Você está na página 1de 3

Material exclusivo Professor Erick Borges 1

UNIVERSIDADE/ FACULDADE;
CURSO:
DISCIPLINA:
DOCENTE:
DISCENTE:
DATA:

Primeiramente, é de suma relevância destacar que as lutas em prol do


abolicionismo da escravidão no Brasil não se deram apenas por conflitos, tais como
as revoltas, as fugas, dentre outros, de negros contra seus senhores. No Segundo
Reinado do Brasil Império, a força intelectual também estava a favor do fim da
estrutura escrava, sendo representado na figura de André Rebouças, filho do
Recôncavo da Bahia, o qual desencadeou um papel fundamental na luta contra o
escravismo. André Rebouças, a partir de seu trabalho intelectual, buscando uma
reformulação social, reconheceu sua própria história, enquanto homem negro. É
justamente isso que Anita Soares discute em “O Negro André”: a questão racial na
vida e no pensamento do abolicionista André Rebouças, uma vez que, segundo a
autora, muito pouco se tem escrito sobre o intelectual, o que é uma lacuna tendo em
vista a importância deste personagem na História do Brasil. Nesse sentido, a autora
objetiva discutir, criticamente, através de sua abordagem, a História do personagem,
destacando seu papel protagonista no processo de abolição da escravidão no Brasil.
Quando a autora trata da Biografia deste personagem, dentre outros
fatores, o destaque é o fato da família de Rebouças, que foi uma das poucas
famílias afro-brasileiras que conseguiu penetrar as classes mais altas da sociedade,
isso graças ao seguimento de uma carreira educacional. Vale destacar que a entre
os irmãos e irmãs de André Rebouças, somente os homens tiveram acesso à
educação e consequente seguimento de uma carreira intelectual, quanto às
mulheres, numa sociedade caracterizada pelo machismo, essa oportunidade não era
direcionada. Aproveitando do fato da ascensão deste personagem por meio da
educação, isso exemplifica que somente essa linhagem pode levar qualquer mulher
ou homem das classes consideradas baixas a uma ascensão social, não por acaso
o atual governo está deteriorando a educação, pois indivíduos sem uma visão crítica
o favorece.
Material exclusivo Professor Erick Borges 2

Voltando as discussões de Soares, Rebouças foi um abolicionista,


inclusive, amigo intimo do Imperador Dom Pedro II, que possuía como uma de suas
propostas de reforma social a abolição da escravidão e, sobretudo, a inclusão social
dos sujeitos escravos, além de ser um intelectual que trazia um contra ponto com
relação aos demais, uma vez que, outros estudiosos deste cenário, projetava uma
sociedade livre dos negros com o processo de embranquecimento da população.
Rebouças projetava uma sociedade que proporcionasse assistência e inclusão a
estes indivíduos. Dentro deste contexto, o personagem se exila, pois apesar do
mesmo está inserido numa ideologia branca, por conta de sua intelectualidade, ele
(André) reconhecia sua identidade cultural, logo, não desejava viver numa sociedade
caracterizada pelo racismo, isolamento e exclusão do seu povo.
É justamente nesta mesma perspectiva, sobre a assistência social aos
libertos, que Celia Maria Azevedo começa questionando em Abolicionismo e
Controle Social, afirmando que esta questão não era mais debatida por volta de
1880, em São Paulo, pois os deputados reagiam com sarcasmos sobre este
assunto. Este quadro exemplifica o que Soares discute sobre André Rebouças, pois
enquanto este buscava uma reformulação social, de inclusão, o cenário social
sinalizava a exclusão.
Segundo a autora, é neste momento que os abolicionistas desenvolvem
um papel fundamental, a integração do negro no mercado de trabalho, inclusive,
gerando revoltas de negra ainda situação de submissão, os quais fugiam das
fazendas, muitos se escondiam, no intuito de acabar com a vida de servidão. Ainda
falando dos abolicionistas, estes buscavam, de certa forma, provar que com a tal
estrutura a sociedade não progrediria, como o exemplo de um artigo publicado em
1887 (Immigração), o qual afirmava que a abolição não seria romper com a ordem,
mas sim, romper com uma velha estrutura para desencadear o progresso. Com isso,
vale apontar que os abolicionistas, assim como André Rebouças, não eram contra
ao desenvolvimento do país, mas buscavam afirmar que com a estrutura escravista
isso não seria possível, mas sim, com a integração social e no mercado de trabalho
de todos e todas, logo, viria o progresso.
Nesse sentido, a partir do que ambas as obras discutem, graças aos
intelectuais abolicionistas e a “rebeldia” dos escravizados, a estrutura escravocrata
teve um fim, porém, os libertos, em seguida, foram condenados ao abandono social
por parte do Estado, não por acaso na sociedade atual as diferenças de classes são
Material exclusivo Professor Erick Borges 3

evidentes, pois as privilegiadas continuam intactas, porém, as lutas e resistências


das mulheres, pobres e negros, dentre outros são inabaláveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, Celia Maria Marinho de. Abolicionismo e Controle Social. In: Onda
negra, medo branco; o negro no imaginário das elites — século XIX. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1987.

SOARES, Anita Maria Pequeno. “O Negro André”: a questão racial na vida e no


pensamento do abolicionista André Rebouças. Revista do Programa de
Pós-Graduação em Sociologia da USP (v.24.1), São Paulo, 2017.

Você também pode gostar