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Seleção de diapositivos sobre o problema da FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL :

-- introdução ao problema
-- a ética deontológica de KANT

Material complementar – 5A
» KANT vs. MILL: PROBLEMA ÉTICO - FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL
John Stuart Mill Immanuel Kant

filósofos
objetivistas

Ética utilitarista de Mill Ética deontológica de Kant

Qual é o BEM ÚLTIMO?


(Qual é o fundamento ou A felicidade A vontade boa
base das ações corretas?)

Qual é o CRITÉRIO O princípio da


da ação correta? O imperativo
(Que princípio devo aplicar maior felicidade categórico
para agir moralmente?) (= princípio da utilidade)

A correção de uma ação está Consequências! Intenção!


na intenção ou consequência (As intenções ou motivos (As consequências ou
dessa ação? não interessam.) resultados não interessam.)
» KANT vs. MILL: PROBLEMA ÉTICO

1724-1804
Immanuel Kant

1806-1873
John Stuart Mill
» KANT vs. MILL: PROBLEMA & TEORIAS

INTENÇÕES CONSEQUÊNCIAS
(das ações) (das ações)

imperativo categórico
vontade boa (qual é nosso dever?
(a vontade ou o é agir somente por dever, princípio da utilidade
querer que resistindo ao (qual é o nosso dever?
deseja o dever felicidade é maximizar a felicidade)
cálculo de consequências,
pelo dever [e não a inclinações e interesses)
por outra coisa])

KANT: MILL:
ética deontológica TEORIAS ética utilitarista

o bem último a ação correta


qual é o bem (moral) mais valioso em si? como posso alcançar o bem mais valioso?

PROBLEMA (ÉTICO):
“FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL”
» TESES KANTIANAS FUNDAMENTAIS
 1.
◦ A boa vontade – a vontade bem-intencionada – é a única
coisa que tem valor moral absoluto (ou universal; é a única coisa
tem valor intrínseco: vale por si só (não precisa de nada exterior a si: vale em si)
◦ o oposto de “valor intrínseco” é “v. extrínseco” [ou instrumental] - dinheiro tem v. extrínseco: é
um bem não em si, mas que nos permite adquirir coisas que realmente valorizamos (livros, etc.)

 2.
◦ Uma ação tem valor moral se for realizada única e
exclusivamente por dever (com a pura intenção (a intenção
racional) de agir e cumprir o dever em si [ou seja, o dever pelo dever])
 3.
◦ Uma ação tem valor moral se a máxima que a determina
puder ser adotada por todos os seres racionais (ou seja, se
a máxima for racionalmente desejável e universalizável)
» DEVER: DOIS SENTIDOS (OU MODELOS)
• Kant foi um dos filósofos modernos que mais enfatizou que a nossa vida moral se
centra no dever (em grego, “deon” ou “deontos”; a ética de Kant é deontológica)

• O que é o dever? [ dois sentidos ou modelos de ´dever’ (1., 2.) ]


1. »» seguir uma ordem
▪ dever externo : dever é imposto por outros [ autoridade externa ]
exemplo: alun@ segue a ordem do professor, “se quer vintes, tem de estudar melhor”
▪ outros exs.: seguir normas sociais ou políticas; leis civis; tradições culturais ou religiosas; etc.

2. »» obrigarmo-nos livremente a seguir uma ordem


▪ dever interno : autoimposição do dever (perante nós mesmos, usando a razão)
exemplo: alun@ decide estudar, por sua iniciativa e ponderação, 30 min. diários

• Qual é o modelo (ético) kantiano? É o 2. [dever interno + racional = autónomo (*)]


• vontade que se obriga racionalmente (controlando desejos, preferências) a seguir o dever
• a autoridade (interior) é a razão [de cada humano] (não são os outros nem Deus)
(*) o termo “autonomia” significa “lei que se dá a si mesma” (contrasta com “heteronomia”)
vontade AUTÓNOMA (decido só pela minha vontade) + querer racional (só uso a razão) = ações MORAIS
vontade HETERÓNOMA = v. que se deixa guiar pelas emoções, interesses, conseq., ordens externas, etc.
» OS 3 TIPOS DE AÇÕES KANTIANAS
 Ações por dever
◦ ações motivadas exclusivamente pelo cumprimento do dever
◦ ações morais (ações próprias de uma boa vontade)
 plano da moralidade
 ex.: encontro 1 carteira com dinheiro e devolvo-a porque é a coisa certa a fazer

