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INTRODUÇÃO
A Estética Empírica é uma área de pesquisa que busca entender como as pessoas
respondem a objetos estéticos (que podem ou não serem objetos artísticos). Além de
estudar a percepção de beleza ou calafrios em resposta a objetos prototipicamente
estéticos, como pinturas e música, a Estética Empírica também abrange questões mais
amplas sobre como vivenciamos outras experiências eventualmente também consideradas
estéticas, como a feiúra e o sublime, e sobre como criamos e reagimos à arte. O campo da
Estética Empírica visa compreender como tais experiências e comportamentos estéticos
surgem e se desdobram. Para fazer isso, os pesquisadores estabelecem relações entre as
características do observador e suas respostas, entre as propriedades do objeto e as
respostas do observador, ou descrevem uma interação entre eles. Como ciência, a Estética
Empírica depende muito da análise e interpretação dos dados. Os dados são gerados
principalmente a partir de experimentos: os pesquisadores realizam estudos nos quais
manipulam uma ou mais variáveis para observar o efeito dessas manipulações em outras
variáveis . Além disso, a Estética Empírica se baseia em dados observacionais, onde o
comportamento das pessoas é observado ou pesquisado sem a introdução de manipulações.
UM POUCO DE HISTÓRIA
O primeiro tratado abrangente sobre o campo do conhecimento que ficou conhecido como
“Estética Empírica” é um livro em dois volumes chamado Vorschule der Aesthetik, escrito por
Gustav Fechner e publicado em 1876. O primeiro volume contém principalmente as
descrições de seis princípios da estética, conforme postulado pelo próprio Fechner. Notável
é também o último capítulo sobre gosto. O segundo volume contém uma grande seção
sobre arte, bem como a descrição de outros sete princípios estéticos.
Após os dias pioneiros de Gustav Fechner e seus colegas, a psicologia (e filosofia) passou por
uma era conhecida como Behaviorismo. O behaviorismo efetivamente afirmou que a
psicologia, como ciência, só pode estudar o comportamento observável. A pesquisa sobre
estados internos e experiências subjetivas, que formam o interesse central da estética, foi
evitada. Isso não impediu pesquisadores como Edgar Pierce, Oswald Külpe, Lillien Jane
Martin, Robert Ogden, Kate Gordon e muitos outros de continuarem o estudo das
preferências das pessoas por design visual, arte, cor e diferenças particularmente individuais
em tais preferências.
A maioria dos trabalhos sobre Estética Empírica no início e meados do século 20 não teve
um impacto importante no campo. Vale a pena mencionar, entretanto, o trabalho inicial de
Edward Thorndike, e mais tarde de Hans Eysenck, sobre as diferenças individuais na
capacidade de resposta estética e na criatividade. A maioria dos outros estudos durante esse
período se concentrou em determinar quais tipos de propriedades de objetos –
especificamente consonância e dissonância de tons, bem como cores – são mais
gratificantes para grupos específicos de pessoas.
Outra notável exceção às pesquisas iniciais sobre estética, em sua maioria esquecidas, é o
trabalho de Rudolph Arnheim. Ele olhou para as experiências estéticas através das lentes
dos princípios de organização da psicologia da Gestalt: equilíbrio, simetria, composição e
complexidade dinâmica (o trade-off entre ordem e complexidade). Arnheim via as
experiências estéticas como produto da integração de duas fontes de informação: as
configurações estruturais da imagem e o foco particular do espectador que depende de
sua experiência e disposição. Deve-se notar também que os escritos do historiador e crítico
de arte Ernst Gombrich durante o mesmo período informaram a Estética Empírica moderna.
Central para as próprias ideias de Daniel Berlyne sobre experiências estéticas é o conceito de
excitabilidade ou intensidade emocional (arousal). Berlyne postulou que a excitabilidade é
relevante para a estética, pois um nível intermediário de excitabilidade levaria à maior
resposta hedônica. A excitabilidade em si é conceituada como o resultado de variáveis
colativas, psicofísicas e ecológicas. Os determinantes de excitabilidade mais conhecidos e
mais investigados são a complexidade e a novidade de um objeto. A teoria de Berlyne liga,
assim, as propriedades de um objeto, como a complexidade, aos seus efeitos sobre o
observador (excitabilidade) e depois à resposta estética (agradabilidade, gosto). A
concretude das ligações e variáveis propostas têm levado muitos pesquisadores a testar sua
teoria. Os resultados foram, na melhor das hipóteses, mistos e, portanto, a teoria da
excitabilidade estética de Berlyne foi praticamente abandonada.
Depois que o trabalho de Berlyne destacou novamente que as respostas estéticas podem ser
estudadas com os métodos e o rigor da psicologia experimental moderna, a pesquisa e o
desenvolvimento de teorias no campo da Estética Empírica continuaram a se desenvolver de
forma lenta, porém consistente por cerca de 20 anos. Essa fase da Estética Empírica
preocupou-se principalmente em vincular certas propriedades do estímulo (principalmente
de imagens) a julgamentos de preferência ou gosto.
REFERÊNCIAS
Pearce, M. T., Zaidel, D. W., Vartanian, O., Skov, M., Leder, H., Chatterjee, A., & Nadal, M.
(2016). Neuroaesthetics: The cognitive neuroscience of aesthetic experience. Perspectives
on psychological science, 11(2), 265-279.