever os elementos que


compõem a circulação geral da atmosfera.

Objetivo de aprendizagem da aula 2: Listar e definir os movimentos


terrestres.

Veja que para alcançar o resultado esperado, que é descrever os


movimentos do planeta Terra e compreender como esses
movimentos se relacionam com a circulação geral da atmosfera,
antes os alunos precisam alcançar objetivos de aprendizagem
menores, que vão prepará-los. Eles precisam saber quais
movimentos são esses, o que é a circulação geral da atmosfera,
dentre outras coisas. Para tornar mais fácil a redação dos objetivos
de aprendizagem das aulas, você deve listar todos os conceitos
essenciais que os alunos precisam conhecer para alcançar o
resultado esperado mais amplo. Nesse caso, eu poderia citar: ondas
eletromagnéticas, radiação solar, raios ultravioletas, raios
infravermelhos, atmosfera, translação e rotação. Sabendo que esses
são os conceitos chaves, basta que eu os utilize na forma de níveis
de conhecimento, de acordo com a Taxonomia de Bloom.

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Pensando dessa forma, as aulas ganham coerência e narrativa.


Uma após outra, aproximam o aluno de um objetivo maior,
conhecido e determinado. As aulas deixam de ser pontos isolados
no espaço ou elementos que orbitam.

Portanto, antes de redigir os seus objetivos de aprendizagem das aulas, você deve
ter resultados esperados bem determinados para toda a sua disciplina. Cada um
desses resultados podem se tornar uma unidade/módulo. E cada unidade terá x
números de aulas. A definição de números de aula por unidade depende da
disponibilidade e necessidade.

Já compreendemos o que são os resultados esperados,


conceitos essenciais e objetivos de aprendizagem, agora nos
resta falar sobre o registro das datas das avaliações
somativas (que geralmente são estabelecidas previamente
pelas instituições, mas sabemos que nem todas fazem isso)
para que você consiga instruir devidamente os alunos. Você
precisa visualizar após qual ou quais unidades os alunos
deverão realizar a primeira prova/teste, para prepará-la de
forma justa.

Antes de conhecermos o template de planejamento de aula, se


faz necessário uma reflexão.

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De acordo com a autora Consuelo Buchon(1964), infelizmente


muito pouco conhecida no Brasil, existem três pedagogias
fundamentais: ontológica, teleológica e mesológica. Ela explica:
"A pedagogia teleológica, ou a parte da pedagogia que trata de
determinar os fins da educação, é muito importante. Tem
prioridade sobre a pedagogia técnica que lhe é subordinada e
mostra à ontologia sua direção e meta" (BUCHON, 1964, p.69)

A primeira requer a compreensão do que


são as coisas. Ontos significa ser ou ente.

O DOCENTE DEVE RESPONDER:

O que é O que é ser O que é o ser


um educador?
educar? humano?

A pedagogia teleológica se refere aos fins, pois teleos vem de fim,


ou seja: quais são os fins da educação? Ou, quais são os fins desta
área que leciono?
A pedagogia mesológica se refere aos meios que serão utilizados
para levar aos fins, isso quer dizer, os métodos, o formato de
instrução, a quantidade de aulas, etc.
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De forma bem similar, Edith Stein


defendia que toda pedagogia
deve estar ancorada em uma
antropologia. Isso significa que é
necessário ter uma ideia de ser
humano que se almeja formar e
qual é o fim da educação.
Leonel Franca (2019, p.211) em
seu livro A formação da
Personalidade, diz: "em toda
pedagogia há duas grandes
questões a distinguir: a dos fins
ou ideal educativo e a dos meios
ou métodos inculcados para a
sua realização; se quiserdes, a
alma e o corpo da educação".

Tendo como referência a fala desses três


professores e pesquisadores da educação,
percebemos que o planejamento da aula deve
estar alinhado a contextos muito maiores do que um
currículo macro como a BNCC, mas a uma
antropologia filosófica, a uma forma de conceber o
ser humano, a educação e o ato de educar.
Trouxemos essa reflexão pois esse é um ponto muito
esquecido e negligenciado nos programas de
formação de professores.
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O PLANO DE AULA
Diante de tudo o que foi estudado até aqui, chegou o
momento de conhecer o template de Plano de Aula
que será adotado.
Inicialmente, o docente deve preencher o nome da
disciplina e a carga horária disponível. Em seguida,
devem ser inseridos os conceitos centrais, contudo,
diferente do que foi realizado no quadro anterior, os
conceitos devem ser definidos.

Continuando com nosso exemplo, colocaríamos


algo similar a isso para cada um dos conceitos:

Raios Ultravioletas ondas eletromagnéticas com


comprimento de onda menor do que o da luz
visível, divididas em fator A, B ou C e podem ser
extremamente nocivos à vida humana. São
emitidos pelo sol e filtrados pela camada de
ozônio.
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Atividade 1: Atividade 1:
Conhecendo os objetivos da aula Conhecendo os objetivos da aula
30 minutos
1. Docente apresenta o quadro com os objetivos 1. Estudantes se apropriam dos objetivos da aula.
da aula. 2. Estudantes se voluntariam a responder às
2. Docente questiona se os objetivos são claros perguntas
para os estudantes.

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O PLANO DE AULA
Em seguida, devem ser inseridos os objetivos de
aprendizagem que podem ser alcançados no tempo
da aula em contrução, embora não haja problema
que eles se estendam para a aula seguinte, por serem
mais complexos.

Abaixo, serão descritas todas as evidências de


aprendizagem a serem aplicadas na aula, como, por
exemplo: atividade de escrita, exercícios, situações
problema para resolverem em duplas, projetos,
portfólio de aprendizagem, etc.

Estando alinhados, objetivos e avaliação, é chegado o


momento de descrever o que acontecerá na aula. Para
tanto, o template é dividido em duas partes: as
atividades que os alunos desenvolverão e o que o
professor fará. Mantemos um exemplo dentro do
template para ficar bem claro.

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Organizar o template dessa forma nos lembra que não


é só o professor ou só o aluno que age em sala de aula,
ambos precisam do seu esforço e dedicação para que
a aprendizagem aconteça. Toda aprendizagem deve
ser ativa. Imagine que professor e aluno estão, cada um
de um lado de uma montanha. Se cada um cava a sua
parte, ambos se encontram na metade do caminho.
Essa é a jornada para o aprendizado. Para que o
template fique melhor organizado, enumere as
atividades e distribua os tempos na coluna mais à
direita.

Por fim, basta enumerar os materiais necessários para


a aula. Procure especificar quantidades, isso facilitará
para que você não se esqueça de nada.

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Finalizado o planejamento, é chegado o momento de aplicá-lo em

sala de aula. Para muitos professores, essa é a linha de chegada.

Contudo, professores experientes sabem o valor de analisar a aula

após a sua finalização. Recomendamos que sejam respondidas as

seguintes perguntas:

O que gerou mais dúvida nos


alunos? Escreva, entre
parênteses, se foi uma dúvida
relativa à atividade/rotina ou
uma dúvida pedagógica, do
conteúdo.

O que gerou mais interesse nos


alunos? Da mesma forma,
escreva ao lado se os alunos
se interessaram mais pela
atividade/metodologia ou por
determinado conteúdo.

Essas duas informações, registradas logo após a aula, serão preciosos

insumos para planejamentos futuros e para a aula seguinte. Lembre-se,

o currículo não é e não deve ser estático.

Chegou a hora de colocar a mão na massa!


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