 Ações de acordo com (ou conforme) o dever


◦ ações que estão de acordo com aquilo que devemos fazer, mas
que não são motivadas pelo sentido de dever
◦ ações sem (genuíno) valor moral (ações legais)
 plano da legalidade
 ex.: encontro 1 carteira com dinheiro e devolvo-a porque (por ex.) quero ser elogiado

 Ações contrárias ao dever


 plano da imoralidade [ações imorais; violam (desrespeitam) o dever]
 ex.: encontro 1 carteira com dinheiro e fico com ela (porque quero ficar com o €)
» SENTIDO DE DEVER: LEI MORAL
• De onde vem o sentido de dever (agir por dever)?
– razão (pura [sem atender a consequências, inclinações, interesses, etc.])
• O que é o dever (cumprir o dever)?
– qualquer ação realizada por respeito à lei moral
• O que é a lei moral?
– facto (moral) ‘incorporado’ em qualquer ser racional [saudável]:
conhecimento da diferença entre o bem e o mal
– intuição racional de que devemos fazer o bem [não matar; n. roubar; n. mentir]
Kant admite: a consciência desse facto (a consciência ética) varia entre as pessoas

«Duas são as coisas que constantemente e cada vez mais me enchem de


admiração e de espanto: os astros no céu e a lei moral dentro de mim»
[Kant, 1788]
MÁXIMA (MORAL)

» MÁXIMAS & LEI MORAL


– Todas as nossas ações são orientadas por máximas
• a máxima é uma regra pessoal [numa frase] (é «a minha regra, para mim»)
• as máximas correspondem a imperativos (= ordens [categóricas ou hipotéticas])
– ex.: “independentemente de tudo, não copies” (ou seja, “eu jamais copiarei”)
– ex.: “se me sentir muito desesperado no teste, então copio”

– [máximas:] Princípios subjetivos que guiam um sujeito


racional em situações particulares
– [lei moral:] Princípio objetivo que deve guiar todos os
sujeitos racionais em qualquer situação
• a lei moral é universal e absoluta = categórica [é como uma «lei da
natureza»; aplica-se, sem exceções, a qualquer pessoa em qualquer situação e altura]
• a lei moral (‘incorporada’ na razão humana) é independente de:
– consequências (efeitos ou resultados) das ações;
– culturas (leis civis, convenções, costumes, tradições, normas, etc.);
– Deus (textos sagrados, cultos, práticas religiosas, etc.)
» IMPERATIVO CATEGÓRICO [ IC ]
• Como se sabe que agimos segundo o dever (por respeito à lei moral)?

– qual é o princípio orientador (a ‘bússola moral’) que eu devo seguir, no meu


quotidiano, para agir por dever (como guio o meu querer para o bem)?
– como posso descobrir qual é o meu dever (o que é cumprir o dever pelo dever)?
– qual é o guia ou método para se agir com uma vontade boa (querer bom em si)?

– “ DEVO PROCEDER SEMPRE DE MANEIRA QUE EU POSSA QUERER TAMBÉM QUE A


MINHA MÁXIMA SE TORNE UMA LEI UNIVERSAL ”
[descrição geral e mais básica do IC, segundo Kant]

• 1º ponto básico do IC é o TESTE da UNIVERSALIZAÇÃO da MÁXIMA:


A MINHA REGRA PESSOAL É CONVERTÍVEL NUMA LEI UNIVERSAL (REGRA PARA TODOS)?

– e se todos fizessem o que eu faço? [ eu ?→? todos ]

– e se a minha regra pessoal se tornasse uma lei da natureza? [ máxima ?→? lei moral ]
» IMPERATIVO CATEGÓRICO [ IC ]
• Como se sabe que agimos segundo o dever (por respeito à lei moral)?

• 1º ponto básico do IC é o TESTE da UNIVERSALIZAÇÃO da MÁXIMA:


A MINHA REGRA PESSOAL É CONVERTÍVEL NUMA LEI UNIVERSAL (REGRA PARA TODOS)?

– e se (exercício imaginário) todos fizessem o que eu faço? [ eu ?→? todos ]

– e se a minha regra pessoal se tornasse uma lei da natureza? [ máxima ?→? lei moral ]

– o mundo seria racional se a minha regra se tornasse lei para todos os seres racionais?

– ex.: máxima A, supor que A era lei: todas as pessoas (por instinto) copiavam nos testes;
seria racional haver testes & (lei) A?
– ex.: máxima B, supor que B era lei: todos (automaticamente) mentiam nas promessas;
seria racional haver promessas & (lei) B?

– sim (máxima universalizável): ação moral (ação com valor moral)


– não (máx. não-universalizável): ação sem valor moral
» IMPERATIVO CATEGÓRICO [ IC ]
• Como se sabe que agimos segundo o dever (por respeito à lei moral)?
– IC é o critério de uma ação correta = determina o valor ético de uma ação
• IC é o princípio racional (o critério objetivo, o único guia) da moralidade kantiana
• Kant apresentou várias fórmulas do imperativo ético (IC): as fórmulas da universalidade,
humanidade e autonomia – são maneiras diferentes de descrever o mesmo facto moral
– fórmula da UNIVERSALIDADE: universalizar a máxima (a minha regra pessoal é universalizável?)
– fórm. da HUMANIDADE: respeitar qualquer pessoa (eu próprio) como um ser capaz de racionalidade,
autonomia e liberdade; considerar qualquer pessoa como um fim em si, nunca como mero meio

• A MINHA MÁXIMA É CONVERTÍVEL NUMA LEI MORAL UNIVERSAL (LEI SEGUIDA POR TODOS OS SERES RACIONAIS)?

– pode racionalmente* a minha máxima ser convertida numa lei universal?


– ex. [copiar era lei]: seria racional um mundo onde existissem testes e todos (automaticamente) copiassem?

– desejo racionalmente* que a minha máxima se torne uma lei universal?


– ex. [o egoísmo era lei]: seria racional que a minha vontade desejasse (contra si mesma) não ser ajudada?
– (*) a minha máxima é universalizável sem incorrer em contradições?

– sim (máxima universalizável): ação moral (ação com valor moral)


– não (máx. não-universalizável): ação sem valor moral
[[ ver também a resposta 4 (os quatro casos do IC) da ficha de correção sobre Kant ]]
» IMPERATIVO CATEGÓRICO (3 FÓRMULAS [1785]):
UNIVERSALIDADE (1), HUMANIDADE (2), AUTONOMIA (3)

• (1) «[…] devo proceder sempre de maneira que eu possa querer


também que a minha máxima se torne uma lei universal.»
• devo desejar que a minha regra pessoal (máxima) se torne regra (lei) universal

• (2) «Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa
como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como
fim e nunca unicamente como meio.»
• não devo usar outras pessoas nem permitir que me usem como meio; qualquer ser
humano é digno de respeito e tem valor em si (apenas por existir – é um fim em si)

• (3) «[age] de tal maneira que a vontade (pela tua máxima) se possa
considerar a si mesma como legisladora universal.»
• devo decidir e definir deveres morais de modo autónomo (pela minha vontade),
tendo só um fundamento: a razão (é o que nos distingue dos outros animais, que
são escravos dos seus desejos e impulsos) [ao sermos autónomos e racionais, somos livres]
• Kant sustentou que as formulações 1 e 2 significam, em essência, o mesmo; ou seja, 1 e 2
seriam diferentes maneiras de ver a mesma realidade – a lei moral (cumprir o dever pelo dever)
» TIPOS DE IMPERATIVOS: HIPOTÉTICO & CATEGÓRICO
• Imperativo = ordem (obrigação) para realizar uma ação
• IMPERATIVO CATEGÓRICO (‘IC’) → critério ético kantiano (gera ações morais)
exs.: “Cumpra as suas promessas!”; “Não copie nos testes!”
VIDA ÉTICA

mesmo que queira copiar (pois isso seria bom para mim), a ordem é absoluta: nunca posso copiar
– «não mate», «não roube», «não minta» são deveres universais e absolutos (deveres perfeitos)
• aplicável a todas as pessoas e em todas as situações [ ordens incondicionais ]
– não admite exceções, condições ou desculpas
– é independente do tipo de pessoa que somos ou da personalidade que temos; dos interesses,
inclinações ou desejos que temos; dos fins ou propósitos que procuramos alcançar
– todos os deveres morais são obrigações categóricas (imperativos universais e absolutos)

• IMPERATIVO HIPOTÉTICO (‘IH’) → não gera ações objetivamente boas (morais)


exs.: “Se quer entrar em medicina, então deve estudar biologia!”; “Se quer que
pensem bem de si, [então] seja honesto!”; “Devo estudar para passar de ano”
estes IH só se aplicam aos desejos e interesses de certas pessoas que (respetivamente):
querem ser médicos; se importam com o que os outros pensam; querem passar de ano letivo
• aplicável a algumas pessoas, em situações específicas
– meio para alcançar um fim particular [ ordens condicionais* ]
– (*) estrutura condicional do IH: hipótese ou condição (se X, então Y); ou fim-meio ou meio-fim
» TIPOS DE IMPERATIVOS: HIPOTÉTICO & CATEGÓRICO

• IMPERATIVO CATEGÓRICO (‘IC’)


– É uma ordem incondicional = obrigação aplicável a todas as pessoas e em
todas as situações [“Faz X!” ou “Não faças X!”]
– É também o único guia de orientação (critério) que gera ações objetivamente
morais (com valor moral genuíno), ou seja, é o princípio da moralidade para
Kant, não havendo outro caminho para a vida ética (para quem quer agir bem)
– O IC gera deveres morais, isto é, as obrigações que são universais e absolutas

• IMPERATIVO HIPOTÉTICO (‘IH’)


– É uma ordem condicional = obrigação aplicável a algumas pessoas, em situa-
ções específicas ou particulares [“Faz X, se queres Y!” ou “Não faças X, se não queres Y!”]
– É um guia de orientação que não garante ações objetivamente morais; trata-se
de um critério de “moralidade” pessoal ou individual que pode gerar, na
terminologia kantiana, meras ações legais ou conforme o dever
– O IH não gera obrigações morais universais nem absolutas; estas máximas não
são universalizáveis (não têm valor moral genuíno)
» IC: TESTE DA MORALIDADE
• Teste (fórmula) da universalidade (universalização da máxima)
– a minha máxima é universalizável?
• Esse mundo seria racional? [Não = ação sem valor moral (ex.: mentir; copiar; etc.)]
• A minha vontade seria racional? [Não = ação sem valor moral (ex.: egoísmo; etc.) ]
– imaginar: e se todos (seres racionais) fizessem o que eu vou fazer?
• essa regra teria sentido (se todos a praticassem) ou seria autodestrutiva?
• essa regra seria uma coisa desejável por mim?
• Teste (fórmula) da humanidade
– considero os outros (e a mim próprio) como fins em si (pessoas) e nunca
como meros meios (objetos)?
– introduz a ideia de respeito pelas pessoas
• qualquer ser humano dever ser tratado como uma pessoa (digna de respeito, um
fim em si) e nunca como mero objeto (como um mero meio para alcançar x, y ou z)
– estou a respeitar os outros e a mim próprio?
• pessoa (tem valor em si) = ser capaz de racionalidade =
– = ser autónomo (capaz de decidir a sua vida pela sua cabeça, decide os seus próprios fins)
– = ser livre (que escolhe e usa a sua própria razão)
» IC: TESTE DA MORALIDADE
Fórmula da Fórmula da VALOR
IMPERATIVO
CATEGÓRICO Universalidade humanidade ÉTICO
(ação correta?)
(“A minha máxima é universalizável?”)
// Devo
Trato os outros (e a realizar
O mundo A minha vontade
mim próprio) como essa
EXEMPLOS seria racional? seria racional?
fins em si? máxima?

Não! (A vida procuraria Não! Tratar-me-ia


Não: ação
preservar-se e como um mero meio
“suicida” destruir-se.)
---
(suic.) para evitar o
sem valor
‘Vida’ autorefutante! sofrimento (objetivo). ético.

Não! (Qualquer Não! Trataria os outros


Não; ação
promessa tornar-se-ia como meros objetos
“mentiroso” imediatamente falsa.)
---
para (no caso) obter
sem valor
´Promessa’ autorefutante! dinheiro. ético.

Não! (Vontade contra Não! Tratar-me-ia


Não: ação
si mesma: ter talentos como uma mera coisa
“preguiçoso” Sim, mas...
e querer não (da natureza) que só
sem valor
desenvolvê-los.) reage aos prazeres. ético.

Não! (Vontade contra Não! Trataria os outros


Não: ação
si mesma: precisar de sem humanidade ou
“egoísta” Sim, mas...
ajuda e querer não ser valor, ignorando as
sem valor
ajudado.) suas necessidades. ético.
» IC: TESTE DA MORALIDADE
• Testar o imperativo categórico em 5 passos
– 1. Descobrir a minha máxima (M) numa situação real (S)
• ex.: S=há teste de filosofia
• ex.: M=“eu copiarei nos testes de filosofia para ter boa nota”
– 2. Conceber um mundo no qual todos os seres racionais (entre eles,
e eu seria um desses seres) seguiriam M
– 3. Verificar o seguinte:
• 3A. caso M fosse lei universal, tal mundo (S+M) seria racional e desejável?
• 3B. caso M fosse lei universal, respeitaria a humanidade das pessoas (como fins em si)?

– 4. Se M não passar algum dos testes em 3., então M não deve ser
seguida no mundo real – ação sem valor moral
– 5. Se M passar os testes em 3. (caso não haja conflitos racionais),
então M é universalizável – ação com valor moral
» AUTONOMIA E HETERONOMIA
• agir pelo dever em si = agir por vontade autónoma = vontade racional
– vontade autónoma: é uma vontade boa [guiada pela razão, decide cumprir o dever em si]
– vontade heterónoma: não é uma vontade boa [decide com base em (é uma vontade
dominada por) interesses, emoções, consequências, circunstâncias, deveres ‘externos’]

• desrespeito pela autonomia dos outros [ AÇÕES SEM VALOR ÉTICO ou MORAL ]
– ex. 1: apontar uma pistola a uma pessoa para a roubar
• estaria a tratar essa pessoa como um mero meio (para atingir os meus fins [telemóvel])
• estaria a violar a sua autonomia; estaria a obrigá-la a fazer o que ela não quer
– ex. 2: dar esmola para que os outros pensem bem de mim
• estaria a usar essa pessoa (como um mero objeto) para obter prestígio social
• mesmo que a outra pessoa ganhe com isso, não devo ‘aproveitá-la’ como um mero meio
• exemplo contrastante, ou seja, caso em que respeito a autonomia dos outros:
– ex. 3 (de ação moral): peço ajuda a uma pessoa e respeito a recusa dessa pessoa (em ajudar-me)
– trato-a como um fim (com dignidade e valor em si); considero a sua liberdade e autonomia

• [f. da HUMANIDADE] É SEMPRE INCORRETO USAR SEJA QUEM FOR COMO UM MERO MEIO [objeto] (ou
deixar que outra pessoa me use a mim como um meio) PARA ALCANÇAR UM DETERMINADO FIM
– é nosso dever (obrigação absoluta) considerar qualquer pessoa como um ser autónomo, um ser capaz de
racionalidade e liberdade – cada pessoa tem valor intrínseco, é um fim em si, tem valor apenas por existir
» KANT: ACERTAR NO ALVO [ VANTAGENS ]

• O que Kant nos ensinou a ver?


– O lado admirável do agir por dever
• não importa a dificuldade ou imprevisibilidade da circunstância,
a pessoa está comprometida com o respeito ao dever racional
– A universalidade da ética
• a ética kantiana não tem nem procura “favoritos” (interesses
pessoais ou familiares, paixões, preferências, etc.); não tem
desejos nem medos; e não é pessoal nem egoísta
– Respeitar a dignidade e a autonomia da humanidade
• a ideia de tratar os outros (e a nós mesmos) como fins em si
mesmos – a noção de respeito – é uma noção atual em ética
» KANT: FALHOU O ALVO? [ CRÍTICAS ]
– 1 A teoria aplica-se somente a agentes racionais
• a teoria não se aplica a pessoas ou seres sem um módico de racionalidade
– exs.: recém-nascidos; pessoas em coma; doentes com graves perturbações mentais (demência,
esquizofrenia, etc.); animais (não-humanos), etc. [Mas temos obrigações morais para com eles.]
– 2 O lugar irrelevante das consequências morais
• deveres ‘morais’ podem provocar consequências intuitivamente erradas
– ex.: ‘dizer sempre a verdade’ – confessar a um assassino onde está a “presa” (vítima) escondida
– 3 A teoria parece bloquear perante (os seus próprios) deveres
• a ética de Kant parece não resolver conflitos entre deveres
– ex.: ‘cumprir promessas’ ou ‘ajudar alguém’? (prometo: «chegarei às 20h!», mas pelo caminho
encontro alguém em apuros – cumpro a minha promessa ou ajudo essa pessoa?)
– 4 O imperativo categórico depende de consequências
• segundo Mill, o princípio ético de Kant reduz-se ao cálculos de consequências
– ex.: dizer “não é racional desejar um mundo egoísta” [caso do egoísta] é o mesmo (para Mill)
que dizer: isso causaria más consequências (isso causaria mais infelicidade que felicidade)
– 5 O papel suspeito das emoções
• as emoções (compaixão, remorso, simpatia, etc.) são suspeitas porque fazem
parte do mundo determinado da natureza – é uma limitação da ética kantiana
» KANT: FALHOU O ALVO? [ CRÍTICAS ]
– A teoria aplica-se somente a agentes racionais
• a teoria não se aplica a pessoas ou seres sem um módico de racionalidade
– O lugar irrelevante das consequências morais
• deveres ‘morais’ podem provocar consequências intuitivamente erradas
– A teoria parece bloquear perante (os seus próprios) deveres
• a ética de Kant parece não resolver conflitos entre deveres
– O imperativo categórico depende de consequências
• segundo Mill, o princípio ético de Kant reduz-se ao cálculos de consequências
– O papel suspeito das emoções
• as emoções (compaixão, remorso, simpatia, etc.) são suspeitas porque fazem
parte do mundo determinado da natureza – é uma limitação da ética kantiana
– 6 O problema da indeterminação das máximas
• uma mesma ação pode estar associada a várias máximas diferentes; consoante
a máxima, algumas ações podem ter valor ético e outras não
– ex.: um pai vai passear com o seu filho ao parque = a sua ação foi motivada pelo “cumprimento
do dever” (ação com valor ético) ou foi motivada “pelo prazer (desejo, emoção, interesse) de
brincar com o filho” (ação sem valor ético)
» MINI GLOSSÁRIO KANTIANO
• Ação por dever = uma ação realizada única e exclusivamente pelo cumprimento do dever
(por respeito à lei moral); único tipo de ação que tem valor ético
• Autonomia = a vontade autónoma governa-se a si própria, dita e segue (legisla) a sua lei;
vontade racional (baseada apenas na razão) dá origem a ações com valor moral
• Dever = a necessidade de praticar uma ação por respeito à lei moral; a boa vontade está
incluída no conceito (mais geral) de dever
• Heteronomia = a vontade que se deixa guiar por emoções (ou sentimentos), interesses,
preferências (inclinações), consequências, circunstâncias ou deveres externos
• Imperativo categórico = ordem incondicional e absoluta; deve ser realizado independen-
temente do tipo de pessoa que somos, dos nossos interesses ou objetivos; é o único
imperativo da moralidade (todos os deveres éticos são gerados pelo princípio do IC)
• Imperativo hipotético = ordem condicional e não absoluta; meio para atingir um certo fim
• Inclinações = impulsos, desejos, emoções, gostos, preferências; oposto de lei moral (razão)
• Lei moral = facto moral (objetivo) próprio da razão; conhecimento da diferença entre bem
e mal; intuição racional de que devemos fazer o bem (pelo bem); consciência ética
• Máxima = regra pessoal (subjetiva) que guia uma pessoa perante uma dada situação; regra
de conduta (testável através do imperativo categórico)
• Puro = próprio da razão; não misturado com o saber da experiência; o oposto de empírico
• Vontade boa = fundamento último (âncora) do bem; vontade bem-intencionada; querer
bom em si que cumpre o dever pelo dever (sem pensar em inclinações ou consequências)

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